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Universidade Presbiteriana Mackenzie
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DAS ORIGENS DA COLONIZAÇÃO AO CYBERSPACE: UM ESTUDO DE COMO A LIBERDADE PERMEIA A HISTÓRIA NORTE-AMERICANA
Regina Paula Ambrogi (IC) e Vera Lúcia Harabagi Hanna (Orientadora)
Apoio: PIVIC Mackenzie
Resumo
A presente pesquisa, situada no âmbito dos estudos histórico-culturais, investiga o conceito de liberdade (do inglês freedom, liberty) desde as origens da colonização norte-americana até os tempos
atuais, no espaço cibernético. Trata-se de um estudo analítico-expositivo acerca do caráter do uso do termo liberdade, inerente ao período de formação da sociedade norte-americana (séculos XVII, XVIII) quando da chegada dos primeiros colonos, fundadores das bases da sociedade norte-americana. Este trabalho visa a demonstrar, por meio da análise dos discursos de posse dos presidentes norte-americanos ao longo do tempo, além da análise de outros produtos culturais, que a ideologia liberal, ao contribuir para a formação daquele país, deu origem a comportamentos, atitudes, maneiras de pensar e agir que, presentes, na contemporaneidade, em diversas manifestações culturais, são observadas, igualmente, no ensino de língua inglesa-cultura americana, utilizando-se o espaço cibernético. O que passa a ser posto em discussão na sociedade do século XXI, da qual a internet é peça chave, não são mais os conceitos em si, mas como eles, embora muitas vezes antigos, continuam a emergir, repaginando-se constantemente. Conceitos antigos, como o ideal de liberdade para um povo, remodelam-se, sem perder suas bases fundadoras, na velocidade de sua época. Estudos sobre a cultura cibernética no século XXI apontam para o entendimento do conhecimento como a emergência continuada de uma inteligência coletiva, ou seja, o conhecimento atual seria derivado de uma forma mais livre e coletiva de aprendizado.
Palavras-chave: liberdade, cultura norte-americana, espaço cibernético
Abstract
This dissertation, situated in the ambit of historical and cultural studies, investigates the concept of liberty (freedom and related terms) since the origins of North-American colonization until the present time on the cybernetic space. It is concerned of an analytical-expositive study about the nature of the usage of the term liberty, starting as of the period of that society’s foundation (centuries XVII, XVIII) when the first settlers arrived, founders of the North-American society’s basis. The objective of this study is to demonstrate by means of the analysis of the North-American President’s Inaugural Addresses throughout history, and by the analysis of other cultural products, that the liberal ideology contributed to the foundation of the society triggering behaviors, attitudes, ways of thinking and acting which, being present in contemporaneity in diverse cultural manifestations, are equally observed in the teaching of the English language-culture, by means of the cyberspace. What starts to be discussed in the XXI century‘s society, from which the Internet is a key tool, are not the concepts themselves, but in which way those concepts, though many times ancient, continue to emerge, repaginating themselves continuously. Bygone concepts, as the ideal of liberty for a people, recast themselves, without losing their prime basis, at their time’s speed. Studies about the cybernetic culture in the XXI century aim to the understanding of knowledge as the continuing emergence of a collective intelligence, in other words, the current knowledge would be derived from a freer and more collective way of learning.
Key-words: liberty, North-American culture, cyberspace
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
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INTRODUÇÃO
A liberdade é algo a ser atingindo e conquistado. A maioria dos povos e indivíduos lutou
muito ao longo dos tempos para alcançar sua tão sonhada liberdade. Mas o que é a
liberdade afinal? Ela é a mesma coisa para todos? Todos os cidadãos de diferentes povos e
culturas do mundo definem a liberdade da mesma maneira?
Quando se pensa em liberdade nos Estados Unidos da América (EUA) invariavelmente uma
ideia percorre a mente das pessoas “A América é a terra da liberdade!”. O que nem sempre
ocorre, no entanto, é o questionamento do que é a liberdade para os norte-americanos, ela
é o mesmo que para os demais povos? Como era ser livre na América que se formava há
quatro séculos atrás? Qual caminho essa ideia percorreu até chegarmos à atualidade e
adentrarmos o espaço da internet, onde vigora a cibercultura atual?
Para que seja possível iniciar o entendimento da questão, faz-se necessário voltar às
origens dos EUA, à colonização sofrida por suas terras (séculos XVII, XVIII), seus
imigrantes, suas ideias religiosas, políticas, conflitos, soluções, discursos, em fim, à base da
América Moderna.
Os objetivos dessa investigação são os de conduzir uma breve investigação, por meio do
estudo histórico-crítico do Liberalismo Clássico (laissez-faire), ou do Liberalismo de
Mercado, praticado desde a época da colonização norte-americana, com a finalidade de
entender sua contribuição na fundação daquela sociedade. Desejamos traçar possíveis
ligações do liberalismo com os comportamentos, atitudes, maneiras de pensar e agir dos
norte-americanos ao longo da História até chegarmos à atualidade, com a finalidade de que
possamos delinear possíveis conexões entre o liberalismo e as manifestações culturais da
atualidade, presentes no cyberspace (espaço cibernético).
