Recital de poesias 1ª semana cultural intervenha

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o pé parece adormecidosintoma sem retornodizem que é ácido úricoe arde como se no forno

a juventude já erao rumo nem sei qual énem jovem guarda, nem tropicália, nem simão, nem tomé

há um espectro perdidolá dentro do espelhoparece comigo sempremas não meto meu bedelho.

Espelho 2Sacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Fala, vagabundo Daqueles caminhos tortosQuem foi que te libertou Daquele recanto imundoDo vazio submundo Onde os planos foram mortosDo jornal que se queimou Contudo não coresDaquelas nebulosas A tua face enrugadaTorrentes de águas ardentes Onde já rolaram prantosDas pesadas cangas De saudade bem salgadaNos teus ombros doentes De palavras que ficaramDos vermes, das traças Na garganta engasgadaDe afiados dentes

Fala, vababundoFala, vagabundo Porque razão sepultasteDa dor que te cortava Em fossos profundosDo vício fecundo Os que pra ti foram trastesQue teu corpo calejava Que agora é outras notasDos antigos imbecis Outros símbolos, outros elosDa banda dos batutas Que os que foram já eramDos sapatos furados E outros ficaram amarelosDo amor das prostitutas E que no teu pomar de lodoDa legião dos farrapos Hoje reinam cogumelosNa sombra úmida das grutas Fala, vagabundo.

Fala, vagabundoQue quer reviver outroraCoçar marca de fungoE roncar no romper da auroraAssoviar com as ventaniasBanhar com as tempestadesBrincar com os pirilamposQuando caírem as tardesBrigar com os viralatasE vomitar lorotas covardes

Fala, vagabundo

Fala VagabundoSacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Chorei por entender o teu apegode silencioso leão marinhosentado na boca da noitesonhando com o seu aviãozinhovivendo uma vida de agruraspor onde também tem espinho.

senti as palavras pesadascomo pedras jogadas no vento algozque leva e traz a menina luzque tão bem se porta entre vósquando chega é uma gata angoráquando vai é uma estrela veloz.

fiquei bem por saber a façanhadessa estrela que tece o escuroque dá voltas pelo firmamentomas que não se perdeu no monturoe que tráz o saudoso confortoao colo onde alimenta o futuro.

mas nem tudo está perdidoo mugido do velho leo é forteno seu pulso ainda tem a mesma iradas borrachadas que lhe fizeram cortee denso, tenso, olha ludicamente bravioconsola prá suportar santa sorte.

(30/09/2010)

Clarice (2)Sacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Já lampiava no sertãoO brado dos homens bravosDeixando de ser escravoPrá ser seu próprio patrão.Peneiras dentre cascalhosBuscando a pedra finaJóia rara cristalinaFicando apenas o malho.Arriscaram suas pelesE não vingou um daquelesNo meio dos pobres réisFeito bicho encurraladoForam de novo enxotadosPro cerco dos coronéis. Já agora sinto o arCom cheiro de nicotinaE o verme da resinaMata sem ressuscitar.Cada qual mais internadoNo seu próprio interiorCom medo de tanto horrorE de olhos arregalados.Arrebentam-se nas filasVão espremidos prás vilasSem condição de pensar.Esperam sem paciênciaA divina previdênciaQue começa a se atrasar.

O Previdente)Sacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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O sol esquentaA terra rachaA planta morreE o homem parteParte para buscar a sortePonto invisívelEntre a vida e a morte.

Entre a vida e a morteSacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Morras algures, andrajoFiguras sensatasTe esperam na tumbaOs fantasmas sombriosDe muitas noites desertas iníquasQue irão sentenciar-te com desdémFazer-te provar a gredaSob a relva estáticaComo um veneno vorazVenças fantocheOs vermes indolentesE busque descobrirO que te esperaEntre os cabedais.

AlguresSacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Eu tenho um sonhoDe ser produtor ruralPelo sonho de AdãoPelo vinho, pelo pãoUm galo no meu quintal.

Contar estrelas de noiteDe dia regar minha hortaTer o fruto proibidoTer o fogo da libidoE amigos batendo na porta.

Um cavalo no pastoUma enxada de guia Não ser mais um sem terraCom bandeira de guerraAção de cidadania.

Aí um dia quem sabeSabedoria popularReforma agrária prá nósE o eco da nossa vozEm todo canto e lugar.

Meu projeto de vidaPode ser visionárioUma micro fazendaRedistribuição de rendaSalvação desse calvário.

Eu tenho um sonhoSacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Eu vou grudar em vocêVocê vai ver o que é bomQuero provar o teu gostoQuero saberQual o sabor do teu batom.

