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Recursos Estilsticos da Leitura Neotestamentria SILVA & LUNA
Revista Dilogos N. 11 Abr./Mai. 2014 - Pgina 212
DESENTRANHANDO RECURSOS
ESTILSTICOS DA LEITURA
NEOTESTAMENTRIA
EUFEMISMO & HIPRBOLE
Marcos Fernando da Silva
1
Jairo Nogueira Luna2
RESUMO: Os recursos expressivos da linguagem aplicados ao
texto estabelecem a distino estilstica que o autor adota para
se comunicar e tambm vm marcar o grau de literalidade que
permeia todo o conjunto das ideias que compem a malha
textual. Este artigo tem o propsito de realar o emprego dos
eufemismos relacionados morte, ao ato sexual, aos gentios e a
Deus dentro do texto Neotestamentrio, destacando a sua
ocorrncia com a citao e anlise de versculos que integram o
corpus da pesquisa; como tambm, evidenciar a ocorrncia e o
emprego dos termos e expresses da figura de linguagem da
hiprbole. Para tal fim, fez-se uso simultneo de citaes
trilngues (Grego, Portugus e Ingls) a fim de dar maior
consistncia fidelidade do contedo literal-eufemstico e
hiperblico constante do verso referenciado. Ao proceder
leitura e evidenciar a localizao do recurso estilstico, conclui-
se com melhor iseno interpretativa o contexto expresso no
1 Professor graduado em Letras (Ingls e Portugus) pela AESA-CESA,
Ps-graduado em Ensino de Lngua Portuguesa e suas Literaturas pela UPE;
E fez um curso de aperfeioamento em sociologia (IFPE) pela RENAFOR.
E-mail: [email protected] 2 Professor orientador: Doutor, pela Universidade de So Paulo, USP -
Brasil. Prof. Adjunto da UPE.
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versculo examinado, o que, sem dvida, favorece uma leitura
isenta de distores caususticas, como se v em algumas
interpretaes formuladas ao sabor dos ventos de
doutrinas, como bem enfatiza o escritor Paulo de Tarso, autor
que integra o leque de escritores do Novo Testamento.
Palavras Chaves: Eufemismo. Hiprbole. Neotestamentrio.
Figuras de linguagem. Literatura
ABSTRACT: The expressive resources of language applied to
text establish the stylistic distinction that the author adopts to
communicate and also have marked the degree of literalism
that pervades the whole set of ideas that make up the textual
fabric. This article aims to highlight the use of euphemisms
related to death, sexual act, and God to the Gentiles in the New
Testament text, highlighting its occurrence with the citation
and analysis of verses that comprise the corpus of research. As
well, highlighting the occurrence and employment of terms and
expressions of figure of speech hyperbole. To this objective,
trilingual quotes were used simultaneously (Greek, Portuguese
and English) in order to give greater consistency to reliability
of the literal-euphemistic and hyperbolic content constant in
the referenced verse. When you proceed to read and highlight
the location of stylistic resource, you conclude with better
interpretive context exemption expressed in the examined
verse, which favors a reading free of casuist distortions
undoubtedly, as seen in some "interpretations" made from the
flavor "of winds of doctrines", as well as emphasizes the writer
Paul of Tarsus, author who integrates the range of New
Testament writers.
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Key-words: Euphemism. Hyperbole. New Testament. Figures
of speech. Literature.
INTRODUO
No dia a dia, nas conversas, mensagens e, em geral, nos
nossos dilogos, s vezes, fazemos uso de figuras de linguagem
sem notarmos; usamos tal recurso lingustico para tornar as
mensagens, conversas e dilogos mais expressivos e/ou
significativos. E isso no diferente no que diz respeito ao
texto onde utilizamos tais figuras como meio estratgico para
se conseguir transmitir ou exprimir na interpretao do
leitor/ouvinte certo efeito que normalmente a fala ou escrita,
apenas, no poderia dar conta com a intensidade que
gostaramos de expressar. E quando tratamos de eufemismo ou
hiprbole, dentre as figuras de linguagem, no texto
Neotestamentrio (do Novo Testamento) poucos conhecem de
fato tais figuras presentes na Literatura Crist; na Bblia
Sagrada.
