R6 Envelheciemnto Da Pop Brasil Uma Contribuição

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ISSN 1415-4765 O CONTEÚDO DESTE TRABALHO É DA INTEIRA E EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DE SEU(S) AUTOR(ES), CUJAS OPINIÕES AQUI EMITIDAS NÃO EXPRIMEM, NECESSARIAMENTE, O PONTO DE VISTA DO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA / MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 858 ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: UMA CONTRIBUIÇÃO DEMOGRÁFICA* Ana Amélia Camarano** Rio de Janeiro, janeiro de 2002 * A autora agradece a Ana Roberta Pati Pascom pelo trabalho de processamento de dados, tabulações e elaboração de figuras e a Henriete Rodrigues de Moraes pela ajuda na pesquisa bibliográfica. ** Da Diretoria de Estudos Sociais do IPEA.

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Geografia da População

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  • ISSN 1415-4765

    O CONTEDO DESTE TRABALHO DA INTEIRA E EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DE SEU(S) AUTOR(ES), CUJAS OPINIESAQUI EMITIDAS NO EXPRIMEM, NECESSARIAMENTE, O PONTO DE VISTA DO INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA /

    MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO.

    TEXTO PARA DISCUSSO N 858

    ENVELHECIMENTO DA POPULAOBRASILEIRA: UMA CONTRIBUIO

    DEMOGRFICA*

    Ana Amlia Camarano**

    Rio de Janeiro, janeiro de 2002

    * A autora agradece a Ana Roberta Pati Pascom pelo trabalho de processamento dedados, tabulaes e elaborao de figuras e a Henriete Rodrigues de Moraes pela ajudana pesquisa bibliogrfica.** Da Diretoria de Estudos Sociais do IPEA.

  • MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTOMartus Tavares - MinistroGuilherme Dias - Secretrio Executivo

    PresidenteRoberto Borges MartinsChefe de GabineteLuis Fernando de Lara Resende

    DIRETORIAEustquio Jos ReisGustavo Maia GomesHubimaier Canturia SantiagoLus Fernando TironiMurilo LboRicardo Paes de Barros

    Fundao pblica vinculada ao Ministrio do Planejamento, Oramentoe Gesto, o IPEA fornece suporte tcnico e institucional s aesgovernamentais e disponibiliza, para a sociedade, elementos necessriosao conhecimento e soluo dos problemas econmicos e sociais do pas.Inmeras polticas pblicas e programas de desenvolvimento brasileiro soformulados a partir de estudos e pesquisas realizados pelas equipes deespecialistas do IPEA.

    Texto para Discusso tem o objetivo de divulgar resultadosde estudos desenvolvidos direta ou indiretamente pelo IPEA,bem como trabalhos considerados de relevncia para disseminaopelo Instituto, para informar profissionais especializados ecolher sugestes.

    Tiragem: 130 exemplaresDIVISO EDITORIALSuperviso Editorial: Helena Rodarte Costa ValenteReviso: Alessandra Senna Volkert (estagiria), Andr Pinheiro,Elisabete de Carvalho Soares, Lucia Duarte Moreira,Luiz Carlos Palhares e Miriam Nunes da FonsecaEditorao: Carlos Henrique Santos Vianna, Rafael Luzentede Lima, Roberto das Chagas Campos e Ruy Azeredo deMenezes (estagirio)Divulgao: Libanete de Souza Rodrigues e Raul Jos Cordeiro LemosReproduo Grfica: Edson Soares

    Coordenao EditorialBrasliaSBS - Quadra 01 - Bloco "J" - Ed. BNDE, 10o andar - CEP: 70076-900 - Braslia - DFFone: 55 (61) 315 5090 (produo) 55 (61) 315-5336 (vendas)Fax: 55 (61) 315 5314E-mail: [email protected]

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  • SUMRIORESUMO

    ABSTRACT

    1 - INTRODUO .............................................................................................1

    2 - A CONTRIBUIO DA DEMOGRAFIA BRASILEIRA AOSESTUDOS SOBRE O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL...............2

    3 - EVOLUO DEMOGRFICA....................................................................53.1 - Participao do Idoso na Populao Brasileira......................................53.2 - A Feminizao da Velhice.....................................................................63.3 - Solido na Velhice?...............................................................................7

    4 - INSERO DO IDOSO NA FAMLIA........................................................84.1 - Viso Geral ............................................................................................8

    5 - MORTALIDADE.........................................................................................135.1 - Nveis...................................................................................................145.2 - As Causas de Morte entre a Populao Idosa......................................16

    6 - CONDIES DE SADE ..........................................................................176.1 - O Estado de Sade da Populao Idosa Brasileira ..............................186.2 - Deficincia Fsica e Mental .................................................................19

    7 - RENDIMENTOS .........................................................................................207.1 - Viso Geral ..........................................................................................207.2 - Fonte dos Rendimentos .......................................................................21

    8 - SUMRIO DOS RESULTADOS ...............................................................22

    BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................24

  • RESUMO

    O trabalho buscou apresentar uma contribuio demogrfica para o entendimentodo processo de envelhecimento da populao brasileira. Tem por objetivoprincipal questionar a relao entre envelhecimento populacional e dependncia.Alm disso, buscou-se avaliar se as condies de vida do idoso brasileiro de hoje,1998, diferem das do idoso de um passado recente, 1981. Isso permite especularsobre o dinamismo da relao. Trabalhou-se com os dados das PesquisasNacionais por Amostra de Domiclios (PNADs) de 1981 a 1998.

    Nos ltimos 20 anos, o idoso brasileiro teve a sua expectativa de sobrevidaaumentada, reduziu o seu grau de deficincia fsica ou mental, passou a chefiarmais suas famlias e a viver menos na casa de parentes. Tambm passou a receberum rendimento mdio mais elevado, o que levou a uma reduo no seu grau depobreza e indigncia. Essas consideraes levam dificuldade de se pensar essarelao entre envelhecimento e dependncia como produto de um nico fatoragindo continuamente. Esse um fenmeno bastante complexo e sujeito ao devrios fatores em interao.

    As aposentadorias desempenham um papel muito importante na renda dos idosose essa importncia cresce com a idade. Pode-se concluir que o grau dedependncia dos indivduos idosos , em boa parte, determinado pela proviso derendas por parte do Estado. Como uma parcela importante da renda familiardepende da renda do idoso, sugere-se que quando se reduzem ou se aumentambenefcios previdencirios, o Estado no est simplesmente atingindo indivduos,mas uma frao razovel dos rendimentos de famlias inteiras. Enquanto apenas8% da populao brasileira era idosa em 1998, em 26% das famlias brasileiraspodia-se encontrar pelo menos um idoso.

  • ABSTRACT

    This paper gives a demographic approach to the matter of the Braziliandemographic ageing. It discusses the relationship between ageing and dependence.It also tries to evaluate if to be elderly today, 1998, it is different of being elderlyin the recent paste, 1981. The data utilized are from the Brazilian GeneralHousehold Survey (PNAD) of 1991 and 1998.

    The expectancy of life of the Brazilian elderly increased, the proportion of elderlyexperiencing some kind of disability diminished and there are more elderlyheading their families and less living with their relatives. They are less poor.These results make it difficult to think of a straight relationship between ageingand dependence. This is a very complex process.

    Income derived from Social Security benefits played a very important role onelderly income. This importance is increasing with age. It is concluded that insomehow, elderly dependence is determined by income derived from the State. Asan important share of familial income depends on elderly income, when the valueof social benefits change, this change an important portion of familial income. In1998, at least one elderly was found in 26% of Brazilian families.

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    1 - INTRODUOO envelhecimento populacional , hoje, um proeminente fenmeno mundial. Istosignifica um crescimento mais elevado da populao idosa com relao aosdemais grupos etrios. No caso brasileiro, pode ser exemplificado por umaumento da participao da populao maior de 60 anos no total da populaonacional de 4% em 1940 para 8% em 1996. Alm disso, a proporo da populaomais idosa, ou seja, a de 80 anos e mais, tambm est aumentando, alterando acomposio etria dentro do prprio grupo, isto , a populao considerada idosatambm est envelhecendo [Camarano et alii (1997)]. Isso leva a umaheterogeneidade do segmento populacional chamado idoso.

    O crescimento relativamente mais elevado do contingente idoso resultado desuas mais altas taxas de crescimento, em face da alta fecundidade prevalecente nopassado comparativamente atual e reduo da mortalidade. Enquanto oenvelhecimento populacional significa mudanas na estrutura etria, a queda damortalidade um processo que se inicia no momento do nascimento e altera avida do indivduo, as estruturas familiares e a sociedade.

