Quantificação Dos Níveis de Ruído

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Curso de Física QUALIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDO EM AMBIENTES LABORAIS NO DISTRITO FEDERAL Autor: Eduardo Hermínio Noronha Orientador: Prof. Dr.Sérgio Luiz Garavelli BRASÍLIA 2007

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O estudo sobre os efeitos da poluição sonora é de grande importância, uma vez que alguns danoscausados ao aparelho auditivo são irreversíveis e de sérias conseqüências para saúde física e mentaldas pessoas por eles afetadas. O presente estudo teve como objetivo determinar se trabalhadores decertas atividades profissionais no Distrito Federal, estão expostos a níveis de ruído acima dospermitidos pela norma trabalhista brasileira. Foram coletados dados em vários ambientes e a partirdestes, foi feita uma análise da intensidade dos níveis de ruído presente nestes ambientes e dosproblemas que eles podem causar às pessoas que os freqüentam. O trabalho experimentaldesenvolvido demonstrou que os níveis de poluição sonora presentes em certas atividadesprofissionais apresentaram valores acima dos 85 dB recomendados para uma jornada de oito horassegundo a OMS e ABNT. A partir da análise do espectro sonoro realizada pode-se concluir que oprotetor tipo plugue pode ser utilizado em qualquer uma das atividades avaliadas.

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Curso de Física

QUALIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS NÍVEIS

DE RUÍDO EM AMBIENTES LABORAIS NO DISTRITO FEDERAL

Autor: Eduardo Hermínio Noronha

Orientador: Prof. Dr.Sérgio Luiz Garavelli

BRASÍLIA 2007

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EDUARDO HERMÍNIO NORONHA

QUALIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDO EM AMBIENTES

LABORAIS NO DISTRITO FEDERAL

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Católica de Brasília para obtenção do título de Licenciado em Física Orientador: Dr, Sérgio Luiz Garavelli

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QUALIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDO EM AMBIENTES

LABORAIS NO DISTRITO FEDERAL RESUMO

O estudo sobre os efeitos da poluição sonora é de grande importância, uma vez que alguns danos causados ao aparelho auditivo são irreversíveis e de sérias conseqüências para saúde física e mental das pessoas por eles afetadas. O presente estudo teve como objetivo determinar se trabalhadores de certas atividades profissionais no Distrito Federal, estão expostos a níveis de ruído acima dos permitidos pela norma trabalhista brasileira. Foram coletados dados em vários ambientes e a partir destes, foi feita uma análise da intensidade dos níveis de ruído presente nestes ambientes e dos problemas que eles podem causar às pessoas que os freqüentam. O trabalho experimental desenvolvido demonstrou que os níveis de poluição sonora presentes em certas atividades profissionais apresentaram valores acima dos 85 dB recomendados para uma jornada de oito horas segundo a OMS e ABNT. A partir da análise do espectro sonoro realizada pode-se concluir que o protetor tipo plugue pode ser utilizado em qualquer uma das atividades avaliadas. Palavras-chave: ambientes laborais, ruído ocupacional, proteção auditiva.

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INTRODUÇÃO

No decorrer da história, os homens têm acompanhado a evolução dos conceitos da

palavra trabalho, observando que ele se constitui num ato de transformação da natureza:

os seres humanos alteram a natureza de acordo suas necessidades. O trabalho gera

transformações no corpo dos trabalhadores, tanto de ordem física como mental, além de

efeitos positivos e negativos. O desenvolvimento da indústria surgiu com a Revolução

Industrial, que foi acompanhada pela implantação de grandes centros de produção com

componentes e máquinas industriais geralmente muito ruidosas (MELLO, 1999).

Segundo Creppe e Porto (2001), foi na época da Revolução Industrial que iniciaram-

se as investigações sobre as condições as que os operários eram submetidos, pois o

grande número de mão de obra existente e o desejo de grandes lucros levavam a situações

onde até mesmo crianças eram compradas de suas famílias para atuarem como mão de

obra em parques industriais. Surgia na Inglaterra em 1802, a primeira lei sobre condições de

trabalho. Esta lei regulamentou o limite de 12 horas de trabalho por dia para os menores,

proibindo seu trabalho noturno, obrigava os empregadores a lavar as paredes das fábricas

uma vez por ano, bem como exigia a ventilação das mesmas. Esta lei foi fundamental para a

melhoria das condições de trabalho.

