Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção...

116
1 Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª edição

Transcript of Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção...

Page 1: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

1

Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013

10ª edição

Page 2: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

2

Presidenta da RepúblicaDilma Rousseff

Ministra da CulturaMarta Suplicy

Fundação Nacional de ArtesPresidente

Gotschalk da Silva Fraga(Guti Fraga)

Diretor ExecutivoReinaldo Verissimo

Centro de Artes VisuaisDiretor

Francisco de Assis Chaves Bastos(Xico Chaves)

Coordenadora de Artes Visuais Andrea Paes

Coordenadora de ComunicaçãoCamilla Pereira

Page 3: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

3

Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013

Page 4: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

4

Hiper_Espaços XumucuísRamiro Quaresma da Silva

Page 5: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

5

Page 6: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

6

Page 7: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

7

É com imensa satisfação que apresentamos nesse catálogo os resultados do Programa Rede Nacional Funarte

Artes Visuais. Dez edições após o seu lançamento, podemos verificar como o Programa contribuiu, de forma

estratégica, para um mapeamento dos profissionais em atuação no campo das artes visuais no Brasil. Muito

mais do que um mapeamento, a Rede articulou uma rica interação entre agentes das diversas regiões de

nosso território, possibilitando ao longo de suas edições o desenvolvimento de canais de troca dinâmicos e

duradouros, o aperfeiçoamento de formas de produção, técnicas de criação e instrumentos de gestão, além

de um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e

contextos.

Mesmo com a crescente demanda desse setor, complexo e em permanente expansão, os desafios aos quais

o Programa se propôs, ambiciosos para o momento de sua criação, foram em grande parte alcançados. O

conjunto de informações colhidas nesses dez anos e a coleção de experiências vivenciadas nos presenteiam

com um grande mosaico, abrangente no tempo e espaço, e que convida à reflexão e avaliação sobre os

próximos passos a serem dados, em parceria entre o poder público e sociedade.

Aqui estão os 22 projetos contemplados nesta edição comemorativa do Programa, novos frutos dessa história.

Deixo a todos uma fraterna saudação e o desejo de que possamos avançar cada vez mais na democratização

dos meios de produção e difusão da arte brasileira em toda a sua diversidade.

Guti Fraga

Presidente da Fundação Nacional de Artes

Page 8: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

8

Page 9: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

9

As artes visuais se expandiram tanto que passaram a incorporar uma realidade de múltiplos processos de

conhecimento, exponencialmente acelerados e potencializados, transversalizados por um complexo conjunto

de formas de expressão que interagem simultaneamente. As fronteiras entre um processo de criação e outro

deixaram de existir e se há alguma delimitação é porque ainda não se reconfigurou o que está para acontecer

a qualquer instante. O mesmo tempo, que se expande, também não representa mais delimitações entre

passado, presente e futuro. Linguagens (se é que elas de fato ainda existem) e práticas que em alguns

momentos foram consideradas convencionais como a pintura, a escultura, o desenho, a gravura e a fotografia,

podem muito bem coexistir neste espaço atemporal onde as vanguardas não existem mais e não têm mais

como negar o passado para se autoafirmarem. Performance, instalação, intervenção, arte com ferramentas

digitais, objeto, fotolinguagem, poema visual, videoarte, coletivos interativos e outras formas múltiplas de

expressão artística, também não são substitutos radicais das tradições. Não há mais espaço para rupturas.

As mudanças são rápidas, gradativas, diferenciais, instantâneas, até aparentemente substitutivas, mas sem

perda das invenções e proposições que as antecedem.Tudo permanece e se transforma ao mesmo tempo.

Uma das características do século XXI é a possibilidade de convivência entre todas estas formas de expressão.

Há uma simultaneidade de comunicação que nos liberta da cristalização de modelos. A diversidade de ideias

propostas parece nos indicar que o processo evolutivo presente na arte contemporânea libera cada vez mais

o artista em direção à individualização de concepções, conceitos e suportes, o que foi determinante, na

década de 1950, para diferenciar a arte moderna da arte contemporânea. No entanto, contraditoriamente,

a consciência e ação coletivas são exercidas com amplitude e liberdade, como um sistema de interesses

distintos e comuns. Do início das novas conceituações sobre espaço/obra e o rompimento com espaços

limitados e a prática e incorporação das tecnologias atuais, constata-se uma multiplicidade de expressões

que parece não ter mais limites.

A expansão das propostas artísticas contemporâneas em direção a espaços externos – cidade, meio ambiente,

coletividade e comunidade – aponta ainda para outros territórios de interferência e exercício do pensamento.

Afirma-se também como uma arte pública interativa, de ações individuais e coletivas, que nos sinalizam

outros desdobramentos, à procura de um público específico ou apartado das galerias e centros culturais,

Page 10: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

10

trazendo questões políticas e sociais para o campo da ética e da estética. Compõe um quadro de atitudes e

comportamentos que reinserem o artista como agente direto no processo de transformação social. Agrega

componentes de informação e difusão distintos dos procedimentos previsíveis e abre outras opções criativas e

político-ideológicas. Questiona e propõe a permeabilidade e o rompimento das fronteiras que se movem entre

as expressões artísticas. Parece nos preparar para a definição de arte como um conjunto de ideias e práticas

criativas que funcionam de forma integrada e simultânea à própria vida.

Quando a Rede Nacional de Artes Visuais foi concebida na Funarte, em 2003, considerou-se este momento de

transição que ocorria da arte brasileira. Propôs-se um sistema aberto e diversificado de atuação, deixando os

interlocutores e atores livres para o debate de ideias e conceitos. Não era um projeto voltado apenas para a

gestão cultural. Propunha uma outra forma de diálogo, integrado ao conjunto de políticas culturais. Operava

com os símbolos e signos que compõe o conjunto da pluralidade no campo das artes visuais, heterogênea

e em permanente expansão. Estes signos são pontos que nos unem e nos identificam, que estabelecem a

dialética entre tradição e invenção.

A Rede tornou-se ainda referência para debater e articular modelos de representação artística nacional e

regional, contribuindo para a criação e atualização de uma política aberta e democrática para os profissionais

de artes visuais. À medida que se desdobrou livremente, sob a coordenação do Centro de Artes Visuais, e

chegou à quase totalidade do território nacional, com atuação nos grandes centros urbanos, centros culturais

regionais e lugares totalmente isolados do interior do país, envolveu as universidades, as representações

culturais estaduais e municipais criando um interesse maior e renovador sobre o papel transformador da arte

junto à sociedade, grupos de artistas e pessoas interessadas. Passaram gradativamente a perceber que as artes

visuais iam muito além das fronteiras convencionais e que qualquer questão social, política, comportamental,

educacional ou de pensamento poderia encontrar nela uma prática de reflexão estética e cultural. A Rede

serviu ainda para qualificar, ampliar e dar origem a outros programas, tais como a ampliação da ocupação

dos espaços expositivos da Funarte e das Secretarias e Fundações Culturais estaduais; difundir editais;

implementar outros programas a exemplo do Conexão Artes Visuais MinC Funarte Petrobrás e a formação das

Câmaras Setoriais de Artes Visuais como base para implantação do atual Colegiado Nacional de Artes Visuais,

representação da sociedade civil junto à Secretaria de Políticas Culturais do MinC. No entanto este trabalho

Page 11: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

11

foi realizado por meio de ações artísticas e de reflexão considerando todo o extenso campo das artes visuais

que se tornara mais evidente, mostrando toda sua característica agregadora das múltiplas linguagens.

O programa, ao longo destes anos, nos modelos de ação direta e edital público, manteve a intenção inicial

de ser um estimulador, fomentador do processo criativo, difusor de autonomias culturais, apontando

para o que poderia ser uma “Campanha Nacional de Artes Visuais”, com maior mobilização, movimentos e

acontecimentos culturais, nos planos nacional e internacional. Ao convocar a classe artística para uma parceria

junto à instituição e à sociedade, certamente estes conceitos de pluralidade e democracia participativa foram

colocados em prática. Por meio desta estratégia de trabalho interativo pode-se definir melhor as bases das

cadeias produtivas, as estratégias de incentivo ao mercado, a conscientização do processo criativo como

necessidade estrutural da sociedade e principalmente como fator educativo, essencial para o processo de

transformação econômica e social brasileiros.

Xico Chaves

Diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte

Page 12: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

12

Page 13: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

13

Ao longo de suas dez edições, o Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais vem contribuindo na formação

dos agentes em atividade no campo das artes visuais no Brasil, atingindo todos os estados brasileiros e

promovendo ações não só nas capitais, como também em municípios de médio e pequeno porte, nos quais

o acesso à informação sobre a produção artística contemporânea em âmbito nacional e internacional ainda

se faz mais difícil, apesar dos avanços tecnológicos. As oficinas, seminários, residências e demais ações

que integraram o Programa colocaram em uma mesma rede espaços institucionais e autônomos, centrais

e periféricos, todos eles com experiências valorosas e conhecimentos próprios, seja na esfera formal ou

informal.

Tantos formatos diversos refletidos nessas ações são um retrato da pluralidade de manifestações, pensamentos,

processos de criação, condições de produção e estratégias de difusão das Artes Visuais no país. Possuem,

cada qual, suas ferramentas específicas, fruto da criatividade de seus agentes na interação e, muitas vezes,

superação da realidade na qual desenvolvem seus trabalhos. O Programa, ao fomentar e reunir essas ações,

permite, enquanto instrumento de política pública, mais do que um apoio para que se tornem viáveis. Ele

atua, principalmente, no sentido de criar canais e condições para que tais ferramentas sejam compartilhadas,

experimentadas em outros contextos, negociadas e reinventadas, em um processo contínuo de reflexão e

inovação dos processos de criação, produção e gestão.

A riqueza desse processo gerou, nas diversas edições do Programa, resultados para muito além daqueles que

nos é possível mensurar, sendo ele próprio um importante ganho para a constituição dessa rede. Além, é claro,

de seus diversos outros produtos e desdobramentos, como exposições, intervenções, mostras e publicações.

Nesta edição, mais vinte e duas ações se juntam à história do Programa, deixando cada uma sua contribuição

para esse processo contínuo de construção, diálogo e reinvenção.

Izabel Costa

Coordenadora do Programa

Page 14: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

14

Máquina Orquestra Arco Projetos em Arte

Page 15: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

15

Page 16: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

16

Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013

10ªedição

Page 17: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

17

Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013

10ªedição

Page 18: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

18

Quando o Percurso Torna-se Destino Fábio Tremonte

Page 19: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

19

Page 20: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

20

Anam

aue

Arte

s Vi

suai

s Longitudes: A Formação do Artista Contemporâneo no Brasil

Origem: São Paulo/SP

Ação: São Paulo/SP

Em junho de 2013, quando concebi o projeto intitulado Longitudes: A Formação do Artista Contemporâneo

no Brasil, minha principal motivação foi debater e questionar o festejado crescimento do mercado de

arte e chamar atenção para a situação dos trabalhadores do meio. Como mostra o relatório de 2013 da

Fundação Europeia de Artes Plásticas, a internacionalização da arte contemporânea brasileira reproduz o

desequilíbrio entre o centro e a periferia do mercado de arte mundial. Apenas cinco artistas brasileiros

concentraram, entre 2009 e 2012, 70% do volume de vendas de obras de arte brasileiras no exterior1.

Dentro do país, a Lei de Incentivo à Cultura, principal meio de financiamento às artes no país, destinou

à região sudeste entre 2007 e 2009, 81,8% dos recursos alocados para as artes visuais2.

Minha intenção com o projeto foi inverter a lógica da produção em artes visuais com vistas para o

mercado externo, sentido latitudinal, e investigar as questões nacionais nas artes visuais, buscando

alternativas para construção de bases sólidas para nossa cultura que, a meu ver, estão diretamente

relacionadas às condições de trabalho.

A quem serve uma política cultural financiadora de um mercado de obras que formaliza apenas 26% dos

seus acordos com os artistas representados3? Estariam as políticas de financiamento à cultura colaborando

para a emergência da diversidade cultural e regional do país? Essas e outras perguntas trazidas para

o seminário colocam em xeque a liberdade de produção artística, enfatizando o fato de que a livre

expressão da subjetividade do autor depende também dos recursos materiais disponíveis.

O seminário aconteceu entre os dias 29 e 30 de março de 2014, na Casa do Povo, e trouxe dezoito artistas,

professores e pesquisadores das cinco regiões brasileiras para discutir a formação em artes visuais.

Divididos em seis mesas, os convidados puderam discutir, problematizar, incrementar e compartilhar

opiniões com os palestrantes e também com o público participante.

Foram recebidas aproximadamente 350 pessoas, atingindo mais que o dobro do público estimado.

Estiveram presentes estudantes de artes (universitários ou de escolas livres), artistas, críticos, curadores,

historiadores de arte, educadores, gestores de instituições ligadas ao ensino de arte e pesquisa em artes

Page 21: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

21

visuais, professores de arte e interessados em geral. Além do público presencial, o registro audiovisual das mesas-

redondas, disponível no blog do projeto, teve até o mês de julho mais de 2000 visualizações.

O seminário recebeu destaque em importantes meios de comunicação, como: Revista Select, Mapa das Artes, Cultura e

Mercado, Guia da Semana, Suplemento Cultural, Catraca Livre, VirtuVirus, ArtRefe na página do Facebook do Centro de

Pesquisa e Formação do SESC. O jornal da Unesp do mês de junho de 2014 dedicou o suplemento FÓRUM ao seminário

Longitudes, publicando o texto dos 3 palestrantes da mesa “Disparidades Regionais” (Júlio Martins, Kamilla Nunes e

Ueliton Santana) e uma entrevista com a organizadora e pesquisadora Mariana Fernandes.

Como produto final, 14 convidados redigiram um texto que registrou e desenvolveu as questões e propostas apresentadas

durante sua participação no seminário. Os textos foram traduzidos para a língua inglesa e sua publicação será distribuída

gratuitamente para 150 instituições de formação de artistas no Brasil e no mundo. Certa de ter contribuído de alguma

maneira para criação de redes de contato no campo artístico, tenho para mim que o seminário é uma pequena fração das

muitas reverberações engendradas nesse encontro.