H religies que utilizam, muitas vezes, alguns textos
Bblicos (ou partes) de forma isolada e literal; isto , leem e
aplicam ao bel-prazer sem fazer uma pesquisa, anlise,
comparao e interpretao, minuciosamente, mais aguada e
reflexiva. Negligenciando, ento, elementos fundamentais para
uma anlise textual mais segura, sadia, concisa, apurada e
original do ponto de vista de quem a transmitiu. Exemplo
bem ntido , s vezes, a excluso irrefletida, quando submetida
a uma interpretao, das diversas figuras de linguagem
presentes no mbito da literatura Crist, especificamente, no
texto Bblico do Novo Testamento. de considervel
importncia averiguar o texto e o contexto lingustico de tal
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mensagem; levando em considerao uma gama de aspectos
que, aparentemente, so bsicos - como: o idioma, a cultura, a
poca, quem escreveu e para quem foi transmitido, o que disse
e, alm de ser necessrio, entender os conceitos de denotao e
conotao; para no dizermos o que no foi dito pelo autor ou
falar o que o autor no quis dizer; fazendo, ento, uma
interpretao presunosa, falha, subjetiva e calcada, s vezes,
em preceitos ideolgicos pessoais ou eclesisticos. Isto , a
interpretao adjuntiva de caususmos carrega, em si, o sentido
eisegtico.
Foi pensando nessas e em outras incgnitas de
interpretao que quase toda pessoa j se deparou e/ou ainda
nos deparamos em meio a uma passagem Bblica (muitas vezes
simples ou difcil e, s vezes, obscura ao nosso
entendimento; sejam acerca de figuras de linguagem ou, at
mesmo, elementos hermenuticos) que resolvemos fazer uma
anlise de algumas ocorrncias (com a citao e anlise do
versculo) das expresses eufemsticas e hiperblicas
presentes no texto do Novo Testamento trilngue: Grego,
Portugus e Ingls (1998), e mostrar a relevncia ao se
conhecer certos recursos lingusticos empregados,
estilisticamente, nos textos Bblicos; como, tambm, apresentar
em grego, portugus e ingls um quadro comparativo dos
principais termos e expresses utilizados nos textos.
Ao se estudar ou ler a Bblia, rica fonte literria crist,
torna-se quase que indispensvel conhecer, na verdade, certas
figuras de linguagem, precavendo-se de interpretaes
pessoais. Pois, por meio desse recurso expressivo lingustico
que o autor revela melhor suas ideias, pensamentos,
posicionamentos e intenes; dando ao texto maior
profundidade e, sobretudo, beleza estilstica.
Ento, qualquer leitor ao conhecer, nitidamente, a
estrutura, formao e procedncia seja do eufemismo ou da
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hiprbole como duas das figuras de linguagem presentes na
literatura do Novo Testamento, poder se sentir tranquilo,
confiante e/ou seguro ao ler ou examinar determinadas
passagens Bblicas contendo tais figuras. Ou seja, conseguir
tratar com mais equilbrio e solidez os diferentes textos
bblicos a partir das possibilidades estilsticas que o
conhecimento das figuras de linguagem pode oferecer ou
proporcionar.
1. PRIMEIRO CAPTULO
O primeiro captulo se atm s definies sobre as
figuras de linguagem em geral e expe enfaticamente seu teor
de relevncia no texto da literatura Neotestamentria,
ressaltando que tal literatura sobrevive at hoje como sendo
uma fonte riqussima em vrias reas cientficas e que, at
ento, produzem significados para conteporaneidade; e que
alm do seu status de Escritura Sagrada, o Novo Testamento
uma magna obra literria das mais cativantes e valiosas por si
s, um genuno objeto digno de estudos intensos e incessantes.
Sendo assim, a definio que Esdras Costa Bentho (2003)
descreve que:
Figuras de linguagem ou de retrica so
recursos lingusticos empregados pelo literato
para expressar de modo concreto suas idias,
evocando algum tipo de imagem real,
comparao, ou de correspondncia entre as
palavras e o pensamento. (BENTHO, 2003,
p.307).
