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RE(CONHECIMENTO) DA CULTURA E EDUCAÇÃO QUILOMBOLA P OR MEIODE JOGOS TRADICIONAIS

Jessica Aparecida Alves Marchurk PIBIC/Cnpq-UNICENTRO IC –Jr, Vanessa SouzaMartins PIBIC-UNICENTRO IC –Jr, Carla Luciane Blum Vestena (Orientadora), e-

mail: [email protected]

Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Pedagogia/Guarapuava,PR

EDUCAÇÃO – Fundamentos da Educação.

Palavras-chave: Jogos, Cultura e Educação

Resumo: O presente trabalho compreendeu o estudo da cultura e educação quilombola pormeio de jogos tradicionais. As atividades realizadas envolveram estudo obibliográfico sobre o tema e registro da atividade de campo na comunidadeInvernada Paiol de Telha. Concluiu-se que os jogos quilombolas permitemcompreender a cultura e podem ser utilizados na escola visando a educação para adiversidade.

Introdução

No Brasil, segundo o Censo Escolar de 2004, existem 49.722 estudantes matricula-dos em 374 escolas localizadas em áreas de remanescentes de quilombolas, sendoque 62% das matriculas estão concentradas na região Nordeste. O Rio Grande doSul é o estado brasileiro com maiores referencias europeias em sua formação, atual-mente o Rio Grande do Sul apresenta diversas comunidades remanescentes de qui-lombolas, apesar de as comunidades gaúchas serem pequenas, são numerosas eestão registradas cerca de 90 comunidades quilombolas e ocupam diferentes áreas.(BRASIL, 2006)

Quilombo hoje, tem significado diferente de décadas anteriores, 70 e 80, quando adisciplina de História do Brasil nos dava conta apenas do quilombo dos Palmares,numa localidade onde se era estrategicamente impossível chegar. Também está dis-tante de uma definição semântica pura e simplesmente da palavra, embora essacompreensão seja útil para nosso entendimento.

Assim, a palavra quilombo tem a conotação de “uma associação de homens abertaa todos sem distinção de filiação a qualquer linhagem, na qual os membros eramsubmetidos a dramáticos rituais de iniciação que os retiravam do âmbito protetor desuas linhagens e os integravam como coguerreiros num regimento de super-homens

Anais da XIX Semana de Iniciação Científica25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358

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invulneráveis às armas de inimigos”. Ou seja, o quilombo amadurecido “é uma insti-tuição transcultural que recebeu contribuições de diversas culturas: lunda, inbangala,mbundo, dongo, wovimbundo, etc.” (MUNANGA, 1996, p. 59)

Sabe-se ainda, a respeito da palavra “quilombo”, significa em sua etimologiabantu, ou seja, acampamento guerreiro na floresta, foi popularizada no Brasil pelaadministração colonial, em suas leis, relatórios, atos e decretos, para se referir àsunidades de apoio mútuo criadas pelos rebeldes ao sistema escravista e às suasreações, organizações e lutas pelo fim da escravidão no País. (LEITE, 2008, p. 965)

Materiais e métodos

Foi realizada a revisão bibliográfica das obras de HUIZINGA (2010), HARTUNG(2004), MUNANGA (1996), LEITE (2008), com objetivo de a cultura, a educaçãoquilombola e os jogos tradicionais. E uma atividade de campo, na comunidade eescola que as crianças quilombolas frequentam no município de Entre Rios,Guarapuava, Paraná. Esta atividade compreendeu a escuta, observação e registrode nossos olhares e impressões, conforme o estudo etnográfico.

Resultados e Discussão

Hartung (2004) destaca-se por realçar todos os esforços das famílias, que tem bas-tante dificuldade para conseguirem permanecer nas terras que receberam dos anti-gos senhores e a luta ainda persiste, mesmo diante da fragmentação.

Originalmente Invernada Paiol de Telha habitava terras suas, em outra localidade,na Fazenda Capão Grande, área também conhecida como Fundão, localizada noDistrito de Pedro Lustosa, município Reserva do Iguaçu, Comarca de Pinhão, Para-ná. Deixada à aproximadamente 17 escravos libertos e outros 10 ainda escraviza-dos, as terras foram repassadas em testamento pela fazendeira Dona Balbina Fran-cisca de Siqueira, em 1860.

Paiol de Telha é um quilombo diferente em seu surgimento, pois nasceu da doaçãoem testamento e não pela formação de negros fugidos ou desassistidos, como aindahoje se imagina. Segundo Hartung (2004), atos de cessão de terras à escravos, na-quele período, revelam que havia, nas relações entre cativos e senhores, uma rela-ção além da prevista pelo sistema escravocrata.

Ao deixar parte de seus bens a eles, a proprietária reconheciaque esses escravos e libertos faziam parte da comunidade dehomens, por que inseridos em famílias, em redes parentais.Em outras palavras, nas doações e nos privilégios concedidosa alguns escravos, os senhores reconheciam que essesestavam organizados socialmente e que tal organização sebaseava na instituição máxima daquela época e sociedade: afamília. (HARTUNG, 2004, p.33)

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Ao fazer contato com os moradores da comunidade, pudermos ouvir o relato dosmoradores sobre a retirada das famílias de suas terras:

“a comunidade do Paiol de Telhas vivia na terra e acabou sendo ex-pulsa, a gente fazia as coisas juntos, sempre dava certo, faziam mu-tirões para um ajudar o outro em suas dificuldades para concluírembem o trabalho, todos viviam em harmonia, apesar de as vezes exis-tirem algumas dificuldades, mas hoje já está tudo mudado agora acomunidade está organizada em associação (faz referência a Asso-ciação Invernada Paiol de Telha Fundão/ Associação Eleodoro). Noassentamento agora tudo está dividido, cada um tem o seu territóriocercado para poderem continuar vivendo bem e com mais privacida-de”. Moradora da comunidade

Notamos que as crianças que frequentam a escola que visitamos, possuem o sobre-nome da mãe no final de seus nomes, bem diferente do que ocorre geralmente nosregistros civis no Brasil, em que o sobrenome do pai é que tem mais força e serápassado aos seus filhos.

Descobrimos que os jogos de marcavam, a escravidão era o faz-de-conta o montar cavalo em carneiros, na falta de carneiros os moleques eram usados, segundo (Freyre, 2004) Também se destacavam nessa época os jogos típicos de violência, o pião (lascar o pião), o papagaio (comer o papagaio) e os vários jogos de beliscar (cantar versos e um beliscava o outro).

Conclusões

Concluiu-se que os jogos quilombolas permitem compreender a cultura e podem serutilizados na escola visando a educação para a diversidade.

Agradecimentos

Ao Cnpq pelo apoio financeiro a pesquisa.

Referências

FREYRE, G. Casa Grande e Senzala, 50ª ed. Global Editora, 2004.

HARTUNG, M, F; O sangue e o espírito dos antepassados: escravidão, herança e expropriação no grupo negro Invernada Paiol de Telha - PR. Florianópolis: NUER/UFSC, 2004.

LEITE, I, B. O Projeto Político Quilombola: Desafios, Conquistas e Impasses Atuais. Estudos Feministas, vol. 16(3), p. 965 - 977, Florianópolis: setembro-dezembro/2008.

MUNANGA, K; Origem e Histórico do Quilombo na África. Revista USP, vol. 28. p. 56-63. São Paulo: Dezembro/ Fevereiro 95/96.

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