:r i,':~ fa~B;;~,±', ,~.18:A. A. 9 - gel.org.br fileo Ccnvemo fixmado entre a Secretaria da...

15
:r i,':~ lll;)~:~,:, t; ~.(¥;. ~~ fa~B;;~,±', ,~.18:A. A". 9

Transcript of :r i,':~ fa~B;;~,±', ,~.18:A. A. 9 - gel.org.br fileo Ccnvemo fixmado entre a Secretaria da...

:r i,':~ lll;)~:~,:,t; ~.(¥;. ~~

fa~B;;~,±', ,~.18:A. A". 9

Carlos Erivany Fantinati

Eleusis Mirian canocardi Carpentieri

Maria de Loordes Zizi TreVizan Perez

R<::berto Magal.haes - tlmSP - Carrp.1S de Assis *

o Ccnvemo fixmado entre a Secretaria da Educat;ao,

CENP (Coordenadoria de Ensino e Normas PedagOgicas) e Universida-

des do Estado de Sac Paulo vem pennitindo e incentivando, anua1lne:!:!

te, 0 encontro e a troca de experiencias entre professores univer-

sitarios e professares de primeiro e segundo graus da rede de ensi

00. Essa iJIIlOrtante pratica vem se consolidando cada vez mais, jU§.

tam:mte parque oportuniza a aonvivencia da pesquisa universitaria

ooma experieXX:ia,e<ncreta das salas de aula. Tal dialogo, que nao

se esgota na discussao teOrica, acaba p:>r rever 0 cotidiano tangI-

vel de nossas escolas e, sO p:>r isse, ao final de cada curse, ins-

tiga e realimenta nOl7aspesquisas, sugerindo nOl7asaberturas e rP-

vas procedimentos pedagOgicos.

Acreditando na ~tancia e na produtividade desses

exx:ontros, 0 oepartanento de Literatura da lNESP- carrpus de As-

sis - elaborou e aplicou cursos de reciclagem de professores de

primeiro grau, objetivando diseutir e repensar 0 problema da re-

cep;:ac textual.

* SIntese da exp:>sic;:acapresentada pelo grup:> de trabalho,Moo pelos docentes do Departanento de Literatura UNESP/de Assis, sabre "una proposta de ensino: texto e leitura nograu".

consti-Canpus

19

o abjeto do curso - a questOO da lei tura - ja il1l>u-

nha, ccm:>neoessidade primeira, a fixac;:ao conceitual do ato de

ler para que teoria, metodologia e experiencias docentes pudes-

sem dialeticanente cruzar suas hipOteses, principios e il1:lUieta-

<;:QesRecorreu-se, entao, na fixac;:ac do conoeito de leitura a Es~

tica da Recep;:aoque coocehe 0 ato de ler ccm:>urnprocesso gerador

de significa~ao a partir da fusac de duas instancias semanticas: 0

texto e 0 leitor.

Sabidamente, 0 texto codifica a organiz~ao de expe-

riencias histOricas de urndetenninado emissor. Gerado em condi<;Xies

especificas de produ;:ao, 0 texto incorpora na sua prOpria foDllUla-

~ac expressiva a neoessidade de un receptor que, finalmente, 0 de-

codificariL Este receptor-leitor, marcado ccm:>segunda instancia,

de forma alguma e urnsujei to que parte para a lei tura desprovido

de uma identidade histOrica. Tillli:lEim ele, receptor, tern a sua his-

tOria de leituras, 0 seu quadro vivencial, 0 seu repertOrio, reCU£

sos carre ados para 0 seu nmento partirolar e singularizado de lei

tura. ~ na fusac dessas experiencias que leitor e texto conjugam-

se, produzindo a area intersectiva, onde 0 ato de ler gera signif.!.