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Figura de linguagem, segundo o minidicionrio de
Caldas Aulete, uma forma que assume a linguagem para
efeito expressivo que a afasta do uso normal da lngua.
(AULETE, 2004, p.372).
Nessa mesma perspectiva, afirma-nos Antunes (2013) que:
As figuras de linguagem ou de estilo so
empregadas para valorizar o texto, tornando a
linguagem mais expressiva. um recurso
lingstico para expressar, de formas diferentes,
experincias comuns, conferindo originalidade,
emotividade ou teor potico ao discurso. A
palavra empregada em sentido figurado, no-
denotativo, passa a pertencer a outro campo de significao mais amplo e criativo (ANTUNES,
2013).
Isso revela, estilisticamente, que a figura de linguagem
tem um papel muito especial e de vital importncia no que
tange questo da valorizao e expressividade textual; visto
que, por meio desse recurso lingustico que o autor utiliza-se
para dimensionar, expressivamente, seu discurso seja oral e/ou
textual; dando-lhe, tanto maior significao, emotividade,
expresso e teor potico como, tambm, novas formas,
profundidade e, mais que tudo, encanto estilstico.
J conforme Cmara Junior (2011, p.143) ele descreve
como Aspectos que assumem a linguagem para fim
expressivo [...] afastando-se do valor lingustico normalmente
aceito [...] As figuras de palavras referem-se significao dos
semantemas, desviando-o da significao normal. Tais figuras
presentes na Literatura do Novo Testamento foram utilizadas
pelos escritores, propositalmente, para tornar a linguagem mais
rica, clara e significativa; mantendo, assim, seu esprito vivo.
Todavia, assinalada a relevncia das figuras de linguagem;
pois elas podem acrescentar cor e vida, chamar a nossa
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ateno, ficar mais bem registradas na nossa memria; alm
de conseguirem tornar os conceitos abstratos ou intelectuais
mais concretos; podem, tambm, sintetizar uma ideia e
estimular nossa reflexo. (ZUCK, 2003, p. 169-170).
Da pode-se analisar o grau de importncia que a
utilizao das figuras de linguagem; elas podem expor ou
revelar desde os aspectos histricos ou culturais at a
sensibilidade do autor; no uso do eufemismo, pode-se ver a
substituio de determinadas palavras por outras mais polidas;
evitando, ento, certas expresses ou palavras speras; como
tambm, na utilizao da hiprbole, vemos nitidamente o
exagero, intencional, da intensificao como fator de
expressividade, objetivando acrescentar nfase.
2. SEGUNDO CAPTULO
No segundo captulo o eufemismo e a hiprbole so as
figuras discutidas com mais relevncia e detalhes, so
conceituadas a partir do exame de opinies abalizadas de
especialistas no estudo da Estilstica.
relatado de maneira pormenorizada que o eufemismo
procede quando pretende encobrir determinadas expresses
e/ou certas palavras pouco decentes, usadas, ora menos
agradveis, ou, at mesmo, mais grosseiras ou que, por
delicadeza ou religiosidade, no devam ser pronunciadas.
Assim, o eufemismo Consiste na substituio de uma
expresso desagradvel ou injuriosa por outra incua ou suave
[...]. (ZUCK, 2003, p. 178)
Como o caso, na literatura do Novo Testamento, de
certas palavras como: morte, gentios, sexo e, at mesmo, o
nome de Deus serem substitudos por outras palavras ou
expresses; devido a questes religiosas, culturais e histricas;
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visto que dentro da cultura judaica tais palavras (eufemismos
hebraicos) no eram pronunciadas pelos judeus.
J em relao figura de linguagem da hiprbole
(auxese), Cmara Junior (2011, p.138), sumariza explicando
que tal tropo o exagero da significao lingustica para fim
de expressividade; ex: estar morrendo de sede; o mais belo do
mundo; um sono de pedra [...].
