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Resumos de Filosofia 11ºAno Racionalidade Argumentativa e Filosofia Argumentação e lógica formal O que é a lógica formal? É possível compreender melhor o que é a lógica formal estabelecendo uma analogia entre esta e a gramática. Assim como o estudo da gramática faz sentido porque nos ajuda a falar e a escrever corretamente, permitindo que evitemos erros, muitas vezes grosseiros, também o estudo da lógica se justifica na medida em que nos permite articular corretamente o pensamento e construir bons argumentos para fundamentar as nossas opções e decisões . Gramática e lógica são assim saberes instrumentais, funcionam como meios para atingir determinados fins que se apresentam como desejáveis. Por outro lado, do mesmo modo que à gramática não importa tanto aquilo que dizemos ou escrevemos, mas mais o modo como dizemos ou escrevemos, também a lógica não se preocupa com o conteúdo dos pensamentos, mas com a forma como estes se encadeiam, com a sua estrutura. Gramática e lógica são assim disciplinas de natureza formal. Para além da analogia evidente, existe ainda uma relação íntima entre lógica e gramática pois, que esta tem por objeto a linguagem e sem a linguagem não é possível expressar o pensamento. Pensamento e linguagem surgem, assim indissociáveis: o pensamento de que a lógica se ocupa é o pensamento expresso verbalmente, o pensamento discursivo. Que relação existe entre Lógica formal e Argumentação? A lógica é o “instrumento”, que implícita ou explicitamente usamos para argumentar, isto é, para provar através de razões que uma dada conclusão se impõe. A lógica ocupa-se assim do pensamento expresso não se preocupando

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Resumos de Filosofia 11ºAnoRacionalidade Argumentativa e Filosofia

Argumentação e lógica formal

O que é a lógica formal?

É possível compreender melhor o que é a lógica formal estabelecendo uma analogia entre esta e a gramática. Assim como o estudo da gramática faz sentido porque nos ajuda a falar e a escrever corretamente, permitindo que evitemos erros, muitas vezes grosseiros, também o estudo da lógica se justifica na medida em que nos permite articular corretamente o pensamento e construir bons argumentos para fundamentar as nossas opções e decisões. Gramática e lógica são assim saberes instrumentais, funcionam como meios para atingir determinados fins que se apresentam como desejáveis. Por outro lado, do mesmo modo que à gramática não importa tanto aquilo que dizemos ou escrevemos, mas mais o modo como dizemos ou escrevemos, também a lógica não se preocupa com o conteúdo dos pensamentos, mas com a forma como estes se encadeiam, com a sua estrutura. Gramática e lógica são assim disciplinas de natureza formal. Para além da analogia evidente, existe ainda uma relação íntima entre lógica e gramática pois, que esta tem por objeto a linguagem e sem a linguagem não é possível expressar o pensamento. Pensamento e linguagem surgem, assim indissociáveis: o pensamento de que a lógica se ocupa é o pensamento expresso verbalmente, o pensamento discursivo.

Que relação existe entre Lógica formal e Argumentação?

A lógica é o “instrumento”, que implícita ou explicitamente usamos para argumentar, isto é, para provar através de razões que uma dada conclusão se impõe. A lógica ocupa-se assim do pensamento expresso não se preocupando com o conteúdo do pensamento, mas com a sua forma, com a sua estrutura formal. Quando argumentamos, isto é, quando procuramos provar através de razões, que o nosso ponto de vista sobre um dado assunto é o preferível, temos de dar atenção à forma como encadeamos as afirmações que fazemos e que pretendemos sirvam de suporte à conclusão. Têm de existir nexos de implicação entre a evidência apresentada e a conclusão defendida.

Para quê estudar lógica? Resolver problemas, tanto do nosso quotidiano e da nossa vida prática como

de natureza teórica, planear tarefas, tomar decisões são atividades que pressupõem que pensemos logicamente.

Inferir que o teste vai ser difícil porque a professora é exigente; aplaudir um colega porque fez uma dedução brilhante; tomar consciência de que ainda não se dominam os conceitos básicos de um tema; concluir que um juízo não

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está fundamentado; desistir de apresentar mais argumentos, porque a decisão já está tomada, é referir operações lógicas e termos específicos do vocabulário da lógica.

Todos desejamos melhorar as nossas competências no domínio do pensamento e da comunicação e o estudo da lógica pode ajudar-nos a atingir estes importantes objetivos; o conhecimento das regras e leis da lógica permite detetar vícios nos raciocínios, próprios ou alheios, vícios esses que enviesam o discurso e perturbam a comunicação; permite ainda formular o pensamento discursivo de um modo mais preciso e rigoroso, já que nos convida a procurar a sua coerência, unidade e fundamentação.

Algumas citações: “Quem aprende Lógica pensa de um modo mais preciso, sendo os seus argumentos mais exatos e ponderados. Comete menos erros e equivoca-se menos. O Pensamento não é inato, pode e deve ser desenvolvido de diferentes modos. O estudo sistemático da Lógica é uma das vias mais eficientes de desenvolvimento do pensamento abstrato lógico. A solução de problemas lógicos é um modo interessante de desenvolver o pensamento. A Lógica (…) ensina a pensar clara, concisa e corretamente.”

Resumo

Resolver problemasPlanear tarefasTomar decisões

InferirDeduzirFazer juízosArgumentar

O estudo da lógica permite:

Evitar erros de raciocinio Pensar e comunicar de forma mais rigorosa e precisa

O pensamento nao é inato (não nasce conosco). Pode e deve ser desenvolvido de diferentes modos.

Lógica formal Gramática Ajuda a articular corretamente o

pensamento e a construir bons Ajuda a falar e a escrever

corretamente

Necessitam do recurso à lógica

São operações lógicas

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argumentos Não se preocupa com o conteúdo

dos pensamentos mas sim com a forma como eles se encadeiam

Não se interessa tanto com o que dizemos ou escrevemos mas sim com o modo como o fazemos.

As duas são saberes instrumentais

São meios para conseguirmos pensar e falar corretamente

A importância da Lógica na argumentação

O Homem é um ser social, pelo que se relaciona com as outras pessoas pela comunicação.

A linguagem natural é a forma privilegiada de comunicação.

Com a linguagem, as pessoas fazem afirmações que traduzem os seus estados internos e as suas opiniões acerca dos outros e dos acontecimentos.

Algumas afirmações não necessitam de ser justificadas perante os outros. Porém, outras só se tornam credíveis depois de bem justificadas.

Argumentar é apresentar as razões justificativas, ou seja, as razões que sustentam uma afirmação e a tornam aceitável.