~ac.Do exposto, verifica-se a neoessidade de recusar duas

possiveis concep;:6es a respeito do ato de ler. A primeira e a de

que 0 texto faz 0 lei tor; a segunda defende que 0 texto, no ato

da leitura, e efeitD do leitor. Emrel~ao a primeira dessas con-

cef4ies, ac se hiperbolizar a instancia textual, ccm:>forma organi

zadora e produtora de sentido, minimi.za-se a f~ao do leitor a urn

trabalho de sil1l>les e mera decodific~ac. Esta temencia que inv~

te na formaliza~ac do textD, desCQ1siderarro a histOria do leitor,

-precede do conceito de "literariedade" defendido per alguns Cbs

teOricoo do formalisrno russo. Michael Rifaterre bemexenplifica ~

ta concep;:ao formal do texto, cuja decorrencia e a de exclUir do

plano decodificador, ccrro fator desprovido de pertinencia, a pro-

blematica do referente.

Defende, assim, que,ao reinar a ~ao estiHstica,uma

coa~ao e imposta ao lei tor, fazerrlo can que cesse toda a referen--

cialidade. A l~agem d:Jt€m, assim, cane se fora urnobjeto, plena

autonania. (Apud1, p.43)

A segurxla ccnoepr;ao, t:aIrtJern rejeitada pela Estetlca da

Recep;:ao, privilegia desrnesur~nte a instaneia receptora: 0 ~

to e urnefei to Cb lei tor. Nessa conoepr;ao, 0 investimmto que efei to no histOrico em detriJnento do formal estimula 0 risco de uma

leitura deslocada e emocionalrna1te pri.nBria, Induzido a ler errpaq

canente 0 texto, 0 leitor MO adquire 0 necessario distanciarnento

e acaba, apenas, se lenlo per nao perceber 0 texto erquanto o~

zac;ao produtora de sentido.

A leitura do texto narrative, t:ii.opresente na escola

de priJneiro e segundo graus, Ile~oeu uma abordagem teOrico-pratica

que procurou estudB-lo sd:J dois aspectos fun:iamentais: 0 plano da

narrac;:ao e 0 do narrado.

No plano da narra.;:ao, a discussao se fez a partir do

papel nediador ocupado pelo narrador oano instaneia que se inter-

pOe entre a histOria e 0 leitor. Partindo da constataliao de que te

da histOria n1io se conta por si rnesma, a figura do narrador e basi

ca para que 0 ate da enmciac;:1iose efetive. ~, pois, da sua atua-

c;:aoe participac;::ii.omais ou Ilen:>sinterventiva que 0 texto oscilara

entre os pOlos da conduc;:aodirigista e os pOlos das possibilidades

emancipadoras •

No plano do narrado, procurou-se estudar os textos

narrativos nas suas estruturas sintaticas a partir de urn texto de

Carlos Erivany Fantinati, oIXleregistra e explicita algumas rrodali

dades de intriga narrativa com graOOeocorrencia nos livros didaq

oos de priIlleiro grau. A transcriC;:ao garantira fidelidade ao texto

entaa em referencia.

AlGUNSTIPOSIE INTRlGANOS'lEXTa3DID1\TICC6

Carlos Erivany Fantinati

No estudo do I11lrOO narrado, as estruturas sintaticas

das histOrias ou intrigas podemser abordadas, tanar¥:1o-sea::m:> pon-

to de partida duas ~s: a de episexlio estati= e a de episOdio

dinanu=.

un episOdio e estatioo quard:>.descreve UIlii si t~ ~

tavel de B:JUilibriO ou desequilibrio, 0Ilde se encontra 0 persona-

gemprincipal emestado satisfatOrio cu insatisfatOrio. un episo-

dio e dinanuco quando se earacteriza pela presenra de una forqa

que atua provocanio modifi~ oos episOOios estatioos. Essa for-

qa atua cu em oposi«;:aoa un personagem principal, OljO estado ini-

cial e satisfatorio passando-o para urnestado inverso, ou atua em

proveito do personagem principal, cujo estado inicial e insatisfa-

tOrio passando-o para 0 estado oposto. No primeiro caso, essa for-

«;:adesellIJenha0 papel de op::lI'lenteproduzindo dam ou earencia 00

personagem principal. No segundo caso, de~ ela 0 papel de elf!juvante ou auxiliar por realizar umatarefa de que e beneficiano

o personagem principal. t justarente da ooobinaqao dos episOdios

estaticos e seus respectivos elementos can 0 episOdio dinanu= e

suas respectivas forltaB que resultam as estruturas sintaticas das

intrigas cu histOrias na fonna minima: a intriga minima descenden-

tel a intriga minima ascendente; e a "intriga minima a:fllJleta" ou

"narrativa ideal", e que gostaria de chamar de "intriga minima des-

cendente-ascendente" .

