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REGINA COPELLO MARTINS GESTÃO DE PESSOAS EM UMA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA: uma proposta de melhoria Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total Niterói, RJ 2003

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REGINA COPELLO MARTINS

GESTÃO DE PESSOAS EM UMA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA: uma

proposta de melhoria

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total

Niterói, RJ 2003

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REGINA COPELLO MARTINS

GESTÃO DE PESSOAS EM UMA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA: uma

proposta de melhoria

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total

BANCA EXAMINADORA

Profª. Stella Regina Reis da Costa, D.Sc. - Orientadora

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Profª. Ana Lúcia dos Santos Barbosa, D.Sc.

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Profª. Ana Alice Vilas Boas, D.Sc.

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Niterói, RJ 2003

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DEDICO ESTE TRABALHO:

Ao meu amigo, companheiro, namorado e marido Flávio, pessoa

fundamental em minha vida e grande responsável pela finalização deste

projeto.

Ao meu filho Francisco, razão da minha vida e principal estímulo

para que eu iniciasse um regresso aos estudos.

Aos meus enteados Beatrix, Flávio Jr. e Priscila, por integrarem

minha vida, fazendo dela algo melhor.

À minha irmã Márcia, cunhado Marcos e sobrinhas Carolina e

Helena, pessoas tão importantes para mim.

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AGRADECIMENTOS:

Aos meus pais, por seus ensinamentos e por sua compreensão,

auxiliando-me e estando presentes em todos os momentos mais importantes

de minha vida.

À Juraci, por me dar a paz necessária para a execução desta

tarefa.

À Professora Stella, que com sua orientação, transformou esta

pesquisa numa prazerosa caminhada, tornando meu trabalho muito mais fácil.

Ao Erasmo, que por sua obstinação, foi o grande responsável

pela entrada do curso no Inmetro.

Ao Lobo, por sua insistência em me fazer ingressar neste curso.

À Suely, Valéria, Maurício, Ballerini, Ricardo Nóbrega e Prof.

Humberto, por suas contribuições.

Ao Prof. Jornada, Luis Sergio, Flávia e Leila, pela paciência,

compreensão e apoio.

Aos colegas de grupo de trabalho, pela ótima companhia.

Ao Hemorio, na pessoa da Adarlette, aos Correios, na pessoa da

Beatriz, a Furnas, na pessoa do José Mário e à Petrobras, na pessoa do Paulo

Cesar.

Ao Inmetro, Instituição pela qual sou apaixonada, responsável

pelo meu crescimento profissional.

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SEMPRE QUE POSSÍVEL

Emmanuel / Francisco Cândido Xavier

Onde estejas e por onde passes, sempre que possível, deixa algum sinal

de paz e luz para aqueles irmãos que estão vindo na retaguarda, a fim de que não

se percam do rumo certo.

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RESUMO

Desde 1997, o Inmetro vem participando de prêmios de gestão, como o PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade, o PQRio – Prêmio Qualidade Rio e o PQGF – Prêmio Qualidade do Governo Federal. Em 2000, conquistou a premiação na faixa ouro do PQGF, demonstrando a evolução de sua gestão. Num processo de melhoria contínua, o Inmetro vem buscando constantemente implementar novos métodos e processos de gestão mantendo-se na vanguarda das instituições públicas. Este trabalho, desenvolvido através do método de estudo de caso, apresenta uma pesquisa realizada com quatro instituições públicas, ganhadoras do PQGF, no ciclo de premiação de 2002, sendo duas na faixa prata e duas com o troféu PQGF, onde foi analisado o item Pessoas do Relatório de Gestão das quatro instituições, visando buscar experiências inovadoras a fim de apresentar sugestões de melhorias na área de gestão de pessoas dentro do Inmetro. Além da análise documental, foram realizadas entrevistas informais com os responsáveis pela área de Recursos Humanos do Inmetro, com o intuito de elaborar uma proposta factível e condizente com a realidade do Instituto.

Palavras-chave: Gestão de Pessoas, Inmetro, Administração de Recursos Humanos

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ABSTRACT

Since 1997, Inmetro participates in administration awards, as the National Award of Quality - PNQ, the Rio Quality Award - PQRio and the Federal Government Quality Award - PQGF. In 2000, Inmetro conquered the gold ribbon award of PQGF, demonstrating its administration improvement. In a process of continuous evolution, Inmetro is permanently implementing new methods and administration processes in order to be in the vanguard of the public institutions. This work is based in the case study method. It presents a research including four public institutions, winners of PQGF, at the period concerning the 2002 award. Two of them are silver ribbon owners and the two others have been awarded with the trophy PQGF. The People subject, of the report of administration of the four institutions, has been analyzed searching for innovative experiences which could be used to suggest improvements in the area of people's administration of Inmetro. Besides the documental analysis, there has been hold informal interviews with the people responsible for the area of human resources of Inmetro, within the purpose to elaborate a proposal according to the reality of the Institute.

Key-Words: People's Administration, Inmetro, Human Resources Management

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LISTA DE QUADROS

01 Fases do desenvolvimento do PQSP ..................................................................... 24

02 Critérios e Pontuação do PQGF.............................................................................. 30

03 Critério 5 – Sistemas de Trabalho........................................................................... 32

04 Critério 5 – Educação, capacitação e desenvolvimento....................................... 33

05 Critério 5 – Qualidade de Vida ................................................................................ 34

06 Divergências entre expectativas: organizações X pessoas................................ 40

07 Comparação entre as pessoas : recursos X parceiros .................................... 41

08 Sistema de Reconhecimento e Recompensa........................................................ 55

09 Formas de Capacitação e Desenvolvimento ......................................................... 57

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LISTA DE ANEXOS

01 Relatório de Gestão – Critério 5 – Pessoas – Instituto Estadual de

Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti – HEMORIO

02 Relatório de Gestão – Critério 5 – Pessoas – Furnas Centrais

Elétricas S.A – Departamento de Produção Rio – DRR.O

03 Relatório de Gestão – Critério 5 – Pessoas – Empresa Brasileira de

Correios e Telégrafos – ECT/RJ – Diretoria Regional do Rio de

Janeiro – DR/RJ

04 Relatório de Gestão – Critério 5 – Pessoas – Petróleo Brasileiro S.A.

– PETROBRAS – Unidade Bacia de Campos – UN-BC

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LISTA DE SIGLAS AFTnet Adequação da Força de Trabalho

ASMETRO Associação dos Servidores do Inmetro

CBA Consórcio Brasileiro de Acreditação de Sistemas e Serviços de

Saúde

CETED Centro de Treinamento e Desenvolvimento

CIEE Centro de Integração Escola Empresa

Conmetro Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

CPLAN Coordenação-Geral de Planejamento

CPRH Coordenação de Pesquisa e Recursos Humanos (Hemorio)

CSN Companhia Siderúrgica Nacional

DIREH Divisão de Recursos Humanos

DR Diretoria Regional

EMQ Estratégia de Melhoria da Qualidade

FUNDARJ Fundação Pró-Instituto de Hematologia/RJ

GCR Gerenciamento de Competências e Resultados

GDP Sistema de Gerenciamento de Desempenho de Pessoal

GT Grupo de Trabalho

HEMORIO Instituto Estadual de Hematologia “Arthur de Siqueira Cavalcanti”

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas

INT Instituto Nacional de Tecnologia

PCAC Plano de Classificação e Avaliação de Cargos

PCPC Programa de Controle de Pacientes Crônicos

PDL Plano de Desenvolvimento do Líder

PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A.

PNQ Prêmio Nacional da Qualidade

PQGF Prêmio Qualidade do Governo Federal

PQRio Prêmio Qualidade Rio

PQSP Programa da Qualidade no Serviço Público

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RNML Rede Nacional de Metrologia Legal

SEAPE Serviço de Administração de Pessoal

SECOM Serviço de Comunicação Social

SEDER Serviço de Desenvolvimento de Recursos Humanos

SESAO Serviço de Saúde Ocupacional

SI Sistema Internacional de Unidades

SINFO Serviço de Informática

Sinmetro Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

TGM Treinamento Gerencial Modular

UN-BC Unidade Bacia de Campos

UO Unidade Organizacional

UP Unidade Principal

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 14

1.1 Objeto do Estudo ........................................................................................... 14

1.2 Organização do Trabalho.............................................................................. 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 16

2.1 Histórico da Qualidade.................................................................................. 16

2.1.1 A Evolução da Qualidade no Mundo ......................................................... 16

2.1.2 O Método Deming......................................................................................... 18

2.1.3 A Evolução da Qualidade no Brasil ........................................................... 20

2.1.4 A Globalização e o Movimento pela Qualidade no Brasil ...................... 22

2.1.5 O Programa da Qualidade no Serviço Público – PQSP......................... 23

2.2 O Modelo de Excelência e o Prêmio Qualidade do Governo Federal ............. 25

2.2.1 O Modelo de Excelência em Gestão Pública........................................... 25

2.2.2 O Prêmio Qualidade do Governo Federal– PQGF .................................. 28

2.2.3 Os critérios do PQGF e a Pontuação ......................................................... 29

2.2.4 O critério Pessoas ......................................................................................... 31

2.3 O Inmetro e o PQGF ...................................................................................... 35

2.3.1 Um Breve Histórico da Criação do Inmetro .............................................. 35

2.3.2 O Inmetro Hoje............................................................................................... 36

2.3.3 Principais Competências e Atribuições do Inmetro................................ 37

2.3.4 A Participação do Inmetro no PQGF.......................................................... 38

2.4 A Gestão de Pessoas ................................................................................... 38

3 METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................. 46

3.1 Formulação do Problema ............................................................................. 46

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3.2 Definição do Objetivo da Pesquisa ............................................................. 47

3.3 Classificação do Estudo ............................................................................... 48

3.4 A Escolha das Instituições............................................................................ 49

3.5 A Análise de Documentos ............................................................................ 49

3.6 As Entrevistas................................................................................................. 49

3.7 A Elaboração da Proposta de Melhoria para a área de RH do Inmetro........... 50

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................ 51

4.1..................A Pesquisa nos Relatórios de Gestão........................................................ 51

4.1.1 Sistemas de Trabalho .................................................................................. 52

4.1.2 Educação, Capacitação e Desenvolvimento............................................ 56

4.1.3 Qualidade de Vida ........................................................................................ 58

4.2..................Sugestões de Oportunidades de Melhoria para a Gestão de Pessoas .......... 62

4.2.1 Considerações Iniciais ................................................................................. 62

4.2.2 A proposta ...................................................................................................... 62

5 CONCLUSÕES.............................................................................................. 68

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................ 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................... 70

ANEXOS................................................................................................................................. 75

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1 INTRODUÇÃO 1.1 Objeto do Estudo

A transformação das instituições governamentais em organizações ágeis com

foco no cliente, que está cada dia mais exigente, tem sido a tônica da gestão

pública. É verdade que nem sempre as instituições conseguem acompanhar esses

anseios de tornarem-se ágeis e modernas, mas existe uma unanimidade: qualquer

programa de expansão, de melhoria da qualidade, de incremento da produtividade e

de foco no cliente, depende na maior parte do tempo das pessoas. "Quase sempre,

as pessoas constituem para as empresas o desafio crucial no alcance e na

manutenção de padrões elevados de qualidade, produtividade e competitividade"

(FERREIRA apud CHIAVENATO, 1996, p.14).

Há necessidade de que as instituições públicas olhem para seus servidores

como elementos impulsionadores de resultados dentro da organização, como

pessoas que fazem diferença e personalizam a Instituição e a fazem distinguir-se de

todas as demais. Mas para que isso aconteça, é necessário que eles, servidores,

sejam adequadamente valorizados, o que inclui, entre outros aspectos, ser

treinados, desenvolvidos, integrados socialmente, liderados, motivados,

remunerados dignamente e estimulados a participar das decisões.

Assim, este trabalho visa apresentar sugestões de melhoria para a área de

Recursos Humanos do Inmetro, Instituição à qual a pesquisadora está vinculada.

Tais sugestões foram elaboradas após uma análise de relatórios de gestão, de

quatro instituições públicas, reconhecidas pelo Prêmio Qualidade do Governo

Federal – PQGF. Além de detectar exemplos de boas práticas na área de gestão de

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pessoas, que podem ser evidenciados através da boa pontuação no critério 5

(Pessoas) do ciclo de premiação de 2002 do PQGF, foi realizada uma revisão

bibliográfica a respeito do tema.

1.2 Organização do Trabalho

O presente capítulo apresenta o objeto do estudo, bem como sua

estruturação.

O capítulo dois contém a revisão bibliográfica com um histórico da qualidade,

apresenta discussão sobre gestão de pessoas, aborda o PQGF e o modelo de

excelência e trata sobre o Inmetro e sua participação no PQGF .

O capítulo três apresenta a formulação do problema, a definição do objetivo

da pesquisa, justifica a escolha das instituições pesquisadas e traz algumas

explicações sobre a metodologia empregada.

O capítulo quatro descreve o trabalho realizado junto aos relatórios de gestão

das empresas pesquisadas, uma listagem de atividades inovadoras destacadas dos

documentos em questão, bem como uma proposta de sugestões de melhoria na

gestão de pessoas do Inmetro, feita com base na análise desses relatórios.

O capítulo cinco apresenta as conclusões e, finalmente, o capítulo seis traz

sugestões para trabalhos futuros.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Histórico da Qualidade 2.1.1 A Evolução da Qualidade no Mundo

Nesta pesquisa, a evolução da Qualidade será apresentada em cinco fases,

descritas a seguir:

Ø Antigüidade

Há registros da utilização dos conceitos da qualidade desde os primórdios da

civilização, quando o homem procurava o que mais se adequasse às suas

necessidades. Para sobreviver, ele já se preocupava com a qualidade dos alimentos

que extraía da natureza e, com a agricultura, passou a cuidar da qualidade daquilo

que plantava e colhia.

Por questões de segurança e sobrevivência, veio a preocupação com a

qualidade das pedras selecionadas para a fabricação de ferramentas e armas.

Pode-se ainda citar a construção das pirâmides, a arquitetura de diversos

povos antigos, o desenvolvimento de fórmulas matemáticas e outros inventos que

marcaram a história.

Ø Inspeção

Já na Idade Média, tínhamos os artesãos e artífices fabricando seus produtos

com qualidade. Naquela época foram definidos "padrões rudimentares da qualidade

para bens e serviços e níveis básicos de desempenho da mão-de-obra, tendo sido

determinadas as condições gerais para o trabalho humano." (ALBERTON, 1999

apud PALADINI, 1995, p. 33).

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A conformidade em todos os produtos chega no início do século XX, através

da Administração Científica de Taylor, com a industrialização e a produção em

massa, tendo sido desenvolvidos sistemas baseados em inspeções, onde um ou

mais atributos eram examinados, medidos ou testados. Surge a figura do inspetor

ou supervisor da qualidade, que no final do processo fazia a inspeção e o controle

separando os ‘bons’ dos ‘maus’ produtos. (ALBERTON, 1999 apud BARÇANTE,

1998).

