Quantos Escravos Trabalham Para Si Consumidor

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    Público

    21 de Dezembro de 2014

    Quantos escravos trabalham para si,consumidor?

    Joana Gorjão Henriques 

    Em Portugal, comemos um camarão e não nos ocorre que pode ter envolvido trabalhoescravo. evemos boicotar empresas que estejam sob suspeita! Somos respons"veis pornão se ter acabado com o trabalho escravo! Porque # que ainda e$iste escravatura! ois

     %obel da Pa&, 'uhammad (unus e )ailash Sat*arthi, e v"rios peritos internacionaisrespondem+nos.

    uem # que produ&iu o sabão com que lava a cara, transportou os grãos de ca-# que est" a beber esta manhã, -e& a camisola que veste, montou as peas do seu telem/vel, do seu

    http://www.publico.pt/sociedade/noticia/quantos-escravos-trabalham-para-si-consumidor-1679819#contenthttp://www.publico.pt/revista2?criteriosString=date:20141221http://www.publico.pt/autor/joana-gorjao-henriqueshttp://www.publico.pt/revista2?criteriosString=date:20141221http://www.publico.pt/autor/joana-gorjao-henriqueshttp://www.publico.pt/sociedade/noticia/quantos-escravos-trabalham-para-si-consumidor-1679819#content

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    computador! 0omo # que podemos ter a certe&a de que não compramos produtos -eitos por escravos!

    1 um dos temas mais quentes em mat#ria de trabalho. E, por isso, o painel sobre 2ascadeias de -ornecedores e os custos das pechinchas3, onde v"rias destas quest4es sediscutiram, -oi dos mais interessantes na con-er5ncia 6rust 7omen, organi&ada pela8undaão 6homson 9euters, em :ondres, em %ovembro.

     %a con-er5ncia, entre dois %obel da Pa& ; 'uhammad (unus, o pai do microcr#dito, e)ailash Sat*arthi, o indiano que tirou milhares de crianas da escravatura ;, de&enas de

     peritos estiveram a debater -ormas de acabar com a escravatura. cil, concordaram muitos, #garantir que as cadeias de -ornecedores não tenham trabalho escravo. 1 isso que mais doresde cabea tem dado a v"rias empresas multinacionais como a ?pple, que -e& uma limpe&ado trabalho escravo na sua cadeia de -ornecedores e j" devolveu quase @A milh4es ded/lares aos trabalhadores.

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    ? ?pple -e& uma limpe&a do trabalho escravo na sua cadeia de -ornecedores e j" devolveu

    quase @A milh4es de d/lares aos trabalhadores ado 9uvic9euters

    'as se este # um problema reconhecido, se os números estão estimados e as &onasgeogr"-icas e "reas de maiores risco -oram identi-icadas, o que # que nos impede de acabar com a escravatura!, perguntamos a v"rios peritos. )ailash Sat*arthi # directo= não se acabacom a escravatura 2porque não temos a compai$ão pelas outras crianas ; temoscompai$ão pelas nossas crianas biol/gicas, mas não pelas crianas que não conhecemos3,responde. 20omo globali&ar a compai$ão!3, questiona retoricamente. 2Globali&amosmarcas, empresas, tecnologia. Este # o per>odo em que temos de globali&ar a compai$ãohumana, e ela comea com a ligaão a outras crianas.3

    'uhammad (unus tinha+nos dito, em entrevista, que o motivo se deve a uma 2indi-erena3global= 2?s pessoas estão tão -ocadas em -a&er dinheiro, na perseguião do lucro, emambi4es pessoais, em quanto dinheiro se ganha... ? escravatura # tamb#m um produtodisso, entre outras coisas.3

    Por#m, como -oi sublinhado na con-er5ncia, h" uma parte da resposta que estar" nosconsumidores. ebateu+se= devemos ou não boicotar as marcas que recorrem a trabalhoescravo ou que estão sob suspeita!

