Reforma e contra reforma

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Reforma e Contra - Reforma

Janeiro de 2012

Agrupamento de Escolas da Senhora da Hora 2

A crise da igreja

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A exuberante decoração das igrejas (imagens, ricas tapeçarias, objectos em ouro e em prata) contrastava com o ideal de pobreza evangélica proposta por Cristo e os apóstolos.

Nos inícios do século XVI, a Igreja vivia uma época de profunda crise, cujas origens remontam aos últimos séculos da Idade Média. Com efeito, muitos eram os males que a afectavam:

- os papas comportavam-se como senhores laicos, isto é, interferiam nos assuntos políticos e sustentavam cortes luxuosas;

- os bispos acumulavam dioceses, sem nelas residirem;

- muitos padres levavam uma vida imoral e tinham uma formação deficiente;

- os cargos eclesiásticos eram, muitas vezes, comprados.

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A situação chegou ao ponto de, entre 1379 e 1417, haver na Cristandade, simultaneamente, dois papas: um que residia em Roma e outro em Avinhão (França). O Grande Cisma do Ocidente - como se chamou a esta separação da Cristandade - contribuiu para afectar ainda mais o prestígio da Igreja.

A referida situação, a que se juntavam os males do tempo - pestes, fomes, guerras -, perturbou naturalmente os crentes. Estes pensavam que as infelicidades que flagelavam a sociedade eram castigo de Deus. Sentindo-se culpados, receavam o fim do mundo e temiam o Inferno. Perante o comportamento da Igreja, procuravam outras soluções para os seus problemas religiosos: recorriam à magia e à feitiçaria, compravam indulgências e prestavam culto às relíquias dos santos. Vivia-se assim uma época de grande vitalidade religiosa e de piedade popular.

Os meios intelectuais e religiosos não estavam alheios à situação. Com efeito, desde os inícios do século XV acentuaram-se as críticas à Igreja: o checo João Huss aconselhava os padres a imitarem a simplicidade e a pobreza de Cristo, enquanto o florentino Savonarola incitava os cristãos a inspirar-se no Evangelho e a praticar a caridade. Ambos foram condenados pela Igreja a morrerem na fogueira. De igual modo, humanistas como Erasmo e Thomas More criticavam a ignorância e o luxo da Igreja e pediam que esta regressasse à pureza do Cristianismo primitivo. Apesar destas manifestações, os responsáveis da Igreja Católica mantinham-se insensíveis às críticas que lhes eram feitas.

A ruptura: a Reforma Protestante

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Esta prática, que permitia aos cristãos resgatar os seus pecados com dinheiro, foi uma das causas da ruptura de Lutero com a Igreja Católica. (Na imagem, vê-se o Papa Leão X a receber os bens obtidos com a venda das indulgências.)

Na Alemanha, mais do que em qualquer outra parte da Europa, era opinião corrente que a Igreja devia ser reformada. Com efeito, os pesados impostos lançados aí por Roma e os escandalosos abusos do clero eram motivo de constantes queixas e críticas à Igreja Católica.

É neste contexto que, no primeiro quartel do século XVI, se desencadeia uma revolta contra o papado. O movimento foi dirigido pelo monge agostinho Martinho Lutero com o objectivo de moralizar a vida da Igreja. Tal como a maioria dos seus contemporâneos, Lutero vivia atormentado pelo problema da salvação. Ora, as suas leituras do Novo Testamento levaram-no a concluir que só pela fé em Deus o Homem podia salvar-se. Assim, quando em 1517 o Papa Leão X mandou pregar indulgências na Alemanha (prometendo o perdão dos pecados em troca de donativos para as obras da Basílica de S. Pedro, em Roma), Lutero denunciou o falso valor das indulgências como meio de garantir a salvação. Indignado com a descarada exploração do povo, afixou na porta da catedral de Wittenberg as suas "Noventa e Cinco Teses Contra as Indulgências", dando a conhecer publicamente as suas ideias sobre a fé, defendendo que só o poder de Deus (e não do Papa) pode perdoar os pecados.

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A partir de então, os acontecimentos precipitam-se. Lutero, após acesa disputa com Roma, é excomungado e expulso do Império Alemão (1521). No entanto, é acolhido pelo príncipe Frederico da Saxónia e refugia-se no castelo de Wartburg. Então, Lutero aprofunda as suas críticas à Igreja Católica, estabelecendo os seguintes pontos de doutrina:

- a fé é uma dádiva de Deus (e só ela, e não as obras, leva à salvação);

- a única fonte de fé é a Bíblia (e não os concílios ou a Tradição da Igreja);

- o culto deve dedicar-se a Deus (e não à Virgem ou aos Santos);

- a fé exprime-se pelos sacramentos do baptismo e da comunhão (e não por quaisquer outros sacramentos).

Estes princípios da doutrina luterana constituem, no seu conjunto, os fundamentos da Reforma Protestante e foram expostos na "Confissão de Fé de Augsburgo" (1530).