Dentre os agentes que agridem o trabalhador, o ruído excessivo tem recebido um

grande destaque nas últimas décadas, já que é uma conseqüência do desenvolvimento das

cidades.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1999), a partir de 55 decibéis os

efeitos da poluição sonora já aparecem, tendo como sintoma um leve estresse e a partir de

70 dB em muitos indivíduos já aparecem os sintomas que indicam prejuízos à saúde. Muitas

pessoas não percebem é que são os níveis de ruídos moderados os responsáveis por

grande parte dos problemas auditivos. Isso porque eles são toleráveis e aparentemente

adaptáveis pela audição humana, devido ao ritmo da vida moderna. Uma pesquisa realizada

por Yorg e Zannin (2003) pode exemplificar este fato, quando várias pessoas foram

questionadas se os níveis de ruído encontrados em seu ambiente laboral e/ou em seu

ambiente urbano, produzia alguma espécie de incômodo, a resposta freqüente foi: "...Nós já

estamos acostumados a estes ruídos, com o tempo a gente se acostuma...". Respostas

dessa natureza demonstram claramente que a exposição contínua ao ruído não é mais

considerada como algo incômodo.

Os problemas causados por excesso de ruído, como fadiga, perturbação do sono,

problemas cardiovasculares, perdas auditivas, irritabilidade, estresse, alergias, distúrbios

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digestivos, úlceras, falta de concentração, entre outros, prejudicam a saúde e o bom

desempenho nas atividades profissionais (DANI e GARAVELLI, 2001).

Para Gerges (2000), o primeiro efeito fisiológico de exposição a elevados níveis de

ruído, é a perda de audição na faixa de freqüências entre 4000 e 6000 Hz. Normalmente o

efeito é acompanhado pela sensação de percepção do ruído após o afastamento da fonte

ruidosa. Este efeito é temporário e o nível original do limiar da audição é recuperado. Esta é

a chamada mudança temporária do limiar de audição (MTLA) e qualquer redução na

sensibilidade de audição é considerada como perda de audição (GERGES, 2000).

A exposição contínua a altos níveis de pressão sonora pode acarretar:

“Se a exposição ao ruído é repetida antes da completa recuperação, a perda

temporária da audição pode tornar-se permanente não apenas nas freqüências citadas, mas

em freqüências maiores e menores” (GERGES, 2000; pág. 46).

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Som

As ondas sonoras possuem natureza mecânica, o que significa que se propagam

devido às forças elásticas atuantes sobre as partículas do meio. De acordo com Resnick,

Halliday e Krane (2003), as ondas mecânicas propagam-se através de qualquer meio, seja

ele sólido, liquido e gasoso, sendo que nestes dois últimos, as ondas sonoras só podem ser

longitudinais (pelo fato dos fluidos não suportarem forças de cisalhamento),

consequentemente as partículas do meio sempre oscilarão nas mesma direção de

propagação da onda.

Segundo Young e Freedman (2004) a velocidade de uma onda mecânica depende

inteiramente das propriedades do meio, podendo ser escrita de acordo com a Equação (1)

MγRT

=v (1)

onde: γ é a razão entre as capacidades caloríficas a pressão e a volume constante; R

a constante universal dos gases; T a temperatura do meio e M a massa molar do meio de

propagação. Podemos concluir que a velocidade do som em um gás é:

• independente da pressão;

• diretamente proporcional a T ;

• inversamente proporcional a M .

A velocidade do som no ar a 300 K é de aproximadamente 332 m/s. O aumento da

frequência produz uma redução no comprimento de onda, de tal forma que o produto da

Equação (2) permanece constante

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λfv = (2)

Dentro da faixa de freqüências de 20 até 20000 Hz as ondas sonoras são audíveis.

Nível de intensidade sonora – o decibel (dB)

A resposta do ouvido humano à variações de intensidades sonoras é

aproximadamente logarítmica, então para Resnick, Halliday e Krane (2003), é conveniente

utilizarmos uma escala dessa natureza que é chamada de nível de intensidade sonora

(NIS), que é definida pela Equação (3)

0II

10logNIS = (3)

O NIS é definido com base em uma intensidade de referência I0, que é adotada como

10-12 2m

W (limiar da audição humana). Os níveis de intensidade sonora são medidos em

unidades chamadas decibels (dB).

Ruído

Ruído pode ser classificado como algo indesejável, porém Bistafa (2006) considera

que esse julgamento depende do contexto. Qual o significado do termo “indesejável”? O que

dizer do som de uma serra elétrica? Certamente seria classificado como ruído se alguém

estivesse tentando dormir. Porém esse mesmo som teria uma outra classificação no caso de

um supervisor de obras da construção civil observando seus subordinados à distância. Para

Gerges (2000) som e ruído não são sinônimos. Um ruído é um tipo de som, porém um som

não é necessariamente um ruído.

Nível sonoro equivalente

O potencial de danos à audição de um dado ruído depende não somente de seu nível,

mas também de sua duração. Para Gerges (2000) uma exposição de um minuto a 100 dB

não é tão prejudicial quanto uma exposição de 60 minutos a 90 dB. É possível estabelecer

um valor único, conhecido como Leq, que é o nível sonoro médio integrado durante uma

faixa de tempo especificada. O cálculo é baseado na energia do ruído (ou pressão sonora

quadrática). O Leq pode ser definido pela Equação (4)

dtP

(t)P

T

110log=L

20

2

eq ∫ (4)

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onde: T é o tempo de integração; P(t) é a pressão acústica instantânea; P0 é a pressão

acústica de referência (2 x 10-5 N/m2).