Mariana Queiroz Fernandes

1TEFAF art market report 2013. The global art market, with a focus on China and Brazil The European fine art fondation. Prepared by Dr Clare McAndrew Arts Economics. Edition: The European fine art fondarion, Holanda, 2013.

2SILVA, Frederico A. Barbosa da. “Economia criativa: políticas públicas em construção”. In: Ministério da Cultura, Plano da Secretaria da Economia Criativa: Políticas, diretrizes e ações, 2011 – 2014, Brasília: Ministério da Cultura: 107-111, 2012.

3FIALHO, Ana Letícia. Pesquisa Setorial: O mercado de arte contemporânea no Brasil. 3ª edição, Ana Letícia Fialho (Coord). Abril, 2014

Page 22: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

22

Foto

s: T

hais

Jat

ene

Page 23: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

23

Page 24: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

24

Anto

nio

Mar

tins

de

Arau

jo N

eto

- A.

C. P

rodu

ções

Artistas Educadores: Um Encontro

Origem: Recife/PE

Ação: Recife/PE

O que motivou o Espaço Fonte – Centro de Investigação em Arte a promover o projeto Artistas Educadores:

um Encontro foi o desafio, como um espaço autônomo que busca inventar sua própria maneira de fazer

as coisas, de gerar nosso próprio modelo. Além disso, somos um grupo que se encontrou na faculdade de

arte, ambiente formal de educação.

Tenho tentado refletir sobre uma possível educação imersiva, que não tem grade curricular, disciplina e

bibliografia pré-determinada, uma educação que ocorra a partir do encontro, da troca e de motivações

individuais. Neste sentido, buscamos aglutinar em um mesmo encontro artistas atuantes com uma sólida

prática na experimentação pedagógica em arte e que são educadores, seja de outros artistas ou de

pessoas que se interessam por arte, a partir da observação de novos modelos gerados por artistas e suas

reinvenções do ensino-aprendizagem nos espaços formais de educação. O encontro baseou-se, portanto,

nas reflexões que foram geradas a partir das experiências apresentadas. O recorte escolhido para o

encontro foram artistas que não abdicam de seu fazer artístico para exercer o papel de educadores, e

que muitas vezes sentem a atividade educacional como uma continuidade de seu processo artístico ou

retiram do confronto com seus alunos subsídios para suas pesquisas. Por isso, foram muitos os horizontes

expandidos.

Experimentar é sempre um salto no escuro e a nossa indagação recaiu sobre o que significa experimentar

na arte e na educação concomitantemente. Importante observar que o encontro reuniu uma diversidade

de posturas e de contextos que enriqueceram com o debate e o escopo de possibilidades. Como esses

artistas educadores delineiam seus modelos educativos e o que esperam deles? A partir de que parâmetros?

Conseguem enxergar uma linha divisória entre seu fazer artístico e educativo? Haveria alguma diferença

entre um artista educador e um educador? O primeiro aspecto discutido foi a necessidade de haver

encontros como este, pois eles fazem emergir a diversidade de metodologias e as inúmeras possibilidades

de enxergar a educação na arte, além da arte-educação. A segunda questão vivenciada foi o lugar

quase periférico que a educação ocupa no fazer artístico, mesmo que a arte seja linguagem, códigos e

sociabilidade, que passa por aprendizados e que não seja algo inato. E uma terceira dimensão pontuada

foi a questão do contexto local que alimenta e demanda certos tipos de pedagogia.

Page 25: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

25

Artistas Educadores: Um Encontro organizou-se em três discussões. No primeiro dia), apresentaram-se artistas cuja prática

educativa permeia suas práticas artísticas de maneira muito entremeada: Jorge Menna Barreto, Cayo Honorato e Daniel

Lima Santiago. O segundo dia aglutinou discussões entre artistas que são educadores em espaços institucionais: Stela

Barbieri, Marcelo Coutinho e Solon Ribeiro e o último dia voltou-se para artistas que comandam espaços independentes:

Maria Helena Bernardes, Miguel Chikaoka e Albano Afonso. Cada participante teve total liberdade de apresentar seus

achados, inquietações e maneiras de lidar com as esferas da arte e da educação, e foi muito interessante notar o relevo

gerado por tantos posicionamentos distintos.

Como a intenção era qualificar a troca de experiências e de reflexões, recebemos um público presencial de aproximadamente

40 pessoas por dia. Compareceram educadores, gestores, artistas e pesquisadores. Entretanto, o encontro foi transmitido

ao vivo pela internet com mediação de um coordenador de rede social, e tivemos um total de 130 pessoas participando

de várias partes do mundo. O debate online enriqueceu o ritmo das apresentações e deu o tom em alguns momentos.

Apesar de ainda não termos gerado uma publicação, o resultado do intercâmbio de experiências e o conhecimento

gerado a partir dessas trocas entre os artistas educadores já contribuiu para a ampliação do pensamento sobre os rumos

da educação em arte no Brasil, além da instrumentalização que ocorre pela demanda quantitativa dos patrocinadores

e instituições de arte. Importante notar a educação além dos parâmetros formais, temática que tem ganhado muita

visibilidade internacional após a chamada virada educacional (the educational turn), termo que apreende a absorção

de métodos, programas, modelos, termos, processos e procedimentos do campo da educação pelas práticas artísticas

e curatoriais. Não se trata de uma discussão unânime e monocórdica, e sim uma discussão que, em geral, espelha a

constatação de que intervenções e produções discursivas têm se tornado centrais para a prática contemporânea. Apesar

das contradições que este termo suscita, desejamos nos debruçar sobre uma reflexão que emerge a partir da prática, sem

necessariamente prestar tributo às discussões teóricas que se espalham mundo afora.

Cristiana Tejo

Page 26: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

26

Albano Afonso, Jorge Menna Barreto e Maria Helena Bernardes

Miguel Chicaoka, Solon Ribeiro e Stela Barbieri

Page 27: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

27

Daniel Santiago

Page 28: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

28

Arco

Pro

jeto

s em

Art

e Máquina Orquestra

Origem: Florianópolis/SC

Ação: Belo Horizonte/MG, Florianópolis/SC e São Paulo/SP

Cada vez que se começa uma conversa pela primeira vez com um artista, um novo vocabulário é agregado.

Curioso observar que os artistas se expressam de acordo com seu meio, como se o vocabulário do

fazer artístico se transformasse em idioma e vice-versa. Um pintor, por exemplo, tem em seu dicionário

palavras como “terebintina” e “veladura”, enquanto fotógrafos usam “diafragma” e “obturador”. E como

a arte contemporânea não necessariamente trabalha apenas com aquilo que “lhe pertence”, ela estimula

constantemente o espectador a uma nova aprendizagem linguística.

Roberto Freitas, O Grivo (Nelson Soares e Marcos Moreira) e Marcelo Comparini me apresentaram um

novo glossário. O que seria um sequenciador analógico? Uma trapizonga? Uma pianola? Um drone? Para

a maioria das pessoas essas palavras podem até fazer algum sentido dependendo do contexto em que são

empregadas, porém somente uma minoria pode defini-las com exatidão.

Novo vocabulário, materiais e sons, tudo junto e misturado em um mesmo ateliê. Com apenas um dia de

trabalho, a sala que era usada para pintura transformou-se em uma espécie de marcenaria e assistência

elétrica. O pó da madeira e os ruídos se espalhavam por todos os ambientes da casa, e com o passar dos

dias as coisas “só melhoravam”. Não completou nem uma semana em que todos trabalhavam juntos e a

trapizonga já começava a soar.

Enquanto Marcos embalava uma melodia no papel, Roberto programava a máquina, Nelson desenhava a

estrutura e Marcelo montava a peça. No segundo seguinte, eles já haviam mudado de função ou pararam

para tomar um cafezinho (como todo bom mineiro). Trabalharam com intuição, testando os materiais,

errando, consertando, falando, escutando e trocando. Era bonito ver como eles se organizavam, cuidando

para que o outro não ficasse sobrecarregado, exausto ou simplesmente desestimulado.

Trabalhar em grupo não é uma tarefa simples, ainda mais quando o tempo é pouco comparado à

produtividade. Nessa experiência, o ritmo de produção era tão intenso quanto a relação do grupo. Eles

se organizavam como notas de música experimental, sem uma pauta e apenas fluindo. Definitivamente

eles não seguiram nenhuma partitura, apenas traçaram alguns esboços e deixaram as ideias no ar para

que outro as pegasse.

Page 29: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

29

Acompanhar o grupo foi desafiador. Além de falarem um outro idioma, os porquês não pareciam ter importância.

Para eles, era tão claro o motivo do funcionamento das coisas que não era preciso responder a perguntas, como se as

respostas já estivessem no próprio fazer, como se a trapizonga falasse por si só, mesmo que ainda estivesse nascendo.

Compreender esse silêncio foi o que me permitiu escutá-la.

Em alguns momentos havia uma pausa no ar, como se alguma descoberta chegasse sem avisar. A cada teste a

concentração era dobrada e logo depois a correria voltava. Serra elétrica, martelo, violão, risadas, zumbidos agitavam a

casa, acompanhada dos passos dos artistas que iam e vinham de um cômodo para o outro. Eles não podiam fazer uma

trapizonga apenas, precisavam de uma orquestra para acompanhá-los.

O resultado? No momento, o rio segue o fluxo da ação e pensamento para depois refletir e analisar os trabalhos dessa

convivência.

Paula Borghi

Máquina Orquestra foi uma residência que possibilitou artistas de três Estados do Brasil se encontrassem e produzissem

um trabalho coletivo. Sob o olhar atento da curadora Paula Borghi, O Grivo – coletivo formado pelos artistas Nelson

Soares e Marcos Moreira (MG) –, Marcelo Comparini (SP) e Roberto Freitas (SC) abandonaram seus trabalhos individuais

em busca da colaboração em um ambiente horizontal, construindo uma pesquisa vertical que se materializou no que

chamamos de instalação performativa.

O trabalho feito a oito mãos é um conjunto de esculturas mecânicas capazes de ler e processar dados inscritos em

bobinas de papel vegetal milimetrado. Esses dados viram metadados que serão usados nas performances ao vivo deste

grupo provisório de artistas.

Arco

Page 30: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

30

Page 31: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

31

Page 32: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

32

Burb

urin

ho C

ultu

ral P

rodu

ções

Art

ísti

cas Circuitos da Desdobra

Origem: Rio de Janeiro/RJ

Ação: Rio de Janeiro/RJ

Circuitos da Desdobra propôs um balanço e uma discussão sobre a atualidade dos espaços autônomos

no Brasil. A ideia nasceu da curiosidade permanente acerca das condições que determinam a

produção no campo das artes e da cultura e, mais especificamente, das artes visuais brasileiras

contemporâneas. As funções, o discurso e os anseios de seus agentes; as modalidades expositivas;

a produção textual e crítica; os inúmeros pontos que compõem seus circuitos; as políticas públicas

elaboradas para os diversos segmentos; as instituições; o mercado; as estratégias de gestão; os

canais para a transmissão das linguagens e do conhecimento em artes, além da formação de novos

públicos, estruturam essa reflexão.

O vigor que marca o cenário artístico/cultural brasileiro, a partir dos anos 2000, não exclui situações

de desconforto, no que se refere às condições para o desenvolvimento de ações – ainda faltam

políticas que considerem os “longos prazos”, menos burocráticas, que se apliquem com continuidade,

permitindo a concretização, mas também a avaliação dos desdobramentos, um feedback das ideias

e ações. É evidente a carência de políticas públicas que proporcionem, de maneira mais ampla, o

fomento das práticas artísticas e que sejam capazes de enxergar tais práticas como modalidades

de pesquisa – para além da produção de bens culturais –, e que se realiza fora do ambiente

acadêmico.

Importante parcela dos espaços autônomos brasileiros sobrevive graças a subvenções provenientes

do Estado, obtidas por meio da política de editais. Outras estratégias são encontradas para reforçar

a captação de recursos: financiamento do setor privado, leilões, bazares, cursos, aluguel de espaço

de ateliê, festas, além do investimento individual dos próprios gestores. Esse diagnóstico de

desconforto é o ponto de partida do debate aqui proposto. O incômodo compartilhado por todos

funcionou como vetor/motor para a discussão, assumindo um formato circular e dinâmico, fugindo

da estrutura convencional dos seminários e conferências.

Circuitos da Desdobra retoma as discussões iniciadas pela Casa da Ribeira de Natal que, no período

de 29 de novembro a 01 de dezembro de 2010, com patrocínio da Funarte, promoveu o Encontro de

Page 33: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

33

Espaços Culturais Independentes, momento em que se constituiu a Rede de Espaços Independentes (Rede E.E.I.)

e foi redigida a Carta de Natal, documento que serviu de base para este encontro em abril de 2014, no Rio de

Janeiro.

O encontro de Natal, em 2010, foi um momento fundamental para o segmento, que buscou agregar e reforçar o

aspecto colaborativo das estruturas. Esse marco, de cunho político forte, foi seguido por duas iniciativas que

visaram estabelecer a reflexão sobre o papel dos espaços autônomos no Brasil.

No final de 2012, o Ateliê 397 organizou, na Funarte de São Paulo, a exposição Espaços Independentes – a

alma é o segredo do negócio, em que foram apresentadas “as diversas facetas e campos de atuação dos espaços

independentes voltados à arte contemporânea, mostrando suas atividades e resultados de forma acumulativa

durante o período de exposição”. Na ocasião, foi criado um recorte de espaços que apresentavam programações

significativas para a experimentação na arte contemporânea brasileira. O projeto aconteceu na Funarte de

São Paulo e reuniu os seguintes espaços: Ateliê 397 (São Paulo/SP), Ateliê Aberto (Campinas/SP), Atelier

Subterrânea (Porto Alegre/RS), Casa Contemporânea (São Paulo/SP), Casa Tomada (São Paulo/SP) e Casa da

Xiclet (São Paulo/SP), todos dedicados às artes visuais.

Em 2013, a curadora e pesquisadora Kamilla Nunes, traçou um minucioso mapeamento dos espaços autônomos

presentes no território nacional, por meio de uma bolsa da Funarte. No mesmo ano, os resultados de sua

pesquisa são publicados em uma plataforma online – Artéria (www.arteria.art.br), em colaboração com Bruno

Vilela – e em uma publicação, Espaços autônomos de arte contemporânea. O trabalho de Kamilla Nunes também

afirmava a urgência de uma continuidade dos trabalhos de reflexão sobre essas estruturas.