O Luteranismo provocou uma entusiástica adesão. Em 1555, o imperador Carlos V reconheceu a religião protestante, concedendo aos Estados e príncipes alemães luteranos o direito de se separarem de Roma e da obediência ao Papa.

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A Europa dividida pela expansão das ideias reformistas

Criou uma doutrina religiosa que defendia que a salvação depende da fé, mas que esta é apenas concedida por vontade de Deus.

A Reforma Protestante ultrapassou, bem cedo, as fronteiras do Império Alemão. Com efeito, em pouco tempo, vários países do Norte da Europa - como a Suécia, a Noruega, a Dinamarca - aderem à doutrina luterana. Noutros, os monarcas reagem com dureza, actuando com violência contra os reformistas. É o caso da França, onde o rei Francisco I perseguiu os protestantes, obrigando alguns deles a refugiarem-se na Suíça. Assim aconteceu com o humanista João Calvino que, nesse país, fundou uma nova Igreja Protestante.

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Calvino criou uma doutrina mais radical que a de Lutero. Com efeito, na sua obra Instituição da Religião Cristã (1536) defende que a salvação depende da fé, mas que esta é concedida apenas por vontade de Deus. Assim, só os "eleitos" ou "predestinados" pela graça divina são salvos, enquanto os outros estão irremediavelmente condenados, quaisquer que sejam as suas obras. É a chamada doutrina da predestinação.

O Calvinismo difundiu-se pela Suíça, Escócia, Países Baixos e no Sul de França. A sua divulgação foi, no entanto, mais limitada que a do Luteranismo, sendo em alguns países violentamente combatida.

Na Inglaterra, o movimento reformista conheceu de início alguma resistência. Contudo, o rei Henrique VIII - interessado em anular a influência e a riqueza da Igreja de Roma no seu reino - aproveitou motivos de ordem pessoal para romper com o Papado. Assim, em 1534, face à recusa do papa Clemente VII em anular o seu casamento com Catarina de Aragão, Henrique VIII proclama-se chefe supremo da Igreja Anglicana (Acto de Supremacia).

O Anglicanismo, definido como doutrina religiosa por "Os 39 Artigos" (1563), é um compromisso entre o Protestantismo e o Catolicismo: a hierarquia e o cerimonial seguem o modelo da Igreja Católica, a doutrina baseia-se muito no Calvinismo e a chefia da Igreja cabe à Coroa, de acordo com a orientação luterana.

O Anglicanismo espalhou-se rapidamente pela Grã-Bretanha e, com a expansão ultramarina inglesa, atingiu vastas áreas do globo, desde a América do Norte à Oceânia.

Assim, nos fins do século XVI, a Europa estava dividida em dois blocos religiosos - o protestante nos países a Norte e o católico nos restantes países (em particular Portugal, Espanha, França e Itália).

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A reação católica

As sessões deste tribunal eram autênticos espectáculos a que acorriam pessoas de todos os estratos sociais. Realizadas nas grandes praças públicas das cidades (no nosso país, sobretudo em Lisboa, Coimbra e Évora), serviam para intimidar os espectadores e, até, para entretenimento.

Face ao avanço das ideias protestantes, a Igreja Católica foi obrigada a reagir. Essa reacção ocorreu no pontificado de Paulo III (1534-1549) e assumiu um duplo carácter: o de Reforma Católica, ou seja, de moralização dos costumes e práticas religiosas, e o de Contra-Reforma, isto é, de combate à Reforma Protestante.

Na verdade, em 1545, Paulo III reuniu, na cidade italiana de Trento, uma grande assembleia de bispos e cardeais - o Concílio de Trento - para debater os problemas da Igreja Católica: a definição do dogma e a restauração da ordem e da disciplina.

Durante o longo período de tempo de reunião do Concílio de Trento (1545-1563) confrontaram-se duas corrente de opinião: a defensora da tolerância para com os reformistas e a que condenava as doutrinas protestantes. Apesar de uma existência difícil, com alguns períodos de suspensão dos trabalhos, o Concílio realizou uma obra notável:

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- no plano dogmático, reafirmou a doutrina católica face às teses protestantes, ou seja, confirmou a importância da fé e das boas obras para a salvação do Homem, reconheceu a Bíblia e a Tradição da Igreja como fontes da verdade, manteve os sete sacramentos e o culto à Virgem e aos Santos;

- no plano disciplinar, restabeleceu a disciplina na Igreja, isto é, determinou a formação do clero em seminários, manteve o celibato dos padres e obrigou os seus membros a residir nas dioceses e paróquias a seu cargo.

Nessa mesma época, constituiu-se uma nova ordem religiosa para a defesa e propagação da fé católica - a Companhia de Jesus. Criada por Inácio de Loyola e aprovada pelo papa Paulo III, em 1539, desenvolveu em todo o mundo cristão uma acção de grande vulto. Introduzida em Portugal em 1540, os jesuítas destacaram-se como missionários (especialmente no Oriente e no Brasil) e pedagogos (em numerosos colégios e universidades, como o colégio de Santo Antão em Lisboa e a Universidade de Évora); por outro lado, exerceram grande influência na Coroa.

