Quem é Meu Próximo? Vivendo de Verdade Nas Impurezas Da Vida

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Lc 10. 25-37 - Quem é meu próximo? Vivendo de verdade nas impurezas da vida Introdução: Um texto que confronta o discurso que se pretende verdadeiro e uma atitude ou postura verdadeira. Uma verdade dita x uma verdade vivida A questão da verdade nos mobiliza. Brinca-se que o problema é que Pilatos não esperou a resposta de sua pergunta a Jesus "o que é a verdade?" O mesmo João diz que Jesus é a Verdade e o Espírito, verdadeiro (o Espírito da Verdade). 1

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Mensagem sobre Lc. 10. 25-37

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  • Lc 10. 25-37 - Quem meu prximo? Vivendo de verdade nas impurezas da vida

    Introduo:

    Um texto que confronta o discurso que se pretende verdadeiro e uma atitude ou postura verdadeira.Uma verdade dita x uma verdade vivida A questo da verdade nos mobiliza. Brinca-se que o problema que Pilatos no esperou a resposta de sua pergunta a Jesus "o que a verdade?"O mesmo Joo diz que Jesus a Verdade e o Esprito, verdadeiro (o Esprito da Verdade).

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  • Gostamos de estar certos, de termos a verdade, de a conhecermos. Alis, ela que conheceremos e por ela seremos libertos.

    A igreja muito questionada na sociedade acerca da verdade - como se no estivssemos no verdadeiro do mbito religioso.A heresia versus a ortodoxia,

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  • Esse um texto que tambm fala sobre verdade: uma verdade falada e defendida pelo mestre da Lei, que est ali para interpretar a sua verdade. Uma verdade, uma vida verdadeira no Reino. No um discurso correto - coisa que o samaritano no tem da perspectiva da teologia do AT - mas uma vida correta, libertadora e livre. No estar certo ou ter verdade, mas viver de verdade a vida.Tambm parte do processo mergulhar nas formas de manifestao da vida na sua relao com a verdade: profeta, sbio, estudioso e coerente.Religio se pretende verdadeira.

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  • 1. No basta ter o discurso certo, a perfeita interpretao da Bblia, a completa ortodoxia.

    Esse lder religioso um mestre da Lei, um escriba. Algum com compromisso com a perfeita interpretao das Escrituras, com a ortodoxia.Se sua inteno no pura. Ele questiona Jesus com o objetivo de testar Jesus.Naquele momento, para testar Jesus, um lder religioso lhe perguntou: Mestre, o que preciso fazer para ter a vida eterna? Ele respondeu: O que est escrito na Lei da Deus? Como voc a interpreta? Ele disse: Ame o Senhor seu Deus com toda a paixo, toda a f, toda a inteligncia e todas as

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  • foras; e ame o prximo como a voc mesmo. Boa resposta!, disse Jesus. Faa isso e viver".Seu constrangimento ao perceber que Jesus aprova sua resposta reflete isso.Ele conhece a ortodoxia. Ele ensina o contedo correto. Mas seu amor terico e suas aes no correspondem ao seu discurso.Querendo fugir da resposta, ele perguntou: Como saber quem o prximo'?"2. No basta ter o rito e a religio correta, se sua prtica no manifesta o amor. Se a religio se torna mais importante que o ser humano. o caso do sacerdote e do levita, representantes da religio.

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  • Ajudar o samaritano era se tornar impuro ali. E os religiosos, o levita e o sacerdote, no topavam aquilo. Por isso, o sacerdote quando viu o homem, esquivou-se e simplesmente foi para o outro lado. Em seguida, surgiu um religioso levita. Ele tambm evitou o homem ferido. Eles representavam a religio mais correta de todas, mas se esquivaram de ajudar o homem porque aquilo os tornaria impuros. O rito se tornava mais importante que o amor.3. Apenas o samaritano auxilia o homem ferido. Somente ele aproximou-se do ferido. Cuidou de seus ferimentos, resgatou-o e o levou a uma hospedaria, arcando com os custos de sua hospedagem.

