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1909 - 2014

Colgio ZaccariaTelefax.: (21) 3235-9400 www.zaccaria.g12.br

Trabalho deREDAO em dupla

Nota:

Data:2014

Aluno(a):N

Turma:2201Turno:Manh Professor(a):Monteiro

TEXTO PARA AS PRXIMAS 3 QUESTES: Memrias do crcere

1Resolvo-me a contar, depois de muita hesitao, casos passados h dez anos e, antes de comear, digo os motivos por que silenciei e por que me decido. No conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas, e assim, 16com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difcil, quase impossvel, redigir esta narrativa. Alm disso, julgando a matria superior s minhas foras, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. No vai aqui falsa modstia, como adiante se ver. 2Tambm me afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que tm no registro civil. Repugnava-me deform-las, 9dar-lhes pseudnimo, fazer do livro uma espcie de romance; mas teria eu o direito de 5utiliz-las em histria presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestveis e obliteradas?(...)O receio de cometer indiscrio exibindo em pblico pessoas que tiveram comigo convivncia forada j no me apoquenta. Muitos desses antigos companheiros distanciaram-se, apagaram-se.10Outros permaneceram junto a mim, ou vo reaparecendo ao cabo de longa ausncia, alteram-se, completam-se, avivam recordaes meio confusas e no vejo inconvenincia em mostr-los.(...)E aqui chego ltima objeo que me impus. 13No resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observao: num momento de aperto fui obrigado a atir-los na gua. 6Certamente me iro fazer falta, mas ter sido uma perda irreparvel? Quase me inclino a supor que foi bom privar-me desse material. 17Se ele existisse, ver-me-ia propenso a consult-lo a cada instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata de uma partida, 11quantas demoradas tristezas se aqueciam ao sol plido, em manh de bruma, a cor das folhas que tombavam das rvores, num ptio branco, a forma dos montes verdes, tintos de luz, frases autnticas, gestos, gritos, gemidos. Mas que significa isso? 15Essas coisas verdadeiras podem no ser verossmeis. E se esmoreceram, deix-las no esquecimento: valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco. Outras, porm, conservaram-se, cresceram, associaram-se, e inevitvel mencion-las.7Afirmarei que sejam absolutamente exatas? Leviandade. (...)14Nesta reconstituio de fatos velhos, neste esmiuamento, exponho o que notei, o que julgo ter notado. 3Outros devem possuir lembranas diversas. No as contesto, mas espero que no recusem as minhas: 4conjugam-se, completam-se e me do hoje impresso de realidade. Formamos um grupo muito complexo, que se desagregou. De repente nos surge a necessidade urgente de recomp-lo. Define-se o ambiente, as figuras se delineiam, vacilantes, ganham relevo, a ao comea. 18Com esforo desesperado arrancamos de cenas confusas alguns fragmentos. Dvidas terrveis nos assaltam. De que modo reagiram os caracteres em determinadas circunstncias? O ato que nos ocorre, ntido, irrecusvel, ter sido realmente praticado? No ser incongruncia? Certo a vida cheia de incongruncias, mas estaremos seguros de no nos havermos enganado? Nessas vacilaes dolorosas, 12s vezes necessitamos confirmao, apelamos para reminiscncias alheias, convencemo-nos de que a mincia discrepante no iluso. Difcil sabermos a causa dela, 8desenterrarmos pacientemente as condies que a determinaram. Como isso variava em excesso, era natural que varissemos tambm, apresentssemos falhas. Fiz o possvel por entender aqueles homens, penetrar-lhes na alma, sentir as suas dores, admirar-lhes a relativa grandeza, enxergar nos seus defeitos a sombra dos meus defeitos. Foram apenas bons propsitos: devo ter-me revelado com frequncia egosta e mesquinho. E esse desabrochar de sentimentos maus era a pior tortura que nos podiam infligir naquele ano terrvel.

GRACILIANO RAMOSMemrias do crcere. Rio de Janeiro: Record, 2002.

1. (Uerj 2012) Normalmente, possvel omitir elementos de construo de frases sem dificultar a compreenso do leitor, uma vez que ficam subentendidos pelo conjunto da prpria estrutura ou pela sequncia em que se apresentam.O exemplo do texto em que h omisso de elementos de construo de frases, sem prejuzo da compreenso, : a) com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difcil, quase impossvel, redigir esta narrativa. (ref.16) b) Se ele existisse, ver-me-ia propenso a consult-lo a cada instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata de uma partida, (ref.17) c) Afirmarei que sejam absolutamente exatas? Leviandade. (ref.7) d) Com esforo desesperado arrancamos de cenas confusas alguns fragmentos. Dvidas terrveis nos assaltam. (ref.18) 2. (Uerj 2012) Em sua reflexo acerca das possibilidades de recompor a memria para escrever o livro, o narrador utiliza um procedimento de construo textual que contribui para a expresso de suas inquietudes. Tal procedimento pode ser identificado como: a) encadeamento de fatos passados b) extenso de pargrafos narrativos c) sequncia de frases interrogativas d) construo de dilogos presumidos 3. (Uerj 2012) Essas coisas verdadeiras podem no ser verossmeis. (ref.15)