    Apesar de os dois processos responsveis pelo aumento da longevidade terem sidoresultado de polticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo Estado e doprogresso tecnolgico, as suas conseqncias tm sido vistas, em geral, compreocupaes por acarretarem presses para transferncia de recursos nasociedade, colocando desafios para o Estado, os setores produtivos e as famlias.Por exemplo, em 1994 um documento do Banco Mundial afirmava que o aumentoda expectativa de vida ao nascer e o declnio da fecundidade nos pases emdesenvolvimento esto provocando a crise da velhice. Esta traduzida por umapresso nos sistemas de previdncia social a ponto de pr em risco no somente asegurana econmica dos idosos, mas tambm o prprio crescimento econmico[Simes (1997, p. 169)]. As prprias cincias sociais se sentem desafiadas no seupapel de buscar uma compreenso para essa transformao, bem como de fornecerinstrumental para avaliar o seu impacto nas condies de vida, nas polticaspblicas etc. Nessa situao se coloca a demografia.

    Este trabalho uma tentativa de apresentar uma contribuio demogrfica para oentendimento do processo de envelhecimento da populao brasileira. Parte doreconhecimento da existncia de importantes desafios colocados por esse processo sociedade. No entanto, reconhece-se que esses devem ser referenciados a umarealidade social. Por exemplo, no Brasil no tem sido observada uma associaoto clara entre envelhecimento e dependncia. Nas famlias brasileiras, astransferncias intergeracionais tm assumido, cada vez mais, um carterbidirecional devido s conseqncias das freqentes crises econmicasexperienciadas pela populao brasileira e que tm atingido mais a populaojovem [Camarano (1999)].

    A pergunta principal se existe uma associao entre envelhecimentopopulacional e dependncia e se esta relao dinmica. Por exemplo, a queda damortalidade e as melhorias nas condies de sade provocadas por uma

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    tecnologia mdica mais avanada, bem como a universalizao da seguridadesocial e outras mudanas tecnolgicas, levam a que ser idoso em 1998 sejadiferente do que foi em 1981? Outra questo: esse um segmento homogneo?So consideradas trs dimenses das condies de vida da populao idosa:arranjos familiares, sade e mortalidade e rendimentos.

    O trabalho est divido em oito sees, incluindo esta introduo. Na Seo 2apresenta-se uma sntese a respeito da contribuio da demografia brasileira questo do envelhecimento populacional. A Seo 3 analisa a dinmica decrescimento do grupo etrio chamado idoso por sexo, subgrupos de idade e estadoconjugal. A insero desse subgrupo na famlia mostrada na Seo 4. O perfil demortalidade e as condies de sade so apresentadas nas Sees 5 e 6,respectivamente. Dada a importncia da renda como indicador das condies devida da populao idosa, essa questo considerada na Seo 7. A Seo 8apresenta uma sntese dos resultados.

    2 - A CONTRIBUIO DA DEMOGRAFIA BRASILEIRA AOS ESTUDOSSOBRE O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

    Estudos sobre as conseqncias do processo de envelhecimento populacional nospases em desenvolvimento so bastante escassos e se concentram mais nosaspectos ligados s condies de sade, aposentadoria e arranjos familiares para osuporte dos idosos [Moreira (1997)]. No Brasil, a preocupao com os aspectosdemogrficos do envelhecimento de sua populao relativamente recente. Aquesto foi primeiramente levantada nos estudos sobre as conseqnciasdemogrficas da queda da fecundidade.1

    Tomando os Encontros Nacionais da Associao Brasileira de EstudosPopulacionais (Abep) como o locus principal de discusso das questes sociaisconsideradas importantes pela comunidade demogrfica brasileira, pode-se dizerque o envelhecimento da populao brasileira s entrou na agenda de pesquisaem 1988 durante o VI Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Desde ento,32 trabalhos foram apresentados nos Encontros Nacionais e a Revista Brasileirade Estudos Populacionais, tambm da Abep, publicou cinco trabalhos. A Tabela 1mostra o nmero de contribuies apresentadas pela temtica.

    A Fundao Seade tambm tem prestado uma grande contribuio na anlise dasituao do idoso paulista. Uma parte desta contribuio foi sistematizada numlivro publicado em 1990 [Seade (1990)]. O IPEA tem se dedicado a estudar aquesto do envelhecimento populacional. Essa preocupao se expressouinicialmente em estudos sobre o impacto do envelhecimento populacional naprevidncia social.2 Mais recentemente, as condies de vida da populao idosabrasileira passaram tambm a ser alvo de estudos, o que resultou na publicao deum livro em 1999.3

    1 Ver, por exemplo: Paiva et alii (1981) e Carvalho (1984).

    2 Ver Oliveira (1997), Beltro et alii (1998) e Camarano et alii (1991).

    3 Ver Camarano (org. 1999).

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    Tabela 1Relao de Trabalhos sobre Idosos nos Anais dos Encontros e nas Revistas daAbep

    AnaisAssunto

    1988 1990 1992 1994 1998 2000 2001 Total

    Condies de Vida - 1 - 2 - - - 3Famlia - 2 1 - - - - 3Mercado de Trabalho - - - 1 - 1 - 1Mortalidade 2 - - - 2 4 - 8Dinmica Demogrfica 1 1 1 - 3 1 1 8Previdncia 1 - 1 - - 1 - 3Sade 1 1 - - - 1 - 3Outros 1 - - 1 - 1 - 3Total 6 5 3 3 5 9 1 32

    Revistas

    1991 1993 1997 1998 Total

    Famlia 1 - 1 - 2Dinmica Demogrfica - 1 - 1 2Outros - - - 1 1Total 1 1 1 2 5Fonte: Anais dos Encontros Nacionais de Estudos Populacionais e das Revistas da Abep.

    A grande maioria dos trabalhos mencionados se concentra na descrio dadinmica demogrfica do segmento idoso, incluindo uma viso prospectiva dosarranjos familiares em que estes esto inseridos, sua participao no mercado detrabalho bem como suas condies de sade e mortalidade.4 A preocupao como crescimento desse segmento tambm tem sido objeto de muitos trabalhos.5Alguns trabalhos medem o impacto que o crescimento da populao idosa temsobre a razo de dependncia demogrfica6, sobre os gastos de previdncia,7gastos de sade,8 dentre outros. Condies de sade e mortalidade da populaoidosa so tambm temas bastante recorrentes na literatura.9

    Na maioria desses estudos, predomina a preocupao com a presso que ocrescimento da populao idosa pode fazer sobre os gastos previdencirios, autilizao dos servios de sade e, conseqentemente, com os custos destes. Aevidencia emprica tem comprovado essa presso. No entanto, essas anlises sebaseiam, em geral, num ponto no tempo. No se conhece nenhum trabalho quetenha medido o tipo de repercusso que as melhoras nas condies de vida dapopulao idosa possam ter nesses gastos. Pode-se supor que melhores condiesde vida podem levar a uma menor presso sobre os gastos de sade eprevidencirios, por exemplo. Naturalmente, isso depende de uma associao

    4 Ver, dentre outros, Berqu (1996), Beltro e Camarano (1997), Saad (1999), Costa (1994),

    Camarano (2001) e Yazaki, Melo e Ramos (1991).5 Ver Moreira (1997), dentre outros.

    6 Ver Moreira (1998, p. 79-84), e Saad e Camargo (1989).

    7 Ver Cabral (1988) e Oliveira e Souza (1997).

    8 Ver Nunes (1999) e Ramos e Saad (1990).

    9 Ver Alves e Monteiro (2000) e Saad (1999), dentre outros.

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    positiva entre maior longevidade e melhores condies de sade. No caso dosbenefcios previdencirios, uma menor presso ter de passar, necessariamente,pelo adiamento da idade mnima aposentadoria e uma permanncia mais longana fora de trabalho.

    Os trabalhos mencionados apresentam uma perspectiva comum que a de quegastos sociais com o envelhecimento representam, sobretudo, consumo para oEstado. Alguns trabalhos de cunho prospectivo chegam a alardear catstrofes,colocando em risco a reproduo da vida social, caso as contribuies e/ ouimpostos no aumentem ou o valor dos benefcios sociais no sejam reduzidos,ou, mesmo, a idade mnima para a aposentadoria no aumente. Na verdade,apresentam uma preocupao puramente contbil e politicamente neutra.Contraditoriamente, instituies sociais como a aposentadoria, que foram criadaspara gerir riscos, so transformadas em fontes de produo de outros riscos comoa inviabilizao do sistema [Debert (1999)]. Na verdade, a prioridade daspolticas pblicas deveria ser com a qualidade de vida e o bem-estar coletivo.