Esta intriga e carposta FOr urnepisOdio estatico ini-

cial, caracterizado pela descriqao de uma situa«;:ao estavel, onde

o personagemprincipal se en=ntra emun estagio satisfatOrio. urn

episOdio dinanuoo nedial provoca a passagem daquele episOdio ini-

cial para un inverso episOdio esditico final. Nesse episOdio dina-

mi= medial, una for«;:aatua a::m:> adversa ou antagonica do persona-

gemprincipal, representando assim 0 papel de 0FOnente: 0 persona-

gemprincipal viola umaproibi«;:ao sofrendo as oo~ias negati-

vas disso ou urnoutre> personagem provoca dano ou carencia 00 per-

sonagemprincipal. No episOdio estatioo final, a situa.;:ao estavel

descrita e de desequilIbrio, encontrando-se 0 personagero principal

numestado insatisfatOrioc

A intriga mInilnadesoeroente oonsti tui uma estrutura

sintatica s~les, que se pede representar, grafica e sinteticaIle!!

te, do seguinte modo:

1. EpisOdio estatioo ini-cial: ~cri~ de umasi ~ao estavel deequilibrio, orne 0 per-sonagemprincipal seenoontra numestado sa-tisfatOrio.

2. EpisOdio dmanu.oo ne-dial: lugar onde atuauma forc;a adversa res-ponsavel pela passagerodo episOdio estatiooinicial ~a 0 episCrdio estatioo final. 0papel de oponente pedeser representaao ou pe-10 prOpriO personagernprincipal ao Violarumaproibie;;OO, ou porun outro personagem aose opor ao personageroprincipal.

3. EpisOdio estatioo fi-nal: descri<;:ao de umasitua.;:ao estavel de de-sequilIbrio, onde 0

perscnagero principalse enoontra nun estadoinsatisfatOrio.

o Potrinho

(Autor descxmhecido)

Pango era un potrinb::>, quem dizer, urn cavalo ainda ~

quenino. Era muito pequeno, tiio pequeno oaoo urn cachorro do tama-

nho grarxie. Seu pelo era marron, IlUito macio. Pango vivia com sua

mae, uma bela egua tClllb€rnde pelo marron IlUito lUStr050. Ela se

chamava Polia.

Pango e Potia tinham uma casa, uma cavalaric;:a, peqIlel'li

na, toda pintada de vernelho. Dentro havia uma divisac forrada de

capim, a baia, onde eles oaniam e donniam. Polia oania milho e al-

fafa, 0 Pango tanava lei te.

Os dois animais eram levados para urn campo onde podiarn

brincar. Todos os dias, quarPo 0 sol aparecia, eles saiam para es-

se caJllXl.

Folia andava para cii e para la, mas Pango Me fazia ~

tra =isa senao brincar. Corria, pulava, tornava a =rrer e torna-

va a pular. Para isso linha 0 caJllXl, que era muito grande. Pango

brincava caro se f05se un cadlorrinho. Era urn potrinho mUito engr~

~do.uma vez Pango estava CCIIerro grama quando viu 00 chao,

perto de umamacieira, uma porc;:ac de mac;:asvermelhas. Entiio, oomeu

mac;:asate nao '?Oder mais.

AI Potia disse:

- Pango, nao coma tanta mac;:a.Nao coma, porque vc::>oEi

acabara ficando doente.

Mas 0 potrinho MO fez caso. Foi CCIIerxIDtodas as ma-

c;:asque adlou. Caneu duas... CCIIeUguatro... CCIIeUseis mae;:as•

Era nuito: E fi=u doente. Fi=u tiio doente que Me podia mais

correr, nem brincar neropular ... Ja nao parecia aquele potrinho

alegre de sempre.