Logo, o pensamento lógico torna-se indispensável no exercício das nossas competências argumentativas.

Resumo

Ser social Comunicação Argumentação Lógica

Lógica naturam e lógica ciêntifica

Lógica Natural

(Intuitiva e espontânea)

Lógica Ciêntifica

(Reflectiva, sistemática e com regras)

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Existe uma lógica natural que consiste na ordem seguida pelo pensamento do ser humano ao raciocinar, ao dialogar e ao agir. Todos os Homens são capazes de pensar e expressar-se de acordo com princípios lógicos. Mas, a lógica natural (espontânea, intuitiva) é bastante limitada.

Em situações mais complexas, corre-se o risco de cometer erros lógicos. É nessa altura que devemos recorrer à lógica científica que nos permite um estudo sistemático do Pensamento/Discurso e das regras que se devem seguir para salvaguardar a sua coerência.

À lógica compete então, distinguir os raciocínios ou argumentos válidos daqueles que o não são.

A Lógica no contexto da disciplina de filosofia

A lógica irá servir-nos para aprendermos a aplicar alguns princípios e regras que nos irão permitir verificar o valor lógico dos raciocínios.

Homem = Ser pensante e ser falante

O que é um argumento?

Permissas que sustentam conclusões

Preposições (O que diz) Argumentos (Porque diz)

Conclusões sustentadas por Permissas

Inferências

Inválidas VálidasFlácias formais

Obediência a regras

Pensamento coerente

Lógica Aristotética

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É um conjunto de proposições em que uma delas – a Conclusão – é sustentada pela(s) outra(s) – Premissa(s). Precisa de ter uma permissa e uma conclusão

Ex:

Os polígonos são figuras geométricas.

Os triângulos são polígonos.

Os triângulos são figuras geométricas.

O que são permissas?

São proposições que fundamentam a conclusão. Ponto de partida, antecedente, justificando ou fundamentando

O que é a conclusão?

É a proposição que é apoiada pelas premissas. Ponto de chegada, consequente.

O facto de as premissas serem o ponto de partida e a conclusão ser uma consequência que delas deriva – não significa que a conclusão nos argumentos apareça sempre depois das premissas. A conclusão pode aparecer antes e pode aparecer no meio.

Indicadores de Premissa(s) e indicadores de Conclusão.

Pemissas ConclusõesPorque, desde que, dado que, pois que, como, pelo facto de, tanto mais que, pressupondo que, atendendo a que, se...

Portanto, daí, logo, assim, consequentemente, verifica-se, segue-se, daqui se afere, consluindo, por isso, então...

O número de Premissa(s) e Conclusões de um Argumento é variável. Mas, tem de conter, pelo menos, duas proposições:

Uma premissa Uma conclusão

Quando consideradas em si mesmas (isoladamente), as afirmações nunca são Premissas ou Conclusões. Elas só o passam a ser em função dos papéis que representam quando integradas num argumento.

Validade e Verdade

Trata-se de um argumento em que:

- As duas primeiras afirmações são as Premissas.

- E, a terceira – a Conclusão.

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A lógica formal é o estudo do pensamento válido.

O que significa pensamento válido?

Verdade, falsidade, validade e invalidade - são termos que aplicamos para classificar o valor lógico de duas operações efectuadas pela razão - o juízo e o raciocínio.

O valor lógico das proposições

Conceito Juízo Raciocínio

Conceito - Representação Universal obstrata

Ex: Mesa

Juízos - Relação entre conceitos.

Ex: O livro é interessante.

Proposições - expressão verbal dos juízos. São aquelas em que se pode dizer se é verdadeiro(de acordo com a realidade) ou falso (não estão de acordo com essa realidade). juízo

Exemplos de proposições verdadeiras:

“Os mamíferos são vertebrados”; “A filosofia é uma disciplina obrigatória na

formação geral dos alunos do 11º ano”.

Exemplos de proposições falsas:

“Os insetos são aves”; “O gelo não se derrete submetido a temperaturas

elevadas”.

NOTA: Verdade e falsidade são os valores lógicos que podemos atribuir aos juízos ou

proposições.

O valor lógico dos argumentos

Verdadeiros Falsos

Inválidos

Válidos

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À relação lógica entre vários juízos designamos raciocínios.

Raciocinio: Relação entre juízos

Ex: Os livros são interessantes.

Pensar Azul é um livro. Logo, Pensar Azul é interessante.

Ex: Se estudarmos lógica, então não teremos dificuldade em argumentar.

Estudamos lógica. Logo: Não teremos dificuldade em argumentar.

Ex: Todos os cientistas se dedicam arduamente ao trabalho.

Einstein foi um cientista. Logo: Einstein dedicou-se arduamente ao trabalho.

Em cada um destes raciocínios há três proposições encadeadas, mas com funções diferentes. As duas primeiras - funcionam como ponto de partida e são o fundamento do que se afirma na terceira - chamam-se premissas.

O que são premissas?Antecedente. As proposições que fundamentam a conclusão.Hipóteses que conduzem à verdade da conclusão.

A terceira proposição - é o ponto de chegada e é extraída a partir das anteriores - é a conclusão.

O que é a conclusão?Consequente. É a proposição que se constrói com base nas premissas.

Se pensarmos nas premissas e conclusão em si mesmas, elas são proposições ou juízos e a respeito delas falamos de verdade ou falsidade.Mas se as considerarmos globalmente - encadeadas num raciocínio - falaremos em validade ou invalidade.

O que significa validade?É a coerência interna de um raciocínio em que das suas premissas é legítimo extrair a conclusão.

Em conclusão: A verdade é o valor lógico dos juízos ou proposições, a validade é o valor lógico dos raciocínios ou argumentos. A validade diz apenas respeito ao encadeamento das proposições; ou seja,ao seu aspeto formal (tem que estar de acordo com regras lógicas).

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Verdade não é o mesmo que validade.

A verdade não implica validade

Ex: Todos os cientistas se dedicam arduamente ao trabalho.

Einstein dedicou-se arduamente ao trabalho. Logo: Einstein foi um cientista.

Podemos perguntar:

As premissas serão verdadeiras? Sim, porque traduzem a realidade.

E a conclusão será verdadeira?

Sim, pois está de acordo com a realidade.

Mas, poderemos ainda perguntar:

Será válido concluir que Einstein foi um cientista pelo facto de se ter dedicado arduamente ao trabalho? Não, pois do facto de “os cientistas se dedicarem arduamente ao trabalho” e de “Einstein se dedicar também arduamente ao trabalho” não se segue ou conclui necessariamente que “Einstein seja cientista”.