Com a frase acima, o escritor lembra um princpio bsico da literatura: a verossimilhana isto , a semelhana com a verdade mais importante do que a verdade mesma. A melhor explicao para este princpio a de que a inveno narrativa se mostra mais convincente se: a) parece contar uma histria real b) quer mostrar seu carter ficcional c) busca apoiar-se em fatos conhecidos d) tenta desvelar as contradies sociais

TEXTO PARA AS PRXIMAS 4 QUESTES: Texto

Pau de Dois Bicos

Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar no investisse contra ele. Miservel bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a famlia dos ratos? Achas ento que sou rato? No tenho asas e no voo como tu? Rato, eu? Essa boa!...A coruja no sabia discutir e, vencida de tais razes, poupou-lhe a pele.Dias depois, o finrio morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, d com ele e chia de clera. Miservel bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves? E quem te disse que sou ave? - retruca o cnico - sou muito bom bicho de pelo, como tu, no vs? Mas voas!... Voo de mentira, por fingimento... Mas tem asas! Asas? Que tolice! O que faz a asa so as penas e quem j viu penas em morcego? Sou animal de pelo, dos legtimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? boa...O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali so e salvo.

Moral da Estria:O segredo de certos homens est nesta poltica do morcego. vermelho? Tome vermelho. branco? Viva o branco!

(LOBATO, Jos Bento Monteiro. Fbulas. 45. ed. So Paulo: Brasiliense, 1993. p. 49.)

4. (Uel 2011) O texto Pau de dois bicos uma fbula, a) pelo predomnio do discurso direto, com consequente apagamento da figura do narrador. b) pois o tempo cronolgico marcado pela expresso certa vez e pelos verbos no passado. c) pois apresenta trama pouco definida e trata de problemas cotidianos imediatos, o que lhe confere carter jornalstico. d) por utilizar elemento fantstico, como o fato de os animais falarem, para refletir sobre problemas humanos. e) por resgatar a tradio alegrica de representao de seres heroicos que encarnam foras da natureza. 5. (Uel 2011) Considerando o trecho em negrito no texto Pau de dois bicos, assinale a alternativa correta. Nos dois casos, a palavra mas a) ope-se ao argumento sou muito bom bicho de pelo. b) revela a causa do voo de mentira. c) expressa a consequncia dos fatos narrados. d) marca a condio do voo de mentira. e) explica o argumento sou muito bom bicho de pelo. 6. (Uel 2011) A charge de Sass refere-se a um problema que afeta a cidade de Londrina e muitas outras cidades brasileiras: o risco de contrair doenas transmitidas pelas pombas que vivem na regio urbana. O que permite ao morcego, da fbula, e pomba, da charge, disfararem sua condio a) o fato de suplicarem pela vida e pela misericrdia de seus inimigos. b) a postura corporal, visto que um imita o comportamento do outro. c) o uso de recursos argumentativos presentes na fala. d) a confiana na conscincia ambiental dos interlocutores. e) a esperteza simbolicamente atribuda a esses animais. 7. (Uel 2011) A hesitao do gato, na fbula, e do caador, na charge, deve-se a) contradio existente entre a fala do morcego e a da pomba e suas caractersticas fsicas. b) tentativa frustrada do morcego e da pomba em disfararem sua condio apelando para o fingimento e a mentira. c) ao medo de serem agredidos pelas garras afiadas do morcego e pelo bico semiaberto da pomba. d) averso do gato e do caador em relao aparncia fsica dos morcegos. e) postura submissa da pomba e do morcego diante dos olhares arregalados do caador e do gato. 8. (Unicamp 2013) Leia os seguintes trechos de Viagens na minha terra e de Memrias Pstumas de Brs Cubas:

Benvolo e paciente leitor, o que eu tenho decerto ainda conscincia, um resto de conscincia: acabemos com estas digresses e perenais divagaes minhas.

(Almeida Garrett, Viagens na minha terra. So Paulo: Difuso Europeia do Livro, 1969, p.187.)

Neste despropositado e inclassificvel livro das minhas Viagens, no que se quebre, mas enreda-se o fio das histrias e das observaes por tal modo, que, bem o vejo e o sinto, s com muita pacincia se pode deslindar e seguir em to embaraada meada.

(Idem, p. 292.)

Mas o livro enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contrao cadavrica; vcio grave, e alis ntimo, por que o maior defeito deste livro s tu, leitor. Tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narrao direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo so como os brios, guinam direita e esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaam o cu, escorregam e caem...

(Machado de Assis, Memrias Pstumas de Brs Cubas, em Romances, vol I. Rio de Janeiro: Garnier, 1993, p. 140.)

a) No que diz respeito forma de narrar, que semelhanas entre os dois livros so evidenciadas pelos trechos acima?b) Que tipo de leitor esta forma de narrar procura frustrar, e de que maneira esse leitor tratado por ambos os narradores?