Tal liberalismo é tido como defensor das liberdades individuais, limitador constitucional e
fiscal do governo, defensor do direito à propriedade, protetor dos direitos civis e assegurador
da igualdade perante a lei. Como tal, pode ter deixado um legado cultural de busca e luta
pela liberdade no imaginário e senso comum do povo norte-americano, sob a forma de
ideias e modos de pensar, tal qual “A América é a terra da Liberdade!”, que permeia não
somente o pensamento dos norte-americanos em relação ao seu próprio país, mas também
o imaginário dos estrangeiros.
Os objetivos específicos dessa investigação são os de contextualizar historiograficamente a
ideia de liberdade na sociedade norte-americana que se formava, além do de pontuar como
essa ideia tornou-se um conceito de efeitos sociais e culturais na comunidade, quando essa
criava uma identidade própria, após a independência. Pretendemos, também, conectar a
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ideia de liberdade à cultura cibernética (cyberculture), intrinsecamente livre em seu princípio
de constituição.
O propósito da presente investigação é ressaltar que uma análise volumosa como a feita
aqui é facilitada pela internet que disponibiliza ferramentas de busca e acesso a documentos
originais de maneira mais livre. Anteriormente tais pesquisas só eram viáveis in locus, sendo
onerosas e difíceis para a maioria dos pesquisadores.
Buscamos, com isso, propor uma reflexão acerca das possibilidades de uso do espaço
cibernético, além das informações ali disponíveis, no ensino de língua estrangeira. A
tentativa da universalização dos saberes será interpretada como um resultado da
necessidade de manutenção da liberdade alcançada pelos povos, sobretudo no século XXI,
usando-se como um dos meios mais democráticos de comunicação, expressão e pesquisa:
o espaço cibernético.
REFERENCIAL TEÓRICO
A primeira parte da presente investigação apresentou uma contextualização histórica do
objeto de estudo por meio da análise de documentos históricos e discursos políticos da
época da chegada dos primeiros colonizadores às terras norte-americanas. Serão
apresentados os discursos proferidos a bordo dos navios que traziam os colonos, a bordo
do Arbela, WINTHROP (1630) faz emprego de termos relacionados à liberdade, e no navio
Mayflower (1620), no qual todos os peregrinos assinaram um pacto de boa convivência na
colônia; ambos revelando a visão puritana que predominaria nos assentamentos, bem como
sua visão de liberdade. Para essa contextualização, houve a análise crítica de fatos
históricos norte-americanos considerados relevantes levantados do livro História dos
Estados Unidos – das origens ao século XXI, dos autores KARNAL, PUDY, FERNANDES e
MORAIS (2008).
Na segunda etapa do presente trabalho foram destacados os diferentes grupos sociais que
habitavam a colônia inglesa ressaltando-se que a liberdade almejada não era igual para
todos que habitavam a América do Norte. Tais distinções podem ter acelerado a
necessidade de liberdade em relação à metrópole, quando há a comparação entre as
Américas do norte e do sul. Mulheres, afro-descendentes, povos indígenas e homens não
livres não tiveram os mesmo direitos que os WASP (white, Anglo-Saxon, protestant),
conforme os estudos do historiador norte-americano Frank Tannenbaum (KARNAL (2008)
apud TANNENBAUM) vieram a ressaltar e embasar essa etapa da investigação. Em um
estudo sobre a liberdade não poderia faltar pelo menos em uma breve análise das palavras
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de MARTIN LUTHER KING (1964) e seu discurso “Eu tenho um sonho“ (“I have a dream.”),
um verdadeiro marco na luta da liberdade dos afro-americanos.
Em seguida, foram trazidos episódios marcantes no processo de independência das
colônias e no período da Revolução Americana. O principal discurso analisado foi o de
PATRICK HENRY (1775) conhecido por “Dêem-me a liberdade ou dêem-me a morte!”
(“Give Me Freedom Or Give Me Death!”), sendo outra importante publicação estudada o
panfleto “O bom senso” (“Common Sense”), atribuído a THOMAS PAINE (1776).
Outras análises introduzidas brevemente foram as da DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA
(1776) e da CONSTITUIÇÃO AMERICANA (1787) e suas Emendas (1789), conhecidas
como Declaração de Direitos dos Cidadãos. Os três são comumente considerados como
Alvarás da Liberdade (“Charters of Freedom”) na História norte-americana e por isso não
poderiam estar ausentes do presente estudo.
Na etapa de análise, o conceito de liberdade é aplicado ao objeto de estudo, havendo o
levantamento de termos atinentes nos discursos de posse de todos os presidentes norte-
americanos da História. Procuramos o registro do emprego da palavra “liberdade”,
principalmente sob a forma de três termos em língua inglesa (liberty, freedom and free),
sendo os dois primeiros respectivamente o substantivo “liberdade” e o terceiro o adjetivo
“livre” ou o verbo “liberar”, em língua portuguesa.
