REALISMO – NATURALISMOREALISMO – NATURALISMO(1881 – 1902)(1881 – 1902)

Linguagem realista:Linguagem realista:ObjetivismoObjetivismoDescrição e adjetivação objetivas, Descrição e adjetivação objetivas,

tentando captar o real como ele é.tentando captar o real como ele é.Linguagem culta e direta.Linguagem culta e direta.Mulher não idealizada, mostrada com Mulher não idealizada, mostrada com

defeitos e qualidades.defeitos e qualidades.

Amor e outros sentimentos Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais.subordinados aos interesses sociais.

Casamento como instituição falida; Casamento como instituição falida; contrato de interesses e contrato de interesses e conveniências.conveniências.

Herói problemático (anti-herói), cheio Herói problemático (anti-herói), cheio de fraquezas, manias e incertezas.de fraquezas, manias e incertezas.

Narrativa lenta, acompanhando o Narrativa lenta, acompanhando o tempo psicológicotempo psicológico

Personagens trabalhadas Personagens trabalhadas psicologicamente.psicologicamente.

Universalismo.Universalismo.

Machado de AssisMachado de Assis A sua prosa divide-se em duas fases: A sua prosa divide-se em duas fases:

romântica e realista:romântica e realista:a)Obras românticas: a)Obras românticas: HelenaHelena, , A mão e a luvaA mão e a luva, ,

Iaiá GarciaIaiá Garcia e e Ressurreição Ressurreição (romances); (romances); Contos fluminensesContos fluminenses

b) Obras realistas: (contos) – b) Obras realistas: (contos) – Relíquias da Relíquias da Casa VelhaCasa Velha, Papéis avulsos; (romances) – , Papéis avulsos; (romances) – Memórias póstumas de Brás Cubas, Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de AiresJacó e Memorial de Aires..

Fase realistaFase realista

Conversa com o leitorConversa com o leitorMetalinguagemMetalinguagemRuptura com a narrativa linearRuptura com a narrativa linearPsicologismo nas personagensPsicologismo nas personagensPersonagens complexasPersonagens complexasCapítulos curtosCapítulos curtos

Universalismo nos temasUniversalismo nos temasEnvolvimento com fatos históricos, Envolvimento com fatos históricos,

contemporâneos ou nãocontemporâneos ou não Ironia, humor negroIronia, humor negroLinguagem enxutaLinguagem enxutaGrandes arquétiposGrandes arquétipos

linguagem naturalistalinguagem naturalistaLinguagem simplesLinguagem simplesClareza, equilíbrio e harmonia na Clareza, equilíbrio e harmonia na

composiçãocomposiçãoPreocupação com minúciasPreocupação com minúciasPresença de palavras regionaisPresença de palavras regionaisDescrição e narrativas lentasDescrição e narrativas lentas Impessoalidade Impessoalidade

Determinismo (o homem é produto Determinismo (o homem é produto do meio, momento histórico e do meio, momento histórico e herança genética)herança genética)

Objetivismo científicoObjetivismo científicoTemas de patologia socialTemas de patologia socialObservação e análise da realidadeObservação e análise da realidadeSer humano descrito sob a ótica do Ser humano descrito sob a ótica do

animalesco e do sensualanimalesco e do sensualDespreocupação com a moralDespreocupação com a moral

Principais prosadores Principais prosadores realistas e naturalistasrealistas e naturalistas

a) Aluísio Azevedoa) Aluísio Azevedo Literatura engajadaLiteratura engajada Em Em O mulatoO mulato e e Casa de pensãoCasa de pensão, ,

ainda temos influências românticas ainda temos influências românticas (apenas em (apenas em O cortiçoO cortiço é que o autor é que o autor alcança a totalidade naturalista)alcança a totalidade naturalista)