Espectro sonoro

A qualidade que permite distinguir um som grave de um som agudo chama-se altura.

Assim, costuma-se dizer que o som do violino pode ser “alto” ou “agudo”, e o do violoncelo é

“baixo” ou “grave”. A altura de um som depende de sua frequência. Quanto maior a

frequência mais agudo será o som e vice-versa. Bistafa (2006) cita que podem ser

considerados graves os sons de frequência inferior a 200 Hz; os médios situados entre 200

e 2000 Hz; e os agudos acima de 2000 Hz. Segundo Bistafa (2006) essa divisão não é

rigorosa, mas tem a vantagem de basear-se em números simples. Sons numa única

frequência são chamados de tons puros, porém os sons comumente ouvidos dificilmente

são tons puros. Na realidade, os sons que escutamos são quase sempre uma combinação

de tons puros em diversas frequências.

Conhecer o espectro sonoro de um ambiente de trabalho torna-se importante quando

Araújo (2002) afirma que as altas freqüências são as mais traumatizantes, desencadeando

lesões cocleares, além disso Barros (1998) afirma que o espectro, nível de pressão sonora,

tempo e a dose de exposição influenciam nas perdas auditivas. Portanto uma análise dos

níveis de ruído e do espectro influencia na escolha do EPI (equipamento de proteção

individual) por parte de empresa. As figuras 1 e 2 mostram como são os protetores tipo

abafador (concha) e inserção (plugue).

Figura 1: Protetor concha. Disponível em www.segurancaetrabalho.com.br/download/pca-programa.ppt

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A figura 3 mostra a atenuação dos protetores tipo plugue e tipo concha.

Figura 3: Atenuação dos protetores. Fonte: Berger, apud: Bistafa, 2006, pág. 348. Com adaptações.

A figura 3 mostra que para regiões inferiores a 500 Hz o protetor tipo plugue

apresenta uma maior atenuação. Nas faixas entre 500 e 2000 Hz a atenuação do protetor

tipo plugue é maior. Nas regiões acima de 2000 Hz as atenuações de ambos protetores

praticamente se equivalem.

Bandas de frequências

Equipamentos de medição acústica normalmente fornecem o espectro sonoro em

bandas ou faixas de frequências. Bistafa (2006) considera que um dos parâmetros que

caracterizam a banda de frequência é a sua largura. A largura pode ser larga ou estreita,

dependendo da instrumentação utilizada, o espectro de banda estreita pode ser obtido com

a largura de 1 Hz, e até menor.

O espectro de banda larga pode ser obtido com a largura constante ou variável. Um

espectro de banda larga com a largura variável bastante utilizado é o de bandas de oitava,

Figura 2: Protetor plugue. Disponível em www.segurancaetrabalho.com.br/download/pca-programa.ppt

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em que a largura de cada banda é aproximadamente 70% da frequência central. Assim,

para a frequência central de 1000 Hz, a largura da banda é de 700 Hz.

Filtros ponderadores

Também denominados simplesmente de ponderadores, para Bistafa (2006) são

utilizados para modificar o espectro sonoro de acordo com a resposta do sistema auditivo às

freqüências contidas no som. Os medidores de nível de pressão sonora incorporam filtros

ponderadores que tentam aproximar a sensação subjetiva de intensidade dos sons, a

grandeza fornecida, no entanto, continua sendo o nível de pressão sonora só que

ponderado. A figura 4 mostra como as curvas de cada modo de compensação.

A → desenfatiza as baixas freqüências e reproduz a sensibilidade humana;

B → ênfase um pouco maior para as baixas freqüências;

C → quase plana;

D → desenvolvida para avaliação de ruídos de sobrevôos de aeronaves (penaliza altas

freqüências).

Sabe-se que a ponderação A apresenta as maiores atenuações para freqüências

inferiores a 1000 Hz, seguida da ponderação B, com a ponderação C apresentando as

menores atenuações.

Figura 4: Circuitos de compensação A,B,C e D. Fonte:Bistafa 2006,

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Uma forma de se deduzir o conteúdo de freqüências do ruído medido consiste em

comparar os valores obtidos com as três ponderações. Caso esses valores estejam

próximos, o ruído é predominantemente composto por freqüências acima de 600 Hz,

aproximadamente. Caso os valores obtidos com as ponderações B e C forem maiores do

que com a ponderação A, o ruído apresenta componentes significativas nas freqüências

abaixo de 600 Hz. Para Gerges (2000), os níveis mostrados na figura 4 são relativos, para

um NPS de 70 dB em 1000 Hz, por exemplo, o ouvido humano percebe integralmente 70

dB(A), entretanto, se este nível está em 50 Hz, o ouvido humano percebe um NPS 70 - 30,2

= 39,8 dB(A).

