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GUIA PARA A REABILITAÇÃO PROJETO “Cooperar para Reabilitar” da InovaDomus ISOLAMENTO TÉRMICO DE EDIFÍCIOS CORRENTES COM POLIESTIRENO EXTRUDIDO

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GUIA PARA A REABILITAÇÃO

PROJETO “Cooperar para Reabilitar” da InovaDomus

ISOLAMENTO TÉRMICO DE EDIFÍCIOS CORRENTES COM POLIESTIRENO EXTRUDIDO

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ConsultoriaIberfibran – Poliestireno Extrudido, SA

Autoria do RelatórioVera Silva

ColaboraçãoLaboratório de Física e Tecnologia das Construções do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho

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Índice0. Preâmbulo 7

1. Anomalias em Coberturas Inclinadas 9

1.1 Envelhecimento dos materiais: Deterioração do revestimento cerâmico 9

1.2 Envelhecimento dos materiais: Degradação do sistema estrutural da cobertura

(madeira) 18

1.3 Manchas de bolor na face interior da laje esteira, sob o desvão ventilado 25

2. Anomalias em Coberturas Planas Não Acessíveis 29

2.1 Degradação do teto falso em gesso cartonado 29

2.2 Empolamento do revestimento em tela “auto-protegida” 34

3. Anomalias em Coberturas Planas Acessíveis 38

3.1 Manifestações de humidade/infiltrações no revestimento interior das paredes

exteriores 38

3.2 Manchas de bolor e humidade na face interior da cobertura plana

(ponte térmica plana) 42

4. Anomalias em Paredes Exteriores 47

4.1 Manchas de bolor em paredes de zonas húmidas

(instalações sanitárias e cozinhas) 47

4.2 Manchas de bolor em paredes de zonas não húmidas 57

4.3 Manchas de humidade na ligação da parede exterior com duplo paramento

e o pavimento 58

4.4 Manchas de humidade na face interior da parede exterior (ponte térmica plana) 60

5. Anomalias em Paredes Interiores 66

5.1 Fissuração em paredes interiores junto da laje de teto 66

6. Anomalias em Pavimentos 71

6.1 Deterioração do revestimento de madeira de um pavimento térreo 71

6.2 Deterioração do revestimento de madeira de um pavimento sobre o exterior 73

Acrónimos 76

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Glossário 77

Bibliografia 83

Anexo Checklist 84

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0. PREÂMBULO

Em Portugal, para além da degradação física e estrutural das construções, consequência de variados fatores, o edificado apresenta também um fraco desempenho térmico, baixos níveis de conforto e salubridade e elevados consumos energéticos. Este fraco desempenho, que mui-tas vezes se reflete em vários tipos de anomalias, deve-se à baixa qualidade de construção, às fracas exigências regulamentares à altura da construção, à ineficiência dos equipamentos (ele-trodomésticos, iluminação e outros) e, muitas vezes, é agravado pela má utilização do edifício.

Até à década de 1990 não havia em Portugal imposição legal para construir com preocupa-ções de eficiência energética, térmicas ou de conforto. Assim, as construções anteriores à década de 1990, cerca de 70% do parque edificado [1], não cumprem as exigências atuais, não só do ponto de vista regulamentar, mas também do ponto de vista da sustentabilidade energética, conforto, salubridade e saúde do utilizador.

Segundo a ADENE [2], 63% dos edifícios existentes com certificado energético pertencem a classes energéticas abaixo de B- (ou seja são edifícios que consomem mais 100% com-parativamente ao consumo de referência).

Contudo, o conhecimento técnico atual já identifica e aponta medidas que permitem, numa re-abilitação, reduzir os consumos energéticos, otimizar balanços energéticos e melhorar de for-ma muito significativa as condições de conforto dos utilizadores e de salubridade dos espaços.

A reabilitação de um edifício pode abranger várias especialidades, zonas e elementos cons-trutivos e poderá englobar ações de reabilitação estrutural, construtiva, funcional e ener-gética. A reabilitação energética agrega medidas de três grandes grupos: medidas a aplicar na envolvente dos edifícios; nos equipamentos (sistemas de climatização e aquecimento de águas quentes sanitárias) e na produção local de energia renovável.

A aplicação de medidas de reabilitação energética, nomeadamente através da aplicação de isolamento térmico pode reduzir as necessidades energéticas até 40% [2]. Assim, a reabilitação de edifícios não é apenas intervir no edifício para corrigir anomalias, é também uma excelente oportunidade para melhorar a eficiência energética dos edifícios e o confor-to térmico dos seus ocupantes.

A informação contida neste Guia tem como base medidas a considerar numa reabilitação energética, nomeadamente medidas a aplicar na envolvente opaca dos edifícios existen-tes e tem em consideração as estratégias a aplicar para eliminar as anomalias e as suas causas, para proteção contra os agentes agressivos e para reforço das características fun-cionais. São aqui apresentadas anomalias associadas à inexistência, má aplicação/uso ou deficiente isolamento térmico na envolvente opaca do edifício.

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As estratégias e soluções apresentadas e descritas neste guia utilizam o poliestireno ex-trudido (XPS) como material de eleição para o isolamento térmico, devendo ser sempre acompanhadas e executadas por profissionais qualificados.

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Figura 1 – Deterioração do revestimento cerâmico de uma cobertura inclinada.

1. ANOMALIAS EM COBERTURAS INCLINADAS

1.1 Envelhecimento dos materiais: Deterioração do reves-timento cerâmico

1.1.1 Descrição/formas de manifestação

• Degradação do revestimento cerâmico (telha), independentemente do tipo de telha (lusa, canudo, marselha, romana ou plana), comprometendo a estanqui-dade da cobertura inclinada/telhado;

• Acumulação de detritos, descasque, escamação, esfoliação, desagregação e en-velhecimento global da telha (Figura 1);

• Desenvolvimento de vegetação parasitária e colonização biológica;

• Alterações de cor e diferenças de tonalidade;

• Existência de fissuração e/ou fraturas.

1.1.2 Causas comuns

• Ventilação insuficiente do sistema global da cobertura:

• Conduz à degradação da telha e, consequentemente, da cobertura, reduzindo as suas características de isolamento térmico (devido à existência de água), aumentando o risco de corrosão de elementos metálicos de fixação da telha (caso existam) e deteriorando as telhas e os seus elementos de suporte;

• Pode identificar-se pela inexistência de telhas de ventilação, altura insufi-

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ciente entre o revestimento cerâmico e o suporte e pelas formas de mani-festação como descasque, fissuração, aparecimento de vegetação e coloni-zação biológica e até infiltrações.

• Condensações:

• Ocorrem principalmente no Inverno devido à existência de sistemas de ven-tilação e isolamento térmico deficientes e ainda à inexistência de barreiras para-vapor ou à existência de descontinuidades na barreira para-vapor;

• Assume maior importância em coberturas localizadas em regiões climáticas com temperaturas do ar baixas, pois pode ocorrer o congelamento da água o que agrava o processo de deterioração (fissuras/fraturas), ou em locais interiores com elevada produção de vapor de água (como piscinas interiores, cozinhas, instalações sanitárias e balneários). Também a orientação geográ-fica a norte influencia negativamente este fenómeno;

• Em conjugação com a ventilação insuficiente, levam à não secagem com-pleta da telha permitindo o desenvolvimento de vegetação parasitária e co-lonização biológica (Figura 2). A existência de fungos e vegetação pode pôr em causa a funcionalidade da cobertura e levar à existência de infiltrações.

Figura 2 – Desenvolvimento de vegetação parasitária no revestimento cerâmico de uma cobertura inclinada com pendente insuficiente e com inversão de pendente.

• Utilização excessiva de argamassas fortes: contribui para potenciar o apareci-mento de descasques, sobretudo junto à zona de cumes (Figura 3).

O processo de libertação da humidade da argamassa é muito mais lento que o do elemento cerâmico. Desta forma, o elemento cerâmico em contacto com a arga-massa fica mais tempo sujeito aos ciclos de gelo-degelo e é correntemente o pri-meiro a apresentar problemas. Para evitar este problema devem utilizar-se técnicas de execução, nomeadamente de linhas de cumeeira, sem uso de argamassas, uti-lizando materiais que permitam uma ventilação eficaz e contribuindo para o bom funcionamento e durabilidade da cobertura.

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Figura 3 – Uso excessivo de argamassa no cume de uma cobertura inclinada com revestimento cerâmico.

• Erros de projeto:

• Nomeadamente a inclinação insuficiente da cobertura ou a inversão de pen-dente (Figura 2), que conduzem ao escoamento inadequado das águas plu-viais, agravando o risco de ocorrência de infiltrações (Figura 4).

A inclinação da cobertura conduz à necessidade, ou não, de haver uma impermeabilização da estrutura da cobertura complementando a estanqui-dade da telha (tela ou subtelha dependendo se a estrutura é contínua ou descontínua). É sempre recomendável colocar o sistema complementar de impermeabilização sob o isolamento térmico sendo este imprescindível para inclinações inferiores a 20º. A não consideração destas questões na fase de projeto (de construção ou de reabilitação) pode implicar o mau escoamento das águas pluviais, facilitando a acumulação de lixo e o desenvolvimento de vegetação, danificando o revestimento e a própria estrutura, podendo até induzir a outras anomalias, nomeadamente à ocorrência de infiltrações;

• A inclinação insuficiente pode ser identificada pela medição do ângulo da pendente e identificação, por observação visual, da acumulação de água no revestimento, nomeadamente junto ao beiral e do aparecimento de vegeta-ção parasitária.

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1 - Telha deslocada;

2 - Subtelha;

3 - Ripado de madeira;

4 - Suporte;

5 - Revestimento interior.

Figura 4 – Infiltrações na cobertura devido à inclinação insuficiente.

• Erros de aplicação:

• Assentamento incorreto dos elementos unitários do revestimento cerâmico (Figura 4), fixação, encaixe, e sobreposição incorretas ou insuficientes, o desalinhamento ou deslocamento dos elementos cerâmicos, utilização de telhas com formatos ou dimensões não compatíveis podem levar ao apare-cimento de fissuras e destacamentos do revestimento;

• A ocorrência de erros de aplicação em pontos singulares, como beiras, bor-dos, remates, cumeeiras e larós, ligações com chaminés e outros elementos salientes na cobertura, ligações com platibandas ou paredes pode permitir infiltrações que prejudicam não só o revestimento, mas toda a cobertura.

• Falta de manutenção: não existindo limpeza nem reparação/substituição dos elementos degradados, conduzindo à acumulação de poeiras e lixo, desenvol-vimento de líquenes e de vegetação, dificultando o escoamento das águas plu-viais, podendo agravar a degradação do revestimento e potenciando a ocorrên-cia de infiltrações. As poeiras, lixo e folhagem acumuladas na cobertura podem ainda conduzir ao entupimento dos elementos da rede de drenagem de águas pluviais (Figura 5), agravando ainda mais a degradação da cobertura (elementos de revestimentos e de suporte) (ver 1.2).

Figura 5 – Entupimento da rede de drenagem de coberturas inclinadas e formação de líquenes.

• Impactos mecânicos e choques devidos a agentes externos, naturais ou humanos: podem afetar a qualidade e funcionalidade do revestimento cerâmico.

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As telhas podem sofrer impactos que levam à abertura de fendas, fissuras ou à quebra dos elementos cerâmicos (Figura 6). A aplicação direta de estruturas ou apoios, movimentação de cargas e pessoas ou queda de pequenos ramos de árvo-res, instalação de antenas ou mesmo a ocorrência de assentamentos do elemento de suporte podem provocar danos ou a rotura dos elementos cerâmicos. Este tipo de anomalia é facilmente identificado por uma observação visual cuidada.

Figura 6 – Degradação do com revestimento cerâmico de uma cobertura inclinada devido a impactos mecânicos.

• Deformação excessiva dos elementos estruturais: constrangimentos que im-possibilitem a deformação térmica, desnivelamento ou afastamento excessivo dos apoios podem conduzir também à fendilhação dos elementos de revestimento.

1.1.3 Soluções de reabilitação

A solução de reabilitação mais premente do revestimento cerâmico de uma cobertu-ra é a que diminui ou elimina as condensações. Para tal a intervenção deve incidir na melhoria da ventilação e aplicação ou reforço do isolamento térmico da cobertura. A presença do isolamento térmico e sua correta aplicação é essencial para o suces-so da solução de reabilitação já que este irá diminuir significativamente o risco de existência de condensações.

Complementarmente, numa cobertura inclinada, garantir a ventilação é essencial, pois para além de possibilitar a troca de ar húmido por ar seco, permitindo a seca-gem do revestimento cerâmico e reduzindo o risco de ocorrência de condensações, permite também, do ponto de vista térmico, criar um arrefecimento (essencialmen-te no verão) na estrutura da cobertura. Estas duas ações são indissociáveis.

Deverá prever-se a substituição de elementos de revestimento cerâmico caso se verifique a fissuração ou fracturação pontual sem que visualmente se constatem outras anomalias. Esta ação é simples e não acarreta custos elevados.

1.1.3.1 Correção do sistema de ventilação da cobertura e aplicação de iso-lamento térmico

A solução consiste na correção do sistema de ventilação da cobertura e aplicação de

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isolamento térmico com o objetivo de evitar a ocorrência de condensações e permi-tir uma secagem eficaz do revestimento cerâmico.

Deve ser aplicada em todas as situações onde se manifestem as anomalias de des-casque, fissuração, existência de condensações e microrganismos.

Aplicação

Deve iniciar-se pela inspeção ao revestimento cerâmico para avaliar a boa qualidade e funcionalidade do revestimento, para eventual posterior utilização de parte deste. Caso estes sejam validados, o procedimento a seguir é:

1. Inspeção do revestimento cerâmico para avaliar a sua boa funcionalidade e eventual posterior utilização;

2. Levantamento do revestimento cerâmico;

3. Aplicação do isolamento térmico XPS sobre a estrutura da cobertura, por fixação mecânica com buchas de plástico. A espessura do isolamento deve respeitar o estabelecido no Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) - Decreto-Lei nº 80/2006 [3];

Se a ripa de assentamento da telha for pré-fabricada (em madeira, plástico ou PVC) o isolamento térmico XPS deve ser aplicado com o ranhurado perpendi-cular à cumeeira. Caso se utilizem ripas de argamassa o ranhurado deve ser paralelo à cumeeira.

A fixação mecânica deve ser realizada através da aplicação de 4 buchas afas-tadas 15 cm do bordo da placa, em todas as placas colocadas no perímetro da cobertura. São apenas necessárias 2 buchas de fixação por placa nas placas do interior da área da cobertura. Deve ainda ser realizado um dente de apoio e tra-vamento no perímetro que se destina a receber as placas periféricas, bem como nas zonas de beirados;

Em coberturas com inclinação superior a 45º localizadas em zonas muito vento-sas, a fixação mecânica deve ser realizada em 6 pontos (aplicando 6 buchas);

4. Aplicação do ripado pré-fabricado, em madeira, PVC ou outro perfil com altura suficiente para garantir a ventilação (normalmente retangular com a dimensão aproximada de 4 cm x 2 cm), por parafuso auto-roscante ou prego galvanizado, dependendo do material. No caso de a ripa ser executada in situ (argamassa) esta deve ter aproximadamente 10 cm por 3 a 4 cm de altura, de forma a facilitar a ventilação. A ripa deve ser interrompida, permitindo desta forma a ventilação da telha na face inferior, evitando a criação de câmaras-de-ar entre cada fiada;

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Figura 7 – Correção do sistema de ventilação e isolamento térmico de uma cobertura inclinada (ripado em madeira) [9].

