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REFÚGIO ALIMENTAR O CORPO E A ALMA LÍVIA MENDES MORAES Junho 2012 CADERNO TGI I

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REFÚGIO ALIMENTAR O CORPO E A ALMA

LÍVIA MENDES MORAESJunho 2012

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OBJETO PRÉ-TGI

Desde a disciplina de Introdução à T.G.I., a intenção projetual era de estabelecer um contato mais próximo entre arquitetura e usuário, dissolvendo os limites e propondo um espaço em que o homem sentisse vontade de permanecer. Instigava-me aqueles ambientes onde o indivíduo sentia-se como parte integrante; espaços produzidos e destinados a seu bem-estar; na escala humana. Procurava um vínculo emocional com o espaço, que se relacionava com a própria essência humana.

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REFERÊNCIAS

A pesquisa de projetos referenciais esteve voltada a espaços utilizados pelo usuário por se sentir resguardado e desvinculado de influências exteriores. Principalmente quando se trata de centros urbanos, a atual dinâmica presente, com a grande velocidade e variedade de oferta das mercadorias, informações e relações a que o homem teve que se adequar, é necessário um lugar onde o indivíduo possa se libertar de ruídos externos para se reencontrar com o seu eu. Um espaço com um novo tempo, o tempo do homem.

O trabalho repetitivo apenas tem sido interrompido para alimentar-se. A refeição, que deveria ser apreciada com prazer, funcionando como uma pausa no tempo do trabalho, é tragada em poucos minutos de modo funcional. E por que não alimentar o corpo e também a alma de forma a buscar o equilíbrio entre espaço e o ser?

Ainda que o homem seja tratado como parte de um sistema, ele faz parte de uma sociedade massificada e mecanizada onde a dimensão do individual é descartada. É necessário algum lugar onde o indivíduo retome o seu tempo e tenha um contato consigo mesmo.

Destacaram-se ambientes propostos em museus e memoriais onde o contato sensitivo destes com o homem era provocado por meio de elementos que levavam a recordar um tempo diferente daquele presente, revelando-se um espaço que estimulava a introspecção em seus visitantes.

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REFERÊNCIAS

Conceitualmente o livro “As cidades invisíveis”, de Ítalo Calvino, serviu como base inicial, tendo em vista que as cidades apresentadas só se realizaram no imaginário de cada leitor. Tratava-se de uma memória individual que se agregava às informações fornecidas pelo autor. Esta literatura permitiu lançar a semente para o projeto arquitetônico que não se desenvolve apenas na mente do usuário e, portanto um espaço vazio, mas um espaço formulado a partir de elementos que pudessem despertar um sentimento no homem que o permitisse descobrir um ambiente sem ser pautado apenas pela funcionalidade. Esse lugar deveria possibilitar um encontro do homem consigo mesmo para que ele se conhecesse melhor e percebesse a necessidade de sentir-se parte da cidade. Iniciava-se aí um dos princípios que encontrei para instigar o homem a querer fazer parte desse espaço, a reflexão.

Esse termo levou-me a buscar subsídios conceituais e projetuais em Juhani Pallasma, Peter Zumthor e Tadao Ando principalmente.

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“Eu acho que toda grande arquitetura converge para um ponto de silêncio. É

esta tranqüilidade que a consciência humana busca.

Acho que as cidades de hoje são tão mais complicadas e densas que há uma

necessidade real de criar espaços que sugiram solidão e liberdade espiritual. E acho que isto se faz através de ordem e

simplicidade, não de adornamentos sucessivos. Há que ser uma qualidade

que as pessoas sintam inconscientemente, um sentido de

percepção e contemplação. Se você prover a essência de espaço e forma, os

indivíduos a completarão com a sua imaginação.”Tadao Ando

MUSEU CHICHUNaoshima (Japão)

PROJETO CHIESARoma (Itália)

BENESSE HOUSENaoshima (Japão)

Uma arquitetura que apresente propriedades sensoriais ao usuário, convidando-o a um novo espaço em que a experiência é fundamental para que o homem desperte seus sentidos e queira permanecer ali. Muitas vezes ele percebe a necessidade no seu cotidiano de um lugar nunca antes presenciado e que poderia ser denominado de ocioso se não fosse sentido.

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Esse caminho escolhido relacionava-se com um espaço sensorial, perceptível por aquele que ali adentrasse por conta de uma arquitetura sensível ao tempo.

Como instigá-lo a buscar esse tempo?O homem adquire afeição por um lugar

dependendo das experiências vividas; o lugar seria uma pausa na corrente temporal de um movimento, a parada para o descanso. Ali o tempo torna-se visível, pois incorpora tempos passados, pertencente à memória; trata-se da manifestação física do tempo, uma “materialidade sentida”.

O termo “habitar” compreende a relação entre o homem e o seu meio através da percepção. Esse filtro por qual o ambiente construído passa ao apresentar-se ao indivíduo não é lógico, ele envolve sentimentos.

