RAZÃO E EMOÇÃO -...

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RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 49 PÁG: 1

RAZÃO E EMOÇÃO

Novela criada e escrita por:

Rômulo Guilherme

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CENA 01. CASA LUCAS. QUARTO. INT. DIA

Continuação imediata. Suelen espera pela resposta;

Lucas ri, achando graça.

Suelen - (sem entender) Posso saber qual o

motivo da graça?

Lucas - Você só pode ter ficado louca,

Suelen. Acha mesmo que algum dia eu

irei voltar pra você? Nem que você

fosse à última mulher do mundo!

Suelen - O que vai adiar ficar com aquela

vagabunda estando preso, atrás das

grades?

Lucas - (reage) Não fale assim da Dora. Se

eu tiver que responder pelo que fiz

eu respondo, com a certeza que a

Dora vai estar sempre comigo, me

esperando.

Suelen - (debochando) Você é um idiota

mesmo, que não percebe que ela só

está te usando como um brinquedinho

sexual. Quando cansar vai te dar um

belo chute na bunda.

Lucas - (desprezo) Vai se tratar, Suelen.

Você está louca!

Suelen avança pra cima de Lucas, investindo.

Suelen - Louca por você, Lucas. Louca de

desejo, de saudades... Você gosta de

mim, eu sei.

Lucas - (se livrando) Gostava. Tinha

respeito, carinho, mas agora nem

isso mais. Você destruiu com todos

os bons sentimentos que eu tinha por

você.

Suelen - E o nosso filho? Não conta?

Lucas - Vou pedir exame de paternidade

dessa criança.

Suelen - (firme) Esse filho é seu!

Lucas - Depois te tantas mentiras, quem

realmente me garante?

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Suelen levanta a mão pra dar um tapa em Lucas, que a

detém, segurando seu pulso.

Suelen - Foi a Dora quem encheu sua cabeça

pra fazer você pedir esse exame de

paternidade, não foi? (irônica) É

inveja dela que não conseguiu te dar

um filho. Nem a você, nem ao marido

dela. Tanto que teve que adotar...

Lucas - Esquece a Dora, Suelen. Me

esquece! Vai viver sua vida. Te

desejo toda sorte e felicidade do

mundo. Agora saí do meu quarto e não

entra mais sem ser convidada.

Suelen aproxima-se de Lucas e fala friamente, chegando

até a ser ameaçadora, olhando nos seus olhos.

Suelen - Você vai se arrepender por estar

me tratando assim.

Suelen vai embora. Lucas fica atônito. De sua reação,

corta para:

CENA 02. ANGRA. PRAIA. EXT. DIA

Suelen acaba de sair da casa de Lucas, soltando fogo

pelas ventas.

Suelen - (tom) Desgraçado!

Binho, que vem caminhando distraído no celular, acaba

trombando nela.

Binho - Desculpa, Suelen.

Suelen não fala nada e segue seu caminho, como se não

tivesse acontecido nada. Binho estranha.

Binho - Eu, hem!

Corta para:

CENA 03. MANSÃO RAUL. PISCINA. EXT. DIA

Raul, Carolina, Lívia e Eduardo reunidos conversando

alheios; afastados, mais perto da piscina, Gustavo e

Inês conversam.

Gustavo - Estava comentando com minha mãe

como acho bonito a relação de vocês.

Dá pra ver a cumplicidade, o amor, o

companheirismo que existe entre

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vocês duas. É algo que transparece

pra qualquer um ver.

Inês - Eu amo sua irmã, Gustavo. Sabe

aquele tipo de encontro de vida? Que

você tem certeza que a pessoa foi

feita pra você? É tipo isso que

sinto que aconteceu comigo e com a

Lívia.

Gustavo - Demorou, mas parece que dona

Carolina entendeu isso, né?

Inês - Graças a Deus! Não imagina como

era chato e incomodo ter que lidar

com o desprezo, os comentários

maldosos e até armações de sua mãe,

com a intenção de nos separar.

Gustavo - O preconceito sempre vai existir.

Inês - Mas o que mais dói é o preconceito

da família. Eu fui expulsa de casa

quando me assumi gay, ainda

adolescente. Meu pai disse que nunca

iria aceitar ter uma filha que

gostasse de alguém do mesmo sexo.

Sofri, chorei muito, mas não

esmoreci. Não tenho vergonha de quem

eu sou. Pelo contrário, tenho é

orgulho!