b) Outros prosadores naturalistas: Adolfo b) Outros prosadores naturalistas: Adolfo Caminha (Bom-crioulo); Raul Pompéia (O Caminha (Bom-crioulo); Raul Pompéia (O Ateneu), Inglês de Sousa (A normalista e O Ateneu), Inglês de Sousa (A normalista e O missionário), Domingos Olímpio (Luzia-missionário), Domingos Olímpio (Luzia-Homem) e Rodolfo Teófilo (A fome)Homem) e Rodolfo Teófilo (A fome)

c) Outros prosadores realistas: Rui Barbosa c) Outros prosadores realistas: Rui Barbosa (O papa e o Concílio; Cartas da Inglaterra), (O papa e o Concílio; Cartas da Inglaterra), Joaquim Nabuco (O Abolicionismo; Joaquim Nabuco (O Abolicionismo; Balmaceda) e Coelho Neto (A conquista)Balmaceda) e Coelho Neto (A conquista)

ALUÍSIO AZEVEDOALUÍSIO AZEVEDO

BIOGRAFIABIOGRAFIA

Aluísio AzevedoAluísio Azevedo (A. Tancredo (A. Tancredo Gonçalves de A.), caricaturista, Gonçalves de A.), caricaturista, jornalista, romancista e diplomata, jornalista, romancista e diplomata, nasceu em São Luís, MA, em 14 de nasceu em São Luís, MA, em 14 de abril de 1857, e faleceu em Buenos abril de 1857, e faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913. É o fundador da Cadeira n. 4 1913. É o fundador da Cadeira n. 4 da Academia Brasileira de Letras. da Academia Brasileira de Letras.

Era filho do vice-cônsul português David Era filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo e de d. Emília Amália Pinto Gonçalves de Azevedo e de d. Emília Amália Pinto de Magalhães e irmão mais moço do de Magalhães e irmão mais moço do comediógrafo Artur Azevedo. Sua mãe havia comediógrafo Artur Azevedo. Sua mãe havia casado, aos 17 anos, com um rico e ríspido casado, aos 17 anos, com um rico e ríspido comerciante português. O temperamento brutal comerciante português. O temperamento brutal do marido determinou o fim do casamento. Emília do marido determinou o fim do casamento. Emília refugiou-se em casa de amigos, até conhecer o refugiou-se em casa de amigos, até conhecer o vice-cônsul de Portugal, o jovem viúvo David. Os vice-cônsul de Portugal, o jovem viúvo David. Os dois passaram a viver juntos, sem contraírem dois passaram a viver juntos, sem contraírem segundas núpcias, o que à época foi considerado segundas núpcias, o que à época foi considerado um escândalo na sociedade maranhense. um escândalo na sociedade maranhense.

Da infância à adolescência, Aluísio estudou em São Da infância à adolescência, Aluísio estudou em São Luís e trabalhou como caixeiro e guarda-livros. Desde Luís e trabalhou como caixeiro e guarda-livros. Desde cedo revelou grande interesse pelo desenho e pela cedo revelou grande interesse pelo desenho e pela pintura, o que certamente o auxiliou na aquisição da pintura, o que certamente o auxiliou na aquisição da técnica que empregará mais tarde ao caracterizar os técnica que empregará mais tarde ao caracterizar os personagens de seus romances. Em 1876, embarcou personagens de seus romances. Em 1876, embarcou para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o irmão para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o irmão mais velho, Artur. Matriculou-se na Imperial Academia mais velho, Artur. Matriculou-se na Imperial Academia de Belas Artes, hoje Escola Nacional de Belas Artes. de Belas Artes, hoje Escola Nacional de Belas Artes. Para manter-se, fazia caricaturas para os jornais da Para manter-se, fazia caricaturas para os jornais da época, como época, como O FigaroO Figaro, , O MequetrefeO Mequetrefe, , Zig-ZagZig-Zag e e A A Semana IlustradaSemana Ilustrada. A partir desses "bonecos" que . A partir desses "bonecos" que conservava sobre a mesa de trabalho, escrevia cenas conservava sobre a mesa de trabalho, escrevia cenas de romances. de romances.