Na realidade, há muitos indivíduos que, embora trabalhem com afinco, não são cientistas.

EM SÍNTESE:Podemos concluir que: O raciocínio atrás referido, embora seja formado por juízos verdadeiros, apresenta-se como um raciocínio inválido, porque os juízos não estão encadeados de modo a podermos retirar a conclusão apresentada.No caso apresentado, a conclusão não pode ser legitimamente extraída das premissas.

Porquê?Como explicar tal impossibilidade?

Conteúdo (Verdadeiro ou Falso)

Forma(Válido ou Inválido)

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Porque em qualquer raciocínio existem dois aspetos a considerar:- o conteúdo ou matéria e a forma.

O conteúdo é o significado das proposições que constituem o raciocínio.

A forma é o encadeamento das proposições independentemente do conteúdo que exprimem.

Assim, em relação ao exemplo dado, podemos concluir: O conteúdo é verdadeiro, pois todas as proposições são verdadeiras, mas o argumento é inválido, pois estas estão mal encadeadas. (A verdade das proposições não garante a validade de um argumento).

A validade não implica verdadeEx:Todos os esquiadores são loiros.Todos os estudantes são esquiadores.Logo: Todos os estudantes são loiros.

Este raciocínio, embora constituído por proposições falsas, é um argumento válido porque apresenta uma estrutura formal coerente.

A falsidade das premissas e conclusão só afeta o conteúdo material, que não tem nada a ver com a validade.

Podemos concluir que: A falsidade das proposições não garante a invalidade de um argumento.

O que é um Argumento sólido ou correto?

Já vimos que, à lógica formal importa apenas a coerência interna do pensamento; ou seja, a forma válida dos raciocínios - desligando-se do conteúdo ou da verdade e da falsidade das proposições.

Contudo, a validade não é o único aspeto a ter em conta quando analisamos argumentos. Existem áreas onde também interessa a verdade das proposições (por exemplo, na comunicação entre as pessoas ou do conhecimento científico).

No domínio da ciência os raciocínios têm que ser formalmente válidos, mas também devem possuir um conteúdo verdadeiro.

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Podemos afirmar que:Todas as ciências pretendem que os argumentos sejam válidos, mas também verdadeiros.

Em resumo: Os argumentos ou raciocínios científicos procuram ser argumentos corretos.

Argumento correto é:Aquele que possui uma forma válida e também um conteúdo verdadeiro.

Dedução e Indução

O que é um raciocínio?

Operação intelectual pela qual o pensamento parte de um ou mais juízos, relacionados entre si, para novos juízos que derivam logicamente dos primeiros.

Ex:

Todos os planetas giram à volta do Sol.

Marte é um planeta.

Logo: Marte gira à volta do sol.

Ex:

O calor dilata o azoto.

O calor dilata o oxigénio.

Logo: Todos os gases se dilatam sob a ação do calor.

No primeiro exemplo, o pensamento parte de uma afirmação geral (todos os planetas), para concluir algo acerca do caso particular de Marte - é um argumento dedutivo.

No segundo argumento, parte-se de casos particulares (a dilatação dos gases) para chegar a uma conclusão geral(todos os gases) - é um argumento indutivo.

O que é a dedução?

Geral

Particular

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É a operação intelectual que, a partir de uma ou mais premissas gerais tomadas como antecedente, chega a uma conclusão ou consequente particular.

O que é a indução?

É a operação intelectual que, a partir de proposições ou antecedentes particulares, chega a uma conclusão ou consequente, expressa por uma proposição geral.

Conceitos-chave da lógica cientifica

Raciocínio ou inferência

É o processo que consiste em derivar de um certo conjunto de razões (premissas) a conclusão que delas resulta.

Ex: Todo o Homem é racional. (1ª Premissa)

João é Homem. (2ª Premissa)

______________________

Logo: João é racional. (Conclusão)

Premissa

É a ou as proposições apresentadas como ponto de partida. As premissas de um raciocínio são a informação, à partida disponível, com base na qual se extrai uma conclusão. Para constituírem um raciocínio, os juízos que o constituem (dois ou mais) têm de estar relacionados entre si, organizados de tal modo que um deles é a conclusão que defendemos, tendo em conta o outro ou outros - as premissas.

Ex: “Porque o governo decide independentemente das nossas opiniões”.

Geral

Particular

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Conclusão: “Não vale a pena discutir”.

A conclusão é a proposição que derivamos ou inferimos da(s) premissa(s).

NOTA:Nem sempre é muito fácil distinguir as premissas da conclusão.

Perante um enunciado, o que devemos fazer é apresentar em 1º lugar as premissas e depois a conclusão; isto é, traduzir o enunciado na sua forma padrão ou canónica.

Ex: “Meus Senhores, a pena de morte é inaceitável! Será justo matar um ser humano? A vida humana é um valor absoluto?

- Formule o argumento na forma padrão.

A vida humana é um valor absoluto.

Não é justo matar um ser humano.

Logo: A pena de morte é inaceitável.

Elementos do raciocínio

ConceitoJuízo

O que é um conceito?

É uma representação mental abstrata e universal que designa um conjunto ou uma classe de objetos ou de seres. Os conceitos são os instrumentos que utilizamos para representar a realidade (ex: carro, avião, cadeira, flor, cão, etc.)

O conceito expressa-se na linguagem através do termo.

NOTA: Termo é diferente de Palavra (não são sinónimos).O Termo pode ser constituído por mais do que uma palavra.

Ex: “Animal racional” - é um termo; pois, expressa o conceito “Homem” e no entanto, é formado por duas palavras.

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Compreensão e Extensão de Conceitos

Um conceito pode ser logicamente analisado quanto:

À extensão À compreensão

O que é a compreensão de um conceito?

Compreensão de um conceito é o conjunto de características ou atributos desse conceito.

Ex: Homem (animal, vertebrado, mamífero, racional…)

O que é a extensão de um conceito?

Extensão de um conceito é o conjunto ou classe de seres a que o conceito se aplica.

Ex: Homem (João, Maria, Nuno, Pedro…)

NOTA:

Compreensão e extensão de um conceito variam na razão inversa; isto é, quanto maior é o número de seres a que o conceito convém – extensão – menor é a quantidade de atributos que possuem em comum – compreensão.

Em síntese:

Compreensão – representa o grau máximo de particularidade.

Extensão – representa o grau máximo de generalidade.

Ex: Os conceitos “animal” e “gato”

“Animal” – é mais extenso do que gato (pois, existem no mundo mais animais do que gatos).

Mas

“Gato” – tem mais compreensão do que animal.