(Sac Paulo 'Estado' Secretaria da Educac;:ao. C=rdenadoria deEstudos e Normas PedagOgicas. Subsidios ~ a iJlJ>lemen-taxao do ~ curricular de lingua portU3uesa-~ 2 ~grau: ~ serie, Coordenadora I<inea Seireghini ProspemMachado de Siqueira. 2~ 00 •• Sac Paulo, SE-CENP/ DRHU,1979, p.300-l).

A intriga mInima ascendente c:anpOe-se de urn episOdio

estatico inicial, caracterizado pela descric;:ao de lIlla situac;:ao

estavel de desequilIbrio, ome 0 persanagem principal se encontra

em un estad::l ilnsatisiiatOr10 00 de carencia. Un episOdio dinfunico

rredi.al prCllTocaa passagem daquele episOdio estatico inicial para

un antitetico episOdio estatico final. Nesse episOdio dinfunico IIE-

dial uma forc;:a atua ccm::>auxiliar do personagem principal, repre-

sentando assim 0 papel de adjuvante: 00 0 personagem principal sa-

crifica-se em seu prOprio benefIcio, OIl urnoutro persanagem se pOe

a servic;:o do personagem principal.

A intriga minima ascendente fonna lIlla estrutura sinta-

tica simples, que se pede representar, gratica e sinteticallEnte,doseguinte nodo:

GI

3. EpisOdio estatioo final: des=ic;:ao de uma sit~ &equilIbrio, onJe 0 persona--gemprincipal se encontranumestado satisfatOrio.

2. EpisOdio dinfunico rredi.al: lu-gar onJe atua uma forc;:a auxiliar 00 adjuvante, responsa=vel pela passagem do epis6--dio estatioo inicial para 0episOdio estatico final. Seupapel pede serdesempenhaclopelo prOprio personagemprincipal, que se sacrificaem seu preprio beneficio, ouper urnoutro personagem quese pOe a servic;:o do persona-gemprincipal.

1. EpisOdio estatioo inicial:des=ic;:ao de uma si tuac;:aoestavel de desequillbrio, ond€o persanagem principal se encontra nurnestad::l insatisfa=tOrio.

Exemplo: Jantar na mata

fot>nteiro 1J:lbato

a sol ja estava desCClllbard:>e 0 nenino sentiu faTe.

Havia esquecido de trazer a matalotagem.

- Amigo, saci, estou senti rOOuma coisa d1aInada faTe.

Mestre-me sua habilidade ern sair-se de todos os apuros,arranjardJ

urn jantar

- Gosto, sim.

a saci, entao, netarOO dois dedos na boca tirou urn

agudo assobio.

Inediatanente urnenorne besoorao, chamado serra-pau,

surgiu do seio da floresta.

Emnenos de cinco minutos 0 tronco de palmito estava

- E sal?

- t 0 mais dificil: mas cano hii nel, voce cooera pal-

mito preparado set> a forma de cloa! que e ainda mais gostoso

Emmenos de vinte minutos estava diante de Pedriilho

urnacasca de tatu cheia de urndoce de palmito nuito hem preparado.

a menino CCJleU a fartar e ainda teve uma scbrernesa de aIlDras do

mato, que 0 saci oo1heu ali rnesno.

(FIa~, Amifa~- Apremer_a viveri 0CIlUni~ e expres-500: 3. serie. Sao Paulo, Editora do Brasil, 1980,p.l8l) .

Confrontando as intrigas mlnilllas descendentes e acen-

dentes e possivel perceber que,para alan de suas diferer¥ias elas

apresentam, em essencia, a rresrnaestrutura sintiitica profunda,que

poderia ser descrita nos seguintes terna;:as intrigas minilllas de~

oerrlentes e ascerrlentes sao constituidas por tres episOdios:o i.nicial, 0 medial e 0 final. a prineiro e 0 ultim episOdios sac de

natureza estiitica e 0 medial e de carater di.nfunioo. Os dois epiS§

dios estatioos, 0 inicial e 0 final, se en<:ontram numa relac;:ao

de inversao. Os tres episOd1os se a:>njugamentre si, serd:> que 0

prirreiro predede t:.enporalIll:mte 0 segundo, e este segundo, alEm de

preceder tenp:>ralmente, causa ainda 0 teroeiro e Ultim:> episOd1o.