No corpus da presente investigação foram levantados os termos atinentes nos cinquenta e
seis discursos de posse (Inaugural Words Addresses) de todos os presidentes norte-
americanos que discursaram ao assumir o cargo; ou seja, desde 1789, quando George
Washington pronunciou suas palavras inaugurais, até 2009, no discurso de posse do último
presidente eleito, Mr. Barack Obama, utilizando-se uma ferramenta de busca disponibilizada
on-line pelo jornal norte-americano THE NEW YORK TIMES (1851).
MÉTODO
O método utilizado na presente pesquisa envolveu uma abordagem predominantemente
qualitativa e seguiu etapas de contextualização histórica da ideia de liberdade encontrada
sob a forma de três vocábulos em língua inglesa (liberty, freedom and free). Na primeira
etapa houve a contextualização histórico-social da ideia de liberdade nas sociedades norte-
americanas incipientes por meio da análise dos discursos da época da colonização havendo
o estabelecimento de relação entre os textos de pessoas viventes na época colonial, como
discursos e pregações, com os metarrelatos de historiadores da cultura norte-americana.
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Sempre que possível, foram utilizados os textos originais na investigação, todos os excertos
em língua inglesa em que figuravam os termos pesquisados foram transcritos para o corpus
da pesquisa, tendo a autora traduzido o trecho para o português, constando, assim, tanto o
original em língua inglesa quanto a tradução para a análise do leitor. Isso durante a presente
etapa e as demais subsequentes. Embora tenhamos trabalhado com muitos discursos orais,
todos os trechos analisados foram extraídos de transcrições escritas oficiais do governo
norte-americano em língua original, e nunca dos áudios originais, por essa razão na foram
feitas notas de “informação verbal” como consta na norma 5.5 de citações NBR 10520:1998,
da ABNT.
Na segunda etapa, estabelecemos a contextualização histórico-social da ideia de liberdade
nas sociedades norte-americanas influenciada pelas ideias iluministas independentistas, a
análise dos discursos da época da independência foi utilizada para justificar a
contextualização histórica do conceito, além de estabelecermos relação entre os textos de
pessoas viventes na época da independência, como discursos dos presidentes, com os
metarrelatos de historiadores citados anteriormente da cultura norte-americana.
Já na etapa final, tratamos de contextualizar histórico-socialmente a ideia de liberdade nas
sociedades norte-americanas nos séculos XX e XXI por meio da análise dos discursos
políticos dos presidentes e demais produções consideradas relevantes. Estabelecemos a
relação entre o conceito de liberdade analisado no corpus da investigação com o a visão de
liberdade no espaço da internet e da cibercultura atual, pelo viés do ensino de inglês como
língua estrangeira.
Os termos liberty, freedom e free - respectivamente em português, os dois primeiros
equivalem ao substantivo “liberdade”, e o terceiro, mais comumente equivale ao adjetivo
“livre”, ou ao verbo “libertar” - foram procurados nos discursos de posse de todos os
presidentes norte-americanos, fazendo-se uso de uma ferramenta disponibilizada pelo jornal
norte-americano The New York Times, acessível por meio da rede mundial de
computadores no site:
http://www.nytimes.com/interactive/2009/01/17/washington/20090117_ADDRESSES.html.
A ferramenta trás uma linha temporal com as fotos dos presidentes, assim como as datas e
um mapa que analisa a linguagem utilizada por cada um deles em seus discursos de posse.
Tal mapa é interativo contendo em maior escala a palavra mais utilizada por cada um dos
eleitos em seus respectivos discursos. Isso quer dizer que a(s) palavras(s)
proporcionalmente maiores são as que mais foram empregadas por aquele presidente
naquele dado discurso.
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Ao se passar o cursor do mouse por sobre o termo procurado, o número de vezes que
aquela palavra foi empregada no discurso fica evidente, sendo que quando se clica na
palavra, o texto original, com o termo selecionado destacado, fica disponível ao leitor. Além
disso, ainda constam na página o discurso do presidente na íntegra e um pequeno resumo
de como as palavras inaugurais ficaram conhecidas na História daquele país.
É importante ressaltar que embora tenha havido a leitura integral dos discursos de posse, a
presente investigação focalizou no uso da ferramenta como um recurso para agilizar o
acesso aos termos atinentes aqui investigados, o que quer dizer que alguns deles podem ter
apresentado falhas, tanto em relação ao número exato de ocorrências, quanto por parte da
representação gráfica disponibilizada pelo jornal The New York Times. Por essa razão, não
foi feita uma abordagem quantitativa de análise de dados nessa pesquisa, embora tenha
sido elaborada uma tabela constando um levantamento do número de termos relacionados à
liberdade encontrados nos discursos de posse.
Sempre que possível, essas falhas foram corrigidas, porém devido ao grande número de
discursos analisados e devido ao fato da seleção utilizada pela ferramenta revelar as
palavras mais empregadas em cada discurso e não, necessariamente, cada vez que o
termo foi empregado, houve, assim, maior concentração na análise dos textos em que o
gráfico não disponibilizava nenhum dos termos buscados na pesquisa.