Gustavo - O preconceito, o medo, ainda faz

muitas pessoas não terem a coragem

de se assumirem.

Inês - E daí vem uma serie de

conseqüências na vida de quem vive

nesse “armário”: depressões,

frustrações e até suicídio.

Raul levanta e vai pra dentro de casa; Lívia levanta e

vai até Gustavo e Inês; Carolina fica brincando com

Eduardo. Lívia aproxima-se deles.

Lívia - (curiosa) Posso saber o que tanto

conversam?

Gustavo - Estava elogiando a relação de

vocês. Pena que um casal homossexual

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ainda é visto como uma aberração por

muitas pessoas.

Lívia - Pelos preconceituosos e mal

amados. (t) Tirei a sorte grande de

ter encontrando essa companheira,

Gustavo. Ela me completa e eu a

completo.

Do ponto onde Carolina está, ela fala com os três.

Carolina - (chamando) Venham pra cá....

Gustavo - Já vamos, mãe.

Lívia - Vamos, antes que ela já falar que

a abandonamos, naquele tom

dramático.

Os três aproximam-se de Carolina.

Carolina - Achei que queriam ficar longe de

mim. To vendo que o único que está

me da atenção é o meu neto...

Lívia e Gustavo se olham, já rindo.

Corta para:

CENA 04. MANSÃO RAUL. SALA. INT. DIA

Raul no celular, de costas pra quem vem da piscina,

distraído, tomando seu uísque. Gustavo entra e escuta

o final da conversa.

Raul - (cel.) Estou morrendo de saudades

sua... Amanhã nos vemos. Um beijo

bem gostoso.

Gustavo fica surpreso com a fala do pai e entende

tudo. Raul desliga o celular, vira-se e leva um grande

susto ao vê-lo parado em sua frente.

Raul - (choque) Gustavo!

Gustavo, com olhar reprovador, encara Raul, indo pro

seu quarto em seguida. Raul dá um último gole no seu

uísque e vai atrás dele, preocupado.

Corta para:

CENA 05. MANSÃO RAUL. QUARTO GUSTAVO. INT. DIA

Gustavo entra nervoso, incomodado. Raul vem atrás,

tentando se explicar. Fecha a porta. Ritmo!

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Raul - Vamos conversar, Gustavo. Deixa eu

te explicar.

Gustavo - (revoltado) Já entendi tudo, pai.

Não precisa me explicar nada. Só não

imaginava que o senhor fosse capaz

disso: trair a mamãe.

Raul - Aconteceu, meu filho. Casamento de

tantos anos, sem novidades...

Gustavo - (tom) Não justifica!

Raul - Abaixa seu tom pra falar comigo.

Sou seu pai.

Gustavo - O senhor deveria ter é vergonha.

Um homem na sua idade, com filhos,um

neto, uma família, um nome a zelar,

traindo a mulher que tanto te ama

Minha mãe não merecia isso.

Raul - (receoso) Vai contar pra Carolina?

Gustavo - Não vou me intrometer nisso.

Raul - Obrigado, meu filho.

Gustavo - Não me agradeça, pai. Não estou

fazendo isso pelo senhor, mas sim

por minha mãe, que não merece ter

uma decepção dessa, a essa altura da

vida. (t) Só espero que o senhor

coloque a mão na consciência e

coloque um ponto final nesse caso.

Minha mãe pode ter vários defeitos,

mas ela não merece passar por essa

humilhação, por esse

constrangimento, ao descobrir que é

traída pelo homem que ama, a quem

dedicou toda sua vida.

Raul sem graça; Gustavo triste, decepcionado. Carolina

bate na porta.

Carolina - (off) Tá tudo bem?

Corta rápido para:

CENA 06. MANSÃO RAUL. CORREDOR QUARTOS. INT. DIA

Carolina na porta do quarto de Gustavo. Raul abre a

porta. Carolina sente um clima pesado no ar.

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Carolina - Algum problema?

Raul - (saindo) Conversa de pai e

filho...

Carolina fica ali, sem entender, mas sentindo que tem

algo errado.

Corta para:

CENA 07. AP. CAMILA. QUARTO. INT. DIA

Camila e Cazé na cama, semi-nus, mostrando que

passaram a noite juntos. Camila acaricia o peito de

Cazé.

Cazé - Saí dessa vida, Camila. Você não

merece passar pelos riscos e

humilhações que você passa, fazendo

programa.

Camila - Não é simples assim, Cazé.