(1) inspeção do revestimento cerâmico; (2) levantamento do revestimento cerâmico; (3) aplicação do isolamento térmico

FIBRANxps; (4) aplicação do ripado; (5) aplicação do revestimento cerâmico.

(1) inspeção do revestimento cerâmico; (2) levantamento do revestimento cerâmico; (3) aplicação do isolamento térmico

FIBRANxps; (4) execução do ripado em argamassa; (5) aplicação do revestimento cerâmico.

Figura 8 – Correção do sistema de ventilação e isolamento térmico de uma cobertura inclinada (ripado em argamassa) [9].

5. Assentamento da telha (Figura 7, Figura 8 e Figura 9), dependente do tipo de telha que se irá aplicar. Devem garantir-se o alinhamento correto das fiadas, a sobreposição e encaixe da telha, bem como os remates adequados. Devem também prever-se elementos cerâmicos de ventilação em quincôncio numa pro-porção de 3 por cada 10m2 (Figura 10 e Figura 11).

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1 - Revestimento cerâmico;

2 - Subtelha;

3 - Caixa-de-ar;

4 - Ripado de madeira ou argamassa;

5 - Isolamento térmico FIBRANxps;

6 - Tela de impermeabilização;

7 - Suporte;

8 - Revestimento interior.

Figura 9 – Solução de correção do sistema de ventilação e isolamento térmico de uma cobertura inclinada com desvão habitável [9].

1 - Revestimento cerâmico;

2 - Subtelha;

3 - Caixa-de-ar;

4 - Ripado de madeira ou argamassa;

5 - Suporte;

6 - Isolamento térmico FIBRANxps;

7 - Revestimento interior.

Figura 10 – Elementos cerâmicos de ventilação.

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1 - Revestimento cerâmico;

2 - Subtelha;

3 - Caixa-de-ar;

4 - Ripado de madeira;

5 - Isolamento térmico FIBRANxps;

6 - Tela de impermeabilização;

7 - Suporte;

8 - Revestimento interior;

9 - Telha de ventilação.

Figura 11 – Exemplo de aplicação de elementos cerâmicos de ventilação numa cobertura inclinada [9].

Observações: O isolamento térmico pelo interior (Figura 9) é também uma solução contudo não tão eficiente termicamente e como tal não abordada neste guia.

1.1.3.2 Correção de pendente

O objetivo da correção da inclinação da cobertura é facilitar o escoamento normal das águas pluviais e evitar a sua acumulação.

A correção da inclinação é mais simples quando a estrutura de suporte é contínua, contudo é necessário averiguar a capacidade resistente da estrutura.

Aplicação

Caso a estrutura de suporte da cobertura seja contínua poderá regularizar-se a pen-dente com uma camada de betão de forma e proceder-se à aplicação do isolamento térmico, ripado e telha de acordo com o descrito em 1.1.3.1.

Se a estrutura de suporte for descontínua deverão utilizar-se placas de isolamento de espessura não constante XPS de forma a garantir a inclinação mínima pretendida. A es-pessura de isolamento aplicada deve cumprir os requisitos regulamentares (RCCTE [3]).

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1.2 Envelhecimento dos materiais: Degradação do siste-ma estrutural da cobertura (madeira)

1.2.1 Descrição/Formas de Manifestação

• Apodrecimento de pontos críticos (apoios, ligações, intersecções);

• Manchas, alterações de cor e/ou textura, bolores e esfarelamentos;

• Alterações dimensionais, deformações e empenamentos;

• Fendas.

Figura 12 – Degradação de uma cobertura em madeira (vista pelo interior e pelo exterior).

1.2.2. Causas comuns

A degradação de elementos de madeira surge como resultado da ação de agentes atmosféricos, físicos, químicos, mecânicos ou biológicos aos quais este material é sujeito ao longo da sua vida. A degradação é agravada se existirem desajustamen-tos face às exigências a que a cobertura está sujeita.

• Agentes atmosféricos e mecânicos: Os agentes atmosféricos (sobretudo a conjugação da luz solar e da chuva) provocam alterações de cor e textura, no

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entanto trata-se de uma deterioração, em geral, apenas superficial, sem outras consequências além das estéticas;

• Humidade de condensação: O contacto com a água ou humidade ambiente elevada é em geral um facto crítico para a degradação dos elementos em ma-deira, em especial durante o inverno, pois potencia o aparecimento de agentes biológicos que atacam a madeira quando esta tem teores de humidade acima de determinados valores (em geral 20%);

As variações de humidade ambiente, e a consequente alteração do teor em água da madeira, provocam variações dimensionais e de resistência mecânica das peças. Este fenómeno tem, no entanto, um efeito reversível, podendo a madeira recuperar as dimensões e a resistência inicial quando o seu teor em água voltar ao inicial. A humidade elevada também amplia os fenómenos de fluência da ma-deira, provocando grandes deformações sob a ação de cargas. A não proteção térmica da estrutura de madeira também implica um aumento da sua exposição às variações de temperatura exterior e de humidade, contribuindo para a sua degradação potenciando a formação de manchas de humidade, o aparecimento de fungos e bolores, a deterioração dos materiais, e reduzindo o isolamento térmico da cobertura, em especial se o isolamento térmico é humedecido. Este fenómeno ocorre também quando a cobertura confina com zonas onde ocorre uma produção elevada de vapor de água (casas de banho e cozinhas) e espaços com ventilação deficiente;

• Agentes biológicos: São, em geral, a causa mais frequente de deterioração das estruturas de madeira, sendo os responsáveis pela maioria das situações de rotura parcial ou total das estruturas. Destacam-se, pela sua importância (em meio terrestre), os seguintes: fungos de podridão, térmitas e carunchos (sobretudo o caruncho grande). O aparecimento de esfarelamento, podridão e manchas são em geral fenómenos identificadores destes agentes;

• Agentes físicos (cargas excessivas e sobrecargas): Os elementos estrutu-rais de madeira que tenham estado sujeitos a esforços muito elevados (próximos da respetiva tensão de rotura) poderão ter sofrido danos internos capazes de reduzir a sua capacidade de carga. A deformação excessiva dos elementos de madeira devidos a sobrecargas ou cargas excessivas pode conduzir à perda de estanquidade da cobertura, conduzindo à existência de infiltrações que condu-zem à degradação da madeira e agravam ainda mais a deformação da cobertura;

• Funcionamento incorreto dos dispositivos de recolha e drenagem de águas pluviais: pode conduzir à existência de infiltrações e consequentemente à degradação dos elementos em madeira. O mau funcionamento pode ser devi-do a deficiências de projeto, instalação ou manutenção, que podem dar origem a entupimentos e ao desenvolvimento de vegetação parasitária, afetando os materiais e a drenagem da água das chuvas;

• Infiltrações devido a quebra dos elementos de revestimento e ao crescimento

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de vegetação ou ao insuficiente comprimento de sobreposição de elementos de revestimento descontínuos;

• Infiltrações devidas ao assentamento incorreto dos elementos unitários do re-vestimento cerâmico, fixação, encaixe, e sobreposição incorreta ou insuficiente, ao desalinhamento ou deslocamento dos elementos cerâmicos, utilização de te-lhas com formatos ou dimensões não compatíveis e má execução das ligações em pontos singulares (beirais, bordos, remates, cumeeira, larós, chaminés, pla-tibandas, paredes ou outros elementos salientes), podem permitir infiltrações (Figura 13, Figura 14 e Figura 15).

Figura 13 – Cuidados a ter na ligação de uma cobertura inclinada com revestimento cerâmico e a chaminé [9].

1 - Reboco (camada protetora);

2 - Caleira/algeroz;

3 - Telha;

4 - Subtelha;

5 - Ripado;

6 - Isolamento FIBRANxps;

7 - Tela de impermeabilização;

8 - Suporte;

9 - Revestimento interior.

1 - Telhão de cumeeira;

2 - Fixação mecânica;

3 - Telha;

4 - Subtelha;

5 - Ripado;

6 - Isolamento FIBRANxps;

7 - Tela de impermeabilização;

8 - Suporte;

9 - Revestimento interior.

Figura 14 – Cuidados a ter na cumeeira de uma cobertura inclinada com revestimento cerâmico [9].

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1 - Telha;

2 - Subtelha;

3 - Ripado;

4 - Isolamento FIBRANxps;

5 - Tela de impermeabilização;

6 - Suporte;

7 - Revestimento interior;

8 - Caleira.

Figura 15 – Cuidados a ter no isolamento térmico de uma cobertura inclinada com revestimento cerâmico na ligação com a parede [9].

1.2.3 Soluções de reabilitação

Independentemente da solução adotada, em primeiro lugar é sempre necessário avaliar a capacidade resistente da estrutura de madeira não só numa perspetiva global, mas também numa perspetiva pontual/localizada e nos elementos de apoio. Deve medir-se a secção útil da peça de madeira, o seu teor de humidade, avaliar a existência de ocos e estimar o módulo de elasticidade. Existem vários equipamentos e técnicas não intrusivas para avaliar estas características.

1.2.3.1 Substituição da estrutura da cobertura

Caso se conclua que a degradação é generalizada, podendo estar em causa a segu-rança estrutural da cobertura, é aconselhada a demolição de todo o sistema estru-tural e colocação de um sistema em madeira ou em estrutura metálica. Esta solução permitirá garantir as condições de segurança e funcionalidade pretendidas numa cobertura (Figura 16). Implica um custo elevado e uma intervenção global.

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1 - Fileira / Cumeeira;

2 - Pendural;

3 - Perna;

Figura 16 – Cobertura inclinada.

4 - Madre;

5 - Calço;

6 - Vara;

7 - Ripa;

8 - Telha;

9 - Frechal;

10 - Braçadeira;

11 - Linha;

12 - Escora;

13- Pé de galinha.

Aplicação

A demolição deverá ser faseada e recorrendo a processos simples, utilizando marte-los e cinzel, marretas, serrotes, etc.. O procedimento a realizar é (Figura 17):

1. Remoção dos elementos de revestimento;

2. Desmantelamento de elementos secundários (vigotas) e sua remoção;

3. Desmantelamento de elementos principais (asnas) e sua remoção;

4. Execução de nova cobertura. Ver pontos 3 a 5 da secção 1.1.3.1.

Figura 17 – Vista exterior de uma cobertura com estrutura em madeira, antes e após a reabilitação.

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1.2.3.2 Substituição, tratamento e/ou reforço de elementos pontuais da cobertura

Esta solução deve ser implementada nos casos em que se verifiquem anomalias em elementos pontuais e em secções limitadas. Se o elemento de madeira anómalo apresentar alguma capacidade mecânica resistente está em condições de ser trata-do e/ou reforçado. Se o elemento já não for capaz de desempenhar funções estru-turais deve ser substituído. O objetivo desta solução é garantir as características de funcionalidade e segurança da cobertura.

Aplicação

A aplicação desta solução passa pela secagem da madeira, limpeza, tratamento e eventual reforço.

1. Secagem da madeira, melhorando a ventilação e, se necessário, recorrendo a secadores e ventoinhas. O teor em água dos elementos de madeira deverá des-cer para valores abaixo dos 20%;

2. Limpeza da madeira podre ou seriamente atacada por insetos/fungos, que se encontre pulverulenta ou facilmente desagregável;

3. Tratamento da madeira, através de: tratamentos curativos e preventivos de pre-servação; tratamentos antifogo; e tratamentos de proteção contra o envelheci-mento. Aquando da realização destes tratamentos, deve ter-se em consideração a compatibilidade entre os produtos a utilizar nestes tratamentos, a madeira existente e aquela que venha a ser introduzida na obra;

4. Reforço dos elementos anómalos, que pode ocorrer em secções, elementos de ligação ou apoios, sendo a forma de realização do reforço definida em função, entre outros, da sua localização e função estrutural. As principais soluções de reforço passam pela introdução de elementos em madeira (cunhas, empalmes e talas), metálicos (parafusos, cintas, chapas, varões e perfis), resinas (epóxidos, adesivos), elementos mistos ou outros (elementos CFR) (Figura 18);

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1 - Zona de corte e remoção da viga;

2 - Viga do pavimento;

3 - Zona afetada da viga;

4 - Zona destruída da viga;

Figura 18 – Reforço de estrutura de cobertura em madeira e substituição de extremidade de viga de madeira e ligação com chapas metálicas aparafusadas (esquerda).

5 - Soalho a repor;

6 - Zona substituída da viga;

7 - Chapa de ligação;

8 - Forro do teto a repor;

A - Elementos metálicos para reforço de perna de asna de madeira;

B - Aplicação de tirante e chapa metáli-ca para reforço de ligação de perna com linha de asna (direita).

5. Construção dos restantes elementos uma vez assegurada a resistência estru-tural da cobertura. Deve aplicar-se uma barreira para-vapor e, posteriormente, o isolamento térmico XPS em placas ou em painel sandwich sobre o elemento de suporte ou resistente. A espessura de isolamento aplicada deve cumprir os requisitos regulamentares (RCCTE [3]). Deve assegurar-se a ventilação entre o isolamento térmico e o revestimento da cobertura.

Dependendo da inclinação da cobertura pode ser necessário um sistema adicio-nal de impermeabilização.

Observações: Há situações em coberturas de madeira antigas em que existem elementos que podem ser retirados pois, apesar de existirem e se integrarem na estrutura de madeira da cobertura, não têm funções estruturais. Por outro lado em certas situações é necessário introduzir elemento(s) para reforçar a estrutura, no-meadamente para situações de Estado Limite de Utilização (deformação).

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1.3 Manchas de bolor na face interior da laje esteira, sob o desvão ventilado

1.3.1 Descrição/formas de manifestação

As condensações superficiais manifestam-se através do aparecimento de manchas de bolor visíveis na face inferior da laje de esteira (Figura 19), imediatamente abai-xo do desvão ventilado da cobertura inclinada.

Figura 19 – Manchas de bolor em tetos sob desvão devido a fenómenos de condensação.

1.3.2 Causas comuns

As manchas de bolor resultam da ocorrência de condensações superficiais nos tetos sob o desvão, as quais são frequentemente devidas à inexistência de isolamento ou isolamento térmico insuficiente e à ventilação deficiente do compartimento:

• Deficiente ou inexistente isolamento térmico na envolvente, nomeadamente na cobertura;

• Ventilação insuficiente, detetada através da existência de odor a mofo e quando ocorrer a sensação de “ar pesado”;

• Ausência ou insuficiência de aquecimento do espaço interior;

• Higroscopicidade inadequada dos revestimentos interiores. Caso os materiais não tenham a capacidade de absorver humidade a anomalia manifesta-se de forma mais visível;

• Produção de vapor de água significativa no(s) espaço(s) abaixo do desvão, espe-cialmente nas instalações sanitárias e cozinha devido à sua utilização ou noutros compartimentos devido a ocupação excessiva dos espaços e deficiente ventila-ção dos mesmos.

A fraca ventilação pode agravar estas manifestações, pois os esporos que existem no ar desenvolvem-se sempre que se verifique uma temperatura e humidade adequadas.