Não foram detalhados todos os termos mais empregados em cada um dos discursos de
posse, nem tão pouco foram transcritas cada uma das frases em que figuravam os termos
atinentes a essa pesquisa. Foram ressaltados os aspectos considerados mais importantes
tanto da transcrição do discurso proferido, quanto do momento histórico pelo qual passava
cada um dos presidentes. Excertos contendo quaisquer dos três termos atinentes foram
empregados, a qualquer momento, tanto no corpus da análise, quanto ao longo do texto em
si, assim como nas epígrafes de cada capítulo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por se tratar inicialmente de um assentamento britânico, tornou-se imprescindível voltar ao
contexto sócio-cultural da Inglaterra e a sua “modernidade política” para o início do
entendimento da jornada em busca da liberdade que os britânicos faziam rumo à
desconhecida América. Buscamos procurar os termos pesquisados “liberdade e livre” em
língua portuguesa, liberty, freedom and free, em língua inglesa, no referencial teórico
levantado, trabalhando-se tanto com textos originais em inglês quanto com textos em língua
portuguesa.
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Com respaldo nas ideias do historiador KARNAL (2008), chegamos a conclusão de que a
ação dos monarcas britânicos modernos não considerava se o que faziam era moralmente
correto ou não e de que a ideia de liberdade, no que viria a ser futuramente os EUA, foi
trazida da metrópole, a Inglaterra. Pela visão do historiador, a modernidade política britânica
era a própria liberdade dos homens.
Nos mais tenros primórdios da civilização norte-americana, em um dos primeiros
documentos de que se tem conhecimento, em sua célebre tese, o governador John
Winthrop, em 1630, a bordo do navio Arbela, proclama aos colonos a bordo, suas ideias de
liberdade, as quais começariam a permear toda a cultura do incipiente país. Conhecido
como “A Model of Christian Charity”, em português “Um modelo de caridade Cristã”, o
vocábulo free – livre – aparece relacionado a conceitos religiosos do puritanismo e aos
preceitos morais de como deveria ser o comportamento esperado na colônia.
Na contramão dos pensamentos da modernidade política britânica, em seu discurso com
intenções de moralizar a vida nos assentamentos, WINTHROP (1630) destaca que a terra
onde iriam desembarcar era dada aos colonos, por serem um povo eleito e escolhido por
Deus. Sua tese é inteiramente baseada em versículos extraídos da Bíblia, como ficou
evidenciado em um trecho original do discurso, o qual fala do amor de Deus de natureza
divina e espiritual, livre, ativo, forte e corajoso.
Chegamos a conclusão de que pela visão puritana, desde o começo, a liberdade norte-
americana seria justificada por Deus, por Seu amor incondicional e pelos preceitos morais
da Bíblia. Para ser liberto do jugo, o povo deveria tentar se parecer a Deus e a Seu amor.
Ao longo da analise dos dados, pretendemos traçar um paralelo entre as ideias trazidas à
colônia norte-americana, como as de Winthrop, e as ideias dos norte-americanos de hoje.
As ideias de Winthrop sintetizam muito do que é o espírito libertário norte-americano até
hoje, podendo ser descrita como a ciência de que a liberdade tem seu preço e de que esse
preço é alto. Para ser livre não bastam direitos, há muitos deveres. Um deles é a
perseverança, outro a força para lutar contra as adversidades, outros são a permanência e o
trabalho ativo, em outras palavras, valores tipicamente puritanos.
Tal relação pode ser feita quando analisamos as palavras de nosso contemporâneo e
especialista em liberdade, Dr. Ebeling, extenso palestrante sobre temas de mercado livre,
presidente da FEE (Foundation for Economic Education). Ele explicita o que é a liberdade
para os norte-americanos de hoje, ao fazer exatamente um paralelo entre o destino dos
antepassados que nasciam na América (do Norte), como no caso dos imigrantes que lá
chegavam, há cerca de quatro séculos, e a liberdade: “América! Por mais de duzentos anos
a palavra tem representado esperança, oportunidade, uma segunda chance e liberdade. Na
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América o nascimento acidental de um homem não serviu como um peso inescapável que
ditava o destino de uma pessoa ou o de sua família.” (EBELING, 2010, grifo e tradução
nossa).
Para conseguirmos traçar a ponte entre o passado e o presente, torna-se imperativo
destacar, brevemente, um outro ponto relevante para a presente investigação: a questão do
dialogismo inerente à linguagem. Ao analisarmos as palavras de Ebeling, a tese de Winthrop
baseada na Bíblia, ou os demais discursos políticos a serem mencionados ao longo deste
estudo, invariavelmente seremos remetidos à questão do dialogismo, de Mikhail Bakhtin, e a
ideia de que o dialogismo é constitutivo da linguagem, conforme lembrado por Fiorin em
Polifonia Textual e Discursiva:
Bakhtin, durante toda a sua vida, foi fiel ao desenvolvimento de um conceito: o dialogismo. Sua preocupação básica foi a de que o discurso não se constrói sobre o mesmo, mas se elabora em vista do outro. Em outras palavras, o outro perpassa, atravessa, condiciona o discurso do eu. (FIORIN, 2003, p. 29).