Cazé - Eu te ajudo a arrumar um emprego.

A situação no país não está fácil,

mas juntos vamos dar um jeito.

Camila - Tem um sujeito muito perigoso que

arruma os clientes pra mim, Cazé.

Cazé - Um cafetão!

Camila - Olavo é o nome dele. Ele me

agenciou desse o começo, quando

resolvi entrar nessa vida, depois de

muito correr atrás e dar sempre com

a cara na porta. E esse cara cobra

uma multa enorme da garota que

decide largar tudo. Falam até que

ele já mandou matar uma das meninas

que trabalhava pra ele e que tentou

lhe dar uma volta.

Cazé - (revoltado) Você tem que denunciar

esse bandido, Camila.

Camila - Ele é poderoso, influente. Falam

que ele tem contato desde com os

traficantes da, até com a polícia. E

isso me da muito medo, do que ele

pode fazer...

Cazé abraça Camila, tentando lhe passar segurança.

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Cazé - Vamos pagar essa multa, pra que

você fique livre desse sujeito.

Camila - Isso é um assunto meu, Cazé. Você

não tem nada a ver com isso.

Cazé - Tenho sim. Você ainda não percebeu

o quanto você mexe comigo, como me

faz bem estar do seu lado, como

estou agora?

Camila fica tocada.

Camila - (emocionada) Nunca nenhum homem

falou isso pra mim.

Cazé - Estou apaixonado por você!

Camila - (não leva a sério) Para, Cazé.

Cazé olha no fundo dos olhos de Camila.

Cazé - Estou falando sério. É por isso

que quero te tirar dessa vida. Quero

um lance sério e legal com você,

Camila.

Clima. Camila fica sem reação.

Camila - Nem sei o que te falar, Cazé...

Cazé - Só diz o que você sente por mim.

Camila - Você é um homem incrível,

maravilhoso, mas merece alguém muito

melhor do que eu. Além do mais, não

quero colocar sua vida em risco.

Como te falei, Olavo é um cara muito

perigoso!

Cazé - Eu não tenho medo.

Camila - (abalada) Mas eu tenho! E não vou

deixar você se arriscar por mim,

Cazé. Não vou!

Camila faz menção de sair da cama. Cazé segura seu

braço. Ela caí na cama e ele vem por cima dela.

Cazé - Não vou desistir de você, Camila.

Assim como não desisti de encontrar

meu filho, não vou desistir de tirar

você da prostituição e ter você só

pra mim. Mas preciso saber se você

está disposta a isso.

Camila - É o que eu mais quero, Cazé!

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Cazé sorri. Acaricia seu rosto.

Camila - (continua) É uma vida de dinheiro

fácil, mas não vale o preço de você

se sentir suja, usada, como a pior

pessoa do mundo. E saber que tenho

você pra contar, pra me apoiar, me

dá forças pra finalmente conseguir

tentar sair dessa vida.

Cazé - Você não está mais sozinha. Vai

poder contar comigo sempre!

Eles se beijam. Instantes. Camila se entrega. Vão se

envolvendo mais, rolando pela cama, entregues ao

desejo.

Corta para:

CENA 08. CASA DE LUCAS. PRAIA. EXTERIOR. DIA

Lucas saí de sua casa. Do seu PV, vê Suelen no mar,

indo cada vez mais pro fundo. Fica intrigado.

Lucas - O que essa louca está aprontando

dessa vez?

Dois homens observam Suelen, comentando entre si.

Lucas fica observando, sentindo que algo ruim vai

acontecer. Quando não vê mais Suelen, ele se

desespera. Corre em direção ao mar, desfazendo-se dos

sapatos, de alguma peça de roupa que ele esteja

usando. Entra no mar.

Corta para:

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COMERCIAL 1

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CENA 09. ANGRA. PRAIA. EXTERIOR. DIA

Lucas carrega Suelen, desacordada, até a areia.

Curiosos se juntam em torno deles. Lucas começa a

realizar procedimento de respiração boca a boca, até

que Suelen volta a si, cospe a água que acabou

engolindo.

Lucas - O que você estava tentando fazer,

Suelen?

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Suelen - Me matar! Minha vida sem você não

tem sentindo, Lucas.

Reação de Lucas. Chico vem correndo, desesperado.

Binho do seu lado. Abraça Suelen aliviado.

Chico - (aflito) O que aconteceu, minha

filha? O que você fez?