    Segundo Debert (1999), a preocupao em descrever o modo pelo qual a velhice transformada em um problema que preocupa a sociedade vai se constituindo emum campo de saber especializado. Um campo com experts encarregados de definirno apenas quais so as necessidades dos idosos, os problemas que enfrentam,mas tambm encarregados da formao de outros especialistas para atender aessas necessidades.

    Um outro aspecto da questo do envelhecimento que tambm tem recebidobastante ateno a questo da feminizao da velhice e suas implicaes emtermos de polticas pblicas, pois uma grande parte das mulheres viva, vive s,sem experincia de trabalho no mercado formal e so menos educadas. Nemsempre a maior longevidade feminina vista como vantagem. A maior esperanade vida faz com que muitas mulheres idosas passem pela experincia dedebilitao biolgica devido a doenas crnicas, enquanto os homens morremantes [Nogales (1998)]. A perspectiva dos gerontlogos mais otimista quandoafirmam que para as idosas de hoje a velhice e a viuvez podem representar ummomento de independncia e realizao [Debert (1999)].

    Sumarizando, a grande maioria dos trabalhos parte da premissa de que a partir dedeterminada idade, que se convenciona chamar idosa, o indivduo consome maisdo que produz. Isso tem levado a que se encontre freqentemente na literaturauma associao entre envelhecimento e dependncia. O aumento dadependncia se d pois, por um lado, a queda da fecundidade reduz ao menosrelativamente, no mdio/longo prazo, a populao adulta, ou seja, os indivduosem idade produtiva (contribuintes potenciais para o Estado) bem como oscuidadores de idosos. Por outro lado, a queda da mortalidade faz com que osidosos, os dependentes, vivam por mais tempo.

    Em relao aos trabalhos mencionados, dois pontos so levantados. Em primeirolugar, os trabalhos sobre o envelhecimento consideram como idosos o segmentoformado pela populao maior de 60 anos, assumindo uma homogeneidade nesse

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    segmento. Embora se reconhea a dificuldade de se ter uma definiouniversalmente aceita de quem idoso, reconhece-se tambm a vantagem de seutilizar o critrio etrio para a sua definio. Envelhecimento sempre percebidoe entendido de vrias maneiras diferentes, levando sempre em conta as variaesculturais. Pode-se referir a processos biolgicos, aparncia fsica, eventos dedesengajamento da vida social, como aposentadoria, e o aparecimento de novospapis sociais, como o de avs. Como o segmento idoso compreende um intervaloetrio amplo, aproximadamente 30 anos, comum distinguir dois grupos: osidosos jovens e os mais idosos.

    S mais recentemente a questo das relaes intergeracionais, especialmente osuporte que tem sido dado pelos idosos s geraes mais novas, tem sido objetode estudo nas anlises demogrficas. Alguns estudos mostram que nas famliasbrasileiras as transferncias intergeraes se do nas duas direes. Outrosestudos Camarano e El Ghaouri (1999), Saad (1999) e Turra (2001) falamde um fluxo entre geraes na direo dos mais velhos para os mais jovens.Camarano e El Ghaouri (1999), com base nesse fluxo, questionam a questo dadependncia dos idosos.

    3 - EVOLUO DEMOGRFICA3.1 - Participao do Idoso na Populao Brasileira

    Estima-se que no ano 2001 a populao brasileira com mais de 60 anos seja daordem de 15 milhes de habitantes. A sua participao no total da populaonacional dobrou nos ltimos 50 anos; passou de 4% em 1940 para 8% em 1996.Projees recentes mostram que esse segmento poder ser responsvel por quase15% da populao brasileira no ano 2020 [Camarano et alii (1997)]. Isso se deve alta fecundidade observada nos anos 50 e 60 e queda da mortalidade quebeneficiou todos os grupos populacionais.

    Conforme j se mencionou, as propores da populao mais idosa, ou seja, ade 80 anos e mais no total da populao brasileira, tambm esto aumentando eem ritmo bastante acelerado. Esse tem sido o segmento populacional que maiscresce, embora ainda apresente um contingente pequeno. De 166 mil pessoas em1940, o contingente mais idoso passou para quase 1,5 milho em 1996.Representava 11,7% da populao idosa em 1996 e 0,9% da populao total (verGrfico 1).

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    Grfico 1Evoluo da Proporo de Idosos e mais Idosos na Populao Brasileira por Sexo 1920-2020

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030

    Idosos - Homens Idosos - Mulheres Mais Idosa - Homens Mais Idosa - Mulheres

    Fontes: IBGE, vrios censos demogrficos. Projees populacionais IPEA.

    (%)

    3.2 - A Feminizao da Velhice

    Em 1996, dos 12,4 milhes de idosos 54,4% eram do sexo feminino. Isso se deve sua mais elevada taxa de crescimento relativamente do segmento masculino.Como ser visto na Seo 4, a maior longevidade da populao feminina explicaesse diferencial na composio por sexo. Como conseqncia, quanto maisvelho for o contingente estudado maior a proporo de mulheres neste(Grfico 1).

    A predominncia da populao feminina entre os idosos tem repercussesimportantes nas demandas por polticas pblicas. Uma delas diz respeito ao fatode que embora as mulheres vivam mais do que os homens, elas esto mais sujeitasa deficincias fsicas e mentais do que seus parceiros masculinos, o que ser vistona Seo 4. Outra refere-se elevada proporo de mulheres morando sozinhas,14% em 1998. Alm disso, 12,1% moravam em famlias na condio de outrosparentes. Outros parentes podem significar, em relao ao chefe do domiclio,mes, sogras, irms ou outro tipo de parentes. Em 1995, a maior parte docontingente feminino de outros parentes (74%) era formada por vivas. possvel que boa parte desse ltimo grupo no tenha experincia de trabalho nomercado formal, seja menos educada, o que requer uma assistncia maior tanto doEstado quanto das famlias.

    Por outro lado, 45% das mulheres idosas eram vivas. A viuvez tem sidoapontada, em geral, como sinnimo de solido. Segundo Peixoto (1997), a mortedo cnjuge pode ser uma tragdia ou uma liberao. Debert (1999) considera quepara as idosas atuais a viuvez significa autonomia e liberdade. Se se considerar asvrias categorias de estado conjugal e com base nos dados da Pesquisa Nacional

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    por Amostra de Domiclios (PNAD) de 1995, observa-se que o rendimento mdiomensal das vivas s foi mais baixo do que o das solteiras, sendo que 10,6% dassolteiras no tinham nenhum rendimento. A proporo comparvel de vivas foide 5,2%.

    3.3 - Solido na Velhice?

    crescente a proporo de idosos vivendo sozinhos, tanto homens quantomulheres, conforme mostra o Grfico 2. comum pensar que a industrializao ea urbanizao destroem a segurana econmica e as relaes estreitas entre asgeraes na famlia. No entanto, pesquisas recentes tm mostrado que auniversalizao da Seguridade Social, as melhorias nas condies de sade eoutros avanos tecnolgicos, tais como nos meios de comunicao, elevadores,automveis, entre outros, podem estar sugerindo que viver s, para os idosos,representa mais formas inovadoras e bem-sucedidas de envelhecimento do que deabandono, descaso e/ou solido [Debert (1999)]. Viver s pode ser um estgiotemporrio do ciclo de vida e pode estar refletindo preferncias. Na verdade, aproximidade geogrfica nem sempre pode ser traduzida por uma maior freqnciade contato com filhos ou netos. A proporo dos mais idosos vivendo ss maiselevada do que a dos idosos jovens, tendo esse diferencial crescido no tempo.

    Grfico 2Proporo de Idosos e Mais Idosos Morando Sozinhos por Sexo Brasil, 1970, 1981 e 1998

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000

    Idosos -Homens Idosos -Mulheres MaisIdosos -Homens MaisIdosos -Mulheres

    Fontes: IBGE, Censo Demogrfico de 1970, e PNADs de 1981 e 1998. Tabulaes especiais IPEA.

    (%)

    As mulheres idosas apresentam, em geral, uma tendncia maior do que os homensa viverem sozinhas. Essa tendncia crescente no tempo, conforme mostra oGrfico 2. Isto se deve ao fato de que uma grande parte delas se encontrava nacategoria de vivas e uma proporo crescente na de separadas/desquitadas edivorciadas. Segundo a PNAD de 1995, as mulheres vivas constituam 45% das

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    mulheres idosas, as separadas 7% e as solteiras outros 7%. Por outro lado, quase80% dos homens estavam em algum tipo de unio conjugal. Os diferenciais porsexo quanto ao estado conjugal so devidos, de um lado, maior longevidade dasmulheres e, por outro, a normas sociais e culturais prevalecentes em nossasociedade, que levam os homens a se casarem com mulheres mais jovens do queeles. Isto se d, possivelmente, pelo processo que associa s mulheres, em geral, es idosas, em especial, menores oportunidades de um recasamento, em casos deseparao ou viuvez [Camarano et alii (1999)].