É assim que, em 2014, Circuitos da Desdobra se insere na linhagem dos projetos acima citados, convidando

representantes de 21 iniciativas autônomas do país para intervirem, durante os dias 15 e 16 de abril, no

Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. Aqui são discutidos realidades e rumos dessas

estruturas que se afirmam, hoje, como peças-chave do sistema da arte, dos processos colaborativos, da produção

cultural, da formação artística e da mediação entre a arte e público. Além disso, o projeto busca promover o

compartilhamento de modelos de gestão, estratégias expositivas e de produção, de comunicação, assim como

pedagogias, assumindo o caráter de fórum, aberto ao público.

Fabiana de Moraes

Page 34: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

34

Foto

s: R

icha

rd R

uszy

nski

Page 35: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

35

Page 36: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

36

3 C

- Ce

ntro

de

Cria

ção

Cont

empo

râne

a Binômios

Origem: Florianópolis/SC

Ação: Ribeirão Preto/SP

As triangulações do projeto Binômios

O debate aberto organizado em parceria com o Museu de Arte de Ribeirão Preto tornou possível a

publicação da quarta edição da revista Binômios, uma âncora do 3C - Centro de Criação Contemporânea

– plataforma eletrônica que tem por finalidade arquivar diferentes projetos editoriais produzidos em

colaboração com artistas, curadores e críticos de diferentes regiões do país. Para essa edição, o projeto

Binômios criou, também, triangulações. Primeiro porque cada curador trabalhou com dois artistas

que, juntos, formaram um grupo que considerou o trabalho, as inquietações, os procedimentos e as

trajetórias de cada um, assim como tornou possível o encontro com leituras elaboradas pela audiência

no momento do debate. Esses binômios, em certo sentido triangulares, foram constituídos por Ana Maria

Maia, Jonathas de Andrade e Regina Parra; Jacopo Crivelli Visconti, Caetano Dias e Leda Catunda; Josué

Mattos, Eduardo Berliner e Thiago Martins de Melo; Marcelo Campos, Efrain Almeida e José Rufino; Marília

Panitz, Elida Tessler e Gê Orthof.

O exercício de expor o debate, em muitos casos, restrito ao espaço do ateliê do artista, é um meio de

alargar o processo curatorial, vinculado, quase sempre, à organização de exposições. Pensar o projeto

Binômios como uma prática transversal significa tentar se aproximar da história recente das exposições,

ela mesma atrelada aos contundentes experimentos da arte atual. Seria como tornar possível a produção

de cruzamentos com parte da cena artística, sobretudo com a que transita livremente pelas vias da

heterogeneidade. Ou com quem produz encontros fortuitos e improváveis para somar a isso tudo a

“leitura do não-escrito”, conforme preconizou Walter Benjamin. Eis, de fato, o que surge com muita

frequência na prática do diálogo: o não-escrito e o não-pensado se tornam elementos imprevisíveis que

vêm à tona e favorecem leituras da mesma natureza, retirando da prática artística certas obviedades que

se esforçam em salvaguardar as marcas de registro de cada geração de artistas. Caminhar pela via sinuosa

do imprevisível é o que se configura como o ponto de partida para esses encontros dialógicos.

Neste sentido, o projeto Binômios se mantém como um dispositivo para a documentação do presente.

Adota a via do díspar, visto que os encontros inter-regionais produzem anacronismos, sedimentam outros

Page 37: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

37

eixos e desestruturam os processos normativos que insistem, não sem forçar a barra, na escrita da arte brasileira

metropolitana. Do mesmo modo, ao integrar discursos regionalistas, os binômios intendem percebê-los como um lugar

propício para a efetiva eliminação de fronteiras, o que favoreceria a remontagem sempre necessária do universal a partir

de pequenos fragmentos simbólicos, territoriais, históricos, sociais ou geopolíticos de cada canto do mundo. O escopo

do projeto discorre sobre procedimentos de trabalho dos artistas, tanto quanto sobre especificidades de cenas locais,

entraves e embates com a historiografia da arte, permitindo, também, refletir sobre o modo como cada um deles constrói

irrupções em cada categoria artística, social ou política. Ao longo desse pequeno percurso, o projeto vem tentando

criar interseções com outras linguagens, o que faz dos debates abertos um meio legítimo para o público se aproximar

dos centros de interesse de cada artista e de um conjunto significativo da arte contemporânea produzida em diferentes

regiões do país.

Josué Mattos

Page 38: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

38

Tiago Martins de Melo Marcelo Campos e José Rufino

Jacopo Crivelli Visconti e Leda Catunda Marcelo Campos e Efrain Almeida

Regina Parra e Ana Maria Maia Caetano Dias e Jacopo Crivelli Visconti

Page 39: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

39

Esopo

Page 40: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

40

Cris

tina

Tho

rste

nber

g Ri

bas Vocabulário Político para Processos Estéticos

Origem: Rio de Janeiro/RJ

Ação: Rio de Janeiro/RJ

O projeto Vocabulário Político para Processos Estéticos aconteceu a partir de um encontro, ou de encontros.

Encontro no sentido estrito do termo - estarmos juntos em um mesmo lugar, para produzir o Vocabulário –

e também encontro como um espaço que possibilita a intensificação de nossas relações de colaboração e

aprendizagem, em que experimentamos formas de criação. Este projeto como espaço de encontro também

inaugurou a relação entre pessoas que não se conheciam, e realizou atividades abertas ao público como

parte das ramificações do desejo de criar um vocabulário comum. O projeto do Vocabulário foi realizado

primeiramente por meio de conversas, experiências e diagramáticas, e, posteriormente, pela escrita e

edição de um livro homônimo distribuído gratuitamente e difundido pelo site do projeto.

O projeto tem por objetivo provocar a criação de um Vocabulário em um espaço de atravessamento entre

práticas políticas, estéticas, comunicativas, afetivas, artísticas etc. Partindo da perspectiva de que a

criação é também a criação e a transformação de conceitos ou expressões – marcando uma ramificação

não linear entre língua, linguagem e significação –, com esse projeto fazemos um levantamento das

expressões que nos mobilizam na atualidade, expressões que criamos nós mesmos, ou que transduzimos

de outros espaços, estratégias e práticas. O desafio que o Vocabulário propõe é então conversar e

escrever sobre as nossas expressões e nossas práticas, aproximando o exercício de fazer um vocabulário

do exercício de organizar um glossário, de maneira que essas expressões possam ser compartilhadas e

possam proliferar em criações comuns. Assim, não vemos o Vocabulário como um projeto que inaugura

um modo ou um espaço, mas como um projeto que é ele mesmo um espaço de concatenação, ou de

‘síntese disjuntiva’, de outros tantos espaços da criação. Ele nos desloca, contudo, a uma reconfiguração

enquanto criadores “vocabulosos”, menos daquilo que fomos ou somos e mais daquilo que podemos ser e

fazer estética e politicamente em uma conjunção temporal, aquilo que podemos juntos “vocabulinar”.

O Brasil que se conhece pelas ruas desde os levantes de junho (nesse “ano que não acabou”, entre 2013

e 2014) explicita o surgimento de novas expressões, ações e táticas de criação e resistência. É um Brasil

exaltado contra o poder opressor de um Estado que busca crescimento econômico a todo custo, mas cujas

Page 41: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

41

minorias vêm sendo definitivamente eliminadas. Como parte de uma tática temporalizada, o projeto se endereça aos

espaços comuns afetivos e ativos das ruas e das assembleias, das reuniões e das partilhas, um processo político social

que não vemos como encerrado, e que procura estender uma articulação aos modos de vida e realidades comuns, abrindo

espaço para falar daquilo de que somos constituídos, de nossos desejos, de nossos desafios. O Vocabulário se soma

então a esses espaços que ativam a micropolítica da língua e da linguagem, a micropolítica das expressividades, que se

valem de um intercâmbio de sensibilidades, negociação de realidades em processo, em conflitos, criando colaborações

e proliferando diferenças.

O projeto aconteceu por meio de três formas de encontro: na primeira semana, a oficina interna da qual participaram

cerca de 25 pessoas chamadas por mim, mais por um desejo de catalisação do que de curadoria; a segunda semana,

com duas oficinas abertas ao público; e a terceira forma de encontro, pela troca constante com algumas pessoas

durante aquelas semanas no Rio, que se tornaram convites para que essas pessoas escrevessem textos específicos

para o Vocabulário. Alguns participantes que haviam sido convidados para a oficina interna e não puderam participar

contribuíram com textos. Há ainda uma quarta dinâmica, que é a incorporação de três textos já escritos e publicados

previamente, provocando outras conversas com o Vocabulário.

Cristina Ribas

Participantes da oficina e publicação: Agência Transitiva, Annick Kleizen, Andre Barséres, André Luiz Mesquita, Beatriz Lemos, Breno Silva, Brian Holmes, Cecilia Cotrim, Cristina Ribas, Davi Marcos, Daniela Mattos, Enrico Rocha, Georgiane Abreu, Giseli Vasconcelos, Graziela Kunsch, Helio Oiticica, Inês Nin, Isabel Ferreira, Jeferson Andrade, Josinaldo Medeiros, Julia Ruiz di Giovanni, Juliana Leal Dorneles, Kadija de Paula, Laura Lima, Luis Andrade, Luiza Cilente, Lucas Rodrigues, Lucas Sargentelli, Margit Leisner, Pedro Mendes, Pierre Garcia, Raphi Soifer, RhR, Ricardo Basbaum, Rodrigo Nunes, Sara Uchoa, Steffania Paola, Tatiana Roque e Tiago Régis

Oficina interna: Capacete EntretenimentosOficinas abertas ao público: Aldeia Gentil e Pontão de Cultura Digital da ECOConversas com os participantes da oficina interna e convidados: Casa Nuvem e Instituto de Artes/UERJ Concepção, mediação e edição: Cristina RibasProdução e edição: Sara Uchoa Site: Inês NinConsultoria: Anamalia RibasRevisão de textos: Valdiria ThorstenbergDesign: Editora Aplicação Espaços parceiros: Casa Nuvem e Capacete

http://vocabpol.cristinaribas.org

Page 42: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

42

Page 43: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

43

Page 44: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

44

Fábi

o Tr

emon

te Quando o Percurso Torna-se Destino

Origem: São Paulo/SP

Ação: Grão-Mogol/MG; Urubici e Urussanga/SC; Petrolina/PE; Juazeiro/BA e Fortaleza/CEFo

go S

ol P

oent

e So

l Nas

cent

e -

Foto

: Ce

cília

Bed

ê

Quando o percurso torna-se destino surgiu da vontade de explorar novas paragens e, também, compartilhar

com artistas locais experiências e situações durante percursos, fazendo uso das características físicas

e geográficas de cada localidade escolhida, propondo uma interação com as formações e situações

específicas da natureza e como essas influem no cotidiano dos moradores locais.

O projeto foi composto por quatro ações que aconteceram em quatro diferentes regiões do Brasil: Grão-

Mogol/MG, Urubici/SC, Urussanga/SC, Petrolina/PE, Juazeiro/BA e Fortaleza/CE, eleitas por apresentar

certas especificidades físicas e geográficas fundamentais ao projeto, relacionadas aos quatro elementos

da natureza – Terra: territórios cambiáveis (MG); Ar: experiência cinza (SC); Água: margem, história

e resistência (PE); e Fogo: sol nascente e sol poente (CE). Para cada viagem, um artista residente no

estado foi convidado para me acompanhar e, juntos, interagirmos com os locais selecionados. São eles,

respectivamente: Pablo Lobato, Julia Amaral, Traplev e Yuri Firmeza, Galciani Neves e Cecília Bedê.

Encontros e caminhos percorridos foram partes essenciais do projeto, pois os caminhos traçados eram

determinados pelas conversas durante os percursos. Assim, as possibilidades eram imensas, explorando

os elementos da natureza e as relações que se estabelecem com os habitantes dessas regiões, permitindo

que as vivências fossem intensas e significativas.

Fábio Tremonte

Page 45: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

45

Solos Territórios Cambiáveis - Foto: Fábio Tremonte

Page 46: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

46

Ar Experiência Cinza - Foto: Fábio Tremonte

Page 47: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

47

Ar Experiência Cinza - Foto: Fábio Tremonte

Page 48: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

48

Gast

ão d

a Cu

nha

Frot

a CiberÀtrações, CharreteNet e CarROBOis

Origem: Uberlândia/MG

Ação: Belo Horizonte/BH e Brasília/DF

A CharreteNet faz passeios de quatro dias consecutivos pela cidade e, puxando conversas, vincula ações

afirmativas e proposições de arte pública pelos horizontes em comum da rua, em um processo movido por

troca-trocas de presentes sob apelos de transmitir tudo ao vivo, de forma online.

Nesta edição, com novos e antigos parceiros, levamos na tralha a mesma charretinha original, feita de

reciclagens em Uberlândia, juntamente com presentes, ferramentas digitais e formas de compartilhamento

livres que, no encontro com o bicho, compõem a CharreteNet – para a grande Beagá e o Distrito Federal,

lá agregamos ao cortejo o CarROBOis.

Assim como em Uberlândia em 2011, nossa produção se iniciou com a busca por cocheiros e cavalos em

simbiose com o projeto – o que foi facilitado pelos coletivos Paisagens Poéticas e Carroça Elétrica que,

como outros artistas brasileiros têm trabalhado recentemente com carroceiros urbanos.

As carroças divagam por destroços modernos de um mundo em mutação, cada vez mais permeado por

agenciamentos e linguagens “maquínicas”. Mesmo com números de celulares pintados na boleia, cavalos

chipados e regulamentações legais da profissão de carroceiro, os cocheiros urbanos carregam o denso e

pesado estigma do atraso, nas interseções campo X cidade, individual X coletivo... Eles transitam entre

fronteiras fundamentais, em torno das relações ancestrais entre homem X animal e homem X máquina.