Ø Controle Estatístico da Qualidade

Com o crescimento da produção, o modelo de garantia da qualidade baseado

na inspeção 100% torna-se caro e ineficaz. Em 1924, Shewhart, aplicando

conhecimentos estatísticos, desenvolveu uma técnica para solucionar os problemas

de controle da qualidade da Bell Telephone Laboratories: os gráficos de controle. Ao

publicar um livro, em 1931, sob o titulo "Economic Control of Quality of Manufactured

Product", forneceu um método preciso e mensurável para o controle do processo.

Com a segunda guerra mundial, os gráficos de controle e as técnicas de

inspeção por amostragem, tiveram grande emprego na produção de armamentos.

Uma das grandes contribuições do Controle Estatístico da Qualidade foi mostrar

que, além de ser mais ágil, esta técnica oferecia resultados mais confiáveis do que a

inspeção 100%.

Ø Garantia da Qualidade

Entre as décadas de 50 e 60, houve uma ampliação da abrangência da

qualidade, dando ênfase à prevenção, bem como aos conceitos e habilidades

gerenciais.

Foram desenvolvidos os conceitos de “Custos da Qualidade, Total Quality

Control – TQC, Confiabilidade e Zero Defeito”.

Passou-se a valorizar o planejamento e o estabelecimento de padrões da

Qualidade sem, no entanto, abandonar as técnicas estatísticas.

Ø Gestão da Qualidade

Nos Estados Unidos as empresas tiveram que adotar a nova filosofia da

qualidade por uma questão de sobrevivência, uma vez que os produtos japoneses

começaram a ganhar mercado por possuírem maior qualidade e menor preço.

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A gestão da qualidade é aplicável em tudo o que se faz na empresa e em

todos os níveis; "a alta administração reconhece o impacto da qualidade no sucesso

competitivo da empresa, passando a merecer a sua atenção rotineira e integrando-

se na gestão estratégica do negócio." (ALBERTON, 1999, apud BARÇANTE, 1998,

p.12).

O foco central da Gestão da Qualidade é o atendimento das necessidades e

satisfação dos clientes. Assim, como define Alberton, "Gerenciar a qualidade total é

agir de forma planejada e sistemática para implantar e implementar um ambiente no

qual, em todas as relações fornecedor-cliente da organização, sejam elas internas

ou externas, exista a satisfação mútua." (ALBERTON, 1999, apud CERQUEIRA,

1994, p.15).

2.1.2 O Método Deming

Em 1950, William Edwards Deming tinha 50 anos e, nesta época, foi ajudar o

Japão a sair da crise econômica em que se achava, devido aos efeitos da Segunda

Guerra Mundial. No entanto, somente aos 80 anos foi descoberto pelos americanos,

através de um programa da rede de televisão americana NBC, intitulado “Se o Japão

Pode... Por Que Não Podemos?”.

Deming concluiu que para que os americanos atingissem o estágio dos

japoneses, era necessário “uma filosofia básica de administração, com a qual os

métodos estatísticos fossem compatíveis. Já tinha novos princípios a serem

ensinados quando os japoneses o chamaram em 1950. E continuou aperfeiçoando e

ampliando estes princípios nos 30 anos que se seguiram.”(WALTON, 1989, p. 35).

Tais princípios foram batizados como “os Quatorze Pontos” e encontram-se

descritos a seguir, segundo Walton (1989, p. 36-38):

Ponto 01 - Estabelecer a constância de propósito para melhorar o

produto e o serviço - O papel da empresa é oferecer emprego através de

inovação, pesquisa, aperfeiçoamento constante e manutenção.

Ponto 02 - Adotar a nova filosofia - Erros e negativismo são inaceitáveis.

Ponto 03 - Acabar com a dependência da inspeção em massa - A

qualidade é fruto não da inspeção, mas do aperfeiçoamento do processo.

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Ponto 04 - Cessar a prática de avaliar as transações apenas com base

nos preços - Procurar a melhor qualidade e tentar consegui-la com um único

fornecedor para qualquer item, num relacionamento de longo prazo.

Ponto 05 - Ir melhorando sempre o sistema de produção e serviço - A

administração é obrigada a estar sempre buscando novas formas de reduzir o

desperdício e melhorar a qualidade.

Ponto 06 - Instituir o treinamento - O trabalho deve ser corretamente

ensinado, com instruções claras.

Ponto 07 - Instituir a liderança - Liderar consiste em ajudar as pessoas a

fazer um trabalho melhor e perceber com métodos objetivos quem tem necessidade

de ajuda individual.

Ponto 08 - Afastar o medo - A perda econômica causada pelo medo é

espantosa. É necessário, para conseguir melhor qualidade e maior produtividade,

que as pessoas se sintam seguras.

Ponto 09 - Eliminar as barreiras entre as áreas de apoio - As áreas de

apoio devem trabalhar como uma equipe para poderem resolver ou prever

problemas. Não deve haver competição entre elas.

Ponto 10 - Eliminar slogans, exortações e metas para os empregados -

É preciso deixar as pessoas trabalharem com seus próprios slogans.

Ponto 11 - Eliminar as cotas numéricas - As cotas só levam em conta

números e não qualidade ou métodos. São, em geral, uma garantia de ineficiência e

custo elevado.

Ponto 12 - Remover as barreiras ao orgulho da execução - As pessoas

fazem questão de realizar um bom trabalho e ficam aflitas quando não o conseguem.

Supervisores mal orientados, equipamentos com defeito e materiais defeituosos são

barreiras que devem ser eliminadas.

Ponto 13 - Instituir um sólido programa de educação e retreinamento -

Tanto a administração quanto os empregados terão que ser educados nos novos

métodos, inclusive o trabalho em equipe e as técnicas estatísticas.

Ponto 14 - Agir no sentido de concretizar a transformação - É preciso

uma equipe de administração superior especial com um plano de ação para cumprir

a missão da qualidade. Os empregados não podem fazer isso por conta própria,

nem os administradores. Um conjunto crítico de pessoas da empresa tem que

entender os princípios da qualidade.

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2.1.3 A Evolução da Qualidade no Brasil

No final do século XIX e início do século XX, o Brasil era um país agrícola que

exportava cacau, açúcar, algodão, borracha e tinha como principal produto o café,

responsável por mais de 50% do valor das exportações.

O governo, interessado na produção agrícola, não apoiou as primeiras

investidas em industrialização, que começaram a surgir, já na segunda metade do

século XIX, intensificando-se durante o período da 1ª Guerra Mundial, tendo em

vista a falta de produtos industrializados advindos da Europa, principalmente na área

têxtil.

Com a crise econômica do café, a partir de1929 o governo passou a adotar

uma política protecionista para a indústria, desagradando os grandes fazendeiros do

café.

“Em São Paulo houve um surto industrial que favoreceu a implantação de várias fábricas de tecidos, calçados e chapéus. O Brasil, país essencialmente agrícola até a 2ª Guerra Mundial, não passou por todas as etapas de evolução da qualidade por que passaram a Europa e os Estados Unidos” (ALGARTE; QUINTANILHA, 2000, p. 47-48).

Nos tempos áureos das atividades agrícolas, foram formadas grandes

riquezas. Os carros eram importados dos Estados Unidos e da Europa.

Em 1919 foi montado o primeiro carro no país, o Ford modelo T e em 1921 a

Ford instalou a primeira linha de montagem de veículos em série no Brasil seguida,

em 1923, pela General Motors. A mão-de-obra do setor, formada por colonos

advindos das fazendas de café, não era qualificada.

Com a crise econômica, ficou difícil o crescimento das importações de

veículos, bem como o desenvolvimento da produção nacional.

As máquinas da indústria têxtil e de beneficiar café, os equipamentos de

usinas de açúcar, os implementos agrícolas e utensílios domésticos, entre outros,

eram o principal alvo das indústrias siderúrgica e metalúrgica. As máquinas e

equipamentos mais sofisticados eram importados.

A 2ª Guerra Mundial foi outro fator que fez cessar as importações, gerando o

surgimento de pequenas oficinas artesanais, origem do setor nacional de autopeças.

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Com o fim da guerra, houve um boom nas importações de veículos, o que

gerou um desequilíbrio na balança comercial. Para minimizar esse impacto, o

governo começou a pensar em ter sua própria indústria automobilística, o que

concretizou-se a partir dos anos 50. “A indústria automobilística desempenhou um

papel fundamental na formação de uma cultura da qualidade na indústria brasileira,

cultura que foi absorvida, sobretudo, pelas principais indústrias de bens de consumo

duráveis” (ALGARTE; QUINTANILHA, 2000, p. 51).

A preocupação com segurança pessoal e operacional, através da qualidade

dos equipamentos surgiu nas indústrias siderúrgica, de petróleo e petroquímica.

A Petrobras e a CSN foram criadas dentro do plano de construção nacional,

que visava, principalmente, a criação de infra-estrutura para o crescimento

sustentado do País.

A dependência tecnológica do País era total, sendo necessária a importação

tanto de projetos como de equipamentos dos Estados Unidos, bem como da França,

o que causou alguns problemas de adaptação da realidade, de clima, etc, chegando

mesmo a acarretar acidentes com vítimas fatais. Em função disso, na indústria do

petróleo deu-se início a um forte movimento pelo controle da qualidade.

A qualidade nas indústrias nucleares, de energia elétrica, de petróleo e petroquímica começou com ênfase na inspeção de equipamentos, passando pelo controle da qualidade, pela garantia da qualidade, pelos sistemas da qualidade e hoje está se encaminhando para os sistemas integrados de gestão (ALGARTE; QUINTANILHA, 2000, p. 53).

A necessidade de melhorar a produtividade e aumentar a competitividade

das empresas fez surgir, na área de bens de consumo, a preocupação com a

qualidade.

A abertura econômica trouxe uma mudança de paradigma com relação a

três fatores: preço, custo e lucro. Como não havia concorrência externa, sendo os

preços determinados a partir dos custos de produção, a produtividade pouco

importava. Daí, que se tinha a seguinte fórmula:

CUSTO + LUCRO (% do custo) = PREÇO

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Com o consumidor passando a ter mais chance de escolha, o mercado

passou a ser o determinador do preço, o que fez com que as empresas dessem

prioridade à qualidade e à produtividade, visando à redução de custos para

aumentar os lucros. Assim, a fórmula passou a ser a seguinte:

LUCRO = PREÇO – CUSTO

2.1.4 A Globalização e o Movimento pela Qualidade no Brasil

No final da década de 50, surgiram os primeiros movimentos pela qualidade

no Brasil. Com o principal objetivo de garantir a continuidade operacional e a

segurança dos equipamentos, dos funcionários e da sociedade, a questão da

qualidade começou a ser abordada pelas empresas, principalmente estatais, com

seus fornecedores, forçadas pela política de substituição das importações.

O Brasil, por ter adotado uma política de proteção de mercado, custou a

experimentar o fenômeno da globalização, que tornou possível um mundo sem

fronteiras econômicas, quando qualquer produto poderia ser produzido e vendido em

qualquer lugar.

Na década de 80, o Brasil começou a implantar diversos programas, com o

objetivo de dar condições às empresas brasileiras, privadas e públicas, de buscarem

a competitividade como uma estratégia de desenvolvimento, visando a capacitação

tecnológica e a gestão empresarial inovadora, baseando-se na aplicação de práticas

voltadas para a Qualidade e a Produtividade. São eles:

ProQP - PROGRAMA DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE - teve por

objetivo promover a qualidade, aumentar a produtividade, reduzir custos e

incrementar a competitividade de produtos e serviços brasileiros;

PADCT - PROGRAMA DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO

E TECNOLÓGICO - teve por objetivo aumentar o apoio financeiro à pesquisa, em

áreas definidas como prioritárias. Possuía os seguintes Programas, Subprograma e

Projeto:

TIB - Subprograma Tecnologia Industrial Básica

PEGQ - Projeto de Especialização em Gestão da Qualidade

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Programa de Capacitação para a Qualidade

Programa de Capacitação de Multiplicadores

Programa de Cooperação Externa

Programa Cooperativo para a Gestão Avançada da Qualidade;

RHAE - PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

PARA ATIVIDADES ESTRATÉGICAS - tem por objetivo ampliar a capacidade

tecnológica das empresas e entidades prestadoras de serviços tecno-científicos,

melhorar a competitividade da economia brasileira e solucionar problemas

tecnológicos relevantes;

PICE - POLÍTICA INDUSTRIAL E DE COMÉRCIO EXTERIOR - teve por

propósito aumentar a eficiência da produção e da comercialização de bens e

serviços, bem como contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população

brasileira. Possuía três mecanismos:

PACTI - Programa de Apoio à capacitação Tecnológica da Indústria

PCI - Programa de Competitividade Industrial

PBQP - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade

2.1.5 O Programa da Qualidade no Serviço Público - PQSP

A partir da implantação do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade

- PBQP, por volta de 1991, começou a haver uma mudança na administração

pública brasileira, cujo grande propósito foi transformar as organizações públicas,

procurando torná-las cada vez mais preocupadas com o cidadão e não apenas com

os seus processos burocráticos internos.

De fato, o principal objetivo é fazer com que a organização pública passe a

considerar o cidadão como parte interessada e essencial ao sucesso da gestão

pública e, em função disso, que a avaliação do desempenho institucional somente

seja considerada aceitável se incluir a satisfação do cidadão como item de

verificação.

O quadro 01 mostra as três fases que caracterizaram o desenvolvimento do

PQSP, como a sensibilização das instituições, passando para os ciclos de

premiação e consolidando a fase da qualidade dos serviços, visando a satisfação do

cliente.

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24

1991 1996 1999

Sub Programa da Administração Pública

Programa da Qualidade e Participação na

Administração Pública

QPAP

Programa da Qualidade no Serviço Público

PQSP

Sensibilização e Capacitação

Foco Interno

Técnicas e Ferramentas

Avaliação e Premiação

Foco Interno e Externo

Gestão e Resultados

Qualidade dos Serviços

Foco Externo

Satisfação do Cidadão

Quadro 01 – Fases do desenvolvimento do PQSP Fonte: PQSP, 2003

A qualidade no serviço público passou a ser vista como uma necessidade,

alicerçada pelo tripé organizações, servidores e cidadãos mobilizados, todos

visando a melhoria da gestão no serviço público.

Observa-se então, que há dois desafios para a administração pública : elevar

o padrão dos serviços prestados ao cidadão, bem como tornar este cidadão mais

exigente em relação a esses serviços.

Daí termos as ações do PQSP focadas, principalmente, para onde o

relacionamento da organização pública com o cidadão é direto, seja na condição de

prestadora de serviço, seja na condição de executora da ação do Estado.

O Programa deve ser olhado como um poderoso instrumento de cidadania,

pois além de atuar junto às organizações, mobilizando-as para a melhoria da gestão

pública, ele dá à sociedade civil a responsabilidade e o direito de exercer sua

cidadania, fazendo com que ela avalie os serviços e as ações do Estado.