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  • Quando transforma o samaritano no prximo que ajuda o homem ferido, comparando com a ao dos sacerdotes e levitas, confrontando a ortodoxia do escriba -que no se converte em prtica, Jesus confronta toda a religio do Templo. Os samaritanos no eram s mal vistos pelos judeus: eles tinham outro templo, seguiam outros ritos, tinham at diferenas nos livros que consideravam sagrados. Os samaritanos eram os hereges. Eles no seguiam a verdade. No eram verdadeiros seguidores do Deus de Israel.

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  • Mas Jesus ensina que no importa orar em Samaria ou no Templo em Jerusalm. O que importa que sejam adoradores verdadeiros.

    Adoradores verdadeiros convertem sua f em ao em favor dos oprimidos, dos sofridos, dos atacados por esse mundo.

    No basta crer correto. Deus se importa pouco se nosso discurso religioso ortodoxo, se cremos de maneira correta, se nossa teologia s.

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  • No basta cultuar de maneira correta. Deus se importa pouco se nossa liturgia verdadeira, se nossos ritos so corretos, se nossa igreja, nossa religio a correta.

    No importa sermos tachados de hereges, como os samaritanos.

    Importa sermos adoradores honestos diante de Deus. E adoradores verdadeiros no se importam se se tornaram impuros religiosos, se sero chamados de hereges: amam de verdade, um amor, como diz Joo, que no de palavras, mas de verdade. Amor que no deixa o sofrido, o oprimido, o pobre, o ferido pelo caminho.

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  • O que diz o mandamento sobre o prximo? "Am-lo como a si mesmo"O texto nos mostra um levita e um sacerdote incapazes de amar o prximo.A pergunta que o homem fez quem era o prximo a quem ele devia amar como a si mesmo. Jesus responde com a parbola. A linha da narrativa nos conduz para entender que o prximo para o samaritano era o homem ferido - o que j representava uma denncia contra sacerdotes e levitas, que no conseguiam enxergar no necessitado o prximo que carecia de socorro.

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  • Somos conduzidos a entender que o samaritano entendeu quem era o prximo e o que significa amar o prximo como a si mesmo - coisa que os religiosos no assumiram como verdade em sua vida.

    No seria difcil para o homem responder, se Jesus perguntasse o obvio: quem era o prximo que precisava ser amado, ser ajudado?

    Mas a pergunta de Jesus surpreendente. Ele inverte a questo e, tenho a impresso, desnorteia seu interlocutor: quem o prximo do homem ferido?

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  • Em vez de olhar o prximo a partir da necessidade do ferido, Ele questiona o escriba sobre o prximo a partir da perspectiva do ferido.

    O homem no consegue dizer "samaritano" - foi quem agiu com misericrdia.

    Mas a pergunta de Jesus tem uma outra implicao - uma rejeio aos escribas e aos sacerdotes, ao templo.

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  • Se o prximo que o homem ferido deve amar o samaritano que agiu com misericrdia com ele - o herege, o que segue uma religio desvirtuada, incorreta - porque os outros, os representantes da correta religio do templo, no so o prximo do ferido. No merecem seu amor, seu respeito.

    Como se dissesse: quem no sofre ou chora comigo no meu prximo.

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  • Um convite para que os sofridos, os pobres, os aflitos, os impuros, virem as costas para quem lhes vira as costas: os donos da verdade religiosos, os donos do rito correto, da teologia correta, da religio verdadeira. Aqueles que tm a ortodoxia mas no tem o real amor que se transborda das palavras para a ao concreta no mundo. Aqueles que possuem o conhecimento e a verdade, mas no a vivem de maneira ntegra e coerente.

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  • Aqueles que, muitas vezes, somos ns mesmos.

    Que abandonemos a pretenso de estarmos certos.

    Que abandonemos a pretenso de sermos os fiis intrpretes de Deus, os donos do nico discurso certo a Seu respeito.De acharmos que somente nossa religio a correta.

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  • Somos libertos pela verdade para vivermos de verdade: como algum franco, que anuncia a verdade com a prpria vida.

    Vivermos uma verdade em que cremos e que nos implica na vida. Na vida que envolve um amor real, no de palavras, na direo do prximo que sofre, chorando com ele, cuidando de suas dores, suas feridas, suas sujeiras, seu mal cheiro. Que toca o outro e nos faz participantes de sua impureza.

    Que vivamos o amor na prtica: amando a Deus e ao prximo. Nas impurezas da vida.

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