Se chocolate ou morangoSe uva ou se anísSe manga ou se cerejaSe atemóia me dizJaboticaba ou limaGoiaba me faz feliz.

Eu vou grudar em vocêVocê vai ver o que é bomQuero provar o teu beijoQuero saberQual o sabor do teu batom.

Se melancia ou pitangaSe carambola ou caféSe figo ou se cenouraDependo do teu baléSe ameixa ou se amoraEu quero teu cafuné.

GrudeSacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Perpetuar a espécieÉ prematuro demaisO que eu digo a meus filhosEu escutei dos meus pais.

Não ligo se a moda pegaÉ pedagógico saberQue vale a pena o sentidoQue persevera o prazer.

Queira seu bem-quererComo se fosse a metadeDaquilo que você éCom toda a sua bondadeE se a laje racharCole com superbondProcure se alimentarPor quanto quando e ondeÉ o remédio que curaO néctar que fortificaDe dia é porto seguroDe noite Itaparica.

Quanto quando e ondeSacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Já tá queimando a fogueiraEsquentando o mucunzáQuadrilha tá dançandoEnfeitando o arraiá.

Já tem pipoca pulandoNa panela de pressãoBatata-doce e macaxeiraNa barraca de quentão.

Crianças soltando traqueIdosos comendo curauJovens pulando brasaQuerendo calamengau.Êta festança boa!

Paçoca, pamonha e pinhãoCorreio eleganteNo céu explode o rojão.Êta festança boa!

Pau-de-sebo, pirulito e picoléBandeirolas ao ventoE o sanfoneiro puxa o arrasta-pé.

(Ê tempo bom

Ciso de Jó, Zé Calú e Nequinho.

Hoje é Zé do Bode, Mateus e Tiquinho.)

Festança boaSacha Arcanjo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPAno bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina CulturalLuiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/

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Agora o menino dormena sua postura corretasozinho na noite enormecomo quem dormede forma completa

por não ter havido outro jeitosenão crescer depressa e a esmona escola das ruas e ter feitode si o indefeso refém de si mesmo

por não ter havido diferençaentre as coisas da vida e da mortefoi morto com bala de políciamas podia ter sido de fome ou de corte

e na poça de sangue que anoiteceno jardim de pedras que apodrecemse abre na terra o noturno girassolque seus negros cabelos tecem

1979

Canção para ninar um menino mortoAkira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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Pesado e sujonojentoé um trampo tão do cacete, meu manoque chego de noite em casagarganta entupida de graxacorpo no bagaçoe ordeno num fio de voz:- esquenta a janta, mulher e arruma a cama pra nós duas.

1979

BorrachariaAkira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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Depois do futebole depois do churrascono último domingoo primeiro do anoquando a carne mioue miou o tinguánão saciado aindao paulão jogou verde:

- a saidêra é no vavá, galera que é caminho pra todo mundoninguém mandou provocardei de bico mesmo, no ângulo:

- o vavá não é caminho, véio é atalho.

Último domingo (2)Akira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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Tudo bem, eu menti pra vocementi, menti, admito que simmas há verdades, meu amorque eu não conto nem pra mim.

VerdadesAkira Yamazaki

o dez delessó tinha pose de deznão passava de um engana-tiziupena que só descobrimos quando o jogo já estava tres a zero pra eles

o dez deles na verdade era o seteum sarará magrelo em cujo sorrisofaltam alguns dentes

com seus pés franzinosele desperta espantos e fantasiasdribles e destinos inesperados.

18/03/2010.

Ainda sobre a dezAkira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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Por todo o país que dissecam a cascao belo é urdido das trajetórias e itineráriosnos dedos dos poetas dos sentimentos humanos turbilhões de mágoasnas palavras exatas diásporas de paixõesdestes mentirosos em tempo integral por todo o país nos semáforos das cidadespalavras misturam infâncias apodrecem.veneno e mel açúcar e fel e tecemprecisas arquiteturas

Semáforo (2) Akira Yamazaki

De tão imprevista e inconstante De tão bipolar e tão mutanteclarice é assim uma espécie clarice não consegue suportarde noturno e bissexto cometa padrões, processos ou rotinasque só raramente aparece nem pertencer a um só lugarseu destino é vagar errante sua maldição é vagar constanteexplorando a solidão dos planetas condenada a seguir e nunca ficare a dor das galáxias distantes somente dos partos das estrelasonde assombra as noites escuras e das fomes dos buracos negroscom seu facho de fogo brilhante seus olhos sabem se alimentar.