A morte do pai, em 1878, obrigou-o a A morte do pai, em 1878, obrigou-o a voltar a São Luís, para tomar conta da voltar a São Luís, para tomar conta da família. Ali começou a carreira de família. Ali começou a carreira de escritor, com a publicação, em 1879, escritor, com a publicação, em 1879, do romance do romance Uma lágrima de mulherUma lágrima de mulher, , típico dramalhão romântico. Ajuda a típico dramalhão romântico. Ajuda a lançar e colabora com o jornal lançar e colabora com o jornal anticlerical anticlerical O PensadorO Pensador, que defendia , que defendia a abolição da escravatura, enquanto os a abolição da escravatura, enquanto os padres mostravam-se contrários a ela. padres mostravam-se contrários a ela.

Em 1881, Aluísio lança Em 1881, Aluísio lança O mulatoO mulato, romance , romance que causou escândalo entre a sociedade que causou escândalo entre a sociedade maranhense, não só pela crua linguagem maranhense, não só pela crua linguagem naturalista, mas sobretudo pelo assunto de naturalista, mas sobretudo pelo assunto de que tratava: o preconceito racial. O que tratava: o preconceito racial. O romance teve grande sucesso, foi bem romance teve grande sucesso, foi bem recebido na Corte como exemplo de recebido na Corte como exemplo de Naturalismo, e Aluísio pôde fazer o caminho Naturalismo, e Aluísio pôde fazer o caminho de volta para o Rio de Janeiro, embarcando de volta para o Rio de Janeiro, embarcando em 7 de setembro de 1881, decidido a em 7 de setembro de 1881, decidido a ganhar a vida como escritor. ganhar a vida como escritor.

Quase todos os jornais da época tinham folhetins, Quase todos os jornais da época tinham folhetins, e foi num deles que Aluísio passou a publicar e foi num deles que Aluísio passou a publicar seus romances. A princípio, eram obras menores, seus romances. A princípio, eram obras menores, escritas apenas para garantir a sobrevivência. escritas apenas para garantir a sobrevivência. Depois, surgiu nova preocupação no universo de Depois, surgiu nova preocupação no universo de Aluísio: a observação e análise dos agrupamentos Aluísio: a observação e análise dos agrupamentos humanos, a degradação das casas de pensão e humanos, a degradação das casas de pensão e sua exploração pelo imigrante, principalmente o sua exploração pelo imigrante, principalmente o português. Dessa preocupação resultariam duas português. Dessa preocupação resultariam duas de suas melhores obras: de suas melhores obras: Casa de pensãoCasa de pensão (1884) e (1884) e O cortiçoO cortiço (1890). De 1882 a 1895 escreveu sem (1890). De 1882 a 1895 escreveu sem interrupção romances, contos e crônicas, além de interrupção romances, contos e crônicas, além de peças de teatro em colaboração com Artur de peças de teatro em colaboração com Artur de Azevedo e Emílio Rouède. Azevedo e Emílio Rouède.

Em 1895 encerrou a carreira de romancista e Em 1895 encerrou a carreira de romancista e ingressou na diplomacia. O primeiro posto foi em ingressou na diplomacia. O primeiro posto foi em Vigo, na Espanha. Depois serviu no Japão, na Vigo, na Espanha. Depois serviu no Japão, na Argentina, na Inglaterra e na Itália. Passara a Argentina, na Inglaterra e na Itália. Passara a viver em companhia de D. Pastora Luquez, de viver em companhia de D. Pastora Luquez, de nacionalidade argentina, junto com os dois filhos, nacionalidade argentina, junto com os dois filhos, Pastor e Zulema, que Aluísio adotou. Em 1910, foi Pastor e Zulema, que Aluísio adotou. Em 1910, foi nomeado cônsul, sendo removido para Assunção. nomeado cônsul, sendo removido para Assunção. Depois foi para Buenos Aires, seu último posto. Depois foi para Buenos Aires, seu último posto. Ali faleceu, aos 56 anos. Foi enterrado naquela Ali faleceu, aos 56 anos. Foi enterrado naquela cidade. Seis anos depois, por uma iniciativa de cidade. Seis anos depois, por uma iniciativa de Coelho Neto, a urna funerária de Aluísio Azevedo Coelho Neto, a urna funerária de Aluísio Azevedo chegou a São Luís, onde o escritor foi sepultado chegou a São Luís, onde o escritor foi sepultado definitivamente. definitivamente.

