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Recursos Hídricos para a Geração de Energia

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Recursos Hídricos para a

Geração de Energia

RECURSOS HÍDRICOS PARA A GERAÇÃO

DE ENERGIA

Qual é o papel das Centrais Hidroeléctricas na geração de

energia?

Equipa ELE319

Bernardo Manuel Aguiar Silva Teixeira Cardoso

Edgar Manuel Moreira Alves Velasco Costa

Filipe Manuel Xavier Matos

Miguel Eduardo Naia Ferreira Pinto Guedes

Miguel José Cavadas Santos

Nelson Ricardo Viana Oliveira

Relatório submetido em 15-10-2010 para Avaliação da Unidade Curricular

Projecto Feup

Supervisor: José Nuno Fidalgo

Monitor (a): Cristiana Ramos

MIEEC – Coordenador: José Magalhães Cruz

Projecto Feup - Recursos Hídricos para a Geração de Energia

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RESUMO

O presente relatório expõe o tema “Recursos hídricos para a geração de energia”

tentando responder correctamente ao problema proposto: “Qual é o papel das Centrais

Hidroeléctricas na geração de energia?”. De forma a obter um correcto tratamento do

tema, dividiu-se o relatório em duas partes distintas.

Na primeira parte, começa-se por explicar e caracterizar claramente uma Central

Hidroeléctrica, o seu funcionamento e as suas principais vantagens e desvantagens.

Após a compreensão destes conceitos base, enquadrou-se a posição deste tipo de

centrais no conjunto dos vários tipos de centrais geradoras de energia, nomeadamente as

térmicas e eólicas. Outro ponto focado neste relatório foi a importânciadas Centrais

Hidroeléctricas em termos ambientais, sociais e financeiros.

Na segunda parte, estuda-se o panorama actual de recursos hidroeléctricos em

Portugal. Recolheram-se dados relativos à produção actual de energia hidroeléctrica, à

evolução da produção nos últimos anos e à produção anual de vários tipos de energia

nos últimos anos. Utilizando estes dados, construiu-se gráficos que através da sua

interpretação permitiram chegar a conclusões acerca do problema proposto. Após este

estudo e tendo como base as conclusões atingidas, elaborou-se uma previsão para a

tendência futura da produção de energia hidroeléctrica em Portugal.

As principais conclusões atingidas com este relatório foram que as centrais

hidroeléctricas são de elevada importância no panorama energético nacional e que,

embora a sua produção não tenha variado linearmente nos últimos anos, prevê-se um

aumento desta nos próximos anos.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 5

2. CENTRAIS HIDROELÉCTRICAS 6

2.1. Descrição e métodos de funcionamento 6

2.2. Barragens 7

2.3. Outros tipos de centrais produtoras de energia 7

2.4. Vantagens e desvantagens 9

3. IMPORTÂNCIA DAS CENTRAIS HIDROELÉCTRICAS

EM TERMOS AMBIENTAIS, SOCIAIS E FINANCEIROS 10

4. PANORAMA DOS RECURSOS HIDROELÉCTRICOS EM PORTUGAL 12

4.1. Panorama actual 12

4.2. Estudos relativos à produção de energia hidroeléctrica e de outros

tipos de energia em diferentes períodos nos últimos anos 13

4.2.1. Estudo da produção diária de energia hidroeléctrica ao longo do mês de

setembro de 2010 e sua comparação com o período homólogo de 2009 13

4.2.2. Estudo da produção mensal de energia hidroeléctrica no período de Janeiro

de 2007 a Setembro de 2010 15

4.2.3. Estudo da produção anual de vários tipos de energia no período de

2006 a 2010 (até Setembro) 18

4.3. Tendência futura 19

5. CONCLUSÃO 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. INTRODUÇAO

No âmbito da Unidade Curricular Projecto Feup, foi proposto ao grupo ELE319,

a realização do trabalho integrado no tema “Recursos hídricos para a geração de

energia”. O problema abordado prende-se com o papel das centrais hidroeléctricas na

produção de energia.