Dose

De acordo com Gerges (2000) a dose é o parâmetro utilizado para caracterização

da exposição ocupacional ao ruído, expresso em porcentagem de energia sonora.

A exposição a níveis diferentes é considerada dentro dos limites permitidos da

Portaria Brasileira 3.214, se o valor de Dose Diária de Ruído - D, calculada pela

Equação (5), não excede a unidade.

nTnC

...4T4C

3T3C

2T2C

1T1C

D +++++= (5)

onde: Ci é o tempo real de exposição a um específico nível de pressão sonora e Ti é o tempo

total permitido para o mesmo.

Para o cálculo da dose percentual de ruído absorvida diariamente, além da Equação

(5), a Equação (6) também pode ser utilizada

% 10028

TD q)L(Lexp eqcrit ××= −

(6) onde: Texp é o tempo de exposição; Lcrit é o nível limiar de integração a partir do qual os

valores devem ser computados para fins de determinação da dose de exposição; Leq é o

nível médio baseado na equivalência de energia definido pela Equação (4); q é o incremento

de dose que quando adicionado a um determinado nível, implica a duplicação da dose de

exposição ou a redução para a metade do tempo máximo permitido. Um exemplo para

podermos entender o que é o incremento de dose é o seguinte: se utilizarmos o fator q=5,

que é o valor utilizado no Brasil e nos EUA, para um Leq de 90 dB(A) e uma exposição diária

de 8 horas, temos uma dose diária de 200%, caso utilize-se um fator q=3, que é o valor

utilizado nos países europeus , para o mesmo Leq de 90 dB(A) e tempo de exposição diária

de 8 horas, teremos uma dose diária de 317%.

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A Tabela 1 expressa os critérios a serem adotados na análise da dose diária

segundo a NR-15 (Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho) que estabelece em

seu Anexo N° 1, os Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente.

Tabela 1 – Critérios para medição da dose de ruído

Parâmetro Valor Jornada 8 horas

Ruído para Jornada 85 dB Incremento de dose 5 dB

Circuito de Ponderação A Circuito de Resposta Lenta

Nível Limiar de Integração 85 dB Faixa de Medição 85-115 dB

Os limites segundo a NR-15, são objetos de estudos para verificar sua real eficácia

na proteção do trabalhador. Algumas entidades preocupadas com a segurança, como a

FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do

Trabalho - , estipulam critérios mais rígidos para a avaliação da exposição pessoal ao ruído.

Em sua Norma de Higiene Ocupacional NH0-01, que não possui força de lei, a

FUNDACENTRO (1999) recomenda que seja adotado o incremento de dose de 3 dB além

do nível limiar de integração de 80 dB, ou seja, exposições a níveis inferiores a 80 dB(A)

não são consideradas no cálculo da dose.

A FUNDACENTRO também recomenda, que de acordo com o valor constatado pela

medição de ruído, sejam adotadas medidas para preservação auditiva dos trabalhadores. A

Tabela 2 apresenta estas medidas em função da dose (%) e como estes valores podem ser

considerados tecnicamente (CREPPE e PORTO, 2001).

Tabela 2 – Critério de tomada de decisão (FUNDACENTRO)

Dose - % Consideração técnica Atuação recomendada

0 – 50 Aceitável No mínimo manutenção da condição existente

50 – 80 Acima do nível de ação Adoção de medidas preventivas

80 – 100 Região de incerteza Adoção de medidas preventivas e corretivas

Acima de 100 Acima do limite de exposição Adoção de medidas corretivas

Legislação trabalhista

Atualmente no Brasil, as condições do ambiente de trabalho são fiscalizadas pelo

Ministério do Trabalho ao editar as Normas Regulamentadoras (NRs). Essas normas

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estabelecem as condições mínimas de higiene e segurança que devem ser oferecidas pelos

empregadores.

Segundo a legislação trabalhista (BRASIL, 1994), todo indivíduo que trabalha ou

trabalhará num ambiente com elevados níveis de pressão sonora deve ser submetido a

exames audiométricos periódicos, para que o estado de sua audição seja avaliado. O

primeiro exame audiométrico é realizado no momento da admissão e este exame é

considerado como referencial, pois os exames posteriores serão comparados com ele.

As normas trabalhistas indicam os valores máximos de tempo que um trabalhador

pode estar submetido a níveis específicos de ruídos. A estimativa do tempo máximo de

exposição tolerada Tt, ou seja, o tempo máximo permitido sem proteção auditiva pode ser

obtida seguindo a Equação (7)

( ) qL -L

teqcrit2×8=T (7)

A Tabela 3 expressa a máxima exposição permissível sem protetor auditivo em

função dos níveis de pressão sonora, segundo a NR-15 (Norma Regulamentadora do

Ministério do Trabalho).