Os principais objetivos do Programa são (PQSP, 2003):

§ Apoiar as organizações públicas no processo de transformação gerencial, com

ênfase na produção de resultados positivos para a sociedade, na otimização dos

custos operacionais, na motivação e participação dos servidores, na delegação,

na racionalidade no modo de fazer, na definição clara de objetivos e no controle

dos resultados.

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§ Promover o controle social.

Esses dois grandes objetivos se desdobram nos seguintes objetivos

gerenciais:

§ Promover a adesão das organizações públicas brasileiras ao Programa da

Qualidade no Serviço Público.

§ Apoiar e avaliar as ações que visem ao aprimoramento e à melhoria da qualidade

dos serviços prestados pelas organizações públicas ao cidadão e à sociedade.

§ Promover a participação dos cidadãos no processo de definição, implementação

e avaliação da ação pública.

§ Avaliar os resultados e níveis de satisfação dos usuários dos serviços públicos.

§ Sensibilizar os servidores para a participação no esforço de melhoria da

qualidade da gestão pública e dos serviços prestados ao cidadão e à sociedade.

§ Consolidar a consciência dos valores éticos inerentes ao serviço público.

2.2 O Modelo de Excelência e o Prêmio Qualidade do Governo Federal

O Instrumento de Avaliação da Gestão Pública é utilizado para medir e

melhorar a gestão das organizações que se candidatam ao PQGF e tem por

referência o Modelo de Excelência em Gestão Pública e os conceitos preconizados

pelo próprio Prêmio, constituindo-se num conjunto de orientações e parâmetros de

avaliação da gestão.

Com base no resultado dessas avaliações é possível melhorar o sistema de

gestão da organização avaliada de forma objetiva e consistente.

2.2.1 O Modelo de Excelência em Gestão Pública

Nos anos 90, buscou-se um novo modelo de gestão pública, focado em

resultados e orientado para o cidadão, pois se detectou que o maior desafio do setor

público brasileiro era de natureza gerencial.

Era necessário um modelo de gestão que orientasse as instituições para as

mudanças desejadas, bem como permitisse a realização de avaliações comparativas

do desempenho entre as organizações públicas brasileiras e estrangeiras e mesmo

com empresas e demais organizações do setor privado.

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26

Em princípio, foram adotados modelos utilizados pelos prêmios e sistemas

existentes, o que mostrou-se inadequado tendo em vista as diferentes realidades.

Assim, foi necessária uma adaptação da linguagem, a fim de oferecer melhor

explicação dos conceitos, mantendo o alinhamento em termos de critérios,

pontuação e, principalmente, da essência que define todos os modelos analisados

como de excelência em gestão. Transformar a gerência das organizações com base

em padrões e práticas mundialmente aceitas, foi o principal objetivo.

Esta adaptação garantiu aspectos importantes: interpretar para o setor público

os conceitos de gestão contidos nos modelos e preservar a natureza pública das

organizações que integram o aparelho do Estado brasileiro.

A fim de acompanhar o “estado da arte” da gestão preconizado pelos modelos

de referência que lhe deram origem e, também, de acompanhar as mudanças

havidas na administração pública brasileira, o Modelo de Excelência em Gestão

Pública continua sendo aperfeiçoado.

O Modelo de Excelência em Gestão Pública é composto por sete critérios

que, juntos, compõem um sistema de gestão para as organizações do setor público

brasileiro.

Segundo o documento do PQSP (2003), os critérios que compõem o modelo

são os seguintes:

1. Liderança;

2. Estratégias e planos;

3. Clientes;

4. Informação;

5. Pessoas

6. Processos;

7. Resultados.

O Modelo de Excelência em Gestão Pública está fundamentado nos 8

Princípios da Gestão Pública pela Qualidade, identificados no Instrumento para

Avaliação da Gestão Pública (PQGF, 2003) e descritos a seguir:

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Ø Satisfação do cliente

Atenção prioritária deve ser dada ao cliente. Os usuários devem avaliar a

prestação dos serviços, para que as instituições tenham o conhecimento necessário

para gerar produtos e serviços de valor para esses clientes.

Ø Envolvimento de todos

Trabalho harmônico e integrado entre gerentes e gerenciados é um pré-

requisito para que a organização aprenda continuamente e dê sustentabilidade ao

seu desenvolvimento, assim como o envolvimento e o comprometimento da alta

administração.

Ø Gestão participativa

Gestão pública de excelência tem que ser participativa. As pessoas têm que

se sentir parte dos processos de trabalho. Um verdadeiro líder faz com que todos

assumam suas responsabilidades, dando o melhor de si. Ele sabe ver as diferenças

entre os membros da equipe e sabe trabalhar com o que tem de melhor em cada

um, harmonizando os interesses individuais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia

das equipes de trabalho.

Ø Gerência de processos

Gerenciar o processo significa planejar e garantir através de um conjunto de

atividades inter-relacionadas, que o insumo será transformado em produto ou

serviço, com valor agregado.

Ø Valorização das pessoas

Valorizar as pessoas inclui mostrar reconhecimento pelo bom desempenho,

oferecer oportunidades de aprendizado e de desenvolvimento das potencialidades,

dando autonomia para o alcance das metas.

Ø Constância de propósitos

Agir persistentemente para que as ações do dia-a-dia contribuam para a

construção de um futuro estabelecido para a organização.

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Ø Melhoria contínua

Não basta solucionar os problemas, reduzir o desperdício ou eliminar os

defeitos, é preciso continuamente buscar melhorias, inovar e romper com práticas

que deixam de ser necessárias, apesar da competência da organização em

realizá-las.

Ø Gestão pró-ativa

A organização precisa correr riscos, antecipando-se no atendimento às novas

demandas dos usuários, dando respostas rápidas; daí a necessidade de um foco

permanente em resultados, medidos por meio de indicadores.

2.2.2 O Prêmio Qualidade do Governo Federal – PQGF

O Prêmio Qualidade do Governo Federal - PQGF foi instituído em 3 de março

de 1998, como uma das ações estratégicas do Programa da Qualidade no Serviço

Público. Reconhecer e premiar as organizações públicas que comprovem alto

desempenho institucional, com qualidade em gestão, é a sua finalidade.

Anualmente, as organizações públicas se candidatam de acordo com

instruções previamente estabelecidas para o ciclo de premiação.

O Modelo de Excelência em Gestão Pública é a base do processo de

avaliação da gestão de cada candidata.

Conceder o Prêmio significa destacar, dentre as organizações participantes

de um ciclo de premiação, aquelas que evidenciam melhoria gerencial na direção da

inovação, da redução de custos, da qualidade dos serviços e da satisfação do

cidadão.

O Prêmio passou a chamar-se Prêmio Nacional da Gestão Pública, pois

ampliou seu escopo de atuação ao longo desses cinco anos: de um prêmio

exclusivo para o poder executivo em 1998, para um prêmio aberto a todas as

organizações públicas brasileiras; de um prêmio de 500 pontos, destinado a

reconhecer as organizações a caminho da excelência, para um prêmio de 1000

pontos destinado a reconhecer as organizações públicas de classe mundial.

(PQGF,2003)

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Ø Objetivos (PQGF, 2003):

§ Reconhecer formalmente os resultados alcançados pelas organizações com a

implementação da Gestão Pública pela Qualidade.

§ Estimular órgãos e entidades da administração pública brasileira a priorizarem

ações voltadas para a melhoria da gestão e do desempenho institucional.

§ Disponibilizar para as organizações informações sobre práticas bem sucedidas

da gestão pública empreendedora.

Ø Público-alvo (PQGF, 2003):

Todas as organizações públicas brasileiras, dos poderes Executivo,

Legislativo e Judiciário, das esferas federal, estadual e municipal.

Ø Benefícios do processo de premiação (PQGF, 2003):

Ao participar do Prêmio Nacional da Gestão Pública, a candidata:

a) recebe uma avaliação de sua gestão, feita por uma banca de especialistas

em gestão pública;

b) passa a dispor de mecanismos capazes de manter e estimular a

participação dos servidores e empregados no processo de melhoria contínua da

organização voltados para atender à sociedade;

c) se reconhecida, passa a ter práticas da gestão divulgadas como

referenciais para a transformação de outras organizações.

2.2.3 Os Critérios do PQGF e a Pontuação

O quadro 02 permite uma visualização dos critérios do PQGF e relativas

pontuações (Instrumento de Avaliação Pública, 2002). O Instrumento completo de

Avaliação consta de 7 critérios que perfazem um total de 1000 pontos. Os critérios

são: Liderança, Estratégias e Planos, Clientes, Informação, Pessoas, Processos e

Resultados. Como o objetivo deste trabalho está direta e exclusivamente

relacionado com o Critério 5 - Pessoas, na continuidade, somente este item será

explorado. Este critério engloba Sistemas de Trabalho; Educação, Capacitação e

Desenvolvimento; e Qualidade de Vida.

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Critérios e Itens Pontos

1 Liderança 1.1 Sistema de liderança 1.2 Responsabilidade pública e cidadania

90 60 30

2 Estratégias e Planos 2.1 Formulação das estratégias 2.2 Operacionalização das estratégias

90 40 50

3 Clientes 3.1 Conhecimento mútuo 3.2 Relacionamento com o cliente

90 40 50

4 Informação 4.1 Gestão das informações da organização 4.2 Gestão das informações comparativas 4.3 Análise crítica do desempenho global

90 30 30 30

5 Pessoas 5.1 Sistemas de trabalho 5.2 Educação, capacitação e desenvolvimento 5.3 Qualidade de vida

90 30 30 30

6 Processos 6.1 Gestão de processos finalísticos 6.2 Gestão de processos de apoio 6.3 Gestão de processos relativos aos fornecedores

90 40 20 30

7 Resultados 7.1 Resultados relativos aos clientes 7.2 Resultados orçamentários/financeiros 7.3 Resultados relativos às pessoas 7.4 Resultados relativos aos fornecedores 7.5 Resultados relativos aos serviços/produtos e aos processos

organizacionais

460 110 110 80 60 100

Total de Pontos 1000 Quadro 02 – Critérios e Pontuação do PQGF Fonte: Instrumento de Avaliação da Gestão Pública – 2002

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2.2.4 O Critério Pessoas

O Critério Pessoas examina como a organização prepara e estimula os

colaboradores para desenvolver e utilizar seu pleno potencial, em alinhamento com

as estratégias da organização. O Critério também examina os esforços para criar e

manter um ambiente que conduza à excelência no desempenho, à plena

participação e ao crescimento individual e institucional. Examina ainda como as

práticas relativas ao sistema de trabalho, educação, capacitação e desenvolvimento

e qualidade de vida são avaliadas e melhoradas.

Os quadros 03, 04 e 05 trazem a descrição de cada item do Critério 5 –

Pessoas. Eles são utilizados para orientar as instituições candidatas quando da

elaboração dos relatórios de gestão. Cada item do critério permite uma pontuação

máxima de 30 pontos. O Sistema de Trabalho engloba a organização do trabalho e

estrutura de cargos e funções, seleção e preenchimento de cargos e funções,

sistemas de avaliação do desempenho, reconhecimento e remuneração dos

colaboradores. A Educação, Capacitação e Desenvolvimento visa identificar as

necessidades e estabelecer os planos de educação, capacitação e desenvolvimento,

armazenamento, compartilhamento, proteção (capital intelectual), aplicação e reforço

no trabalho, das habilidades e conhecimentos adquiridos, e avaliar a eficácia dos

programas de desenvolvimento e capacitação dos colaboradores. Por último, o item

Qualidade de Vida envolve a implementação de um ambiente seguro e saudável,

promoção do bem-estar e da satisfação e medição e avaliação do bem-estar,

satisfação e motivação dos colaboradores.

O PQGF tem sido um importante instrumento de avaliação das organizações

públicas. Neste contexto o Inmetro, autarquia federal, começou sua participação nos

ciclos do Prêmio, em 1998.

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Sistemas de trabalho 30 pontos Organização do trabalho e estrutura de cargos e funções, seleção e preenchimento de cargos e funções, sistemas de avaliação do desempenho, reconhecimento e remuneração dos colaboradores.

Abordar os seguintes requisitos, evidenciando sua aplicação: A. Como são definidas, implementadas e

acompanhadas a organização dos colaboradores, em todos os níveis, e a estruturação dos cargos e funções, de forma a assegurar:

1. oportunidades para a participação dos colaboradores nos processos da organização, possibilitando a iniciativa, a criatividade, a inovação e o desenvolvimento de seu potencial;

2. flexibilidade e rapidez nas respostas aos interesses dos clientes;

3. comunicação eficaz e o compartilhamento de conhecimentos e habilidades entre as unidades da organização.

B. Como os colaboradores são selecionados e como os cargos e funções são preenchidos. Destacar:

1. as características e habilidades necessárias para os cargos e funções;

2. o alinhamento dos métodos de seleção e preenchimento de cargos e funções com as estratégias da organização.

C. Como os colaboradores são avaliados, remunerados e reconhecidos, individualmente ou em equipe. Destacar:

1. os principais fatores de desempenho

avaliados e como eles estão alinhados com as metas e diretrizes da organização;

2. como os sistemas se estruturam para reforçar o aprendizado e as metas de desempenho;

3. como está estruturado o sistema de remuneração dos colaboradores, especificando como este sistema reforça as metas de desempenho, o aprendizado e a organização do trabalho.

D. Como é verificado se os padrões de trabalho das práticas de gestão referentes a este item estão sendo cumpridos, destacando os principais indicadores e/ou informações qualitativas utilizados e como as ações decorrentes da verificação são implementadas.

E. Como as práticas e os padrões de trabalho

referentes a este item são avaliados e melhorados, especificando os principais indicadores e/ou informações qualitativas utilizadas. Destacar os responsáveis pela avaliação, freqüências e as principais melhorias implementadas.

Notas: 1. Para cada prática descrita, evidenciar como a mesma é aplicada, ou seja, disseminada e usada, de forma periódica e

ininterrupta, nos processos, setores e nas interações com as partes interessadas. Reforçar a evidência com a apresentação de exemplos.

2. Na abordagem das alíneas, destacar as eventuais diferenças nas práticas utilizadas em função das peculiaridades dos diversos tipos ou categorias de colaboradores.

3. Na alínea “A”, podem ser mencionadas práticas relativas à formação de equipes de trabalho, à estruturação formal do

trabalho (manualização, padronização de rotinas), à definição formal de competências e delegações, ao arranjo espacial das áreas de trabalho, à alteração no fluxo de informações etc.

4. Na alínea “C”, mencionar mecanismos de distribuição de gratificação por desempenho e produtividade vinculada a cargos

existentes na organização; mecanismos de vinculação da nomeação de colaboradores em funções de direção e assessoramento (DAS) a critérios fundamentados na qualidade e na produtividade apresentada no trabalho, no alcance de metas de desempenho e no aprendizado etc.

5. Os resultados da aplicação das práticas ou seja, dos indicadores de desempenho relativos aos sistemas de trabalho,

devem ser apresentados no Item 7.3. 6. Relatar no Item 7.5 os resultados de indicadores que são utilizados especificamente para a realização da avaliação e

melhoria das práticas relativas aos sistemas de trabalho e cujos resultados não estejam sendo solicitados nos demais Itens do Critério 7.