Tem-se como objectivo a sintetização do cenário de recursos hidroeléctricos em

Portugal, não sem antes existir uma descrição de uma central hidroeléctrica e da sua

posição face a outras centrais capazes de gerar energia e face ao panorama ambiental,

social e financeiro em Portugal.

A clarificação de conceitos fundamentais à compreensão deste relatório será

feita ao longo do mesmo, ou seja, os termos técnicos utilizados durante este relatório

serão explicados à medida a que são referidos.

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2. CENTRAIS HIDROELÉCTRICAS

2.1. Descrição e métodos de funcionamento

Uma central hidroeléctrica é uma estrutura que tem como objectivo explorar a

energia potencial da água de um rio ou canal para produzir energia eléctrica.

Existem 3 métodos semelhantes para efectuar esta conversão de energia:

Hidroeléctrica convencional (barragens);

Bombagem hidroeléctrica;

Corrente do rio.

Estes métodos são semelhantes pois todos utilizam a energia potencial da água

em queda ou em movimento para produzir energia eléctrica. A conversão de energia é

feita por um gerador ligado a uma turbina, que é posta em movimento pela passagem da

água pelas suas pás.Assim, todas as centrais hidroeléctricas que utilizam um destes

métodos têm que possuir tubagens para levar a água ás pás da turbina.

O método da hidroeléctrica convencional consiste na construção de uma

barragem, que cria um reservatório de água numa cota mais elevada do que o leito do

rio. Quando o reservatório se encontra cheio, abrem-se as comportas, conduzindo a água

através de tubagens que levam às pás da turbina, produzindo energia eléctrica, voltando

a água ao leito do rio. As barragens têm também outras utilizações que serão abordadas

no ponto seguinte.

Figura 1. Esquema de uma central hidroeléctrica convencional (Wikimedia 2010)

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O método da bombagem hidroeléctrica consiste na construção de dois

reservatórios a diferentes cotas ligados por uma tubagem que passa pela turbina. Tem

como principal característica o facto de aproveitar a energia excedente produzida em

dias de pouco consumo para bombear água do reservatório mais baixo para o mais

elevado. Depois, quando a procura de energia aumenta, abrem-se as comportas, fazendo

com que a água passe pelas pás da turbina, produzindo energia eléctrica, voltando a

água ao reservatório inferior.

O método da corrente do rio é semelhante ao método da hidroeléctrica

convencional, no entanto como não é possível construir um reservatório, aproveita-se

directamentea força da corrente do rio para mover as pás da turbina e produzir energia.

2.2. Barragens

As barragens são estruturas artificiais construídas no leito de um rio ou canal

para acumular água para diversas funções. Para além de possibilitarem a produção de

energia eléctrica utilizando uma fonte renovável, são também utilizadas para o

abastecimento de água nas zonas residenciais, agrícolas e industriais, e na prevenção de

cheias.

2.3. Outros tipos de centrais produtoras de energia

Para além das centrais hidroeléctricas existem outras centrais, quer de recursos

renováveis, como o vento ou o sol, quer de recursos não renováveis, como o carvão e o

petróleo (na produção de diesel).

Exemplo destas centrais renováveis são as centrais geotérmicas que aproveitam

o calor geotérmico para accionar as turbinas da central. Outro tipo de centrais

renováveis são as centrais fotovoltaicas que, recebendo a energia do sol, transformam-

na em energia eléctrica (acumulando esta energia em baterias). Por fim, outra das

centrais renováveis mais utilizadas, são as centrais eólicas que aproveitam a energia

potencial do vento para fazer rodar as lâminas da turbina (transformando a energia

potencial em energia mecânica, que por sua vez é transformada no gerador em energia

eléctrica).