Segundo Harraway, essas fronteiras foram rompidas com o advento da informática da dominação (ao

fundo toca Boate Azul). Além do fascínio pela potência animal e do apreço pela autonomia profissional,

artistas e carroceiros compartilham agora interesses pela liberdade de trânsito, permanência e abertura

de espaços de vida em comum bastante ameaçados.

Nas atrações e trações dessa identidade surgem nossos ciborgues. A contrastar com a cidade intoxicada

pelos automóveis do egoísmo cotidiano, a cidade em que cavalgamos é arejada por solidariedades

transeuntes, conversas matutas e olhares diretos. Na reciclagem do lixo do consumismo, ela acolhe

animais, crianças e outros bichos, que optam por resistir ao tráfico e à marginalidade com uma dignidade

mundo-bicho (Vida de Gado).

Para pesquisa da rota-roteiro, formulamos um questionário online que sintetiza a proposição de CiberÀtra-

Page 49: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

49

ções e a torna mais atrativa sob o ponto de vista do reconhecimento autoral e do compartilhamento via web. Esse desen-

volvimento do componente máquina de nossos ciborgues mambembes, assim como a invenção atual de uma “ciberÁgo-

ra”, apresenta muitos desafios. Embora incipiente, junto a pesquisas de campo presenciais ele nos ajudou a traçar os

pontos base da rota-roteiro, cujo trajeto final em cada cidade foi determinado pela viabilidade do conjunto e a simbiose

cocheira que nos conduziu pelas acolhidas, desvios e imprevistos, realimentando e sugerindo novos processos.

Entre a improvisação por contato direto e as parcerias institucionais, em Beagá partimos eu, Cleber e artistas convidados,

com uma equipe composta por jovens da Elástica, do Fora-do-Eixo, da OiKabum, o cocheiro Junior e o cavalo Canário. A

rota-roteiro começou pela ocupação Guarani-Kaiowá, seguindo pelo atelier da Gilmara, a ZAP 18, a EBA-UFMG, a Praça

do viaduto da Lagoinha, a Praça da Estação, a casa Fora-do-Eixo, a Vila Dias e o Espaço Comum Luiz Estrela, seguindo

até Sabará e retornando a nossa base de operações, o curral do Wilmar ao lado da URPV do São Geraldo. Depois da rota,

no quinto dia, fizemos um passeio extra com Wilmar, levando a charrete pra exposição, e conversando no caminho com

Roberto, de Uberlândia, sobre a luta dos carroceiros lá e cá.

No Distrito Federal trabalhamos com uma equipe menor. O processo de articulação foi mais espontâneo e, desde a praça do

Cidadão B, na Ceilândia, fomos agregando participações dos projetos Jovens de Expressão e Mapa Gentil – cujos objetos

e proposições se mesclaram à intervenção do Candidato do Entorno e do evento Quanto Vale seu Voto, dos coletivos La

Femme e Banda Chinela de Couro. Rumo à cidade Estrutural, onde a carroça elétrica jogou bola com os Corpos Informáticos.

Aquino deu presentes à Baiana e a Conversa de Bois e Outros Bichos partiu pelas feiras, culminando com o acontecimento

do CarROBOis e sua mistura de orixás, drones, bois, Saia de Bicicleta, violas de buriti e outras proposições e coletivos

participantes da Feira dos Povos do Cerrado. Rumo às profundezas da Esplanada, câmbios de vozes e papéis, esboços de

uma lógica holográfica balizada pelo desejo de encontro.

Ao prestarmos corpo ao galope nesses passeios, o humano copula com animais não-humanos ativando memórias rítmicas

que ecoam desde a fricção do sexo ao riso. Uma sinergia infinita de afetos comuns a pensar o ser, a pensar o corpo e

vivenciar a tecnologia nas fronteiras dos desafios ecológicos, buscando não confundir o papel das decisões humanas com

o do automatismo “maquínico” nos processos de produção atuais (Desafio de Tom Zé).

Agradecendo aos participantes, convidamos todos a passear pelo site da CharreteNet e pelos perfis de rede social do

projeto, que divulgam encontros, locais, artistas, coletivos e pessoas que se somando aos cortejos, articularam suas

travessuras, trações e atrações.

Gastão Frota

www.charrete.Net http://bit.ly/1hcruc0 http://bit.ly/CharreteNet

Page 50: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

50

O arreio e o poder

O beijo e o drone

CarROBOis

Page 51: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

51

Exposição no Maletta - BH

Page 52: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

52

Inst

itut

o do

Pat

rim

ônio

Art

ísti

co e

Cul

tura

l da

Bahi

a Museu Escola Lina Bo Bardi – Edital de Formação de Curadores

Origem: Salvador/BA

Ação: Salvador/BA

O programa Museu Escola Lina Bo Bardi – Edital de Formação de Curadores tem como objetivo estimular o

pensamento curatorial e a reflexão sobre a produção artística contemporânea, a partir da experiência de

profissionais com extensas e regulares pesquisas artísticas da Bahia e de fora do estado. Esses profissionais

são os responsáveis por fornecer as bases teóricas e práticas para a exploração de pesquisas e processos

curatoriais, estimulando os participantes a desenvolverem suas próprias pesquisas e, ao mesmo tempo,

responderem às questões que envolvem a tarefa da curadoria e seus processos diante dos desafios da

atual produção artística. Nesta primeira edição foram convidados os profissionais Ayrson Heráclito (BA),

Fernando Oliva (SP) e Rodrigo Moura (MG).

O projeto teve início com o lançamento do Edital – uma convocatória pública com encontros abertos

para a apresentação do formato do edital e discussão sobre seu tema central, com a participação de

convidados. Após as inscrições, foi feita a análise das propostas por uma comissão de seleção, composta

pelos próprios curadores e pela direção do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Ao final, esta

comissão indicou os cinco projetos habilitados e contemplados: Caroline Sant´anna - Transfigurações do

Eu; Gracia do Rosário - Um viés na imagística República; Nirlyn Castilho - Incendiário; Pedro Marighella -

Outro Circuito; Uriel de Souza - Fotografia.

As atividades foram realizadas com encontros presenciais e virtuais, além de visitas guiadas às exposições

da 3ª Bienal da Bahia e aos demais núcleos editoriais. Os participantes também tiveram a oportunidade

de se reunir e conversar com profissionais de diferentes setores do MAM-BA, no intuito de entender as

demandas curatoriais numa instituição museológica. Ao final desta edição do projeto, o MAM-BA pretende

se reunir com cada um dos cinco participantes e discutir suas propostas curatoriais e a possibilidade de

realizá-las na instituição.

Também como parte do projeto, foi publicado um Manual de Processos Curatoriais, em um formato de

linha do tempo de curadoria, distribuídos como encarte da Revista Contorno #4 (publicação periódica

do MAM-BA). A ideia é expandir o conteúdo, tornando-o acessível para demais pessoas interessadas,

documentando os processos envolvidos em todo projeto.

Page 53: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

53

O módulo no Curso de Formação de Curadores adotou metodologia de trabalho teórico-prática, articulando aulas

expositivas com visitas de campo, seguidas por discussões in loco, nos próprios espaços expositivos das mostras que

estudamos e acompanhamos. A questão central do curso foi o novo estatuto das práticas curatoriais no Brasil; ou

seja, de que maneira a curadoria, e seus profissionais, está lidando com as profundas mudanças sociais e econômicas

operadas no país, desde o início do século XXI, notadamente o deslocamento, ou descentralização, dos eixos de poder

geopolíticos-culturais em direção não apenas ao Nordeste, mas a locais antes tidos como "periféricos" (lembrando que,

para além de uma separação territorial rígida, estes locais podem se encontrar em espaços considerados centrais, como

os centros de São Paulo, Salvador, Recife e outras capitais).

Aproveitando o acontecimento da 3a Bienal da Bahia e o fato de o professor fazer parte do grupo de curadores, o grupo

fez visitas de trabalho às exposições, em montagem e depois de prontas, nas quais pudemos refletir juntos sobre os

métodos e escolhas feitas por esta terceira edição da Bienal. Como evitar o discurso de poder e as hierarquias entre obras

e artistas? Como atuar mais como um catalisador, uma ponte entre os artistas e suas experiências, e menos como um

agenciador de subjetividades? Como tirar proveito, produzir e fazer produzir em lugares sem um sistema de arte como

se conhece normalmente em locais profissionalizados? E como evidenciar isso para o outro, espectadores e comunidade

artística? Estas e outras questões surgiram enquanto visitávamos A Reencenação, no Mosteiro de São Bento, e as mostras

antológicas de Juarez Paraíso e Juraci Dórea, no MAM-BA. Em um dos encontros, os alunos apresentaram seus próprios

projetos para serem apreciados pelo grupo e questionados.

Fernando Oliva

Um dos objetivos do processo formativo foi o de propor ações críticas sobre a história e o lugar da curadoria na narrativa

da arte brasileira. A curadoria se apresenta assim como um exercício de adensamento da pesquisa, a fim de propor outras

possibilidades de leituras, que não são tão popularizadas e não fazem parte do panteão hegemônico do pensamento sobre

a arte brasileira, a identidade artística brasileira e a identidade regional. Nesse processo são debatidos preconceitos e

paradigmas a fim de se pensar outras possibilidades de entendimento sobre o fenômeno cultural brasileiro: o Brasil dentro

do Brasil, dentro da América Latina, da África, dos Estados Unidos, da Europa e dentro do mundo.

Ayrson Heráclito

Page 54: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

54

Fotos: Alfredo Mascarenhas

Page 55: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

55

Page 56: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

56

Invi

síve

is P

rodu

ções

Ci

nem

atog

ráfic

as e

Lit

erár

ias COPAS: 12 Cidades em Tensão - Intervenções Urbanas em Debate

Origem: São Paulo/SP

Ação: São Paulo/SP, Olinda/PE e Brasilia/DF

O projeto COPAS previu a organização de uma rede composta por artistas e coletivos de arte do Brasil,

que realizou intervenções urbanas em todas as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Participaram

dos encontros mais de 15 artistas e coletivos de arte, vindos das 12 cidades-sede. Foram discutidas

as mudanças ocorridas em cada cidade e as diversas manifestações e expressões em resposta a essas

transformações. Nos encontros, os artistas realizaram performances e intervenções urbanas inéditas.

Copa que se Vive

O assunto “Copa” ocupou a mídia, as ruas, o cotidiano, as conversas. A Copa do Mundo de 2014 está

no Brasil desde 30 de outubro de 2007, data de sua oficialização. Existiu uma tenuidade explosiva, uma

contenção e uma latência ligadas nas teias dos espaços públicos. Foi nesse contexto que o projeto COPAS

ativou a discussão sobre as profundas mudanças pelas quais as cidades-sede vêm passando, no que

tange à convivência social e à democratização dos espaços públicos. O projeto desenvolveu-se junto aos

artistas de cada uma das cidades-sede, conectados, como um grande bando.

No encontro, a sensibilidade artística deflagrou uma experiência coletiva na qual as ações políticas foram

profundamente estéticas, envolvendo ações performáticas, musicais, ocupação de vídeo e programas de

rádio.

Considerando a especificidade de cada região, COPAS foi composto por artistas envolvidos em diferentes

segmentos da criação e capazes de articular diferentes tipos de ações na cena artística, poética e política

de cada cidade. A partir dessa experiência uma cartografia impressa foi produzida, refletindo sobre essas

novas estratégias de relação entre o indivíduo e a cidade nesse contexto da Copa do Mundo de 2014.

Relatos, pensamentos e depoimentos sobre possibilidades de viver junto e a criação coletiva implicada

nas mudanças e conquistas das suas cidades.

A cidade é o nosso plano. Na cidade acontece o trabalho como processo criativo e ético. Garantir um

espaço de debate e construção coletiva entre artistas e formas de vida dentro da cidade é criar uma

Page 57: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

57

plataforma de lançamento para novos projetos e propostas artístico-urbanas que se relacionam com a tomada da cidade,

do espaço público e com a criação de novos signos e representações desses territórios.

Daniel Lima, Fabiane Borges e Milena Durante

Núcleo Coordenador: Daniel Lima, Fabiane Borges e Milena DuranteArtistas: Poro (Belo Horizonte); Carolina Barreiro e Magnus Magno (Brasília); Eduardo Ferreira, Fabrício Barbosa e Caio Mattoso (Cuiabá); Goto (Curitiba); David da Paz (Fortaleza); Francis Madison (Manaus); Jota Mombaça (Natal); Rodrigo Lourenço (Porto Alegre); Cocô de Umbigada, Ricardo Ruiz e Edson Barrus (Olinda); Moana Mayall (Rio de Janeiro); Tininha Llanos (Salvador); Bijari, Frente 3 de Fevereiro, Nova Pasta, Casadalapa e Ocupeacidade(São Paulo)Edição de Texto: Ana Paula Sant’ana e Élida Lima Produção (São Paulo): Felipe Brait

Page 58: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

58

Page 59: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

59

Page 60: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

60

Joes

ér A

lvar

ez Rotação de Culturas

Origem: Porto Velho/RO

Ação: Belém/PA, Curitiba/PR

Intercâmbio entre artistas da Região Norte e Sul do Brasil agregando um artista/pesquisador de cada um

dos 10 estados que compõem as duas regiões. O foco do projeto é a reflexão sobre a estruturação dos

circuitos artísticos estaduais, com ênfase na cena autônoma. Cada um dos 10 convidados escreveu um

texto sobre o circuito de arte de seu estado e organizou uma curadoria de vídeo. O projeto oportunizou

dois encontros, um em Belém/PA, na Galeria Theodoro Braga/Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves,

de 7 a 11 de abril de 2014; e outro em Curitiba/PR, de 10 a 14 de abril 2014, no miniauditório do Museu

Oscar Niemeyer, onde ocorreram as mesas-redondas com os convidados e as mostras de vídeo.