    4 - INSERO DO IDOSO NA FAMLIA4.1 - Viso Geral

    A anlise da insero do idoso na famlia tem sido uma das contribuiesimportantes da demografia aos estudos sobre as condies de vida da populaoidosa.10 Os estudos de famlia so importantes, em parte, por ser no espao dasfamlias onde se definem os padres de atendimento a seus membros. Alm disso,o montante de recursos de que a famlia dispe para suprir suas necessidades nodepende apenas da flutuao das oportunidades do mercado de trabalho, mastambm de cada momento especfico do ciclo de vida familiar que determinaquais membros sero liberados para o trabalho familiar e quais sero encarregadosdos cuidados com os demais membros.

    Um primeiro ponto a destacar na anlise da insero do idoso na famlia que,enquanto em 1998 apenas 7,9% da populao brasileira tinham mais de 60 anos,23,2% do total das famlias brasileiras e 22,5% dos domiclios continham pelomenos uma pessoa nessas idades. Apresenta-se, na Tabela 2, uma comparao doperfil estatstico das famlias brasileiras que contm idosos com o das que nocontm no ano de 1998. Observa-se, como esperado, que as famlias com apresena de idosos apresentam uma estrutura bastante diferenciada das que nocontm idosos. So famlias menores, em etapas do ciclo vital mais avanado. Onmero mdio de filhos residindo nos arranjos com idosos menor e as estruturasdestes so mais envelhecidas (os chefes com idade mdia ao redor de 66 anoscontra 39 anos nas famlias sem idosos). Apresentam uma presena maior demulheres na condio de chefes (35,2% contra 23,1% nas famlias sem idosos).

    Em termos das diferenas nos arranjos familiares internos, a Tabela 2 mostra quenas famlias sem idosos 74,2% so do tipo casais com filhos. Entre as famliascom idosos, a presena de casais com filhos foi de 33,7%. Incluindo no grupo defamlias idosas com filhos as famlias extensas, a referida proporo sobe para52,6%. Entre as sem idosos, ela atinge 81%. Destaca-se tambm, entre as famliascom idosos, a relativamente elevada proporo de casal sem filhos (18,5% entreas nucleares e 14% entre as extensas) e de pessoas vivendo s (14,9%). Nasfamlias unipessoais com idosos, predominam as mulheres, e nas sem idosos, oshomens.

    10 Ver, dentre outros, Goldani (1998), Prata (1994), Camarano et alii (1999) e Medeiros (2000).

  • Tabela 2Algumas Caractersticas das Famlias Brasileiras segundo a Presena de Idosos 1998

    (Em %)Sem Idosos Com Idosos

    Nucleares Extensas Nucleares ExtensasSem

    FilhosCom

    FilhosSem

    FilhosCom

    Filhos

    PessoaSozinha Total Sem

    FilhosCom

    FilhosSem

    FilhosCom

    Filhos

    PessoaSozinha Total

    Total de Famlias 9,2 74,2 3,6 6,8 6,2 100,0 18,5 33,7 14,0 18,9 14,9 100,0Proporo de Chefes Homens 95,0 77,9 58,8 65,7 61,9 76,9 96,0 68,8 52,2 63,4 30,4 64,8Proporo de Chefes Mulheres 5,0 22,1 41,2 34,3 38,1 23,1 4,0 31,2 47,8 36,6 69,6 35,2Tamanho Mdio da Famlia 2,0 4,0 2,8 5,1 1,0 3,7 2,0 3,4 2,8 4,8 1,0 3,0Nmero Mdio de Filhos 0,0 2,2 0,0 2,1 0,0 1,8 0,0 1,8 0,0 1,9 0,0 1,0Nmero Mdio de Pessoas queTrabalham 1,4 1,7 1,8 2,2 0,8 1,6 0,7 1,7 1,0 2,0 0,2 1,2Idade Mdia do Chefe 36,5 38,7 36,2 41,6 40,4 38,7 68,8 67,4 63,1 56,8 71,5 65,7Proporo da Renda Familiar queDepende do Chefe 76,6 76,5 64,9 61,2 100,0 76,5 73,9 56,1 65,4 50,5 100,0 66,3Proporo da Renda Familiar queDepende do Cnjuge 23,4 16,7 18,7 17,2 100,0 17,6 26,1 15,2 23,6 14,7 100,0 19,5Proporo de FamliasIndigentes 6,0 22,6 13,6 21,2 6,9 21,2 1,4 9,3 9,5 12,6 2,2 9,0Pobres 12,1 21,2 15,1 22,3 5,0 20,4 11,3 18,4 22,5 24,0 1,8 18,9Outras 81,9 56,1 71,3 56,5 88,1 58,5 87,3 72,3 68,0 63,4 96,0 72,1Proporo de Famlias com ChefesHomensIndigentes 6,1 17,6 7,4 15,4 7,4 15,4 1,4 8,6 5,5 10,0 3,5 6,2Pobres 12,3 20,1 13,5 20,8 5,3 18,3 11,2 17,4 19,1 23,2 2,6 15,9Outras 81,6 62,3 79,1 63,8 87,4 66,3 87,4 74,0 75,4 66,8 93,8 78,0Proporo de Famlias com ChefesMulheresIndigentes 4,3 28,8 11,0 19,3 6,3 23,9 1,7 3,1 6,2 9,7 1,6 4,5Pobres 7,4 21,2 16,0 22,9 4,5 19,0 13,9 17,3 25,5 23,4 1,4 15,2Outras 88,2 50,0 72,9 57,8 89,3 57,0 84,4 79,6 68,3 66,9 97,0 80,3Fonte: IBGE, PNAD de 1998.

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    Essas diferenas so determinadas, em grande parte, pelo estgio do ciclo de vidafamiliar das famlias com idosos, onde a maioria destes j no vive com seusfilhos, bem como pela maior mortalidade masculina, o que faz com que asmulheres sobrevivam por mais tempo ss ou com filhos. Em 1998, a proporo demes idosas sem cnjuge morando com filhos foi quase trs vezes maior do que ade pais. Essas propores so afetadas pela mais alta taxa de viuvez feminina, sejapela j citada maior mortalidade masculina, seja porque, uma vez vivas, asmulheres idosas tm menores chances de recasar pelas normas sociais vigentes.Normas sociais vigentes so tambm responsveis pelas reduzidas taxas derecasamento entre as mulheres idosas descasadas.

    As diferenas nas propores de mes ss com filho entre as famlias com idosose as sem idosos no se d apenas nas propores. Enquanto essas ltimas famliasso resultado, principalmente, de separaes ou dos arranjos de mulheres solteirascom filhos, as mes ss ou com filhos dentre as famlias com idosos devemencontrar-se na condio de vivas. Assim, espera-se que entre as primeiraspredominem filhos menores de 15 anos e, entre as ltimas, filhos adultos, solteirosou casados muitas vezes com netos. Isso significa, certamente, diferentescondies de vida e demandas por diferentes tipos de servios.

    A Tabela 2 tambm mostra que as famlias brasileiras que contm idosos esto emmelhores condies econmicas do que as demais famlias. So relativamentemenos pobres e seus membros dependem menos da renda do chefe. Isso se deve,em grande medida, aos tipos de arranjos internos e etapas de ciclo familiar queestabelecem diferentes relaes de dependncia econmica entre os membros dasfamlias, bem como universalizao dos benefcios da seguridade social.Curiosamente, h relativamente menos pobres e indigentes entre as famlias comidosos chefiadas por mulheres do que entre as chefiadas por homem. Isso se d,em parte, porque a legislao brasileira permite que as mulheres acumulem osbenefcios de penso e viuvez. Em 1998, 7,7% das mulheres idosas acumulavamos dois tipos de benefcios. Alm disso, tanto os homens quanto as mulherespodem acumular os benefcios da aposentadoria com trabalho.

    A Tabela 3 apresenta as estruturas das famlias com idosos em 1981 parafinalidades de comparao. A proporo de famlias com idosos no total defamlias brasileiras se manteve em torno de 24%, no obstante o peso dapopulao idosa no total da populao ter crescido no perodo. Uma das mudanasobservadas no perodo considerado foi a reduo do seu tamanho mdio causadapela diminuio do nmero de filhos e na proporo de famlias com filhos. Almdisso, observou-se um aumento expressivo na proporo de famlias chefiadas pormulheres em todas as formas de arranjo. possvel que as famlias monoparentaistenham uma fecundidade mais baixa do que as formadas por casais com filhos, oque pode tambm explicar a reduo no nmero mdio de filhos morando emfamlias com idosos.