De tão irregular e itinerantecom clarice às vezes acontecede perder a certeza do chãoe querer em meu colo repousarmeu obediente colo de cãomas é só por um breve instanteassim como chega sem avisarde novo ela logo desaparecenum vôo luminoso e inquietante

ClariceAkira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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a vida prolongada procedimentos e protocolosem tubos, fios artificiais de limpeza e higienee instrumentos de precisão estreita-o ao colo a almaque injetam quantidades pássaro etéreo e hesitante.exatas de oxigenioalimentos e remédiospara controle da dor- meu deus, da dorjá é uma espécie de morte

se o corpo agorainanimado e horizontalpendura-se em raízesde plástico e metaissubmissas aos mais rígidos 30/04/2010

TsutaeAkira Yamazaki

o amor tem dessas coisasontem beija, paixãohoje beija e se conformabeija amanhã e tolera

sempre que puder, beijaonde e quando não importa

beijo mordido de raivabeijo de prazer ou obrigaçãobeijo de piedade, inclusivebeijos diariamente atésoprar as cinzas da paixão e reinventar o espanto.

03/07/2010.

BeijosAkira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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voce nunca entendeua flor dilacerada da minha aflição e estou alquebrado pelas doençase apesar de emudecida ainda agora voce não entendea mim pertencida permaneceu mas com paciencia maternal conduz-me pelas mãos.voce nunca entendeu mas ouviu comigoo uivo doloroso e negroda minha estrela em extinção permaneceu comigoe viu inchar o coração hipertensodo vento traiçoeirono meu rosto transformadoem floresta de rios derrotadose árvores petrificadas permaneceu comigoquando ocorreu o explendorda rosa cancerosa

no jardim dos meus sonhos devoradospelos dentes cariados dos cachorros loucos ainda agora que a juventude se foi

- terá sido um sopro ruim?

e a memória apodreceue a ilusão apodreceu 13/11/2010.

PertencimentoAkira Yamazaki

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Se a sorte é irmãsiamesa do azarse juntas ajoelhamnum mesmo altare cumprem destinosde corda e caçambacomo diz o ditadosoberano e popular

se a sorte um diaem seu colo se jogarpor via das dúvidasnão custa desconfiarantes de champanhee rojões estourar

sua barba de molhoaconselho cozinharciganas ou videntesvão ajudar a decifrardestinos pendentesnão custa interpretar

nas bolas de cristaisnas linhas das mãose nas cartas do tarôa boa sorte e o azar.

26/06/2011.

TarôAkira Yamazaki

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quantas palavrascabem numa canção?quantas rimasterminadas em ão?quantas graçascomporta uma oração?estrelas na noiteme diz, quantas são?

quantos sonhoscabem num coração?talvez demasiadosmeu amor, talvez nãose ele não conheceua dúvida e a solidãoe se a fé não o fezincapaz do perdão.

26/06/2011.

Rimas pobresAkira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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espelhos não mentemconstatam somente

não há mais juventudee a beleza fugiudo meu rosto aos poucosardeu como luz de vela até o fim

as lembranças doemcomo cãimbras.

08/06/2011.

EspelhosAkira Yamazaki

Do jardim eu quero aquela rosaque cheira a paixão mais louca à minha amada eu só implorodo torresmo me basta a gordura a presença mas sei que é tardeque derrete nos cantos da boca dos seus beijos só tenho hoje

o travo amargo da saudade.da noite eu só peço claridadesde luas cheias passando no céu nas manhãs de sol eu procuroos vôos de borboletas ao léu

do pomar eu só quero a frutaque amadurou por si no tempoe fora do alcance dos pássarosresistiu ao castigo dos ventos

04/06/2011.

Jardins e pomaresAkira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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A verdade dói demaisdiz um ditado antigocomo um tapa na carauma cuspida, um soco

meu cachorro morreunuma noite de agostode solidão e desgostode velho, cego e louco

berrei de tanta culpaenterrei-o no jardimentre plantas e floresressecadas aos poucos

enterrei-o em cova rasacavada no pé do muroque perdeu com o tempoums pedaços de reboco

hoje bebi uma cachaçacom os nós dos dedos batinos versos do meu poemaque ecoou estranho e ôco.

21/04/2011

DesgostoAkira Yamazaki

Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei.Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com

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De que reclamar (ei)Por estar deixando a vida, o mundo,Se a sorte que tive (se tive)Desceu na corrente da minhaExistência (curta)Tão curta, que ainda há quem chore (ri)

Nunca quis correr, tampouco morrer,Apenas ser (estar)Mas direi que viver nem sempre éEm/prestar,Viver, é saber receber e ter pra darPrincipalmente amarE que morrer é apenas viajar.1977

MorteJosé Vicente de Lima

José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo.Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.