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Em todo o mundo, as centrais hidroeléctricas representam uma fatia considerável

na produção de energia eléctrica tendo em conta as outras fontes de geração. Deste

modo, as centrais hidroeléctricas têm vindo a tornar-se a maior fonte de energia

renovável existente, tal como se pode verificar na tabela seguinte:

2007 2008 2009

Potência instalada referente às Energias

Renováveis (GW)

1085 1150 1230

Potência Hidroeléctrica instalada (GW)

920 950 980

Percentagem relativa à potência

hidroeléctrica instalada (%)

84,8 82,6 79,7

Tabela 1.Evolução da potência instalada mundialmente em energias renováveis e em energia hidroeléctrica no

período de 2007 a 2009

Esta tabela ilustra a importância da energia hidroeléctrica em relação às outras

energias renováveis. Como se pode verificar, nos últimos anos a potência instalada em

centrais hidroeléctricas representava cerca de 80% da potência instalada em todas as

energias renováveis.

Apesar disso nota-se que a sua importância percentual tem vindo a diminuir

ligeiramente ao longo destes três anos, pois o aumento da potência instalada nos outros

tipos de energias renováveis (principalmente eólica e solar) foi maior do que o aumento

da potência instalada em centrais hidroeléctricas.

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2.4. Vantagens e desvantagens

As centrais hidroeléctricas apresentam a maior taxa de rendimento dos sistemas

de produção de energia (90%) e como são quase na totalidade automáticas tem custos

operacionais relativamente baixos. Além desta vantagem, as centrais hidroeléctricas

desempenham um papel muito importante no planeamento dos recursos hídricos, na

prevenção de cheias, na navegabilidade dos rios, na irrigação dos campos agrícolas e na

criação de áreas de lazer.

As centrais hidroeléctricas apresentam ainda vantagens significativas em termos

de poluição ambiental (não contribuem para o efeito de estufa e formação de chuvas

ácidas) e sustentabilidade por se tratar de uma fonte de energia renovável e limpa.

Nenhuma outra fonte de energia renovável atinge valores de potência tão elevados

quanto os oferecidos por uma central hidroeléctrica.

O facto de utilizar a força da água para produzir energia eléctrica traz algumas

vantagens como o baixo custo de operação, uma vez que a central depende somente da

quantidade de chuva para garantir o nível do reservatório.

No entanto a construção de barragens tem algumas desvantagens. Ao longo do

tempo vão-se acumulando, no fundo, os sedimentos transportados pelo rio. Esta

situação diminui a capacidade de armazenamento de água da barragem e reduz a

quantidade de detritos debitados no mar, funcionando como barreiras artificiais ao

trânsito de sedimentos. Têm também um impacte negativo nos ecossistemas aquáticos,

por exemplo na migração de algumas espécies aquáticas. O enchimento das albufeiras,

por exemplo, leva à emersão de muitos ecossistemas terrestres incluindo mesmo

povoações habitadas. Podemos recordar o caso da barragem do Alqueva, no Alentejo,

que é um bom exemplo de tudo isto.

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3. IMPORTÂNCIA DAS CENTRAIS

HIDROELÉCTRICAS EM TERMOS AMBIENTAIS,

SOCIAIS E FINANCEIROS

No caso de Portugal, um país que está dependente de recursos energéticos

importados, como por exemplo o gás natural, carvão e petróleo, e é forçado a comprá-

los ao mercado estrangeiro pois não possui esses recursos dentro do país, é essencial o

desenvolvimento de recursos energéticos endógenos pois estes reduzem a dependência

face aos combustíveis fosseis e à situação financeira internacional.

É, então, essencial ter uma diversidade de fontes de produção de energia para

reduzir a dependência energética face ao exterior e para aumentar a independência do

país. As centrais hidroeléctricas e as centrais eólicas são os meios mais usados para

ajudar à independência energética de Portugal.

No caso especifico das centrais hidroeléctricas, existem vários impactos

ambientais, sociais e financeiros, tanto positivos como negativos, que devem ser

avaliados antes da construção da central. É por essa razão que antes da construção se faz

um estudo sobre os potenciais impactos que a barragem pode vir a ter.