Ordenação de conceitos

Podemos ordenar os conceitos:

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Por ordem crescente ou decrescente de compreensão ou de extensão.

Ordem crescente de compreensão = Ordem decrescente de extensãoOrdem crescente de extensão = Ordem decrescente de compreensão

Ex: Ordene os seguintes conceitos por ordem crescente de extensão e ordem crescente de compreensão:

Mamífero, Homem, Animal, Vertebrado, João, Ser vivo

Ordem crescente de extensão: João/Homem/Mamífero/Vertebrado/Animal/Ser vivo

Ordem crescente de compreensão:

Ser vivo/Animal/Vertebrado/Mamífero/Homem/João

O que é um juízo?

É o ato mental ou de pensamento que nos permite expressar e afirmar algo.

O juízo estabelece a relação entre um sujeito e um predicado, afirmando ou negando algo em relação ao sujeito. A ligação faz-se através da cópula.

Na lógica, o juízo implica a existência de três termos:

Sujeito (S) - Cópula - Predicado (P)

é ou não é

Ex: O céu é azul. (S é P) ou O cão não é feroz. (S não é P)

Tal como o conceito, o juízo também toma forma na linguagem - através das Proposições. Ao enunciado do juízo, chamamos proposição.

O que são proposições?

São aquilo que é expresso por um certo tipo de frases – as frases declarativas.

Temos frases de vários tipos:

Declarativas; interrogativas; imperativas; exclamativas.

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Só as declarativas podem ser consideradas proposições.

Uma frase só é uma proposição quando:

1. Afirma algo2. O que ela afirma ou nega tem um valor de verdade (pode ser classificado de

verdadeiro (V) ou falso (F))

Ex: A terra é redonda. - é uma proposição; pois, trata-se duma frase de tipo declarativo.

Ex: Que lindo quadro! - não é uma proposição; pois, trata-se duma frase de tipo exclamativo.

Ex: Haverá estrelas cadentes? - não é uma proposição; pois, trata-se duma frase de tipo interrogativo.

Classificação dos JuízosQuanto à Quantidade

UNIVERSAIS: os que afirmam ou negam para a totalidade dos elementos da classe do sujeito.

Ex: Todos os leões são felinos.

PARTICULARES: os que afirmam ou negam para uma parte dos elementos da classe do sujeito.

Ex: Alguns leões não vivem em reservas.

Quanto à Qualidade

AFIRMATIVOS: atribuem ao sujeito (total ou parcial) os conteúdos do predicado.

Ex: Alguns portugueses praticam desporto.

NEGATIVOS: os que exprimem uma negação: negam ao sujeito (total ou parcial) características contidas no predicado.

Ex: Alguns peixes não são de água doce.

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Quanto à Relação

CATEGÓRICOS: quando a relação sujeito - objeto é expressa sem qualquer limitação. Afirmação indiscutivel.

Ex: Ontem à noite fui passear.

HIPOTÉTICOS: quando a relação expressa depende de alguma condição/Hipótese.

Ex: Ficarás aprovado se trabalhares para isso.

DISJUNTIVOS: os juízos que exprimem uma alternativa.

Ex: Ou diminuímos a poluição ou acabaremos por aniquilar a vida na terra.

Combinação da qualidade e quantidade das proposições

Existem quatro tipos de proposições que são representadas com as letras maiúsculas A, E, I, O:

A = Universal afirmativa. “Todos os homens são mamíferos.”

E = Universal negativa. “Nenhum inseto é vertebrado.”

I = Particular afirmativa. “Alguns políticos são ribatejanos.”

O = Particular negativa. “Alguns vertebrados não são mamíferos.”

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Proposições contrárias – Não podem ser ambas verdadeiras e podem ser ambas falsas.

Proposições subcontrárias – Não podem ser falsas e podem ser verdadeiras.

Proposições das Subalternas

A universal é verdadeira, a particular é verdadeira; Se a universal é falsa, nada se pode concluir da verdade ou falsidade da

particular. Se a particular é verdadeira, nada se pode concluir acerca da verdade ou

falsidade da universal. Se a particular é falsa, a universal é falsa.

Proposiçoes contraditórias - Não podem ser ambas verdadeiras, nem ambas falsas (são a negação uma da outra)

PROPOSIÇÃO INICIAL Todos os animais são seres vivos V

CONTRADITÓRIA Alguns animais não são seres vivos F

CONTRÁRIA Nenhum animal é ser vivo F

SUBCONTRÁRIA ____________ ___

SUBALTERNA Alguns animais são seres vivos V

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Silogismos categóricos

O que é um silogismo?

É um raciocínio dedutivo, constituído por três proposições categóricas (que afirmam ou negam algo de forma absoluta e incondicional): Duas premissas e uma conclusão.

A conclusão é derivada a partir de duas proposições (as premissas) que apresentam entre si um nexo lógico.

Ex: Todos os homens são mortais.

Os portugueses são homens.

Logo, os portugueses são mortais.

O silogismo contitui-se por três termos:

Termo maior (T) – Predicado da conclusão Termo menor (t) – Sujeito da conclusão Termo médio (M) – Nunca aparece na conclusão, mas nas permissas.

Permissa maior – contém o termo maior

Permissa menos – contém o termo menor

Modos e figuras dos silogismos

Silogismos da 1ª figura:

O termo maior é sempre o predicado da premissa maior e da conclusão O termo menor é sujeito da premissa menor e da conclusão O termo médio é o sujeito da premissa maior e o predicado da premissa

menor.

Modos válidos da 1ª figura

AAA EAE AII EIO

Sempre na conclusão

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Silogismos da 2ª figura:

O termo médio é predicado em ambas as premissas.

Modos válidos da 2ª figura

EAE AEE EIO AOO

Silogismos da 3ª figura:

O termo médio é sujeito em ambas as premissas

Modos válidos da 3ª figura

AAI EAO IAI AII OAO EIO

Silogismos da 4ª figura:

O termo médio é predicado da premissa maior e sujeito da premissa menor

Modos válidos da 4ª figura

AAI AEE IAI EAO EIO

Quantificação do Sujeito e do Predicado

Numa proposição os termos sujeito e predicado podem estar ou não distribuídos.

Um termo está distribuído quando: Na proposição se faz referência a todos os indivíduos da classe correspondente.

Um termo não está distribuído quando: Não se faz referência a todos os membros da classe correspondente.