Tabela 3 – Máxima exposição diária permissível

Nível de Ruído dB(A) Máxima Exposição Diária Permissível

85 8 horas

86 7 horas

87 6 horas

5 horas 88

89

90

91

92

93

4 horas e 30 minutos

4 horas

3 horas e 30 minutos

3 horas

2 horas e 40 minutos

94

95

96

2 horas e 15 minutos

2 horas

1 hora e 45 minutos

1 hora e 15 minutos 98

100 1 hora

102 45 minutos

105 30 minutos

110

115

15 minutos

7 minutos

NOTA: O EPI, segundo as normas trabalhistas, é indicado para níveis e tempos superiores ao da tabela.

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Segundo Bistafa (2006), as normas e legislações que tratam do ruído ocupacional

estabelecem limites baseados em um compromisso entre os riscos associados à exposição

ocupacional a determinado nível de ruído, e os benefícios que o indivíduo e a sociedade

podem retirar do trabalho realizado nessas condições, portanto, as decisões não podem se

basear exclusivamente em considerações biológicas.

Programa de conservação auditiva (PCA)

Quando se pretende realizar o controle dos níveis de ruído, atender a legislação, ou

mesmo prever o nível de ruído de uma fábrica, ainda que na fase de projeto, é fundamental

a realização de medições. Os resultados vão refletir o futuro de uma empresa e/ou pessoas,

além de influenciar nos objetivos, planejamento, investimento e proteção.

Pode-se ainda ser citado que um controle dos níveis de pressão sonora gera:

• Benefício direto: a redução do estresse e fadiga, relacionados à exposição ao

ruído, geram um aumento da produtividade do empregado;

• Manutenção da imagem da empresa: prática de políticas que dizem respeito à

saúde e segurança dos funcionários;

• Redução da rotatividade do quadro de pessoal: a melhoria do relacionamento

entre os funcionários torna o ambiente mais agradável, reduzindo gastos extras

devidos a novas contratações e treinamentos;

• Redução de gastos: prevenção de possíveis pagamentos de indenizações.

Quando ocorre o afastamento do trabalhador, além de prejudicar o próprio

funcionário, gera prejuízos para as empresas, já que na maioria das vezes, não existe mão-

de-obra treinada para substituir o funcionário acidentado, interferindo assim, nos prazos de

entrega dos produtos e levando conseqüentemente a insatisfação da clientela.

De acordo com Bistafa (2006), a proteção auditiva deve ser a última iniciativa na

redução dos níveis de ruído que chegam até a orelha, além disso, existem normas sobre a

utilização e fornecimento de protetores auditivos:

a empresa é obrigada a fornecer aos empregados gratuitamente, Equipamento de Proteção Individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.(NR-6 da CLT, apud BISTAFA, 2006, pág.345).

Segundo Gerges (2000), os EPI’s não vedam completamente a passagem do ruído,

pois o protetor pode vibrar contra a almofada e o ar dentro da concha. Também, devido à

flexibilidade do canal do ouvido, os protetores de inserção (tipo plugue) podem vibrar e

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limitar sua atenuação. Portanto, os dois tipos de protetores (inserção e concha), nas baixas

freqüências é limitada a valores que ficam em torno de 6 e 20 dB.

OBJETIVO

Este estudo tem como objetivo avaliar os níveis de pressão sonora (NPS), em

determinados ambientes laborais no Distrito Federal, afim de detectar se estes ambientes

podem ser considerados como insalubres de acordo com os limites permitidos pela

legislação trabalhista.

Como objetivos específicos destacam-se:

• Avaliar o ruído no ambiente em situações normais, com o intuito de evitar

qualquer espécie de “mascaramento” dos resultados.

• Realizar uma avaliação do espectro sonoro em bandas de oitava, para que o tipo

de ruído em cada ambiente possa ser determinado.

• Identificar, a partir do espectro sonoro de cada ambiente avaliado, o tipo de

protetor auditivo a ser utilizado.

METODOLOGIA

Este estudo fez parte do trabalho da dissertação de mestrado de Borger (2007) numa

parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Católica de Brasília (UCB),

sendo que o grupo da UCB avaliou e analisou os dados referentes aos níveis de ruído e do

espectro sonoro, e o grupo da UnB realizou exames audiométricos nos trabalhadores e

analisou a influência do espectro sonoro na perda auditiva dos trabalhadores.

No trabalho de Borger (2007) assim como neste, foram avaliadas as condições

acústicas em uma marmoraria, marcenaria e uma metalúrgica, e com o intuito de completar

o presente estudo e pela facilidade de acesso, foram avaliados os níveis de ruído em ônibus

da nova frota que integram o sistema de transporte coletivo do Distrito Federal e num

consultório dentário do Curso de Odontologia da UCB.