Ainda no século XVI, a Igreja Católica utilizou uma outra importante "arma de combate" às ideias reformistas - a Inquisição. Este tribunal eclesiástico, com sede em Roma, veio a estabelecer-se também noutros países, como Portugal e Espanha. Controlado particularmente pelos dominicanos, a sua acção exerceu-se sobre os protestantes e os suspeitos de práticas judaicas, de bruxaria e de feitiçaria.

Mas a acção da Inquisição não se ficou por aqui. Com efeito, esta instituição desenvolveu também uma forte e apertada vigilância sobre todas as actividades culturais, censurando os livros e até os espectáculos. A sua intenção era proibir a expansão de ideias contrárias à doutrina fixada pela Igreja de Roma. Esta repressão intelectual era acompanhada pela publicação regular de um catálogo de obras consideradas caluniosas ou contrárias à doutrina católica - o Índex. A leitura ou a posse de livros heréticos e proibidos pela Igreja de Roma implicava pesados castigos e até a excomunhão.

Em Portugal, o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) estabeleceu-se em 1536, no reinado de D. João III.

As principais vítimas da Inquisição foram os cristãos-novos, quer dizer, os judeus convertidos ao catolicismo no reinado de D. Manuel. Com efeito, sobretudo nos séculos XVI e XVII, qualquer suspeito de práticas de judaísmo podia ser denunciado à Inquisição. Os milhares de processos instaurados aos judeus dão-nos conta de perseguições dramáticas, confisco de bens e de condenações à morte na fogueira (autos-de-fé). Por isso, não admira que muitos cristãos-novos e judeus portugueses - gente ligada aos negócios e a actividades intelectuais - tenham fugido para o Norte da Europa, em especial para os Países Baixos.

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A acção da Inquisição foi extremamente negativa no nosso país. Durante quase três séculos, travou o desenvolvimento económico do reino (pela repressão que exerceu sobre os judeus, o grupo mais activo da nossa burguesia mercantil) e isolou a cultura portuguesa do movimento intelectual europeu (através da fiscalização dos livros estrangeiros e da censura aos livros nacionais).

Em Espanha, a Inquisição desenvolveu uma actuação ainda mais aterradora que em Portugal. O confisco de bens, saques, excomunhão e autos-de-fé foram terrivelmente violentos, atingindo judeus e mouros. Entre 1481 e 1498, por exemplo, o inquisidor-mor Tomás Torquemada mandou para a fogueira cerca de dez mil pessoas e condenou à prisão ou à tortura quase cem mil suspeitos de heresia.

Assim, a acção da Inquisição na Península Ibérica foi extremamente cruel - combateu as heresias e os suspeitos de feitiçaria e bruxaria e impediu o livre desenvolvimento económico e cultural dos países ibéricos.

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Conceitos

Manuelino - Expressão que deriva do rei D. Manuel I utilizada para designar o estilo arquitectónico português, surgido no século XVI, que manteve as características do gótico, mas decorado e enriquecido, entre outras coisas, com elementos da fauna, flora e relacionados com as viagens de navegação marítima da época (cordas, conchas, algas...).

Reforma - Movimento religioso e político iniciado por Martinho Lutero no século XVI que dividiu a Igreja Católica de Roma e originou diversas igrejas reformadas protestantes (Luterana, Calvinista, Anglicana, Presbiteriana).

Contra – Reforma - É o movimento de reacção e resposta da Igreja Católica de Roma à enorme difusão do Protestantismo, iniciado a partir do Concílio de Trento (1545-1563) e que recorreu à Inquisição, ao Índex (censura) e à Companhia de Jesus como instrumentos de defesa e divulgação do Catolicismo.

Protestantismo - Expressão que designa o movimento religioso de renovação da Igreja iniciado por Martinho Lutero e que pretendia conservar a pureza do culto dos primeiros tempos do Cristianismo.

Concilio - Assembleia de prelados (bispos, arcebispos e cardeais) que reúne para deliberar e decidir sobre questões de doutrina ou de disciplina eclesiástica com que se debate a Igreja Católica.

Inquisição - Também denominada por Tribunal do Santo Ofício, foi um antigo tribunal eclesiástico que prendia, punia e torturava todos os indivíduos que se desviassem da doutrina e moral católicas e que simpatizassem com o Protestantismo ou com o Judaísmo.

Cristão – Novo - Expressão utilizada em Portugal, desde o reinado de D. Manuel I, para designar todos os judeus convertidos ao Catolicismo. A anulação da distinção entre "cristãos-novos" e "cristãos-velhos" foi decretada no reinado de D. José I, numa medida apoiada por Sebastião José de Carvalho e Melo.