ESTILOESTILO

Crítico impiedoso da sociedade Crítico impiedoso da sociedade brasileira e de suas instituições, o brasileira e de suas instituições, o romancista Aluísio Azevedo romancista Aluísio Azevedo abandonou as tendências românticas abandonou as tendências românticas em que se formara para tornar-se, em que se formara para tornar-se, influenciado por Eça de Queirós e influenciado por Eça de Queirós e Émile Zola, o criador do naturalismo Émile Zola, o criador do naturalismo no Brasil. no Brasil.

* * Preocupado com a realidade Preocupado com a realidade cotidiana; cotidiana;

* Anticlericalismo; * Anticlericalismo;

* Luta contra o preconceito * Luta contra o preconceito de cor, o adultério e os vícios;de cor, o adultério e os vícios;

* Defendia o povo humilde.* Defendia o povo humilde.

RAUL RAUL POMPÉIAPOMPÉIA

Biografia Biografia

Raul Pompéia (R. de Ávila P.), Raul Pompéia (R. de Ávila P.), jornalista, contista, cronista, jornalista, contista, cronista, novelista e romancista, nasceu em novelista e romancista, nasceu em Jacuecanga, Angra dos Reis, RJ, em Jacuecanga, Angra dos Reis, RJ, em 12 de abril de 1863, e faleceu no Rio 12 de abril de 1863, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 25 de dezembro de Janeiro, RJ, em 25 de dezembro de 1895. É o patrono da Cadeira nº de 1895. É o patrono da Cadeira nº 33, por escolha do fundador Domício 33, por escolha do fundador Domício da Gama. da Gama.

Era filho de Antônio de Ávila Pompéia, Era filho de Antônio de Ávila Pompéia, homem de recursos e advogado, e de homem de recursos e advogado, e de Rosa Teixeira Pompéia. Transferiu-se Rosa Teixeira Pompéia. Transferiu-se cedo, com a família, para a Corte e foi cedo, com a família, para a Corte e foi internado no Colégio Abílio, dirigido internado no Colégio Abílio, dirigido pelo educador Abílio César Borges, o pelo educador Abílio César Borges, o barão de Macaúbas, estabelecimento barão de Macaúbas, estabelecimento de ensino que adquirira grande de ensino que adquirira grande nomeada. nomeada.

Passando do ambiente familiar Passando do ambiente familiar austero e fechado para a vida no austero e fechado para a vida no internato, recebeu Raul Pompéia um internato, recebeu Raul Pompéia um choque profundo no contato com choque profundo no contato com estranhos.estranhos.

Logo se distingue como aluno aplicado, Logo se distingue como aluno aplicado, com o gosto dos estudos e leituras, bom com o gosto dos estudos e leituras, bom desenhista e caricaturista, que redigia e desenhista e caricaturista, que redigia e ilustrava do próprio punho o jornalzinho ilustrava do próprio punho o jornalzinho O Archote. Em 1879, transferiu-se para O Archote. Em 1879, transferiu-se para o Colégio Pedro II, para fazer os o Colégio Pedro II, para fazer os preparatórios, e onde se projetou como preparatórios, e onde se projetou como orador e publicou o seu primeiro livro, orador e publicou o seu primeiro livro, Uma tragédia no AmazonasUma tragédia no Amazonas (1880). (1880).

Em 1881 começou o curso de Direito Em 1881 começou o curso de Direito em São Paulo, entrando em contato em São Paulo, entrando em contato com o ambiente literário e as idéias com o ambiente literário e as idéias reformistas da época. Engajou-se nas reformistas da época. Engajou-se nas campanhas abolicionista e campanhas abolicionista e republicana, tanto nas atividades republicana, tanto nas atividades acadêmicas como na imprensa. acadêmicas como na imprensa. Tornou-se amigo de Luís Gama, o Tornou-se amigo de Luís Gama, o famoso abolicionista. famoso abolicionista.