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O ópio de seus encantosTraiu e decepcionou.Em teus julgamentos secretosE inconscientes,Foste injusta em considerarProvidentes,Supostos idiotas.

Chegaste a ignorar sentimentos,Pensando terSob tuas carícias, Palavras quentesE dedos aveludados,A quem em ti acreditouE não mereceu em momento algumO que fizeste.

Toma isso, então, como avisoEnquanto há tempo de se redimir,E dá um voto de confiançaMesmo que não seja honesto,Para que ele parta sabendoE possa esquecer mais depressaAquela que com a beleza o feriu

1981

AvisoJosé Vicente de Lima

José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo.Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.

Page 26: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Nenhuma cigana nunca me disseCoisas dos meus sonhosSe transformando em realidadeE nem foram lidas nos búziosCoisas sobre pessoas me adorandoOu de punhais me atingindo as costas.

E no rolar das águas da minha existênciaDe ondas que vão e vemEm pensamentosFlutuo no barco da esperançaCerto de um dia ver o portoAinda em tempo De adorar o por do solE deitar num colo que me afagueSincero e ternoAté que eu possa fecharOs dois olhosE sob o cobertor da noiteDormir o sono dos realizados.

1981

DesejoJosé Vicente de Lima

José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo.Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.

Page 27: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Eles debatem na mesaE os inocentes morremO tempo não tem piedadeNem dá direito de escolhaNinguém sabe quantosDormirão para semprePela alimentação de sonhos Dos egoístas que nem sequer conhecemNem quantos serão heróis do nadaApós a suposta vitória.

As perdas nunca serão reparadasE o mundo jamais será um.

1981

Dívida eternaJosé Vicente de Lima

José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo.Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.

Quando o manto de sua inocência Toda a belezaFoi puxado, De sua plenitude.Nasceu de ti uma belezaDe menina, mulherUma cabeça cheia de anseiosE descobertas,Um corpo sequioso de carinhosE um coração perdido em dúvidasLivro fechadoPronto para ser aberto e lido.Prazer permitido a poucosPedra bruta à procura de mãosE de amor Que com sabedoria a lapidePara que seja mostrada 1981

Para uma menina na ruaJosé Vicente de Lima

Page 28: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Não posso dizer Que te esperava todaNo primeiro diaNo entanto,Melhor seria Não te encontrarVisto que estavasDistante, dispersa.Talvez pra mimNão bastasse A sua gentilezaTalvez fosse melhorO desencontro.

1981

DúvidaJosé Vicente de Lima

José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo.Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.

FlôrNum dos galhosDe um imenso jardimPosso pegá-laMas me proíboMelhor sentirSeu aromaÀ distânciaSabendo-se queTirá-la desse galhoSeria provisório E que essa flôrPertence a esseJardim.

1981

Flôr e jardimJosé Vicente de Lima

Page 29: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

O medoÉ ter molequeBarriga quebradaQue pai deixaPrá fazer mais umEm outra barrigaQue depoisDa entrada quebradaPerdeO medo.

1981

TrocadilhoJosé Vicente de Lima

José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo.Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.

No sol de 40 grausSe vendeChapéu de couroCompram-seOs bensVendem-seOs mausÁgua a preçoDe ouro.

1983

Nordeste (1)José Vicente de Lima

Page 30: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

A gente é feito presoE na barriga, espera, esperaE arrrebenta.

Já solto na vida, pensa, pensaMarca um plano e tenta.

Bate a cara no mundo, sofreEntra dia, sai ano e a gente lutaNão desiste e agüenta

(A vida passa rápidoE nos carrega para uma morte lenta) 1983

SinaJosé Vicente de Lima

José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo.Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.

O povo espera Como um náufragoA nova nave Que nega as naus de bandeiras Que o leve pra nova terra suspeitasA nave só desce com chuva (e nem são piratas)E o povo não parte e sofre Vou me virando sobre essa pranchaE não come e arrebenta e morre Pulando vagas, tomando caldosNo sol que transforma o chão Minha resistência supera os socorrosE a poeira nos olhos prenuncia (E) Acho que apesar de grandesNova seca no velho sertão. (Esses mares)

Estou bem próximoDe uma certa escuna velha(que também resiste)(E) Que não teme a triângulosNem diabos.