Segundo Aulete (2004, p.349) o eufemismo uma
Figura de linguagem baseada na substituio de palavra ou
expresso de sentido grosseiro, indecente ou desagradvel por
outra de sentido mais leve e conveniente (p.ex., o uso de forte
no lugar de gordo, de traseiro no lugar de bunda etc.).
Isso bem visvel no corpo do texto Neotestamentrio.
Expresses do tipo: conhecer usada no lugar de fazer sexo;
se de cima no lugar de se Deus; os que esto longe no lugar
de os gentios; de morte no lugar de dormir e assim por
diante.
Conforme a descrio de Mello (2001, p.113) o
eufemismo a enunciao atenuada de uma palavra ou
expresso, a fim de livr-la do sentido desagradvel,
indecoroso ou grosseiro.
E segundo Terra & Nicola (2009, p.124) a hiprbole
uma figura de linguagem que consiste no exagero da
expresso com a inteno de realar, salientar uma ideia [...].
Assim, tais figuras revelam ou mostram mltiplos
aspectos do pensamento da linguagem no mago figurativo-
frasal-lingustico.
Enquanto o eufemismo procura minimizar, suavizar ou
atenuar certas palavras/expresses grosseiras, desagradveis ou
rspidas; por outro lado, ento, a hiprbole vai buscar
maximizar, exaltar (abusar) ou amplificar determinados
termos/expresses.
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Logo, se leva a entender que a hiprbole trabalha,
intencionalmente, com o exagero, a ampliao ou amplificao
da significao lingustica de uma palavra, ideia, conceito ou
pensamento. Consequentemente, no toa que seu conceito
etimolgico venha nos informar tal acepo; hiprbole: [do
gr. hyperbol ao de lanar sobre] [...] figura de retrica pela
qual se exagera, se amplifica uma ideia, um pensamento [...].
(BUENO, 2010, p.261).
3. TERCEIRO CAPTULO
No terceiro captulo estudada a ocorrncia em grego,
portugus e ingls do eufemismo em textos do NT,
destacando-se a sua associao ao vocbulo morte.
Visto que na literatura do Novo Testamento os
eufemismos foram frequentemente empregados por meio de
especficos termos e expresses que representam ou designam
a morte. mostrado, nesse captulo, um quadro contendo
oito recortes de versculos retirados do livro do Novo
Testamento trilngue: Grego, Portugus e Ingls (1998) que
contm tal eufemismo. Alm desse quadro, h tambm, este
outro quadro comparativo de expresses e termos eufemsticos:
LIVROS GREGO3 PORTUGUS INGLS
1 At 7.60 Adormeceu He fell asleep
2 1Co 15.51 Dormiremos We will sleep
3 1Ts 4.13 Dormem [...] fall asleep
4 Jo 11.11 Adormeceu [...] has fallen asleep
3 A utilizao do idioma grego a partir desta pgina ser seguida de acordo
com a bibliografia pesquisada: SAYO, Luiz Alberto Teixeira. Novo
Testamento Trilnge (sic): grego, portugus e ingls. So Paulo: Vida
Nova, 1998, p.345, 488, 572, 288, 187, 548, 122 e 395.
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5 Lc 8.52 . Dorme Asleep
6 Fp 1.23
Partir e estar
com Cristo
To depart and Be
with Christ
7 Mc 9.13
Tudo o que quiseram
Everything they wished
8 At 22.22
Tira tal homem da terra
Rid the earth of him
minunciosamente analisado cada um desses
termos/expresses em seus respectivos livros/textos/versculos;
nos cincos primeiros versculos, no quadro comparativo acima,
so encontrados as flexes dos verbos adormecer e dormir
que tanto so sinnimos como foram empregados para
substituir a expresso ou estado da morte. lembrado que
tanto adormecer como dormir so os verbos mais usados
na literatura Crist para representar a morte; e quem comenta
sobre a presena do eufemismo nesses versculos MacArthur
(2010, p.1449) ao afirmar que o termo adormecer ou dormir
um Eufemismo comum do NT para a morte de crentes.
Assim, diante disso, MacArthur (2010) ratifica observando
que:
Dormir um conhecido eufemismo do NT para
morte que descreve o aspecto do falecido [...].