As pessoas a bordo do navio Arbela queriam um recomeço, estavam cansadas do jugo da
realeza britânica e viam na empreitada a chance de reiniciarem suas vidas, apesar de todos
os riscos. O discurso de Winthrop foi elaborado em vista deles, homens que estavam
cansados de lutar por sua liberdade religiosa em terras britânicas, governada por monarcas
de ideias modernas, alheios ao moral. Winthrop, por seu lado, era um puritano que queria a
ordem, o trabalho árduo e o respeito às suas crenças nos assentamentos, por isso o alto
teor moralizante de seu discurso. O discurso não foi construído entorno de si mesmo, ele
certamente foi perpassado por outros discursos que vieram antes dele, por exemplo, o
discurso bíblico já mencionado.
Igualmente, uma vez proferido, o discurso de Winthrop tornou-se passível de ser
atravessado por discursos posteriores. Da mesma forma, o discurso de Ebeling traz em si as
vozes de outros discursos, podendo ser traçadas conexões entre o passado e o presente.
Por essa visão, podemos aventar a possibilidade do discurso de Winthrop ajudar a difundir o
conceito de liberdade, que perpassaria o seu tempo e sociedade e chegaria à atualidade, na
voz polifônica de outros discursos, como no discurso de Ebeling.
Karl Mannheim, conhecido sociólogo judeu que participou de um grupo de estudos
coordenado por Georg Lukács – filósofo de grande importância no cenário intelectual do
século XX -, em seu livro Ideologia e Utopia afirma ser imprescindível compreendermos a
relatividade das significações produzidas ao longo da História, como fica evidente no trecho:
Temos que compreender, de uma vez por todas, que todas as significações que constituem nosso mundo são simplesmente uma estrutura historicamente determinada e em contínuo desenvolvimento, e
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na qual o homem se desenvolve, e essas significações de nenhuma maneira são absolutas. (MANNHEIM, 1976)
A investigação levou em conta tal viés, o da relatividade das significações produzidas, para
investigar a trajetória do conceito de liberdade ao longo da História norte-americana. Temos
a consciência de que as significações são intrinsecamente relativas e circunscritas a seus
contextos históricos e ideológicos, sendo por essa razão, trazidos a essa investigação,
mesmo que de maneira breve, os contextos históricos de produção dos materiais
selecionados.
Com tal entendimento, um último ponto é primordial de ser lembrado, o fato de a cultura, a
partir da pós-modernidade, diferir em muito da cultura em momentos anteriores. A
professora da USP e pesquisadora Cevasco, citando Jameson, esclarece que a cultura na
pós-modernidade passa a ser vista em um sentido mais amplo, como um organismo
complexo em expansão:
[...] a cultura se expande de forma prodigiosa por todo o domínio do social, de tal forma que tudo em nossa vida social – do valor econômico ao poder do Estado [...] – pode ser chamado de cultural em um sentido original e ainda não teorizado. (CEVASCO, 2003, p. 03).
Por essa visão, podemos dizer que a produção cultural na pós-modernidade passa a ser
quase tudo o que é produzido. Assim sendo, os relatos históricos e seus discursos, que
estão inseridos dentro da produção cultural de um povo, devem ser entendidos de acordo
com o momento histórico em que ocorreram, e não, levando em consideração a visão mais
ampliada que temos em relação a eles, na pós-modernidade. Foi por esse viés conduzida a
investigação acerca da liberdade para os norte-americanos ao longo de nossa investigação.
Pudemos concluir que a liberdade que era almejada pelos colonos norte-americanos não
abarcava todos os segmentos sociais como uma primeira análise poderia levar a supor. As
mulheres, os escravos, de qualquer origem, mas predominantemente de origem indígena ou
africana; além dos que não pertenciam ao grupo conhecido por WASP ficariam
marginalizados do sonho norte-americano de liberdade até o século XX.
Ao adentrarmos no tipo de colonização recebida nas Américas, a generalização de que os
colonos católicos que habitaram a América Latina eram predominantemente ladrões sem
escrúpulos tem sua contrapartida na generalização de que os colonos da América do Norte
eram todos puritanos, religiosos, tementes a Deus. Embora atualmente se saiba que nem os
católicos da Península Ibérica nem os ingleses foram os pioneiros nas Américas, havendo
registro de passagens de franceses, holandeses, vikings e dos próprios indígenas nativos
das terras, os primeiros colonos que se estabeleceram em terras norte-americanas não
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eram tão semelhantes entre si quanto o rótulo de “puritanos” tenta englobar. Isso quer dizer
que os preceitos morais que os regiam também eram divergentes, incluindo-se aí ideias em
relação à liberdade. Havia em terras norte-americanas, por exemplo, o grupo dos religiosos
quakers, mais liberais, que acreditava ser cada homem sacerdote de si mesmo, oferecendo
terras gratuitas e liberdade religiosa a seus adeptos.