Os artistas/curadores estaduais convidados foram Anderson Paiva (RR), Arthur Leandro e Bruna Suelen

(PA), Claudia Paim (RS), Janice Martins Appel (SC), Joesér Alvarez (RO), Mapige Gemaque (AP), Newton

Goto (PR), Sávio Stoco (AM), Thaise Nardim (TO) e Ueliton Santana (AC). Gabriela Silva representou

Janice Martins no encontro em Belém. A mostra de vídeo está composta por 66 títulos de 59 autores,

entre artistas e iniciativas coletivas: André Sampaio, Ueliton Santana e Darcí Séles (AC); Imagem e Cia.,

FIM-Festival da Imagem em Movimento, Coletivo Psicodélico, Mapige Gemaque e Natasha Parlagreco

(AP); Denilson Novo, Ewerton Almeida, Maurício Pardo, Normandy Litaiff, Paulo Trindade, Sérgio Cardoso,

Francis Madson (AM); Fernando Bini, Key Imaguirre, Newton Goto, Stéphany Matannó, InterluxArteLivre,

Daniel Chaves, ASL Crew, Valdecimples, Fernando Ribeiro/p.Arte, Faetusa Tezelli, Elenize Dezgeniski e

Glerm Soares (PR); Arthur Leandro/Tatá Kinamboji e Terreiro de MansuNangetu; Ícaro Gaya, Qualquer

Quoletivo, Aparelho, Pedro Olaia, Romario Alves, Fernando de Pádua e Rodrigo Barros/Tatá Kafungeji e

Terreiro RundemboNgunzo ti Bamburucema (PA); Arteocupa, Casa Paralela, Espaço N, ruído.gesto e Sub-

terrânea (RS); Lídio Sohn, Pilar de Zayas Bernanos, Raissa Dourado, Joesér Alvarez, Ariana Boaventura e

ACME (RO); Anderson Paiva, Fernão Paim e Cláudio Lavôr (RR); Valdir Agostinho, Janice Martins, Vania

Rodrigues, Geodésica Cultural Itinerante, Juliana Crispe, Guilherme Ribeiro, Joao Muller, Pablo Paniagua

e Claudia Washington (SC); e Thaise Nardim (TO).

Foi feita uma tiragem de 200 exemplares da coleção de vídeo para compartilhamento entre os curadores

e os artistas participantes da mostra de vídeo, e também para distribuição para universidades, museus e

instituições culturais brasileiras. O website www.rotacaodeculturas.wordpress.com veicula os textos elabo-

Page 61: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

61

rados pelos curadores estaduais, a lista de títulos e as sinopses da mostra de vídeo, registros fotográficos dos encontros,

informações sobre os convidados e outros dados relevantes sobre o projeto, apresentando-se como um arquivo documen-

tal online da proposta. E a página no Facebook é o instrumento de comunicação do projeto.

Ideário

Fazendo uma analogia entre a técnica agrícola da rotação de culturas e o intercâmbio cultural aqui proposto, percebe-se

que o circuito de arte se torna mais enriquecido de valores e potencialidades a partir do momento em que é fomentado

com experiências artísticas heterogêneas, capazes de incrementar as perspectivas de constituição dos próprios circuitos

locais com distintos ideários de atuação, fortalecendo a autonomia, a diversidade produtiva e a qualificação de seus

agentes produtivos.

Essa é a alternativa para o pequeno produtor e para os arranjos produtivos locais, resguardando condições de liberdade

e criatividade para o exercício das linguagens visuais em diferentes territórios, como uma alternativa à monocultura da

indústria cultural que geralmente aplaina as singularidades sociais como meras consumidoras de produtos feitos nas

maiores metrópoles, os quais são exportados para a periferia num sentido único de fluxo, sem reciclagem, sem trocas

culturais, sem reoxigenação de referências, sem transversalização de autorreferencialidades.

Newton Goto

Coordenação logística: Joesér Alvarez Idealização, curadoria geral e coordenação artística: Newton GotoProdução: ACME (Porto Velho-RO) e EPA! (Curitiba-PR)Coordenação de produção: Joesér Alvarez e Newton Goto.Assistência de produção e documentação: Faetusa Tezelli e Jeisse Alvares

Page 62: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

62

Curitiba

Belém

Belém

Belém

Curitiba

Belém

Belém

Curitiba

Fotos: Faetusa Tezelli

Page 63: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

63

Page 64: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

64

Luci

ana

Mag

no Telefone Sem Fio: do Oiapoque ao Chuí

Origem: Belém/PA

Ação: Oiapoque, Calçoene, Ferreira Gomes e Macapá/AP; Mãe do Rio, Ulianópolis e Belém/PA;

Açailândia, Imperatriz e Montes Altos/MA; Araguaína, Guaraí, Paraíso do Tocantins e Alvorada/TO;

Porangatu, Pirenópolis e Barro Alto/GO; Brasília/DF; Araguari e Uberaba/MG; Ribeirão Preto,

Registro, Barra do Turvo e São Paulo/SP; Curitiba/PR; Arroio do Silva e Florianópolis/SC; Gravataí,

Santa Vitoria do Palmar, Pelotas, Chuí e Porto Alegre/RS

Bras

ilian

o Ri

beiro

- C

alço

ene/

AP -

Fot

o: R

afae

l Gom

es

Antes de colocar o pé na estrada, antes de percorrer no carro-casa-estúdio-móvel aproximadamente 6

mil km por estradas e hidrovias do Norte ao Sul do país, uma única certeza era nossa fiel companheira de

bordo: a impossibilidade de decifrar racionalmente o enigma de um Brasil. “Brasis” poderia ser então a

sua denominação mais justa, clara e fidedigna, uma pista, um mapa, uma indicação da pluralidade a que

estávamos sendo inseridos.

A rota foi desenhada de maneira que pudéssemos percorrer e documentar minimamente um pouco de

cada uma das cinco regiões políticas do país, através de 32 cidades entre os estados do Amapá, Pará,

Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Para entendermos a geografia extra-política, a geografia do corpo-a-corpo, optamos por uma metodologia

não específica, não definida, nem definidora. Transcender o campo teórico se fazia necessário para um outro

saber. Um jogo. Ser levado pelo acaso, um acaso que procurávamos e não somente a que nos deixávamos

ser atingidos. Dessa forma, a vivência do corpo-a-corpo se mostrou mais do que uma ferramenta útil na

descamação do enigma. Ele foi um posicionamento preciso frente aos embates contínuos dos percursos.

Um correr risco. Um estar aberto para não decifrar e ser devorado.

O corte começou na primeira cidade ao norte do país, Oiapoque e findou na última cidade ao sul,

Chuí. Guiana Francesa e Uruguai fazem fricções nesses dois espaços de fronteira, e essas cidades, seus

moradores e transeuntes convivem no espaço “do entre”, pela relação de intercâmbio constante de

pessoas e idiomas. A língua portuguesa ao norte permanece mais intacta do que ao sul. No Chuí, uma

espécie de portunhol ecoa pela cidade, dada a facilidade do trânsito livre de pessoas e mercadorias

Page 65: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

65

estabelecida pelo acordo do Mercosul. Ao norte, como toda a história sobre a região amazônica vem apresentando, a

questão fica um pouco mais violenta. Ilhados por um rio, os amapaenses e brasileiros de vários outros lugares do país,

que migraram para aquela região por causa da promessa de ouro e de uma vida melhor, não possuem o mesmo trânsito

livre que há na Guiana Francesa. E a nossa carne e o nosso suor continuam a ser atrativos do país tropical, abençoado

por Deus e pelo HIV.

Todos os meios tecnológicos de documentação utilizados durante o projeto se revelaram aquém da complexidade e

da grandeza que ele ia desvendando, como um filme que se vive dentro do filme, aquilo que no momento final não é

exposto na tela. Toda essa documentação pode ser acompanhada no site: lucianamagno.com/telefonesemfio. Lá pode

ser acessado um mapa interativo com demarcações das 32 cidades visitadas, além de um documentário, resultado final

do projeto. No site se revela um não lugar. Não lugares. Os séculos parecem ter deixado o homem cansado de tantas

informações. A vida brilha mais forte do que o cinema 3D. Talvez a única função do artista hoje seja inventar uma outra

linguagem. Nesse tempo da invenção, a linguagem é inventada durante o percurso, em conjunto com os interlocutores

do Brasil, ao vivo. O online é um outro tempo.

O encontro com o outro é sempre delicado, sutil e enigmático, e vai indicando caminhos a serem percorridos. A trilha

musical torna o tempo ameno. Entre chuvas, sóis e névoas o retrato vai se colorindo. Um outro índio, embates de

alimentos, invenções de crenças, desmatamentos, a utopia plantada no planalto central, a oficina do teatro do prazer.

Ao sul, outras experiências orgânicas, um projeto pós-modernista, uma obra aberta. Sorrisos de Alice, cidades no Brasil

tentando decifrarem a si mesmas.

Luciana Magno e Solon Ribeiro

Page 66: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

66

Bacia de Guajará - chegada em Belém - Foto: Luciana Magno

Travessia Macapá-Belém - Foto: Luciana Magno

Cooperofloresta, Agrofloresta e alimentos orgânicos - Barra do Turvo/SP - Foto: Luciana Magno

Jaques, artesão em Ulianópolis/MA - Foto: Luciana Magno

Carro casa estúdio móvel - Frame making off

Page 67: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

67

BR 156 - 200 Km de pista sem pavimentação - Macapá-Oiapoque

Page 68: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

68

Med

usa

Edio

ra e

Pro

duto

ra Independência: Quem Troca?

Origem: Curitiba/PR

Ação: Curitiba/PR e Vitória/ES

Pele e corpo - Marcos Martins

Independência: Quem Troca? tem como proposta a ocupação e o compartilhamento de performance

entre artistas e instituições de Curitiba/PR e Vitória/ES. O evento consiste em mostras de performances,

exposições, palestras, mesas de conversas, lançamento de publicações e múltiplos de artistas, oficinas de

criação e pesquisa, além de atividades pedagógicas com workshops direcionados ao público em geral.

Selecionamos artistas e trabalhos a partir do entendimento de que a performance é uma prática relacionada

com as artes visuais, mas que pode se estender para outros campos como o do teatro, música, dança

e literatura. Essa característica, por ser intrínseca à linguagem, faz dela portadora de uma qualidade

singular que é a de ser a linguagem do espaço e o lugar da relação, da troca e de um sentido especial

de independência.

Os artistas de Curitiba são Ricardo Nolasco, Luana Navarro, Fernanda Magalhães, Michele Moura, Mariana

Mello, Bel Nejur, Eliana Borges, Amabilis de Jesus, Fernando Ribeiro, Cleverson de Oliveira, Ricardo Corona,

Lauro Borges, Denise Bandeira, Rossana Guimarães, Clovis Cunha, Mai Fujimoto e Fabio Morais. Vindos de

Vitória para o Paraná, foram convidados Marcos Martins, Yiftah Peled e Carlos Eduardo Borges.

Para ida à Vitória, foram convidados Fernanda Magalhães, Eliana Borges, Julio Tigre, Ricardo Corona, Pedro

Meyer, Polliana Dalla, Vitor Cesar, Ricardo Maurício, Carla Borba, Eliane Prolik, Grupo Poro, Imaginário

Periférico, Junior Pimenta e Laércio Redondo. Os artistas locais são Marcos Martins, Carlos Eduardo

Borges e Yiftah Peled.

“Relação” é palavra-chave neste projeto e a proposta é acolher trabalhos que alarguem formatos e

conceitos, trabalhos que ao mesmo tempo reflitam a história da performance e se coloquem com potência

na contemporaneidade.

Eliane Borges, Ricardo Corona e Yiftah Peled

Page 69: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

69

Pele e corpo - Marcos Martins

Page 70: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

70

Caçando palavras no jardim Cmyky - Eliana Borges

Findocomeço - Lauro Borges

Preciso de você - Laércio Redondo

Fotos: Lídia Ueta

Page 71: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

71

Para

ela

o q

ue u

m h

omem

pen

sa n

ão é

alg

o im

perc

eptíve

l - Y

ifta

h Pe

led

Page 72: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

72

Met

rópo

le S

ervi

ços

Artí

stic

os e

Cul

tura

is O Artista como Intelectual Público - Novas Fronteiras de Produção na Arte Contemporânea

Origem: São Paulo/SP

Ação: São Paulo/SPRi

card

o Ba

sbau

m

O Artista como consistiu em uma série de apresentações públicas realizadas durante três dias no espaço

Pivô - Arte e Pesquisa, em São Paulo. O objetivo principal foi promover debates e reflexões sobre

práticas artísticas contemporâneas que se desenvolvem através de experimentos teóricos, performáticos

e relacionais. Para tanto, reunimos uma diversidade de artistas que utilizam diferentes modalidades

discursivas e dialógicas – tais como palestra, aula, mesa redonda, vídeo-projeção comentada, visita

guiada, culinária coletiva e concerto – como formas de potencializar e expandir a atuação artística,

de modo a configurá-la como uma atividade intelectual de caráter público. Com isso, apresentamos ao

público certas instâncias em que a função do artista e de sua produção são rearticuladas e testadas.

É importante lembrar que o papel do artista na sociedade tem sido seguidamente reinventado como

uma figura intrinsecamente pública e discursiva. Nesse sentido, o projeto O Artista como contribuiu

para atualizar essa inquietação histórica, que é manifestada no desejo de conceber a arte ligada a uma

exterioridade. Isto é, ligada a um campo social expandido.

No atual momento de globalização acelerada (e também em crise), identificamos a necessidade de uma

reavaliação dupla no campo da arte contemporânea, que aponta para uma busca por novas maneiras de

se produzir e atuar culturalmente.O Artista como se concentrou na investigação da atualidade e potência

renovada do debate sobre a função do artista e de sua produção na sociedade. Não mais visto como

gênio criador, o artista contemporâneo incorpora funções de mediador, tradutor, articulador e ativador

de conhecimentos e espaços em áreas diversas, que permeiam e expandem o próprio campo da arte

contemporânea, entendido aqui como uma esfera cognitiva, interdisciplinar e dialógica.

A partir de uma prática combinada – em que os distintos trabalhos se somam e apontam para um

questionamento coletivo – o projeto criou um possível (e temporário) panorama acerca das reconfigurações

do papel do artista e das funções da arte atualmente, que se dá através de novos modos de enunciação

por parte do artista e que implicam no desenvolvimento de novas formas de produção, recepção e fruição

da arte. É nesse sentido que tais processos afetam tanto a historiografia da arte quanto a sua capacidade

de formação de público.