Escreveu em jornais de São Paulo e Escreveu em jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro, frequentemente do Rio de Janeiro, frequentemente sob o pseudônimo "Rapp", um dentre sob o pseudônimo "Rapp", um dentre os muitos que depois adotaria: os muitos que depois adotaria: Pompeu Stell, Um moço do povo, Y, Pompeu Stell, Um moço do povo, Y, Niomey e Hygdard, Lauro, Fabricius, Niomey e Hygdard, Lauro, Fabricius, Raul D., Raulino Palma.Raul D., Raulino Palma.

Ainda em São Paulo publicou, no Ainda em São Paulo publicou, no Jornal do CommercioJornal do Commercio, as "Canções , as "Canções sem metro", poemas em prosa, parte sem metro", poemas em prosa, parte das quais foi reunida em volume, de das quais foi reunida em volume, de edição póstuma. Também, em edição póstuma. Também, em folhetins da Gazeta de Notícias, folhetins da Gazeta de Notícias, publicou a novela publicou a novela As jóias da CoroaAs jóias da Coroa. .

Reprovado no 3º ano (1883), seguiu Reprovado no 3º ano (1883), seguiu com 93 acadêmicos para o Recife e com 93 acadêmicos para o Recife e ali concluiu o curso de Direito, mas ali concluiu o curso de Direito, mas não exerceu a advocacia. De volta ao não exerceu a advocacia. De volta ao Rio de Janeiro, em 1885, dedicou-se Rio de Janeiro, em 1885, dedicou-se ao jornalismo, escrevendo crônicas, ao jornalismo, escrevendo crônicas, folhetins, artigos, contos e folhetins, artigos, contos e participando da vida boêmia das participando da vida boêmia das rodas intelectuais.rodas intelectuais.

Nos momentos de folga, escreveu Nos momentos de folga, escreveu O O AteneuAteneu, "crônica de saudades", romance , "crônica de saudades", romance de cunho autobiográfico, narrado em de cunho autobiográfico, narrado em primeira pessoa, contando o drama de um primeira pessoa, contando o drama de um menino que, arrancado ao lar, é colocado menino que, arrancado ao lar, é colocado num internato da época. Publicou-o em num internato da época. Publicou-o em 1888, primeiro em folhetins, na 1888, primeiro em folhetins, na Gazeta Gazeta de Notíciasde Notícias, e, logo a seguir, em livro, , e, logo a seguir, em livro, que o consagra definitivamente como que o consagra definitivamente como escritor. escritor.

Decretada a abolição, em que se Decretada a abolição, em que se empenhara, passou a dedicar-se à empenhara, passou a dedicar-se à campanha favorável à implantação da campanha favorável à implantação da República. Em 1889, colaborou em República. Em 1889, colaborou em A A RuaRua, e no , e no Jornal do CommercioJornal do Commercio. . Proclamada a República, foi nomeado Proclamada a República, foi nomeado professor de mitologia da Escola de professor de mitologia da Escola de Belas Artes e, logo a seguir, diretor da Belas Artes e, logo a seguir, diretor da Biblioteca Nacional.Biblioteca Nacional.

No jornalismo, revelou-se um florianista No jornalismo, revelou-se um florianista exaltado, em oposição a intelectuais exaltado, em oposição a intelectuais do seu grupo, como Pardal Mallet e do seu grupo, como Pardal Mallet e Olavo Bilac. Numa das discussões, Olavo Bilac. Numa das discussões, surgiu um duelo entre Bilac e surgiu um duelo entre Bilac e Pompéia. Combatia o cosmopolitismo, Pompéia. Combatia o cosmopolitismo, achando que o militarismo, encarnado achando que o militarismo, encarnado por Floriano Peixoto, constituía a por Floriano Peixoto, constituía a defesa da pátria em perigo. defesa da pátria em perigo.