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1.3.3 Soluções de reabilitação

As soluções de reabilitação desta anomalia passam pela limpeza, pintura do teto e introdução de isolamento térmico na cobertura, garantia de temperaturas interiores adequadas e caudais de ventilação suficientes, de modo a garantir boas condições de utilização do espaço interior. Estas soluções são complementares, mas indissoci-áveis, sendo até contraproducente aplicá-las separadamente.

1.3.3.1 Introdução de isolamento térmico sobre a laje esteira

Aplicação

1. Limpeza do teto através da lavagem com uma solução a 10% de hipoclorito de sódio, seguida da lavagem com esterilizante e depois com água simples. Depois da secagem completa deve ser aplicado um produto fungicida, que deve ser ex-traído por escovagem cerca de três dias após a sua aplicação. Por fim procede-se à pintura geral do paramento ou aplicação de outro acabamento equivalente. Esta ação deve ser associada ao reforço de isolamento e da garantia das condi-ções de ventilação do espaço, caso contrário a anomalia volta a surgir;

2. Introdução de isolamento térmico sobre a laje esteira. A aplicação, de forma contínua, de isolamento térmico XPS sobre a laje esteira (minimizando as pontes térmicas) permitirá diminuir significativamente o risco de ocorrência de conden-sações. Isto porque permite que a temperatura superficial da face interior do teto não seja tão próxima da temperatura do ponto de orvalho para a concentração de vapor de água existente no ar. A aplicação das placas de isolamento térmico (Figura 20) devem ter encaixe meia-madeira para minorar as pontes térmicas e devem ter uma espessura definida de acordo com as exigências regulamentares (RCCTE [3]). Deve anteriormente à aplicação do XPS limpar-se de pó e sujidade a superfície da laje. Supõe-se nesta situação que o desvão é não utilizável.

Observações: Caso não seja possível aplicar o isolamento sobre a laje esteira po-der-se-á colocar sob a laje, associado a um teto falso em gesso cartonado. Contudo esta solução não é a mais eficiente do ponto de vista térmico e pode criar constran-gimentos arquitetónicos devido ao limite do pé-direito.

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1 - Revestimento cerâmico;

2 - Subtelha;

3 - Caixa-de-ar;

4 - Ripado de madeira;

5 - Estrutura;

6 - Desvão ventilado;

7 - Proteção superior ao isolamento térmico;

8 - Isolamento térmico FIBRANxps;

9 - Suporte – laje esteira;

10 - Revestimento do teto.

Figura 20 – Solução de correção do isolamento térmico de uma cobertura inclinada com desvão não habitável [9].

1.3.3.2 Garantia de um sistema de ventilação eficiente e global

O caudal de ventilação do desvão deverá ser permanente assegurando pelo menos um caudal de ventilação de 0,8 renovações de ar por hora, garantindo desta forma a exis-tência de um desvão fortemente ventilado. Este caudal deverá ser garantido através de pequenas aberturas no tardoz da cobertura garantindo a existência de ventilação cruzada. Esta ventilação permitirá reduzir a humidade relativa do ar e por outro lado secar os materiais da cobertura. No verão a ventilação contribuirá para a redução da temperatura no desvão, reduzindo as trocas de calor com o interior da zona habitável.

Deve prever-se a introdução de barreira para-vapor se não for possível garantir um siste-ma de ventilação eficiente ou a produção de vapor de água no interior seja significativa.

Aplicação

Abertura de orifícios no tardoz da cobertura, que deverão ser dimensionados em função da área e volume da cobertura.

1.3.3.3 Introdução de barreira para-vapor

Nos casos em que não seja possível garantir um sistema de ventilação eficiente ou a produção de vapor de água no interior seja significativa, a introdução de uma bar-reira para-vapor permitirá criar, entre a laje de esteira e o isolamento térmico, um

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elemento com elevada resistência à passagem de vapor de água. Esta barreira evitará a passagem de vapor de água e diminuirá os riscos de ocorrência de condensações.

Aplicação

A aplicação da barreira para-vapor depende de esta ser uma membrana (elementos laminares pré fabricados, rígidos ou flexíveis) ou ser uma película de revestimento (compostos semilíquidos que têm alguma resistência ao vapor de água após o seu endurecimento) (Figura 21). A escolha do tipo de barreira depende do definido em projeto e das condições da laje esteira.

1 - Revestimento cerâmico;

2 - Subtelha;

3 - Caixa-de-ar;

4 - Ripado de madeira;

5 - Isolamento térmico FIBRANxps;

6 - Barreira para-vapor;

7 - Tela de impermeabilização;

8 - Suporte;

9 - Revestimento do teto;

Figura 21 – Introdução de barreira para-vapor numa cobertura inclinada [9].

1.3.3.4 Garantir um bom nível de aquecimento no interior

Uma temperatura interior mais elevada (aproximadamente de 18ºC) permite que a temperatura superficial dos elementos construtivos seja adequada (superior à tem-peratura do ponto de orvalho), diminuindo o risco de ocorrência de condensações. Por outro lado a humidade relativa também baixa contribuindo para o mesmo efeito.

O reforço do isolamento térmico da cobertura, em conjugação com o reforço do iso-lamento térmico da parede exterior terá um efeito benéfico para a manutenção de uma temperatura ambiente interior adequada.

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2. ANOMALIAS EM COBERTURAS PLANAS NÃO ACESSÍVEIS

2.1 Degradação do teto falso em gesso cartonado

2.1.1 Descrição/formas de manifestação

O teto falso, em gesso cartonado, de um espaço interior imediatamente abaixo de uma cobertura plana apresenta-se deteriorado. O gesso cartonado está apodrecido e apresenta manchas de humidade e bolor.

2.1.2 Causas comuns

A degradação do teto falso em gesso cartonado deve-se à ocorrência de condensa-ções internas no teto falso, devido à inexistência ou à insuficiência de isolamento térmico na cobertura. Outra causa comum que pode estar na origem deste tipo de anomalias é uma rotura no sistema de impermeabilização, devido ao envelhecimen-to do sistema, falta de manutenção ou erros construtivos (má aplicação da imper-meabilização, pendente insuficiente, etc.) que conduz à existência de infiltrações.

• Ocorrência de condensações internas: Ocorrem sob a impermeabilização (admitindo que o sistema de impermeabilização garante a estanquidade) da cobertura plana, associado à condensação superficial, resultante da difusão de vapor na Primavera. A constituição da cobertura com fraco ou nulo isolamento térmico permite a ocorrência de condensações sob a impermeabilização. Esta humidade acumula se na estação de aquecimento e é transportada para o inte-rior no início da Primavera, quando as condições de temperatura fazem inverter o sentido do fluxo de vapor. O sistema de impermeabilização funciona, neste caso, como uma barreira para vapor existente na zona fria do elemento constru-tivo. A humidade acumula se na superfície inferior da laje formando gotas que, por gravidade, vão cair sobre o gesso cartonado do teto falso, o que conduz à sua degradação;

• Rotura no sistema de impermeabilização: Pendentes incorretas (Figura 22) podem levar à acumulação de água e detritos, o que pode provocar danos nas membranas e consequente perda de estanquicidade. Entupimentos (devido a falta de manutenção), erros de projeto e erros de aplicação do sistema de im-permeabilização podem permitir a ocorrência de roturas, o que se irá refletir em infiltrações, manchas e outras anomalias.

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Figura 22 – Cobertura plana com pendente insuficiente e sem proteção da camada de impermeabilização.

2.1.3 Soluções de reabilitação

A solução de reabilitação para anular a ocorrência de condensações internas terá que in-cluir a aplicação de isolamento térmico. Deverá avaliar-se também o sistema de imper-meabilização para verificar se será necessário proceder à sua substituição (Figura 23).

2.1.3.1 Aplicação de isolamento térmico

No caso de ocorrência de condensações internas, a solução recomendada consiste na aplicação de isolamento térmico XPS na cobertura sob o sistema de impermeabiliza-ção com o objetivo de proteger o elemento estrutural, reduzindo o risco de conden-sações internas e melhorando, simultaneamente, o desempenho térmico do edifício.

O isolamento pode ser reforçado pelo interior ou pelo exterior. Sempre que possível o reforço do isolamento deve ser realizado pelo exterior. A face inferior da laje deve ser limpa e o teto falso deve ser substituído se necessário.

Aplicação

1. Avaliação do estado de conservação do sistema de impermeabilização. Nesta fase todos os elementos da cobertura devem ser inspecionados (rufos, caleiras, zonas de sobreposição, platibandas, etc.).

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Figura 23 – Solução de reforço do isolamento térmico de uma cobertura plana [9].

(1) avaliação do estado de conservação do sistema de impermeabilização; (2) aplicação do isolamento térmico FIBRANxps;

(3) substituição do sistema de impermeabilização; (4) aplicação da proteção mecânica pesada.

2. Aplicação do isolamento térmico XPS. Se o sistema de impermeabilização exis-tente não se encontrar degradado pode ser mantido, funcionando como barreira para-vapor, num sistema de cobertura tipo invertida. A cobertura deve ser limpa e caso a membrana de impermeabilização seja em PVC deve ser colocado um feltro sintético não-tecido com 100 a 150 g/m2 para evitar qualquer possível incompa-tibilidade entre o PVC e o poliestireno extrudido. De seguida, proceder à aplicação das placas de XPS com encaixe meia-madeira seguidas de um feltro geotêxtil para proteger o XPS e impedir a acumulação de detritos e sujidades na membrana de impermeabilização (Figura 24, Figura 25, Figura 26 e Figura 27). A espessura de isolamento aplicada deve cumprir os requisitos regulamentares (RCCTE [3]);

3. Aplicação do sistema de proteção mecânica pesada (godo, seixo rolado, reves-timento cerâmico). Deve ter-se em consideração o peso que este revestimento impõe, devendo ser suficiente para impedir o levantamento das placas de isola-mento por ação do vento e não deve sobrecarregar a estrutura existente;

4. Limpeza da face interior da laje de cobertura plana e substituição do teto falso de gesso cartonado de modo a repor o seu aspeto original.

1 - Proteção mecânica pesada;

2 - Caixa de areia;

3 - Nova impermeabilização;

4 - Novo isolamento FIBRANxps;

5 - Lâmina de separação;

6 - Impermeabilização existente;

7 - Isolamento existente;

8 - Barreira para-vapor;

9 - Lâmina de separação existente;

10 - Camada de regularização;

11 - Suporte;

12 - Revestimento interior.

Figura 24 – Solução de reforço do isolamento térmico, pelo exterior, de uma cobertura plana tradicional [9].

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1 - Proteção mecânica pesada;

2 - Caixa de areia;

3 - Lâmina de separação;

4 - Impermeabilização existente;

5 - Isolamento existente;

6 - Barreira para-vapor;

7 - Lâmina de separação;

8 - Camada de regularização;

9 - Suporte ;

10 - Novo isolamento FIBRANxps;

11 - Revestimento interior

Figura 25 – Solução de reforço do isolamento térmico, pelo interior, de uma cobertura plana tradicional [9].

1 - Proteção mecânica pesada;

2 - Caixa de areia;

3 - Nova impermeabilização;

4 - Novo isolamento FIBRANxps;

5 - Lâmina de separação;

6 - Isolamento existente;

7 - Lâmina de separação;

8 - Impermeabilização existente;

9 - Lâmina de separação existente;

10 - Camada de regularização;

11 - Suporte;

12 - Revestimento interior.

Figura 26 – Solução de reforço do isolamento térmico, pelo exterior, de uma cobertura plana invertida [9].

1 - Proteção mecânica pesada;

2 - Caixa de areia;

3 - Lâmina de separação;

4 - Isolamento existente;

5 - Impermeabilização existente;

6 - Barreira para-vapor;

7 - Lâmina de separação;

8 - Camada de regularização;

9 - Suporte ;

10 - Novo isolamento FIBRANxps;

11 - Revestimento interior

Figura 27 – Solução de reforço do isolamento térmico, pelo interior, de uma cobertura plana invertida [9].

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Observações: Em alternativa pode ser executada uma cobertura do tipo invertida. A colocação do isolamento térmico no teto falso só deve ser realizada se as alterna-tivas anteriores não forem possíveis, uma vez que podem ocorrer condensações na face inferior da laje, na interface com o isolamento, e a inércia térmica do edifício pode também ser afetada negativamente.

2.1.3.2 Substituição do sistema de impermeabilização

No caso de se verificar que o sistema de impermeabilização apresenta roturas que comprometem a sua estanquidade deve proceder-se à sua substituição e a penden-te deve ser adequadamente executada. A nova membrana deve ser substituída por uma com constituição semelhante à existente.

Aplicação

A aplicação da nova membrana dever ter em consideração as regras de aplicação indicadas nas fichas técnicas dos produtos pelos fabricantes.

Podem ser usados sistemas impermeabilizantes à base de produtos pastosos ou líquidos aplicados in situ ou constituídos por membranas armadas de betume-polí-mero APP ou SBS ou por membranas poliméricas armadas ou não armadas de PVC.

Após a substituição da membrana devem repor-se as camadas localizadas acima do sistema de impermeabilização que foram removidas.

O sistema de impermeabilização deve ser dessolidarizado das camadas sobrejacen-tes através da interposição de uma camada constituída por um feltro geotêxtil ou de poliéster.

Aquando da execução da camada de impermeabilização deve ser tido especial cui-dado na execução de remates e sobreposições. A largura de sobreposição de telas ou feltros betuminosos deve ser de pelo menos 0,10 m. Os remates com os elemen-tos emergentes ou reentrantes devem ser aderentes.

Se forem utilizadas proteções pesadas rígidas sobre o sistema de impermeabilização é necessário separar os dois elementos. Podem usar-se feltros de geotêxtil ou duas folhas de plástico.

Uma vez terminada a execução do sistema de impermeabilização e antes de ser aplicada a camada de proteção deve ser efetuado um ensaio de estanquidade à água para detetar possíveis deficiências na execução do sistema.

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2.2 Empolamento do revestimento em tela “auto-protegida”

2.2.1 Descrição/Formas de Manifestação

• Empolamento do revestimento em tela “auto-protegida” da cobertura em terraço não acessível em grande parte da zona corrente da cobertura plana não acessível;

• “Bolsas” de ar na tela estando esta levantada em relação ao suporte (Figura 28).

1 - Elemento emergente;

2 - Camada de impermeabilização (remate);

3 - Pavimento;

4 - Camada de impermeabilização;

5 - Isolamento;

6 - Suporte;

7 - Esmagamento e corte do remate;

Figura 28 – Empolamento da tela de impermeabilização de uma cobertura plana [9].

2.2.2 Causas comuns

Fissuração da betonilha que constitui a camada de suporte: A incorreta conceção/execução da camada de betonilha, nomeadamente a inexistência de juntas de fra-cionamento (de contorno e de dilatação) bem como a inexistência de isolamento térmico são as principais causas da fissuração da betonilha.

2.2.3 Soluções de reabilitação

A solução para a resolução desta anomalia passa por substituir todo o sistema de impermeabilização da cobertura e introduzir ou reforçar o isolamento térmico.

2.2.3.1 Cobertura tradicional: Substituição do sistema de impermeabiliza-ção e introdução do isolamento térmico

Substituição do sistema de impermeabilização e introdução do isolamento térmico com o objetivo de corrigir a execução da betonilha, dotar a cobertura de uma cor-reta impermeabilização e em simultâneo muni-la de isolamento térmico adequado, melhorando desta forma o seu desempenho energético (Figura 29), reduzindo a probabilidade de ocorrência de condensações e melhorando as condições de confor-to térmico dos ocupantes.