A construção destas centrais tem um conjunto de benefícios sociais que potencia

o uso da água das albufeiras. Através das barragens podemos amortecer e regular o

efeito das cheias nos tempos com muita precipitação. Podemos também ajudar ao

combate de incêndios florestais e criar melhores condições para a captação de água para

abastecimento do meio urbano e rural. Existe também uma melhoria de oportunidades

para a navegação do rio, tanto a nível de turismo como a nível comercial.

A construção destas centrais hidroeléctricas conduz a um aumento de criação de

emprego e das vias de comunicação, pois trata-se de uma zona remota e de difícil acesso

e contribui, logicamente, para a melhoria das condições de vida.

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Ao nível do ambiente, a construção destas centrais tem vários impactos

negativos mas, com o avançar da tecnologia ao longo do tempo, muitos deles

conseguem ser minimizados através de, por exemplo, dispositivos para a passagem dos

peixes (eclusas), da criação de caudais para impedir o desaparecimento de habitats e a

recuperação da paisagem que rodeia a barragem.

É óbvio que uma infra-estrutura com esta magnitude pode levar à deslocação de

pessoas e à inundação de terrenos. Para evitar essas consequências ao máximo é preciso

um bom estudo sobre os impactos socioeconómicos e ambientais que a construção da

central hidroeléctrica pode causar.

Figura 2 – Vista aérea da barragem do Alqueva, uma das barragens portuguesas que causou impactos sociais e

ambientais negativos. (O Centro do Sul 2010)

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4. PANORAMA DOS RECURSOS

HIDROELÉCTRICOS EM PORTUGAL

4.1. Panorama Actual

Em Portugal, existem actualmente em funcionamento 48 centrais com potência

superior a 10 MW e 138 com potência inferior ou igual a 10 MW (Mini-hídricas)

Em Maio de 2010 a potência hidroeléctrica instalada totalizava 5168 MW,

distribuída da seguinte forma:

Tipo de Aproveitamento Potência [MW]

Grande Hídrica (> 30MW) 4578

Pequena Hídrica (>10 e <= a 30 MW) 263

Mini-hídrica(<= 10 MW) 327

Tabela 2. Distribuição da potência hidroeléctrica instalada em Portugal aquando Maio de 2010

Em termos gerais, Portugal é um dos países da União Europeia com maior

potencial hídrico por explorar. Actualmente apenas cerca de 46% do potencial

tecnicamente viável é explorado. Nos últimos 15 anos, o crescimento da potência

hídrica em Portugal foi inferior aode outros países de referência europeus.

O potencial de aproveitamento de energia hídrica está distribuído por todo o

território nacional, com maior concentração no Norte e Centro do país.

Em 2008 foi lançado o Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial

Hidroeléctrico (PNBEPH), que pretende aumentar significativamente os

aproveitamentos do potencial hidroeléctrico nacional.

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4.2. Estudos relativos à produção de energia hidroeléctrica e de outros

tipos de energia em diferentes períodos nos últimos anos

4.2.1.Estudo da produção diária de energia hidroeléctrica ao longo do mês de Setembro

de 2010 e sua comparação com o período homólogo de 2009.Apresentação também dos

valores de potência máxima atingida em cada um dos dias.

Di

a

Potência

Máxima [MW]

Produção Diária

(2010) [GWh]

Produção Diária

(2009) [GWh]

Variação

[%]