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    Tabela 3Algumas Caractersticas das Famlias Brasileiras com Idosos 1981

    (Em %)Nucleares Extensas

    SemFilhos

    ComFilhos

    SemFilhos

    ComFilhos

    PessoaSozinha Total

    Total de Famlias 15,8 39,5 13,1 21,5 10,1 100,0Proporo de Chefes Homens 99,2 73,0 59,5 76,1 33,2 72,0Proporo de Chefes Mulheres 0,8 27,0 40,5 23,9 66,8 28,0Tamanho Mdio da Famlia 2,0 3,9 2,9 5,6 1,0 3,6Nmero Mdio de Filhos 0,0 2,3 0,0 2,5 0,0 1,4Nmero Mdio de Pessoas que Trabalham 0,6 1,6 1,0 2,0 0,2 1,3Idade Mdia do Chefe 65,3 59,0 59,8 53,1 70,3 60,0Proporo da Renda Familiar que Depende doChefe 88,3 65,8 72,3 59,2 100,0 72,5Proporo da Renda Familiar que Depende doCnjuge 39,9 28,7 31,9 24,4 100,0 31,0Proporo de FamliasIndigentes 7,3 17,4 13,5 16,7 3,0 15,4Pobres 26,1 24,4 22,9 25,1 23,7 24,6Outras 66,6 58,2 63,6 58,2 73,3 59,9Proporo de Famlias com Chefes HomensIndigentes 7,3 14,7 12,1 14,1 1,6 12,1Pobres 26,2 23,2 19,9 23,3 16,8 23,2Outras 66,6 62,1 68,0 62,5 81,6 64,7Proporo de Famlias com Chefes MulheresIndigentes 8,7 15,6 13,3 17,2 3,7 12,4Pobres 21,0 24,0 27,2 27,4 27,2 26,1Outras 70,3 60,4 59,4 55,4 69,1 61,5Fonte: IBGE, PNAD de 1981.

    Como reflexo do aumento da longevidade, a idade mdia do chefe de famliaaumentou em seis anos entre 1981 e 1999, tendo passado de 60 para 66 anos,como pode ser visto na Tabela 3. Esse aumento est refletindo tambm oincremento havido na proporo de idosos chefes de famlia. Embora o nmeromdio de pessoas que trabalham esteja em queda, diminuiu o peso relativo darenda do chefe no total da renda familiar. Isso parcialmente explicado peloaumento da proporo de mulheres cnjuges com rendimentos.

    J foi visto em outros trabalhos, que uma maneira de avaliar a dependncia dosidosos em relao s suas famlias com base em dados secundrios atravs daproporo de idosos cuja relao com o chefe da famlia era a de parentes ouagregados. Essa proporo decresceu entre 1981 e 1998, o que ocorreuespecialmente entre as mulheres, pois foram elas que apresentaram em 1981 amais elevada proporo. Por outro lado, a proporo de chefes idosos cresceu,especialmente a de chefes mulheres. A probabilidade de uma mulher ser chefe bem menor do que a de um homem; na verdade, esse valor no atinge nem ametade do estimado para os homens. No entanto, essa probabilidade aumentouexpressivamente entre 1981 e 1998, crescimento esse mais acentuado nas idadesmais avanadas, o que certamente est ligado viuvez [Camarano e El Ghaouri(1999)].

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    Quanto mais alta a idade dos idosos, menores as taxas de chefia, o que compensado por um maior nmero de idosos que so classificados comoparentes ou agregados do chefe do domiclio ou famlia. Em outras palavras,so pais, sogros, tios do chefe. As propores de parentes so ainda mais altaspara as mulheres do que para os homens maiores de 70 anos. Isso sugere que oshomens, em geral, permanecem como chefes da famlia, mas as mulheres,provavelmente, quando sozinhas (vivas, separadas ou solteiras), moram comfilhos e/ou outros parentes. As taxas mais altas de chefia entre os idosos em geral,e entre os homens em particular, podem indicar melhores condies de sade ecapacidade funcional, e estas, por sua vez, podem ser interpretadas como umproduto de melhores condies de vida, sugerindo uma reduo da dependnciados idosos sobre a famlia.

    Na verdade, mais do que uma reduo na dependncia, os dados sugerem umainverso na direo desta. Foi observado que as famlias brasileiras com idososesto em melhores condies econmicas que as demais. Para isso, reconhece-se aimportncia dos benefcios previdencirios que operam como um seguro de rendavitalcio. Em muitos casos, constitui-se na nica fonte de renda das famlias. Issose verifica mesmo quando se consideram estruturas familiares por nvel de renda[Camarano et alii (1999)].

    Por outro lado, o aumento da excluso e da limitao das oportunidades para osjovens em curso no pas nos ltimos 20 anos tem sido expresso, entre outrascoisas, por elevadas taxas de desemprego e subemprego da populao adultajovem, presente mesmo em momentos particularmente favorveis da economiabrasileira, como o Plano Real. A taxa de desemprego da populao de 15 a 24anos passou de 6,2% em 1981 para 19,1% em 1999 [Camarano et alii (2001)].Essa situao tem exigido dos pais desses jovens, provavelmente idosos, umapoio material adicional.

    Uma outra indicao do papel que os idosos vm assumindo em termos de apoios famlias pode ser obtida atravs da proporo de filhos adultos, maiores de 21anos, morando em famlias chefiadas por idosos. Essa proporo passou de17,5% entre as famlias chefiadas por homens e de 26,8% entre as famliaschefiadas por mulheres no ano de 1981 para 18,6% e 28,8%, respectivamente,em 1998, o que significa um aumento de aproximadamente 7% e 8%,respectivamente [Camarano e El Ghaouri (1999)]. A proporo de filhos maioresde 21 anos bem maior nas famlias em que o chefe do sexo feminino, umavez que um chefe idoso do sexo masculino pode ter um cnjuge mais jovem ecom filhos mais novos. A PNAD de 1995 mostrou que aproximadamente 53%dos filhos do sexo masculino morando em domiclios chefiados por idosos eramvivos e/ou separados, o que provavelmente significa um retorno casa dos pais.Entre as mulheres, 57% eram solteiras e 29% vivas. No primeiro caso, a suapresena pode estar indicando uma permanncia maior na casa dos pais, o quepode se dar pelo retorno ou no-sada.

    Corseuil, Santos e Foguel (2001) mostram que a probabilidade de um jovembrasileiro entre 15 e 16 anos estar freqentando a escola positivamente afetada

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    pela presena de idosos na famlia. Dentre todas as variveis consideradas nomodelo utilizado pelos autores, essa foi a segunda varivel explicativa maisimportante. A primeira foi a educao dos pais.

    Uma outra maneira de avaliar o papel que os idosos vm assumindo em termosde apoio s famlias onde esto inseridos atravs da participao da sua rendana renda familiar. Em 1998, nas famlias que continham idosos, estescontribuam com 52,5% da renda familiar. Se o chefe for idoso do sexomasculino, essa proporo aumenta para 66,2% e se a mulher for chefe, ela passapara 69,9% (ver Tabela 4). Entre os idosos no-chefes, essa proporo cai para25,4%. A participao da renda do idoso na renda familiar cai com a idade, o que associado reduo da participao dos rendimentos do trabalho na renda doidoso [Camarano e El Ghaouri (1999)].

    Tabela 4Proporo da Renda Familiar que Depende do Idoso por Condio de Chefiae Sexo Brasil, 1998Condio na Chefia Homens Mulheres Total

    Chefes Idosos 66,2 69,9 67,6Idosos no-Chefes 35,5 24,1 25,4Total 63,5 43,7 52,5Fonte: IBGE, PNAD de 1998. Tabulaes especiais IPEA.

    De acordo com a PNAD de 1998, em 1/3 das famlias que continham idosos, estescontribuam com mais de 50% do oramento familiar. Nestas, predominavam asfamlias extensas (52,5%), com um nmero maior de filhos presentescomparativamente s demais famlias com idosos (1,6 filho contra 0,6 filho) euma maior proporo de chefes trabalhando (49,4% contra 40,6%). Esses dadossugerem uma associao entre participao da renda do idoso no oramentofamiliar e tipo de famlia, ou melhor dizendo agregao de famlias, o que podeser uma estratgia de sobrevivncia.