Quadro 03 – Critério 5 – Sistemas de Trabalho Fonte: Instrumento de Avaliação da Gestão Pública – 2002

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Educação, capacitação e desenvolvimento 30 pontos Identificação das necessidades e estabelecimento dos planos de educação, capacitação e desenvolvimento, armazenamento, compartilhamento, proteção, aplicação e reforço no trabalho, das habilidades e conhecimento adquiridos, e avaliação da eficácia dos programas de desenvolvimento e capacitação dos colaboradores.

Abordar os seguintes requisitos, evidenciando sua aplicação: A. Como as necessidades de educação,

capacitação e desenvolvimento são identificadas e definidas, considerando as estratégias e planos da organização e a melhoria do desempenho e o crescimento individual dos colaboradores. Destacar como os colaboradores são envolvidos nesse processo e na elaboração do plano de capacitação.

B. Como os colaboradores são desenvolvidos e

capacitados. Destacar: 1. a integração dos novos colaboradores; 2. o desenvolvimento de gerentes e

colaboradores com cargo de chefia; 3. a preparação dos colaboradores que atuam

diretamente junto aos clientes externos; 4. os métodos de aconselhamento, rotação no

trabalho e desenvolvimento de carreira adotados.

C. Como os planos de educação, capacitação e

desenvolvimento são compatibilizados com os recursos disponíveis, em especial com o plano orçamentário/financeiro.

D. Como as habilidades e os conhecimentos

adquiridos são avaliados em relação à sua utilidade na execução do trabalho e à sua eficácia na consecução das estratégias da organização.

E. Como é cultivada, mantida e protegida a

materialização do pensamento inovador e criativo. Destacar: 1. as práticas para retenção ou atração de

especialistas e o tratamento dado aos direitos autorais e às patentes;

2. o enfoque dado à tecnologia e aos especialistas necessários para identificar e aproveitar as novas oportunidades de aumentar o valor de seus serviços/produtos para os clientes.

F. Como é verificado se os padrões de trabalho

das práticas de gestão referentes a este item estão sendo cumpridos, destacando os principais indicadores e/ou informações qualitativas utilizados e como as ações decorrentes da verificação são implementadas.

G. Como as práticas e os padrões de trabalho

referentes a este item são avaliados e melhorados, especificando os principais indicadores e/ou informações qualitativas utilizadas. Destacar os responsáveis pela avaliação, freqüências e as principais melhorias implementadas.

Notas: 1. Para cada prática descrita, evidenciar como a mesma é aplicada, ou seja, disseminada e usada, de forma periódica e

ininterrupta, nos processos, setores e nas interações com as partes interessadas. Reforçar a evidência com a apresentação de exemplos.

2. Na abordagem das alíneas, destacar as eventuais diferenças nas práticas utilizadas em função das peculiaridades dos diversos tipos ou categorias de colaboradores.

3. Na alínea “C”, apresentar todas as práticas que a organização se utiliza para promover o desenvolvimento do colaborador, incluindo não apenas as principais práticas de educação e capacitação formais e informais, mas também as relativas à disponibilização de oportunidades de desenvolvimento, proposição de desafios etc.

4. No caso da organização configurar-se como uma unidade de um órgão maior, mencionar, na alínea “A”, como os colaboradores são envolvidos e participam da proposta de capacitação que a unidade apresenta ao setor responsável pela elaboração do plano de capacitação.

5. Na alínea “B” apresentar os meios utilizados pela organização para operacionalizar os treinamentos planejados no plano de capacitação: utilização de recursos próprios (instrutores retirados do quadro de colaboradores, instalações e/ou material instrucional); estabelecimento de parcerias com outros órgãos, contratação de serviços de terceiros etc.

6. As práticas relativas à educação, capacitação e desenvolvimento de fornecedores devem ser descritas no Item 6.3.

7. Os resultados da aplicação das práticas, ou seja, dos indicadores relativos à educação, capacitação e desenvolvimento, devem ser apresentados no Item 7.3

8. Relatar no Item 7.5 os resultados de indicadores que são utilizados especificamente para a realização da avaliação e melhoria das práticas relativas à educação, capacitação e desenvolvimento e cujos resultados não estejam sendo solicitados nos demais Itens do Critério 7.

Quadro 04 – Critério 5 – Educação, capacitação e desenvolvimento Fonte: Instrumento de Avaliação da Gestão Pública – 2002

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Qualidade de vida 30 pontos Promoção de um ambiente seguro e saudável, promoção do bem-estar e da satisfação e medição e avaliação do bem-estar, satisfação e motivação dos colaboradores.

Abordar os seguintes requisitos, evidenciando sua aplicação: A. Como a organização promove um ambiente de

trabalho seguro e saudável e como identifica e trata os fatores relacionados à ergonomia, saúde e segurança dos colaboradores. Destacar:

1. como os colaboradores participam da identificação desses fatores;

2. os principais requisitos, indicadores e metas para cada um dos fatores.

3. os principais fatores relacionados à ergonomia, saúde e segurança.

B. Como são promovidos o bem-estar e a

satisfação dos colaboradores por meio de serviços, benefícios, atividades e oportunidades colocados à sua disposição. Destacar:

1. os principais serviços de apoio oferecidos aos colaboradores;

2. como esses serviços estão alinhados com as expectativas dos colaboradores.

Como a organização mede e avalia o bem-estar, a satisfação e a motivação dos colaboradores. Destacar:

1. como são identificados os fatores que

afetam o bem-estar, a satisfação e a motivação dos colaboradores (mencionar os principais fatores);

2. como as informações obtidas são utilizadas para promover e melhorar o ambiente do trabalho, o bem-estar e a motivação dos colaboradores. Descrever as principais ações de melhoria implementadas.

Como é verificado se os padrões de trabalho das práticas de gestão referentes a este item estão sendo cumpridos, destacando os principais indicadores e/ou informações qualitativas utilizados e como as ações decorrentes da verificação são implementadas. Como as práticas e os padrões de trabalho referentes a este item são avaliados e melhorados, especificando os principais indicadores e/ou informações qualitativas utilizadas. Destacar os responsáveis pela avaliação, freqüências e as principais melhorias implementadas.

Notas: 1. Para cada prática descrita, evidenciar como a mesma é aplicada, ou seja, disseminada e usada, de forma periódica e

ininterrupta, nos processos, setores e nas interações com as partes interessadas. Reforçar a evidência com a apresentação de exemplos.

2. Na abordagem das alíneas, destacar as eventuais diferenças nas práticas utilizadas em função das peculiaridades dos diversos tipos ou categorias de colaboradores.

3. Na alínea “B”, devem ser citados como benefícios somente aqueles que não estiverem expressamente previstos em lei.

Devem também ser mencionados os serviços disponibilizados aos colaboradores, tais como transporte, terminais da rede bancária e bancas de jornal dentro das instalações da organização etc.

4. Os resultados da aplicação das práticas ou seja, dos indicadores relativos ao bem-estar e à satisfação dos colaboradores

devem ser apresentados no Item 7.3. 5. Relatar no Item 7.5 os resultados de indicadores que são utilizados especificamente para a realização da avaliação e

melhoria das práticas relativas à qualidade de vida e cujos resultados não estejam sendo solicitados nos demais Itens do Critério 7.

Quadro 05 – Critério 5 – Qualidade de Vida Fonte: Instrumento de Avaliação da Gestão Pública – 2002

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2.3 O Inmetro e o PQGF 2.3.1 Um Breve Histórico da Criação do Inmetro

A falta de padronização dos pesos e medidas no Brasil, por volta da segunda

metade do séc. XIX, trouxe muitas dificuldades para o comércio nacional. Foram

feitas diversas tentativas de uniformização das unidades de medir brasileiras, mas,

somente quando o Imperador Pedro II, muito estudioso e apreciador das ciências,

percebeu o problema é que introduziu no País, através da Lei 1.157, de 26 de junho

de 1862, o “Systema Metrico Francez” (sistema métrico decimal francês), o que deu

início a grandes transformações sociais e econômicas (DIAS, 1998). O Brasil foi uma

das primeiras nações a adotar o novo sistema, que seria utilizado em todo o mundo.

No século XX, com o crescimento industrial, o País passou a clamar por

instrumentos de controle que viessem a impulsionar a produção, bem como proteger

os consumidores e os próprios produtores.

A partir do final da década de 30, alguns Decretos-Lei foram promulgados

visando, dentre outras providências, estabelecer um sistema legal de medidas no

Brasil e definir a tipologia para os padrões de pesos e medidas. Tais medidas

envolviam o Instituto Nacional de Tecnologia – INT, estabelecendo para ele uma

nova estrutura regimental e aproximando-o do modelo organizacional e funcional do

organismo norte-americano, ou seja, não só um Instituto de metrologia, mas também

de tecnologia, acrescendo-se atribuições gerenciais (coordenação das ações dos

órgãos delegados por todo o país), fiscais (definição e arrecadação por serviços,

calibrações e multas) e fiscalizatórias.

Em janeiro de 1946, foi criada a Divisão de Metrologia do INT, sendo as

atividades metrológicas dispersas nas diversas unidades existentes até então.

A fim de cumprir as atribuições metrológicas de forma independente, foi

criado, em 1961, o Instituto Nacional de Pesos e Medidas – INPM. No mesmo ato,

são extintas a Comissão de Metrologia e a Divisão de Metrologia do INT, sendo as

pessoas, as atividades e os equipamentos metrológicos transferidos dessa última

para o novo Instituto.

Em 1967, a partir do Decreto-Lei nº 240, é formulada a Política Nacional de

Metrologia, e criado o Sistema Nacional de Metrologia. Ele explicita que os aspectos

referentes à metrologia legal seriam controlados pelo próprio INPM, com reprodução

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em nível estadual, dando origem à Rede Nacional de Metrologia Legal – RNML. Já

os aspectos científicos seriam desenvolvidos através de projetos de cooperação com

organismos internacionais congêneres. Foi introduzido, também, em todo o território

nacional, o Sistema Internacional de Unidades – SI.

Apesar de todas as providências, num futuro próximo, seria constatado que

estas ações não eram suficientes. Era preciso acompanhar o mundo na sua corrida

tecnológica, no aperfeiçoamento, na exatidão e, principalmente, no atendimento às

exigências do consumidor; estava faltando a Qualidade.

Foi assim que, em 11 de dezembro de 1973, através da Lei 5.966, foi criado o

Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Sinmetro,

com a finalidade de formular e executar a política nacional de metrologia,

normalização industrial e certificação da qualidade de produtos industriais.

Como órgão executor das políticas emanadas do Conmetro – Conselho

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, foi criado, na mesma

Lei, o Inmetro, tendo sua personalidade jurídica estabelecida como autarquia

federal, vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio.

O Conmetro, é um colegiado interministerial que exerce a função de órgão

normativo do Sinmetro e que tem o Inmetro como sua secretaria executiva. Ele tinha

e tem até hoje, como atribuições, coordenar e supervisionar a política nacional de

metrologia, normalização e qualidade industrial, estimular a normalização voluntária,

estabelecer normas referentes a materiais e produtos industriais, fixar critérios e

procedimentos para a certificação da qualidade de materiais e produtos e coordenar

a participação nacional nas atividades internacionais de metrologia, normalização e

certificação da qualidade (Inmetro, 2003).

2.3.2 O Inmetro Hoje

O Inmetro tem como objetivo fortalecer as empresas nacionais, aumentando

sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da

qualidade de produtos e serviços. Sua missão é promover a qualidade de vida do

cidadão e a competitividade da economia através da metrologia e da qualidade.

Além disso, está constantemente na luta para conquistar e manter o

reconhecimento internacional do Sistema Nacional de Metrologia e do Sistema

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Brasileiro de Credenciamento de Laboratórios, Organismos de Certificação e

Inspeção, sempre trabalhando para que o País ingresse e se mantenha

competitivamente no mercado externo.

2.3.3 Principais Competências e Atribuições do Inmetro

As principais competências e atribuições do Inmetro atualmente, de acordo

com Inmetro (2003), podem ser assim enumeradas:

§ Executar as políticas nacionais de metrologia e da qualidade.

§ Verificar a observância das normas técnicas e legais, no que se refere

às unidades de medida, métodos de medição, medidas materializadas, instrumentos

de medição e produtos pré-medidos.

§ Manter e conservar os padrões das unidades de medida, assim como

implantar e manter a cadeia de rastreabilidade dos padrões das unidades de medida

no País, de forma a torná-las harmônicas internamente e compatíveis no plano

internacional, visando, em nível primário, à sua aceitação universal e, em nível

secundário, à sua utilização como suporte ao setor produtivo, com vistas à qualidade

de bens e serviços.

§ Fortalecer a participação do País nas atividades internacionais

relacionadas com metrologia e qualidade, além de promover o intercâmbio com

entidades e organismos estrangeiros e internacionais.

§ Prestar suporte técnico e administrativo ao Conmetro, bem como aos

seus comitês de assessoramento, atuando como sua Secretaria-Executiva.

§ Fomentar a utilização da técnica de gestão da qualidade nas empresas

brasileiras.

§ Planejar e executar as atividades de credenciamento de laboratórios de

calibração e de ensaios, de provedores de ensaios de proficiência, de organismos

de certificação, de inspeção, de treinamento e de outros, necessários ao

desenvolvimento da infra-estrutura de serviços tecnológicos no País.

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§ Coordenar, no âmbito do Sinmetro, a certificação compulsória e

voluntária de produtos, de processos, de serviços e a certificação voluntária de

pessoal.

2.3.4 A Participação do Inmetro no PQGF

A fim de avaliar e melhorar seu modelo de gestão, o Inmetro passou a

participar dos prêmios de gestão. Sua inserção iniciou-se, em 1997, com sua

participação no PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade e no PQRio – Prêmio

Qualidade Rio, recebendo deste último, a Medalha Prata.

No PQGF, em 1998 e 1999 recebeu o Reconhecimento Prata e em 2000, o

Reconhecimento Ouro. Atualmente o Inmetro está se preparando para participar do

PQGF, ciclo 2004.

2.4 A Gestão de Pessoas

Pensar em qualidade sem pensar em atendimento das necessidades e

expectativas dos clientes, sejam eles internos ou externos, é praticamente

impossível e, atender às expectativas dos clientes externos sem satisfazer as

necessidades dos clientes internos, também.

Muito mais do que depender dos sistemas, das ferramentas e dos métodos de

trabalho, a qualidade depende, antes de tudo, da atitude das pessoas, pois o

empregado que se sente estimulado e protegido produz mais e melhor.

Pesquisas desenvolvidas comprovam que o incentivo econômico não é

suficiente para fazer com que haja resposta da força de trabalho. Salários e

benefícios são vistos como direitos e não como elementos de motivação.

Segundo Barçante e Castro (1995, p. 20), ao ouvir a voz do cliente interno, ou

seja, dos funcionários, a empresa estará tratando-o como um aliado e não só como

um mero cumpridor de ordens, estará vendo que dele dependem os seus bons

resultados.

