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Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP Ensino Fundamental II e Ensino Médio Rede São Paulo de Metodologias para ensino e aprendizagem de arte d04

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  • Cursos de Especializao para o quadro do Magistrio da SEESPEnsino Fundamental II e Ensino Mdio

    Rede So Paulo de

    Metodologias para ensino

    e aprendizagem de arte d04

  • Rede So Paulo de

    Cursos de Especializao para o quadro do Magistrio da SEESP

    Ensino Fundamental II e Ensino Mdio

    So Paulo

    2012

  • 2012, by Unesp - Universidade estadUal paUlista

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    Projeto Grfico, Arte e Diagramaolili lungarezi

    Produo Audiovisualpamela bianca Gouveia tlio

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    sumario

    Sumrio1. Metforas, mtodos e metodologias, metforas .........................6

    2. Metodologias para ensino e aprendizagem de arte ...................23

    3. Isto tambm uma metodologia: duas verses contemporneas de mtodos, metodologias, educao e arte. ................................51

    4. Professor-pesquisador: os outros, os mesmos mapas ................67

    5. Metodologias para a prtica de uma pesquisa ativa .....................75

    6. Referncias Bibliogrficas da Disciplina ..................................87

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    tema1

    Caros cursistas,

    com grande prazer que venho apresentar essa disciplina de nmero 7. Vocs chegaram

    ao ltimo mdulo. Parabns! Sabemos quanto empenho foi necessrio para que chegassem

    at aqui! Vocs so merecedores de todo o nosso respeito por isso, pois sabemos o quo di-

    fcil conciliar os muitos afazeres: ser professor, professora, pai, me, av, av, marido, esposa,

    amigo, amiga, companheiro, companheira e ainda cursista! No mesmo nada fcil. Mas, por

    isso to gratificante tambm!

    J nos conhecemos, pois alm de autora dessa disciplina, sou tambm especialista e por

    isso acompanho o trabalho que vocs realizam com suas tutoras nos bastidores desse curso.

    Com alguns de vocs j conversei por emails, portanto, somos conhecidos, companheiros

    nessa jornada pelo conhecimento.

    Essa disciplina trata de Metodologias, especialmente para ensino e aprendizagem de

    arte, assunto pelo qual tenho especial apreo, pois, pelas metodologias, por esses caminhos,

    construmos a prtica daquilo que concebemos como ensino da arte. Pelas metodologias,

    REALIZAMOS CONHECIMENTO. Belssimo e importantssimo trabalho! Por isso, te-

    nho conscincia da grande responsabilidade que assumi ao conceber e realizar tal disciplina

    e espero que ela contemple a sua fundamental funo que a de prover subsdios para uma

    profcua relao entre aquilo que pensamos sobre ensinar arte e aquilo que realizamos como

    ensinar arte.

    Sejam muito benvindos penltima disciplina desse curso de especializao em Artes.

    Espero que essas palavras que escolhi e organizei para apresentar ideias lhes sejam muito teis

    e se manifestem como frutescncias.

    Boas leituras, boas ideias, bons estudos e bons trabalhos!

    Rita Luciana Berti Bredariolli

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    Metforas, mtodos e metodologias, metforas

    1. Para apalpar as intimidades do mundo preciso saber: a) Que o esplendor da manh no se abre com faca b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer c) Por que que as borboletas de tarjas vermelhas tm devoo por tmulos d) Se o homem que toca de tarde sua existncia num fagote, tem salvao e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos f ) Como pegar na voz de um peixe g) Qual o lado da noite que umedece primeiro. etc. etc. etc. Desaprender 8 horas por dia ensina os princpios.

    (BARROS, 2000).

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    J se sabe: para uma linha razovel ou uma correta informao, h lguas de insensatas

    cacofonias, de confuses verbais e de incoerncias. (Sei de uma regio montanhosa cujos

    bibliotecrios repudiam o supersticioso e vo costume de procurar sentido nos livros e o

    equiparam ao de procur-los nos sonhos ou nas linhas caticas das mos...os livros em si nada

    significam. Esse ditame, j veremos, no completamente falaz.)