Retrata o corpo morto, no a alma [...]. Dormir
usado para a filha de Jairo (Mt 9.24), a quem
Jesus ressuscitou da morte, e para Estevo, que foi apedrejado at a morte (At 7.60; cf. Jo
11.11[...]) Aqueles que dormem so
identificados no v.16 como os mortos em
Cristo. [...] (MACARTHUR, 2010, p.1642)
Nos outros trs versculos, so analisadas a finco as
expresses eufemsticas. Retirando apenas um exemplo, tem-
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se: Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o
desejo de partir e estar com Cristo, o que
incomparavelmente melhor. (Filipenses 1.23, grifo nosso).
Haubeck & Siebenthal (2009, p.1119) explicam que a
expresso grifada deve ser interpretada como eufemismo
para morrer. J que, tanto partir como estar com Cristo
lembre uma passagem desta para outra vida.
Em sntese, Robinson (2012, p.60) explica que a
palavra (partir) deve ser entendida de forma:
Tropolgico. partir desta vida, morrer.
4. QUARTO CAPTULO
No quarto capitulo seguido o estudo detalhado do
eufemismo aplicado ao aspecto do ato sexual e suas variantes.
relatado que o estilo Neotestamentrio ao delinear e
tratar das relaes sexuais no texto bem peculiar e tpico da
cultura judaica. Visto que na cultura judaica, e em diversas
outras civilizaes, referem-se a respeito das relaes sexuais
atravs de eufemismos. Sendo assim, conforme ressalta
Osborne (2009, p. 160) esse tipo de eufemismo : [...] uma
figura particularmente associada a tabus ou questes sexuais.
Mais adiante, explorado detalhadamente neste quadro
comparativo os termos e expresses eufemsticas relacionadas
ao ato sexual.
LIVROS GREGO PORTUGUS INGLS
1 Mt 1.25 Conheceu had union
2 1Co 7.1 Toque to marry
3 1Co 5.1 Possuir Has
4 1Co 7.5
Ajuntardes come together
5 Ro 1.27 Contacto Relations
6 2Tm 2.22 Paixes desires of youth
7 Hb 13.4 / Leito/ impuro bed/ the sexually immoral
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8 1Co 6.9 Impuros the sexually immoral
De acordo com Bentho (2003) deve-se saber que:
O eufemismo hebraico para as relaes sexuais
geralmente conhecer; mas tambm,
encontram-se outros temos: deitar, chegar-se, tocar, possuir, ajuntardes. Nas prescries
sobre a moralidade sexual em Levtico 18
encontramos vrias expresses eufemsticas.
(BENTHO, 2003, p.326)
Como exemplo base, analisando apenas a passagem de
Mateus que voltada ao ato sexual, pode-se ver que foi usado
o recurso estilstico-lingustico do eufemismo para suavizar e
atenuar tal expresso tida como desagradvel, contundente ou
deselegante ser pronunciada.
Para melhor entendimento, o verso diz: Contudo, no a
conheceu enquanto ela no deu luz a um filho, a quem ps o
nome de Jesus (Mateus 1.25).
Conforme explica MacArthur (2010, p. 1209) a
fraseologia da expresso no a conheceu, no texto citado,
desempenha o papel de: um eufemismo para relao sexual.
Analogamente, tal versculo ao ser traduzido por Barker (2011,
p. 1615) fica: Mas no teve relaes sexuais com ela enquanto
ela no deu luz um filho. E ele ps o nome de Jesus.
Em suma, Haubeck & Siebenthal (2009, p.613)
ratificam a interpretao latente dessa passagem, atravs da
anlise lingustica do timo grego que corresponde aqui a um eufemismo muito difundido nos
mbitos bblicos e extrabblicos. Referente relao sexual..
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De sorte que por meio dessa explorao exegtica4
textual que faz com que se tenha uma melhor e ntida
compreenso da intencionalidade eufemstica das mensagens,
relacionadas ao ato sexual, inseridas nos relatos bblicos
analisados; preservando assim a idoneidade do texto e
dirimindo subjetivismos interpretativos.