Gestão de pessoas, para Tachizawa et al (2001, p. 19), pode ser entendida

como “um processo de gestão descentralizada apoiada nos gestores responsáveis,

cada qual em sua área, pelas atividades-fim e atividades-meio das organizações”.

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Segundo Chiavenato (1999, p. 4), o contexto da Gestão de Pessoas é

formado por pessoas e organizações. Boa parte da vida das pessoas é passada

dentro das organizações que, por sua vez, dependem das pessoas para atingirem

seus objetivos. Se, por um lado, as pessoas dependem das organizações para sua

subsistência e sucesso pessoal, as empresas, por outro, jamais existiriam se não

fossem as pessoas, que lhes dão vida, dinâmica, impulso, criatividade e

racionalidade.

Para Maslow (2000, p.1), a relação com o trabalho para algumas pessoas é

vital, alguns indivíduos chegam a assimilar o trabalho como sua identidade. De uma

certa forma, o trabalho passa a ser parte inerente da definição que eles fazem de si

mesmos.

Até recentemente, a relação entre pessoas e organizações era considerada

antagônica e conflitante; a empresa visando lucro, máxima aplicação de recursos

físicos e financeiros, produtividade, etc e as pessoas visando bons salários,

benefícios, lazer, segurança no trabalho e no emprego, etc. Geralmente a relação

era baseada no “ganha-perde”, ou seja para um ganhar o outro necessariamente

teria que perder.

Atualmente, já se preconiza a relação do “ganha-ganha”. Esta solução, de

acordo com Chiavenato, “requer negociação, participação e sinergia de esforços”

(CHIAVENATO, 1999, p.5).

O quadro 06 demonstra as divergências entre as expectativas das

organizações e as das pessoas, segundo Chiavenato (1999, p. 5).

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OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS OBJETIVOS INDIVIDUAIS

ü Sobrevivência

ü Crescimento sustentado

ü Lucratividade

ü Produtividade

ü Qualidade nos produtos/serviços

ü Redução de custos

ü Participação no mercado

ü Novos mercados

ü Novos clientes

ü Competitividade

ü Imagem no mercado

ü Melhores salários

ü Melhores benefícios

ü Estabilidade no emprego

ü Segurança no trabalho

ü Qualidade de vida no trabalho

ü Satisfação no trabalho

ü Consideração e respeito

ü Oportunidades de crescimento

ü Liberdade para trabalhar

ü Liderança liberal

ü Orgulho da organização

Quadro 06 - Divergências entre expectativas: organizações X pessoas Fonte: Chiavenato (1999, p. 5)

A parceria é o principal elemento dos processos produtivos. Os vários

parceiros são os responsáveis pelo sucesso de uma organização e cada um tem o

que oferecer, mas também tem suas expectativas, a saber: os acionistas

contribuem com capital de risco e investimento e esperam de retorno lucros e

dividendos e valor agregado; os empregados contribuem com trabalho, esforço,

conhecimentos e habilidades e esperam de retorno salários, benefícios, retribuições

e satisfações; os fornecedores contribuem com matérias-primas, insumos básicos,

serviços e tecnologias e esperam de retorno lucros e novos negócios; e os clientes e

consumidores que contribuem na aquisição dos bens e serviços, esperam de retorno

qualidade, preço, satisfação e valor agregado.

Como se vê, todos têm o que oferecer mas sempre têm a expectativa e a

necessidade de algum retorno. A continuidade e o sucesso na parceria se darão na

medida em que as expectativas forem atendidas.

Até há pouco tempo, os acionistas eram os parceiros mais privilegiados

quando da distribuição e apropriação dos resultados da organização. Hoje, já se

tem a visão de que os empregados são os parceiros mais íntimos, pois eles estão

dentro da organização, dando-lhe vida e dinamismo. Desta forma, a organização

deve olhar para o empregado e escolher o que o vai querer ver: um recurso

organizacional ou um parceiro.

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Ao olhar para os empregados e enxergá-los como recursos organizacionais,

ou o que se chama de Recursos Humanos, a empresa passa a ter que administrá-

los, o que implica em planejamento, direcionamento, controle, etc. Vendo-os como

parceiros, passam a ser fornecedores de conhecimentos, habilidades, capacidades e

inteligência e transformam-se no capital intelectual da organização.

O quadro 07 apresenta uma comparação entre as pessoas consideradas

como recursos ou como parceiros, de acordo com Chiavenato (1999, p. 7). Ele

mostra que quando as pessoas são vistas/consideradas como parceiras do negócio

existe uma valorização da equipe, bem como uma preocupação maior com os

resultados e com a responsabilidade grupal, além da valorização do conhecimento,

da inteligência e do talento.

PESSOAS COMO RECURSOS PESSOAS COMO PARCEIROS

ü Empregados isolados nos cargos

ü Horário rigidamente estabelecido

ü Preocupação com normas e regras

ü Subordinação ao chefe

ü Fidelidade à organização

ü Dependência da chefia

ü Alienação em relação à organização

ü Ênfase na especialização

ü Executoras de tarefas

ü Ênfase nas destrezas manuais

ü Mão-de-obra

ü Colaboradores agrupados em equipes

ü Metas negociadas e compartilhadas

ü Preocupação com resultados

ü Atendimento e satisfação do cliente

ü Vinculação à missão e à visão

ü Interdependência entre colegas e equipes

ü Participação e comprometimento

ü Ênfase na ética e na responsabilidade

ü Fornecedoras de atividade

ü Ênfase no conhecimento

ü Inteligência e talento

Quadro 07 - Comparação entre as pessoas : recursos X parceiros Fonte: Chiavenato (1999, p. 7)

Para Tachizawa et al (2001, p. 67-68), ao trazer a gestão de pessoas para a

dimensão da qualidade, constata-se sua grande importância analisando sua total

interface com os fundamentos da qualidade e, conseqüentemente, com os

programas da qualidade:

Satisfação dos clientes: somente os trabalhadores que são bem tratados

dedicam-se a esta tarefa, nada fácil, de conquistar o cliente.

Redesenho dos processos: trata-se de racionalizar os sistemas produtivos e

administrativos; é necessário sensibilizar as pessoas para a mudança de postura e

para que não haja resistência às mudanças.

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Clareza da missão da organização e perspectiva de futuro: todos devem

conhecer claramente a missão da organização; isto fará com que as prioridades

sejam estabelecidas e cumpridas e que não se gaste tempo com trabalhos inócuos

para a organização. A política de RH deve incluir a preocupação com a difusão

dessa informação.

Eliminação do desperdício: conscientizar as pessoas para aprimorarem os

processos, diminuindo, conseqüentemente, o desperdício é uma ação efetiva da

área de Recursos Humanos.

Não aceitação dos erros: muitas vezes não há um sentimento de inclusão por

parte dos empregados; não se consideram responsáveis pelos erros, como se não

fizessem parte da organização.

Trabalho em equipe e compromisso coletivo: quando a empresa se preocupa

com o bem-estar dos empregados, o compromisso deles aumenta, bem como sua

motivação para dar o melhor de si para o sucesso da organização.

Criatividade e inovação: a área de RH deve prover algum programa que

contemple a motivação, que influencia diretamente na capacidade de criação.

Aprimoramento contínuo: é a área de Recursos Humanos quem vai propiciar

as condições necessárias para a educação continuada dos trabalhadores.

Como constata Chiavenato (1989, p. 13-14), o papel da área de Recursos

Humanos vai desde encontrar soluções para desenvolver os recursos humanos

disponíveis para adequá-los à tecnologia em desenvolvimento e encontrar condições

para retê-los na sua organização, até criar e estimular mudanças na organização e

criar condições de suportar tais mudanças, visando adequá-la à nova consciência,

adquirida mediante a formação e o desenvolvimento das pessoas.

Tem-se então, que o profissional de Recursos Humanos deve atuar em

termos organizacionais e não simplesmente dentro de uma visão microscópica e

departamental. Suas estratégias de trabalho têm que se dar em nível global,

organizacional, sistêmico e não meramente em detalhes moleculares ou em planos

isolados, circunstanciais, independentes e efêmeros.

Ao se falar em gestão de pessoas, alguns assuntos merecem destaque, como

por exemplo, a motivação, o treinamento e desenvolvimento, os benefícios, a higiene

do trabalho, a avaliação do desempenho, etc. Nos próximos itens, serão

apresentados alguns destaques.

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2.4.1 Motivação Não se pode falar em motivação, sem se falar da teoria da “hierarquia das

necessidades”, formulada por Abraham Maslow.

Segundo Higasi (2001), Maslow identificou e hierarquizou as necessidades

humanas básicas, da seguinte maneira:

1. Necessidades fisiológicas: o que é necessário para a manutenção da

própria vida, como alimentação, teto, sono, sexo. Segundo Maslow, sem a

satisfação destas necessidades, outras necessidades não poderiam motivar as

pessoas.

2. Necessidades de segurança: o que é preciso para proteção e para

estar livre do perigo físico e obter estabilidade no emprego.

3. Necessidades de afiliação ou aceitação (social): as pessoas têm

necessidade de se sentirem aceitas e pertencentes a um grupo, bem como ter

amizades.

4. Necessidades de estima: é preciso ser estimado e respeitado, ter

prestígio, poder, status, etc.

5. Necessidade de auto-realização: desejo de tornar-se aquilo que a

pessoa é capaz de ser, maximizar seu potencial, realizar tudo que seja possível,

autodesenvolvimento e criatividade.

Ainda segundo a teoria de Maslow, não é necessário que uma necessidade

esteja totalmente satisfeita para surgir uma outra. Geralmente, as pessoas estão

parcialmente satisfeitas e parcialmente insatisfeitas em todas as suas necessidades

básicas.

Como motivação não é algo que possa ser diretamente mensurado, ao

observar o comportamento dos indivíduos, pode-se inferir a existência ou não de

motivação. Pode-se observar, por exemplo, a energia contida num comportamento

motivado, que está sempre dirigido para o alcance de uma meta ou de um objetivo.

Segundo o Dicionário Aurélio (1999), motivação é um “conjunto de fatores

psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou

afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”.

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Então, temos alguns fatores como a fome, a sede, o sexo, etc., que são

considerados motivos não aprendidos, ou seja, fazem parte da natureza humana.

No entanto, apesar de serem inerentes ao ser humano, eles podem ser

influenciados por incentivos externos.

Outros fatores são aprendidos, como por exemplo, o desejo de aprovação, de

dinheiro, de afiliação, etc. Quando se identifica um motivo ou fator, fica mais fácil

compreender o comportamento humano. No entanto, um determinado

comportamento motivado pode ser o resultado da atuação de vários fatores ao

mesmo tempo.

A necessidade de dinheiro, de aprovação social e de afiliação, por exemplo,

pode ser um conjunto de fatores que leva um indivíduo a estar motivado para o

trabalho, desempenhando bem suas tarefas.

Para motivar as pessoas, num primeiro momento, a área de RH deve se

concentrar na criação de um ambiente de trabalho agradável. Mas isso somente

não é suficiente, deve haver também uma atuação nos níveis mais altos da pirâmide

de Maslow.

Segundo Higasi (2001), estudos realizados pelo Prof. F. Herzberg, da Case

Western Reserve University, concluem que os colaboradores serão motivados com

base no conteúdo do emprego e no que eles fazem. O treinamento gerencial é

fundamental neste processo. Os gerentes devem ser orientados a utilizar um grande

número de reforços tais como: melhoria no ambiente de trabalho, aumento de

responsabilidades, apreciação por desempenho acima do esperado, chance do

colaborador sentir orgulho daquilo que faz, etc.

2.4.2 Treinamento e Desenvolvimento Segundo Chiavenato (1999, p. 295), há uma diferença entre treinamento e

desenvolvimento de pessoas. Enquanto o primeiro é orientado para o presente,

buscando melhorar as habilidades e capacidades relativas ao cargo que a pessoa

ocupa, o segundo visa geralmente cargos que poderão ser ocupados no futuro,

desenvolvendo novas habilidades e capacidades que serão requeridas. Tanto um

quanto outro constituem processo de aprendizagem.

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2.4.3 Benefícios Chiavenato (1999, p. 275) afirma que os benefícios são oferecidos às

pessoas para que a vida pessoal, familiar e de trabalho seja mais tranqüila e

produtiva. Quanto menos preocupações com problemas pessoais, mais

tranqüilidade a pessoa vai ter para cuidar das atividades do trabalho.

2.4.4 Higiene do Trabalho Higiene do trabalho está ligada às condições ambientais de trabalho e o bem-

estar físico e mental das pessoas. Assim, um ambiente saudável de trabalho deve

envolver condições ambientais que tragam estímulos positivos aos cinco sentidos

humanos: visão, olfato, paladar, audição e olfato. Também deve proporcionar

condições psicológicas e sociológicas saudáveis e que atuem positivamente sobre o

comportamento das pessoas (CHIAVENATO, 1999, P.375).

2.4.5 Avaliação do Desempenho Para Chiavenato (1999, p. 189), a avaliação do desempenho é uma

apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa em função das atividades

que ela desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu

potencial de desenvolvimento. É um processo que serve para julgar ou estimar o

valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa e, sobretudo, para o negócio da

organização.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1 Formulação do Problema

A partir da década de 90, a administração pública brasileira começou a buscar

um novo modelo de gestão, mais voltado para resultados, dando foco ao

atendimento ao cidadão. Concluiu-se então, que seu maior desafio era de natureza

gerencial. Tal modelo de gestão pública deveria orientar as organizações nessa

metamorfose gerencial, bem como propiciar avaliações comparativas entre as

organizações públicas brasileiras e estrangeiras.

Assim, em 1997, o Programa da Qualidade no Serviço Público - PQSP optou

pelos Critérios de Excelência utilizados no Brasil e em diversos países e que

representavam o “estado da arte” em gestão.

A adoção de tais modelos, até então utilizados para empresas privadas, sem

uma adaptação à linguagem da administração pública, mostrou-se inadequada e,

assim, o PQSP fez diversas melhorias, adaptando a linguagem, explicando

conceitos, porém mantendo o alinhamento em termos de critérios, pontuação e,

principalmente, da essência que define todos os modelos analisados como de

excelência em gestão.

Até hoje, o Modelo de Excelência em Gestão Pública tem passado por vários

processos de aperfeiçoamento, tanto para acompanhar as mudanças da

administração pública brasileira, o que garante a identificação do modelo com a

realidade das organizações públicas brasileiras, quanto visando acompanhar o

“estado da arte” da gestão preconizado pelos modelos de referência dos quais se

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originou, o que garante a identidade do modelo com o pensamento contemporâneo

sobre excelência em gestão.

Em março de 1998, foi instituído o Prêmio Qualidade do Governo Federal –

PQGF, como uma das ações estratégicas do PQSP, com a finalidade de reconhecer

e premiar as organizações públicas que comprovassem alto desempenho

institucional, com qualidade em gestão.