Page 73: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

73

Rafa RGFotos: Beto Shuafaty

Outro tema central de discussão promovido pelo projeto foi a questão das interações de artistas com os aparatos que

envolvem a mediação e produção artística como, por exemplo, as potências e limites comunicativos em diferentes

esferas do mundo da arte, da mídia, dos espaços públicos e do campo social. Deste modo, alcançamos o objetivo de

estabelecer uma relação imaginativa entre artista, arte e público. Uma relação que pode ser encarada como uma maneira

de constituir um espaço comunal, de caráter artístico e pedagógico.

Ao assumir o momento de apresentação pública como interface de fruição artística e atividade comunicativa, conseguimos

trazer à tona uma noção radicalmente diferente de ativação de espaço artístico (expositivo), de produção de arte e de

formação de público.

Para mais informações e documentação do projeto, acesse: www.artistacomo.info

Leandro Nerefuh e Beto Shwafaty

Page 74: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

74

Gaeoudij Parl Kero°àcidu Suäväk

Kero°àcidu Suäväk

Page 75: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

75

Nikolaus Gansterer

Page 76: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

76

Est

údio

Gal

eria

Mut

ante Videoresidência Território Expandido

Origem: Porto Alegre/RS

Ação: Porto Alegre/RS

Inaugurado com o projeto Videoresidência Território Expandido, o programa foi idealizado com o objetivo

de promover a inter-relação entre artistas de diferentes regiões do Brasil, oferecer intercâmbio de

conhecimento e troca de experiências, bem como favorecer processos de criação coletiva em videoarte.

Durante 45 dias, artistas–residentes dos estados de Alagoas, Minas Gerais e Rio de Janeiro conviveram,

compartilharam e elaboraram suas obras em vídeo com artistas gaúchos, membros do Núcleo de Vídeo RS

(projeto também da Galeria Mamute).

As duplas Walter Karwatzki (RS) e Alice Jardim (AL), Andreia Vigo (RS) e Adriana Tabalipa (RJ), Nelton

Pellenz (RS) e Joacélio Batista (MG) reuniram-se para criar uma nova obra de videoarte coletiva. Foram

produzidos vídeos de Alice e Walter, Andreia e Adriana e Nelton e Joacélio.

Entre janeiro e julho, Videoresidência Território Expandido contemplou diferentes ações com a participação

das duplas de videoresidentes e seus convidados: o artista visual e cineasta, Roderick Steel (SP) e os

músicos Marcelo Armani e Giancarlo Lorenci (RS). Foram realizadas as exposições: Giro, com curadoria

de Andre Parente; Paisagens Inventadas, com curadoria de Niura Borges e a Mostra VB na TV – 30 anos

Videobrasil, com curadoria de Solange Farkas. Também aconteceram as palestras: Transversalidades da

Imagem em Movimento, com o pesquisador, artista e professor da FAAP Lucas Bambozzi; Giro, com o

pesquisador e artista Andre Parente; Em Relação ao Outro – O Vídeo como Inscrição no Mundo, com

o professor da UFPA Orlando Maneschy; e 30 Anos de Videobrasil – A Trajetória do Vídeo no Contexto

das Artes, com a curadora e diretora da Associação Cultural Videobrasil Solange Farkas. Além disso, foi

realizado a mesa-redonda Videoresidência Território Expandido, com os artistas residentes do Núcleo de

Vídeo do Rio Grande do Sul: Andreia Vigo, Nelton Pellenz e Walter Karwatzki, seguida do lançamento do

catálogo bilíngue em inglês e espanhol, apresentando texto crítico de Maria Amelia Bulhões e DVD com

os vídeos resultantes do projeto.

Niura Borges

Page 77: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

77

Exposição GIRO - Curadoria: André Parente - Foto: divulgação Galeria Mamute

Page 78: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

78

Roderick Steel, Andreia Vigo e Adriana Tabalipa - Foto: divulgação

Joacélio Batista e Nelton Pellenz - Foto: Dirnei Prates

Page 79: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

79

Exposição Paisagens Inventadas - Foto: Galeria Mamute

Page 80: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

80

Pedr

o U

rano Encontros Carbônicos

Origem: Rio de Janeiro/RJ

Ação: Rio de Janeiro/RJ

O projeto Encontros Carbônicos é um evento de artes visuais que compreende uma exposição coletiva

de artistas contemporâneos brasileiros e uma série de conversas públicas entre artistas e cientistas.

Uma iniciativa da Revista Carbono (www.revistacarbono.com), publicação dedicada ao diálogo entre arte

e ciência, os encontros buscam uma nova forma de debater questões contemporâneas, deslocando o

debate conceitual do meio acadêmico para o mundo e visando uma troca efetiva de ideias que materialize

relações mais horizontais e abertas à diferença.

Os encontros acontecem dentro de uma galeria, de maneira que as discussões propostas não se limitem às

exposições orais, mas perpassem também a materialidade das obras expostas, promovendo, num mesmo

espaço, o diálogo entre autores, obras e público. Toda programação é gratuita e aberta ao público. As

conversas públicas com artistas e cientistas são transmitidas ao vivo em streaming de vídeo através do

site do evento (www.encontroscarbonicos.com) e depois são disponibilizadas na íntegra no Youtube. O site

traz ainda a programação completa, o catálogo online das obras expostas e fotografias que documentam

a realização do evento.

Participaram da exposição da primeira edição do evento os artistas Otavio Schipper, Mayra Martins Redin,

Lilian Zaremba, Fábia Schnoor, Grupo Personne, Danilo Carvalho, Leila Danziger, Maria Mazzillo e Raquel

Versieux. As conversas públicas reuniram, ao longo de três dias, o cosmólogo do Centro Brasileiro de

Pesquisas Físicas e curador-chefe do Museu do Amanhã, Luiz Alberto Oliveira, o matemático e diretor

do programa de pós-graduação em História da Ciência, das Técnicas e Epistemologia, Ricardo Kubrusly,

o artista visual Tunga, a filósofa da ciência Virginia Chaitin, o matemático norte-americano Gregory

Chaitin, o artista e professor do Instituto de Artes da UERJ Ricardo Basbaum, o coreógrafo Alejandro

Ahmed, o neurocientista da UFRN John Araújo e a psicanalista e professora da UFF Tania Rivera.

O encerramento do evento foi marcado pelo concerto multimídia do grupo Personne, composto pelos

músicos Alexandre Fenerich, Lílian Campesato, Fernando Iazzetta e Rodolfo Caesar. Na ocasião, ainda

foram lançadas a sexta edição da revista Carbono e o livro História de Observatório, da artista Mayra

Martins Redin.

Page 81: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

81

Foto

s: G

abrie

l Kub

rusl

y e

Ynai

e Da

wso

nA curadoria do evento é de Marina Fraga – editora da revista Carbono, artista visual e doutoranda em Arte e Cultura

Contemporânea pela UERJ – e Pedro Urano – cineasta e mestrando em História da Ciência e Epistemologia pela UFRJ.

O evento resultou num sucesso de público e crítica, com a galeria do Largo das Artes lotada em todos os dias de

conversas públicas.

Pedro Urano

Page 82: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

82

Page 83: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

83

Page 84: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

84

Ram

iro

Quar

esm

a da

Silv

a Hiper_ Espaços Xumucuís

Origem: Belém/PA

Ação: Belém/PA e João Pessoa/PB

O projeto de oficinas, vivências e exposição Hiper_Espaços Xumucuís foi idealizado para gerar intercâmbio

entre duas regiões do Brasil, Norte e Nordeste, que tradicionalmente recebem os projetos das regiões Sul

e Sudeste em itinerância. O blog Xumucuís, sussurro dos rios em tupi, encontrou no estado da Paraíba,

na cidade de João Pessoa, o locus ideal para discutir e gerar processos artísticos interligando arte e vida.

A fase um do projeto, denominada Guamá e Jaguaribe, rios importantes e problemáticos das cidades de

Belém e João Pessoa, respectivamente, que seriam o ponto de partida das expedições, uma temática

ambiental que motivaria as discussões e os processos artísticos.

Uma questão me chamou a atenção na pesquisa inicial: o assoreamento e ocupação desordenada das

margens do Jaguaribe, um rio sufocado pela urbe. Já rio Guamá, em Belém, em outra dimensão geográfica,

social e poética, banha a periferia da cidade e dá nome ao seu bairro mais populoso e caótico. A ocupação

de portos comerciais em suas margens, no perímetro urbano de Belém, impediu que a população tivesse

acesso direto a suas águas. Um rio atrás de muros.

A água é o fluído dessa conexão artística entre duas realidades. Ela que desrespeita fronteiras com

uma força natural irresistível, um caminho de descaminhos. Rios não afluentes ligados por um espaço

virtual, um hiper_espaço, onde artistas se encontram para juntar experiências artísticas, experimentar

processos e compartilhar métodos em duas etapas de expedições, vivências e criação artística coletiva,

que resultariam em exposições dos processos em João Pessoa/PB e Belém/PA. Esta foi a primeira fase

de um projeto de interseções artísticas tendo o rio, real ou imaginário, como ponto de confluências de

discursos artísticos.

Partimos para João Pessoa 3 de maio de 2014, com os artistas paraenses João Cirilo, Fábio Graf, Jeyson

Martins e Rodrigo Sabbá, que ministraram as oficinas pintura+intervenção, grafite+pixo, pinhole+estêncil e

livecinema+mapping, respectivamente, entre os dias 8 e 10 de maio. Artistas e interessados participaram

das oficinas que ocorreram no Espaço Cultural Energisa.

Nos dias 11, 12 e 13 de maio montamos de forma colaborativa e dialógica a exposição Sussurro dos Rios

[Guamá-Jaguaribe] no espaço expositivo da Estação Ciência, integrante da Estação Cabo Branco, um

Page 85: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

85

dos principais pontos turísticos e culturais da cidade de João Pessoa, com média de visitação de 300 pessoas por dia.

Da exposição em João Pessoa destacamos as obras Tártaros, uma instalação de Edilson Parra, e Porto Capim, fotografia

equirretangular de Thercles Silva. A qualidade das obras motivou a seleção desses artistas para vivência na segunda

etapa do projeto, em Belém.

Em Belém, os artistas Edilson Parra e Thercles Silva se juntaram aos artistas Cledyr Pinheiro, Diogo Vianna, Jeyson Martins,

Veronique Isabelle, Luis Júnior e aos curadores Ramiro Quaresma e Dyógenes Chaves para a vivência e atelier aberto que

aconteceu entre os dias 14 e 27 de junho de 2014, no Fórum Landi, espaço histórico da cidade à beira rio. Expedições aos

portos pelas ruas de Belém, pelas palafitas e pelo rio Guamá, numa integração dos artistas entre si e com o meio, trocando

experiências e processos que desencadearam a segunda exposição do projeto, Sussurro dos Rios – Parte II, com abertura

no dia 23 de junho e visitação até o dia 6 de julho de 2014.

Esse processo de atelier aberto de criação e experimentação, em uma curadoria e expografia participativas, foi o grande

resultado deste projeto, que transcende a prática artística e estabelece um diálogo com as cidades e o meio ambiente.

Uma cartografia de vivências que sobrepôs camadas de tinta, imagens, objetivos, spray, projeção e, principalmente,

ideias, que têm na exposição a celebração de encontros entre arte e vida. Uma nova rede de artistas foi formada, novos

afluentes de um rio-arte que corre inexorável sem respeitar limites, muito bem representada na obra Devir, de Edilson

Parra com colaboração de Veronique Isabelle. Nela, uma corda, que é a junção de várias sobras de cordas vem do rio (e

é o próprio rio em sentido), se ancora no espaço, impregnada de lama, ferrugem, peixe e homem, desterritorializando

o sistema da arte contemporânea.

Ramiro Quaresma da Silva

Idealização de curadoria: Ramiro QuaresmaCoordenação geral: Deyse MarinhoCuradoria (PB): Dyógenes ChavesAssistente de produção (PB): Maurise QuaresmaArtistas participantes: Antonio Filho, Arthus Richart, Cledyr Pinheiro, Chico Dantas, Diogo Vianna, Edilson Parra, Fábio Graff, João Cirilo, Jeyson Martins, Luís Júnior, Maurise Quaresma, Potira Maia, Priscila Lima, Rodrigo Sabbá, Shirley Tanure, Thercles Silva, Ton de Souza, Thiago Lima, Veronique Isabelle e Vanessa GuimarãesLocais de realização: Paraíba – Espaço Cultural Energisa, Espaço Mundo e Estação Ciência/Cabo Branco; Belém – Fórum Landi

Page 86: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

86

Foto

s: D

iogo

Via

nna

Page 87: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

87

Jaguaribe - Jeyson Martins

Page 88: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

88

Rosa

len

Mar

chet

ti P

rodu

ções Rural.scapes - Laboratório em Residência

Origem: São Paulo/SP

Ação: São José do Barreiro e São Paulo/SPM

arit

Lin

dber

g -

Foto

Anj

a Ga

nste

r

Rural.scapes – Laboratório em Residência é um programa de residência rural em São José do Barreiro,

no Vale do Paraíba, que tem como foco a pesquisa, articulação, reflexão, práticas transdisciplinares

artísticas e produção crítica em ambiente rural.

O projeto é uma plataforma aberta a pensadores e criadores brasileiros de diferentes regiões e estrangeiros

que se relacionam localmente para a construção de um intercâmbio transdisciplinar e multicultural, inter-

regional e internacional. Juntos compõem a rede do projeto, que trabalha como interface entre redes

regionais, estaduais, nacionais e internacionais na revalorização do mundo rural através da revisão de

nossas noções de identidade individual e coletiva em relação ao território.

Na primeira edição recebemos 139 inscrições válidas, de 17 países e 32 cidades brasileiras. Foram

selecionados 12 artistas através de um júri internacional de seleção formado por: Leandro Pisano, criador

e curador do Interferenze New Arts Festival, realizado na região da Irpinia, sul da Itália; Laurita Salles,

coordenadora e curadora do projeto 10 Dimensões e professora da UFRN/DEART; e Nancy Betts, professora

de História da Arte na FAAP e criadora do Festival de Arte de Passa Quatro. Os artistas selecionados foram

hospedados na Fazenda Santa Teresa, durante 15 dias, para desenvolverem seus projetos. Esse processo

aconteceu entre os dias 8 de maio e 10 de junho de 2014. Foram realizados 13 workshops, 4 mesas

redondas, 3 exposições, 4 performances e finalizadas pelo menos 16 obras. O resultado está no site do

projeto www.ruralscapes.net.