    Em @AAK, :ivia 8irth, directora criativa da Eco+?ge, visitou uma -"brica no Langladeshque produ&ia para uma marca de moda conhecida, e -icou chocada com o que viu=mulheres que produ&iam BAA peas por hora, estavam amarradas D -"brica de onde não

     podiam sair sem controlo, e s/ lhes era permitido ir D casa de banho duas ve&es por dia.2Percebi que não pod>amos resolver nada at# lidarmos com a -ast+-ashion Manalogia a fast- food na modaN.3 H" grandes marcas que produ&em BA mil modelos por ano, lembrou=

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    2uem precisa de BA mil modelos!III3, questionou. 2%/s tamb#m -a&emos parte do jogo.uando as pessoas me perguntam o que devem -a&er, eu normalmente digo=comprometam+se a usar cada pea de roupa que t5m pelo menos A ve&es3 ; e não apenasduas, como muita gente -a&, disse. urante a sua intervenão, :ivia 8irth insistiu nesse

     ponto. 2%/s, os compradores ocidentais, somos respons"veis pelas condi4es de trabalhodas mulheres do outro lado do mundo, que se tornaram uma esp#cie de -antasmas.3

    0omo comprador, mas para uma empresa de cosm#tica, a :ush, Simon 0onstantineargumenta justamente D 9evista @ que 2-a& di-erena saber onde pomos o nosso dinheiro3.? :ush dei$ou de comprar mica Omineral usado na cosm#tica porque soube, h" cerca deBQ meses, que estavam a ser usados trabalhadores escravos na sua e$tracão. ?nalisa=2%unca ningu#m vai di&er que a escravatura # boa porque desce os preos, isso # horr>velI'as a verdade # que h" pessoas a -a&er dinheiro com a escravatura e a única maneira de os-a&er parar # não gastar dinheiro com eles. Pelo menos, não estamos a contribuir para o seusucesso.3 Porque não tinha dinheiro para -a&er uma investigaão, a :ush decidiu entãosubstituir esse componente que tinha comeado a usar na sua linha de cosm#ticos com corh" pouco tempo. Gastou BRF mil euros na substituião, aos quais acrescenta o tempo dedesenvolvimento dos produtos ; ainda estão a despachar os stocs antigos, mas esperam

    ter+se livrado totalmente da sua utili&aão no -inal deste ano.

    'as nem todos t5m poder econ/mico para -a&er o que a :ush -e&. vel erradicar a escravatura. 'as h" um problema a resolver= o que acontece a seguirao boicote, a desmantelar+se uma situaão de escravatura! ue vai ser dos trabalhadores eda economia! 2

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    com tanta gente, -omos a tantas con-er5ncias, -al"mos sobre o mesmo tema ve&es semconta. iemos aqui -alar, e depois! i&em+nos para criar o nosso pr/prio emprego. 'asvivemos numa sociedade em que # suposto ir D escola e procurar um emprego. Para criar onosso pr/prio emprego, algu#m tem de nos ensinar= se estivemos em situaão deescravatura, não -omos D escola, como vamos -a&er!

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    Empresas como a E$$on t5m milhares de -ornecedores, não # poss>vel avaliar todos. Este-oi, de resto, um dos 2obst"culos3 re-eridos por alguns peritos. ?s multinacionais podemter a vontade e determinaão para 2limpar3 o trabalho escravo da sua cadeia, mas depoiscomo levam isso D pr"tica! 2Por e$emplo, o que se passa com a gravilha em ?ngola! ?maioria # produ&ida por crianas. 0ome"mos a investigar. 0omo # que mudo de-ornecedor! 6udo comea a -icar cada ve& mais complicado. Por isso, # necess"rio termapas que digam= não comprar gravilha em ?ngola, t5$teis na Tndia, electr/nica na 0hina

     porque corremos o risco de ter trabalho escravo na nossa cadeia3, de-ende JeanLaderschneider. < problema seguinte # como convencer as empresas a investir nisso,especialmente as mais pequenas. S/ com apoio dos governos, atrav#s de regulamenta4es,e de um compromisso moral e econ/mico, acredita= 21 preciso perceber que a produão #muito mais barata quando não # -eita com escravos, a produtividade sobe e muda+se a-orma de trabalhar. %ão temos muito incentivos e precisamos de os criar.3

    Jean pegou numa imagem durante a con-er5ncia= a ideia de que quando se -ala decorrupão a legislaão criada # -orte, mas quando se -ala de escravatura perde+se 2acoragem para tomar atitudes mais duras3. ] 9evista @ concreti&a= 2H" @A anos, acontecia omesmo com o ambiente, pass"mos legislaão dura e as empresas comprometeram+se a

    cumprir. uando se trata de direitos humanos, # qualquer coisa em que parece que nãotemos vontade de colocar a mesma robuste&. Zsso choca+me. < crime pior não # colocaralgu#m em situaão de escravatura!3

     %ic Grono, pragm"tico, lembra que a escravatura # um neg/cio muito rent"vel, por issonão se muda apenas porque se di& aos criminosos e e$ploradores 2para -a&erem o bem3= #

     preciso mudar os incentivos, aumentar as penali&a4es e os riscos de se ser apanhado.