As análises da luta pela liberdade para muitos excluídos como os afrodescendentes norte-
americanos, assim como para os diversos povos indígenas que habitavam a região, ou para
as mulheres norte-americanas, por si só resultariam em um projeto investigativo extenso em
que figurariam publicações de alta relevância para os estudos culturais norte-americanos
acerca do tema da liberdade. Os quatro séculos que permaneceram à margem da
sociedade libertária que ajudaram a fundar, com seu trabalho árduo e pouco valorizado, são
espelhados nos atuais conflitos sociais da sociedade norte-americana, embora a eleição do
primeiro presidente de origem africana no começo do século XXI. Mr. Barack Hussein
Obama II, quadregésimo-quarto presidente eleito, em 2008, teve como um dos motes de
sua campanha “Eu tenho um sonho” proveniente do discurso de Martin Luther King, além do
uso da internet – considerado decisivo para sua eleição.
MARTIN LUTHER KING JR. (1963) em franca luta pelos direitos civis fez o discurso que
pode-se afirmar ser libertário e de cunho significativo para a ideia de liberdade na cultura
norte-americana, “Eu tenho um sonho” (“I have a dream.”), discurso no qual revisita
passagens fundadoras da ideia de liberdade para o povo norte-americano, ao citar discursos
e passagens importantes da cultura pregressa, e lança bases para futuras revisitações,
como a de Mr. Obama.
Voltando a 1775, o político PATRICK HENRY (1775) dirigiu-se ao presidente da Convenção
da qual participava, no discurso conhecido por suas palavras finais “Dêem-me a liberdade
ou dêem-me a morte!” (Give Me Freedom or Give Me Death!). Há o emprego do advérbio
“livremente” (freely) uma vez; cinco vezes o substantivo “liberdade”, sendo duas delas o
vocábulo freedom e mais três vezes liberty; além de uma vez o adjetivo “livre” (free), em
uma fala de apenas 1.216 palavras. Mais uma vez, e isso parece ser uma constante desde o
início da colonização norte-americana, os preceitos puritanos e a crença na sina de povo
eleito por Deus ajudam a justificar o levante militar que seria responsável pela Guerra da
Independência e colocaria. Os futuros EUA em posição de lutar por outras de suas
liberdades conquistadas ao longo dos séculos: sua liberdade econômica e sua soberania
nacional.
Na visão de Henry, a guerra já havia começado, ele questiona seus compatriotas quanto ao
preço que vinham pagando para terem aquela falsa sensação de paz e liberdade,
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defendendo o direito de luta armada para alcançarem a liberdade da metrópole com as
ilustres palavras que imortalizariam seu discurso: “Dêem-me a liberdade ou dêem-me a
morte!”.
O panfleto “Bom Senso” (“Common Sense”) atribuído a PAINE (1776), fez com que o autor
ficasse conhecido mundialmente como responsável pela sistematização do sentimento dos
colonos em relação aos abusos e desmandos da metrópole nas terras americanas. Há o
emprego da palavra “liberdade” por meio dos termos atinentes liberty e freedom por dezoito
vezes ao longo da publicação, além de mais seis empregos da palavra “livre” sob forma do
vocábulo free. A reiteração dos termos ao longo do documento, assim como a relevância
histórica que lhe é dado faz com que o panfleto possa ser considerado importante na
fundação do ideal de liberdade para o povo norte-americano.
A DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA (1776) é um documento de 1.322 palavras, no qual
o termo free (adjetivo livre) é utilizado por quatro vezes e a palavra liberty (substantivo
liberdade) é empregada mais uma vez em seu curso. O documento assegura que todos os
homens foram criados iguais e que foram dotados por Deus de certos “Direitos inalienáveis”,
dentre os quais estão o direito a “Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade”. O trecho é um
dos mais utilizados em discursos políticos norte-americanos desde sua publicação, estando
constantemente presentes nos discursos de posse dos presidentes do país. É um fragmento
sempre lembrado em manifestações de defesa aos direitos dos cidadãos e civis, citado em
produções cinematográficas ou televisivas, em suma, não seria leviano afirmar que se trata
de um dos trechos mais empregados na cultura-alvo quando em defesa ao direito alienável
à liberdade de um cidadão norte-americano.
A CONSTITUIÇÃO AMERICANA (1787) contém sete artigos, divididos em seções, sendo
que ao longo do documento é empregada uma vez a palavra “livre”, na forma do vocábulo
free, e outra vez o termo “liberdade” sob a forma de liberty, logo em seu início. No
documento, a ideia da liberdade é associada a uma benção, divina, portanto, - um preceito
puritano - adquirida pelos que lutaram contra a Grã-Bretanha, sendo assegurada como um
direito aos cidadãos norte-americanos. A constituição é a mesma desde 1787, sendo que
modificações a ela são feitas por meio de Emendas que totalizam vinte e sete até o presente
momento. Nessas emendas os termos atinentes (free, freedom, liberty) procurados nesta
investigação foram empregados outras vezes. O cunho Bill of Rights, ou Declaração de
Direitos dos Cidadãos, foi o nome que as dez primeiras Emendas à Constituição receberam.
Os três documentos mais importantes para a liberdade dos cidadãos norte-americanos
(Charters of Freedom), aqui mencionados, podem ser facilmente acessados virtualmente por
qualquer interessado em História ou por qualquer outro motivo, sendo inclusive possível o
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acesso aos documentos originais na íntegra presentes no Arquivo Nacional dos Estados
Unidos, assegurando que qualquer cidadão norte-americano tenha a liberdade de ciência de
seus direitos, a qualquer momento.