5. QUINTO CAPTULO
No quinto captulo, busca-se extrair exemplrios
eufemsticos associados questo scio-ideolgica da relao
judeu-gentio.
exposto que na cultura Judaica, registrada no escopo
do antigo ou do Novo Testamento, existe uma concha de
costumes, rituais e, ainda, particularidades pessoais e
exclusivas de sua religio. Exemplo bem ntido, no contexto do
NT, a utilizao verbal e/ou textual, no dia a dia, do recurso
estilstico do eufemismo aplicado aos gentios e a Deus.
ressaltado enfaticamente que tais usos foram empregados, na
literatura crist, com o propsito de mostrar os aspectos
histrico-culturais da tradio judaica como, tambm,
evidenciar a maneira tpica como os judeus tratavam os no-
judeus; isto , os gentios (povo que era excludo, discriminado
e impuro na viso de muitos) e a Deus (o Ser de maior
reverncia e respeito) analisado no captulo sexto.
analisado cinco recortes de versculos que contem
eufemismos relacionados aos gentios; podem-se ver no quadro
comparativo as expresses e termos eufemsticos extrados
desses versculos que foram usados para representar os gentios.
4 Exegese o ato ou resultado de retirar o significado do texto [...] e
explic-lo; interpretao. (DEMOSS, 2007, p.76).
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LIVROS GREGO PORTUGUS INGLS
1 At 2.39 Longe far off
2 At 22.21 Longe far away
3 Ef 2.13 Longe far way
4 Ef 2.17 Longe far away
5 Lc 13.29
Oriente e Ocidente
east and west
Retirando apenas um versculo analisado, como
exemplo, temos: Pois para ns outros a promessa, para
vossos filhos e para todos os que ainda esto longe, isto ,
para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. (Atos 2.39
destaque nosso).
explicado que o contexto desse versculo mostra o
apstolo Pedro exortando os seus ouvintes ao arrependimento;
mostrando um Deus que outorga o perdo diante de um
verdadeiro arrependimento, e, assim, por causa e efeito, declara
essa pessoa justa ante a obra Salvvica de Jesus na cruz do
calvrio, e tal promessa de Deus vai muito mais longe do que
pensava os judeus. Isto , a promessa no ficaria restringida
apenas ali, naquele lugar, entre os judeus; mas, iria difundir-se,
expandir-se at entre os no-judeus; ou seja, os Gentios, os
que ainda estavam longe.
E quem mui bem corroboram, para melhor anlise, o
sentido desse texto e, igualmente, o contexto em que se usou a
expresso (os que ainda esto longe) so:
Haubeck & Siebenthal (2009) ao ressaltarem que:
= os que esto longe; isto , a promessa vale tanto para
judeus que viveriam no futuro quanto para os que vivem em
terras distantes, e inclusive como logo ficaria claro tambm
para os no-judeus (cf. Is 57.19 [...]). (HAUBECK;
SIEBENTHAL, 2009, p.677, grifo nosso).
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Isso quer dizer que a promessa, conforme descrito no
texto, iria se manifestar e transcender as barreiras, at, fora do
locus judaico. Ento: Pedro refere-se aos que esto longe, os
gentios, e aos filhos dos judeus presentes s futuras geraes
judaicas (Ef 2.13). (KJA, 2007, p. 277).
Portanto, fica claro e evidente que o termo (no texto em
grego , ou em portugus longe, e seu equivalente
no texto em ingls far away) foi usado, eufemisticamente,
para representar a classe dos Gentios.
6. SEXTO CAPTULO
No sexto captulo, recorrido aos termos e/ou
expresses mais especficos que denotam o eufemismo
relacionado ao nome de Deus.
mencionado que no compndio da literatura
veterotestamentria, especificamente, no verso onze do
captulo cinco de Deuteronmio, encontrado uma exortao
para o povo judeu no tomar o nome do Senhor em vo, porque
o Senhor no teria por inocente o que tomar o seu nome em
vo (MCNAIR, 2006). Isso significa que se algum
pronunciasse o nome de Deus indevidamente, isto , em vo,
equivaleria a torn-lo em um ser nfimo, trivial e sem
importncia. Diante dessas observaes, pode-se compreender
o porqu, ento, de se usar, no cotidiano, termos
eufemsticos para designar de maneira latente tanto o
nome como a imagem de Deus. Isso equivale dizer que:
Os eufemismos aplicados a Deus justificam-se pelo
fato de que os judeus evitavam usar o nome de Deus.