As medidas nas indústrias foram realizadas no mês de maio de 2007, no período da

manhã, com uma média de quarenta operários que apresentam uma jornada de trabalho de

oito horas por dia.

As medidas nos ônibus foram realizadas no mês de junho de 2007, no período da

manhã, durante os seguintes trajetos: Riacho Fundo - W3 Sul, W3 Sul - Park Shopping, Park

Shopping - Riacho Fundo, onde cada trajeto foi percorrido em aproximadamente 25 minutos,

que foi o tempo das medições.

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Foram utilizados os equipamentos SIP95 da 01 dB, com tripé e protetor de vento, o

uso do protetor de vento sobre o microfone é sempre recomendável a fim de evitar possíveis

interferências da velocidade do ar e proteger o microfone contra poeira. O dosímetro de

ruído da Pulsar também foi utilizado.

Devido a dificuldades burocráticas, os dosímetros não foram utilizados nas medidas

no consultório dentário e no interior dos ônibus, porém na indisponibilidade da utilização

desses equipamentos a FUNDACENTRO (1999) oferece procedimentos alternativos para

outros tipos de medidores não fixados no trabalhador, que podem ser utilizados na avaliação

da dose de ruído e para tanto a Equação (6) foi utilizada.

Na clínica do Curso de Odontologia da UCB, o medidor de nível de pressão sonora

foi posicionado a menos de um metro do profissional, durante o procedimento de uma

obturação que durou cerca de 20 minutos.

Nas medições no interior dos ônibus, o equipamento foi posicionado próximo ao

condutor e consequentemente do motor, evitando ao máximo, qualquer espécie de

movimento do equipamento.

O Leq (nível de pressão sonora) foi lido em resposta lenta (slow) a cada 1 segundo,

no modo de compensação A.

Os dosímetros de ruído foram ajustados de forma a atender aos seguintes

parâmetros:

Circuito de ponderação “A”;

Circuito resposta lenta (slow);

Nível limiar de integração de 85 dB(A), que corresponde a uma dose de 100% para

uma exposição de 8 horas;

Faixa de medição entre 85 e 115 dB(A), que significa que níveis abaixo de 85 dB(A)

não serão considerados, bem como proibida qualquer ocorrência acima de 115

dB(A);

Incremento de dose igual a 5.

Antes de cada medição, os aparelhos foram calibrados e todas as medidas foram

realizadas seguindo as recomendações da NBR 10.151. Também foram verificadas a

integridade eletromecânica e coerência da resposta do instrumento bem como as condições

de cargas das baterias.

Os dosímetros ficaram presos próximos a orelha dos trabalhadores, sem interferir em

seus movimentos de tal forma que o ruído a que o mesmo está exposto durante a medição

pudesse ser avaliado. Antes da medição foi informado aos trabalhadores:

Do objetivo do trabalho;

Que a medição não deveria interferir em suas atividades habituais, devendo manter

a sua rotina de trabalho;

Page 16: Quantificação Dos Níveis de Ruído

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Que as medições não efetuariam gravação de conversas;

Que o equipamento nele fixado só poderia ser removido pelo avaliador;

Que o microfone nele fixado não poderia ser tocado ou obstruído;

As medidas foram iniciadas somente após o microfone estar ajustado e fixado no

trabalhador e retiradas após a interrupção da medição. Como a medição que foi

aproximadamente de quatro horas, não cobriu toda a jornada de trabalho, a dose foi

projetada para a jornada diária efetiva de trabalho, determinando-se a dose diária. Os dados

referentes a análise do espectro sonoro foram armazenados no SIP 95 e analisados com o

programa dBTrait da 01dB.

Todos os procedimentos de avaliação interferiram o mínimo possível nas condições

ambientais e operacionais características das condições de trabalho em estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos nas avaliações para o parâmetro Leq estão expressos na

Tabela 4, assim como o percentual da dose diária e o tempo máximo de exposição permitido

pela legislação trabalhista brasileira.

Tabela 4- Leq, dose e o tempo de exposição máximo tolerado

Ambiente Leq (A) Dose(%) Tt(h) Metalúrgica 103,3 1264,1 0,6 Marcenaria 108,5 2599,2 0,3 Marmoraria 104,5 1492,9 0,5

Ônibus 76,5 30,7 26,9 Consultório 67,1 8,3 95,6

Na Tabela 5, estão os valores da análise do espectro sonoro nos ambientes

avaliados.