Duas exposições locais foram organizadas como fechamento dos períodos de residência. Funcionaram

em formato aberto, como fazenda aberta/open-farm, para as quais as comunidades das cidades próximas

foram convidadas a visitar Santa Teresa e conhecer as propostas dos artistas em um ambiente não formal,

próximo, porém completamente deslocado de seus cotidianos. A terceira exposição foi realizada no Paço

das Artes, em São Paulo, exibindo uma seleção de obras produzidas em ambos períodos da residência,

além dos textos de Ananda Carvalho e Mario Gioia, críticos em residência da primeira edição do projeto.

Para o Paço das Artes, foram selecionadas obras como as Constelações I e II, de Anja Ganster; bambu

de Marcelo Armani; Objetos Têxteis, de Alexandre Heberte; fotografias de Themba Mbuyisa; desenhos de

Page 89: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

89

Johan Suneson; a obra sonora Brejaúva, de Enrico Ascoli; a instalação de Patrício Dalgo ESTO NO ES UN BING BANG, que

foram expostas como propostas nas exposições na Fazenda. Outras obras, como Espaço Ater(ado)_V1 e de duVa, À Capela

de Armani não eram transponíveis, tais como aconteceram em ambiente rural. Como trazer situações site-specific rurais

para dentro de um museu urbano?

Foram expostas reconstruções, outras elaborações, maturações destas obras. Marit Lindberg e Ana Laura Cantera tiveram

suas obras exibidas como documentação. No caso de Lindberg, uma videodocumentação da performance realizada em São

José do Barreiro, que envolveu a apresentação de 25 pessoas nas janelas e portas do casario colonial da cidade. Já da

obra de Cantera, foi exposta uma fotodocumentação da instalação site-specific, objetos residuais, como tijolos e células

microbianas, e o caderno de artista, apontando ainda a questão processual da obra.

Processos de deslocamento, recorte, apropriação, ressignificação, mímese, transcrição, imersão e intervenção permearam

o fazer dos artistas mergulhados em um ambiente rural, estranho, exótico, suspenso. O corpo a corpo dos artistas com o

lugar gerou processos de elaboração, intervenções pontuais, relações impermanentes. A experiência superou o discurso,

restaram as obras. Objetos residuais do processo.

Rural.scapes – Laboratório em Residência contou com o apoio da Prefeitura Municipal de São José do Barreiro, Paço das

Artes São Paulo, MIS - Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Pontos MIS em São José do Barreiro, SISEM - Sistema

Estadual de Museus de São Paulo e Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo

Rachel Rosalen e Rafael Marchetti

www.ruralscapes.netwww.rosalenmarchetti.wordpress.cominfo@ruralscapes.net

Page 90: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

90

Constelação 2 - Anja Ganster - Foto: Rosalen Marchetti

À Ca

pela

- M

arce

lo A

rman

i - F

oto:

Mar

celo

Arm

ani

tearNOISE - Alexandra Hebert e Marcelo Armani - Foto: Andrea Pasquini

Enrico Ascoli - Foto: Rosalen Marchetti

Johan Suneson - Foto: Marit Lindberg

Page 91: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

91

Ana Laura Cantera - Foto: Rosalen Marchetti

Page 92: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

92

Sabr

ina

Buen

o Cu

ri O Sentido do Público na Arte

Origem: Niterói/RJ

Ação: Rio de Janeiro/RJ, Niterói/RJ, Porto Alegre/RS e Juazeiro do Norte/CE

O projeto O Sentido do Público na Arte, coordenado pelo Instituto MESA, assumiu como proposição

a importância de refletir sobre a complexidade estética e ética envolvendo as interações públicas da

produção artística contemporânea com a sociedade, considerando as singularidades regionais brasileiras.

Partindo dessa premissa, criamos um fórum itinerante reunindo múltiplas perspectivas presentes no

horizonte das práticas culturais nacionais em três regiões distintas: Rio de Janeiro/RJ; Porto Alegre/RS;

e Juazeiro do Norte/CE. A iniciativa foi planejada em colaboração com instituições e artistas, curadores

e educadores locais: Casa Daros, Rio de Janeiro; Coletivo E e curadora/educadora Mônica Hoff, Porto

Alegre; Centro Cultural Cariri do Banco do Nordeste, Juazeiro do Norte/CE; junto com a gerente do Centro

Cultural do Banco do Nordeste de Fortaleza, Jacqueline Medeiros, o artista José Rufino, o pesquisador

e diretor do Instituto das Artes da Universidade Federal Fluminense, Leonardo Guelman, e o curador e

diretor de Scottish Sculpture Workshop, Nuno Sacramento. No final, um seminário nacional em parceira

com o Museu de Arte Contemporânea de Niterói foi organizado para reunir as perspectivas regionais.

Os encontros regionais e o seminário foram pensados a partir dos seguintes sub-temas:

1) Contexto e lugar: os parâmetros ético-estéticos das atuações artísticas, pedagógicas, sociais e

curatoriais são inspirados e revistos segundo suas relações e aprofundamentos com o contexto social,

histórico e geográfico local.

2) Presença e tempo: as diversas práticas contemporâneas convergem com diferentes temporalidades,

subjetivações, presenças e vínculos na tentativa de buscar novos parâmetros qualitativos éticos,

pedagógicos, institucionais e formas de cidadania.

3) Fazeres e saberes: A valorização da imaterialidade enquanto processo envolvendo diferentes fazeres

e saberes está presente tanto na arte quanto nas visões ampliadas da cultura popular e da sociedade

contemporânea, criando lugares de encontro entre práticas diversas e de “conceitualismo” artesanal.

O primeiro encontro da série, intitulado Caranguejos e Borboletas foi realizado em colaboração com a Casa

Daros, em 2013. Antigas moedas romanas tinham uma imagem enigmática de um caranguejo segurando

as asas de uma borboleta, interpretada como moral de festina lente, ou avanço cuidadoso. Esta imagem

Page 93: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

93

foi tomada para refletir sobre os desafios e dicotomias contemporâneas entre arte e público, arte e mercado, cidade e

instituição. Mais de 30 artistas, críticos, educadores e pesquisadores participaram deste debate. O encontro foi filmado

e editado, resultando em uma breve compilação das discussões e citações dos participantes.

Ainda em 2013, o segundo encontro aconteceu em Porto Alegre/RS, em colaboração com Monica Hoff e Coletivo E,

na ocasião da 9ª Bienal do Mercosul, onde coletamos diversos depoimentos dos artistas, educadores, pesquisadores e

curadores envolvidos na 9ª Bienal e suas reflexões sobre os sentidos do Sentido do Público na Arte. Diana Kolker Carneiro

da Cunha e Rafael Silveira [Rafa Éis], educadores e artistas integrantes do Coletivo E, conceberam e editaram o vídeo

destes depoimentos com montagem e edição de Leandro Almeida.

O terceiro encontro Fazeres e saberes múltiplos foi realizado no Cariri, sertão do Ceará, organizando visitas locais em

ateliês e diversos contextos culturais e um encontro no Centro Cultural Cariri do Banco de Nordeste em Juazeiro do Norte/

CE, que reuniu artistas, artesãos, músicos, poetas de cordel, pesquisadores, mestres de reisado e alunos universitários

para conversar sobre as interfaces entre arte e sociedade, o contexto regional, o imaginário e artesania popular e a

emergência de novas práticas artísticas. As visitas e o encontro foram filmados e editados em um documentário artístico

feito pelo videomaker Daniel Leão.

O seminário nacional no MAC de Niterói reuniu reflexões dos três encontros regionais. Além dos colaboradores

institucionais e regionais, participaram as pesquisadoras Sabrina Marques Parracho Sant’anna e Tania Rivera, o crítico/

curador Frederico Morais que falou pela primeira vez sobre a Bienal Inaugural do Mercosul em 1997, a artista Katie Van

Scherpenberg, que fez uma intervenção na praia da Boa Viagem, e o Coletivo No Passaran, que mostrou seu filme É tudo

mentira, no pátio do museu.

O evento foi transmitido online, em www.facebook.com/macdeniteroi.oficial. Os registros em fotografia, os três vídeos dos

encontros regionais e ensaios críticos serão publicados na 3ª edição da Revista MESA, institutomesa.org/RevistaMesa,

publicação digital semestral do Instituto MESA, premiada pelo edital Procultura Funarte em 2010 a ser lançada no fim

de 2014.

Agradecemos imensamente a nossos colaboradores e a todos os participantes de cada encontro. Esperamos dar

continuidade às conversas sobre os desafios invocados no sentido do público na arte, não somente na atuação política,

mas na arte em sua condição de síntese e mediação entre o simbólico e a transformação social.

Sabrina Bueno Curi

Page 94: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

94

Encontro na casa do músico Francisco Freittas - Cariri

Gravura em processo do artista José Lorenço

Casa Daros

Casa Daros

Centro Cultural Banco do Nordeste - Cariri

A morada e o sagradoCentro Cultural Banco do Nordeste - Cariri

Page 95: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

95

Katie Van Scherpenberg - performance - MAC

Page 96: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

96

Sim

bólic

a Pr

oduç

ões

Cult

urai

s Bases Temporárias para Instituições Experimentais

Origem: Curitiba/PR

Ação: Curitiba/PR

Atuando como contraponto frente aos grandes e seculares centros culturais, os espaços de curto tempo

de vida experimentam novos formatos e põem à prova o lugar do sujeito no espaço institucional. São

as chamadas instituições temporárias, que trazem à tona importantes discussões acerca do espaço

institucional artístico.

O projeto Bases Temporárias para Instituições Experimentais teve como ponto de partida a instauração de

uma instituição artística temporária, tendo as relações humanas como norteadoras de seu processo de

construção. Público e proponente participaram juntos na construção do acervo simbólico e documental,

tornando esses encontros a base produtiva da instituição.

Oficinas, vivências, conversas, cursos, biblioteca e grupo de estudos fizeram parte da programação, que

aconteceu com a participação ativa do público. Ao mesmo tempo, essas ações não eram meros recursos

didáticos ou complementares, mas sim eixos construtores de um projeto institucional para outros futuros

projetos.

Marcos Frankowicz

Colaboradores do projeto:Aline Moraes; Ana Johann; Bruno Oliveira; Cayo Honorato; Danilo Duarte; Edinelson Lopes; Elaine de Azevedo; Felipe Prando; Fran Ferreira; Guilheme Jaccon; Heitor Humberto; Jorge Menna Barreto; Keila Kern; Lidia Sanae Ueta; Marcos Frankowicz; Margit Leisner; Milla Jung; Monica Nador; Pierre Lapalu Raquel Garbelotti; Rosemari Ferreira.

Page 97: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

97

Ação 1 para 1 - Fotos: Lidia Ueta

Page 98: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

98

Oficina com Jorge Menna Barreto - Barra do Turvo/SP

Oficina com Pierre Lapalu

Abertura Bases Temporárias para Instituções Experimentais

Oficina com Monica Nador e Bruno Oliveira

Conversa com Milla Jung

Page 99: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

99

Grupo de estudo com Keila Ueta

Page 100: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

100

Tria

Cri

ação

e P

rodu

ção Diagnóstico para Indie.GESTÃO – Residência de Espaços Autônomos

Origem: Belo Horizonte/MG

Ação: Brasília/DF, Belém/PA, Campinas/SP, Londrina/PR, Nova Lima/MG, Recife/PE e

Rio de Janeiro/RJ

O projeto teve como propósito mapear e compartilhar práticas de gestão de centros artísticos que não estão vinculados às grandes instituições e que atuam de forma autônoma em diferentes contextos brasileiros. Envolveu a realização de atividades de intercâmbio, troca de experiências e produção de conhecimento que foram conduzidas de forma orgânica e colaborativa junto às iniciativas participantes, respeitando os modos de fazer característicos dos circuitos independentes.

Estiveram à frente da coordenação do Indie.GESTÃO dois espaços que possuem experiências consolidadas na manutenção de uma estrutura física e de uma programação regular em localidades à margem de grandes circuitos. São eles: o JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia, aberto em 2010, em Nova Lima/MG, e o Ateliê Aberto, em Campinas/SP, com 17 anos de funcionamento.

A Axperiência Cotidiana na Gestão dos Espaços

São espaços que surgem da vontade e da obstinação de seus fundadores, em geral artistas, que têm o desejo de organizar um espaço comum de trabalho para projetos artísticos e de convívio com públicos diversos. Costumam ter pouco conhecimento prévio como gestores do que implica ter uma estrutura física que recebe e oferece atividades diversas. No dia a dia, problemas e soluções são descobertos na prática. Por outro lado, isto também confere aos espaços maior espontaneidade na tomada de decisões, acolhendo demandas que são trazidas por quem se apropria desses lugares. Os espaços autônomos cumprem hoje uma função política para o campo das artes visuais, pois oferecem uma programação dinâmica e abrigam artistas e projetos que ainda não são assimilados pelas instituições culturais maiores.

O Indie.GESTÃO partiu da premissa de que é da prática e da experiência cotidiana que as ações relacionadas à gestão desses espaços são problematizadas. Os espaços possuem arranjos tão diversos entre si que torna difícil estabelecer uma identidade comum, o que os une são as invenções de táticas de sobrevivência e de atuação em mundo organizado em estruturas pouco abertas à inovação ou àquilo que escapa ao padrão. Por esta razão, o projeto não partiu da busca por modelos prontos, mas sim de uma escuta atenta e de um fazer coletivo baseado nas trocas de experiências.

Page 101: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

101

A Cozinha e a Mesa

A hora das refeições, de cozinhar junto, de trocar receitas, de colocar uma pitada na discussão, de buscar novos temperos entre a especificidade de cada um, de sentar à mesa. O ato de cozinhar implica em negociações, aproximações e trocas afetivas. A cozinha remete tanto aos bastidores, àquilo que vem antes ou que está por detrás do que os espaços oferecem aos seus públicos, quanto ao modo como esses lugares são apropriados por quem cuida deles. O estar em torno da mesa é algo que acontece ali naturalmente.