1 1526 16,4 8,1 102,5

2 1643 16,3 10 63

3 1703 22,6 14,8 52,7

4 2143 17,4 14,3 21,7

5 1703 10,5 11,4 -7,9

6 1190 13,5 19,1 -29,3

7 855 10,9 14,1 -22,7

8 1311 14,4 20,4 -29,4

9 1985 22,3 17,6 26,7

10 1761 19 18,7 1,6

11 1986 17,7 18,1 -2,2

12 2337 17,1 9,6 78,1

13 2102 23,3 13,6 71,3

14 2491 28,5 11,9 139,5

15 2058 22,8 20,4 11,8

16 1616 17,5 25,3 -30,8

17 1425 13,3 16,6 -19,9

18 2403 14,4 10 44

19 2011 12,7 12,1 5

20 1483 17,8 10,7 66,4

21 1635 14,9 12,5 19,2

22 1560 15,8 14,8 6,8

23 1881 18,1 14,7 23,1

24 1596 16,3 12,5 30,4

25 1918 13,6 9,7 40,2

26 1874 14,3 11,6 23,3

27 1660 17,9 17,5 2,3

28 1073 10,2 15,3 -33,3

29 1064 8,8 13,1 -32,8

30 1218 11,9 10,4 14,4

Média: 1707 Média: 16,34 Média: 14,29

Total Mensal: 490,2 428,9 14,3

Tabela 3. Dados recolhidos acerca da produção diária de energia hidroeléctricaao longo do mês de Setembro

de 2010 e sua comparação com o período homólogo de 2009. (REN 2010)

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Atentando neste gráfico e neste conjunto de dados, é possível verificar que a

produção diária de energia hidroeléctrica no mês de Setembro de 2010 cifra-se, em

média, nos 16,34GWh. É também verificável que no mesmo mês do ano transacto a

produção diária do mesmo tipo de energia foi ligeiramente menor, em média, dado que

esta é de aproximadamente 14,30GWh.

Outra conclusão que se pode obter a partir deste conjunto de dados é que a

potência máxima diária neste mês de Setembro de 2010 foi, em média, 1707 MW, o que

representa apenas 37% do total de 4578 MW actualmente instalados em Portugal. Isto

significa que se forem feitos esforços para aumentar a eficiência das centrais, de

maneira a serem obtidos maiores valores de potência máxima diária, a produção de

energia hidroeléctrica pode beneficiar de grandes aumentos em Portugal.

0123456789

101112131415161718192021222324252627282930

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

Produção (GWh)

Dia Produção Diária (2010) [GWh] Produção Diária (2009) [GWh]

Gráfico 1. Comparação entre a produção diária de energia hidroeléctrica no mês de Setembro de 2010 e

período homólogo de 2009

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4.2.2. Estudo da produção mensal de energia hidroeléctrica no período de Janeiro de

2007 a Setembro de 2010.

Mês-Ano Produção Hidroeléctrica (GWh) Mês-Ano Produção Hidroeléctrica

(GWh)

Jan-07 1088 Dez-08 646

Fev-07 1316 Jan-09 889

Mar-07 1467 Fev-09 1425

Abr-07 740 Mar-09 752

Mai-07 922 Abr-09 490

Jun-07 761 Mai-09 476

Jul-07 694 Jun-09 389

Ago-07 497 Jul-09 369

Set-07 473 Ago-09 389

Out-07 628 Set-09 433

Nov-07 524 Out-09 447

Dez-07 413 Nov-09 608

Jan-08 577 Dez-09 1227

Fev-08 368 Jan-10 2350

Mar-08 291 Fev-10 1710

Abr-08 800 Mar-10 2098

Mai-08 866 Abr-10 1809

Jun-08 799 Mai-10 1403

Jul-08 555 Jun-10 908

Ago-08 393 Jul-10 716

Set-08 450 Ago-10 441

Out-08 404 Set-10 490

Nov-08 292

Tabela 4.Dados recolhidos acerca da produção mensal de energia hidroeléctrica no período de Janeiro de 2007

a Setembro de 2010. (REN 2010)

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Considerando o gráfico acima representado que mostra a produção de energia

hidroeléctrica (em GWh) de cada mês desde Janeiro de 2007 até Setembro de 2010,

apura-se que os primeiros quatro meses de 2010 tiveram uma produção anormalmente

elevada deste tipo de energia.

Essa produção elevada face aos mesmos meses de anos transactos não está

relacionada com um aumento da potência instalada em todo o país, dado que esta se

manteve constante ao longo dos anos.