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O sujeito da proposição

A distribuição ou não do sujeito está relacionada com a quantidade da proposição, independentemente da qualidade desta:

1. Nas proposições universais (Tipo A, E) - O sujeito está distribuído2. Nas proposições particulares (Tipo I, O) - O sujeito não está distribuído

O predicado da proposição

A distribuição ou não do predicado está relacionada com a qualidade da proposição, independentemente da quantidade desta:

1. Nas proposições afirmativas (Tipo A, I) - O predicado não está distribuído2. Nas proposições negativas (Tipo E, O) - O predicado está distribuído

Tipos de proposições Sujeito Predicado

A – universal afirmativa distribuído não distribuído

E – universal negativa distribuído distribuído

I – particular afirmativa não distribuído não distribuído

O – particular negativa não distribuído distribuído

Exercicios de aplicaçao - O predicado

1) Os répteis são astronautas. 2) Alguns peixes são voadores .3) Há homens que não são muito audaciosos.4) Nem todos os pássaros cantam bem.5) Os dinaussauros são animais pré-históricos.6) Alguns palhaços não são felizes.7) Nenhum pastor é apreciador de lobos.8) Qualquer estudante gosta de um feriado.

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9) Todos os cristais são duros.10) As trovoadas nunca são benéficas

Exercicios de aplicação – Sujeito e Predicado

1) Os homens são inteligentes. 2) Nenhum rio é despoluído.3) Alguns montes são muito elevados.4) Alguns músicos são pessoas temperamentais.5) Qualquer cão é amigo do dono.6) Há cavalos que são ágeis na corrida.7) Ninguém é isento de culpa.8) Estudar lógica é uma tarefa difícil.9) O mercurio é um metal líquido.10) Os filósofos nao são artistas.11) Alguns textos são desnecessários.12) Os livros nao são para deitar fora.

Regras dos Silogismos

Regras dos termos

1. Tem três e apenas três termos.2. Nenhum termo pode ser mais extenso na conclusão do que nas premissas.

Atenção: (Se uma premissa for particular, a conclusão terá que ser particular)

Por exemplo, o seguinte silogismo é inválido:

Alguns frutos são saborosos. Nenhuma sardinha é fruto. Logo, As sardinhas não são saborosas.

3. A conclusão não pode conter o termo médio4. O termo médio deve ser tornado pelo menos uma vez em toda a sua extensão.

Regras das Proposições

1. Duas premissas afirmativas não podem conduzir a uma conclusão negativa2. De duas premissas negativas nada se pode concluir.3. A conclusão segue sempre a parte mais fraca.4. De duas premissas particulares nada se pode concluir.

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Falácias Formais

O que significam falácias formais?

São inferências inválidas com a aparência de válidas. Cometem-se quando se desrespeita uma das regras de inferência.

Falácias do silogismo

Falácia do quatro termo - Consiste em introduzir um termo médio com dois sentidos, o que faz com que o silogismo passe a conter quatro termos.

Ex:

Quem tem pernas pode andar.

A cadeira tem pernas.

Logo: A cadeira pode andar.

Falácia do termo médio não distribuído - Comete-se esta falácia quando o termo médio não é tomado universalmente pelo menos numa premissa.

Ex:

Todos os portugueses são europeus.

Os espanhóis são europeus.

Logo: Os espanhóis são portugueses.

Falácia da ilícita maior - Ocorre quando o termo maior é particular na premissa e universal na conclusão.

Ex:

Todos os portugueses são europeus.

Nenhum búlgaro é português.

Logo: Nenhum búlgaro é europeu.

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Falácia da ilícita menor - Comete-se quando o termo menor é universal na conclusão e particular na premissa.

Ex:

Os papagaios são palradores.

Algumas aves são papagaios.

Logo: As aves são palradoras.

Argumentação e Retórica

Entendemos por Argumentação a atividade social, intelectual e discursiva que, utilizando um conjunto de razões bem fundamentadas (os argumentos), pretende justificar ou refutar (negar) uma opinião e conseguir a aprovação e a adesão de um auditório, com o objetivo de alterar o seu comportamento.

A argumentação aplica-se em situações concretas da vida quotidiana e no domínio das Ciências Sociais e Humanas, como por exemplo na Economia, Política, Direito...

Entendemos por Retórica a arte de bem falar (falar com eloquência), com o objetivo de persuadir (levar alguém a crer, a aceitar ou a decidir fazer algo).

Esta arte apresenta vários níveis:

→ Nível individual - argumentamos com amigos, familiares. Argumentamos contra ou a favor de um assunto.

→ Nível nacional e internacional - existem questões complexas que exigem diálogos para que se chegue a consensos (acordos) e se encontrem soluções.

→ Nível filosófico - criou-se uma teoria que reabilita e renova a velha retórica dos gregos (Modelo Clássico de Racionalidade).

Modelo Clássico de Racionalidade e a nova retórica

A Retórica tem como objetivo a adesão do auditório a determinados assuntos. Mas esta arte foi sendo desvalorizada ao longo dos tempos, pois, chegou a ser considerada perigosa devido à sua habilidade em induzir as pessoas a confundir aparência com

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realidade. Para isso, o orador usa palavras caras, pomposas, ornamentando o discurso com floreados literários.

Características gerais da Retórica

1. Serve-se dos meios estilísticos e dos artifícios discursivos como meio de persuasão.

2. Preocupa-se mais com a adesão do auditório do que com a verdade.3. Serve-se da linguagem comum e tira partido da sua ambiguidade.4. Pretende modificar as crenças, as atitudes e o comportamento do auditório.

No século XX, os debates acerca dos problemas axiológicos, éticos (morais) e jurídicos (domínios do saber e da ação em que faltam ou são insuficientes os meios de prova e em que o que está em causa são valores, opções ou decisões que precisam de apoiar-se em amplos acordos) levaram muitos pensadores a estudar e a renovar a Retórica Clássica – criando a Nova Retórica como uma Teoria da Argumentação; ou seja, como o estudo das técnicas que tornam o discurso persuasivo.

A Nova Retórica defende uma Nova Racionalidade, baseada no uso comunicacional da linguagem e no exame crítico dos argumentos utilizados.

Distinguir Demonstração de Argumentação

Demonstração

Existem afirmações cujo conteúdo é evidente. Mas, há outras onde temos a necessidade de fundamentar aquilo que expomos ou afirmamos. A isso chama-se Demonstração.

A Demonstração aplica-se na área das Ciências Lógico-Dedutivas, onde se pretende que o raciocínio se exerça de modo válido.

Ex: Matemática, Lógica

Ponto de Partida:

O ponto de partida na demonstração é constituído por proposições indiscutíveis. (É constringente)

Tipo de Lógica:

A demonstração pressupõe uma lógica formal, bivalente, onde uma afirmação se aceita porque é verdadeira, ou se rejeita porque é falsa.