Definidas as estruturas sintaticas das intrigas mIni-

mas desoendentes e asoendentes, convem deteJ:minar, can bane nelas,

a estrutura sintatica da "intriga mIniJIla~leta" ou "narrativa

ideal" e dlamada aqui de intriga mInima desoendente-ascendente.

Essa rn:xla1idade de intriga se apresenta nuna relac;:ao

de serrelhanc;:ae diferenc;:a no queconceme aos dois tipos de intri-

gas anteriores. Can a intriga mlniJna desoendente a afinidade esta

na presenc;:a de urnepisOdio estatico inicial, can suas caracteristi

cas anterionnente rreocionadas, Ja can a intriga mInima ascerrlente.

seu ponto COllI.IIlI residena ooorreocia de urnepisOO1Oestatia:> fi-

nal, can seus trayos conhecidos. AD contrario das duas intrigas Cl:!!

teriores, 0 episOdio dinanuco nedial da intriga mIn:IJnadesoendente

-ascendente contem, em lugar de uma Uruca for<;:a, as duas for<;:as ao

mesm:>tenp:> e em una relac;:ao de confli to: a for<;:aadversa luta pa-

ra preservar a situac;:ao estavel de desequilIbrio, gerada por ela,

erquanto a forc;:a auxiliar se enpenha em superar essa situayao de

desequillbrio J::uscandoconduzir a histOria ao episOOio estatico fi

nal, caracterizado pela Situayao estavel de equilibrio can a rein-

tegrayao do personagem principal numestado satisfatOrio.

A estrutura sintatica da inttiga mlnima descen:lente-~

cerXlente pede ser representada, grafica e sinteticanente, do se-

guinte m:x1o:

EpisOdio estatico inicial:

situa930 de equilIbrio ini

cial.

EpisOdio dinanico

medial, can una

si tua9ao de dese-

quil!brio ern tor-

r¥:> da qual se tt~

va a luta entte

as for9as can fU!!.c;:Oesde qx:nente

e auxiliar 00 pe£

sonagemprincipal

EpisOdio estati

-co final:situe

9ao de equiII-

brio final.

Exemplo: As aventuras do aviao venrelho

~rico VerIssiJID

o aviao vernelho voava e quase esbarrcu numa estrela,

que sorriu ...

o aviao carregava 0 Capitao Tormenta, ou rnelb:>r, Fer-

nandinho; 0 ursinho e 0 regro.

Desceu 00 terreno de urnacidade esquisita.

De repente viram, nessa terra, I.IDl oonstto:

Fernardinho oorroestava 00 tamanho de I.IDl deeD mindi-

nho, reconheceu que 0 oonstto terrIvel era una cobra.

A CXlbraabriu a boca e oorreu na dirE!9oo deles 0 aviao

taml:im saiu na oorrida.

A ccbra segurou can os dentes a cauda do aparelho e

fioou pendurado.

- Sooorro~ You llOrrer envenenado, berrava 0 avioo.

Fernandinho agarrou a sua pistola, puxou 0 gatilho -

purn: - e a CXlbrafoi derrubada.

o Capitoo noo ficou aborrecido, deu una injee;:ao de ba-

nana na barriga do aviao.

o aviao vermelho parou de berrar.

(}ldaptado) "As Aventuras do Avioo Vermelho" - Editora

Glcilo.