Vejamos os três mapas de precipitação (IM, I. P. 2008) dos três primeiros meses

do ano de 2010:

Gráfico 3. Mapas de precipitação referentes aos meses de Janeiro, Fevereiro e Março de 2010. (IM, I. P. 2008)

0

500

1000

1500

2000

2500

Jan

-07

Fev

-07

Mar

-07

Ab

r-0

7M

ai-0

7Ju

n-0

7Ju

l-0

7A

go

-07

Set

-07

Ou

t-07

No

v-0

7D

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7Ja

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8F

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08

Mai

-08

Jun

-08

Jul-

08

Ag

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8S

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08

No

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8D

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8Ja

n-0

9F

ev-0

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09

Mai

-09

Jun

-09

Jul-

09

Ag

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9O

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09

No

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9Ja

n-1

0F

ev-1

0M

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10

Mai

-10

Jun

-10

Jul-

10

Ag

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0S

et-1

0

Produção de Energia

(GWh)

Gráfico 2. Produção mensal de energia hidroeléctrica no período de Janeiro de 2007 a Setembro de 2010

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Fevereiro foi um mês com elevada pluviosidade e os meses de Janeiro e Março

também contaram com altos índices de precipitação, um pouco por todo o país.

Vejamos agora os mapas de precipitação (IM, I. P. 2008) dos três primeiros

meses dos anosde 2009 e 2008.

Gráfico 4.Mapas de precipitação referentes aos meses de Janeiro, Fevereiro e Março de 2009. (IM, I. P. 2008)

Gráfico 5. Mapas de precipitação referentes aos meses de Janeiro, Fevereiro e Março de 2008. (IM, I. P. 2008)

Como podemos ver, a pluviosidade nos três primeiros meses de 2010 foi

superior à dos três primeiros meses dos dois anos transactos. Como tal, a anormal

produção de energia patente no gráfico não é sinal de que, no futuro, haja maior

produção de energia hidroeléctrica, dado que a quantidade de água nos reservatórios

dascentrais hidroeléctricas, potenciada, claro, pela precipitação, neste ano, era superior à

dos anos transactos.

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4.2.3. Estudo da produção anual de vários tipos de energia no período de 2006 a 2010

(até Setembro).

Ano 2006 2007 2008 2009 2010 (Até

Setembro)

Produção Hidroeléctrica

(GWh) 10204 9523 6441 7894 11925

Produção Térmica

(GWh) 25478 23425 23797 23708 12259

Produção Regime

Especial (PRE) s\

Renovável (GWh)

3361 3776 3543 4129 3731

PRE Renovável (GWh) 5392 6387 8020 10293 9084

Produção Total (GWh) 44435 43111 41801 46024 36999

Tabela 5. Dados recolhidos acerca da produção anual de energia hidroeléctrica e de outros tipos de energia no

períodode 2006 a 2010 (até Setembro). (REN 2010)

Este gráfico mostra que a produção de energia hidroeléctrica não é equiparável à

produção de energia térmica, que foi, de 2006 a 2009, mais de metade de toda a

produção de energia eléctrica.

No entanto, a importância da produção de energia hidroeléctrica é elevada, já

que a soma da produção de todas as energias renováveis perfaz um total de produção

muito similar à da energia hidroeléctrica, de 2007 a 2009. Em 2010, a energia

hidroeléctrica é também o segundo tipo de energia mais produzido em Portugal, com

um valor já bastante próximo da produção de energia térmica, mas a sua importância é

claramente superior em relação aos anos anteriores, já que o seu total deste ano apenas

até ao mês de Setembro é já superior ao total de cada um dosanos passados, de 2006 a

2009.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

50000

2006 2007 2008 2009 2010 (Até

Setembro)

Produção de

Energia(GWh)

Produção

Hidroeléctrica

(GWh)

Produção Térmica

(GWh)

Produção Regime

Especial (PRE) s\

Renovável (GWh)

PRE Renovável

(GWh)

Produção Total

(GWh)

Gráfico 6. Evolução da produção de energia nos últimos 5 anos

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4.3. Tendência futura

Na vertente da mini-hídrica, apesar de ser difícil estimar o potencial de

exploração existente, é possível apontar para valores perto dos 1.000 MW, dos quais

entre 500 e 600 MW podem ser concretizados até final do presente ano, com uma

produção média que poderá oscilar entre os 1.500 e 1.800 GWh/ano.