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Figura 29 – Substituição do sistema de impermeabilização e introdução de isolamento térmico numa cobertura plana tradicional (isolamento suporte da impermeabilização) [9].

(1) remoção do revestimento e avaliação do estado de conservação do sistema de impermeabilização; (2) substituição do sistema

de impermeabilização; (3) aplicação do isolamento térmico FIBRANxps; (4) aplicação da proteção mecânica pesada.

Aplicação

Remoção do revestimento em tela “auto-protegida” da cobertura em terraço bem como da betonilha fissurada. Se necessário deve proceder-se à correção das pendentes.

Posteriormente aplica-se uma barreira para-vapor seguida do isolamento térmico, seguida da aplicação do novo sistema de impermeabilização, convenientemente di-mensionado, podendo a última camada ser “auto-protegida”.

1. Remoção do revestimento: Demolir o revestimento e a betonilha fissurada, com ajuda de um martelo pneumático e de um compressor, sem colocar em causa a estabilidade estrutural dos elementos contíguos, nem danificar pontos singulares. Proceder à limpeza, armazenamento, remoção e carga manual de entulho para camião ou contentor;

2. Se necessário, regularização de pendentes e aplicação de barreira para-vapor. A pendente (1% a 5%) pode ser realizada com argila expandida (350 kg/m³), descarregada a seco e consolidada na superfície com leitada de cimento (es-pessura média de 10 cm) ou através de betão leve confecionado em obra com argila expandida e cimento (espessura média de 10 cm). De seguida proceder ao acabamento com camada de regularização de argamassa de cimento (2 cm de espessura), talochada e limpa, e finalmente aplica-se a barreira para-vapor;

3. Aplicação de isolamento térmico XPS (Figura 30). A densidade e a resistência à compressão devem ser compatíveis com o tipo de circulação existente. A espessura de isolamento aplicada deve cumprir os requisitos regulamentares (RCCTE [3]);

4. Aplicação do sistema de impermeabilização. A compatibilidade entre as mem-branas de impermeabilização deve ser verificada. Se for prevista a aplicação de uma lâmina sintética de PVC, deverá consultar-se o seu fabricante acerca da compatibilidade entre a sua formulação específica e o XPS. Na maior parte dos casos, será suficiente prever-se a colocação de uma camada de separação tipo

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geotêxtil de gramagem adequada. Não devem ser aplicados sistemas de imper-meabilização que contenham solventes e que possam emiti-los durante ou após a aplicação das placas de isolamento térmico em XPS. Também não podem ser aplicados sistemas de impermeabilização à base de alcatrão, podendo ser utili-zados sistemas betuminosos);

5. Revestimento com proteção pesada em godo, betonilha ou lajetas.

1 - Proteção mecânica pesada (godo ou outra);

2 - Caixa de areia;

3 - Nova impermeabilização;

4 - Isolamento térmico FIBRANxps;

5 - Nova barreira para-vapor;

6 - Nova lâmina de separação;

7 - Camada de regularização reparada;

8 - Suporte;

9 - Revestimento interior.

Figura 30 – Solução de correção da impermeabilização e do isolamento térmico de uma cobertura plana (cobertura tradicional, isolamento suporte da impermeabilização) [9].

Observações: O remate com os elementos de contorno e pontos singulares deve ser devidamente estudado e pormenorizado.

2.2.3.2 Cobertura Invertida: Substituição do sistema de impermeabilização e introdução do isolamento térmico

Substituição do sistema de impermeabilização e introdução do isolamento térmico com o objetivo de corrigir a execução da betonilha, dotar a cobertura de uma cor-reta impermeabilização e em simultâneo muni-la de isolamento térmico XPS melho-rando desta forma o seu desempenho energético.

Aplicação

Remoção do revestimento em tela “auto-protegida” da cobertura em terraço bem como da betonilha fissurada (Figura 31) e se necessário deve proceder-se à cor-reção das pendentes. Posterior aplicação do novo sistema de impermeabilização, convenientemente dimensionado, que funcionará como barreira para-vapor. Aplica-ção do isolamento térmico e um de um revestimento pesado (por exemplo godo). O remate com os elementos do contorno e pontos singulares deve ser devidamente estudado, pormenorizado e realizado em obra.

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Figura 31 – Substituição do sistema de impermeabilização e introdução de isolamento térmico numa cobertura invertida [9].

(1) avaliação do estado de conservação do sistema de impermeabilização; (2) aplicação do isolamento térmico FIBRANxps; (3)

aplicação do novo sistema de impermeabilização; (4) aplicação da proteção mecânica pesada.

1. Remoção do revestimento e da betonilha fissurada com a ajuda de um martelo pneumático e de um compressor, sem colocar em causa a estabilidade estrutural dos elementos contíguos, nem danificar pontos singulares (Figura 31). Proceder à limpe-za, armazenamento, remoção e carga manual de entulho para camião ou contentor;

2. Regularização do suporte e realização da pendente (entre 1% e 5%) usando betão leve confecionado em obra com argila expandida e cimento (espessura média de 10 cm). De seguida proceder ao acabamento com camada de regulari-zação de argamassa de cimento (2 cm de espessura), talochada e limpa;

3. Aplicação da impermeabilização (ver 2.3.2.1);

4. Aplicação do isolamento térmico colocando sobre a impermeabilização um feltro sintético não-tecido de 100 a 150 g/m2 sobre o qual as placas de XPS devem ser aplicadas (não fixadas) com as juntas transversais desencontradas e bem encostadas. Posteriormente deve ser colocado outro feltro sintético idêntico, permeável ao vapor de água, compatível com o XPS que permitirá uma proteção mecânica das placas de isolamento, uma eventual proteção da radiação ultra violeta e uma filtragem dos elementos finos que poderiam acumular-se na im-permeabilização e degradá-la;

5. Aplicação do revestimento pesado para proteção da cobertura não acessível po-dendo este ser constituído por uma camada de seixo rolado, lavado, de granulo-metria 20/40 ou por uma camada de brita lavada com granulometria semelhante (Figura 32). A espessura desta camada não deve ser inferior a 50 cm, o que corresponde a uma carga adicional entre 80 e 100 kg/m2. A cobertura existente deverá ser resistente a esta carga adicional.

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1 - Proteção mecânica pesada;

2 - Caixa de areia;

3 - Isolamento térmico FIBRANxps;

4 - Lâmina de separação;

5 - Nova impermeabilização;

6 - Nova barreira para-vapor;

7 - Camada de regularização;

8 - Suporte;

9 - Revestimento interior.

Figura 32 – Solução de correção da impermeabilização e do isolamento térmico de uma cobertura plana invertida [9].

Observações: O remate com os elementos do contorno e pontos singulares deve ser devidamente estudado, pormenorizado e realizado em obra.

A espessura de isolamento aplicada deve cumprir os requisitos regulamentares (RCCTE [3]).

3. ANOMALIAS EM COBERTURAS PLANAS ACESSÍVEIS

3.1 Manifestações de humidade/infiltrações no revestimento interior das paredes exteriores

3.1.1 Descrição/formas de manifestação

• Manchas de humidade;

• Descascamento da pintura;

• Destacamento parcial da argamassa de revestimento na parede adjacente (Figura 33).

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Figura 33 – Degradação do revestimento da parede exterior devido à existência de infiltrações pela cobertura (vista do interior e do exterior).

3.1.2 Causas comuns

As manchas de humidade e destacamentos no revestimento interior das paredes podem ser consequência de infiltrações que ocorrem na ligação da fachada à cober-tura, devidas essencialmente a defeitos de impermeabilização resultantes de:

• Deficiente remate cobertura/fachada. A membrana de impermeabilização pode não ter sido aplicada corretamente nomeadamente na ligação à face exterior da parede adjacente (Figura 34). A tela deve ser aplicada até 20 cm a 30cm de altura para garantir a correta impermeabilização;

Figura 34 – Infiltrações devido à ligação incorreta entre uma cobertura plana e a platibanda.

• Inexistência ou deficiência de isolamento térmico da cobertura/platibanda, o que pode con-duzir à ocorrência de condensações na zona de ligação entre a cobertura e a parede exterior;

• Deficiência no capeamento da platibanda, o que pode originar a ocorrência de infiltrações na zona de ligação entre a cobertura e a parede exterior;

• Deficiente execução do sistema de recolha e drenagem das águas pluviais da cobertura, o qual pode estar degradado ou obstruído;

• Existência de fissuras na platibanda, as quais podem originar a ocorrência de infiltrações pelas fissuras, sob a impermeabilização (Figura 35).

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Figura 35 – Fissuração de uma platibanda conduzindo à existência de infiltrações.

3.1.3 Soluções de reabilitação

A solução de reabilitação desta anomalia consiste na correção do sistema de drena-gem e do remate do sistema de impermeabilização da cobertura em terraço com a fachada, aplicação correta do isolamento térmico e do rufo da platibanda.

3.1.3.1 Correção do remate de ligação fachada/cobertura

A correção do remate do sistema de impermeabilização da cobertura em terraço com a fachada irá permitir a estanquidade desse ponto singular. Desta forma a água não se infiltrará na fachada.

Antes da sua execução deverá verificar-se se existe ou não sistema de imperme-abilização, se existe isolamento térmico, se existem fissuras na platibanda, e se o capeamento da platibanda está bem executado e não se apresenta degradado

Aplicação

Esta correção deve ser realizada ao nível da ligação entre a cobertura e a platibanda e no topo da platibanda, devendo ser garantida a impermeabilização e o isolamento térmico do sistema. O procedimento recomendado é:

1. Desentupimento da rede de drenagem de águas pluviais caso esta se encontre obstruída;

2. Remoção do revestimento existente (ver 2.2.3.1) e do rufo;

3. Regularização de pendentes, se necessário (ver 2.2.3.1);

4. Execução ou reparação da rede de drenagem de águas pluviais. No que respeita ao dimensionamento das secções dos algerozes e caleiras é necessário atender às regras estabelecidas no Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição

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de Água e de Drenagem de Águas Residuais (Decreto Regulamentar n.º23/95 de 23 de Agosto) [4]. Quanto à condução das águas para a embocadura dos tubos de queda, deverá existir uma ligação estanque que garanta a continuidade da vedação à penetra-ção da água entre a impermeabilização e os tubos. Deve também existir uma proteção contra a entrada de detritos que possam dificultar ou impedir o escoamento das águas pluviais por exemplo, colocação de ralos de pinha e peças em forma de cesto (de ara-me, de cobre, latão ou ferro zincado), para proteção da entrada dos tubos de queda;

5. Selagem das fissuras da platibanda utilizando mástiques próprios para a situa-ção com epóxi ou argamassa expansiva;

6. Aplicação da impermeabilização na laje, no algeroz e na platibanda. A correção do sistema deve ser feita utilizando o mesmo material da impermeabilização de origem. Deverá ser tida em atenção a posição dos ralos e ligações aos tubos de queda em relação à impermeabilização.

A aplicação de impermeabilização à base de produtos pastosos ou líquidos apli-cados in situ deverá ser efetuada sobre superfícies secas e isentas de materiais soltos e gordurosos. Deverá ser aplicada em três demãos, sendo cada demão aplicada em sentido oposto ao da aplicação imediatamente anterior. Se a im-permeabilização for realizada por meio de telas, deve ser realizado o remate da impermeabilização das lajes nas platibandas, paredes adjacentes, chaminés e outros elementos salientes, por um rodapé que se estenda até 20 cm ou 30 cm acima da cobertura depois de pronto. O rodapé deve ficar bem fixado, com a dobra arredondada evitando a existência de arestas vivas. Outro ponto onde ocorrem falhas no sistema de impermeabilização é nos ralos e nas ligações aos tubos de queda. Os ralos devem sempre situar-se sob a impermeabilização, de-vendo esta penetrar 10 cm para dentro dos ralos e permanecer fixada em todo o perímetro, sem arestas vivas.

Na correção da impermeabilização de um ralo com emulsão, quando a imper-meabilização for refeita, deve-se realizar a proteção dentro e em torno do ralo, adotando-se uma área de 1 m², de modo a garantir que não ocorrerão infiltra-ções entre as duas impermeabilizações (zona corrente e ralo).

A impermeabilização dos algerozes deverá ser efetuada com duas camadas de membranas, podendo a sua ligação ser realizada através de soldadura por meio de chama, colagem a frio com colas especiais, ou ainda, colagem a quente utili-zando betume oxidado. Para o remate das membranas poderão ser executados roços no murete do algeroz para colocação da membrana e posterior remate com mástique plástico para preenchimento da junta. Em alternativa, poderão também utilizar-se rufos de zinco. Todas as arestas vivas deverão ser boleadas de forma a evitar danos na impermeabilização causados pela vincagem das membranas.

7. Aplicação do isolamento térmico XPS em zona corrente (ver 2.2.3.2). O isolamento térmico XPS deve envolver a platibanda de modo a assegurar o tratamento da ponte térmica (Figura 36);

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1 - Capeamento da platibanda;

2 - Reboco protetor;

3 - Fixação mecânica;

4 - Proteção mecânica pesada;

5 - Caixa de areia;

6 - Impermiabilização;

7 - Isolamento térmico FIBRANxps;

8 - Barreira para-vapor;

9 - Lâmina de separação;

10 - Camada de regularização;

11 - Suporte resistente;

12 - Revestimento interior;

13 - Isolamento existente;

14 - Caixa-de-ar.

Figura 36 – Solução de correção do isolamento térmico no remate de uma cobertura plana, com a platibanda [9].

8. Instalação do rufo, assegurando a inclinação para o interior da cobertura e a existência de pingadeira de modo a evitar a existência de escorrências. Deve ser tido especial cuidado na execução de ligação entre troços.

3.2 Manchas de bolor e humidade na face interior da cobertura plana (ponte térmica plana)

3.2.1 Descrição/formas de manifestação

Condensações que se manifestam pelo aparecimento de bolores, humidades e manchas (Figura 37).

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Figura 37 – Aparecimento de condensações, fungos e bolores em pontes térmicas não tratadas de coberturas.

3.2.2 Causas comuns

Pontes térmicas planas/inexistência de isolamento térmico. A causa da formação de manchas, bolores e humidade na cobertura plana é a ocorrência de condensação. Por sua vez este fenómeno deve-se à existência de pontes térmicas planas, uma vez que existem materiais com características diferentes na laje aligeirada (aboba-dilhas, vigotas pré-fabricadas de betão e tarugos) e da inexistência de isolamento térmico na cobertura (Figura 38).

As pontes térmicas, devido às maiores perdas de calor induzidas, levam a uma diminuição da temperatura superficial interior em relação à zona corrente. Assim, a possibilidade destas temperaturas serem inferiores à temperatura do ponto de orvalho é muito maior do que na zona corrente da envolvente.

1 - Revestimento de piso;

2 - Camada de regularização;

3 - Camada de compressão;

4 - Laje aligeirada.

Figura 38 – Pontes térmicas não tratadas em coberturas.

3.2.3 Soluções de reabilitação

A solução de reabilitação desta anomalia implica a aplicação de isolamento térmico na cobertura. Recomenda-se também uma ventilação mais eficiente, bem como um melhor aquecimento do edifício.