Tabela 5- Dados referentes à análise do espectro sonoro nos ambientes avaliados

Frequência (Hz) Marmoraria dB(A) Marcenaria dB(A) Metalúrgica dB(A) Ônibus dB(A) Consultório dB(A)

31,5 73,9 72,1 81,0 60,1 43,4 63 73,5 70,8 79,7 63,2 54,1

125 71,6 87,3 87,1 67,4 61,8 250 76,6 87,6 92,3 70,7 64,3 500 86,3 90,1 93,1 68,1 73,0

1000 86,0 89,4 90,9 70,2 74,4 2000 83,3 88,0 90,5 68,4 68,8 4000 80,8 81,6 91,7 62,1 75,3 8000 71,0 76,7 93,0 51,7 72,3

16000 60,4 66,9 88,8 39,3 59,4

Page 17: Quantificação Dos Níveis de Ruído

16

Pode-se verificar que os níveis de pressão sonora a que os trabalhadores das

indústrias estão submetidos são elevados. O limite máximo para a dose percentual, que

deveria ser de 100%, é ultrapassado nas três indústrias. Neste caso, a situação é

extremamente preocupante do ponto de vista da qualidade de vida e da saúde ocupacional.

Entre os valores encontrados para o Leq nas indústrias e os níveis do espectro

sonoro existe uma diferença, já que o dosímetro acompanhou o trabalhador durante toda

sua atividade, onde ocorre a operação de várias máquinas, e o medidor de pressão sonora

captou o espectro do ruído ambiental, com todas as máquinas em funcionamento no centro

de cada pátio, com certa distância das máquinas.

Costa (1988) avaliou a audição de 714 metalúrgicos com menos de dez anos de

exposição a ruído, pertencentes a três indústrias no interior de São Paulo, e encontrou em

22,9% dos trabalhadores indícios de PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído). Kwitko e

Pezzi (1990) analisaram a audição de 524 trabalhadores de indústrias metalúrgicas de Porto

Alegre, e encontraram 246 (46,9%) trabalhadores com PAIR.

Lopes et al. (2004) ao analisar marcenarias no Paraná, encontrou que uma serra

circular emite níveis de ruído que chegam a 97,5 dB(A), seguido pela plaina com 95,2 dB(A)

e a serra de fita com 93,4 dB(A). Venturoli et al. (2003) ao avaliar marcenarias no Distrito

Federal, encontrou para essa máquinas um valor de 101,3 dB(A),

Em marmorarias, não foram medidos esforços para a aquisição de máquinas cada

vez mais aperfeiçoadas que cortam e lapidam o mármore e o granito, este último por sua

vez, peça fundamental em acabamentos dentro da construção civil, que de acordo com

Fernandes e Rossi (2001) são efetuados com peças de grande poder abrasivo que

produzem níveis elevados de ruído.

Harger e Branco (2004) realizaram um estudo em marmorarias do Distrito Federal,

onde foi verificado que em trabalhadores desse tipo de indústria a prevalência de dano

auditivo foi de 48% dos trabalhadores que realizaram exames audiométricos, sendo que o

maior grau de perda auditiva na freqüência de 6000 Hz. Segundo esses autores é possível

que existam diferenças no espectro sonoro entre as máquinas mais antigas e as atuais, ou

seja, o tipo de ruído pode mudar à medida que as máquinas se modernizam.

Na avaliação dos níveis de ruído no interior dos ônibus, merece destaque que

Ribeiro e Garavelli (2004), encontraram 86 dB(A) para ônibus que integram o sistema do

transporte coletivo do Distrito Federal. Em uma avaliação realizada em setembro de 2006

pela mesma equipe, foi identificada uma predominância de baixas freqüências, porém com

um Leq(A) que chegava em alguns casos a 88,7 dB(A), pode ser observado que com a

substituição de boa parte da frota, as baixas freqüências ainda prevaleceram, porém o

Leq(A) encontrado não passou de 76,5 dB(A). Esse resultado mostra que um motor em boas

Page 18: Quantificação Dos Níveis de Ruído

17

condições reduz consideravelmente os níveis de ruído no interior dos ônibus do transporte

coletivo.

Vale a pena ressaltar que os níveis de ruído em um consultório odontológico não são

contínuos por oito horas, por isso, a exposição não se assemelha a exposição de outras

atividades profissionais avaliadas.

Os níveis de ruído encontrados no consultório odontológico podem ser

considerados desconfortáveis e como foi observada uma predominância para altas

freqüências e Araújo (2002), considera estas como as mais nocivas ao aparelho auditivo.

Fiorini (1995) cita que os odontólogos e seus assistentes formam um grupo de

profissionais que está particularmente ameaçado pelos efeitos do ruído, pois durante um dia

de trabalho passam muito tempo expostos a ruídos de alta freqüência, originários

principalmente das turbinas. Coloquialmente conhecidas como brocas. Segundo Gonçalves

(1989), os ruídos chegam a provocar uma redução de 60% na produtividade, pois dificultam

a concentração, propiciando erros, desperdícios e acidentes por distração.

Costa (1989) observou várias fontes de ruído em um consultório odontológico, tais

como: compressor de ar, turbina de alta velocidade, sugadores de saliva, além de outros

fatores como o som ambiente e ruídos externos. Lacerda et.al. (2002) observou que

algumas peças de mão de alta rotação alcançaram 76 dB(A).