    5 - MORTALIDADE

    Estudos sobre a mortalidade da populao idosa tm recebido uma grande atenopor parte da comunidade demogrfica brasileira.11 Esses se concentram, em geral,na mensurao de taxas de mortalidade e esperana de vida a idades avanadas eno padro de mortalidade por causas. Saad (1990) avanou analisando as causasmltiplas de morte para a Grande So Paulo. Mais recentemente, Waldvogel eSilva (2000) fizeram um estudo sobre acidentes de trabalho entre a populaoidosa do Estado de So Paulo. A importncia deste estudo se prende ao fato de sercrescente o contingente de idosos na atividade econmica e, conseqentemente,estarem ainda submetidos aos riscos de acidentes de trabalho. As mortes por

    11 Ver, por exemplo, Nogales (1998), Saad (1999) e Girardelli (2000).

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    acidentes de trabalho esto classificadas no grupo de bitos por causas externas. Otrabalho mostrou que, dentre esse grupo de causas, predominaram as mortes poratropelamento ocorridas no trajeto casa/trabalho/casa.

    Mortes por causas externas no tinham um papel importante no total dos bitos dapopulao idosa. Mas, h indicaes de que o peso relativo dessas temaumentado. Isso em parte se d pela reduo do peso dos bitos por doenas doaparelho circulatrio e, em parte, pela melhoria das condies de sade, o queleva a um rejuvenescimento da populao idosa Considerando o conjunto dasregies metropolitanas, Alves e Monteiro (2000) mostram que as mortes porcausas externas contribuem com 4,3% do total de bitos da populao masculinade 60 anos e mais. Entre as mulheres esse percentual cai para 2,3%.

    5.1 - Nveis

    J fato conhecido que uma das grandes conquistas deste sculo em todo omundo foi a reduo da mortalidade que atingiu todos os grupos etrios. Para oBrasil como um todo, a esperana de vida ao nascer apresentou ganhos de cercade 30 anos entre 1940 e 1998 como resultado, principalmente, da queda damortalidade infantil. Os ganhos foram para ambos os sexos, mas foram maisexpressivos entre as mulheres. Estas apresentaram em 1998 uma esperana devida ao nascer superior em 7,5 anos masculina.

    A expectativa de sobrevida nas idades mais avanadas bastante elevada noBrasil, aproximando-se daquela observada nos pases desenvolvidos. Isso ocorreporque a expectativa de vida ao nascer fortemente influenciada pela mortalidadeinfantil, que ainda relativamente alta. Aqueles que conseguem sobreviver s mscondies de vida nas primeiras idades tm uma esperana de sobrevida maiselevada nas idades que se seguem. Isso resulta em que existam poucas diferenasentre pessoas ricas e pobres no que respeita sobrevida nas idades avanadas.Kalache (1993), analisando as tendncias recentes nas taxas de mortalidade entreos idosos, mostrou que os padres de mortalidade de nove pases emdesenvolvimento esto cada vez mais semelhantes aos pases desenvolvidos. Adiferena entre homens e mulheres tambm diminui com a idade [Beltro et alii(1998)]. Uma vez ultrapassado determinado limite de idade, os brasileiros passama ter uma sobrevida bastante elevada, como mostra a Tabela 5, que apresenta asestimativas da esperana de vida ao nascer e de sobrevida da populao de 60anos por sexo para o total da populao brasileira em 1980, 1985, 1991, 1996 e1998.

    Nos 18 anos considerados, foram obtidos ganhos expressivos na longevidade dapopulao brasileira: os homens passaram a viver 6,7 anos a mais e as mulheres,7,1 anos. Entre a populao idosa, os ganhos foram tambm maiores entre asmulheres, 2,7 anos, do que entre os homens, 2,4 anos. Em termos relativos, osganhos na esperana de vida da populao idosa foram maiores do que os obtidospela populao total. Esses dados mostram que em 1998 um homem que chegueaos 60 anos pode esperar viver mais 13,1 anos e uma mulher mais 15,4 anos.Pode-se considerar esses ganhos como realmente expressivos, pois na Frana

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    entre 1972 e 1986 a populao masculina de 60 anos e mais apresentou umincremento de dois anos na sua esperana de sobrevida e a feminina, de trs anos[Caselli e Lopez (1996, p. 4)].

    Tabela 5Estimativas da Esperana de Vida ao Nascer (e0) e aos 60 Anos (e60) porSexo Brasil, 1980, 1985, 1991, 1996, 1998

    e0 e60

    Homens Mulheres Homens Mulheres

    1980 57,2 64,3 10,7 12,71985 59,3 65,8 10,8 12,21991 62,2 69,8 12,5 14,81996 63,3 71,0 12,7 15,31998 63,9 71,4 13,1 15,4Fontes: IBGE, vrios censos demogrficos, e Ministrio da Sade, Sistema de Informao sobre Mortalidade(SIM). Estimativas IPEA.

    O aumento da sobrevida da populao idosa deveu-se reduo das taxas demortalidade deste segmento no perodo 1980-1998 (ver Tabela 6). Entre oshomens, a taxa de mortalidade passou de 73,6 bitos por 1.000 habitantes em1980 para 57,7 bitos por 1.000 em 1998, uma reduo de cerca de 27%. Variaorelativa semelhante foi encontrada entre as mulheres, embora as taxas femininassejam bem mais baixas que as masculinas. A reduo dos nveis de mortalidadefoi observada para todas as faixas etrias consideradas e ambos os sexos. Estareduo foi crescente com a idade, o que pode ser em parte explicado pelosmaiores valores das taxas de mortalidade da populao idosa. Uma dasconseqncias disso o envelhecimento da populao idosa.

    Tabela 6Taxas Especficas de Mortalidade por Idade e Sexo da Populao Idosa Brasil, 1980 e 1998

    (Por 1.000 Habitantes)1980 1998 Variao (1998/1980 1%)

    Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

    60-64 34,1 20,3 26,9 16,7 21,2 18,065-69 49,6 31,8 38,7 24,7 21,9 22,370-74 84,9 59,7 58,8 39,9 30,8 33,175-79 131,6 101,6 88,6 65,4 32,7 35,680+ 247,3 228,4 162,0 145,0 34,5 36,5Total 73,6 58,3 57,7 45,8 21,7 21,5Fonte: IBGE, Vrios Censos Demogrficos e Ministrio da Sade (SIM). Estimativas IPEA.

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    5.2 - As Causas de Morte entre a Populao Idosa

    O perfil das causas de mortalidade da populao idosa por sexo apresentado noGrfico 3 para os anos de 1980 e 1997. Foram consideradas as cinco maisimportantes causas de morte. Destaca-se, em primeiro lugar, que a qualidade dasinformaes sobre causas de morte ainda afeta sobremaneira a anlise damortalidade por causas no pas e, em particular, para a populao idosa. Aproporo de bitos por causas maldefinidas entre a populao de 60 anos ou maisainda elevada, embora tenha decrescido no perodo 1980-1997 (de 22,5% dosbitos masculinos em 1980 a 18,2% em 1997, valores bastante similares aos dasmulheres). O peso elevado de bitos por causas maldefinidas reflete baixaassistncia mdica.

    Grfico 3Distribuio dos bitos da Populao Idosa pelas Cinco Principais Causas e Sexo Brasil, 1980 e 1997

    0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

    Neoplasmas

    Outras

    Doenas do aparelho circulatrio

    Sintomas, sinais e afeces maldefinidos

    Neoplasmas

    Doenas do aparelho respiratrio

    Doenas endc nutric metab e transt imunit*

    Outras

    19971980

    HOMENS

    MULHERES

    Fonte: Ministrio da Sade (SIM).(*) O aumento dos bitos pode estar sendo influenciado pela nova classificao de doenas.

    (%)

    Sintomas, sinais e afeces maldefinidos

    Doenas do aparelho circulatrio

    Doenas do aparelho respiratrio

    Doenas do aparelho digestivo

    Entre as causas de morte declaradas, pode-se observar que nos dois anosanalisados, as doenas do aparelho circulatrio aparecem como o principal grupode causas entre a populao idosa em ambos os sexos. Entretanto, a suaparticipao relativa tem diminudo ao longo do perodo. De 42,7% dos bitosmasculinos em 1980, as doenas do aparelho circulatrio passaram a serresponsveis por 39,4% dos mesmos em 1997. Entre as mulheres, observa-se umasituao semelhante: de 46,9% dos bitos femininos em 1980, este grupo decausas foi responsvel por 36,3% em 1995. Em contrapartida, observa-se que osoutros grupos de causas de morte tiveram a sua participao relativa aumentada.Entre eles, destacam-se as doenas do aparelho respiratrio e os neoplasmas.Entre os homens, aumentou o peso das mortes por doenas do aparelho digestivoe entre as mulheres, por doenas endcrinas e do metabolismo.