1983 1985

IlusãoJosé Vicente de Lima

À ReversãoJosé Vicente de Lima

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Sempre de ressaca Com a maquiagem a escorrer seu rosto Me apaixono por você todas as abaixomanhãs Mulher, definitivamente eu te amoMesmo depois de brigas, pizzas voadorasBebedeiras, sexo e floresLanches gordurentosGarrafas quebradasJornais amassados no canto da sala E pratos sujos na piaMesmo depoisDe discussões imprevisíveis para nósE assustadoras para os vizinhosQuando acordo para ir trabalhar, sempre atrasado pela manhãObservo-te, dormindo com o rostoAchatado no travesseiroO cachorro, no chão me olhaObserva-me com ternuraEle sabe também que te amoVocê, com os olhos fechados que escondem o verde vivo do seu olharMas a plenitude do momentoO lençol enrolado em seu corpoSuaveLimpo PerfumadoMulher minhaMinha pintora, minha artista, minha inspiração muito loucaMinhas palpitações cardíacas sempre lembram de vocêEstirada ali, entregue ao sono profundo

ManhãFelipe Campos Peres

Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando: http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=perfil&id_escritor=220

Page 32: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Quadrados e bolas estúpidosE retângulos e mais triângulos Geladeiras quebradasIsósceles ou não Fogões desreguladosLinhas tênues e inimagináveis Lápis, tênis e cadarços sem serventiaVoltas redondas e desajeitadas Calendários do século passadoEspirais, margeando círculos Calculadoras sem pilhaFormas variadas, mendigos Controles remotos sem funçãoPombos, crianças de rua Pessoas gordasPutas Gatos gordosAdvogados Patos fumantesTrapezistas e atletas Sapos com bóia de braçoMédicos condenáveis Raios que caem do céuBons médicos salvadores Papelão que serve de véuAsfalto e árvores Abelhas regurgitando melMais asfalto do que árvores, é verdade O seu cu sobre a latrinaCéu azul em dias nublados Fazendo o que deviaNuvens azuis em céus nublados em Tanta tristeza é uma ironiadias nada comuns E minha escrivaninha, sem motivosAtores, carros, diamante e lixo Está ali à minha esperaSacolas plásticas e carrinhos de Pêra feia e descascadasupermercado Pneu de borracha derrapandoCaixotes tristes, deixados ao leu Papéis higiênicos Jornais amassados de forma E isso não é tudomelancólica HumanosPratos empilhados na pia Gavetas, escadas rolantes, mesas de Sujos toda vida cantoPanos execrados Máquinas de escreverSantos de olhos tapados Bombas, vaporSarjetas escarradas As cidadesCarroças sem cavalos Ondas nos camposGramado seco e cru Cercas de arame farpado nas areias das Poste esquisito, efêmero e nu praiasCarne crua fritando na grelha sem fogo Hotéis sem noçãoou brasa Janelas melequentasPortas que se abrem sem razão alguma Tudo em vão...Cérebros e fetos dispostos em potes

Tudo em vãoFelipe Campos Peres

Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando: http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=perfil&id_escritor=220

Page 33: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Eu vejo bundas passarem por mimBundas de todos os tipos, masculinas e femininasReparo sempre nas femininasQue passam acompanhadasOu desacompanhadasHá bundinhas lindas e redondasOutras murchas e achatadasHá bundas desengonçadas, extravagantes Bundas disformes e tímidasE outras até quadradasBundas vivas em nuances noturnosSob lençóis, sobre lençóisExiste aquela bunda que masca calcinhaE outra que caminha toda arrebitadinhaTem aquelas generosas que se cobrem com saias curtas E nãoUsam calcinhaBunda bunda viva a bundaNão é questão de machismoÉ apenas a constatação do belo Andar de uma bundaDo caminhar de todas elasDo sentar, do levantar e do rodopiarNão é questão de glúteos, propriamente ditoNem de academiaÉ uma questão de beleza Pura poesia concentrada

Pura poesia concentradaFelipe Campos Peres

Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando: http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=perfil&id_escritor=220

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Meu nariz é uma sanfona E os morcegos continuam me mordendoEnquanto um carro cruza o sinal Uma nuvem se forma e vira um tanque de vermelho guerraEscalando a parede do meu banheiro A viagem é muito louca!A chuva cai lá fora em cores tons nunca E agora meus ouvidos são furacões imaginados abusados que rodam sem pararE o presidente Obama é o mais novo Me recomponho, atendo a campainhareforço É o sorveteiro, que logo me pergunta:Pro ataque do Corinthians “Cadê a giganta?”Gavetas se abrem freneticamente E eu respondo:De onde saem bichos nunca vistos “Não sei, estava aqui agora mesmo”antes: O sorveteiro, entãoUma epiléia furtuosa com chifres Me dá de cortesia, um picolé de orelha de avançados... bodeUm tratodonte azul da Indonésia com Vira as costas e se vaisua pança majestosa... E eu, na minha loucura infinita,E um besouro com um zóio na testa Continuo bebericando meu mai tai...inventadoPor Aleister Crowley em frente ao lago Ness noComeço do século passadoGarfos, facas e pratos dançam um tango argentinoE a cortina da sala está insatisfeita com seu salárioRachaduras cortam o chão Cuspindo cerveja de qualidadeTenho dificuldades para me manter de péEntão me deito bem próximo a um formigueiroO mundo está alagado...As calotas polares estão derretendo...Meu cérebro quase já não presta...