Os estudos acerca da liberdade enveredam, dessa maneira, por outros caminhos que
esbarram na educação que o povo norte-americano vêm recebendo ao longo do tempo. Tal
constatação poderia levar a supor que internet e a produção cultural ali disponibilizada
atuam como força motriz para assegurar a liberdade amplamente discutida e defendida na
sociedade norte-americana ao longo dos cinco séculos de sua existência.
Quando se vive em um mundo praticamente globalizado, no qual pode-se chegar a qualquer
país em questão de horas por avião, ou em questão de segundos, bastando um click no
mouse de sua internet, muitas vezes as origens das ideias e nações que as impulsionaram
ficam perdidas no mar dos metarrelatos da história, como se os historiadores e seus
protagonistas deixassem nada mais do que suas impressões sobre o momento histórico
relatado. Análises mais atentas e pesquisas das origens das ideias, porém, fazem com que
percebamos que elas sempre permearam a nossa cultura e amoldaram nossa maneira de
pensar, sem que tenhamos nos atentado a elas.
Com efeito, o que passa a ser posto em discussão na sociedade do século XXI da qual a
internet é peça chave, não são mais os conceitos em si, mas que eles, embora muitas vezes
antigos, continuam a emergir repaginando-se constantemente. Eles remodelam-se na
velocidade de uma sociedade global em que a comunicação passa a ser concebida de
maneira mais livre. Em outras palavras, poder-se-ia dizer que o conhecimento é o velho
“Bom Senso” de Paine, todavia sob outra forma, uma forma libertária e coletiva de
construção e remodelação do conhecimento disseminado pelo mundo virtual e o espaço
cibernético.
Dos cinquenta e seis discursos de posse dos presidentes norte-americanos analisados, em
catorze não foram encontrados nenhum dos termos atinentes investigados nessa pesquisa,
quando feito o uso da ferramenta disponibilizada pelo jornal. Isso significa dizer que da
totalidade de discursos, em vinte e cinco por cento deles não teria sido empregado nenhum
termo aqui investigado (liberty, freedom ou free) e, na maioria absoluta deles, ou setenta e
cinco por cento, pelo menos um dos termos foi encontrado.
De acordo com o gráfico interativo do jornal The New York Times, nos seguintes discursos
dos presidentes, em ordem cronológica, não constariam nenhum termo atinente à liberdade
aqui selecionado: nas palavras inaugurais de George Washington (1793), de James
Madison (1813), de James Monroe (1817 e 1821), de Martin Van Buren (1837), de Abraham
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Lincoln (1861 e 1865), de Ulysses S. Grant (1869 e 1873), de Grover Cleveland (1885), de
William Howard Taft (1909) e de Franklin D. Roosevelt (1933, 1937 e 1945).
A análise dos textos na íntegra, porém, revelou que os discursos da grande maioria destes
presidentes continham os termos atinentes investigados, ou outros a eles relacionados. Em
somente três discursos, ao final, não foI encontrado nenhum dos termos aqui investigados
relacionados à liberdade. Foram eles os discursos de segunda posse de George
Washington (1793) e de Abraham Lincoln (1865), além das primeiras palavras inaugurais de
Franklin D. Roosevelt (1933). Isso quer dizer que em somente três pronunciamentos
inaugurais ao longo de toda a História do país, respectivamente, em dois discursos de posse
de reeleição e em apenas um discurso de posse ocorrida pela primeira vez, não foram
mencionados nenhum dos termos relacionados à liberdade, aqui investigados.