As instituições públicas vêm se reestruturando, ao longo desses anos, com

novos modelos de gestão. Muitas delas têm concorrido a prêmios visando a

avaliação externa dos modelos implantados, dando destaque aqui ao PQGF.

O critério 5 do PQGF, “Pessoas”, examina como a organização prepara e

estimula os colaboradores para desenvolver e utilizar seu pleno potencial, em

alinhamento com as estratégias da organização. O Critério também examina os

esforços para criar e manter um ambiente que conduza à excelência no

desempenho, à plena participação e ao crescimento individual e institucional.

Examina ainda como as práticas relativas ao sistema de trabalho, educação,

capacitação e desenvolvimento e qualidade de vida são avaliadas e melhoradas.

As instituições que concorrem ao Prêmio, vêm implementando diversas

melhorias, transformando-se em verdadeiros referenciais de excelência.

Inúmeras dificuldades vêm sendo encontradas e transpostas, o que deve e

merece ser estudado. As inovações que algumas instituições públicas utilizaram

para superar tais dificuldades inerentes a toda administração pública, na área de

gestão de pessoas, é o que se pretende investigar neste trabalho.

3.2 Definição do Objetivo da Pesquisa

O Inmetro é uma autarquia federal que concorreu três vezes ao PQGF, tendo

alcançado o Prêmio Prata em 1998, mantido a mesma faixa de pontuação e

premiação em 1999 e o Prêmio Ouro em 2000.

Com atuação de 10 anos na área de Recursos Humanos do Inmetro,

principalmente com treinamento, a pesquisadora pôde observar diversos problemas,

bem como inúmeras qualidades, principalmente a grande vontade da equipe em

acertar, estando sempre disposta a buscar o melhor, aceitando e implementando,

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sempre que possível, as sugestões que porventura viessem a ser apresentadas

pelos usuários dos seus serviços.

Como se sabe, os Prêmios da Qualidade são uma enorme ferramenta para a

melhoria dos processos das instituições que deles concorrem, pois além de se

prepararem para concorrer ao Prêmio, elas recebem, ao final do processo, um

Relatório de Avaliação com sugestões de melhoria, o que muitas efetivamente

utilizam.

O objetivo desta pesquisa é verificar, junto a instituições vencedoras do

PQGF, quanto ao critério “Pessoas”, como elas enfrentaram e/ou enfrentam as

dificuldades inerentes a toda instituição pública com suas soluções criativas e

apresentar, a partir delas, uma proposta de melhoria que poderá trazer benefícios

para a gestão de pessoas dentro do Inmetro, respeitando a cultura organizacional.

3.3 Classificação do Estudo

Esta pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso.

Yin (2001, p. 105) afirma que a coleta de dados pode se basear em muitas

fontes de evidências e seleciona seis importantes, a saber: documentação, registros

em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos

físicos.

Uma fonte de evidência utilizada nesta pesquisa foi a documentação. “Devido

ao seu valor global, os documentos desempenham um papel óbvio em qualquer

coleta de dados, ao se realizar um estudo de caso” (YIN, 2001, p. 109). Desta forma

pode-se enquadrar a análise documental realizada através dos relatórios de gestão

de quatro instituições que concorreram ao PQGF, no ano de 2002, buscando a

compilação de dados considerados relevantes.

Outra fonte presente na pesquisa é a entrevista, que neste caso pode ser

chamada, segundo Yin (2001, p. 113) de focal, onde o respondente é entrevistado

por um pequeno espaço de tempo e a entrevista assume um caráter de conversa

informal e se dá de maneira espontânea.

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3.4 A Escolha das Instituições

Para escolher as instituições que seriam utilizadas como objeto da pesquisa,

consultou-se o rol de vencedoras do PQGF, ciclo de premiação 2002 e como critério

prioritário, utilizou-se a localização, ou seja, todas deveriam ser do Estado do Rio de

Janeiro, visando facilitar, agilizar e viabilizar economicamente a pesquisa.

A personalidade jurídica das instituições não foi uma preocupação, pois

mesmo que não fosse exatamente igual à do Inmetro, ou seja, uma autarquia

federal, ainda teriam algo em comum na essência, pois todas, de uma forma ou de

outra, seriam públicas.

As quatro instituições pesquisadas foram: o Instituto Estadual de

Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti – HEMORIO (Faixa Prata – Categoria

Especial Saúde), o Departamento de Produção Rio – DRR.O, de Furnas Centrais

Elétricas S.A. (Troféu PQGF – Categoria Empresas Públicas e Sociedades de

Economia Mista), a Diretoria Regional do Rio de Janeiro – DR/RJ, da Empresa

Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT/RJ (Faixa Prata – Categoria Empresas

Públicas e Sociedades de Economia Mista) e a Unidade Bacia de Campos – UN-BC,

da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras (Troféu PQGF – Categoria Empresas

Públicas e Sociedades de Economia Mista).

3.5 A Análise de Documentos

A análise documental foi realizada com base nos relatórios de gestão (2002)

de todas as instituições pesquisadas, mais especificamente no critério 5 – Pessoas.

Foram compilados os dados considerados relevantes para o objeto da pesquisa, ou

seja, ações inovadoras ligadas a gestão de pessoas.

3.6 As Entrevistas

Todas as entrevistas realizadas foram informais e não documentadas.

Os gerentes da qualidade ou os responsáveis pela elaboração dos relatórios

das instituições pesquisadas foram entrevistados, em um primeiro momento, visando

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obter o material da pesquisa. Ao longo da mesma, conforme foram surgindo dúvidas

quanto aos itens selecionados, retomava-se o contato com eles.

As entrevistas com os responsáveis pela gestão de Recursos Humanos do

Inmetro se deram após a elaboração da proposta (item 4.2.2) desta dissertação. A

mesma foi-lhes apresentada, individualmente, no intuito de buscar mais informações

sobre os processos e sistemas de RH do Instituto, visando aprimorar o presente

trabalho. A cada apresentação, eram respondidos os questionamentos,

acrescentadas as sugestões e retiradas as impropriedades.

Além dos já citados, a pesquisadora apresentou a proposta a dois gerentes

do Inmetro, com experiência na área de RH, que também forneceram sugestões. 3.7 Elaboração de Proposta de Melhoria para a área de RH do Inmetro

A formulação de proposta de melhoria para a área de RH do Inmetro baseou-

se no levantamento das informações obtidas das instituições pesquisadas e nas

entrevistas com os gerentes da área de Recursos Humanos do Inmetro.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 A Pesquisa nos Relatórios de Gestão

A pesquisa foi realizada a partir dos Relatórios de Gestão de quatro

instituições, no Critério Pessoas, instrumentos utilizados para concorrer ao PQGF

em 2002 (Anexos 01, 02, 03 e 04).

Cada item do Critério Pessoas de cada relatório foi cuidadosamente

investigado, tendo sido destacadas aquelas atividades que serviriam de base para

uma proposta de melhoria para o Inmetro. Poderão ser observadas atividades

repetidas, o que foi intencional. Cada atividade traz, ao final, sua origem

institucional.

Cabe ainda esclarecer que somente estão listadas as atividades que foram

consideradas inovadoras em relação à realidade do Inmetro e que são viáveis de

implantação, uma vez que o Inmetro é uma autarquia federal, regida por leis

específicas, com determinadas limitações, o que não é o caso de todas as

instituições pesquisadas.

Outra informação útil é que as atividades estão listadas por afinidade, por

exemplo: planejamento, melhoria da qualidade, avaliação, pesquisas, etc.

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4.1.1 Sistemas de Trabalho

Segundo o Instrumento de Avaliação da Gestão Pública, o item Sistemas de

Trabalho deve tratar de “organização do trabalho e a estrutura de cargos e funções,

seleção e preenchimento de cargos e funções, sistemas de avaliação de

desempenho, reconhecimento e remuneração dos colaboradores”.

Dentro deste contexto, foram selecionados nos Relatórios de Gestão os

seguintes itens:

§ planejamento da Coordenação de Pesquisa e Recursos Humanos - CPRH

desenvolvido como parte do planejamento estratégico do Hemorio e não como

atividade isolada, abrangendo as necessidades de capacitação de todos os

funcionários do hospital. (Hemorio)

§ implementação do Plano Master de Ações, visando implementar as melhorias e

diminuir as principais lacunas encontradas pelos examinadores dos Prêmios dos

quais o Hemorio participe. As sugestões do Plano Master de Ações são

trabalhadas, resultando em planos de ações específicos, com responsáveis

claramente definidos e prazo de conclusão fixado, sendo, após aprovação da

diretoria, implementados. (Hemorio)

§ implementação de uma Estratégia de Melhoria da Qualidade - EMQ, envolvendo

a criação de Comitês que têm como função básica facilitar as atividades e retirar

a inércia do sistema. (Hemorio)

§ realização de reuniões de 30 Minutos da Qualidade, conduzidas pela Direção

Geral, que permitem aos colaboradores de todos os níveis conhecerem as

principais diretrizes e valores do Instituto. (Hemorio)

§ implementação do Projeto Setores em Foco, (prêmio de idéias) que tem como

objetivo incentivar todos os colaboradores do Hemorio a participarem da melhoria

da organização através de sugestões e de sua implementação. (Hemorio)

§ Programa Idéias Criativas encontra-se disponibilizado na página da DR/RJ, na

Intranet, e contempla o recebimento, seleção e gerenciamento de idéias e

sugestões, visando a participação ativa e espontânea dos empregados em busca

de melhoria do ambiente de trabalho e do desempenho operacional e financeiro

da Empresa. (ECT)

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§ mensalmente são feitas reuniões com a participação do Diretor Regional,

Coordenadores e Equipe da Coordenadoria de Recursos Humanos, para

discussões sobre oportunidades de melhorias identificadas nos relatórios de

avaliação. (ECT)

§ equipes multidisciplinares de trabalho visando a análise de problemas, melhoria

dos processos e práticas, processos decisórios, etc. (Hemorio)

§ além da estrutura formal, utilizam-se outros modelos de organização, tais como

Comitê de Gestão, Grupos Temáticos, Grupos de Trabalho, Equipes de PDCA de

Melhorias, Equipes para Tratamento de Anomalias e Times Multidisciplinares de

Recursos Humanos. A utilização destes modelos têm como objetivo criar

oportunidades de desenvolvimento, criatividade e inovação. (BR/UN-BC)

§ utilização da Gerência da Rotina e do Gerenciamento pelas Diretrizes, que têm

as características descritas a seguir, que são adequadas a cada nova

necessidade de organização:

Ø multidisciplinaridade - times formados por pessoas com diferentes

especialidades para alcance de uma meta única.

Ø multifuncionalidade - pessoas com atribuições generalistas, conhecedoras

de todo o processo e trabalho. (BR/UN-BC)

§ como formas de comunicação das informações são utilizados quadros murais,

quadro de avisos, informativo interno e displays colocados nas mesas do

refeitório. (Hemorio)

§ desenvolvimento e instalação nos microcomputadores de um protetor de telas,

onde são usadas imagens e fotos dos serviços realizados pelos diversos setores,

técnicos e administrativos, divulgando-os para todos os colaboradores, como uma

ação de endomarketing. (Furnas)

§ estruturação de um Plano de Valorização Funcional, através de um plano de

contratação pela FUNDARJ, a fim de fornecer complementação salarial, dentro

do previsto no quadro de lotação ideal, aos funcionários que optaram por

extensão de carga horária. (Hemorio)

§ gestão baseada em critérios técnicos, onde todos os cargos de chefias são

preenchidos por funcionários do Hemorio. (Hemorio)

§ criação da função de especialista (consultor), visando valorizar a carreira técnica,

bem como reter talentos na empresa. (BR/UN-BC)

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§ certificação de profissionais, a fim de assegurar que os mesmos detenham as

competências necessárias para a realização de suas tarefas. (BR/UN-BC)

§ utilização da Gerência da Rotina e do Gerenciamento pelas Diretrizes, que têm

as características descritas a seguir, que são adequadas a cada nova

necessidade de organização:

Ø Delegação - aumento da autonomia das pessoas em qualquer nível

hierárquico, decorrente da padronização na Gerência da Rotina e da

definição de metas previstas no GDP - Sistema de Gerenciamento de

Desempenho de Pessoal (recursos necessários).

Ø Valorização / aproveitamento das potencialidades - pessoas estimuladas a

exercer outras atividades, não restritas às atribuições de seus cargos.

(BR/UN-BC)

§ além do Processo Seletivo Público, que segue Normas e procedimentos

próprios, ocorrem também realocações internas, cessões/requisições de

empregados do sistema Petrobras e transferências de outras unidades. As

principais práticas utilizadas para as transferências são:

Ø análise do currículo do empregado no Sistema de Gestão de Pessoal

(experiência na companhia ou fora, formação escolar, treinamentos

realizados, dentre outros)

Ø exame médico

Ø entrevista gerencial

Ø estágio na nova atividade antes da aceitação definitiva. (BR/UN-BC)

§ o mapeamento das necessidades de pessoal é acompanhado através do sistema

AFTnet - Adequação da Força de Trabalho. Este sistema é alimentado pela

gerência requisitante que define e registra claramente as habilidades e

conhecimentos necessários. (BR/UN-BC)

§ para avaliar o desempenho dos empregados, utiliza-se o método GDP visando

obter o comprometimento das pessoas com os objetivos da Unidade, através de

negociação de metas e compromissos entre gerentes e empregados. O método

formula e visa responder às seguintes perguntas: o que negociar?, quem é o

responsável? e como realizar a atividade? (BR/UN-BC)

§ como ferramenta à avaliação do desempenho, utiliza-se o sistema GDPnet onde

cada Gerência alimenta os compromissos negociados com cada colaborador. Na

época da avaliação, à medida que as notas são atribuídas segundo o

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desempenho obtido, o sistema atribui automaticamente os conceitos. O sistema

inclui também um canal para o empregado e/ou gerente registrar comentários a

respeito da sua avaliação. (BR/UN-BC)

§ os principais fatores de desempenho avaliados são: Resultados do Negócio;

Liderança e Gestão Empresarial; Satisfação dos Clientes e ainda Integração ao

Trabalho. Além desses compromissos, os empregados são avaliados de acordo

com as competências individuais de: Aprendizagem Contínua; Flexibilidade;

Foco no Cliente; Iniciativa; Trabalho em Equipe, Capacidade de Decisão;

Criatividade; e Liderança de Pessoas. (BR/UN-BC)

§ além dos aspectos remuneratórios, existem formas locais de reconhecimento de

colaboradores e equipes, que encontram-se descritas no quadro 08. (BR/UN-BC)

SISTEMA DE RECONHECIMENTO E RECOMPENSA

MODALIDADE CONCESSÃO PERIODICIDADE OBJETO

Promoção Desempenho Individual Anual Remuneração

Avanço de Nível Desempenho Individual Anual Remuneração

Bônus por Desempenho Desempenho Individual Anual Remuneração

Elogios Desempenho Individual Qualquer época Formalização por escrito pelo GG

Anual (ATS) Remuneração Reconhecimento por Tempo de Serviço

Automática Decenal (10, 20 e

30) Solenidade, escudo e

diploma

Prêmio Inventor Desempenho Individual Anual Remuneração

Prêmio Destaque Desempenho Individual Anual Placa e Viagem

Reconhecimento das Gerências destaque no GDP

Desempenho Individual Anual Placa e Viagem

Reclassificação Desempenho Individual Qualquer época Remuneração

Designação para função especialista (consultor)

Desempenho Individual Qualquer época Remuneração

Designação para funções gerenciais

Desempenho Individual Qualquer época Remuneração

Quadro 08 – Sistema de Reconhecimento e Recompensa Fonte: Relatório de Gestão – 2002 – BR/UN-BC

§ utilização dos serviços de portadores de necessidades especiais, adolescentes e

estagiários, os quais são selecionados através de critérios previstos em normas

da ECT sendo os dois primeiros, contratados através de entidades conveniadas.