Chico olha pra Lucas, buscando respostas.

Corta para:

CENA 10. CASA CHICO. INT. DIA

Chico e Lucas conversam; Chico desolado.

Chico - (preocupado) Minha filha não está

bem...

Lucas - O pior de tudo é que ela ia matar

um inocente, que está dentro de sua

barriga e que não tem nada a ver com

tudo isso.

Chico - (desesperado, perdido) O que eu

faço, Lucas? A Suelen não está

conseguindo lidar com a separação de

vocês. Não se conforma!

Lucas - Mas ela precisa se conformar,

Chico. Eu não a amo. E não consigo

perdoá-la pelo que ela faz, tramou.

Chico - Tenta conversar com ela, Lucas. É

um pai aflito que te pede.

Lucas - Mais? Tudo o que eu falo com ela

entra num ouvido e saí pelo outro.

Suelen só escuta o que quer.

Chico - Meu medo é que ela volte a tentar

contra sua vida. E que, Deus livre e

guarde, ela possa conseguir.

Lucas apóia Chico.

Corta para:

CENA 11. CASA CHICO. QUARTO SUELEN. INT. DIA

Suelen recostada na cama, pensativa. Chico aparece na

porta e fica lhe observando. Olhar reprovador.

Suelen - Me deixa, pai.

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Chico - Olha o que você está fazendo com

sua vida, minha filha. Se destruindo

por causa de um homem.

Suelen vira pro lado.

Suelen - Não quero ouvir sermão.

Chico - Você está precisando é de uma bela

surra, de pai. A surra que eu devia

ter te dado quando você era criança

e fazia pirraça quando não tinha o

que queria.

Chico saí e fecha a porta.

Suelen - Gostar de quem não gosta da

gente... Mas a culpa é da Dora. Só

tenho que tirá-la do meu caminho,

que o Lucas volta a ser meu.

Fusão para:

CENA 12. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXT. DIA/NOITE

Takes da cidade, diversos pontos. Breve passagem de

tempo. Música jovem, animada.

Letreiro: Dias depois...

Corta para:

CENA 13. RESTAURANTE. INT. DIA

Sílvia sentada, esperando por Ricardo. Segundos

depois, ele chega e senta.

Sílvia - (provoca) Tô vendo que comprou

roupa nova. Não quis usar suas

roupas antigas, que eu repaginei?

Ricardo - (se controlando) Não me provoca,

Sílvia.

Sílvia - (rindo) Pra descontrair...

Ricardo - O que você quer?

Sílvia - Te chamei pra tratarmos da nossa

separação. Pra dizer que vou exigir

a guarda do Théo!

Ricardo fica perplexo com o que escuta. Reação.

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Ricardo - (surpreso) Que palhaçada é essa,

Sílvia?

Sílvia - Qual a surpresa? Em uma separação

os filhos ficam com as mães.

Ricardo - Quando as mães gostam dos filhos,

amam, cuidam, tratam bem. Diferente

de você, que nunca teve paciência

com o Théo, que repete, sem peso

nenhum na consciência, que se

pudesse voltar no tempo nem tinha

engravidado.

Sílvia - Será uma boa oportunidade pra que

eu e o Théo possamos criar um laço

mais forte.

Ricardo - (revoltado) Você está fazendo isso

pra me provocar, pra me atingir, não

é?

Sílvia - E se for, qual o problema?

Ricardo - Você é um monstro, Sílvia. Precisa

ser estudada pelos cientistas.

Sílvia - O problema é você, Ricardo, que

nunca me deixou cuidar do meu filho

como mãe.

Ricardo - (rindo, debochado) Deixa de ser

ridícula, Sílvia. Você é muito

sínica mesma. Está querendo enganar

quem posando de mãe injustiçada?

Sílvia - Você sempre esteve no nosso

caminho, não bastando ser pai,

querendo ser mãe, não me dando

espaço pra exercer o meu papel na

vida do Théo.

Ricardo olha bem nos olhos de Sílvia, intimidador.

Ricardo - (firme) Escuta bem o que vou te

dizer, Sílvia: não vou te entregar

de mãos beijadas a guarda do Théo!

Tenho provas suficientes de que você

nunca foi uma boa mãe. Na escola, a

professora sempre comenta o fato de

você nunca ter comparecido a nenhuma

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reunião de pais. Qualquer juiz, ao

ouvir as testemunhas que tenho e

principalmente depois de uma

conversa com o nosso filho, vai

perceber isso e me dar a guarda do

Théo.