Leão Serpente DinossauroFelipe Campos Peres

Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando: http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=perfil&id_escritor=220

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Vivemos na constante rotinaDe sermos limitados.

Estranhamente acasos nos controlamSentindo em nossas faces o beijoDesagradável do destino.

Quando expomos nossas fraquezasSomos enclausurados em buracosPara que deste modo possamos ver apenasUma parcela do infinito céu que nos rodeia.

Se sou verde, me cobram azulSou azul para poderem sorrirE me cumprimentarem durante a manhãCom ridículos, “Bom dia”.

Devolvam-me a inocênciaQuando tinha ainda por deusesSomente meus paisE por mundo meus amigos invisíveis.

Enclausurados em regime de silêncio e imbecilidadeTratados a choques e lavagens cerebraisPor uma máquina fascinante e vicianteChamada televisão.

ClausuraFlávio Cuervo

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •

Page 36: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

DA TERRA BROTA-SE A VIDA QUE DO FOGO, DA ÁGUA, DA TERRA E SINGELA E DELICADA DO AR

FEZ-SE UNOSEMENTES LEVANTAM-SE DA COMANDANTE DE SUA DIMENSÃOESCURIDÃO DO SUBSOLO TENDO ACIMA DE SI, SOMENTE DEUS.ESTICAM-SE E CONFORTAM-SE AO SENTIREM A LUZ DO SOL

DO CÉU DERRAMA-SE A VIDARICA E AGRADÁVEL

GOTAS DESPENCAM-SE COMO DÁDIVAS E ENCANTOSFECUNDANDO O SOLO E DANDO ALÍVIO AOS ESPERANÇOSOS

DO ESTRONDO FAZ-SE A VIDAFASCINANTE E LIMITADA

CHAMAS CONSOMEM A ENERGIA QUE SE HÁDA EXPLOSÃO ORIGINOU-SE O COSMOS QUE MORAMOS

DO TODO FAZ-SE A VIDAOFEGANTE E ESSENCIAL

VENTOS QUE SOPRAM SEM LIMITES E SEM RUMOTENDO O AR COMO ESSÊNCIA PRINCIPAL, NUM MUNDO CHAMADO TERRA

AO HOMEM A GLÓRIA DA VIDA

ELEMENTOSFlávio Cuervo

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •

Page 37: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Um beijo doccccceDe alcaçuzzzzzVôo até a verde luz.

Volto transformandoA ciênciaE o reverso.

AquarelaPlenitudeDoceFadaLuz.

AbsintoFlávio Cuervo

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •

BEBEU, BEBEU, BEBEU... AMIGOS SÃO OS RATOSCOMIDA É SEU OBJETIVO

AGORA ESTÁ CAÍDO. BEBIDA É SEU ABRIGO.

SUA CAMA É A CALÇADA SERÁ ENTERRADO SEM VELÓRIOSEU LIMITE É A SOLIDÃO SEU NOME AGORA É INDIGENTE.VAGABUNDO É SEU NOME DOS VERMES SERÁ COMIDAPRAS CRIANÇAS LOBISOMEM PRAS FORMIGAS SERÁ BEBIDAPRA POLÍCIA DIVERSÃO. SEM DEIXAR DESCENDENTES.

EM SUA CABEÇA NADA PASSA MAS NUNCA ROUBOU NEM SEQUER MATOU.POIS JÁ MORA NA DESGRAÇA ÓCULOS E GRAVATA NUNCA USOU.TALVEZ VIVER COMO ANIMAL SEU PASSATEMPO FOI A ESMOLASEJA EMOCIONANTE E FENOMENAL SUA VIDA ESTÁ POR UM FIOPRA QUEM TEM A LOUCURA COMO DOUTRINA. SEU PAÍS É O BRASIL.

CULTOS SÃO SEUS PIOLHOS

INDIGENTEFlávio Cuervo

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À meia-noite vou acordarE ao abrir os olhos vou notarQue num caixão vou estar.

Ao levantar me lembrareiDo dia que desperteiE sangue tomei.

Acho que era muito meninoPara encarar o destinoDe ser um vampiro.

Gosto das pessoas seduzirDepois que minh'alma vendiE a vida eterna atendi.

Há coisas que são passageirasOu que levam a vida inteiraPois o mundo é uma grande besteira.