(ECT)

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4.1.2 Educação, Capacitação e Desenvolvimento

Segundo o Instrumento de Avaliação da Gestão Pública, o item Educação,

Capacitação e Desenvolvimento deve tratar de “Identificação das necessidades e

estabelecimento dos planos de desenvolvimento e capacitação, armazenamento,

compartilhamento, proteção, aplicação e reforço no trabalho, das habilidades e

conhecimento adquiridos, e avaliação da eficácia dos programas de

desenvolvimento e capacitação das pessoas”.

Itens selecionados:

§ plano de treinamento e educação vinculado aos objetivos estratégicos da

Instituição, com avaliação anual sistemática e incorporação de sugestões

fornecidas pelos diversos Comitês. (Hemorio)

§ as necessidades de educação, capacitação e desenvolvimento são identificadas

com a participação da alta direção e demais lideranças negociadas com os

colaboradores, levando-se em conta o Plano Estratégico, o Plano de Negócios, o

Plano de Trabalho Regional, os Indicadores do Nível de Satisfação dos Clientes

Internos e Externos e o Gerenciamento de Competências e resultados – GCR.

(ECT)

§ criação do Grupo de Incorporação de Novas Tecnologias, que tem por finalidade

a verificação da viabilidade técnica, financeira e logística para implementação de

uma nova tecnologia ou conhecimento trazido por um dos colaboradores do

Hemorio. O Grupo, multidisciplinar, atua de forma estruturada, seguindo

metodologia identificada por estudo bibliográfico. (Hemorio)

§ uso constante de equipes multidisciplinares para analisar problemas específicos.

Esses grupos analisam os problemas e identificam nas tecnologias e

experiências externas ou internas possíveis soluções. (Hemorio)

§ através da Universidade Corporativa/Campus Virtual, os empregados podem

participar de cursos, atualizar seus conhecimentos e acessar os serviços da

Universidade Petrobras para o seu desenvolvimento profissional. Este sistema é

estruturado com cursos que são identificados através de necessidades

corporativas, e que tem como objetivo treinar empregados onshore e offshore

numa quantidade representativa, de forma rápida, flexível e num período menor

do que feito na metodologia de ensino presencial.(BR/UN-BC)

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§ o desenvolvimento dos gerentes é feito através do PDL - Plano de

Desenvolvimento do Líder. O quadro 09 demonstra como se realiza o

treinamento gerencial. (BR/UN-BC)

FORMAS DE CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Categoria Prática Adotada Descrição

Gerente Geral e Gerentes

Programa de Formação Gerencial

Educação continuada (cursos on line, publicações, TV Universitária) Projetos Especiais (coaching, grupos de trabalho, grupos de estudo, rodízio, comunidades virtuais, workshops) Idiomas Projetos específicos para áreas de negócios Projetos de Educação Gerencial (módulos de formação gerencial, complementar, MBA e gestão avançada)

Gerentes setoriais, Coordenadores e Gerentes Potenciais

Programa de Formação Gerencial

Educação continuada (cursos on line, publicações, TV Universitária) Projetos de Educação Gerencial (módulos de formação gerencial, complementar, MBA e gestão avançada)

Supervisores

Desenvolvimento de Supervisores Programas de Especialização

Capacitação em habilidades específicas da supervisão Capacitação na área de atuação – via PDI (Plano de Desenvolvimento individual)

Quadro 09 – Formas de Capacitação e Desenvolvimento Fonte: Relatório de Gestão – 2002 – BR/UN-BC

§ a capacitação e o desenvolvimento são avaliados dentro do processo

Mensuração da Efetividade do Treinamento, em parceria com as lideranças

envolvidas. O controle das ações de treinamento ocorre de duas formas:

a. Controle das horas de treinamento: as horas realizadas são monitoradas

pelo Centro de Treinamento e Desenvolvimento – CETED, responsável pela

coordenação dos programas, e são apresentadas em reuniões (Reunião de

Coordenação mensal, Workshop semestral Otimizando Resultados) visando

estimular a participação efetiva das lideranças nesse processo;

b. Controle da efetividade do treinamento: os programas são realizados

obedecendo as fases de Diagnose, Avaliação Pós-Curso, Avaliação de Aplicação

da Aprendizagem e Avaliação Geral:

è na fase de diagnose é analisado o grau de correlação com o Planejamento

Estratégico com o Plano de Trabalho Regional e, dependendo do

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programa, com o GCR para verificação do plano de desenvolvimento

individual do empregado;

è na fase de Avaliação Pós-Curso estão previstas: pesquisa de reação;

pesquisa Pós-Curso, dirigida ao gestor e treinando, para verificação da

aprendizagem; visitas, por amostragem, realizada por instrutor, para

verificação da aplicação da aprendizagem; análise da evolução das

competências profissionais, por meio de GCR; questionário de

Acompanhamento do Novo Empregado; pesquisa de clima organizacional;

Relatório de Avaliação de Modelo de Excelência dos Correios; e Relatórios

Gerenciais da Diretoria Regional. (ECT)

§ a avaliação do desempenho das práticas e padrões de gestão de capacitação e

desenvolvimento dos colaboradores é realizada através de:

Ø reuniões trimestrais com a equipe do CETED para avaliação das metas e

aprimoramento dos processos e avaliação dos indicadores de treinamento;

Ø reuniões mensais com a alta direção, Coordenadores e Gerentes de Área

para reunião anual para avaliação dos resultados da pesquisa de Clima

Organizacional que permite identificar pontos a serem melhorados. (ECT)

§ utilização da avaliação de alguns indicadores para monitorar as práticas de

gestão do desenvolvimento, capacitação e treinamento dos servidores, tais como:

satisfação dos funcionários com a biblioteca, satisfação dos funcionários com as

atividades do Centro de Estudo, satisfação com os eventos ou cursos, a

participação em eventos internos e externos, a taxa de treinamento em serviço e

a produção técnico-científica dos funcionários. (Hemorio)

§ o cultivo do pensamento inovador é estimulado, dentre outros, por um sistema de

reconhecimento e recompensa à inventividade, contemplado nos atributos do

GCR. (ECT)

4.1.3 Qualidade de Vida

Segundo o Instrumento de Avaliação da Gestão Pública, o item Qualidade de

Vida deve tratar de “promoção de um ambiente seguro e saudável, promoção do

bem-estar e da satisfação e medição e avaliação do bem-estar, satisfação e

motivação das pessoas”.

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Itens selecionados:

§ a busca da Acreditação Hospitalar, segundo os critérios do Consórcio Brasileiro

de Acreditação de Sistemas e Serviços de Saúde (CBA) obrigou o hospital a

realizar pesquisas regulares para medir a satisfação dos diversos grupos

profissionais. Assim, foram feitas pesquisas para avaliar o nível de satisfação

dos funcionários, identificando os fatores que afetam o bem-estar, a satisfação e

a motivação dos servidores. Os servidores atribuem grau de importância aos

fatores selecionados e, à medida que os fatores vão sendo trabalhados, outros

fatores tornam-se importantes, obtendo maiores pontuações, assim, serão

trabalhados futuramente para serem atendidos. (Hemorio)

§ realização de pesquisa de clima organizacional, avaliando o grau de satisfação

dos empregados em relação aos processos e práticas de gestão, abordando

principalmente os seguintes itens: benefícios, comunicação, espírito de equipe,

higiene e segurança industrial, liderança, reconhecimento e recompensa, relação

com o trabalho, remuneração e treinamento e desenvolvimento. (BR/UN-BC)

§ realização de pesquisa, composta de um questionário de 50 perguntas,

contemplando os seguintes fatores: relacionamento das chefias e colegas;

atuação da chefia; atividades de integração; desenvolvimento profissional;

imagem institucional interna; relacionamento com a empresa; condições

ambientais – segurança no trabalho; benefícios; relacionamento com o sindicato;

informação e comunicação; operacionalização do trabalho; programas sociais e

participação nas decisões. A aplicação é feita por uma comissão especial, no

próprio local de trabalho, durante o expediente, sem haver necessidade do

empregado se identificar. É precedida de uma ampla campanha de divulgação

para que todos se sintam estimulados a participar expressando seu pensamento.

Os resultados são disseminados para todas as chefias, a quem cabe reunir os

empregados de sua área de gestão para falar das ações decorrentes das

oportunidades de melhoria identificadas na pesquisa. (ECT)

§ realização de pesquisa de clima organizacional objetivando obter a visão dos

colaboradores acerca da liderança e da gestão; ambiente e carga de trabalho;

cooperação e trabalho em equipe; reconhecimento e benefícios; comunicação

clara e transparente; segurança no emprego; igualdade de oportunidades; e

capacitação para prestar os serviços requeridos pelos clientes. (Furnas)

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§ realização de pesquisas para avaliação dos serviços prestados pelos diversos

setores de almoxarifado, transportes, pessoal, fiscalização e manutenção das

áreas gramadas e prediais, no tocante a atendimento direto, atendimento pelo

telefone, arrumação, facilidade de acesso, localização de estoque, conforto,

segurança, estado de conservação, eficiência, organização, rapidez, etc.

(Furnas)

§ realização do Encontro de Familiares - evento voltado para a família dos

empregados com o objetivo de integração empresa/família. (BR/UN-BC)

§ programa de Educação Ambiental – conscientização e mobilização de todos na

prática de reciclagem dos diferentes resíduos produzidos. (BR/UN-BC)

§ Programa Check-up Executivo, que consiste num exame periódico diferenciado,

voltado para os profissionais submetidos diariamente a maior estresse emocional

na Empresa (todas as lideranças até o nível de chefia de seção), conduzido pelo

SESI/RJ, permitindo:

Ø avaliação das condições físicas e emocionais dos executivos;

Ø detecção de patologias precocemente e orientação das ações a serem

adotadas. (ECT)

§ programa em parceria com o SESI/RJ que consiste na alocação de trailers

(chamados de Unidades Móveis Odontológicas) que permanecem, durante

algumas semanas, estacionados no pátio de unidades operacionais previamente

escolhidas pelo Setor de Assistência Odontológica. Tais unidades são equipadas

de forma a poder realizar todos os atendimentos básicos da área de odontologia

(consultas, profilaxia, obturações, pequenas cirurgias). (ECT)

§ criação da Central de Autorizações, composta por profissionais nas áreas de

medicina, enfermagem e serviço social. A central é responsável, dentre outras

pelas seguintes atividades:

Ø Prontuário Virtual - Emitido pelos profissionais assistentes da rede

credenciada; o resultado da avaliação clínica realizada em consultório, nos

ambulatórios internos; as remoções, as prorrogações de internação, as

próteses, as órteses, os materiais e os medicamentos especiais autorizados

pelo plano de saúde para cada paciente; informações sobre absenteísmo; e

outros comentários considerados relevantes pela equipe médica da Regional.

Acesso a informações de forma rápida e centralizada num único banco de

dados (os médicos podem visualizá-las de qualquer equipamento em rede), a

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atenção ao paciente torna-se diferenciada, pois é possível ao médico

identificar situações que justifiquem, por exemplo, o encaminhamento desse

paciente para tratamento especializado, a atuação do Serviço Social no grupo

familiar, entre outros;

Ø identificação de pacientes crônicos internados - Cadastro dos pacientes

internados em hospital da rede credenciada, identificados como portadores

de patologias crônicas têm seus nomes relacionados em planilha específica

destinada à Seção de Assistência, responsável pelo Programa de Controle de

Pacientes Crônicos. Algumas situações dão origem a visitas médicas

seqüenciais, no local da internação, de forma a que a Gerência de Saúde

possa acompanhar a evolução do tratamento e seus desdobramentos. (ECT)

§ identificação de situações sociais dignas de atenção diferenciada - Os casos

ditos sociais (exemplos: abandono de paciente em hospital, pelos familiares;

internações por dependência química; internações por atentado contra a própria

vida; agressões; e necessidade de aquisição de equipamentos de suporte à

reintegração na vida cotidiana, como cadeira de rodas e muletas) são

identificados pela equipe da Central de Autorizações, por meio dos controles

diários realizados (controle de alta hospitalar; controle de prorrogações;

justificativas apresentadas para as internações; e laudos recebidos da rede

credenciada). O Serviço Social é contatado e programa o atendimento ou a visita

ao paciente ou aos familiares. (ECT)

§ Programa de Controle de Pacientes Crônicos (PCPC) - O Programa de Controle

de Pacientes Crônicos foi implantado para oferecer atenção especial aos

portadores de patologias crônicas (hipertensão arterial, diabetes, obesidade,

doenças pulmonares crônicas e tabagismo). (ECT)

§ há uma série de eventos coordenados pela Seção de Integração Empresa-

Empregado/GERET:

Ø Programas de Integração Empresa-Empregado - Envolvem a força de

trabalho da Regional, inclusive os familiares dos empregados. Dentre outros,

destacam-se: torneios esportivos, festa junina, festival de música, bailes de

integração, concursos de redação para dependentes dos empregados, dia

das mães/pais, dia internacional das mulheres, excursões para empregados e

dependentes, etc;

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Ø projeto para os familiares dos empregados: a família nos Correios - Esse

projeto possibilita que os familiares dos empregados passem um dia na

Empresa, conhecendo o local de trabalho de seus pais e o Edifício-sede da

Regional, participando de palestras médicas, odontológicas e educacionais, e

de outras atividades;

Ø Café da Manhã com o Diretor - Essa atividade é realizada nas Unidades

Operacionais, oportunidade em que o Diretor Regional visita a Unidade,

conversa com os empregados e participa de um café da manhã de

confraternização. (ECT)

4.2 Sugestões de Oportunidades de Melhoria para a Gestão de Pessoas 4.2.1 Considerações Iniciais

A pesquisa documental foi realizada através de análise de relatórios de

gestão, buscando a compilação de dados considerados relevantes para o objeto da

pesquisa, ou seja, ações ligadas à gestão de pessoas.

Foram entrevistados os responsáveis pela gestão de Recursos Humanos do

Inmetro, no intuito de buscar junto aos mesmos mais informações sobre os

processos e sistemas de RH do Instituto, visando otimizar a proposta que será

apresentada no próximo item.