(BENTHO, 2003, p. 326).
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Assim, como o principal efeito caracterstico do
eufemismo , de fato, encobrir, esconder, atenuar determinadas
palavras sem alterao do sentido, no contexto bblico; e,
ainda, atenuar desde as palavras speras, desagradveis e
inapropriadas, at outras que, por questes de religiosidade,
no deveriam ser pronunciadas; como o caso do nome de
Deus, que foi substitudo, no novo testamento, por alguns
termos e expresses que sinalizam o eufemismo. Como
exemplos: se de cima; se do alto; cus; Bendito; Todo-
Poderoso [...]; podem-se ver a luz do quadro comparativo as
expresses e termos eufemsticos relacionados a Deus:
LIVROS GREGO PORTUGUS INGLS
1 Jo 19.11 de cima from above
2 Mt 3.2 Cus Heaven
3 Mc 14.61 O Bendito Blessed One
4 Mt 26.64
Todo-Poderoso The Mighty One
5 At 7.48 Altssimo The Most
High
Ao se analisar s o versculo dois, pode-se notar o uso
de um termo eufemstico empregado para representar o nome
de Deus, apenas, no livro segundo escreveu o judeu Mateus.
A expresso reino dos cus com o sentido de reino de
Deus.
Arrependei-vos, porque est prximo o reino dos cus
(Mateus 3.2).
E quem comenta, de forma geral, o verso dois (do
captulo trs segundo escreveu Mateus) e o uso da expresso
reino dos cus, usada para designar reino de Deus,
MacArthur (2010) ao explicar que a expresso
(reino dos cus) :
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[...] uma expresso exclusiva do Evangelho de
Mateus. O evangelista usa a palavra cus
como um eufemismo para o nome de Deus de
modo a adaptar-se sensibilidade de seus
leitores judeus (cf. 23.22). No restante da
Escritura, o reino chamado de reino de
Deus. As duas expresses aludem esfera do
domnio de Deus sobre aqueles que lhe pertencem (MACARTHUR, 2010, p. 1211).
lembrado, por fim, que h tambm alm dessa
expresso, outros tipos de eufemismos para representar e
mostrar respeito para com Deus; isto , por meio de termos
ou ttulos (adjetivos como: Bendito, Altssimo e o composto
Todo-poderoso), que designam determinados atributos e/ou
aspectos do carter de Deus.
7. STIMO CAPTULO
O stimo captulo se atm anlise e ocorrncias da
figura de linguagem da hiprbole. Onde narrado que na
malha textual do NT possvel identificar em determinados
versculos a forte e ntida presena, como instrumento
metodolgico, da aplicao da hiprbole nos discursos
materializados pelos personagens (e/ou autores) que
compem essa esfera Ltero-Testamentria (Historie). Mais
adiante salientado que tal recurso lingustico usado para
realar, enfatizar, revelar e, mais ainda, evidenciar um carter
dialtico-retrico nas discusses (homilticas) como reflexos,
muitas vezes, de posicionamentos ideolgico-teolgicos de
alguns lderes religiosos.
E tal alegao reconfirmada por Osborne (2009,
p.158), que historicamente, nos traz a memria o fato de que
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Jesus adotou esse recurso, que os rabinos tambm usavam,
como um de seus principais mtodos de ensino, o que nos leva
e possibilita compreender, com mais detalhes e propriedade
sem fugir do crculo hermenutico5, a aplicabilidade da
hiprbole na enftica linguagem oriental.
So examinados
dez recortes de versculos que mostram passagens contendo
termos e expresses hiperblicas, alm de um extenso quadro
comparativo com as expresses e termos hiperblicos usados
nas passagens analisadas.