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Tipo de linguagem:

Na lógica e na matemática, as demonstrações são apresentadas com letras e outros sinais, o que faz com que seja uma linguagem simbólica.

→ Vantagens – Precisão, exatidão, eficácia, simplicidade.

→ Desvantagens – Rígida e de uso limitado.

Relação ao contexto:

A demonstração é isolada de qualquer contexto, ou seja, independente.

Relação ao auditório:

A demonstração é impessoal, estando a verdade da conclusão relacionada com as premissas. Trata-se então de um auditório universal.

Argumentação

Ponto de partida:

O ponto de partida na argumentação é constituído por proposições discutíveis. (É verosímil)

Tipo de lógica:

A argumentação pressupõe uma lógica informal, polivalente, onde se admitem vários valores, devido aos argumentos se poderem aplicar em diversas situações.

Tipo de linguagem:

A linguagem é natural, sendo um ponto de circulação entre mensagens. Este é um tipo de linguagem que garante a comunicação humana.

Relação ao contexto:

A argumentação é contextualizada, onde o emissor tem de saber escolher os argumentos para se dirigir ao recetor.

Relação ao auditório:

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Na argumentação dá-se prioridade à adesão individual. Esta é pessoal, onde a aceitação das conclusões depende de cada uma das pessoas do auditório.

Demonstração Argumentação

CAMPO DE APLICAÇÃO

Ciências Lógico-

Dedutivas

Ciências Sociais e Humanas

PONTO DE PARTIDA Proposições

indiscutíveis

Proposições

discutíveis

TIPO DE LÓGICA Formal,

bivalente (V ou F),

Constringente

Informal,polivalente,

Flexível

Verosímil /Discutível

TIPO DE LINGUAGEM

Simbólica Natural

RELAÇÃO AO CONTEXTO

Independente do

contexto

Contextualizada

RELAÇÃO AO AUDITÓRIO

Impessoal Pessoal

Ethos, Pathos e Logos

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A retórica é uma arte que o orador pode sempre aperfeiçoar, arranjando técnicas para que o discurso tenha o máximo efeito.

Aristóteles separava os meios de persuasão em dois campos:

- Meios independentes do orador – tinham a ver com os dados disponíveis para a fundamentação das teses (factos ocorridos, leis e outros elementos, testemunhas, etc.)

- Estratégias inventadas pelo orador – para impressionar aqueles que o escutam (ethos, pathos e logos).

Ethos (termo grego)

Significa costume, hábito e maneira de ser de uma pessoa.

Ethos refere-se ao caráter do orador – se for considerado uma pessoa integra, honesta e responsável conquista com mais facilidade a confiança do auditório.

Para Aristóteles, o orador necessita dar a impressão de uma pessoa que integra três características:

- Racionalidade, benevolência e excelência.

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- Racionalidade – só uma pessoa de raciocínio desenvolvido é capaz de descobrir soluções ideais para os problemas das pessoas.

- Benevolência e excelência – devem associar-se à razão para mostrar que o orador não deturpa os acontecimentos, não tem segundas intenções, não se dispõe a enganar os ouvintes.

Pathos (termo grego)

Significa paixão, sofrimento, ser afetado.

Pathos refere-se às emoções despertadas nos ouvintes.

As reações do auditório são diferentes conforme passa por estados de calma ou ira, alegria ou tristeza, amor ou ódio.

O orador deverá:

Desenvolver a técnica de despertar sentimentos. Para isso, é necessário ter conhecimentos de Psicologia – acerca dos diferentes tipos de caráter e diversos tipos de emoções.

Logos (termo grego)

Significa palavra, pensamento, discurso.

Logos refere-se àquilo que é dito, ao discurso argumentativo, aos argumentos que o orador utiliza na defesa das opiniões.

Este é o aspeto que Aristóteles mais desenvolve, tornando evidentes os aspetos que mais interessam na técnica argumentativa:

- Recursos - Para Aristóteles, os principais recursos argumentativos são o entimema e o exemplo.

Entimema – É uma dedução que leva a uma conclusão, partindo de premissas verosímeis, ou seja, que se verificam em muitos casos.

Exemplo – É a base da indução. Serve-se de exemplos particulares, levando as pessoas a generalizar.

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- Estilo -

1. O discurso deve ser brilhante.

2. Deve usar metáforas.

3. O discurso deve ter ritmo.

4. Não deve ser pomposo (usar palavras complicadas).

5. Deve ser claro.

6. São importantes a intensidade da voz e os gestos que o orador efetua.

Domínios de Intervenção da retórica

A Retórica pode ser usada para muitos fins. Usamo-la no quotidiano e, de uma maneira mais técnica, nos discursos político e jurídico, no discurso dos meios de comunicação social, no discurso publicitário e na formação e controlo da opinião pública, entre outros.

Opinião Pública

Qualquer mensagem persuasiva se dirige a um auditório, a um conjunto de pessoas.

No domínio da comunicação social, o conjunto de pessoas a que a mensagem se destina designa-se por público.

O público não é apenas um conjunto anónimo de pessoas, mas estas estão ligadas pelo modo comum de pensarem, sentir e agir.

É neste sentido que podemos falar em opinião pública (corrente geral, adotada por uma comunidade) em oposição à opinião privada (particular e própria de cada um).

O que significa?

Tendência geral de uma população para partilhar as mesmas ideias acerca de um problema específico ou de um conjunto de problemas.

Não existe apenas uma opinião pública, mas várias – as pessoas partilham simultâneamente as opiniões gerais do seu grupo familiar, profissional, desportivo, político e religioso.

Podemos falar de uma opinião pública regional, nacional e internacional.

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Falar de opinião pública é falar de um fenómeno social que só existe em função do grupo e funciona como o seu modo típico de expressão.

Fatores de formação da opinião pública

Entre os elementos que mais conduzem à formação da opinião pública, constam os seguintes:

Fatores individuais – as pessoas procuram seguir os valores e adotar os pontos de vista predominantes na comunidade em que vivem.

Fatores sociais – a sociedade em que se vive e a classe social a que se pertence contribuem para a formação de uma determinada opinião pública.

Emoções coletivas – as pessoas são mais influenciáveis quando se encontram na multidão. Emoções positivas como admiração, alegria e entusiasmo ou negativas como revolta, tristeza e pânico intensificam-se e espalham-se com mais facilidade quando vividas em situações coletivas.

Ex: manifestações, comícios políticos, etc.

Líderes e guias de opinião - Os líderes de opinião dispõem de uma grande capacidade de influência sobre as pessoas.