Através de levantamento feito nos relatórios de gestão das instituições

pesquisadas, bem como entrevista com pessoas que atuam ou atuaram na área de

RH do Inmetro, apresenta-se o item a seguir, com sugestões de atividades ou

posturas que poderão trazer algum benefício para a gestão de pessoas dentro da

Instituição.

4.2.2 A Proposta

O Inmetro vem realizando planejamento estratégico desde a década de 80.

Esses processos vêm sendo liderados pela Coordenação-Geral de Planejamento -

Cplan, sem o envolvimento da área de RH. Por esse motivo, apresenta-se a

proposta de que a área de RH participe dos processos de planejamento estratégico

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e operacional da Instituição. Desta forma, será possível interferir nos processos,

contribuindo na formulação da missão, da visão de futuro, bem como dos objetivos

estratégicos e operacionais das Unidades Principais, além de ser muito mais fácil

antecipar-se às necessidades do Inmetro, a fim de proporcionar harmonia entre o

triângulo processos/rumos/ pessoas.

Todas as vezes que o Inmetro participou de um Prêmio de Gestão, ele

recebeu um Relatório de Avaliação da Gestão. No passado, havia reuniões com

todos os gerentes a fim de discutir os resultados apresentados no material recebido.

No entanto, hoje isto não mais acontece, até porque o último Prêmio do qual o

Instituto participou foi o ciclo 2000 do PQGF, sendo que o Relatório de Avaliação

deste não foi trabalhado. Assim, propõe-se a criação de um Grupo de Trabalho –

GT, responsável por analisar os Relatórios de Avaliação da Gestão, elaborados

pelos avaliadores dos Prêmios aos quais o Inmetro tenha concorrido ou venha a

concorrer. Como primeira ação do GT, deverão ser analisados os relatórios já

existentes a fim de verificar se os itens destacados como “oportunidades para

melhorias” podem ser trabalhados para aprimorar os processos existentes. Este

mesmo GT deverá apresentar um plano de ação, com responsáveis e prazos

definidos, para ser submetido à diretoria e, posteriormente, implementado.

O Inmetro, por ser uma Autarquia Federal, tem diversas restrições quanto aos

aspectos remuneratórios. Seus servidores pertencem ao Plano de Carreira de

Ciência e Tecnologia e, em sua maioria, ocupam o último nível de classificação da

tabela de remuneração. Portanto, não existe qualquer mecanismo que incentive o

bom servidor, pois ele sabe que não terá chance de progredir na carreira. Mesmo

assim, a maioria dos servidores do Inmetro é constituída de pessoas engajadas com

o sucesso da Instituição, que torcem por ela, que querem vê-la na vanguarda dos

acontecimentos e que mostram capacidade de criatividade e superação de

obstáculos. Então, nada melhor do que a elaboração de um projeto que, sem ferir a

legislação, incentive o bom servidor, quando este demonstrar interesse, motivação e

criatividade, e estimule a participação das pessoas em busca da melhoria do

ambiente de trabalho e do desempenho operacional e financeiro da Instituição. O

projeto deverá contemplar a criação de mecanismos de recompensa para aqueles

servidores que apresentarem sugestões de melhoria da gestão do Inmetro. Um

projeto como este demonstrará o reconhecimento da Instituição para com aqueles

que se empenham em favor da Casa. Dentre as diversas maneiras de

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reconhecimento e recompensa, sugere-se: elogio por escrito feito pela Presidência,

entrega de diploma de reconhecimento, entrega de placa de homenagem, viagem a

passeio, brindes, etc. Todos estes prêmios devem ser entregues através de uma

cerimônia, ao final de cada ano.

Uma outra questão relacionada a reconhecimento deve ser tratada quanto às

pessoas que se aposentam. Hoje, a aposentadoria acontece como fato relevante

apenas para o indivíduo que a está pleiteando. A única área envolvida é a área de

administração de pessoal. As demais pessoas se envolvem, quando muito, ao ler o

Boletim de Pessoal. Assim, sugere-se a criação de um Programa de

Reconhecimento às Pessoas, uma espécie de cerimônia de despedida, com uma

carta de agradecimento pelos anos de serviços prestados. A carta não deve ser

padronizada, devendo destacar realmente os aspectos individuais. Esta é uma

atitude que não traz qualquer ônus financeiro à Instituição, e lhe dá um caráter muito

mais humano.

O Inmetro participa, através de seus técnicos, de diversos eventos, como

seminários, simpósios, congressos, feiras, etc, visando a disseminação de suas

atividades de metrologia e qualidade, no país e no exterior. Muitas vezes, o técnico,

apesar de trabalhar numa Unidade Principal, precisa responder a questionamentos

sobre outras áreas. Portanto, fica clara a necessidade de elaboração de um

Programa de Treinamento que abranja todas as atividades do Inmetro, visando

formar “generalistas”, ou seja, pessoas que possam falar sobre toda a Instituição, em

qualquer evento, bem como contribuir com os diversos processos internos. Uma

iniciativa como esta teve curso quando do último concurso público, onde todos os

novos servidores passaram por um treinamento de 360 horas, recebendo

informações sobre todas as áreas do Inmetro, independentemente da área em que

fossem atuar. Este tipo de treinamento deve ser replicado aos

servidores/colaboradores que já atuam há mais tempo na casa e muitas vezes não

têm conhecimento das atividades da própria Unidade Principal à qual faz parte.

Ainda não está implantado na Instituição um Plano de Comunicação. Ações

de comunicação isoladas são realizadas, mas mesmo assim, muitas atividades são

feitas sem que as pessoas tomem conhecimento. Uma sugestão seria a utilização

de displays de papel cartolina, espalhados pelas mesas do Restaurante e da

Biblioteca, a fim de divulgar novidades, em complemento aos diversos meios de

comunicação, já existentes. Os displays devem ser sempre atualizados, de forma a

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conter as últimas novidades. Esta não é uma ação de alto custo financeiro, mas

requer atenção, para não cair em descrédito.

Outra sugestão é a criação de um protetor de telas, onde serão usadas

imagens e fotos dos serviços realizados pelos diversos setores, técnicos e

administrativos, divulgando-os para todos os servidores/colaboradores, como uma

ação de endomarketing.

Hoje, o Inmetro possui um Sistema de RH, disponível somente para a área de

RH, alimentado com insumos sobre treinamento. Propõe-se a criação de um novo

sistema ou a adaptação do existente, a fim de acompanhar e suprir, de acordo com

as possibilidades, as necessidades de captação de Recursos Humanos. Tal sistema

já existe na Petrobras, podendo ser adaptado ao Inmetro.

Atualmente, a avaliação de desempenho é realizada somente para cumprir a

legislação vigente. Não existe um sistema de avaliação de desempenho. Desta

forma, propõe-se um sistema que, através de negociação de metas e compromissos

entre gerentes e servidores/colaboradores, será possível medir o comprometimento

das pessoas. Este novo sistema servirá de subsídio para o atual. Tal sistema

também já existe na Petrobras, podendo ser adaptado à realidade do Inmetro.

O Inmetro contrata estagiários através de convênio com o Centro de

Integração Escola Empresa - CIEE e conta também com a colaboração de bolsistas

e pessoas contratadas, para desenvolver suas atividades. Em complementação a

esse tipo de captação de Recursos Humanos, sugere-se a criação de um programa

para a utilização dos serviços de portadores de necessidades especiais, o que, além

de trazer grande benefício ao Inmetro, estará fazendo-o cumprir um papel social de

extrema importância. Tal contratação poderá ser feita também através de convênio

com Instituição que tenha tal característica.

Não existe um programa de treinamento à distância no Inmetro, o que existe

são iniciativas isoladas, tomadas por servidores/colaboradores, onde cada um

pesquisa, encontra, se inscreve e realiza o treinamento on line, podendo ou não

comunicar à área de RH. Se o curso é gratuito, dificilmente a área de RH toma

conhecimento; no entanto, se o curso é pago ela é acionada para providenciar o

pagamento. Daí, sugere-se que a área de RH faça um levantamento de

necessidades de treinamento, voltado para os treinamentos à distância. Uma

pesquisa na Web, poderá fornecer material para oferecer aos

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servidores/colaboradores, um banco de treinamentos on line, antecipando-se às

ações isoladas.

Em 1997, foi desenvolvido no Inmetro um Programa chamado TGM –

Treinamento Gerencial Modular. Tal programa envolveu todos os

servidores/colaboradores do Inmetro, pois além de treinar os gerentes, em todos os

níveis, tinha como uma de suas etapas o repasse dos conhecimentos adquiridos

pelos gerentes aos seus subordinados, o que favoreceu sua disseminação dentro da

casa e teve bastante aproveitamento. De lá pra cá, nada mais foi feito em matéria

de treinamento gerencial institucional. Pode até ter ocorrido treinamento de um ou

outro gerente, mas sempre como ação isolada e nunca como um programa. Assim,

é fundamental sugerir um investimento no desenvolvimento gerencial, através de um

programa amplo, onde seja envolvido o maior número de gerentes possível. Em

complemento, podem ser realizados projetos especiais através de grupos de

trabalho, grupos de estudo, workshops, etc.

Há no Inmetro, uma cultura muito incipiente de verificação da satisfação dos

servidores/colaboradores com os serviços prestados pela área de RH. Sendo assim,

sugere-se a realização de pesquisas de satisfação sobre os processos e práticas de

gestão de RH, abordando, principalmente, os seguintes itens: benefícios,

comunicação, espírito de equipe, higiene e segurança, liderança, reconhecimento e

recompensa, relação com o trabalho, treinamento e desenvolvimento, qualidade de

vida, etc. Na medida em que forem sendo identificados os fatores que mais afetam

as pessoas, a área de RH poderá propor medidas para melhorá-los. Uma vez que

as expectativas referentes a esse ou aquele fator vão sendo atendidas, outras

medidas serão tomadas, referentes a outros fatores, e assim por diante. As

pesquisas deverão ser precedidas de amplas campanhas de divulgação para que

todos se sintam estimulados a participar expressando seus sentimentos e seu

pensamento. Os resultados deverão ser disseminados para toda a Instituição.

Em 1989, foi implementado um programa chamado PROFÉRIAS – Programa

de Férias, que tinha por objetivo proporcionar, no âmbito do Inmetro e da Asmetro –

Associação dos Servidores do Inmetro, durante três semanas, atividades culturais e

de lazer para os filhos dos Servidores. Hoje existe, no mês de outubro, um evento

chamado BrincaInmetro organizado pelo Sesao - Serviço de Saúde Ocupacional,

com o apoio do Secom – Serviço de Comunicação e que visa proporcionar um dia

de lazer para os filhos de até 12 anos, dos servidores/colaboradores. Em

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complemento a este, sugere-se a realização de eventos voltados para a família dos

servidores/colaboradores, com o objetivo de reforçar uma integração

Instituição/família. Tais eventos podem envolver atividades como torneios

esportivos, festa junina, festival de música, bailes de integração, concursos de

redação, dia das mães/pais, excursões, etc. Todos os eventos deverão envolver os

familiares dos servidores/colaboradores.

O Sesao proporciona aos servidores/colaboradores o exame médico

periódico, realizado da mesma forma para todos. Os ocupantes de cargos de chefia

dificilmente comparecem a estes exames, por falta de tempo. Propõe-se que seja

realizado um Programa Check-up Executivo, que consiste num exame periódico

diferenciado, voltado para os profissionais submetidos diariamente a maior estresse

emocional na Instituição, ou seja, todas as lideranças até o nível de chefia de

equipe, permitindo a avaliação das condições físicas e emocionais dos executivos,

a detecção de patologias precocemente, bem como a orientação das ações a serem

adotadas. Uma das diferenciações deste Programa seria a ida dos profissionais de

saúde, quando necessário e possível, até o executivo, evitando assim, a abstenção

ao exame.

Os servidores do Inmetro possuem plano de saúde, pago por eles com uma

pequena complementação financeira por parte da Instituição, e controlado pelo

Sesao. Atualmente, são três opções: uma empresa contratada, uma empresa

conveniada e uma terceira opção que é a por livre escolha do servidor, que recebe a

colaboração financeira do Inmetro e escolhe o plano ao qual quer aderir. Apesar de

não ser um plano de administração própria, alguns controles podem ser exercidos,

como por exemplo o controle de todas as internações realizadas pelos planos a fim

de que o Sesao acompanhe os pacientes e preste toda assistência necessária.

Será preciso fazer constar em contrato que a empresa prestadora do serviço ficará

obrigada a informar ao Sesao, em no máximo 24 horas, todo caso de internação.

Uma atividade como esta poderia ajudar no acompanhamento dos portadores de

doenças crônicas, por exemplo.

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5 CONCLUSÕES

Todas as sugestões de melhoria apresentadas neste trabalho foram

elaboradas a partir de exemplos de práticas bem sucedidas, selecionadas dentre

tantas outras contidas nos relatórios de gestão das quatro instituições pesquisadas.

Ao apresentar as sugestões, foram feitas adaptações à realidade do Inmetro,

visando torná-las factíveis, de modo a serem incorporadas à cultura da Instituição.

Ressalta-se ainda, que a prática de benchmarking é fundamental para toda

organização que almeje ser reconhecida por uma gestão de excelência.

Uma constatação importante ao longo da pesquisa, foi a de que o Inmetro se

preocupa bastante com o bem-estar de seus servidores/colaboradores. Prova disso

é que foram poucas as sugestões ligadas ao item qualidade de vida, uma vez que a

maioria das práticas evidenciadas nas instituições pesquisadas já são exercidas ou

mostraram-se inadequadas à realidade do Instituto.

Quanto à questão de administração de pessoal, não foram apresentadas

sugestões, tendo em vista que esta atividade é realizada seguindo rigorosamente a

lei e os sistemas integrados do governo, pelo Seape – Serviço de Administração de

Pessoal do Inmetro.

A maior parte das sugestões se concentrou na área de desenvolvimento de

Recursos Humanos, por ser a área mais dinâmica, onde surgem novidades

constantemente, dando espaço a mais inovações na modernização da gestão.

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6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A proposta foi elaborada somente com base nos relatórios de gestão do

PQGF de 2002, tendo sido esses instrumentos elaborados no ano de 2001. Assim,

existem diversas inovações, em se tratando de gestão de pessoas, que não se

encontram neste trabalho, mas que podem ser objeto de estudo para futuras

pesquisas.

Uma questão que foi abordada superficialmente neste estudo, mas que pode

ser ampliada num outro, é a questão da gestão do conhecimento. Houve

intencionalmente a omissão desta questão nas sugestões, por tratar-se de questão

estratégica e de vital importância para a sobrevivência da memória, bem como da

própria Instituição, merecendo trabalhos específicos sobre o tema.

Outro assunto que tem sido tratado com grande prioridade nas instituições

públicas, bem como em empresas privadas é a gestão de pessoas por

competências. No Inmetro já existe um projeto em andamento, de gestão de

pessoas, que merece um aprofundamento, podendo ser objeto de outro estudo.

A ligação do Critério Pessoas com os demais critérios do PQGF e sua

influência na obtenção do reconhecimento do Prêmio também merece ser

pesquisada.

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