Aí se insere a necessidade de um projeto tender a minimizar os elementos que pudessem distrair o olhar sobre si mesmo para o ambiente externo. A simplicidade buscada nesse projeto é demonstrada na matéria de maneira bruta.

A transitoriedade pode ser manifestada nos elementos e materiais construtivos que passaram por pouco ou nenhum processos artificiais para sua transformação, mantendo as características de sua origem.

Espaços na escala humana, paredes, sombra, vegetação. Ainda a interioridade pode ser atingida em lugares de área pequena com pé direito alto, luz focada e direta ou mesmo pela introdução de elementos naturais como participantes da arquitetura.

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Há uma preocupação com o percurso do usuário para que desperte a sua mente para algo distinto do usual que está prestes a acontecer. Pretende-se por meio da gradação de espaços, daquele que se volta para o urbano até alcançar o espaço de interiorização por completo, levar o indivíduo a entrar em contato consigo mesmo, descolando-o do nível da rua. Baseando-se no critério de diferentes percepções e experiências que a arquitetura pode provocar no homem, adotou-se a relação entre altura, área de piso e área de abertura de cada espaço.

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A complexidade das cidades, demonstrada pela coexistência de diferentes tempos e atividades, exige que as ações sejam precisas e até ensaiadas. No entanto, a diversidade no ambiente urbano deve ser entendida como uma possibilidade de escolha para o usuário. Distintos serviços e comércios, ofertas e sensações. Essa é a prova de que a cidade não é uma obra acabada, ela apresenta ou deveria apresentar alternativas a seu habitante que não fosse somente a nível do consumo. O homem tem o poder de escolher o que quer viver e essas transformações de pensamento mantêm viva a cidade.

A partir da escala do usuário o conceito projetual começou a ser refinado e levou a determinadas escolhas. A decisão por um projeto na cidade de São Carlos ocorreu por conta da relação com o urbano presenciada por quem está projetando. Não é a escala do motorista ou de quem trafega de ônibus diariamente, mas por quem caminha por suas ruas.

O recorte de intervenção inicial foi a Avenida São Carlos por ser uma das principais vias da cidade. A análise feita compreende essa área como o núcleo comercial, religioso e social sancarlense e que, portanto deveria ser um local onde a sociabilidade estivesse presente de maneira mais intensa.

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CIDADE

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RECORTE URBANO

O discurso desenvolvido até agora, evidencia o usuário, mas não apenas na questão individual. O espaço pretendido é também um lugar de encontros. Ali o homem encontra-se consigo mesmo e é capaz de perceber a sua inserção na cidade, a convivência entre vários e, para isso, precisa estar bem com o seu eu.

A catedral, a praça arborizada...ainda alguns edifícios históricos e culturais demonstram que o centro da cidade é o local da diversidade; do convívio entre diferentes espaços e tempos.

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RUAS

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EDIFÍCIOS HISTÓRICOS/CULTURAIS

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QUADRA

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INTRAQUADRA

A quadra escolhida apresenta um entorno propício para buscar esse silêncio. Ela apresenta em seu interior uma recorrência comum na maioria das quadras da cidade, um “vazio” caracterizado por vegetação ou estacionamento. Esse “miolo de quadra” dificilmente é acessado pelo usuário que é mantido nas “bordas de quadra”, enfrentando um percorrer urbano que tornou-se pesaroso por conta da falta de vegetação em seu percurso.

Refúgio – alimento da alma – seria um espaço de descanso protegido das intempéries, mas fazendo uso de elementos naturais para instigar o homem ao silêncio.A identidade visual do projeto constrói-se por meio de contraste com relação ao existente para permitir a percepção de uma nova realidade. Observa-se o espaço urbano através de um novo ângulo, descolado do nível da rua.

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CONCENTRAÇÃO DE PESSOAS

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Da mesma forma como o tempo desse lugar é outro, o contraste urbano também está presente. O convite a desacelerar deve manifestar-se por meio de formas simples e de pouca informação visual para ser lido como um silêncio. Há um estímulo à prática do “slow food” que permite ainda ampliar a diversidade de espaços para alimentar-se na área próxima.Refúgio – alimento do corpo – constitui-se de um restaurante para cerca de 60 pessoas relacionado com a prática de “slow food” para ser um instrumento de divulgação do que é praticado pelos estudantes de gastronomia do SENAC, localizado a poucas quadras dali.

SENAC

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DIRECIONAR O OLHAR

VISÃO DO “SOBRE” PARA AV. SÃO CARLOS

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VISÃO PARA A PRAÇA

BIBLIOTECAMUNICIPAL

PALACETEBENTOCARLOS

BRADESCO

BIBLIOTECAMUNICIPAL

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PERCURSO

CONVITE

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AMBIÊNCIAS

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BIBL

IOGR

AFIA