Logo, eu sou imortalVivo numa vida banalQue não é do diabo nem sacerdotal.

Espíritos indômitosSons afônicosGemidos arrepiantesNuma noite como antes.

Balada do VampiroFlávio Cuervo

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •

Page 39: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

DE UM LADO ESCUROA VEJO SURGIRVESTE LUXÚRIA PURANUM VERMELHO ARROGANTE.

TEM NA SUA PELEO CHEIRO DO PECADOCOM OLHOS DE SERPENTEE BOCA EM TOM MOLHADO.

SEU JOGO É A SEDUÇÃONUMA BATALHA PELO PRAZERSUAS PALAVRAS EXALAM BLASFÊMIANA HIPINOZE DA PAIXÃO.

NUM PODER DOPANTEAQUECE MEU ESPÍRITOEM VIAGENS ALUCINANTESDENTRO DE UM SER SATÍRICO.

A SERPENTEFlávio Cuervo

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •

Page 40: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Estou com medoDe um passado silenciosoDe um presente passageiroDe um futuro duvidoso.

Palavras não me veemApenas lágrimas brotandoSolidão a flor da peleE uma alma murchando.

Não sei se é depressãoOu coisas da loucuraQuerer ser felizE não saber a cura.

Dessa coisa chamada covardia.

Quero gritar, gritarE ouvir respostasQuero correr, correrE não virar as costasQuero chorar, chorarE depois dormir.

Acordar no futuro dos nossos pensamentosE ver que o que fizemos valeu a penaE somos aquilo que sonhamos.

ALMAS GÊMEASFlávio Cuervo

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •

Page 41: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Amigos são pessoas E também chorar.Que Deus nos envia,Para que juntos possamos Pois o que seria de nós,Fazer de nossas vidas, Sem as amizades dos nossosAlgo inesquecível. Amigos infinitos?

Ter amigos é compartilharDefeitos e virtudes,Esperanças e sonhos.Sonhos que nascemDa gratidão e do carinho.

Ser amigo é ser estimável,É ser aberto para a vida.

Infelizes são os solitáriosQue morrerão sem memória.

As melhores lembrançasQue herdamos e adquirimos,São aquelas que passamos juntosCom nossos eternos amigos.

Amigos que passam a vida inteira ao seu lado,Amigos que surgiram, mas sumiram rapidamente.Amigos que pegaram o trem,Amigos que estão nascendo.

Obrigado Deus,Por ser um amigo,Por ter amigos,Por sorrir com eles

AMIGOS INFINITOSFlávio Cuervo

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •

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A CATEDRALFlávio Cuervo

Debruçou, bebeu seu último gole de tequila e caiu com a testa no balcão. Ficou imóvel por alguns minutos até ser jogado pelos porteiros para fora do bar.

Quando acordou sua boca estava cortada, sua cabeça doía muito e teve a sensação de que seu corpo estava congelado. Levantou-se com dificuldade, seus pés doíam muito por causa do frio, e começou a andar pela praça deserta parando somente para vomitar. Dizem que melhora. Teria que encontrar algum lugar para dormir, pois logo a neve voltaria e com ela mais e mais frio.

Entrou pelo Parque Central e viu vários mendigos tremendo e gemendo pelos cantos. Aproximou-se de um deles para oferecer-lhe um cigarro, mas aquele homem pálido como a neve o expulsou dali dizendo que o banco era seu e que ninguém o tomaria.

Christopher tinha um apartamento nem modesto e nem luxuoso, e naquela noite saiu para beber só, pois havia perdido todos os seus amigos, talvez por sua arrogância de querer ser perfeitamente normal.

Durante anos, tudo o que havia feito era acordar, trabalhar, trabalhar e dormir. Não fazia sexo há muito tempo e não sabia mais o que era amor. Digamos que Christopher havia se tornado um “homo-sapiens” normalmente internauta.

Ao passar pela Catedral de Santa Eduvirges notou que as portas estavam abertas e todas as luzes acesas. Intrigou-se com aquilo e ficou parado em frente à porta central na dúvida de entrar ou não. Percebeu então que o padre falava algo que ele não compreendia. Resolveu chegar mais perto e ouviu perfeitamente:

- “Carpe Diem”. Dizia o padre, que jogava água benta sobre um caixão no centro do altar.

Havia estudado latim durante dois anos na universidade, e aquilo significava: “Aproveite o Dia”.

Quando chegou perto do caixão e preparou-se para olhar o falecido, pessoas ao redor levantaram-se e numa só voz disseram repetidamente:

- O futuro você não conhece e o passado se foi.