Nogueira (1983), afirma que não se conhecem casos de perda auditiva em dentistas

pela utilização de peças de mão, de velocidade média e baixa, porém, as peças de mão

com turbina de alta rotação produzem níveis de ruído extremamente altos, que são

considerados como causa da perda de audição.

Silva (2003) realizou uma pesquisa sobre o impacto da poluição sonora nos usuários

do transporte coletivo de Goiânia e constatou que os ônibus chegavam a emitir níveis de

ruído em torno de 87,5 dB(A), esse autor ao realizar um questionário entre os usuários,

observou que 12,5% dos entrevistados consideravam o ruído desconfortável.

Filho et al. (2002) estudaram a prevalência da PAIR em 104 condutores de ônibus no

município de Campinas, SP. Os resultados mostraram 59,6% com audição normal, 32,7%

com perda auditiva induzida por ruído e 7,7% com outras alterações auditivas.

Fonseca et al. (1993) avaliaram a exposição ao ruído dos motoristas e cobradores de

ônibus urbanos da cidade de São Paulo e constataram que, para os veículos com motor

dianteiro, o ruído ultrapassava os limites previstos na legislação trabalhista.

De acordo com a FUNDACENTRO (1999) a situação nos ônibus e no consultório é

aceitável, já nas indústrias a exposição é elevada, sendo necessária à adoção de medidas

corretivas.

Ao analisar a Tabela 5, pode ser observado que nas indústrias os maiores níveis de

ruído concentram-se na região de 500 Hz, para os ônibus a região de 250 Hz foi a que

Page 19: Quantificação Dos Níveis de Ruído

18

apresentou a maior intensidade, já para o consultório odontológico pode ser verificado que

em 4000 Hz foi encontrada a maior intensidade. De posse dessas informações e analisando

a figura 3 é possível fazer a escolha do tipo de protetor auditivo que pode ser utilizado em

cada atividade, essa sugestão encontra-se na Tabela 6.

Tabela 6- Tipo de protetores em cada atividade

Atividade Tipo de protetor Marmoraria plugue /concha Marcenaria plugue /concha Metalúrgica plugue/ concha

Ônibus plugue Consultório plugue

Como os níveis de ruído encontrados para o consultório dentário e no interior dos

ônibus não excedem os níveis permitidos pela legislação trabalhista, a proteção auditiva

pode ser utilizada para reduzir qualquer espécie de incômodo.

Uma outra alternativa para a escolha do EPI pode ser a utilização da Equação (8)

dB(A) na orelha = dB(A) – (NRR – 7 dB) (8)

De acordo com Bistafa (2006) o NRR (do inglês – Noise Reduction Rating) ou classe

de redução de ruído, expresso em decibels, é obtido em laboratório utilizando-se métodos

normalizados. Quanto maior o NRR, maior será a atenuação do protetor em ambientes

ruidosos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que:

• De maneira geral, o maquinário utilizado nas indústrias, apresenta níveis de

ruídos acima do nível estabelecido pela Portaria Nº 3.214 na NR – 15, Anexo 1,

sendo portanto, ambientes de trabalho insalubres, tornando obrigatório

consequentemente, a utilização de protetores auditivos.

• Um aspecto importante observado nas indústrias é uma politica de Redução do

Ruído Ambiental, além de programas de conservação auditiva com a realização

de exames audiométricos periódicos. Na metalúrgica, certas iniciativas para

controle de ruído mereceram destaque:

a) Máquinas de corte que emitiam níveis elevados de ruído foram

substituídas por prensas.

b) Nas prensas onde há a queda de materiais, a altura foi reduzida.

c) Utilização de tapetes de borracha no piso onde ocorrem impactos.

• A medição dos níveis de ruído nos postos de trabalho é importante para o

redimensionamento da carga horária de trabalho nas atividades analisadas,

assim como para a orientação do tipo de EPI que deve ser utilizado.

Page 20: Quantificação Dos Níveis de Ruído

19

• A substituição de uma parte considerável da frota de ônibus no Distrito Federal

contribuiu para que os níveis de ruído emitidos fossem reduzidos de forma

significativa trazendo um maior conforto tanto para usuários quanto para

funcionários.

• A utilização de protetores auditivos para os rodoviários é importante, já que além

da redução da exposição do próprio ruído já existente, outros tipos de ruído

como: sirenes, buzinas e freadas e carros de som podem vir a acarretar em

alguma espécie de desconforto.

• Apesar dos níveis de ruído encontrados no consultório odontológico não

excederem os níveis permitidos pela legislação trabalhista, a proteção auditiva é

importante para que acidentes devido à falta de concentração decorrentes ao

ruído sejam reduzidos.

Page 21: Quantificação Dos Níveis de Ruído

20

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