Rádio siderúrgica nacional e sua atuação na cidade do aço durante o regime militar

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VIII Colóquio Técnico-Cientifíco do UniFOA Rádio Siderúrgica Nacional e sua atuação na cidade do aço durante o Regime Militar SANTOS, Camila da Silva; GONÇALVES, Douglas Baltazar; SILVA, Elisa Mabel Vieira da UniFOA – Centro Universitário de Volta redonda Introdução: Desde a sua criação, o rádio no Brasil tem sido um grande instrumento, um veículo revolucionário, com rápida divulgação dos fatos. Porém com a instalação do Regime Militar em 1964, o veículo sofreu com a censura o que ocasionou no fechamento de muitas emissoras. Em Volta Redonda, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) investia muito nas instalações da nova emissora, a Rádio Siderúrgica, proporcionando uma estrutura adequada para realização dos trabalhos. Nesse momento observa- se a grande importância da emissora para a siderúrgica e para a cidade. Os 10 primeiros anos da emissora foram praticamente para se criar uma cultura, tanto dos profissionais, quanto de ouvintes. Foi um período experimental, que se adaptou com a Ditadura Militar. “A Rádio Siderúrgica produzia conteúdo especialmente para a cidade, de forma regionalizada, buscando uma fidelização de sua audiência, criando uma identidade específica nos trabalhadores e estimulando hábitos culturais, através, por exemplo, da execução de músicas clássicas e em outros estilos” (GONÇALVES, 2012, p.30). No Brasil, muitas emissoras foram fechadas devido a essa política. Porém, em relação à censura, a Rádio Siderúrgica Nacional como era estatal, tinha interesse único a sua gestora que era a CSN, entretanto, a rádio recebia

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VIII Colóquio Técnico-Cientifíco do UniFOA

Rádio Siderúrgica Nacional e sua atuação na cidade do aço durante o Regime

Militar

SANTOS, Camila da Silva; GONÇALVES, Douglas Baltazar;

SILVA, Elisa Mabel Vieira da

UniFOA – Centro Universitário de Volta redonda

Introdução:

Desde a sua criação, o rádio no Brasil tem sido um grande instrumento, um veículo

revolucionário, com rápida divulgação dos fatos. Porém com a instalação do Regime

Militar em 1964, o veículo sofreu com a censura o que ocasionou no fechamento de

muitas emissoras. Em Volta Redonda, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)

investia muito nas instalações da nova emissora, a Rádio Siderúrgica,

proporcionando uma estrutura adequada para realização dos trabalhos. Nesse

momento observa-se a grande importância da emissora para a siderúrgica e para a

cidade. Os 10 primeiros anos da emissora foram praticamente para se criar uma

cultura, tanto dos profissionais, quanto de ouvintes. Foi um período experimental,

que se adaptou com a Ditadura Militar. “A Rádio Siderúrgica produzia conteúdo

especialmente para a cidade, de forma regionalizada, buscando uma fidelização de

sua audiência, criando uma identidade específica nos trabalhadores e estimulando

hábitos culturais, através, por exemplo, da execução de músicas clássicas e em

outros estilos” (GONÇALVES, 2012, p.30). No Brasil, muitas emissoras foram

fechadas devido a essa política. Porém, em relação à censura, a Rádio Siderúrgica

Nacional como era estatal, tinha interesse único a sua gestora que era a CSN,

entretanto, a rádio recebia alguns comunicados do Batalhão do Exército para

informar notícias de interesse do governo. Durante esse período de Regime Militar,

as atividades da emissora foram destaque em vários jornais, dos quais analisamos:

Correio da Manhã, Diário Carioca que variam dos anos 1961 à 1969. Na edição do

dia 26 de novembro de 1968, a reportagem trazia informações sobre os conteúdos

divulgados pela programação da emissora que era apoiada em “música-notícia-

esporte, a Rádio Siderúrgica é líder absoluta de audiência na região, apresentando o

índice de 68,4% dos rádios ligados em todos os horários, enquanto as demais

emissoras locais, reunidas, apresentam 14,4% e as da Guanabara 17,2%”. A

diferença apresentada pelas notícias da emissora estava no compromisso de

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reproduzir conteúdos enviados pelo Governo Federal. O acervo fonográfico da

emissora apresenta diversos discos de vinil com as informações de gravações

institucionais sobre o aniversário, em tom comemorativo da “Revolução” como o

Golpe de 1964, era chamado. As campanhas radiofônicas da Aerp/ARP (Assessoria

Especial de Relações Públicas) enfatizavam textos sobre o cotidiano das pessoas,

que precisavam fazer as compras rapidamente, já que a inflação era instável.

Segundo a peça radiofônica divulgada pela rádio da CSN, após a instalação do

regime militar essa situação foi controlada. Assim, a emissora foi utilizada como

canal de divulgação do Governo Federal para exaltar as atividades sociais e

econômicas da Ditadura.

Objetivos:

Entender qual foi o papel da Rádio Siderúrgica Nacional na cidade de Volta

Redonda, no período da Ditadura Militar e analisar como eram divulgadas as

notícias de temáticas gerais e também relacionadas à rádio empresa da CSN.

Metodologia:

A pesquisa inclui análise de períodos que variam entre os anos de 1961 a 1969 que

fazem referência à Rádio Siderúrgica no período do Regime Militar, além da

pesquisa em referências bibliográficas que abordam o tema de forma geral.

Resultados:

A Rádio Siderúrgica Nacional foi um mecanismo de comunicação social utilizado

para a divulgação das práticas sociais da empresa sem avançar nos debates

políticas do país. Por ser um veículo estatal, não havia nenhum tipo de espaço para

comentários específicos sobre os acontecimentos durante o Regime, somente de

exaltação as ações governamentais. A emissora divulgava notícias sobre

entretenimento, audiência e, inclusive eram oferecidas palestras sobre educação

nas escolas. Sendo assim, a mediação era totalmente gerida pela CSN.

Conclusões:

Após a análise das reportagens nos jornais e do acervo da emissora, percebemos

claramente que por se tratar de uma emissora estatal, não houve espaço para a

discussão da situação política do país naquele momento. Mais uma vez o setor de

Relações Públicas da CSN soube usar o veículo para apresentar outras temáticas, e

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de alguma maneira, Volta Redonda é um “Estado em miniatura” (LASK, 1991, p. 12),

sendo assim, o processo de mediação é quase que específico para aquele município

importante e gerido pela CSN.

Referências:BEDÊ, Waldir. Volta Redonda na Era Vargas (1941-1964). Volta Redonda: SMC/PMVR, 2004.

CALEBRE, Lia. A Era do Rádio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ,Editor, 2002. CATALOGO FONOTECA FUNDAÇÃO CSN.

GONÇALVES, Douglas Baltazar. Nos “lares da família siderúrgica”: A Rádio Siderúrgica Nacional de Volta Redonda (1955-1980). Vassouras, 2012.

GOMES, Angela de Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de janeiro: Vertice 1988.

LASK, Cristiane Tomke. “Ordem e Progresso: A estrutura de poder na “cidade operária” da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda (1941-1964)”, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional. Rio de Janeiro, 1991.

Palavras-Chave: Rádio, Regime Militar, Siderúrgica, CSN, Volta Redonda

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