Isso faz com que a porcentagem de discursos inaugurais dos presidentes norte-americanos
que não continha nenhum dos termos atinentes aqui investigados caia de vinte e cinco para
apenas cerca de cinco por cento (5,3%), ou seja, uma quantidade mínima. Se for levado em
consideração o fato de que todos os três presidentes empregaram ao menos um dos termos
em discursos inaugurais anteriores ou subsequentes, a porcentagem cai para 0%. Isso
equivaleria dizer que absolutamente todos os presidentes norte-americanos em algum de
seus pronunciamentos de posse empregaram, ao menos uma vez, termos atinentes à
liberdade em seus pronunciamentos inaugurais como presidentes da nação. Um
levantamento mais detalhado dos termos encontrados está na tabela abaixo:
Presidente: Termos atinentes em número mínimo de vezes Anos de mandato liberty/liberties free freedom outros
Barack Obama 2009-presente 2 2 3 -
George W. Bush 2005-2009 15 7 27 - George W. Bush 2001-2005 1 1 5 liberator
William J. Clinton 1997-2001 2 3 2 - William J. Clinton 1993-1997 1 1 3 -
George Bush 1989-1993 1 9 6 -
Ronald Reagan 1985-1989 1 3 14 freed Ronald Reagan 1981-1985 3 2 8 freeing
Jimmy Carter 1977-1981 2 1 4 -
Gerald R. Ford 1974-1977 não houve pronunciamento
Richard M. Nixon 1973-1974 - - 4 - Richard M. Nixon 1969-1973 - 2 2 -
Lyndon B. Johnson 1963-1969 6 1 2 -
John F. Kennedy 1961-1963 1 5 4 -
Dwight D. Eisenhower 1957-1961 - 6 11 freely
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Dwight D. Eisenhower 1953-1957 - 21 10 -
Harry S Truman 1945-1953 4 11 13 freely
Franklin D. Roosevelt 1945 - - 1 -
Franklin D. Roosevelt 1941-1945 1 3 6 freely (2)
Franklin D. Roosevelt 1937-1941 1 1 - -
Franklin D. Roosevelt 1933-1937 - - - -
Herbert Hoover 1929-1933 2 1 6 -
Calvin Coolidge 1923-1929 3 3 6 -
Warren G. Harding 1921-1923 4 2 5 -
Woodrow Wilson 1917-1921 1 3 2 - Woodrow Wilson 1913-1917 2 - - -
William Howard Taft 1909-1913 1 3 2
Theodore Roosevelt 1901-1909 - 2 - freemen/ freely
William McKinley 1901-1901 1 3 4 William McKinley 1897-1901 1 11 1
Grover Cleveland 1893-1897 - 4 - -
Benjamin Harrison 1889-1893 - 7 - -
Grover Cleveland 1885-1889 - 1 - freemen/freedman
Chester A. Arthur 1881-1885 não houve pronunciamento
James A. Garfield 1881 5 4 7 -
Rutherford B. Hayes 1877-1881 - 3 - -
Ulysses S. Grant 1873-1877 - 1 - - Ulysses S. Grant 1869-1873 - - - -
Andrew Johnson 1865-1869 não houve pronunciamento Abraham Lincoln 1865 -
Abraham Lincoln 1861-1865 1 1 - -
James Buchanan 1857-1861 20 9 - -
Franklin Pierce 1853-1857 1 - 3 -
Millard Fillmore 1850-1853 não houve pronunciamento
Zachary Taylor 1849-1850 1 - - freeman
James K. Polk 1845-1849 - 14 - freed
John Tyler 1841-1845 não houve pronunciamento
William Henry Harrison 1841 20 11 1 -
Martin Van Buren 1837-1841 1 2 - - Andrew Jackson 1833-1837 4 - - -
Andrew Jackson 1829-1833 2 2 - -
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John Quincy Adams 1825-1829 - - 5 -
James Monroe 1821-1825 1 2 James Monroe 1817-1821 3 3 - -
James Madison 1813-1817 - 1 - liberality James Madison 1809-1813 2 - 1 -
Thomas Jefferson 1805-1809 3 - - -
Thomas Jefferson 1801-1805 3 3 4 -
John Adams 1797-1801 4 - - -
George Washington 1793-1797 - - - - George Washington 1789-1793 3 2 - -
CONCLUSÃO
Se for levado em consideração o fato de que todos os três presidentes empregaram ao
menos um dos termos em discursos inaugurais anteriores ou subsequentes, a porcentagem
cai para 0%. Sendo assim, absolutamente todos os presidentes da nação empregaram, em
algum de seus pronunciamentos de posse, ao menos uma vez, termos atinentes à liberdade
em seus pronunciamentos inaugurais.
Em nenhum discurso de nenhum presidente que tenha governado o país por somente uma
vez faltou o emprego dos termos atinentes à liberdade aqui investigados, fato também
extremamente relevante e significativo para essa investigação. Igualmente quando
analisados os documentos da História do país mais comumente citados em livros por
historiadores, os termos atinentes à liberdade, aqui investigados, figuram massivamente,
tanto em documentos oficiais do Governo, quanto em suas leis, quanto em discursos civis e
políticos, como também na produção cultural; em suma, em todas as instâncias da nação.
Tais indicativos somados, sustentam a possibilidade de aventarmos uma afirmação mais
categórica em relação ao assunto, como: o ideal de liberdade permeia a sociedade norte-
americana em sua totalidade, desde suas mais tenras bases.
Podemos afirmar, com toda a convicção, que sem o uso da internet e sem o acesso às
informações disponibilizadas na rede, a presente investigação seria quase impossível de ser
realizada em apenas um ano. Para se ter acesso aos discursos de todos os presidentes
norte-americanos na íntegra, os pesquisadores teriam que se dirigir aos EUA e marcar
audiências nas bibliotecas públicas, necessitando muitas sessões para se poder fazer o
levantamento dos termos atinentes feitas aqui por meio de uma ferramenta interativa
disponibilizada no espaço cibernético. Os custos seriam exorbitantes.
Logicamente que também poderiam ser encontrados livros, confiáveis, portanto, contendo
todos os documentos. Tais livros não contariam, porém, com as ferramentas de busca
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contidas nos softwares atuais e também contidas no site interativo do Jornal The New York
Times, que por meio da busca das palavras, agilizam o acesso ao termo procurado. Isso
significa dizer que os recortes aqui trazidos levariam muito mais tempo para serem feitos,
uma vez que o acesso às sentenças exatas em que os termos atinentes figuravam em cada
discurso, só seria possível quando feita a leitura de todas as palavras de cada discurso.
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