Sílvia - Se é assim que você quer, vamos

lutar até o fim pra isso. Sempre

gostei de uma boa briga.

Ricardo levanta, sério. Sílvia sorri sinicamente. Ele

vai embora. Passa por Leonel, que caminha em direção a

mesa de Sílvia. Se encaram, antes de Ricardo sair.

Leonel senta.

Leonel - Tô vendo que a conversa rendeu.

Sílvia - (satisfeita) Foi divertido bancar

a mãe amorosa, que quer ficar com a

guarda do filho (rindo)

Leonel - Você não presta, Sílvia. Fazendo

isso, só pra ferrar com o cara.

Sílvia com um grande sorriso no rosto.

Corta para:

CENA 14. CARRO RICARDO. INT. DIA

Carro parado. Ricardo revoltado.

Ricardo - (esbraveja) Cretina, desgraçada!

Não vou deixar meu filho em suas

mãos, Sílvia. Deus é justo e não vai

permitir isso.

Corta para:

CENA 15. CASA VIRGÍNIA. SALA. INT. DIA

Cínara vem do quarto, empurrando o carrinho com

Matheus dentro. Passa por Virgínia, costurando.

Virgínia - Vai onde, filha?

Cínara - Levar o Matheus pra tomar sol.

Virgínia - Cuidado pra que ele não tome sol

de mais. Pegou o protetor?

Cínara - Tá na bolsa. Daqui a pouco estamos

de volta.

Virgínia - Vão com Deus.

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Cínara saí; Virgínia segue costurando.

Corta para:

CENA 16. MADUREIRA. RUA. EXT. DIA

Cínara empurra o carrinho pela rua do bairro, pra

cima, leve. Passa por Joana, carregando sua sacola de

produtos, vindo na direção oposta.

Joana - Oi, Cínara.

Cínara - Como vai, Joana.

Joana - Na luta. Não dá pra parar e

esperar o dinheiro cair do céu.

Cínara - A sorte só é pra alguns e tem que

correr muito atrás dela.

Joana - Você quem o diga, né?

Cínara sente a alfinetada, mas não reage. Joana volta-

se pra Matheus, mexendo com ele.

Joana - Como ele está grande. Uma fofura!

Será que vai ser jogador de futebol

como o pai?

Cínara - Tendo a beleza dele já basta...

(indo embora) Bom dia, dona Joana. E

boas vendas.

Cínara segue seu caminho.

Cínara - O gentinha, viu!

Corta para:

CENA 17. PRAIA. EXT. DIA

Dora e Letícia estão na areia, brincando. Instantes.

Dora - Daqui a pouco vamos embora, filha.

Um vendedor de picolé aproxima-se, anunciando seu

produto. Algumas crianças lhe cercam.

Letícia - Quero picolé, mãe.

Dora - De que você vai querer?

Letícia - De morango.

Dora levanta, pega sua carteira.

Dora - Não saí daqui. Já volto.

Dora vai até o vendedor de picolé. Corta para Cínara

no calçadão, empurrando o carrinho com Matheus. Corta

pra Letícia brincando. A bola acaba rolando em direção

a rua. Letícia, em toda sua inocência, corre atrás

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dela. Dora volta-se, segurando dois picolés, quando vê

Letícia correndo atrás da bola, em direção a rua,

sentindo a tragédia que vai acontecer.

Dora - (grita) Letícia!

Do desespero de Dora, corta para:

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COMERCIAL 2

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CENA 18. PRAIA. EXT. DIA

Cont. imediata. Dora larga os picolés e vai atrás de

Letícia, que segue correndo atrás da bola. Cínara vê a

situação, e antes que a bola e Letícia cheguem até a

rua, ela a segura e pega a bola, lhe entregando com um

sorriso no rosto. Dora aproxima-se, desesperada, mas

aliviada, abraçando forte Letícia.

Dora - Que susto, minha filha. Nunca mais

faça isso.

Letícia - (inocente) Só fui atrás da minha

bola.

Cínara - Criança não tem noção de perigoso.

Dora, que nem tinha se dado conta da presença de

Cínara, levanta e elas se olham.

Dora - Obrigada. Você salvou a vida da

minha filha. Nem quero pensar no que

teria acontecido...

Cínara - É só piscar o olho que eles já nos

dão um belo susto.

Dora - Verdade.