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    Analisando a evoluo das taxas de mortalidade da populao idosa entre 1980 e1995, Nogales (1998) observou que a diminuio da participao relativa dasdoenas do aparelho circulatrio como causa de morte nesse segmento deveu-se auma reduo efetiva dos nveis de mortalidade por esse grupo de causas.Observou-se uma reduo de 16,5% e 19,4% nas taxas masculinas e femininas,respectivamente. As mortes por causas externas foram responsveis por 3,4% dosbitos masculinos e por 1,9% dos femininos, em 1997.

    A queda da mortalidade por doenas do aparelho circulatrio parece ter sido agrande responsvel pela reduo da mortalidade entre a populao idosabrasileira. Algumas experincias internacionais sugerem que a reduo das mortespor doenas do aparelho circulatrio parece ser, at o momento, a granderesponsvel pelo aumento da esperana de sobrevida nos pases desenvolvidos.Na Frana, por exemplo, 70% dos ganhos na esperana de vida entre 1972 e 1986foram decorrentes da reduo da mortalidade por esse tipo de causa. Na Itlia, aqueda na mortalidade por esse tipo de causa foi responsvel por 26,6% doaumento da longevidade da populao masculina de 60 anos e mais e 34,8% dafeminina entre 1972 e 1986 [Caselli e Lopez (1996, p. 4)].

    Por outro lado, foi tambm observado por Nogales (1998) que a elevao daparticipao relativa dos bitos por neoplasmas e doenas do aparelhorespiratrio, como a pneumonia, foi acompanhada por um aumento nas taxas demortalidade. A sobremortalidade masculina por esse grupo de causas bastanteelevada, sobretudo no grupo etrio 60-74 anos; chega a ser de quase dois bitosmasculinos para cada bito feminino. O mesmo acontece com as mortes porcausas externas; para cada bito feminino verificaram-se trs bitos masculinos.O aumento na mortalidade pelos grupos das doenas endcrinas, entre as quaisdestaca-se a diabetes, pode estar sendo afetado pela melhoria no diagnstico dacausa de morte.

    6 - CONDIES DE SADEUma questo muito presente nos estudos de gerontologia, mas pouco abordadapelos demgrafos, at porque foge um pouco da sua rea de atuao, a qualidadede vida ou sobrevida dos idosos, em termos de sade. Existem doenas crnicasque, antes de representar um risco de vida, constituem uma ameaa autonomia eindependncia do indivduo. Estudos da Organizao Mundial da Sade (OMS)em 1984 estimam que numa coorte na qual 75% dos indivduos sobrevivem aos70 anos, cerca de 1/3 deles sero portadores de doenas crnicas e pelo menos20% tero algum grau de incapacidade associada.12 Essa constatao leva preocupao imediata com o aumento da demanda por servios de sade e oscustos que isto acarreta. Espera-se que o aumento na durao da vida sejaacompanhado por uma compresso da morbidade em todas as faixas etrias, o quese traduziria em uma vida mais longa e de melhor qualidade para um maiornmero de idosos.

    12 Citado por Ramos e Saad (1990, p. 161).

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    6.1 - O Estado de Sade da Populao Idosa Brasileira

    Nesta subseo, tenta-se avaliar se os idosos brasileiros esto vivendo emmelhores condies de sade. Utilizou-se para isto das informaes coletadaspelos dois suplementos especiais da PNAD, 1981 e 1998, que levantaraminformaes sobre o estado de sade da populao brasileira. Essa avaliao ficouprejudicada pelo fato de as informaes dos dois suplementos no seremcomparveis em toda a sua totalidade.

    O suplemento especial da PNAD-Sade de 1998 indagou como a populao idosabrasileira considerava o seu estado de sade. Aproximadamente 83% avaliaramesse estado como regular ou bom. Embora essa proporo decresa por idade,75% da populao de 80 anos e mais consideravam o seu estado de sade comoregular ou bom. Quer dizer, mesmo entre os mais idosos relativamente elevada aproporo dos que declaram um estado de sade bom ou regular. As mulheresdeclaram um estado de sade ligeiramente inferior ao dos homens.

    A informao sobre o estado de sade geral pode ser contrastada com a quediscrimina o tipo de problema. A Tabela 7 apresenta a proporo de idosos porsexo pelo tipo de problema de sade reportado. Os idosos foram divididos entre osidosos jovens (de 60-79 anos) e os mais idosos (mais de 80 anos). Entre os idososjovens, o maior problema de sade detectado foi doena de coluna, seguido dehipertenso e artrite. No se observaram diferenas expressivas entre os doissexos. As mulheres apresentaram uma proporo maior a sofrerem artrite oureumatismo do que os homens. Quando se considera o segmento mais idoso,observa-se um acrscimo na proporo de idosos que reportaram vrios dos tiposde problemas listados na Tabela 7. Isso s no ocorreu com cncer, cirrose outuberculose. Os maiores acrscimos foram observados nas propores dos quereportaram artrite ou reumatismo, depresso e diabetes.

    Tabela 7Proporo de Idosos pelo Tipo de Problema de Sade que Apresentavamsegundo o Grupo Etrio e o Sexo Brasil, 1998

    (Em %)60-80 80+

    Homens Mulheres Homens Mulheres

    Doena de Coluna ou Costas 42,1 40,8 48,3 46,2Hipertenso (Presso Alta) 36,7 36,0 49,9 48,8Artrite ou Reumatismo 29,0 38,2 42,7 49,2Doenas do Corao 16,2 20,1 20,1 26,5Depresso 8,0 8,7 15,4 14,1Diabetes 8,1 7,2 12,0 12,7Bronquite ou Asma 7,3 12,0 7,5 9,1Doena Renal Crnica 7,0 6,7 6,6 7,3Tendinite ou Tenossinovite 3,6 2,9 5,6 5,3Cncer 1,4 1,9 0,8 1,4Cirrose 0,5 0,6 0,2 0,4Tuberculose 0,2 0,3 0,1 0,1

    Fonte: IBGE, PNAD de 1998. Tabulaes especiais IPEA.

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    Os dados da Tabela 7 confirmam um pior estado de sade reportado pelasmulheres idosas relativamente aos homens. Na Frana, tambm foi observado queas mulheres esto mais sujeitas a deficincias fsicas e mentais que os homens.Enquanto 67% dos homens de mais de 60 anos contavam com boas condies desade, apenas 59% das mulheres estavam nessa condio. Entre os homens de 75anos e mais, 52% tm essa perspectiva enquanto somente 39% das mulheres atm.13

    O Grfico 4 apresenta a proporo de pessoas que deixaram de fazer alguma desuas atividades habituais por motivo de sade por sexo e idade. Observa-se que aproporo de pessoas que deixam de fazer alguma atividade habitual cresce com aidade, mas mesmo entre o segmento maior de 80 anos no atingiu 20%. Essaspropores so tambm mais elevadas entre as mulheres.

    Grfico 4Proporo de Pessoas que Deixaram de Fazer Alguma de Suas Atividades Habituais por Motivo de

    Sade por Idade e Sexo Brasil, 1981 e 1998

    0

    3

    5

    8

    10

    13

    15

    18

    20

    23

    25

    20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80+

    Homens Mulheres

    Fonte: IBGE, PNAD de 1998. Tabulaes especiais IPEA.

    (%)

    6.2 - Deficincia Fsica e Mental

    A PNAD de 1981 e o Censo Demogrfico de 1991 levantaram informaes sobredeficincias fsicas e mentais que parecem comparveis entre si. Em 1981, 6,5%dos idosos possuam algum tipo de deficincia fsica ou mental. Em 1991, essaproporo caiu para 3,7%. Os homens idosos eram mais atingidos por algum tipode deficincia do que as mulheres, o que se deve falta de membros e hemiplegia.O nmero de homens que apresentavam alguma falta de membro superou em maisde duas vezes o de mulheres. Isso pode estar associado ao fato de estarem maisexpostos ao risco de sofrerem acidentes de trnsito e de trabalho. Por outro lado,

    13 Citado por Peixoto (1997, p. 148).

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    as mulheres apresentavam uma propenso mais elevada em relao aos homens deapresentarem as demais deficincias, sendo os diferenciais mais expressivos naparaplegia, cegueira e deficincia mental [Camarano e El Ghaouri (1999)].

    O Grfico 5 compara a proporo de idosos por sexo e idade que apresentoualgum tipo de deficincia fsica ou mental em 1981 e 1991. Observa-se noperodo considerado que esta cresce em funo da idade, mas mesmo no grupode 80 anos e mais em 1981 ela no ultrapassava 14%. Nos 10 anos considerados,observou-se um declnio nessas propores.

    Grfico 5Proporo de Idosos que Apresentaram Algum Tipo de Deficincia Fsica ou

    Mental Brasil, 1981 e 1991

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    60-64 65-69 70-74 75-79 80+

    Homens - 81 Mulheres - 81 Homens - 91 Mulheres - 91

    Fontes: IBGE, PNAD de 1981, e Censo Demogrfico de 1991. Tabulaes especiais IPEA.