Referindo-se à luta entre portugueses Referindo-se à luta entre portugueses e ingleses, desenhou uma de suas e ingleses, desenhou uma de suas melhores charges: "O Brasil melhores charges: "O Brasil crucificado entre dois ladrões". Com a crucificado entre dois ladrões". Com a morte de Floriano, em 1895, foi morte de Floriano, em 1895, foi demitido da direção da Biblioteca demitido da direção da Biblioteca Nacional, acusado de desacatar a Nacional, acusado de desacatar a pessoa do Presidente no explosivo pessoa do Presidente no explosivo discurso pronunciado em seu enterro. discurso pronunciado em seu enterro.

Rompido com amigos, caluniado em Rompido com amigos, caluniado em artigo de Luís Murat, sentindo-se artigo de Luís Murat, sentindo-se desdenhado por toda parte, inclusive desdenhado por toda parte, inclusive dentro do jornal dentro do jornal A NotíciaA Notícia, que não , que não publicara o segundo artigo de sua publicara o segundo artigo de sua colaboração, pôs fim à vida no dia de colaboração, pôs fim à vida no dia de Natal de 1895. Natal de 1895.

A posição de Raul Pompéia na A posição de Raul Pompéia na literatura brasileira é controvertida. A literatura brasileira é controvertida. A princípio a crítica o julgou pertencente princípio a crítica o julgou pertencente ao Naturalismo, mas as qualidades ao Naturalismo, mas as qualidades artísticas presentes em sua obra artísticas presentes em sua obra fazem-no aproximar-se do Realismo e fazem-no aproximar-se do Realismo e Simbolismo, ficando a sua arte como Simbolismo, ficando a sua arte como a expressão típica, na literatura a expressão típica, na literatura brasileira, do estilo impressionista. brasileira, do estilo impressionista.

TEXTOS TEXTOS NATURALISTASNATURALISTAS

Trecho do capítulo III, onde o autor narra o amanhecer no cortiço.Trecho do capítulo III, onde o autor narra o amanhecer no cortiço.  ““Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a suaEram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.infinidade de portas e janelas alinhadas.  Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de

chumbo.chumbo.Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultimaComo que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultimaguitarra da noite antecedente, dissolvendo se à luz loura e tenra da aurora, que nemguitarra da noite antecedente, dissolvendo se à luz loura e tenra da aurora, que nemum suspiro de saudade perdido em terra alheia.um suspiro de saudade perdido em terra alheia.  A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha lhe A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha lhe

umumfarto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da

lavagem elavagem eem alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita

dedeacumulações de espumas secas.acumulações de espumas secas.  

Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam se amplos bocejos, fortes como o marulhar dasouviam se amplos bocejos, fortes como o marulhar das

ondas; pigarreava se grosso por toda a parte; começavam as ondas; pigarreava se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantandoxícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando

todos os outros; trocavam se de janela para janela as primeiras todos os outros; trocavam se de janela para janela as primeiras palavras, os bons dias; reatavam se conversas interrompidaspalavras, os bons dias; reatavam se conversas interrompidas

à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam.vinham choros abafados de crianças que ainda não andam.

No confuso rumor que se formava, destacavam se risos, sons de No confuso rumor que se formava, destacavam se risos, sons de vozes que altercavam, sem se saber onde, grasnar devozes que altercavam, sem se saber onde, grasnar de

marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede,quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede,

a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam se ruidosamente, espanejando se à luz nova documprimentavam se ruidosamente, espanejando se à luz nova do

dia.dia.  

Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam alavavam a

cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava se. As mulheres altura de uns cinco palmos. O chão inundava se. As mulheres precisavam jáprecisavam já

prender as saias entre as coxas para não as molhar; via se lhes a prender as saias entre as coxas para não as molhar; via se lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo osuspendendo o

cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixobem debaixo

da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas nãofungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não

descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrandoamarrando

as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás ir, despachavam se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás dada

estalagem ou no recanto das hortas.estalagem ou no recanto das hortas.