LIVROS GREGO PORTUGUS INGLS
1 Mt 5.29 Arrancar Gouge it out
2 Mt 5.30 Cortar Cut it off
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Ao se analisar o segundo versculo, o trinta, visto o
uso intencional de uma linguagem carregada de exagero
(linguagem hiperblica), o verso diz:
E, se a tua mo direita te faz tropear, corta-a e lana-
a de ti; pois te convm que se perca um dos teus membros, e
no v todo o teu corpo para o inferno. (Mt 5.30, grifo nosso)
destacado que se fez uso consciente de verbos que
mostram exagero e enfatizam a radicalidade, como o caso do
uso do verbo cortar , (v.30), que em grego,
semanticamente, vai mais alm da imagem de cortar, o uso
manifesta a ao ou o ato de tirar fora ou decepar
(HAUBECK; SIEBENTHAL, 2009, p.68)
5 Segundo a descrio de DeMoss (2007, p.39), crculo hermenutico : A
verdade que diz que, muitas vezes, as partes de um texto podem ser apenas
entendidas luz do todo, mas, o todo s pode ser entendido luz das
partes.
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Assim, conforme explica, de maneira clara e objetiva,
Ryrie (2007), tais textos sinalizam, por meio de termos e
expresses hiperblicas, que: A linguagem forte a fim de
enfatizar a comparao; i.e., o pecado extremamente perigoso
porque leva condenao eterna, e seria prefervel perder mos
ou olhos temporariamente a perder a vida eternamente.
(RYRIE, 2007, p.919)
Em sntese, por trs dessa figura de linguagem usada
por Cristo, a hiprbole, h intenes, claramente, enfticas de
aconselhamentos aos ouvintes/discpulos, e no devem ser,
assim, levadas ao p da letra. ... Sendo enfaticamente
exagerado, o conselho de Jesus para que seja tirada toda
tentao do mal, no importa o quanto isso custe.
(RADMACHER; ALLEM; WAYNE HOUSE, 2010, p. 26).
CONCLUSO
Ao concluir o presente trabalho, se reconhece, sem
dvida, a complexidade do assunto de que se ocupa a discusso
aqui empreendida, sobretudo, por seu objeto de pesquisa ser
um livro de influncia formadora de uma postura religiosa que
se ramifica no judasmo, cristianismo e outras frentes do
comportamento religioso mundial.
Contudo, procurou-se a preservao da idoneidade dos
recursos estilsticos no qual se construiu a pesquisa ora
concluda, no incorrendo em discusses de teor dogmtico ou
pessoais, a fim de manter a viso exclusivamente da pesquisa
acadmica, conforme se verifica ao longo do texto e das
citaes arroladas, mesmo aquelas que enfatizam versculos do
texto bblico, os quais destacam a ocorrncia do eufemismo e
da hiprbole fundamentada no corpus trilngue, (grego,
portugus e ingls), para melhor ilustrar tal verificao.
Ao cabo de toda essa fundamentao terica e discusso
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realizada, ficou demonstrado, sem fugir do crculo
hermenutico e da viso conspectiva (con)textual, que as
figuras de linguagem contribuem fundamentalmente para a
qualidade do texto, ampliando-lhe a compreenso e a beleza
esttica, seja em literatura de um modo geral, seja no texto
especfico aqui utilizado, o Novo Testamento.
No caso do eufemismo e da hiprbole, essas figuras
mostraram-se preponderantes no texto Neotestamentrio como
um campo frtil para a investigao dos aspectos eufemsticos
relacionados morte, ao ato sexual, aos gentios e a Deus, e da
aplicabilidade realante do uso enftico, expressivo e
exagerado da figura de linguagem da hiprbole.
Por fim, espera-se contribuir para futuras pesquisas
sobre o assunto, inspirando novos pesquisadores a examinarem
os recursos lingustico-estilstico-gramaticais aplicados nesse
trabalho, estendendo-os a outros textos, sejam eles ficcionais,
religiosos, cientficos, histricos, ou sociolgicos, de modo que
novas luzes clareiem os caminhos da pesquisa acadmica.
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