Momento 1: Visitas de Diagnóstico aos Espaços Selecionados

Por meio de uma convocatória aberta, restrita a iniciativas que possuem uma estrutura física, foram sele-cionados cinco espaços, um por região do país. A composição do grupo levou em consideração a atuação colaborativa entre os fundadores dos espaços, as diferenças entre os contextos de atuação, a consistência e a regularidade das atividades que realizam em suas respectivas sedes. Os espaços residentes foram estes: Ateliê do Porto, Belém/PA; Barracão Maravilha, Rio de Janeiro/RJ; Elefante Centro Cultural, Brasília/DF; Espaço Fonte, Recife/PE; Grafatório, Londrina/PR.

Em um primeiro momento, os espaços selecionados receberam a visita dos organizadores do projeto que ali realizaram entrevistas e dinâmicas coletivas entre o grupo de gestores. Nos diagnósticos, procurou-se identificar a relação entre a história de vida dos fundadores, as intenções de existência do espaço e os elementos do contexto local de atuação. Em cada uma das visitas, foi realizada uma conversa aberta sobre a gestão e o papel de espaços autônomos para produtores e artistas locais.

Momento 2: Experiência de Imersão e Convivência

No final de maio, ao longo de oito dias, os organizadores do projeto e os representantes dos espaços selecionados foram recebidos no JA.CA, onde debateram intensamente temas relacionados à gestão de seus espaços, organizaram jantares coletivos e receberam a visita de convidados locais e de gestores e pesquisadores de outros contextos. A vivência propiciada pela imersão foi fundamental para amadurecer as questões observadas no diagnóstico e para legitimar as experiências de cada iniciativa.

A imersão também deu início ao desenvolvimento da publicação, principal resultado do projeto, que reúne a sistematização das conversas estabelecidas nos encontros e imagens que foram criadas coletivamente durante as dinâmicas propostas pela residência. Organizada em formato de revistas, a publicação foi pensada para ser lida e atualizada pelo dia a dia de quem está à frente de iniciativas semelhantes e apresenta uma leitura mais ampla sobre o que são os espaços autônomos hoje no Brasil.

Tria Criação e Produção

Page 102: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

102

Feijão Maravilha - Barracão Maravilha - Foto: Samantha MoreiraTriangulação Atelier Aberto - Foto: Francisca Caporali

Diagnostico Linha Vida - Atelier Do Porto - Foto: Samantha MoreiraAlmoço Diagnostico - Espaço Fonte - Foto: Samantha Moreira

Residência - Ultimo dia JA.CA. - Foto: Thelmo Cristovam Diagnostico Linha Vida - Barraco - Foto: Samantha Moreira

Page 103: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

103

Feijão Maravilha - Barracão Maravilha - Foto: Samantha Moreira

Page 104: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

104

XBA

Serv

iços

e P

arti

cipa

ções Museu Encantador

Origem: São Paulo/SP

Ação: Rio de Janeiro/RJ, Santarém/PA, Recife/PE, Natal/RN, Curitiba/PR e São Paulo/SPRi

ta N

atal

io -

Pro

cess

o em

Red

e -

Enco

ntro

com

Jot

a Bo

rges

em

Car

uaru

- m

aio

2014

Para pensar algo sobre Brasil e Portugal no século XXI, é preciso não temer o clichê e deslizar em todas

as superfícies. É preciso analisar o pó debaixo dos tapetes, não ter medo de misturar o universo da

ciência e da magia, fazer chocar o esotérico e o estético, mergulhar no ridículo, fazer uma história de

arte politicamente incorreta, devolver ao centro da festa os desqualificados, os terríveis, os inaptos, os

místicos, e as narrativas perdidas dentro das narrativas institucionais. É preciso pensar, descolonizar o

pensamento e praticar a transmigração das ideias.

Museu Encantador é um projeto sobre “encantamento” e memória entre Brasil e Portugal, uma coleção

temporária de encantos permanentes de ambos os países. Mas como relacionar a cultura brasileira e

portuguesa através do encantamento? O que seria um “museu do encantamento”?

Museu Encantador foi iniciado por Rita Natálio, portuguesa que vive em São Paulo desde 2012, a partir

do seu mestrado no Núcleo de Subjetividade da PUC-SP sobre imitação, invenção e redes. O desafio seria

pensar a construção de um museu como uma performance. Uma coleção onde o corpo se oferece como

guia de encantos, junção de hipnose e futebol, fado e levitação, encontros improváveis entre figuras da

cultura portuguesa e brasileira. O museu do tamanho do corpo, o museu da cultura que o corpo carrega,

uma performance indissociada de uma instalação.

Para isso, convidou a diretora carioca Joana Levi, EduardoVerderame para o desenho do espaço expositivo,

Teresa Silva como performer e Marta Mestre para assistência curatorial e junto com a equipe delinearam

um processo de criação em rede.

Numa primeira fase, desafiamos 15 artistas e pesquisadores a realizar uma doação, de forma a fazer

dialogar suas visões em torno do encantamento cultural e da história de arte com o nosso processo de

criação e criar um espaço conjunto de “fantasmas falantes” da cultura.

Page 105: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

105

São nossos “doadores de encantos”:

Brasil: Andre Lepecki, pesquisador em estudos de performance e curador; Júlia de Carvalho Hansen, poeta; Gustavo

Ciriaco, artista contextual e performer; Helena Katz, pesquisadora e crítica de dança, professora da PUC-SP; João Penoni,

artista visual; Laura Erber, artista visual e escritora, professora da UNIRIO; Letícia Novaes, cantora e compositora, banda

Letuce; Marcela Levi, coreógrafa e performer; Paulo Bruscky, artista visual; Peter PálPelbart, filósofo e professor da PUC-

SP; Suely Rolnik, psicanalista e professora da PUC-SP.

Portugal: André Teodósio, diretor de teatro, dramaturgo e ator; Ana Gandum, fotógrafa; Ana Borralho e João Galante,

artistas na área da performance e instalação; Gonçalo Tocha, diretor de cinema; Miguel Pereira, coreógrafo e performer;

Rita Brás, diretora de cinema.

Numa segunda fase, realizamos um conjunto de atividades em rede que passou pelas cidades de Santarém (Espaço

Bicho), Recife (Espaço Fonte), Natal (Tecesol), Curitiba (Mostra p.Arte) e São Paulo (Casa do Povo e Casa da Tomada).

Nesses diferentes espaços realizamos oficinas, coleta de imagens e sons, conversas públicas e mostras do trabalho em

processo. Foi assim que conhecemos Seu Osmarino e Dona Luzia, em Alter do Chão. De origem Borari, eles nos contaram

as lendas de encantamento da floresta no Pará, lendas de botos, curupiras e cobra grande que convivem com a religião

católica trazida pelos portugueses.

Por fim, criamos uma instalação multimídia construída por Eduardo Verderame, que reúne as doações e as recolhas

nas várias cidades, junto com uma performance criada especialmente como dramaturgia viva da exposição, dirigida

por Natálio e Levi. O resultado final de toda esta pesquisa e intercâmbio entre artistas é uma instalação-performance

chamada Museu Encantador, na qual ciência e magia tentam coabitar. Uma coleção em língua portuguesa, máquina de

correspondências entre dois países pela qual se trocam livros, pensamentos, desenhos, quadros, sons, danças, artistas,

filósofos.

Museu Encantador foi apresentado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro entre 27 de setembro a 4 de outubro

de 2014.

Rita Natálio

Page 106: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

106

Pesquisa de rituais com Joana Levi e Rita Natalio - São Paulo - Foto: Leonardo VenturaPesquisa para exposição final - Rita Natalio

Processo em rede - encontro com a família de Seu Osmarino - Alter do Chão - Foto: Kandye Medina

Page 107: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

107

Pesq

uisa

na

Flon

a do

Tap

ajos

- F

oto:

Joa

na L

evi

Page 108: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

108

Museu EncantadorExperimento Corpo e Luz Residência Alter do ChãoFoto: Joana Levi

Page 109: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

109

Page 110: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

110

20

24

28

32

36

40

44

48

Anamaue Artes Visuais – Longitudes: A Formação do Artista Contemporâneo no Brasil

Origem: São Paulo/SP

Ação: São Paulo/SP

Antonio Martins de Araujo Neto – A. C. Produções – Artistas Educadores: Um Encontro

Origem: Recife/PE

Ação: Recife/PE

Arco Projetos em Arte – Máquina Orquestra

Origem: Florianópolis/SC

Ação: Belo Horizonte /MG, Florianópolis/SC e São Paulo/SP

Burburinho Cultural Produções Artísticas – Circuitos da Desdobra

Origem: Rio de Janeiro/RJ

Ação: Rio de Janeiro/RJ

3 C - Centro de Criação Contemporânea – Binômios

Origem: Florianópolis/SC

Ação: Ribeirão Preto/SP

Cristina Ribas – Vocabulário Político para Processos Estéticos

Origem: Rio de Janeiro/RJ

Ação: Rio de Janeiro/RJ

Fábio Tremonte – Quando o Percurso Torna-se Destino

Origem: São Paulo/SP

Ação: Grão-Mogol/MG; Urubici e Urussanga/SC; Petrolina/PE; Juazeiro/BA e Fortaleza/CE

Gastão da Cunha Frota – CiberÀtrações, CharreteNet BH e CarROBOis

Origem: Uberlândia/MG

Ação: Belo Horizonte/BH e Brasília/DF

Índi

ce

Page 111: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

111

52

56

60

64

68

72

Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia Museu Escola Lina Bo Bardi – Edital de Formação de Curadores

Origem: Salvador/BA

Ação: Salvador/BA

Invisíveis Produções Cinematográficas e Literárias COPAS: 12 Cidades em Tensão – Intervenções Urbanas em Debate

Origem: São Paulo/SP

Ação: São Paulo/SP, Olinda/PE e Brasília/DF

Joesér Alvarez – Rotação de Culturas

Origem: Porto Velho/RO

Ação: Belém/PA, Curitiba/PR

Luciana Magno – Telefone Sem Fio: do Oiapoque ao Chuí

Origem: Belém/PA

Ação: Oiapoque, Calçoene, Ferreira Gomes e Macapá/AP; Mãe do Rio, Ulianópolis e Belém/PA;

Açailândia, Imperatriz e Montes Altos/MA; Araguaína, Guaraí, Paraíso do Tocantins e Alvorada/TO;

Porangatu, Pirenópolis e Barro Alto/GO; Brasília/DF; Araguari e Uberaba/MG; Ribeirão Preto, Registro,

Barra do Turvo e São Paulo/SP; Curitiba/PR; Arroio do Silva e Florianópolis/SC; Gravataí, Santa Vitoria

do Palmar, Pelotas, Chuí e Porto Alegre/RS

Medusa Ediora e Produtora – Independência: Quem Troca?

Origem: Curitiba/PR

Ação: Curitiba/PR e Vitória/ES

Metropóle Serviços Artísticos e Culturais O Artista como Intelectual Público – Novas Fronteiras de Produção na Arte Contemporânea

Origem: São Paulo/SP

Ação: São Paulo/SP

Page 112: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

112

76

80

84

88

92

96

100

104

Estúdio Galeria Mutante – Videoresidência Território Expandido

Origem: Porto Alegre/RS

Ação: Porto Alegre/RS

Pedro Urano – Encontros Carbônicos

Origem: Rio de Janeiro/RJ

Ação: Rio de Janeiro/RJ)

Ramiro Quaresma da Silva – Hiper_Espaços Xumucuís

Origem: Belém/PA

Ação: Belém/PA e João Pessoa/PB

Rosalen Marchetti Produções – Rural.scapes – Laboratório em Residência

Origem: São Paulo/SP

Ação: São José do Barreiro e São Paulo/SP

Sabrina Bueno Curi – O Sentido do Público na Arte

Origem: Niterói/RJ

Ação: Rio de Janeiro/RJ, Niterói/RJ, Porto Alegre/RS e Juazeiro do Norte/CE

Simbólica Produções Culturais – Bases Temporárias para Instituições Experimentais

Origem: Curitiba/PR

Ação: Curitiba/PR

Tria Criação e Produção – Indie.GESTÃO - Residência de Espaços Autônomos

Origem: Belo Horizonte /MG

Ação: Brasília/DF, Belém/PA, Campinas/SP, Londrina/PR, Nova Lima/MG, Recife/PE e

Rio de Janeiro/RJ

XBA Serviços e Participações – Museu Encantador

Origem: São Paulo/SP

Ação: Rio de Janeiro/RJ, Santarém/PA, Recife/PE, Natal/RN, Curitiba/PR e São Paulo/SP

Page 113: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

113

Page 114: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

114

Rural.Scapes - Laboratório em ResidênciaObra: Patrício DalgoFoto: Rosalen Marchetti

Page 115: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

115

Page 116: Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2013 10ª ediçãode um grande autoconhecimento da produção nacional nas artes visuais, em suas mais diversas linguagens e ... momentos foram

116

Rede Nacional Funarte

Artes Visuais 2013 - 10ª edição

CoordenaçãoIzabel Costa

Comissão de SeleçãoArmando Queiroz, Cleide Barros,

Elisa de Magalhães, Mônica Hoff e Serafim Bertoloto

AdministraçãoMarco Antonio Figueiredo

Apoio AdministrativoJosé Rocha, Rodrigo Braga e

Rui Pitombo

AgradecimentosAna Paula Santos

Catálogo

EdiçãoIzabel Costa

Assistente de edição Ana Paula Siqueira

Design gráfico Eliane Moreira

Foto capaXico Chaves

RevisãoHelena Costa

Produção gráficaJu lio Fado

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)FUNARTE/Coordenação de Documentação e Informação

Rede Nacional Funarte de Artes Visuais (10. : 2013). Rede Nacional Funarte de Artes Visuais / Izabel Costa(Coord.). – Rio de Janeiro : FUNARTE, 2014. 116 p. ; 21cm . Catálogo do Programa. ISBN 978-85-7507-167-0

1. Artes – Brasil. 2. Artes – Brasil (Programas de incentivo). I. Costa, Izabel.

CDD 709.81