Reboco 24 para leitura em pdf
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Editorial
Eis que chegamos ao fim de 2014. Mais um ano termina, apesardas promessas de fim do mundo. Todo o dia o mundo acaba ecomeça, assim como morremos e nascemos. E isso falando apenasdo ponto de vista evolutivo, sem querer entrar em discussõesmetafísicas, espirituais... ou qualquer outra coisa do tipo. Fazendoum balanço geral desse ano, até que a coisa não foi tão ruim. Crieio evento Tarde Multicultural Sem Fronteiras (que teve três edições),arrumei um trabalho remunerado que faz algum sentido, o Rebococontinua na estrada (apesar da falta de dinheiro para manter ascorrespondências e a fotocópia em dia), lancei o livro Reboco Caído– Reflexos e Reflexões, pela Coisa Edições, o lançado ano passado(Escritos Malditos de uma realidade insana) continua tendo suaversão digital sendo distribuída pela Lamparina Luminosa, AAMARLE (associação de moradores da qual faço parte) conseguiudar uns passos importantes na realização de seus projetos, reviantigos amigos e encontrei novos... Mas também tiveram momentosdifíceis, como o fechamento do Armazém da Silvinha, ponto culturalalternativo marginal de Porto Alegre que ficará sempre na memóriade seus frequentadores (os pacientes da Clínica). E a vida é assim:Nada perfeito porque não vivemos em conto de fadas, mas fazendotudo valer a pena quando mergulhamos de cabeça no queacreditamos. E isso para falar apenas de situações pontuais, maspodemos usar essa lógica também para situações de mundo e... E éisso. Tá bom. Vamos ao que interessa.
fsb1975@ yahoo.com.br- www.twitter.com/RebocoCaido-www.rebococaidozine.blogspot.com.br-ww.rebococaido.tumblr.com -Cx postal: 21819, Porto Alegre, RS cep.: 90050-970
AOS REACIONÁRIOS DA LINGUAGEMPor Diego El Khouri
A palavra não é estátua de bronzeé viagem lisérgica na sombra da noite,terremoto instantâneo,espasmo, espanto, loucura e açoite.
Corrida mortalPor Fabio da Silva Barbosa
Ele corria para um lado e para o outro. Lembrava muito o coelhosempre atrasado. Dizia que corria para dar tempo de fazer maiscoisas. Podia até conseguir tempo para fazer mais, só que nãoaproveitava. Era tudo feito em um turbilhão de angústias, pressa,em um sofrimento sem fim. Não saboreava os momentos, nãopensava sobre o que fazia, sobre o que realmente importava. O queimportava, ou achava que importava, era correr, num frenesinocivo a própria consciência e ao viver. Não filtrava o que poluía ocaminhar. Não havia caminhar, apenas correr. Correr para a mortesem sentido. Só deixou como herança o pouco que conseguiuacumular de material. Não se pode julgar, apenas analisar, regis-trar, tentar entender. Culpar a vítima é sempre mais fácil, por estanão ter como se defender. Foi resultado do que o encheram e otinham enchido de merda. Não de adubo, mas de merda. Tentandovencer os ponteiros do relógio, viu o tempo se perder, escorrerentre os dedos das mãos que o queria segurar. Soluções? Respos-tas? Nunca fui o mais indicado para dar. Poderia apenas sugerirperguntas, as quais ele nunca teve tempo de escutar, pensar,saborear.
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1Por: Aline Ebert
O trem partiuA estrada é longaMas o coração grandeDesconhece fronteirasNossas almas guerrilheirasArmadasTramadasAmadasHoje mais que ontemFortalecidas
MedoPor Fabio da Silva Barbosa
todos os dias bombas nucleares explodem sobre suascabeçaso genocídio é contínuobarracos de caixotefome e repressãosurra de telhasurra de paumedo da vidavida mundo cão
olho no olho mesmo assim na real manjaPor João da Silva
vem aqui3
e olhe minha faceé face viufacenão é feici não
Noites perdidas, noites insonesPor Samuel da Costa
É meia noite Todos se foram!Jazeram derrotadosAlguns preferiram ficar.No front...***Mas é meia noite!E todos se foramForam dormir!O sono dos incautos!Menos eu...*** Outros acordados ficaram!No sono profundo.No sono profanoSono narcotizadoIrrealSurrealVirtualO sono dos desesperados.Dos impuros!***
Alguns jazeramVencidos...Derrotados...No front...***Embora eu preferisse ficar.Sozinho!Na escuridão.Em tua sagrada companhia.Junto a tua triste companhia;Em meio ao nada!No vazio existencial...Que habita em ti...No vazio dos dias atuais!Mundo sintético Plastificado...Superficial e descartável!Um universo de mentirasQue construísseSó para o teu bel-prazer
Não Há um Canto da FavelaPor Deley de Acarí
Não há umcanto de favelaque não guardeuma história.
Não háum cantode favelaque não tenhaum contopra contar.
Não háum cantode favelaque não guardehistóriasnas marcasda ultimaenchente nasparedes dosbarracosque levouagua á baixotvsvideosgeladeirasarmários,roupaspanelasque ficou-sedevendo prestaçõesmas com sortesaiu-secom vida.
Não há
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um cantoda favelaum cantinhode vielaque não guardeainda os sonsdas vozinhas femininasinfantisbrincandode casinha e Bárbieaté umasairavada de AR-15botar todo mundoembaixo da mesada cozinhalonge do lugarda bala perdidaachar um.
Não háum cantoda favelaque não guardeas vozes sussurradasdos meninoscontandoa boca miúdaos feitos lendáriosde Jotaélli
quando da retomadaépica do seuReino d'Pódas parades do Acari.
Não háum cantoda favelaque não guardeo testemunhochorosode um irmão em Deussubitamenteper'vertido a fé cristãdepois de tantasdores e horroresque infligiuaos seus inimigose suas familiasaqui na Terra.
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