Ao admirar os líderes (do domínio da política, da cultura, da economia, da religião, do desporto, etc.) as pessoas passam a identificar-se com eles, a escutá-los e a ser seus fiéis seguidores.

Mas, há outras pessoas que também têm uma influência decisiva nas massas: os guias de opinião.

Os guias de opinião não são pessoas “públicas”, como os líderes, mas são pessoas mais próximas (amigos, familiares, colegas de trabalho, parceiros de grupo, etc.)

Meios de comunicação social - Desde muito cedo, os meios de comunicação social começam a exercer a sua ação sobre as crianças. Estas vão formando as suas opiniões, atitudes e orientam a sua ação pelos padrões que a caixa mágica transmite.

Os meios de comunicação social, enquanto agentes de manipulação, lideram e guiam a opinião corrente.

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O Domínio do Discurso Argumentativo - Principais Tipos de Argumentos e Falácias Informais

Existem várias classificações para os tipos de argumentos. A organização mais comum é a seguinte:

Argumentos dedutivos (entimema) - Argumentos válidos em que é impossível ter premissas verdadeiras e conclusão falsa. Entimema: Um argumento incompleto, em que falta uma das premissas. Ex: Os golfinhos não são peixes porque não respiram por guelras. Falta a 1ª premissa: Os peixes respiram por guelras.

Argumentos não dedutivos - Não há garantia da verdade da conclusão: esta depende da matéria do argumento (razões apresentadas). Podem ser:

Argumentos Indutivos

Partem de premissas particulares e:

1. a conclusão é uma proposição universal (generalizações)

Ex: Cada um dos cisnes observados até agora é branco. Logo, todos os cisnes são brancos

2. a conclusão é outra proposição particular (previsões)

Ex: Cada um dos cisnes observados até agora é branco. Logo, o próximo cisne que observarmos será branco.

Premissas verdadeiras não garantem a verdade da conclusão

Podem ser fortes (os casos observados são representativos e não há contraexemplos) ou fracos (os casos observados não são representativos e há contraexemplos)

Generalização: Designação dada ao processo que, numa inferência indutiva, conclui uma proposição universal a partir de premissas particulares.

Previsão: Designação dada ao processo de inferir, por indução, uma proposição particular a partir de premissas particulares.

Argumentos sobre causas

Estabelecem relações de causalidade (necessárias) entre os fenómenos: a ocorrência de um acarreta a ocorrência do outro

Ex: Sempre que a temperatura desce abaixo dos zero graus, a água pura gela. Logo, a descida da temperatura abaixo de zero é a causa da solidificação da água.

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Argumentos por analogia

Partem de uma comparação e a verdade das premissas não garante a verdade da conclusão. As semelhanças entre as coisas comparadas suportam a probabilidade da conclusão. Ex: O universo é como uma máquina. As máquinas são criadas por seres inteligentes. Logo, o universo foi criado por um ser inteligente.

Argumentos de autoridade

Baseados na opinião de um especialista, devem citar especialistas reconhecidos no assunto em discussão

Ex: Platão e Descartes acreditavam na imortalidade da alma humana. Logo, a alma humana é imortal.

Falácias - Falácias são erros de raciocínio, quer sejam involuntários ou não. Há três grandes tipos de falácias:

Falácias formais: são argumentos não válidos por incumprimento das regras lógicas de inferência. São estudadas pela lógica formal.Falácias verbais: Decorrem da ambiguidade da linguagem. Há dois tipos:

1- Anfibologia - Quando se utilizam enunciados com significado duvidoso ou ambíguo. Exemplos: Inútil sem experiência pede trabalho! Passarinho quadrúpede.

2- Equívoco - Quando se atribui a uma palavra significado diferente nas premissas e na conclusão. Exemplos: Ninguém consegue governar este país. Vote em Ninguém! Qualquer homem grande é um grande homem.

Falávias informais: São aquelas cujo erro provém da matéria (conteúdo) dos raciocínios.

1- Enumeração incompleta e falsa generalização2- Falsa analogia3- Ignorância de causa: Non causa, pro causa (sem causa, logo,com

causa) Post hoc, ergo propter hoc (depois disto, logo, por causa disto)

4- Apelo à autoridade (ad verecundiam)

Enumeração incompleta e falsa generalização

O erro resulta da violação das regras da generalização: a conclusão é inferida a partir de um número insuficiente de casos.

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Exemplo: « – Ouve com atenção: tu não sabes falar francês, eu não sei falar francês, Petey não sabe falar francês. Posso concluir que ninguém na universidade sabe falar francês. – Ninguém? – espantou-se Polly.»

Falsa analogia

As falsas analogias são baseadas em semelhanças irrelevantes.

Exemplo: « – Minha querida – disse eu, – cinco encontros são

o bastante. Afinal, não é preciso comer um bolo inteiro para saber se ele é bom ou não. – Falsa analogia – disse Polly, prontamente – eu não sou um bolo, sou uma pessoa.»

Ignorância de causa

Atribuir erradamente uma causa a um fenómeno.

Non causa, pro causa (sem causa, logo, com causa)

Exemplo: Bebi um copo de água e a dor de cabeça passou. A água cura as dores de cabeça.

Post hoc, ergo propter hoc (depois disto, logo, por causa disto)

Estabelece uma relação causal onde só existe uma relação temporal.

Exemplo: O trovão ocorreu depois do relâmpago. O relâmpago é a causa do trovão.

Apelo à autoridade (ad verecundiam)

Em vez de razões, usam a credibilidade de uma autoridade que:

Ou não é especialista no assunto em discussão

Exemplo: O célebre médico norte-americano Dr. House recomenda-lhe que compre o novo carro híbrido.

Ou é especialista em matérias sobre as quais não há consenso

Exemplo: Descartes afirmou que há conhecimentos inatos, logo, há conhecimentos inatos.

Outras falácias informais

Falso dilema

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Petição de princípio (raciocínio circular)

Ad misericordiam (apelo à piedade)

Argumentum ad baculum («ao báculo», ou «apelo à força»)

Argumentum ad populum (apelo «ao povo»)

Argumentum ad consequentiam (apelo «às consequências»)

Argumentum ad hominem («ao homem», ou contra a pessoa)

Ignorância de questão

Argumentum ad ignorantiam (apelo «à ignorância»)

Apelo à piedade (argumentum ad misericordiam)

Apelam à compaixão do auditório.

Exemplo: Um homem vai pedir emprego. Quando o patrão pergunta quais as suas qualificações, o homem responde que tem mulher e filhos em casa, que a mulher está doente, as crianças não têm que comer…

Ao báculo, ou apelo à força (argumentum ad baculum)

Apelam à força, a ameaças ou ao poder de alguém para forçar o adversário a aceitar como verdadeira a conclusão.