No sector da grande hídrica, tal como já foi referido, surgiu em 2008 o Programa

Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH).

Este programa tem como meta atingir uma capacidade instalada hidroeléctrica

nacional superior a 7000 MW em 2020, atingindo cerca de 67% do potencial

hidroeléctrico, em que os novos grandes aproveitamentos hidroeléctricos a implementar

deverão assegurar valores de potência instalada adicional da ordem de 2000 MW.

Por isso, e em conformação com este aumento da potência instalada, é previsível

um aumento da produção de energia hidroeléctrica em Portugal nos próximos anos.

Neste plano foram inicialmente propostos 25 locais potenciais, que após análise

foram reduzidos para 10, apresentados na seguinte figura (PER 2009):

Destes dez, os de Almourol e Pinhosão foram cancelados após reanálise.

Figura 3. Tabela explicativa das condições dos 10 locais propostos para o PNBEPH. (PER 2009)

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A maior parte destes novos empreendimentos têm como objectivo, para além de

atingir uma maior potência instalada, aumentar a capacidade de armazenamento e ser

multiusos, no sentido de fornecer outras valências como abastecimento de água,

turismo, controlo de cheias e combate a incêndios.

Apesar de vantajosos, estes novos empreendimentos do PNBEPH, pela sua

dimensão, terão sempre impactes negativos no ambiente, os quais foram avaliados nos

estudos de Impacte Ambiental. Estes deverão ser minimizados através de medidas de

mitigação, que se esperam que sejam compensatórias e efectivas.

Para além do PNBEPH, estão a ser implementados projectos de reforço de

potência nas centrais do Alqueva (260 MW), Picote (321 MW) e Bemposta (178 MW),

assim como a construção das novas centrais do Baixo Sabor (170 MW) e de Ribeiradio

(70MW).

O impulso significativo de que a grande hídrica beneficiou nestes últimos dois

anos não se fará sem custos ambientais obviamente, mas espera-se que o balanço seja

positivo e que a parte positiva do impulso seja transmitida para o desenvolvimento de

projectos de mini-hídricas num futuro próximo.

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5. CONCLUSÃO

O trabalho teve como intuito o aprofundamento do conhecimento da geração de

energia, através da utilização de recursos hídricos e, mais especificamente, do papel das

centrais hidroeléctricas na produção de energia eléctrica. Para que assim acontecesse,

seguimos um conjunto de objectivos atribuídos previamente, objectivosesses que foram

focados no decorrer do relatório.

Com uma estrutura de objectivos bem definida, foi-nos fácil encontrar a

informação necessária à realização do trabalho. Além disso, tanto o tema como o

próprio problema eram do agrado de todo o grupo, o que também facilitou o bom

entendimento e potenciou o trabalho de cada unidade do mesmo.

A maior dificuldade foi a apresentação de dados, visto que o grupo teve

dificuldade em escolher os períodos de comparação para cada um dos estudos

realizados.

Relativamente ao problema em si, conclui-se que as centrais hidroeléctricas têm,

de facto, um papel muito relevante na geração de energia e, por conseguinte, têm

também um papel fulcral em aspectos sociais e financeiros em Portugal.

A percentagem média de produção hidroeléctrica face aos outros tipos de

energia, nos últimos 5 anos, foi de 21,97%, variando entre um mínimo de 15,41%

,atingido em 2008, e um máximo de 32,23%, atingido até Setembro do presente ano.

Com o PNBEPH prevê-se a instalação de 2000 MW adicionais até 2020,

contribuindo assim para um esperado aumento da produção de energia hidroeléctrica.

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