Realismo trágico x Realismo Cômico
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TRÁGICO x CÔMICO
Jamille Rabelo de FreitasOlívia Maria de Santos Lima
Paula Silva BorgesThaízze Couto Oliveira
“A tendência ao realismo corresponde a uma
necessidade interior do homem e procura
satisfazê-la”.( TOUCHARD, 1970, p. 111)
No caso da história de Medéia e Jasão, exemplo do texto, visualizamos o egoísmo, sentido por todo ser humano, mas magnificado pela estrutura da tragédia. De algum modo, assistir à tragédia, nos absolve de senti-la, de sentir o egoísmo.
“(A Tragédia) Esclarece-nos sobre nós mesmos.” pág. 112
Assim, os sentimentos e a noção de destino antes imposta pelos Deuses, agora é fruto das angústias humanas, mas sempre com uma noção de destino, ou seja, o destino antes traçado pelos deuses, agora era traçado pelo homem, mas não deixava de ser DESTINO.
“E nos dias de CINISMO”.
O texto aborda a questão do falso “equilíbrio” da Guerra, que apesar de trazer atrocidades, traz avanços tecnológicos: rádio, transportes, etc. Mas tais reflexões são apenas um DESENCANTAMENTO, pois precisamos do conforto intelectual para aceitar o que nós mesmos causamos, em nome desse “destino”.
“Não posso mais me enganar com mentiras” pg. 113.
O realismo absoluto, tem razões de existência diferentes do realismo psicológico, pois não levava em conta as necessidades do espectador da tragédia, mas sim buscava um OBJETIVIDADE na recriação, inspirada pela descoberta da FOTOGRAFIA.
Mas a fotografia não influenciou diretamente a arte dramática, ela é mais um MEIO de expressar um desejo de REVELAÇÃO da
realidade, um novo jeito de enxergar o que sempre esteve diante de nós.
Novos ângulos, Novas respostas?
Logo essa ideia de realismo foi ultrapassada pois a excessiva realidade também era considerada
extremamente lírica. (Murger, La Bohême).
Surgia o Naturalismo, pois foi eclético e acolhedor, reconhecendo em assuntos
e objetos simples a beleza em si e abraçando os dilemas de outras
escolas, causando a catarse pelo poder do belo, que cessaria com a repetição.
“A beleza do realismo é uma dessas fugidias, intermitentes, ligadas ao tempo de vê-las nascer.”
pág. 119
Finalmente, expõe-se que a tragédia clássica esteja ultrapassada em sua própria forma e a rejeição destas formas no novo realismo. O realismo é antes uma escolha, e o que se pretende “revelar” hoje não pode ser visto com os mesmo olhos de ontem. Há uma angústia pelo engajamento, pelo real, essa é a virtude catártica do real, de qualquer tempo.
“O Belo no teatro antes de tudo, é uma bóia que se atira a qualquer que tem medo de se afogar.” pág. 120.
“A cegueira que permitira a nossos amigos esquecer nossos
defeitos para identificar-se conosco, quando o destino nos
escolhera como vítima, esta cegueira cede seu lugar a uma
objetividade sem caridade; o espectador de tragédia torna-
se espectador de comédia – da comédia humana, onde
nem os deuses nem as fadas intervêm. É por isso que a
comédia nos aparece infinitamente mais próxima do real
que a tragédia. “( TOUCHARD, 1970, p. 123)
“O grito é volta
sobre si mesmo, o
sorriso é abertura
para o outro.
( TOUCHARD, 1970, p. 124)
“Parece, portanto, que o riso tem uma espécie de
vocação para o coletivo. Exprime-se muito mais
francamente, com muito mais vigor e liberdade,
se fôr acompanhado por outros risos, isto é, por
um consentimento social sem reserva.”( TOUCHARD, 1970, p. 124 - 125)
“Os homens de teatro sabem o quanto é difícil
apresentar uma peça cômica diante de uma
platéia de gala. Cada um dos convidados em
traje a rigor espia a reação das personalidades
presentes para ver se pode permitir-se o riso.”
( TOUCHARD, 1970, p. 125)
“O riso fere, sem dúvida, (...) é muito mais um
meio dos fracos terem segurança. Aí reside sua
verdadeira utilidade social.”
( TOUCHARD, 1970, p. 126)
Cômico Inofensivo: “Suscita um leve sorriso.
O prazer que aí se sente é o prazer traduzido pela virtuosidade do autor e suas palavras espirituosas.”
( TOUCHARD, 1970, p. 126)
Cômico Tendencioso: “Resolutamente
agressiva, blasfematória e obscena.”
“(...)A verdadeira comédia é popular. Um público
burguês é quase sempre cúmplice. Se a
denúncia for excessiva, êle terá um riso
amarelo, a purgação será apenas parcial.”
( TOUCHARD, 1970, p. 127)
“A mesma situação pode
ser cômica ou trágica
conforme o clima em que
ela se desenvolve; pode
ser trágica para quem a
vive; cômica para quem a
observa.”( TOUCHARD, 1970, p. 129)
“ O herói cômico, apesar
de tudo, se dá conta do
real; sua última defesa é
a fuga, o exílio, não a
morte.”
( TOUCHARD, 1970, p. 134)
“ A tragédia me reconforta, permitindo-me fundir meu trágico
destino pessoal ao trágico destino comum da humanidade,
representada pelo que ela tem de mais elevado. A comédia me
reconforta, colocando-me acima dos meus semelhantes, cujas
medíocres lutas contra perigos que sei imaginários, eu observo
de longe.”
(TOUCHARD, 1970, p. 134)
TOUCHARD, Pierre Aimé. O teatro e a angústia
dos homens. Duas cidades: São Paulo, 1970.