Exemplo: Se não votarem em nós, nos próximos tempos não vai haver novos empregos!

Apelo ao povo (argumentum ad populum)

Apelam às emoções e sentimentos do auditório ou apontam o comportamento da multidão como exemplo a seguir.

Exemplo: Num comício eleitoral, um orador diz: «Na nossa terra tem havido muitos assaltos. Querem continuar com esta insegurança? Ou preferem poder sair tranquilamente à noite? Então, votem no partido X!»

Apelo às consequências (argumentum ad consequentiam)

Ocorre quando o orador, em vez de refutar o argumento que está em causa, aponta para eventuais consequências desagradáveis que adviriam da sua aceitação.

Exemplo: «Maurício – Defendo que Deus não existe. Patrícia – Não podes defender uma posição dessas. Maurício – Diz-me porquê! Patrícia – Porque isso conduziria ao caos social, pois para muitas pessoas a vida não teria sentido.»

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Ignorância de questão

Ocorre quando nos desviamos da questão essencial, demonstrando algo diferente do que está em análise de modo a fazer esquecer o que é essencial.

Exemplo: Num tribunal, a defesa argumentar a favor das excelentes qualidades de pai de um arguido, quando ele é acusado de ter desviado dinheiro que não lhe pertencia.

Resumindo

As falácias formais são argumentos não válidos porque contêm erros que resultam da violação das regras lógicas de inferência.

As falácias informais são argumentos que contêm erros de argumentação. Resultam de generalizações incorretas; de relações de causalidade abusivas; de apelos à força por fraqueza das razões; dos apelos às consequências, à autoridade, ao estado emocional do auditório; de atacar o autor do argumento; de considerar como prova o que se quer provar...

Argumentação e Filosofia

Democracia e retórica

A retórica nasceu na Grécia, desenvolveu-se e atingiu o apogeu no século V a.C., com a democracia ateniense. Significa a arte de bem falar e de bem argumentar.

Na cidade-estado de Atenas dos séculos V e IV a.C., a capacidade de argumentação era um fator decisivo na conquista do poder. Para se dedicarem às coisas públicas, os cidadãos precisavam dessa capacidade para fazer aprovar as suas ideias nas discussões políticas.

Neste contexto, apareceram os sofistas, que encontraram em Atenas o ambiente favorável para discutir e pôr em causa a tradição, o conhecimento e a própria religião de então.

Os sofistas realizavam conferências para as classes dirigentes com ambições sociais e demonstravam as suas capacidades oratórias. O êxito dos sofistas ocorreu sobretudo junto dos jovens, nomeadamente os mais cultos e ricos, com ambições políticas.

Foi na crítica aos sofistas que Sócrates, mestre de Platão, desenvolveu o seu ensino, refutando as posições desses professores de retórica. Nos diálogos de Platão confrontam-se as ideias pragmáticas dos sofistas com os ideais de Sócrates, que defendia a filosofia como uma prática de vida, e não apenas uma arte de discursar.

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Usos da linguagem

Segundo Platão, podem fazer-se dois usos da linguagem:

O retórico - Ligado ao exercício do poder político – toma o logos como sinónimo de palavra / discurso

O filosófico - Orienta o logos para a procura do bem e para a realização do ser humano

Ponto de vista de Platão

A retórica sofista - faz da retórica uma técnica de persuasão, visando a eficácia do discurso nos domínios jurídico e político

A filosofia - usa o discurso para alcançar, etapa a etapa, o conhecimento, visando a verdade e o aperfeiçoamento ético e ontológico dos seres humanos

A dialética em Platão

Para Platão, a dialética é o método

«que procede por meio da destruição das hipóteses, a caminho do autêntico princípio, a fim de tornar seguros os seus resultados, e que realmente arrasta aos poucos os olhos da alma da espécie de lodo bárbaro em que está atolada e eleva-os às alturas.»

A filosofia apresenta-se como uma busca da sabedoria, uma ligação entre a investigação teórica e a prática de vida.

Dois usos da retórica

Sofistas e Platão - Duas conceções de verdade

O que é a verdade? Existe «a verdade» ou apenas diferentes pontos de vista?

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Se existe «a verdade», podemos conhecê-la? Há diferentes abordagens e conceções de «verdade». Por exemplo, a conceção sofista e a conceção platónica.

Para os Sofistas

a verdade é um ponto de vista: não há uma verdade única qualquer tese (opinião) é, em princípio, defensável a «verdade» é a tese (ou o ponto de vista) defendida pelo melhor orador

Para Platão

a verdade é a «visão» da realidade captada pela razão essa «visão» está ao alcance da inteligência humana essa «visão» é a meta que os filósofos se propõem alcançar

Verdade e realidade

Mas o que é a realidade? Há também diferentes abordagens acerca da realidade.

Para Platão há:

- vários níveis de realidade – uma sombra é menos real do que um objeto físico e este é menos real do que uma Forma Pura

- vários níveis de conhecimento – uma suposição é menos «verdadeira» do que uma crença; do mesmo modo, uma crença é menos «verdadeira» do que um conhecimento científico

Formas puras: Tradução do termo grego eidos (também traduzido por Ideias) com que Platão designava as formas, ou estruturas da realidade, que servem de modelo aos objetos (eidola) do mundo sensível. Platão chamava noésis à faculdade capaz da «visão» das formas do kósmos noêtos, o «mundo inteligível».

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Platão recusa a aparência

De acordo com Platão, a investigação começa

pela recusa do mundo aparente – construído a partir das informações dos sentidos

pelo desenvolvimento de capacidades intelectuais que nos permitam «ver» um mundo invisível aos sentidos, um mundo inteligível só «visível» à razão

No fim desse processo alcançaremos a verdade, que é o conhecimento racional do mundo inteligível

Filosofia e verdade

O senso comum é um conhecimento mais baseado na perceção do que na razão.

Por isso, Platão criticou os sofistas, pois nem todas as opiniões são defensáveis para Platão, a argumentação deve estar ao serviço de um ideal mais elevado. Esse ideal está fundamentado num conhecimento verdadeiro da realidade e do que dá sentido à existência humana

Há uma verdade? É possível conhecê-la? Por trás da «realidade» visível e acessível aos sentidos, há a realidade imutável de que falava Platão?

Estas perguntas continuam a interessar todos os seres humanos. Seja qual for a resposta, ela ganha forma na linguagem e só podemos partilhá-la, torná-la acessível e discuti-la através do discurso. Em qualquer caso, linguagem, verdade e ser (realidade) são termos indissociáveis.