A aplicação do isolamento térmico pode ser feita pelo exterior ou pelo interior:

• Aplicação de isolamento térmico pelo exterior na cobertura (cobertura inverti-da): É a solução ideal pois permite uma proteção térmica, mecânica e aos raios

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ultravioleta da membrana de impermeabilização, permitindo assim aumentar a sua durabilidade. Por outro lado, do ponto de vista de eficiência energética a opção de isolar pelo exterior do elemento construtivo é mais vantajoso já que mantém a inércia térmica interior do edifício;

• Aplicação de isolamento térmico pelo interior na cobertura: Caso não seja pos-sível isolar a cobertura pelo exterior, por exemplo por motivos arquitetónicos, poderá isolar-se a laje pelo interior. No entanto, esta solução acarreta maiores riscos de condensações internas (entre o elemento de suporte e o isolamento térmico) que deverão ser devidamente analisados em fase de projeto. Por outro lado esta solução pode reduzir a inércia térmica do edifício.

3.2.3.1 Aplicação de isolamento térmico pelo exterior da cobertura

Aplicação do isolamento térmico pelo exterior da cobertura plana de modo a dimi-nuir os riscos de ocorrência de condensações e melhorar o desempenho térmico da cobertura e consequentemente do edifício. Pode evitar o aparecimento de manchas na face interior da laje de cobertura, reduzir os consumos energéticos de aqueci-mento e arrefecimento e melhorar as condições de conforto térmico do edifício.

Aplicação

Deverá avaliar-se a qualidade do sistema de impermeabilização existente e se ne-cessário substitui-lo. Aplicar um feltro geotêxtil e o isolamento térmico XPS sobre a membrana e posteriormente aplicar um revestimento permitindo a acessibilidade à cobertura (Figura 39). A espessura de isolamento aplicada deve cumprir os requisi-tos regulamentares (RCCTE [3]).

Figura 39 – Avaliação das condições existentes e correção do sistema de impermeabilização e do isolamento térmico de uma cobertura plana invertida [9].

(1) avaliação da funcionalidade do sistema de impermeabilização, eventual aplicação de novo sistema de impermeabilização;

(2) aplicação do isolamento térmico FIBRANxps; (4) aplicação do revestimento e limpeza e pintura do teto.

1. Avaliação da funcionalidade do sistema de impermeabilização. Numa primeira fase deverá avaliar-se a qualidade e funcionalidade da impermeabilização da cobertura.

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Nesta fase pode e deve-se também avaliar a existência de pendentes adequadas e se necessário corrigi-las. A ligação da impermeabilização com os elementos sin-gulares (redes de drenagem e elementos emergentes) deve também ser avaliada;

2. Aplicação de um novo sistema de impermeabilização. Se o sistema de imperme-abilização existente estiver danificado deve proceder-se à sua remoção. Depois deve ser realizada a limpeza do suporte. Por último deve ser executado o novo sistema de impermeabilização.

Se o sistema de impermeabilização for constituído por uma membrana de lâmi-na sintética em PVC deverá consultar-se o fabricante para verificar a compati-bilidade entre esta e o XPS. Contudo, a colocação, entre a membrana e o isola-mento XPS de uma camada de separação tipo feltro é suficiente, sendo corrente e aconselhável a sua colocação independentemente do tipo de membrana.

Não devem ser aplicados de sistemas de impermeabilização que contenham solven-tes ou que possam emiti-los durante ou após a aplicação das placas de isolamento térmico XPS, assim como não podem ser aplicados sistemas de impermeabilização à base de alcatrão (embora sejam recomendáveis sistemas betuminosos);

3. Aplicação do isolamento térmico XPS. Após a aplicação do sistema de imperme-abilização deverá colocar-se um feltro sintético e assentarem-se as placas de XPS com espessura adequada de acordo com a regulamentação térmica (RCCTE [3]) (Figura 40);

4. Aplicação do revestimento. Tratando-se de uma cobertura plana acessível o re-vestimento pode ser constituído por lajetas pré-fabricadas de betão, revesti-mento cerâmico ou uma betonilha armada.

Caso o revestimento seja em lajetas de betão, estas deverão estar apoiadas em suportes com uma altura mínima de 20 mm e cuja pressão não danifique o XPS (não deverá ultrapassar a resistência à compressão das placas para uma deformação por fluência inferior a 2%). Deverão garantir-se juntas abertas en-tre as lajetas, de modo a permitir a dilatação e facilitar a drenagem das águas pluviais, bem como permitir a ventilação sob as lajetas. Em alternativa, poderão ser consideradas lajetas de betão com rasgos na face inferior que permitam o fácil escoamento das águas pluviais.

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1 - Proteção mecânica (lajetas);

2 - Material de fixação ou nivelação;

3 - Lâmina de separação sob proteção;

4 - Nova impermeabilização;

5 - Novo isolamento FIBRANxps;

6 - Lâmina de separação;

7 - Impermeabilização existente;

8 - Isolamento térmico existente;

9 - Barreira para-vapor existente;

10 - Lâmina de separação existente;

11 - Camada de regularização;

12 - Suporte;

13 - Revestimento interior.

Figura 40 – Solução de correção, pelo exterior, do isolamento térmico de uma cobertura acessível [9].

Se o revestimento for contínuo, assente em betonilhas ou argamassas como proteção pesada, é necessário ter em consideração um conjunto de cuidados., uma vez que estas camadas poderão funcionar como barreira para-vapor, im-plicando uma forte pressão de vapor de água dando origem a humidades que podem penetrar no sistema (por capilaridade).

Deve ser considerada a utilização de uma camada de dispersão de vapor entre as placas de isolamento térmico e a argamassa de assentamento do revesti-mento (por exemplo uma manta drenante, que não constitua uma barreira para--vapor e que tenha resistência à compressão suficiente para suportar a camada de argamassa ou betonilha).

Deve considerar-se a execução de uma argamassa ou betonilha de assentamen-to devidamente armada com uma espessura mínima de 40 mm e esquartelada. As juntas de dilatação permitem a evacuação do vapor e possibilitam dilatações devido a gradientes de temperatura.

Este tipo de solução conduz à existência de cargas permanentes consideráveis na estrutura, caso tal não seja possível poderá recorrer-se à utilização de la-jetas térmicas pré-fabricadas. Estas lajetas de betão são constituídas por uma camada de argamassa de cerca de 10 a 20 mm assentes em toda a extensão da placa de XPS. Possuem dimensões relativamente reduzidas (usualmente 60 cmx60 cm e com diversas espessuras) sendo aplicáveis sobre a membrana de impermeabilização com recurso a apoios.

5. Limpeza e pintura do teto. Pelo interior da cobertura plana pode proceder-se desde à limpeza do teto e se necessário pintura deste com uma tinta porosa.

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3.2.3.2 Aplicação de isolamento térmico pelo interior da cobertura

Se por algum motivo a correção desta anomalia não puder ser realizada pela apli-cação do isolamento térmico pelo exterior, que é o recomendável, então pode-se recorrer à aplicação de isolamento XPS pelo interior (Figura 41). Neste caso um estudo higrométrico detalhado deverá ser realizado.

1 - Proteção mecânica (lajetas);

2 - Material de fixação ou nivelação;

3 - Lâmina de separação sob proteção;

4 - Impermeabilização existente;

5 - Isolamento existente;

6 - Barreira para-vapor existente;

7 - Lâmina de separação;

8 - Camada de regularização;

9 - Suporte;

10 - Novo isolamento FIBRANxps;

11 - Revestimento interior.

Figura 41 – Solução de correção, pelo interior, do isolamento térmico de uma cobertura acessível [9].

4. ANOMALIAS EM PAREDES EXTERIORES

4.1 Manchas de bolor em paredes de zonas húmidas (ins-talações sanitárias e cozinhas)

4.1.1 Descrição/formas de manifestação

Manchas de bolor acentuadas no revestimento interior das paredes das instalações sani-tárias e/ou cozinha, principalmente na ligação da parede exterior com o teto (Figura 42).

Figura 42 – Bolores em paredes de uma instalação sanitária.

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4.1.2 Causas comuns

Fenómenos de condensação superficial que ocorrem nas paredes da instalação sa-nitária e cozinha devido a uma ou à conjugação de diversas causas:

• Produção significativa de vapor de água no interior do compartimento;

• Ventilação do espaço insuficiente;

• Deficiente ou inexistente isolamento térmico da envolvente;

• Ausência, insuficiência ou intermitência de aquecimento do espaço interior;

• Higroscopicidade inadequada dos revestimentos interiores.

4.1.3 Soluções de reabilitação

As soluções de reabilitação deste tipo de anomalia passam por quatro opções:

• Reforço da ventilação: Esta solução depende da correta utilização dos espaços por parte dos ocupantes, contudo pode recorrer-se à introdução de dispositivos de ventilação (sistemas de extração mecânica permanente ou grelhas auto-regulá-veis, por exemplo) que aumentam os custos da intervenção de reabilitação, mas asseguram a ventilação adequada dos espaços sem intervenção do utilizador;

• Reforço do isolamento térmico das paredes: Este reforço deve ocorrer, sem-pre que possível pelo exterior uma vez que traz vantagens no desempenho tér-mico: melhora a resistência da parede à penetração da chuva; mantém a inércia térmica do edifício; realiza o tratamento das pontes térmicas por continuidade do isolamento, reduzindo a probabilidade de ocorrência de condensações; manuten-ção da área útil; não leva a alterações nas instalações interiores, nem necessidade de reposição de acabamentos; melhoria do aspeto exterior dos edifícios e permite a contínua utilização do espaço interior. Esta solução implica o isolamento de toda a fachada, o que em edifícios multifamiliares nem sempre é possível. Além disso, altera o aspeto exterior do edifício, traz dificuldades de execução de remates, acarreta em geral custos mais elevados, há maior risco de degradação por van-dalismo, os trabalhos são condicionados pelo clima e existe o risco de fendilhação dos revestimentos (em soluções com revestimentos contínuos).

O isolamento pelo interior não é a solução técnica mais eficiente no entanto é uma opção no reforço do isolamento. Traz algumas desvantagens pois implica uma redução do espaço utilizável, a não utilização do espaço durante a obra e a necessidade de refazer as redes existentes na parede (tomadas, por exemplo).

Uma avaliação técnico-económica deverá ser realizada para decidir qual o sis-tema a utilizar;

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• Reforço do aquecimento dos espaços: A seleção dos sistemas de climatiza-ção deve ser ponderada, selecionando sistemas com eficiência elevada;

• Limpeza das superfícies: De modo a repor as condições estéticas da superfí-cie da parede, deve proceder-se à limpeza das superfícies com bolores através de lavagem esterilizante, com uma solução a 10% de hipoclorito de sódio e pela aplicação de um produto fungicida, a remover antes da pintura da superfície (que só pode ser realizada após a secagem da superfície) com um revestimento análogo ao existente.

Há no mercado diversos produtos de limpeza para remoção de bolores e manchas e para posterior impermeabilização das paredes/tetos dos espaços afetados.

A ventilação é essencial para retirar a humidade do espaço.

4.1.3.1 Reforço da ventilação

O reforço da ventilação permite diminuir a humidade relativa dos espaços diminuin-do o risco de ocorrência da anomalia (condensações superficiais).

Aplicação

Este reforço pode concretizar-se através de várias soluções cuja escolha depende da avaliação da gravidade da anomalia, bem como das condições arquitetónicas. Assim, pode recorrer-se à:

• Introdução de um sistema de extração permanente do ar, que no caso de uma instalação sanitária corrente, por exemplo, deveria garantir um caudal de 60 m3/h, em contínuo;

• Introdução de grelha de ventilação auto-regulável no vão do compartimento ou parede (Figura 43);

• Introdução de uma abertura para o exterior (se possível) com grelhas de intem-péries na parede, de modo a permitir a sua abertura independentemente das condições climatéricas;

• Introdução de extrator de chaminé giratório com chapéu dinâmico (eólico). Esta solução é útil em cozinhas.

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Figura 43 – Grelhas de ventilação instaladas na caixilharia.

Se não for possível a realização de nenhuma das intervenções referidas, a solução passa pela consciencialização dos utilizadores para a melhoria da ventilação natural, através da abertura dos vãos envidraçados, utilização dos exaustores da cozinha e dos extratores de utilização pontual das instalações sanitárias.

4.1.3.2 Reforço do isolamento térmico das paredes pelo exterior

Aplicação do isolamento térmico pelo exterior e revestimento final da solução de modo a melhorar o isolamento térmico e o conforto térmico dos ocupantes, minimi-zando riscos de ocorrência de condensação superficial.

Aplicação

As soluções de aplicação de isolamento térmico pelo exterior que podem ser realiza-das são de dois tipos: revestimentos independentes descontínuos com interposição de um isolamento térmico na caixa-de-ar (fachada ventilada); e sistemas compó-sitos de isolamento térmico pelo exterior com revestimento sobre isolante (ETICS - Extermal Thermal Insulation Composite System).

A ligação do sistema com peitoris, enquadramentos de vãos e outros elementos sa-lientes da construção deve ser realizada através da execução de juntas estanques.

As arestas, os topos superiores, inferiores e laterais do sistema devem ser protegi-dos e recobertos ou protegidos com cantoneiras e perfis de reforço. O recobrimento dos topos superiores do sistema ETICS com peças de capeamento, rufos, perfis de peitoris ou telhas de beira é essencial para garantir a estanquidade do sistema.

Revestimentos independentes descontínuos com interposição de um isolante térmi-co na caixa-de-ar:

1. Limpeza da face exterior da parede de fachada, para eliminação de micro orga-nismos vegetais, de poeira e de material friável;

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2. Aplicação do isolamento térmico XPS, fixado diretamente à parede de fachada. A espessura de isolamento térmico a aplicar deve assegurar o cumprimento dos requisitos definidos no RCCTE [3] (Figura 44);

3. Execução da estrutura (de madeira ou metálica) formada por montantes ou tra-vessas para suporte do revestimento;

4. Fixação, à estrutura de madeira ou metálica, do revestimento independente exterior (constituído, por exemplo, por placas de pedra natural, metálicas, de material cerâmico ou de material plástico), de modo que as juntas horizontais entre placas sejam de sobreposição e as verticais sejam desencontradas (entre este revestimento e o isolante deve ser definida uma caixa de ar com pelo me-nos 20 mm de espessura).

5. Pintura do paramento exterior do revestimento (quando aplicável).

1 - Isolamento térmico FIBRANxps;

2 - Caixa-de-ar;

3 - Estrutura de suporte do revestimento;

4 - Revestimento;

5 - Suporte;

6 - Acabamento interior.

Figura 44 – Solução de correção/reforço do isolamento térmico das paredes pelo exterior - revestimentos independentes descontínuos [9].

Sistemas compósitos de isolamento térmico pelo exterior com revestimen-to aplicado sobre isolante

Poderá ser aplicado da seguinte forma:

1. Limpeza da face exterior da parede de fachada, para eliminação de micro orga-nismos vegetais, de poeiras, de materiais friáveis e de restos de tintas ou reves-timentos anteriores. Deve assegurar-se a resistência do suporte;

2. Fixar o perfil metálico de suporte das placas (a pelo menos 5 cm do solo) antes de aplicar a primeira fiada de placas de isolamento. Na primeira fiada de placas a rede de fibra de vidro deve envolver as placas (colando a rede de fibra de vidro

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sobre o perfil metálico de suporte às placas e dobrando-a sobre as placas de isolamento) (Figura 45);

Figura 45 – Reforço do isolamento térmico pelo exterior – ETICS [9].