    Wm dos e$emplos de boas pr"ticas # o 9eino Wnido, que criou uma lei antiescravatura naqual se e$ige Ds empresas que digam o que estão a -a&er para prevenir a escravatura na suacadeia de -ornecedores. < outro # o Lrasil, re-erenciado no >ndice como l>der no combate Descravatura. 9enato Lignami, inspector do trabalho, coordenador do programa estatal paraa erradicaão das condi4es an"logas D escravatura, conta+nos que o pa>s reconheceu ae$ist5ncia do problema em BKKC e organi&ou+se para o combater. esde então, -oramresgatados CA mil trabalhadores em situa4es an"logas D escravatura Oo termo legal usado

     pelo Lrasil e, mais ou menos a partir de @ABA, 2pela primeira ve&, a quantidade detrabalhadores resgatados no meio urbano -oi superior D de trabalhadores resgatados nomeio rural3.

    Em @AA, o Lrasil criou uma regra que obriga a publicaão da lista suja das empresas queusaram trabalho escravo. ? lista # actuali&ada a cada seis meses, as empresas -icam dois

    anos nessa lista e são monitori&adas pela inspecão do trabalho, descreve ; tem nestemomento cerca de CAA empresas. ?l#m disso, # cortado o -inanciamento público a essasempresas. ?t# agora, a lista suja tem uma presena maior do agro+neg/cio 2porque as

     pol>ticas públicas estavam orientadas para o meio rural ; e a partir de @AAX mostr"mosque as situa4es ocorriam no meio urbano3. %o meio urbano, são empresas de vestu"rio ede construão civil que mais são apanhadas nessa lista.

    ?utor de um relat/rio que perguntou a BC grandes multinacionais o que as preocupa emrelaão D sua cadeia de -ornecedores, 0hris Lurett, da consultora 'c)en&ie, lembra que2qualquer multinacional est" em risco de ter trabalho escravo na sua cadeia3= porque asredes de -ornecedores estão cada ve& mais a estender+se para os pa>ses em vias de

    desenvolvimento e h" cada ve& mais camadas de empreiteiros e subempreiteiros e-ornecedores, o que torna muito di->cil perceber o que se passa. ?credita que h" uma novatend5ncia a desenhar+se= leis sobre a transpar5ncia na cadeia de -ornecedores que vãoe$igir a empresas que digam quais os es-oros que estão a -a&er para erradicar o trabalho

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    -orado. 21 uma nova -rente nas regras corporativas que se -oca mais em direitos humanos,sociais e ambientais3, de-ende.

    'uito depende, de -acto, do que vierem a -a&er as grandes multinacionais. 0omoe$empli-ica 9enato Lignami, as CAA empresas mais rent"veis do mundo são respons"veis

     por XA^ do com#rcio global, mas empregam directamente menos de B^ da mão+de+obramundial Odados da

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    @B@@ABF AR=AA

    Para os interessados, uma startup americana chamada GoodGuide.com avaliacentenas de empresas em quest4es sociais como est". Embora o cat"logo de

     produtos seja americano as empresas avaliadas são multinacionais e por tanto

    relevantes para o mercado portugu5s.

    9esponder  

    .

    geral

    :isboa

    @@B@@ABF BF=A@

    Entretanto, não consta que os tratados promovidos pela

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    vilamoura.advogados

    @BB@@ABF @=BF

    Espectacular artigo.

    9esponder  

    Público 

    _ @ABF Público

    0omunicaão Social S?

    http://www.publico.pt/utilizador/perfil/f4632833-4d2a-4284-ac65-c465a5f6e828http://www.publico.pt/sociedade/noticia/quantos-escravos-trabalham-para-si-consumidor-1679819#comment-4fefa7a4-183d-4dc8-8e7a-f28bfcd34d42http://www.publico.pt/http://www.publico.pt/utilizador/perfil/f4632833-4d2a-4284-ac65-c465a5f6e828http://www.publico.pt/sociedade/noticia/quantos-escravos-trabalham-para-si-consumidor-1679819#comment-4fefa7a4-183d-4dc8-8e7a-f28bfcd34d42http://www.publico.pt/