Cínara - Outro dia mesmo, passei o maior

aperto quando o Matheus começou a

engasgar com o leite. Foi um susto

tão grande, um desespero...

Dora pega na mão de Letícia e a aproxima do carrinho,

onde Matheus está.

Dora - Esse aqui é seu irmãozinho, minha

filha. Ele se chama Matheus.

Letícia - É tão pequeno.

Dora - Como você era também.

Letícia acaricia Matheus.

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Cínara - Queria aproveitar esse encontro

pra te pedir desculpas, Dora. Há

muito tempo que eu queria te pedir

isso, mas por falta de oportunidade

e até de coragem, nunca tinha

conseguido te dizer isso.

Dora - Você não precisa se desculpar.

Cínara - Preciso sim. Você me ajudou de

graça, sem nunca ter me visto na

vida, e acontece toda essa situação,

onde ficou parecendo que eu me

aproveitei da oportunidade que você

me deu, pra ficar com seu marido.

Dora - Agora ex-marido.

Cínara - Antes de te conhecer eu já queria

engravidar do Maurício. Já tinha

essa meta em minha cabeça. Só que

você apareceu, nos aproximamos.../

Dora - (corta) Como eu disse, não precisa

se desculpar. Nessa história todo

mundo errou, inclusive eu. O único

inocente nisso é esse pequeno

(olhando pra Matheus). O que

aconteceu pra mim é uma página

virada. (pra Letícia) Se despede do

seu irmãozinho, que agora precisamos

ir.

Letícia dá um beijinho em Matheus; Dora e Cínara

sorriem.

Dora - Obrigada novamente por ter salvo

minha filha.

Dora e Letícia voltam pra onde estavam na areia e

recolhem seus objetos. Cínara fica ali parada,

observando. Já ouvimos o início da cena seguinte:

Camila - (off) Ela te disso isso?

Corta para:

CENA 19. AP. CAMILA. INT. DIA

Camila, Cínara e Matheus, no carrinho. Conversa a

meio. Camila surpresa.

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Cínara - Com essas mesmas palavras que eu

te contei, sem mudar uma vírgula e

nem um ponto.

Camila - Essa mulher deve ser uma santa

mesma. Aceitar o que aconteceu, sem

brigar, discutir com você.

Cínara - Achei tão bonito ela mostrando o

Matheus pra filhinha dela, que é uma

graça. O apresentando como seu

irmão.

Camila - Mas é isso que eles são.

Cínara - Só que ela poderia ter ignorado

esse fato, passado batido.

Camila - (rindo) Que situação, Cínara.

Esposa e amante, batendo papo na

praia, como amigas.

Cínara - Eles já se separaram.

Camila - Nem saiu notinha nenhuma...

Cínara - Posso estar enganada, mas tive a

sensação de que essa separação lhe

fez bem, como se ela tivesse se

libertado desse casamento a qual

estava presa, por algum motivo.

Camila - Como se ela tivesse feliz em ter

colocado um fim no casamento com o

Maurício?

Cínara - Exatamente isso.

Corta para:

CENA 20. ANGRA. CIDADE. EXT. DIA

Corta para:

CENA 21. ANGRA. JOALHERIA. INT. DIA

Lucas entra. Uma vendedora se aproxima dele, solicita.

Vendedora - Posso ajudá-lo?

Lucas - Sim. Preciso de um anel de

noivado.

Corte descontínuo para a vendedora mostrando anéis de

diversos tipos e modelos pra Lucas. Ele olha,

pergunta, comenta, até que se interessa por um.

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Lucas - (escolhe) É esse!

Lucas fica satisfeito com a escolha.

Corta para:

CENA 22. RESTAURANTE LUCAS. ESCRITÓRIO. INT. DIA

Lucas mostra o anel pra Chico, feliz, com um sorriso

no rosto.

Chico - É muito bonito, Lucas. Mas não

acha que está indo rápido de mais,

não? Ela acabou de se separar.

Lucas - Esperar o que mais, Chico? Já

esperei muito pra ter essa mulher. É

com a Dora que quero casar, ter

filhos, uma família... Sinto que a

Dora foi feita pra mim. Uma certeza

total e absoluta.

Corta para:

CENA 23. QUARTO MELISSA. INT. DIA

Lupe está parado em frente à parede onde fez o

grafite, que ficou pronto. Admira seu trabalho

distraído, quando Melissa entra puxando Nicole,

parando em frente à parede grafitada.