(1) Inspeção e limpeza da parede; (2) colocação do isolamento térmico; (3) aplicação do revestimento;

(4) execução do acabamento final.

3. Colagem, parcial (por pontos ou por bandas), ou plena (cola espalhada com es-pátula denteada), das placas de XPS, sobre o pano exterior (Figura 46). As placas de isolamento devem ser posicionadas com juntas verticais desencontradas (co-meçando as fiadas ora com uma placa ora com meia placa de isolamento). Em fachadas em que as irregularidades sejam inferiores a 10mm pode realizar-se a colagem plena. Se as irregularidades ultrapassarem os 10mm deve usar se a cola-gem parcial (8 pontos por placa). Pode ser necessário proceder à fixação mecânica (8 buchas/m2, aplicadas 24 horas após a colocação das placas). A mistura de co-lagem não deve ser aplicada nos topos das placas para não criar pontes térmicas;

Figura 46 – Solução de correção/reforço do isolamento térmico das paredes pelo exterior – sistema com-pósito de isolamento térmico [9].

1 - Acabamento exterior;

2 - Rede de fibra de vidro;

3 - Isolamento FIBRANxps;

4 - Reboco existente;

5 - Argamassa existente;

6 - Pano exterior;

7 - Caixa-de-ar;

8 - Isolamento existente;

9 - Pano interior;

10 - Argamassa;

11 - Revestimento interior.

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53

4. Aplicação, com talocha metálica, da primeira demão da camada de base do revestimento;

5. Colocação da rede normal de fibra de vidro sobre a primeira demão da camada de base, estando ainda esta fresca. As sobreposições deverão ter pelo menos 10 cm e nos cantos a rede deve contornar a aresta em pelo menos 15 a 20cm. Reforçar os cantos dos vãos (janelas, portas, etc.), aplicando a rede de fibra de vidro com uma inclinação de 45º relativamente às arestas do vão;

6. Embebimento da rede normal da primeira demão (ainda fresca) na camada de base, mediante passagem de uma talocha metálica;

7. Aplicação de cantoneiras de proteção nos cantos;

8. Aplicação, com talocha metálica, da segunda demão da camada de base do reves-timento quando a primeira demão estiver suficientemente seca (em geral 48 horas após a aplicação da primeira demão), de modo a recobrir completamente a rede;

9. Aplicação do primário exigido pela camada de acabamento do revestimento, após secagem completa da camada de base;

10. Proteger as áreas onde o sistema se encontre próximo de telhados, janelas, portas, etc., para evitar infiltrações de água;

11. Colmatar todas as juntas com cordão de fundo e mástique elastómero acrílico;

12. Aplicação, com talocha ou rolo, da camada de acabamento do revestimento, em geral executada a partir de um revestimento delgado de massas plásticas para paredes (revestimento de ligante sintético ou misto armado), obrigatoriamente de cor clara.

As juntas existentes no suporte (nomeadamente juntas de dilatação, de construção e de esquartelamento) devem ser respeitadas e ter correspondência no sistema.

Nas zonas acessíveis dos paramentos das paredes, a camada de base do revesti-mento deve ser constituída por três demãos, em vez de duas, e incorporar duas redes, sendo uma reforçada e a outra normal.

4.1.3.3 Reforço do isolamento térmico das paredes pelo interior com con-tra-fachada de gesso cartonado hidrofugado

Aplicação do isolamento térmico pelo interior e revestimento final da solução de modo a melhor o isolamento térmico e o conforto térmico dos ocupantes, minimi-zando riscos de ocorrência de condensação superficial.

Aplicação

O isolamento poderá ser aplicado pelo interior através da aplicação de uma contra fachada de gesso cartonado hidrofugado com isolamento térmico XPS (Figura 47):

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1. Aplicação da estrutura resistente, normalmente em perfis metálicos ómega, que deve ser aparafusada à parede exterior existente (caso esta apresente boas condições de suporte). Devem utilizar-se parafusos autorroscantes ou autoper-furantes. Os perfis metálicos devem ser colocados na vertical, espaçados de 60 cm e na horizontal (na zona superior e inferior), para facilitar a aplicação de remates e rodapés. Entre as placas de paramento e o isolamento térmico deve existir uma caixa de ar com espessura não inferior a 20 mm. Deve aplicar-se uma banda acústica nas raias para minimizar a propagação de ruídos;

Figura 47 – Execução de uma contra-fachada com isolamento térmico e gesso cartonado [9].

(1) inspeção da parede; (2) colocação dos perfis de fixação; (3) colocação do isolamento térmico;

(4) fixação das placas de gesso cartonado e execução do acabamento final.

2. Aplicação do isolamento térmico XPS na face interior da parede exterior (Figura 48). A espessura de isolamento térmico a aplicar deve assegurar o cumprimento dos requisitos definidos no RCCTE [3];

Figura 48 – Solução de correção/reforço do isolamento térmico das paredes pelo interior com gesso cartonado [9].

1 - Acabamento exterior;

2 - Agamassa;

3 - Pano exterior;

4 - Caixa-de-ar;

5 - Isolamento existente;

6 - Pano interior;

7 - Argamassa de regularização;

8 - Estrutura resistente;

9 - Isolamento FIBRANxps;

10 - Placas de gesso cartonado;

11 - Acabamento interior.

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3. Fixação, por aparafusamento, das placas de gesso cartonado hidrofugado (com espessura mínima de 12,5 mm), à estrutura resistente, de modo que as juntas verticais coincidam com a estrutura de fixação (Figura 49);

4. Refechamento das juntas entre as placas segundo a técnica apropriada a este tipo de material (colagem de bandas cobre-juntas e aplicação subsequente de uma massa especial de gesso);

5. Reposição das redes eventualmente existentes.

Figura 49 – Fixação das placas de gesso cartonado à estrutura.

6. Execução das ligações e remates com as situações singulares que ocorrem nos remates com vãos de janelas e portas, designadamente na ligação com peitoris e enquadramentos de vãos, que deverão ser prolongados tendo em conta o au-mento da espessura das paredes;

7. Execução do reboco e aplicação do acabamento final. O paramento interior da contra--fachada, uma vez que se trata de uma zona húmida, deve ser provido de lambril com características idênticas ao existente nas restantes paredes desses compartimentos.

4.1.3.4 Reforço do isolamento térmico das paredes pelo interior com recurso a uma contra-fachada de alvenaria com isolamento térmico no espaço de ar

Aplicação do isolamento térmico pelo interior e realização de uma contra-fachada em alvenaria de tijolo de modo a melhorar o isolamento e o conforto térmico do espaço (Figura 50).

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Aplicação

Figura 50 – Execução de uma contra-fachada em alvenaria cerâmica [9].

(1) inspeção da parede; (2) colocação do isolamento térmico; (3) Construção do pano de alvenaria;

(4) execução do reboco e acabamento final.

1. Limpeza e secagem da parede existente;

2. Aplicação, por colagem, do isolamento térmico XPS na face interior da parede exterior. A espessura de isolamento térmico a aplicar deve assegurar o cumpri-mento dos requisitos definidos no RCCTE [3];

3. Execução do novo pano de alvenaria em tijolo cerâmico 30x20x7 cm separado da face à vista das placas de isolante previamente aplicadas por uma caixa-de--ar com cerca de 30 mm (Figura 51).

Figura 51 – Solução de correção/reforço do isolamento térmico das paredes pelo interior com uma contra-fachada em alvenaria cerâmica [9].

1 - Reboco;

2 - Agamassa;

3 - Suporte - pano exterior;

4 - Isolamento FIBRANxps;

5 - Caixa-de-ar;

6 - Contra-fachada em alvenaria cerâmica;

7 - Revestimento;

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4. Execução da caleira de drenagem na caixa-de-ar, com pendente mínima de 2% e abertura de furos de drenagem para o exterior, para recolha e drenagem de água de condensação ou que possa infiltrar-se através do pano existente;

5. Reposição das redes eventualmente existentes;

6. Execução das ligações e remates com as situações singulares que ocorrem nos remates com vãos de janelas e portas, designadamente na ligação com peitoris e enquadramentos de vãos, que deverão ser prolongados tendo em conta o au-mento da espessura das paredes;

7. Execução do reboco e aplicação do acabamento final. O paramento interior da contra-fachada deve ser provido de lambril com características idênticas ao exis-tente nas restantes paredes do compartimento;

Pormenores construtivos e situações singulares designadamente na remates de li-gação com peitoris e enquadramentos de vãos, devem ser previstos anteriormente.

4.1.3.4 Reforço do aquecimento

O reforço do aquecimento ambiente também diminui o risco de ocorrência desta ano-malia pois promove a secagem mais rápida das paredes/tetos. Este aquecimento para além do aumento da temperatura ambiente também aumenta temperatura superficial das paredes, diminuindo o risco de ocorrência de condensações superficiais. Este re-forço deve garantir uma temperatura média no interior superior a 18/20 ºC [3, 5, 6].

Aplicação

Introdução de sistemas de ar condicionado, de preferência com elevado rendimen-to. Em alternativa, na impossibilidade da instalação dos anteriores poderão ser uti-lizados aquecedores, radiadores ou outro sistema de aquecimento.

4.2 Manchas de bolor em paredes de zonas não húmidas

4.2.1 Descrição/formas de manifestação

Manchas de bolor acentuadas (Figura 52) na superfície interior da parede exterior de uma zona não húmida (quartos).

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Figura 52 – Ocorrência de condensações com aparecimento de bolores em pontes térmicas planas.

4.2.2 Causas comuns

Fenómenos de condensação superficial na face interior da parede de fachada, resultante, principalmente, da ausência de isolamento térmico e de ventilação suficiente (ver 4.1).

4.2.3 Soluções de reabilitação

A redução do desenvolvimento de manchas de bolor nas paredes dos quartos e salas, devido a fenómenos de condensações superficiais, passa pelo reforço do iso-lamento térmico da parede exterior, pela criação de um sistema de ventilação geral e permanente e pelo reforço do aquecimento da habitação.

As soluções de reabilitação são idênticas às enumeradas e descritas em 4.1.3.

4.3 Manchas de humidade na ligação da parede exterior com duplo paramento e o pavimento

4.3.1 Descrição/formas de manifestação

Manchas de humidade ao nível da base da parede no revestimento interior de uma parede exterior (Figura 53).

Figura 53 – Aparecimento de manchas de humidade na ligação entre uma parede exterior e o pavimento.

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59

4.3.2 Causas comuns

A causa mais comum da ocorrência desta anomalia é infiltração que ocorre devido a fissuras existentes no pano exterior da fachada (Figura 54), à existência de deficiências construtivas na caixa-de-ar, que permitem a acumulação de humidade e/ou devido a infiltrações que se manifestam no pano interior, muitas vezes também já fissurado. A inexistência de aberturas de drenagem e ventilação da caixa-de-ar e a incorreta loca-lização do isolamento térmico são também causas para a ocorrência desta anomalia.

Figura 54 – Aparecimento de fissuras no pano exterior de uma parede de fachada.

Infiltrações que podem ser devidas a:

• Fissuração do pano exterior (Figura 54), a qual pode ocorrer devido a muitos fenómenos, um dos mais comuns é a deformação de carácter higrotérmico do revestimento cerâmico (caso este exista). Estas deformações ocorrem devido a variações dimensionais ocorridas pela ação da temperatura, pela expansão irreversível resultante da humidade, agravada pela inexistência de elementos de travamento da alvenaria e por vezes pelo facto do pano exterior estar apoiado ao nível do topo das lajes. Em revestimentos não cerâmicos a fissuração pode ocorrer pela má qualidade das argamassas de revestimento, devido a erros de aplicação e até erros de projeto. Pode também ocorrer fissuração devido ao excesso de cargas nas paredes ou movimentações/deformações excessivas da estrutura de suporte ou até por assentamento das fundações;

• Deficiências construtivas e funcionais da caixa-de-ar. A base da caixa-de-ar pode não se encontrar impermeabilizada, pode apresentar-se preenchida com lixo de obra, permitindo a condução da água infiltrada para o interior da parede. Deve indagar-se a correta construção dos remates e pormenores;

• Inexistência de aberturas de ventilação. Devido a incorreções construtivas o pano exterior da fachada pode não apresentar aberturas de drenagem e venti-lação o que pode levar a uma acumulação de humidade na caixa-de-ar. Se não existir isolamento térmico ou este estiver mal aplicado a manifestação da ano-malia pode ser agravada.

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4.3.3 Soluções de reabilitação

As soluções de reabilitação deverão passar pela intervenção na parede exterior já que as causas desta anomalia encontram-se nesse elemento construtivo. A escolha da solução deverá ser feita em função da(s) causa(s) da anomalia:

• Tratamento da fissuração e impermeabilização da fachada: A superfície exterior da fachada deve ser tratada e impermeabilizada com um reboco com argamassa à base de polímeros, armado com fibra de vidro, após tratamento da fissuração. Caso o revestimento da fachada seja cerâmico os elementos cerâmicos podem ser recolocados de forma correta, ou seja garantindo a existência de juntas de dilatação;

• Melhorar a ventilação da parede exterior: Deve melhorar-se a ventilação através da abertura de roços, no pano exterior da fachada, junto ao teto e pavimento (com inclinação adequada para o exterior). Se possível deve efetuar-se também a aplicação de dispositivos de drenagem na base da caixa-de-ar das paredes;

• Limpeza e impermeabilização da caixa-de-ar e verificação da correta localização do isolamento térmico: A limpeza da caixa-de-ar e a sua impermeabilização per-mitirá o seu bom funcionamento. O isolamento térmico deve ser colocado junto ao pano interior permitindo a desobstrução da caixa-de-ar;

• Reforço do isolamento térmico pelo exterior (ver 4.1.3.2): Permite proteger da incidência e penetração da humidade da face degradada, por fissuração, da pa-rede exterior, evitando a ocorrência de infiltrações. Para além de aumentar o isolamento térmico, tratar as pontes térmicas, reduzindo a probabilidade de ocorrência de condensações, reduz os consumos energéticos do edifício e au-menta as condições de conforto térmico dos ocupantes.

4.4 Manchas de humidade na face interior da parede exterior (ponte térmica plana)

4.4.1 Descrição/formas de manifestação

Manchas de humidade na zona interior dos talões de viga e pilares (elementos es-truturais em betão armado) e também em caixas de estore (Figura 55).

Esta anomalia se não for tratada pode dar origem a problemas mais graves de de-gradação do revestimento interior e permitir o desenvolvimento de bolores prejudi-cando a salubridade do espaço e saúde dos utilizadores.

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Figura 55 – Aparecimento de bolores numa ponte térmica plana (caixa de estore).

4.4.2 Causas comuns

Fenómeno de condensações superficiais existente nos elementos estruturais e caixas de estore devido à inexistência de isolamento térmico a corrigir as pontes térmicas, à ventilação insuficiente do compartimento e à baixa temperatura ambiente (ver 4.1).

4.4.3 Soluções de reabilitação

As soluções de reabilitação deste tipo de anomalias passam por três opções: o re-forço do isolamento térmico, neste caso pelo exterior; o reforço da ventilação e o aquecimento do espaço. A ventilação é essencial para retirar a humidade do espaço.