    (BORGES, 1999, v. 1)

    Metforas, mtodos e metodologias, metforas 1.1. Metforas

    Comecemos nossa insero pelas Metodologias para ensino e aprendizagem da arte recorrendo a uma metfora muito comum, ouvida quando, por vezes, exauridos por um cotidiano adverso a todos os nossos ideais educacionais, atropelado pelo tempo escasso, pela falta de apoio institu-cional, pelos baixos salrios, pela quantidade de turmas e alunos por turmas, clamamos por uma conduo, por um caminho que nos leve a uma soluo imediata para problemas especficos a um contexto e a uma relao particular: a nossa, com nossos alunos, com e em nossa escola.

    Pela nsia de resolver todo o tipo de adversidade, clamamos por um como: como fao para en-sinar arte para tantos alunos, com um tanto de tempo e outro tanto de condies de trabalho? A resposta ouvida, talvez frustrante, vem em forma de uma metfora: no h receita.

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    O uso da receita como imagem para ilustrar o inapropriado a um processo educacional, em nosso caso especificamente, voltado ao ensino e aprendizagem da arte, tornou-se com o tempo, um jargo, um clich, por vezes pejorativo, repetido exaustivas vezes, ao mesmo tempo, como forma de apaziguar angstias e ansiedades pela resoluo imediata de problemas especficos, e de induo compreenso contempornea do processo educativo como algo especfico a um contexto, interagente e varivel, avesso a um estereotipado carter prescritivo de uma receita.

    Agora, paremos um pouco e pensemos sobre uma receita, de bolo, no caso. Muitos de ns j seguimos uma receita. Fizemos bolos. Por vezes, usamos a mesma receita diversas vezes, ou a mesma receita usada por algum de nossa famlia ou de algum amigo, mas nem sempre um bolo, da mesma receita, igual ao outro. Seja pela qualidade dos ingredientes, temperatura do forno, pelo clima, pela velocidade da batedeira que se desajustou, enfim, percebemos que as contingncias de uma situao incluindo, e principalmente, quem faz o bolo - interferem no sabor, textura, cor, consistncia desses bolos, cuja origem a mesma receita: esse bolo nunca sai como o da minha av!

    Os anos de experincia, junto ao arranjo dos ingredientes e ambiente, provocam os resultados e suas diferenas, ou semelhanas. A receita, por ela mesma, no garantia da qualidade de um bolo. Os resultados, nesse caso, dependero da experincia e envolvimento desse algum que, hbil e sabiamente, perceber as suas circunstncias e as articular com os procedimentos escol-hidos, a receita, arranjando-os, em alteraes se necessrias, para o seu fim: um delicioso bolo.

    Ao longo da histria do ensino da arte muitas receitas foram elaboradas, usadas, reinventa-das; por vezes - por vrios motivos, dentre os quais, os citados no incio desse texto reprodu-zidas, indiferentes aos seus contextos.

    Todas essas receitas de como ensinar arte continuam a circular, impressas em livros didticos e paradidticos, presentes e resistentes em nossas prticas, contendo seus ingredientes, sua ordem, seu modo de fazer. Mas, sozinhas no resolveram, resolvem ou resolvero nenhum problema edu-cacional. Sozinhas, pairam inertes e alheias, repousando sobre pginas. No realizam nada, sem serem escolhidas por algum e atualizadas, no sentido mesmo de coloc-las em ato, torn-las potencialidades. A partir da acontecem, tornam-se eventos integrantes da realizao de um pro-cesso educativo. Acontecem sob nossa conduo, suscetveis aos outros acontecimentos inerentes a esse mesmo processo. Acontecimentos esses, gerados e alterados pela reao de nossos alunos

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    e constituio de nosso ambiente escolar. Acontecimentos que configuram nosso cotidiano; e

    dele, de sua observao, compreenso, reviso, enfim de seu conhecimento e reconhecimento, que

    encontramos os muitos e diferentes como fazer, as receitas.

    As receitas, os mtodos, as metodologias, so importantes como formas abstratas de or-

    ganizao, de sistematizao, uma constituio de sentido que aplaca nossa sensao de in-

    segurana diante da condio movedia daquilo que chamamos realidade. No entanto, efe-

    tivamente, em nossa relao com cada uma dessas nossas realidades - aliando aquilo que

    sabemos s situaes concretas que vivemos, em meio ao erro, a instabilidade, a confuso, ao

    inesperado - que podemos encontrar os modos de agir, os como fazer, os caminhos possveis

    para o enfrentamento do difcil, mas da mesma forma valoroso, trabalho educativo. , pois,

    desse enfrentamento, incmodo por vezes, com as nossas reais condies de trabalho que so

    criados e recriados os caminhos, as receitas, os mtodos e as metodo