(PEREIRA,Terezinha de Melo - Isto e aprender: oomuni.-ca<;ao e expressao: 2~ serie. Sac Paulo, Editorado Brasil, 1981,p.7)

2.2 No plano da narrac;ao2.2.1 .Q texto pedagogizante

eonfonte vem observando Regina Zi1.be.tman, grande parte

dos textos narrativos presentes na esoola de 19 grau apresenta- se

fortemente oc:rnp.rcmissadacan 0 pedagOgioo (4, 34), Estes textos

prestaJn.-se muito mais a objetivos utilitaristas de regrar 0 canpoE

tamento do leitor-miriln do que favoreoer a reoep;:ao da linguagem

estetica. uma vez mais a rela<;ao canunicativa entre 0 adulto e a

crianc;:a privilegia 0 pr1llleiro, can 0 direito de ensinar ,deiXando acriaru;:a 0 dever de apremer. Objetiva-se, dessa forma, a conformar

a crian~a leitora aos m:Jdelos tides o:xro exenplares pela otica

adult:ooentrica, buscarxio garantir e a preservar a ordem social e

suas instituiyOes. Debilitado eIX]Uantoexpressoo literaria, 0 tex-

to narrative se roousteoe o:xro instrummto pedagogizante trans for-

mad£>.-senurnreduplicador ideolOgiOO.

Nesse propCisito regrador da =nduta infantil, a figura

interventiva do narrador e de central import1mcia. Voz categorica

a se impor entre 0 lei tor e a historia, este narrador, evidencian-

do uma seguran<;:ae sabedoria i.mpertubaveis, vai =nferindo =r, v~

lores e movirnentoa histOria que =nta. 0 seu relato se faz caro

fala ordenadora do mundo. Too transparente e <XJlI tanta facilidade

opera no registro dos fatos que ao leitor nada mais e pennitido s~

nao a leitura passiva de mero consUllD.Esta Visao 00 narrador ocoE

re atraves de urndistaneianento perspectI vi= de quem se =loca

acima e fora do mundonarrado can plenas possibilidades de organi-

za-lo em esquernas simplistas de organiza<;:ao founal. Tudo se eJ<Pli-

ca na linearidade do relato e TO imperati va da =ncatencu;ao dos

eventos segundo nexos l6gicos de causa e efeito. Enfim, nenhun lu-

gar existe para a palissemia, para a anbi~dade. Este relato que

expulsa 0 leitor e, so par isso, marcadanente autoritario.

Toda a inconsistencia e 0 anseio dessa busca ideol6gi-

ca de harmonizar indivlduo e sociedade, c::aoo founa preservadora

das institui<;:Cies sociais, reside, segunoo Ligia cadermatori, TO

princlplo cartesiaro que a sustenta e a estrutura: 0 individuo e 0

que pensa (3, pAS). COnfundinoo indivlduo e pensarnento, a pedago-

gia nao =nsegue apreender 0 pallti=, 0 econOni=, 0 religioso,as

motiva<;:OeSinconscientes e outros fatores que extrapalam a esfera

individual. 0 texto pedagogizante, 0 comprornissaoo =m a ideologia

daninante, relatado de founa autoritaria, preocupado mais em repe-

tir do que inovar 0 dizer e 0 pensar, acaba par obstruir 0 que

mais se pretende e se quer no ato da leitura: 0 seu prazer.

2.2.2 Q texto ernancipador

Na tensao existente no texto narrati vo entre 0 pedago-

gico e 0 literario, 0 narrador ocupa par vezes 0 espcu;o cia domi-

nancia estetica au literaria. Preocupado em fugir da autornatiza<;:ao

que nao =nsegue apreender senao urnrnundorepetioo e imobilizaoo,

a voz narradora incursiona pelo espcu;o da inova<;:ao Desdicionari-

za tanto a visoo estereotipada do mundo quanto as modalida-

des expressivas esclerosadas. Subjacente a esta voz inquietante

escii ° intuito de instaurar a crise no signo ideolOgico ex:trO for-

\Ilade poteneializar novas leituras, novas articula~, novas per-

oepc;:Oesdo hcrleme da vida. Atuando inventivanelte 00 plano do

significante e do significado, tats narrativas fogem da linearida-

de canposicional questionando a lucidez e a demiurgia do narrador

pedagogizante. Can isto, possihilitarn que ° texto se abra no ato

de sua leitura rxrra a plurissignifica~ao. Nesse ~nto, a sala de

aula, instigada pela natureza do texto e pela proposta rnetodolOgi-

ca da sua leitura, acaba se abrindo taIrb€m. Entao as. verdades rel~

tivizam-se e ° alum pede perceber, na riqueza das leituras plu-

rais, lI1ladas fun~ OOsicas do texto literario: 0 seu earater

emancipador.