Melissa - (animada) Não ficou o máximo?

Lupe e Nicole se olham constrangidos. Clima.

Instantes.

Nicole - Oi, Lupe.

Lupe - Oi, Nicole.

Melissa - Fala. O que achou? Gostou? Eu

adorei. Meu namorado é um artista.

Melissa dá um selinho em Lupe. Nicole não consegue

esconder que fica incomodada.

Nicole - Ficou lindo mesmo. Parabéns, Lupe.

Lupe - Obrigado.

Melissa - Vamos publicar na página da rede

social. Vai ser um sucesso de

curtidas...

Melissa procura o celular no bolso, mas não o

encontra.

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Melissa - (lembrando) Deixei meu celular lá

na sala, já volto.

Melissa saí do quarto. Lupe e Nicole ficam sozinhos,

sem graça, sem jeito um com o outro.

Lupe - Aquele grafite que fiz do seu

rosto ainda está lá, do mesmo jeito.

Não pintaram, não picharam nada por

cima...

Nicole - Eu sei. Outro dia fui lá ver. (t)

Achei legal quando a Melissa me

disse que vão criar uma nova página

na rede social, pra expor seus

grafites.

Lupe - Idéia sua.

Nicole - Idéia que já não me pertence mais.

Aquela outra eu exclui, querendo te

esquecer.

Lupe - E conseguiu?

Nicole - (incomodada) Por favor, Lupe.

Lupe - Você ainda pensa em mim, Nicole?

Na gente?

Melissa entra, interrompendo a conversa. Melissa tira

fotos do grafite. Lupe e Nicole trocam olhares.

Melissa - Vamos tirar uma selfie? Nos três

juntos...

Corta para:

CENA 24. MADUREIRA. EXT. TARDE

Corta para:

CENA 25. LOJA CAZÉ. INT. TARDE

Cazé e Lupe conversam, enquanto trabalham.

Lupe - Aí ficou aquele clima todo...

Cazé - E ela te respondeu?

Lupe - Não. A Melissa chegou na hora. Mas

nem precisa dizer nada, pois deu pra

ver no rosto dela, no jeito que ela

ficou, que ela ainda não me

esqueceu.

Cazé - E você também não a esqueceu, né?

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Lupe - Estou em outra agora...

Cazé - Pra que se enganar, meu amigo. Não

se esquece fácil de quem foi e ainda

é importante em nossa vida. Amor não

se apaga com uma borracha, apenas

guardamos num lugar bem especial

dentro da gente.

Lupe - Falou bonito! É a Camila que está

te inspirando desse jeito?

Cazé - Me sinto tão bem ao lado dela...

Olavo entra. Lupe e Cazé trocam olhares. Olavo caminha

pela loja, dá um olhada nos produtos com certo desdém.

Lupe - Posso ajudá-lo?

Olavo ignora Lupe e vai até Cazé.

Olavo - Carlos José, não é?

Cazé - Pode chamar só de Cazé. E você,

quem é?

Olavo - (ameaçador) Só vim pra te dar um

aviso: se afasta da Camila, ela não

é pro tu bico, se não a chapa vai

esquentar pro seu lado.

Olavo vai embora. Cazé não se intimida. Lupe

preocupado.

Lupe - Quem é esse cara? Achei até que

era um bandido

Cazé - E é sim, um bandido. É ele quem

agencia a Camila, que arruma os

clientes pros programas que ela

realiza.

Lupe - Cuidado, Cazé. Tu viu o que ele

disse.

Cazé - Não tenho medo, Lupe. Pela Camila

eu enfrento esse tipo de gente,

mesmo correndo risco.

Corta para:

CENA 26. AEROPORTO INTERNACIONAL. EXT. TARDE

Imagem rápida. Corta para:

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CENA 27. CARRO CAROLINA. EXT. INT. TARDE

Roberto dirige. Carolina tristonha no banco de trás.

Roberto - Logo seu Gustavo está de volta.

Ele mesmo disse, dona Carolina.

Carolina - (fria, ríspida) Não precisa tentar

me consolar, Roberto. Dirige calado.

Silêncio dentro do carro.

Carolina - Amanhã você vai colocar o plano em

ação. Tem alguma dúvida?

Roberto - Não. Está tudo certo.

Carolina - Espero que esteja mesmo e que faça

o serviço direito, Roberto. Estou

confiando em você e lhe pagando

muito bem pra isso.