    (%)

    7 - RENDIMENTOS

    Numa anlise de condies de vida, uma das questes importantes a seremconsideradas o rendimento. Esta , tambm, uma varivel estratgica nadeterminao da dependncia. At incios dos anos 90 era comum caracterizar osidosos como vivendo numa situao desfavorvel em termos de renda [Prata(1994)]. A universalizao dos benefcios da seguridade social implementada noincio da dcada de 90 mudou esse quadro.

    7.1 - Viso Geral

    Em 1998, a situao do idoso brasileiro em termos de renda era bem melhor doque em 1981. a sua maior renda, relativamente dos mais jovens, que lhe tempropiciado uma capacidade maior de oferecer suporte familiar. Dentre os idososbrasileiros, menos de 12% no tinham nenhuma renda em 1998. Essa proporofoi bem menor do que a observada em 1981, quando fora de 21%. Essa reduo sedeve ao aumento das mulheres com algum rendimento. Os diferenciais entre ossexos na proporo mencionada j foram tambm bem expressivos. Em 1981,

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    2,5% dos homens idosos no tinham nenhum rendimento e entre as mulheres, aproporo referida foi de 37,4%. Em 1998, a propores de mulheres semrendimento atingiu 18,1%. A variao mais expressiva se deu na proporo demulheres que recebiam mais de um salrio mnimo; esta passou de 15,3% em1981 para 34,4% em 1998 [Camarano e El Ghaouri (1999)]. Foi visto, nas Tabelas2 e 3, que a proporo de famlias que continham idosos consideradas pobres eindigentes decresceu de 40% para 20%. Em 1998, a proporo de famlias pobrese indigentes nas famlias que continham idosos era menor do que nas que nocontinham.

    Essa melhoria no ocorreu de forma linear no tempo. O que parece foi ter havidouma piora entre 1981 e 1987 e uma melhora nos ltimos 10 anos analisados[Camarano e El Ghaouri (1999)]. Essa melhora resultado da univerzalizao daseguridade social, da ampliao da cobertura da previdncia rural e da legislaoda assistncia social estabelecidas pela Constituio de 1988, que garante aosidosos carentes maiores de 70 anos um salrio mnimo mensal.

    7.2 - Fonte dos Rendimentos

    A renda do idoso depende, principalmente, dos benefcios previdencirios, cujacontribuio tem aumentado no tempo para ambos os sexos. A participao darenda do trabalho na renda do idoso no se alterou muito no tempo conformemostram os Grficos 5 e 6. Por outro lado, a importncia da renda deaposentadoria cresceu no tempo; isso se deu em detrimento da participao dasoutras rendas e foi observado em ambos os sexos. A composio da renda dasmulheres deve estar refletindo um efeito coorte, ou seja, o aumento daparticipao no mercado de trabalho das coortes mais jovens em dcadasanteriores. No caso da renda das mulheres, aumentou a contribuio das penses.

    Grfico 6ComposioPercentualda Renda dosHomensIdosos Brasil, 1981, 1988 e 1998

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    1981 1988 1998

    OutrosPensoAposentadoriaTrabalho

    Fonte: IBGE, PNADs de 1981, 1988 e 1998.TabulaesespeciaisIPEA.

    (%)

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    Grfico 7Composio Percentual da Renda das Mulheres Idosas Brasil, 1981, 1988 e 1998

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    1981 1988 1998

    OutrosPensoAposentadoriaTrabalho

    Fonte: IBGE, PNADs de 1981, 1988 e 1998. Tabulaes especiais IPEA.

    (%)

    J foi observado que a importncia da renda proveniente da aposentadoria crescecom a idade. Em 1997, para a populao masculina, as aposentadoriascontriburam com aproximadamente 46% da renda dos que tinham de 60 a 64anos e 82% dos rendimentos da populao maior de 80 anos. O peso relativo darenda das aposentadorias menor entre as mulheres do que entre os homens. Mas,se se adicionar as penses que so tambm muito importantes na renda delas, osdois tipos de benefcios foram responsveis por 89% da renda das mulheres de 60a 64 anos e 98% das que tinha mais de 80 anos [Camarano e El Ghaouri (1999)].

    8 - SUMRIO DOS RESULTADOSO trabalho buscou apresentar uma contribuio demogrfica para o entendimentodo processo de envelhecimento da populao brasileira. Visto que comumencontrar na demografia uma associao entre envelhecimento populacional edependncia, procurou-se questionar essa relao avaliando trs dimenses dascondies de vida da populao idosa: arranjos familiares, sade e mortalidade, erendimentos. Alm disso, buscou-se avaliar se as condies de vida do idosobrasileiro de hoje, 1998, diferem da do idoso de um passado recente, 1981. Issopermite especular sobre o dinamismo da relao.

    Por exemplo, a queda da mortalidade, conjugada s melhorias nas condies desade provocadas por uma tecnologia mdica mais avanada, bem como auniversalizao da seguridade social, maior acesso a servios de sade e outrasmudanas tecnolgicas levaram o idoso brasileiro a ter a sua expectativa desobrevida aumentada, a ter reduzido o seu grau de deficincia fsica ou mental, apoder chefiar mais suas famlias e a viver menos na casa de parentes. Tambm

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    teve o seu rendimento mdio aumentado, o que levou a uma reduo no seu graude pobreza e indigncia.

    As mudanas foram bem mais expressivas entre as mulheres, especialmente emtermos de rendimentos, o que se deve ampliao da cobertura dos benefcios deprevidncia rural. Uma das concluses a que se chegou que a relao entreenvelhecimento e dependncia no to clara. Uma das razes se d pela maiorrenda dos idosos vis--vis alguns segmentos populacionais, como os jovens. Issoresulta em que o peso da sua renda no oramento de suas famlias seja expressivo.Nas famlias cujos idosos so chefes encontra-se uma proporo expressiva defilhos morando juntos, proporo essa que aumentou entre 1981 e 1998. Essasituao deve ser considerada luz das transformaes pelas quais passa aeconomia brasileira levando a que os jovens estejam experienciando grandesdificuldades em relao sua participao no mercado de trabalho, o que temrepercutido dentre outras formas por altas taxas de desemprego, violncias devrias ordens, criminalidade, separaes e gravidezes precoces.

    Essas consideraes levam dificuldade de se pensar essa relao entreenvelhecimento e dependncia como produto de um nico fator agindocontinuamente. Esse um fenmeno bastante complexo e sujeito ao de vriosfatores em interao. Um outro problema a ser considerado a prpria definiode populao idosa. Trabalhou-se com o corte etrio de 60 anos e mais para sercompatvel com a legislao brasileira. Isso significa estar se considerando comoidosas pessoas cuja idade pode variar num limite de at 30 anos, o que significauma grande heterogeneidade. No trabalho, os idosos foram desagregados em doisgrupos; um formado pela populao de 60 a 80 anos e outro pela maior de 80anos. Para as variveis consideradas, no se observaram diferenas expressivas.As encontradas apontaram na direo esperada, ou seja, quanto mais velho maisdependente.

    Foi visto que as aposentadorias desempenham um papel muito importante narenda dos idosos e essa importncia cresce com a idade. Pode-se concluir que ograu de dependncia dos indivduos idosos , em boa parte, determinado pelaproviso de rendas por parte do Estado. Como uma parcela importante da rendafamiliar depende da renda do idoso, sugere-se que quando se reduzem ou seaumentam benefcios previdencirios, o Estado no est simplesmente atingindoindivduos, mas uma frao razovel dos rendimentos de famlias inteiras. Isso importante de ser notado porque, como conseqncia, o perfil do sistemaprevidencirio construdo hoje influir na distribuio futura da renda dasfamlias.

    Concluindo, pode-se dizer que o aumento da longevidade conjugado com omomento pelo qual passa a economia brasileira com efeitos expressivos sobre ojovem tem levado a que o idoso assuma papis no esperados nem pela literatura enem pelas polticas. Isto faz com que a associao entre envelhecimento eaumento da carga sobre a famlia e o Estado no se verifique de forma to direta.Por outro lado, por mais que o crescimento a taxas elevadas da populao idosaprovoque aumento nos custos da previdncia social e de sade, espera-se que a

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    demografia, como uma cincia social, se paute por estudar alternativas para que osidosos bem como outros grupos populacionais vivam bem. Parafraseando umdemgrafo neozelands, a demografia deve ser uma cincia que v alm decontar pessoas, mas deve fazer com que as pessoas contem (Ian Pool, 1997).

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