• Introdução de isolamento térmico pelo exterior: aplicação de isolamento térmico XPS pelo exterior da fachada de forma contínua minimizando as pontes térmi-cas. Este isolamento pode ser aplicado utilizando o sistema ETICS ou através de um sistema em fachada ventilada. Uma avaliação técnico-económica deverá ser realizada para decidir qual o sistema a utilizar;

• Garantir um sistema de ventilação eficiente e global (ver 4.1.3.1): O caudal de ventilação do compartimento pode ser regulado através da utilização de grelhas auto-reguláveis nas caixilharias ou junto aos vãos. Esta não é uma solução tão eficiente quanto a anterior já que não permite melhorar o conforto térmico do espaço;

• Garantir um bom nível de aquecimento no interior do espaço (ver 4.1.3.4): Se possível deve garantir-se uma temperatura interior superior a 18ºC.

A aplicação de isolamento térmico pelo exterior é a solução mais eficiente. Contudo, se esta não for viável poderá ainda recorrer-se à aplicação de isolamento térmico pelo interior, nomeadamente com recurso a placas de gesso cartonado para o aca-bamento final (ver 4.1.3.2 e 4.1.3.3).

4.4.3.1 Introdução de isolamento térmico pelo exterior (ETICS)

Aplicação de isolamento térmico pelo exterior com objetivo de corrigir pontes térmicas.

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Aplicação

O isolamento térmico XPS deve ser aplicado por colagem e fixação mecânica ao suporte, sendo posteriormente aplicada uma rede de fibra de vidro. Finalmente é aplicado o revestimento final à cor desejada (Figura 56). A espessura de isolamento deve respeitar os requisitos definidos na regulamentação (RCCTE [3]).

Figura 56 – Tratamento de pontes térmicas planas através da aplicação de isolamento térmico pelo exterior [9].

1 - Acabamento exterior;

2 - Rede de fibra de vidro;

3 - Isolamento FIBRANxps;

4 - Pano exterior;

5 - Revestimento interior;

6 - Pano interior;

7 - Isolamento térmico existente;

8 - Caixa de estore.

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Poderá ser aplicado da seguinte forma:

1. Limpeza do suporte. As paredes em betão, alvenaria (de pedra, tijolos cerâ-micos ou blocos de betão) e as estruturas reticuladas em betão armado com tamponamentos em tijolo deverão apresentar-se mecanicamente resistentes, isentas de destacamentos, perfeitamente limpas e isentas de qualquer resíduo, pó, gordura, descofrante ou qualquer outra substância que possa comprometer a aderência das placas XPS ao suporte. O suporte deve estar seco no momento da aplicação.

Caso as paredes se encontrem desaprumadas ou apresentem irregularidades (blocos fora de esquadria, tocos ou arredondados) será necessário restaurar a planidade e/ou a verticalidade mediante a execução de um reboco. Irregulari-dades e defeitos de planimetria superiores a 10 mm devem ser regularizados através da execução de um reboco de resistência adequada ao suporte.

O sistema não deve ser realizado em paredes sujeitas a humidade ascendente por capilaridade, a não ser que se tenha efetuado previamente uma intervenção de beneficiação profunda (por exemplo através da execução de barreiras de tipo mecânico ou químico);

2. Aplicação do isolamento térmico. Para a colagem das placas XPS aconselha-se a distribuição do adesivo em toda a superfície da placa (prever um perímetro de 2 cm para que o adesivo não reflua para a junta). Este tipo de colagem é acon-selhado para suporte rebocados, planos e regulares. Pode ainda utilizar-se outro método de colagem, através de um cordão perimetral e dois pontos de adesivo no centro. É fundamental que a área de colagem seja de pelo menos 60% da área total da placa. As placas de XPS devem ser coladas horizontalmente, de baixo para cima em fiadas sucessivas e contra-fiadas, devidamente apoiadas em perfis de arranque. Devem ser ainda dispostas assimetricamente e imedia-tamente coladas ao suporte após a colocação do adesivo não sendo permitidas juntas entre placas superiores a 2 mm.

A colocação das placas deve respeitar a planimetria relativamente às placas adjacentes e evitar erros de planimetria na fachada. A fixação mecânica com buchas adequadas, complementar à colagem da placa pode e deve ser aplicada.

O comprimento da bucha deve ser adequado à espessura da placa de modo a atravessá-la e ainda penetrar no suporte em pelo menos metade da espessura do isolamento. Aconselha-se a colocação de pelo menos 4 buchas por placa, se o suporte apresentar boa coesão e o adesivo for distribuído de forma homogénea na placa, caso contrário o número de buchas aumenta para 6 a 8 por metro qua-drado. Caso a aplicação ocorra com barramento perimetral e com dois pontos de adesivo ao centro é importante garantir que a bucha é aplicada em zonas onde exista adesivo (Figura 57);

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Figura 57 – Colocação de buchas de fixação das placas de isolamento térmico.

A utilização de revestimentos pesados, implica cuidados adicionais na aplicação e não se incluem no âmbito deste guia.

Após o assentamento das placas de XPS devem ser tratados pontos singulares, como esquinas de paredes e contornos de vãos.

Devem ser aplicados todos os elementos acessórios a este sistema sempre que se considere necessário e que a empresa fornecedora do sistema assim o acon-selhe, tais como perfis de canto, perfis de arranque, perfis acessórios para re-mates de vãos, cordões de espuma para selagem, perfil de pingadeira, etc..

De modo a não deixar entrar para o interior do sistema qualquer pó, impureza, ar ou água as juntas devem ser devidamente seladas com cordões de espuma polie-tilénica extrudida, selão acrílico em dispersão aquosa ou mástique para exterior;

3. Barramento e colocação da rede de fibra de vidro. Antes da primeira camada de revestimento deve ser aplicado um reforço de rede junto aos cantos dos vãos. Este reforço deve ser feito considerando tiras de rede de fibra de vidro antial-calino posicionadas a 45º sobre a placa de isolamento utilizando a argamassa de colagem (. Todos os pormenores devem ser considerados tal como indicação técnica do detentor do sistema ETICS.

A aplicação do primeiro barramento só deve ser efetuada após o endurecimento da argamassa de colagem e da fixação mecânica das placas. A rede de fibra de vidro resistente aos alcális do cimento deve ser aplicada devidamente esticada e garantindo a sobreposição lateral, de pelo menos 10 cm. Após a colocação da rede e com a argamassa ainda fresca deve-se alisar a argamassa com uma talo-cha lisa, permitindo a incorporação da rede na mesma. Após secagem aplica-se a segunda demão da argamassa, já por cima da rede. É importante garantir a espessura constante e não corrigir erros de planimetria das placas com arga-massa de colagem pois este facto pode originar anomalias como fendilhação,

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ondulações, etc. Os tempos de abertura dos adesivos e argamassas devem ser respeitados. Não é aconselhável a aplicação do sistema ETICS a temperaturas superiores a 30ºC, nem inferiores a 5ºC, nem sob radiação solar direta e não é aconselhável a aplicação do sistema sob ventos fortes. Não é permitida apli-cação do sistema se houver a possibilidade deste apanhar chuva enquanto os materiais não estiverem todos secos;

4. Aplicação do acabamento final. Após a secagem das duas demãos deve ser aplicado, a rolo, um primário de modo a uniformizar a absorção do suporte. Finalmente, e após secagem deste, deve aplicar-se o acabamento indicado no Caderno de Encargos (CE).

Não são aconselháveis cores escuras, nomeadamente com um coeficiente de absorção de radiação solar superior a 0,7 e um índice de reflexão de luz não inferior a 20%. A cor é muito relevante neste sistema podendo por em causa a sua durabilidade.

Observações:

Outras regras a ter em consideração:

• Não aplicar o sistema em fachadas com inclinação inferior a 45º.

• Não iniciar a aplicação do sistema sobre suportes em que não tenha decor-rido pelo menos um mês sobre a sua execução (alvenarias, betão, reboco), para que se encontrem em condições de estabilidade e secagem adequadas.

4.4.3.2 Garantir um sistema de ventilação eficiente e global

O sistema de ventilação do compartimento pode ser melhorado através da intro-dução de grelhas auto-reguláveis nas caixilharias ou junto aos vãos, aberturas, arejadores, ventiladores ou sistemas de ventilação mecânica (se possível com recu-peração de calor) (ver 4.1.3.1).

Esta não é uma solução tão eficiente quanto a descrita em 4.4.3.1 já que não per-mite melhorar o conforto térmico do espaço.

4.4.3.3 Garantir um bom nível de aquecimento no interior do espaço

Introdução de sistemas de aquecimento, de preferência com elevado rendimento, a fim de garantir um bom nível de aquecimento interior do espaço (ver 4.1.3.4). Se possível deve garantir-se uma temperatura interior superior a 18ºC. Em alternativa, na impossibilidade da instalação dos anteriores poderão ser utilizados aquecedores, radiadores ou outro sistema de aquecimento. A seleção dos sistemas de climatiza-ção deve ser ponderada.

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5. ANOMALIAS EM PAREDES INTERIORES

5.1 Fissuração em paredes interiores junto da laje de teto

5.1.1 Descrição/formas de manifestação

Fissuração em paredes interiores, nomeadamente fissuração diagonal.

5.1.2 Causas comuns

• Movimento das fundações (assentamentos diferenciais das fundações diretas; variação do teor de humidade do solo argiloso; heterogeneidades e deficiente compactação de aterros);

• Ação de cargas extremas, deformação do suporte da parede (pavimento muito deformável; deformação excessiva de consolas);

• Variações de humidade nos materiais que ocasionam modificações nas dimensões dos materiais porosos que integram os elementos de construção. Se existirem vínculos que impeçam ou restrinjam estas modificações aparecerão fissuras;

• Ação de gelo e degelo;

• Ataques químicos;

• Outros (acidentes naturais, envelhecimento dos materiais);

• Variações de temperatura (movimento de coberturas, estrutura e da própria pa-rede devido a variações térmicas).

Neste guia são focadas apenas a fissuras provocadas por variações de temperatura.

Os elementos construtivos estão sujeitos a variações de temperatura, diárias e sa-zonais. Estas variações de temperatura dão origem a variações dimensionais dos materiais da construção (dilatação ou contração) [7, 8]. Os movimentos de dilata-ção e contração são restringidos pelas ligações entre os vários elementos, desen-volvendo se assim tensões nos materiais que poderão provocar o aparecimento de fissuras (Figura 58).

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Figura 58 – Fissuração devido à expansão da alvenaria cerâmica.

As principais movimentações diferenciadas devido a fenómenos térmicos ocorrem devido a:

• Ligação de materiais com diferentes coeficientes de dilatação térmica, sujeitos às mesmas variações de temperatura (por exemplo, movimentações diferencia-das entre argamassa de assentamento e componentes de alvenaria);

• Exposição de elementos a diferentes solicitações térmicas naturais (por exem-plo, cobertura em relação às paredes de um edifício);

• Gradientes de temperatura ao longo de um mesmo componente (por exemplo, gradiente entre a face exposta e a face protegida de uma laje de cobertura).

Em paredes interiores o fenómeno de fissuração ocorre por excessiva deformação da cobertura plana imediatamente acima da parede e/ou devido à deformação da laje de pavimento.

Estas deformações ocorrem devido à existência de um gradiente de temperatura ao longo do suporte (pavimento) ou teto (cobertura) pois ambos estão em contacto com o exterior e não estão isolados, nem protegidos termicamente.

O processo construtivo destas paredes deve permitir uma ligação resiliente da pa-rede à cobertura, ou seja que se possa deformar. O que frequentemente acontece é não haver um contacto físico entre a última fiada de tijolo e a laje de cobertura.

1. Lajes de cobertura com restrição às paredes - a dilatação da laje e a encurvadu-ra provocada pelo gradiente da temperatura introduzem tensões de tração e de corte nas paredes ligadas a esta. As fissuras desenvolvem-se quase que exclu-sivamente nas paredes e não na cobertura (Figura 59).

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Figura 59 – Fissuração do topo das paredes devido à encurvadura da laje (parede paralela ao comprimento e à largura da laje).

2. Movimentação térmica da estrutura do edifício, principalmente em estruturas de betão aparente. Devido à incidência direta de radiação solar, as temperaturas nas faces expostas das peças de betão podem atingir valores muito significati-vos, da ordem de 80ºC. Os locais mais solicitados são os encontros entre vigas, onde podem surgir fissuras internas às peças de betão, e por isso mesmo, não visíveis. A movimentação térmica das vigas pode provocar fissuração em pilares, principalmente quando a estrutura não possui juntas de dilatação (Figura 60).

Figura 60 – Fissuração dos elementos estruturais.

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3. Movimentação térmica da parede de fachada que pode causar destacamentos entre as alvenarias e os elementos estruturais porticados e mesmo o apareci-mento de fissuras de corte nas extremidades das alvenarias (Figura 61).

Figura 61 – Fissuras de corte em paredes de alvenaria devido à movimentação térmica da estrutura.

5.1.3 Soluções de reabilitação

Deve começar-se por avaliar a qualidade da cobertura plana nomeadamente no que diz respeito à sua capacidade de carga e a todo o sistema de impermeabilização. Caso as condições de qualidade e funcionalidade do sistema estiverem assegura-das, a solução recomendada é a aplicação de isolamento térmico XPS na face ex-terior da cobertura. Esta solução, para além de corrigir a anomalia, ainda aumenta o isolamento térmico do edifício e melhora o conforto térmico interior. A aplicação de isolamento térmico na cobertura plana garante que os elementos estruturais se encontram protegidos de variações térmicas. O XPS é o isolamento térmico mais indicado para coberturas planas visto ser resistente à água e ter uma resistência à compressão elevada, o que permite obter uma cobertura transitável. Posteriormente pode revestir-se a cobertura com seixo rolado (godo), com elementos cerâmicos ou com uma betonilha armada. No caso da aplicação de isolamento térmico não ser viá-vel, poderá recorrer-se à execução de uma abertura no topo da parede para garantir que as deformações excessivas da laje não contactam diretamente com a alvenaria.

Recomenda-se ainda a correção da fissuração no sentido de garantir as exigências estéticas e arquitetónicas do edifício.

5.1.3.1 Aplicação de isolamento térmico na cobertura plana

Ver 3.2.3.1.

5.1.3.2 Execução de uma abertura no topo da parede

Esta solução tem como objetivo garantir que as deformações excessivas da laje não contactam diretamente com a alvenaria e pode ser executada em nos casos em

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que a aplicação de isolamento térmico não seja viável. Deverá ser aberto um roço na parede, junto à ligação com a cobertura, procedendo depois ao enchimento do mesmo com um material flexível (Figura 62).

Figura 62 – Reparação de fissuras em paredes de alvenaria [9].

(1) Inspeção da parede; (2) abertura do roço; (3) introdução de um material flexível no roço;

(4) execução do acabamento final da parede.

Aplicação

1. Abrir um roço no topo da parede interior, junto à cobertura, com aproximada-mente 3 a 4 cm;

2. Introduzir no roço um material flexível (por exemplo poliestireno expandido em placas) ou injetar poliuretano ou outro material capaz de absorver as deforma-ções da laje;

3. Proceder ao acabamento, revestindo a superfície com argamassa e proceder à pintura da parede.

5.1.3.3 Correção da fissuração

A correção da fissuração deverá ser feita apenas no sentido de garantir as exigên-cias estéticas e arquitetónicas do edifício. Para prevenir o desenvolvimento de novas fissuras deverá ser adotada, preferencialmente, a solução 5.1.3.1 (aplicação de isolamento térmico XPS).