Corta para:

CENA 28. CONSTRUTORA. SALA REUNIÃO. INT. TARDE

Abrimos a cena com Jeferson, Santiago e Raul

levantando suas taças de champagne, felizes,

comemorando o novo contrato com a construtora fechou.

Raul - Um brinde a esse novo contrato que

fechamos com esse investidor

estrangeiro.

Santiago - Um novo milionário, que adora o

Brasil, principalmente as mulheres

do Brasil e o carnaval.

Jeferson - E que depois de exaustivas

reuniões, basta suor e

principalmente dor de cabeça,

conseguimos fechar.

Santiago - Um contrato como esse, em tempos

de crise igual estamos passando,

realmente tem que se comemorar

muito.

Raul - Então vamos comemorar. Brindar.

Os três brindam.

Raul - A Fragoso construtora e

empreendimentos está conseguindo

superar, aos trancos e barrancos,

esse momento delicado do país...

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A secretária entra.

Secretária - (pra Raul) Dona Carolina está na

sua sala.

Corta para:

CENA 29. CONSTRUTORA. SALA RAUL. INT. TARDE

Carolina sentada na mesa de Raul. Mexe num objeto

aqui, ajeita outro ali. Raul entra.

Raul - Como foi lá?

Carolina - Me controlei pra não chorar.

Raul - Uma pena que não deu pra ir com

vocês até o aeroporto.

Carolina - Estou com o coração apertado até

agora com a partida do Gustavo.

Passou tão rápido.

Raul - (receoso) E vocês conversaram?

Carolina - Claro, Raul. Que pergunta. Não

íamos ficar calado dentro de carro.

Raul - (preocupado) Quero saber se

conversaram sobre algum assunto

específico.

Carolina - Falamos sobre tantas coisas... Mas

não estou entendo onde você quer

chegar, Raul.

Raul - É besteira minha. Deixa pra lá...

Corta para:

CENA 30. MOTEL. QUARTO. INT. TARDE

Raul e Mafalda recostados na cama, depois de se

amarem.

Mafalda - Achou mesmo que o Gustavo poderia

contar pra Carolina sobre nos dois?

Raul - Ele me garantiu que não iria se

intrometer nesse assunto. Mas nunca

se sabe o que um filho, tomando as

dores da mãe, pode fazer. Por isso

que sondei, perguntei sobre o que

conversaram, mas parece que ele

realmente não contou nada.

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Mafalda - Não quero meu nome envolvida em

escândalo, como aconteceu com a Dora

Creonte.

Raul - E nem eu quero isso.

Mafalda - Acho melhor adiarmos nossa viagem

pra Teresópolis, Raul.

Raul - Não tem necessidade disso,

Mafalda. Estamos planejando essa

viagem há dias.

Mafalda - Mas diante disso, fico receosa e

preocupada de nos expor assim.

Raul - A Carolina não sabe de nada. Fica

tranqüila.

Mafalda - E quem te garante? A Carolina é

muito esperta, sagaz. Pode estar

simulando que não sabe de nada, pra

nos dar um bote.

Raul - Não vamos estragar nosso passeio

com esses pensamentos, preocupações.

Vai ser ótimo. Confia em mim?

Mafalda - Em você eu confio. Só não confio

em mulher desconfiada, com pulga

atrás da orelha.

Raul - Isso já é caraminhola da sua

cabeça. Já disse que a Carolina nem

sonha sobre o que acontece entre nos

dois.

Mafalda fica cismada.

Corta para:

CENA 31. CASA CHICO. COZINHA. INT. TARDE

Suelen bate um bolo; Chico toma um pouco de café.

Suelen - (reage) Noivado?

Chico - Sim. Com anel e tudo.

Suelen - Que palhaçada, viu!

Chico - Só estou te contando isso pra que

você não seja pega de surpresa, que

não fique sabendo de qualquer jeito

por esse povo fofoqueiro.

Corta para:

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CENA 32. RESTAURANTE LUCAS. ESCRITÓRIO. INT. TARDE

Lucas entra segurando uns papeis, distraído, quando vê

Suelen, de costas, perto da sua mesa.

Lucas - (surpreso) Suelen?

Suelen vira, usando o anel que Lucas comprou,

sorrindo, fazendo questão de deixar visível que o está

usando.

Suelen - (provocando) Não ficou lindo?

Lucas fica furioso. De sua reação, corta pra:

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FIM DO CAPÍTULO

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RAZÃO E EMOÇÃO -...

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