Quando olhou para o caixão não conseguiu raciocinar perfeitamente, pois estava deitado lá dentro e ao mesmo tempo olhava-se, em pé ao seu lado. Gritou desesperadamente para todos que somente repetiam:

- “Carpe Diem”.

Christopher correu para a porta central, a fim de sair daquele terrível pesadelo, mas a porta fechou-se rapidamente, fazendo um enorme barulho que estremeceu toda a catedral. Batia e, inutilmente, tentava abri-la. Virou-se então para trás e todos haviam sumido, menos seu cadáver.

Caminhou até o centro e ao olhar novamente para seu corpo morto, começou a chorar lamentando-se por todos os seus erros; por todas as noites de luar que havia perdido enquanto assistia televisão; pelas crianças carentes que não havia ajudado; pelos filhos que não teve; pelo amor que não sentiu e pela doçura infantil que sufocou, na ganância monetária dos seus negócios.

Christopher sentiu seu fim quando sua visão apagou, sua respiração cessou e sua mente deixou de existir.

Conto classificado em 6º lugar no Concurso Internacional de Outono.

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Dois meses se passaramE agora eu percebiQue você esta comigoDe repente tudo mudouMeu mundo não é mais o mesmoO que farei com você?

Não quero ser chataMas vou te apertarAté que você não aguente maisE não vou ouvir seus gritosPorque você é pequeno demais

Não quero você ao meu ladoSó me deixará se for mortoE quando chegar a horaDarei meu sangue para que morrasLogo, sem demora.

Hoje mais um anjo acaba de nascer,Será que ele queria viver?

Fábrica de anjosCelso Felizardo Junior

Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa, música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com

Page 44: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Existe um campo floridoDe brancas pétalas pálidasOnde o orvalho qual uma lágrimaVai ao chão pela pessoa amada.

Ali dentro moramA coragem e a virtudeA promessa e a certezaO amor, a alegria e atéUma certa tristeza.

II Do outro lado existe um pântano sombrioDe rosas negras venenosasCom grandes árvores feiticeirasHabitado por almas invejosas.

Já me sinto como seu morcegoQue ninguém sabe o que senteE quando vai dormirSempre vê o mundoDe um jeito diferente.

III Estou perdendo o equilíbrio em cima desse muroSó não sei ainda, para que lado cairei quando chegar o fimSerá do lado dos Bonns, ou do lado de Berlim?

O MuroCelso Felizardo Junior

Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa, música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com

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O dízimo dizimou os índiosA ignorância queimou os sábiosEssas cenas se repetem todo diaMas você não quer nem saber

Nós aguardamos sentadoso ímpio ajoelhado cometer seu próximo pecadoUm beijo traidor, não no rostoMas em nosso solo sagrado

O vermelho de seus trajesNão veio do corante de nossas árvoresMas do sangue de nossos índios

O terceiro mundo não guarda rancorMas aceite, ele é seu credor.

O Ouro dos AztecasCelso Felizardo Junior

Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa, música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com

Page 46: Recital de poesias   1ª semana cultural intervenha

Criança mimada, tapada, caladaEsmola tua grana, resmunga a mesadaApaga teu fogo no seu aconchegoSe esconde no muro do certo, do medo

Afoga o incerto e teus devaneiosNum copo barato, num porre certeiroUm murro na face, um tiro no escuroAmado no limbo, limado sem rumo

A tua certeza é uma certa piadaVivendo a Circense da tua cruzadaChacota, esculacho, atrás de pancadaEmpresta um sorriso e vende a tua alma

Criança mimadaAntônio Altvater

Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço sessaosonora.blogspot.com

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Segunda acordaDesperta relógioMatando a demoraO minuto o próximoO dia um outroMais outra semanaQue passa e a camaMe chama bem longeOu dorme ou comeOu come ou morreSentindo setembro Em oito de outubroO prazo se acaba Sem pausa só pressaSó sei que o atraso E de gente com pressaÉ quem tem pressaDomingo se encerraAcorda segunda

Só se atrasa quem tem pressaAntônio Altvater

Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço sessaosonora.blogspot.com

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Escrever as vezes é precisoComo comer, dormir e acordarNa timidez se torna um riscoDo riso tolo de quem debochar

Traçar linhas do fim ao princípioCriar livros na fuga de siEscrever sem manchar uma linhaÉ preciso saber se imprimir.

Por mais que os medos tomem o homemÉ a coragem que o tomou a sonharMais vale ser o claro e veloz do raioDo que um nebuloso eclipse lunar

Para que esconder pensamentos?As angústias que qualquer um tem Escrever é conversar com si mesmoMelhor isso do que falar pra ninguém

Escrever é precisoAntônio Altvater

Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço sessaosonora.blogspot.com