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O Quarto Mandamento

Charles Hodge

Com o propsito do quarto mandamento : 1) Comemorar a obra da criao. O povo recebeu a ordem de relembrar o dia do sbado e santific-lo, porque em seis dias Deus fez os cus e a terra. 2) Preservar vivo o conhecimento do nico Deus vivo e verdadeiro. Se os cus e a terra foram criados tm de ter tido um criador e este criador tem que ser extra-mundo, existindo anteriormente, fora e independentemente do mundo. Tem que ser onipotente e infinito em conhecimento, sabedoria e bondade; porque todos estes atributos so necessrios para explicar as maravilhas do cu e da terra... 3) Este mandamento tinha o propsito de deter o curso da vida externa das pessoas e faz-las voltar seus pensamentos para o invisvel e espiritual. Os homens so to propensos a submergir nas coisas deste mundo que da maior importncia que haja um dia de freqente repetio em que lhes seja proibido pensar nas coisas deste mundo, e que os faa pensar nas coisas invisveis e eternas. 4) Tinha o propsito de dar tempo para a instruo do povo e para o culto especial e pblico de Deus. 5) Mediante proibio de todo trabalho servil, tanto dos homens como dos animais, estava designado para assegurar um repouso recuperativo para aqueles em que havia recado a primeira maldio: Comers com o suor de teu rosto. 6) Como dia de descanso e separado para a relao com Deus, estava colocado para ser um tipo daquele repouso que permanente para o povo de Deus, como vemos no Salmo 95:11, como o expe o apstolo Paulo em Hebreus 4:1-10. 7) Como a observncia do sbado havia sido extinto entre as naes, foi somente restaurado sob a administrao Mosaica para que fosse sinal do pacto entre Deus e os filhos de Israel. Deviam distinguir-se de entre todas as naes da terra como o povo que guardava o Sbado, e como tal recebia bnos especiais de Deus. xodo 31.13: Tu, pois, falars aos filhos de Israel e lhes dirs: Certamente, guardareis os meus sbados; pois sinal entre mim e vs nas vossas geraes; para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica. E em Ezequiel 20.12, lemos: Tambm lhes dei os meus sbados, para servirem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o SENHOR que os santifica.

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O Sbado Foi Institudo Desde o Princpio e de Obrigao Perptua 1) Isto pode-se inferir pela natureza e propsito da instituio. um princpio geralmente reconhecido que aqueles mandamentos dirigidos aos judeus como judeus, e baseados em suas peculiaridades, circunstncias e relaes, se desvaneceram quando se aboliu a administrao Mosaica; porm os mandamentos baseados na imutvel natureza de Deus ou nas relaes permanentes dos homens, so de obrigao permanente. H muitos mandamentos que obrigam aos homens como homens; aos pais como pais; aos filhos como filhos. perfeitamente evidente que o quarto mandamento pertence a esta ltima classe. importante que todos os homens vejam que Deus criou o mundo e por isso Ele um ser pessoal, extra-mundo, infinito em todas suas perfeies. Todos os homens tm que parar em sua caminhada terrena e so chamados a parar e voltar seus pensamentos at Deus. de incalculvel importncia que os homens tenham tempo e oportunidade para a instruo e o culto religioso. necessrio que todos os homens e animais servis tenham tempo para recobrar suas foras. O repouso noturno dirio no suficiente para ele como nos asseguram os fisiologistas, e como tem demonstrado a experincia. Assim, parece, pela natureza deste mandamento moral e no cerimonial, que original e universal em sua obrigao. Nada pressupe que os mandamentos no matars e no furtars, que foram primeiramente anunciado por Moiss tenham deixado de ser mantidos quando a antiga administrao se desvaneceu. Uma lei moral mantida por sua prpria natureza. Expressa uma obrigao que surge de nossa relao com Deus ou de nossas relaes permanentes com nossos semelhantes. mantida tanto se est formalmente promulgada ou no. evidente que h elementos cerimoniais no quarto mandamento tal como aparece na Bblia. cerimonial que seja uma stima, e no uma sexta e oitava parte do nosso tempo que consagramos ao servio pblico a Deus. cerimonial que seja o stimo dia da semana e no outro dia o que separado. Porm moral no que se refere a um dia de repouso e cessao de atividades terrenas. de obrigao moral que Deus e Suas grandes obras sejam expressamente relembradas. um dever moral que o povo se rena para instruo religiosa e para a adorao corporativa a Deus. Tudo isto era obrigatrio antes da poca de Moiss e havia sido mantido, embora ele jamais houvesse existido. Tudo o que fez o quarto mandamento foi colocar esta obrigao natural e universal de uma forma concreta. 2) A obrigao original e universal da Lei do Sbado se pode inferir pelo fato de ter encontrado lugar no Declogo. Como todos os outros mandamentos naquela revelao fundamental dos deveres do homem para com Deus e para com seu prximo so morais e permanentes em sua obrigao, seria incongruente e no natural que o quarto mandamento fosse uma exceo solitria. Este argumento no desde cedo contestado com a resposta dada pelos defensores da doutrina oposta. O argumento, dizem eles, vlido s na suposio de que a Lei Mosaica, devido a sua origem divina, seja de autoridade universal e permanente. No se poderia da mesma forma dizer que se o mandamento No furtars, continua vlido ainda hoje, todo o contedo da Lei tem de ser mantido?

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3) Outro argumento da penalidade que acompanha a violao deste mandamento: Portanto, guardareis o sbado, porque santo para vs outros; aquele que o profanar morrer; pois qualquer que nele fizer alguma obra ser eliminado do meio do seu povo (Ex 31.14). Nenhuma violao de uma lei meramente cerimonial era visitada com esta pena. Nem o descuido da circunciso, embora envolvesse a rejeio tanto do pacto Abramico e do Mosaico, e necessariamente implicava a perda de todos aos benefcios da teocracia, foi constitudo como delito capital. A Lei do sbado, ao permanecer distinta assim, foi elevada muito acima dos meros mandamentos positivos (cerimoniais). Foi-lhe dado um carter especial, no s de importncia primordial, mas tambm de santidade. 4) Por este mandamento encontramos que nos profetas, assim como no Pentateuco, e nos livros histricos do Antigo Testamento, o Sbado no s mencionado como deleite, mas que tambm predita sua fiel observncia como uma caracterstica do perodo Messinico. Estas consideraes, afora a evidncia histrica ou da assero direta das Escrituras, so suficientes para criar uma suposio intensa, seno invencvel, de que o Sbado foi institudo desde o princpio, e que foi designado para ser de obrigao universal e permanente. Toda lei que teve uma base ou razo temporal para sua promulgao era temporal em sua obrigao. Onde a razo da lei permanente, a mesma lei permanente.

Sobre o autor: Charles Hodge foi prof. de Teologia Sistemtica no Seminrio de Princeton (USA) e um calvinista que exerceu grande influncia sobre os crculos teolgicos nos Estados Unidos da Amrica (1797-18 79). Fonte: Revista Os Puritanos.