Numaescola tradicionalmente voltada para ° utilitari!!

00, a poesia tern enccntrado serias dificuldades de sobrevivencia.

Reduplica, assim, a escola toda uma ideologia do pragmatism, onde

° lazer e a gratuidade do lXII\JOrtanentonao conseguema rneoor jus-

tifi~ao. Dentre dessa conoepc;:ao,a poesia e marginalizada per

niio perterx:er as areas de base racionalista. Esta sitUilli=aode inf~

rioridade da poesia em ncssas escolas e hem retratada per Ligia

f.b:rrcne .Avernu

o preconoeito que atinge todas as esferas da vidasocial, estende-se a escola ••••.•.•••..•••••••••••••••• • • . . . .. .. •. .• •• •. .• • • •. • • .. .. •. . • .• • .• . •. .• .• •geral.(2, p.66l

Por ootro lado, quando a poesia se faz presente em I'Xl§.

sas salas de aula, recebe, quase sempre, un tratanento iJIl>rlipriO

que a coloca a serviQO de interesses ootros, nada poetiOOS. ~ a

poesia lau:3atOria que oelebra datas clvicas, que sugere a exenpli-

cidade de CCJII!:X>rtarnentosas cricm;:as... Pooco se tern feUo, per--

tanto, 00 sentido de IOO6trara poesia nasua tangibilidade oorp5-

rea. Poooo aima se faz, para eVideociar que a linguagem poitica

escii voltada para si rnesna na tentativa deharnonizar aquiloque

os versos dizern can a fonna que os revestern.

Peroebe-se can facilidade que a ausencia de urnneces-

sario =nheciJnento teOrico sobre 0 ferimeno poetico deixa 0 pro-

fessor sern quaisquer condic;:aes de urn trabalho progressi vo e =ns-

ciente can a poesia nas salas de aula.

Por todas essas razCies, 0 Curso Texto e lei tura na Es-

cola de 19 Grau procurou sensibilizar os professores para a iIIIpor

tancia de se trabalhar = a poesia. Para tanto, procurou discu-

tir 0 seu conceito de fo:r:mamais all\'la, ressaltando a sua diversi-

dade fo:r:malque tanto pode privilegiar 0 melOdico, quanto 0 image-

tico, ou mesmo0 visual.

Juntamente com os professores participantes do curso

procurou-se levantar as di versas possibilidades de introduzir a

crianc;:a na formulac;;ao lUdica da linguagem. Exercicios de brincar

com as palavras na sua potencialidade sonora e visual, hem =roo

atividades outras favorecedoras do senso rit:mi=, de associac;:aes

semanticas insOlitas visando a desautomatizae;:ao foram recursos fre

q\ientes e bastante produtivos durante todo 0 curso.--

Ao longo da experiencia docente, 0 =nvi via can os Pl:"2

fessores de primeiro grau, foi bastante enriquecedor, sobretudo,~

10 interesse e pela motivac;:aocan que participaram de todas as re-

flexaes envolvendo esta questao que continua desafiando as nossas

escolas e a OOS todos, professores: a leitura.

REFERtNcIASBlBLI(X;R)WlCAS

1. AGUIARE SILVA,Vitor Manuel de - Teoria da literatura. 3.00 .•Coimbra, Almedina, 1979. --- -

2. AVERBUCK,Ligia Morrone - "A poesia e a es=la". IN: ZILBER-MAN,Regina (Org.) -- leitura em crise na es=la: as alterna-ti vas do professor. Porto Alegre, Mercado Aberto:- 1982.--

3. MAGALHAEs,I:igiacademtori - "HistOria infantil e pedago-gia". IN: , ZILBERMAN,Regina - Literatura infantil: autoritarismo e emancipacac.Sao Paulo, Atica, 1984. .-

4. ZILBERMAN,Regina -- "A traic;:ac ao leitor". IN: _~ literatura infantil na escola. Sac Paulo, Global, 1982.