O tratamento das fissuras depende do seu estado de estabilização e dimensão. Após o tratamento deve proceder-se ao acabamento final e pintura.

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6. ANOMALIAS EM PAVIMENTOS

6.1 Deterioração do revestimento de madeira de um pavi-mento térreo

6.1.1 Descrição/formas de manifestação

• Deformação e levantamento das réguas;

• Apodrecimento da madeira;

• Manchas de cor mais escura na zona da fixação (Figura 63).

Figura 63 – Degradação do pavimento em madeira.

6.1.2 Causas comuns

• Elevado teor de humidade: Deve-se à ocorrência de condensações internas, no-meadamente pela não existência de uma barreira para-vapor eficaz, o que per-mite a difusão de vapor do pavimento térreo para a caixa-de-ar do soalho. Pro-vavelmente o facto agravou-se pela inexistência de ventilação da caixa-de-ar;

• Migração de humidade vinda diretamente do terreno (humidade ascensional): Tratando-se de um piso térreo, caso este não seja corretamente construído, po-dem ocorrer humidades ascensionais que irão afetar as paredes, o suporte do pavimento e o revestimento (em madeira). Esta situação é apenas visível se o terreno estiver em contacto direto com a estrutura do pavimento térreo;

• Inexistência de barreira para-vapor: para se identificar esta causa é necessário proceder ao levantamento do pavimento.

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6.1.3 Soluções de reabilitação

6.1.3.1 Introdução de uma barreira para-vapor e de isolamento térmico

Introdução de uma barreira impermeável ao vapor de água e à água líquida e de isolamento térmico abaixo do soalho, o que permitirá reduzir o risco de ocorrência de condensações internas.

Aplicação

A solução passa pelo levantamento do pavimento, análise do estado de conservação do suporte, introdução de uma barreira para-vapor e de isolamento térmico XPS no pavimento, execução de uma lajeta de regularização e, por fim, reaplicação do revestimento de piso (Figura 64).

Figura 64 – Avaliação das condições funcionais de um pavimento térreo [9].

(1) levantamento do revestimento em soalho; (2) avaliação do suporte e sua regularização; (3) aplicação da barreira para-vapor e

do isolamento térmico FIBRANxps; (4) execução de lajeta de betão e reposição do revestimento de piso.

1. Levantamento do revestimento de piso (soalho);

2. Avaliação do suporte e sua regularização. O suporte deve estar seco e deve ser picado, sofrendo depois uma regularização. Deve ser avaliado o estado de de-gradação das peças de madeira danificadas para que possam ser substituídas;

3. Aplicação da barreira para-vapor e do isolamento térmico. Imediatamente a se-guir à camada de regularização deve aplicar-se uma barreira impermeável ao vapor de água e à água líquida, seguida do isolamento térmico XPS (normalmen-te de 30 mm, dependendo das condicionantes arquitectónicas e dos requisitos térmicos [3]). Depois de aplicadas as placas de XPS deve colocar-se um filme de polietileno de proteção (Figura 65);

4. Execução de uma lâmina de betão de regularização. Neste passo proceder-se à execução de uma lajeta de betão, armada, com 5 cm de espessura;

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5. Aplicação do novo revestimento de piso (soalho). Primeiro aplicam-se as ripas de suporte e reaplica-se o revestimento em madeira (soalho).

Figura 65 – Reabilitação de um pavimento térreo [9].

1 - Revestimento de piso;

2 - Agamassa de regularização;

3 - Caixa de areia;

4 - Isolamento térmico FIBRANxps;

5 - Barreira para-vapor;

6 - Suporte;

7 - Filme de polietileno;

8 - Caixa de brita;

9 - Terreno natural.

6.2 Deterioração do revestimento de madeira de um pavi-mento sobre o exterior

6.2.1 Descrição/formas de manifestação

Degradação manifestada nomeadamente sob a forma de manchas de humidade, visíveis na zona sobre o espaço exterior (corpo em consola).

6.2.2 Causas comuns

Condensação superficial que ocorre no pavimento, devido, essencialmente, à au-sência de isolamento térmico e à ventilação insuficiente do espaço interior.

Na envolvente dos edifícios, este fenómeno ocorre quando se verificam uma ou mais das seguintes condições:

• Ausência de aquecimento do ambiente interior ou aquecimento insuficiente e intermitente;

• Deficiente isolamento térmico do pavimento;

• Produção de vapor de água no interior da habitação/compartimentos significativa;

• Ventilação insuficiente.

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6.2.3 Soluções de reabilitação

6.2.3.1 Aplicação de um sistema de isolamento térmico e teto falso

A diminuição ou resolução do problema de degradação do pavimento sobre o ex-terior, resultante de fenómenos de condensações superficiais, passa pela aplicação de isolamento térmico no pavimento. Poderá fixar-se o isolamento térmico ao pa-vimento pelo exterior através de um teto falso exterior (por exemplo em placas de madeira cimento, elementos metálicos, etc.) (Figura 66).

Aplicação

Figura 66 – Reabilitação de um pavimento sobre o exterior, aplicando isolamento térmico no teto falso [9].

1 - Revestimento de piso;

2 - Agamassa de regularização;

3 - Suporte FIBRANxps;

4 - Isolamento térmico

5 - Placas de madeira cimento.

1. Aplicação, por colagem, do isolamento térmico XPS na face inferior do pavimen-to exterior (Figura 66). A espessura de isolamento térmico a aplicar deve asse-gurar o cumprimento dos requisitos definidos no RCCTE [3];

2. Aplicação da estrutura resistente, normalmente em perfil metálicos, aparafusa-da ao pavimento exterior;

3. Fixação, por aparafusamento, das placas de madeira cimento ou metálicas, de modo que as juntas coincidam com a estrutura de fixação;

4. Refechamento das juntas entre as placas segundo a técnica apropriada ao tipo de material;

5. Aplicação do acabamento final, se aplicável.

Observações: É também importante promover a ventilação geral e reforçar o aqueci-mento no interior do espaço, garantindo uma temperatura ambiente superior a 18ºC.

Deve também proceder-se à substituição do revestimento em madeira, total ou par-cialmente garantindo a secagem do pavimento antes da aplicação do novo.

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AcrónimosCE - Caderno de Encargos

ETICS – External Thermal Insulations Composite System (Sistema de Isolamento Térmico pelo exterior)

PVC – Policloreto de Vinilo

XPS – Poliestireno expandido extrudido

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GlossárioAlgeroz

Caleira que recolhe e canaliza a água dos telhados para os respetivos tubos de queda.

Alvenaria

Paredes executadas com pedra, tijolo ou blocos de betão e, que travadas em sobreposição por meio de argamassas, servem para a execução das paredes de edifícios.

Anomalia

Desvio em relação ao normal, ao habitual. Problema apresentado por um elemento cons-trutivo ou edifício.

Ar condicionado

Designação dada ao sistema energético destinado à climatização de edifícios, que utiliza aquecimento ou arrefecimento, com ou sem desumidificação, para assegurar o conforto térmico no seu interior.

Argamassa

Mistura de cal, areia e água destinada a ligar os materiais de construção. Mistura de cimen-to, areia e água destinada a ligar os materiais de construção.

Asna

Estrutura reticulada plana (armação), de madeira ou de metal, que sustenta coberturas ou telhados e se apoia nos limites do vão a cobrir.

Assentamento

Movimento vertical, para baixo, duma estrutura, parte dela, ou da sua fundação.

Barrote

Viga ou trave de madeira, grossa, que sustenta as tábuas do soalho, do ripado, ou do teto.

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Beiral

Parte saliente da cobertura que tem o objetivo de proteger as paredes das águas pluviais. O beiral pode ser simples quando construído só com telha, apoiado na cornija ou saliência de outro tipo executada para aumentar a projeção da água, e ainda com sub-beira, poden-do esta ser simples ou dupla.

Betão

Material formado pela mistura de cimento, de inertes grossos e finos e de água, resultante do endurecimento da pasta de cimento (cimento e água); para além destes componentes básicos, pode também conter adjuvantes e adições. Se a máxima dimensão do inerte for igual ou inferior a 4 mm, o material resultante é denominado argamassa.

Betonilha

Revestimento primário ou final de pavimentos, com argamassa de cimento e areia, for-mando um reboco horizontal. Diz-se primário quando se destina a receber outro revesti-mento, ao qual serve de suporte.

Caixa-de-ar

Espaço existente numa parede dupla de um edifício entre os panos exterior e interior das paredes envolventes.

Caixilharia

Elementos que fecham as janelas e as portas e proporcionam a ligação entre o interior e o exterior dum edifício.

Caleira

Pequeno canal a descoberto, geralmente de forma semicircular ou retangular, utilizado para drenagem de coberturas.

Capilaridade

Absorção de um líquido devida a forças de tensão superficial; por exemplo, a “humidade ascendente”, em paredes, é causada pela subida capilar da água nos pequenos poros dos materiais constituintes.

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Chaminé

Conduta para extração de fumos e gases provenientes de qualquer combustão. Essa extração pode ser obtida através das diferenças de temperatura, por efeito de sucção do vento, ou de sucção mecânica.

Condensação

Precipitação de um líquido a partir do seu vapor, resultante de abaixamento de temperatu-ra a pressão constante; em particular, a deposição de água a partir de ar quente e húmido sobre uma superfície relativamente fria.

Condensação Superficial

A condensação superficial ocorre quando o vapor de água existente no interior de um edifí-cio entra em contacto com uma superfície cuja temperatura seja igual ou inferior ao ponto de orvalho correspondente à concentração do vapor de água no ar. Nesse ponto, a água condensa e passa do estado gasoso ao estado líquido formando gotas de água na superfície

Conforto

Uma habitação garante conforto ao ocupante pelo adequado isolamento (acústico e térmi-co) e estanquicidade da construção, permitindo lhe desenvolver as suas atividades quoti-dianas sem influência significativa de agressões exteriores como o frio, o calor, o ruído, a chuva, o vento. Deverão por outro lado estar garantidas as adequadas condições de inso-lação, iluminação e renovação de ar para que a habitação seja confortável.

Cumeeira

Uma espécie de chapéu do telhado. A sua função é cobrir o encontro das telhas.

Deficiência

Carência, resultante possivelmente de erro no projeto, especificação ou construção, que afeta a capacidade da estrutura desempenhar algum aspeto, atual ou futuro, da função desejada. Habitualmente relacionada com questões específicas, como resistência ou ducti-lidade, ou mais gerais, como durabilidade.

Deformação

Mudança da forma ou das dimensões do elemento. Transformação que se traduz por variação da distância entre pontos de um corpo.

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Degradação

Alterações ao longo do tempo na construção, microestrutura e propriedades de um compo-nente ou material que reduzam o seu desempenho. Agravamento do estado com o tempo, resultando usualmente em danos.

Demão

Aplicação de uma camada de determinado produto ou preparado, sobre uma superfície.

Descasque

Separação de fragmentos devido a pancada, ação do tempo, pressão ou expansão.

Descolamento

Perda de continuidade da ligação revestimento/base (revestimento de pavimentos).

Empolamento

Perda de aderência da pintura ou barramento, com formação de saliências. Deformação do conjunto do revestimento ajulejar destacando-se e afastando-se do suporte. Levanta-mento irregular duma camada delgada, frequentemente com 2,5 a 3 mm de espessura, à superfície da argamassa ou do betão, durante ou logo após o acabamento.

Fachada

Face exterior de um edifício ou de uma construção.

Fenda

Descontinuidade com espaço intermédio apreciável. Linha de divisão com ou sem separa-ção das partes e abertura superior a 0,2 mm.

Fendilhação média

Aberturas lineares com largura compreendida entre 0,2 mm e 2 mm, que interessam, nor-malmente, toda a camada do reboco.

Fissura

Linha de divisão com ou sem separação das partes e abertura inferior a 0,2 mm.

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Fissuração

Roturas no betão seguindo uma trajetória única ramificada, que podem ser provocadas por atuação de cargas ou por retração devido à rápida evaporação da água.

Hidrófugo

Diz-se de uma substância impregnante ou de revestimento, destinada a repelir a água ou a humidade. Produto que se agrega à água de amassadura ou ao cimento com o fim de tornar os betões ou rebocos impermeáveis.

Junta de dilatação

Cortes feitos em toda a extensão dos elementos construtivos, destinados a amortecer os efeitos da variação de volume devida ao calor sobre os outros elementos.

Lambril

Revestimento parcial na parte inferior das paredes interiores em madeira, azulejo ou pedra.

Massame

Camada de betão que se coloca em contacto com o terreno nos pisos térreos.

Ponte Térmica

Local da envolvente do edifício onde não existe uma uniformidade da resistência térmica dos elementos na sua área, hipótese que não permite o cálculo convencionalmente usado nas zonas correntes da envolvente, que considera na sua abordagem a unidirecionalidade do fluxo de calor.

Numa ponte térmica o fluxo de calor segue a trajetória com menor dispêndio de energia, ou seja, procura o caminho em que a resistência térmica é menor.

As pontes térmicas podem ser do tipo planas (tridimensionais), lineares (bidimensionais) ou até pontuais (unidimensionais).

As pontes térmicas constituem uma parte da envolvente dos edifícios onde a resistência térmica é modificada por exemplo por:

• Uma penetração total ou parcial da envolvente do edifício por materiais de condutibili-dade térmica diferente;

• Uma mudança na espessura da estrutura;

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• Uma diferença entre as superfícies interna e externa, como ocorre nas ligações parede/piso/teto.

• Descontinuidade ou inexistência de isolamento térmico

Reboco

Revestimento composto de uma ou mais camadas dum material plástico destinado a asse-gurar a proteção e a apresentação da obra que ele recobre.

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Bibliografia[1] INE – Censos 2011, Instituto Nacional de Estatística, 2011.

[2] ADENE – A Certificação Energética e a Reabilitação Urbana, 2011.

[3] Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) - Decreto-Lei nº 80/2006 de 4 de Abril, Ministério das Obras Públicas Transportes e Comuni-cações (MOPTC), Portugal, 2006.

[4] Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Dre-nagem de Águas Residuais (Decreto Regulamentar n.º23/95 de 23 de Agosto).

[5] ASHRAE Standard 55:2010 - Thermal Environment Conditions for Human Occupancy, American Society of Heating, Refrigeration and Air Conditioning Engineers (ASHRAE), 2010.

[6] EN15251:2007 - Indoor Environmental Input Parameters for Design and Assessment of Energy Performance of Buildings – Addressing Indoor Air Quality, Thermal Environment, Lighting and Acoustics, 2007.

[7] Paiva, J. Vasconcelos; Aguiar, José; Pinho, Ana - Guia Técnico de Reabilitação Habita-cional. Volume 1. Lisboa, LNEC - 1ª edição, 2006.

[8] Paiva, J. Vasconcelos; Aguiar, José; Pinho, Ana - Guia Técnico de Reabilitação Habita-cional. Volume 2. Lisboa, LNEC - 1ª edição, 2006.

[9] Iberfibran – Poliestireno Extrudido, SA (www.fibran.com.pt)

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