Registro de Bem Imaterial

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SAMBA DE CUMBUCA Livro de Celebrações 2015

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Moradores da comunidade Salinas, na cidade de Campinas do Piauí, a 414 km ao Norte de Teresina, apostam no artesanato nesta época do ano. Devido à estiagem e o campo fraco, a rotina da população é plantar quando chove e criar o gado na estiagem. Outra tradição entre os moradores é o samba de cumbuca que nasceu há mais de 100 anos, quando os escravos montaram um quilombo no lugar. Antônio Damasceno é quem puxa a canção. Para ele o ritmo é o orgulho para todos. “Aqui já vem do meu avô, que passou para meu pai e agora para mim. Espero poder deixar para meus filhos e que essa tradição nunca morra”, contou.

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SAMBA DE CUMBUCA

Livro de Celebrações2015

Sobre o Inventário

A proposta de realizar um inventário dos bens culturais quilombolas nasceu com a perspectiva de contribuir tanto para o enriquecimento do acervo cultural brasileiro e para a valorização da cultura quilombola. A proposta sinaliza caminhos para uma política cultural, incluindo possíveis registros de bens imateriais e planos de salvaguarda, de acordo com a sistemática do Decreto 3.551/00. Para as comunidades quilombolas, a proposta estava fortemente relacionada com a articulação da luta pelos direitos territoriais. Paralelamente, durante todo o ano de 2010, filmamos ofícios cotidianos, festas, músicas, danças, lugares, depoimentos contendo narrativas históricas e míticas com o objetivo de retratar o modo de vida, os conhecimentos e as práticas quilombolas que compõem estes bens culturais. A edição deste material resultou em um Vídeo-Relatório de 130 minutos de duração intitulado "Inventário Cultural - Quilombos do Ribeira". Exibimos o vídeo em todas as comunidades para avaliação e ajustes necessários.

Entende-se por patrimônio cultural imaterial as práticas, as forma de ver e pensar o mundo, as cerimônias (festejos e rituais religiosos), as danças, as músicas, as lendas e contos, a história, as brincadeiras e modos de fazer (comidas, artesanato, etc.), com os instrumentos, objetos e lugares que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e as pessoas reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural e que são transmitidos de geração em geração.Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas).

Mais informações em http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234.

O que é patrimônio cultural imaterial?

O representante da comunidade detentora/produtora do bem imaterial deve enviar, ao Iphan, a documentação contendo fotografias, desenhos, vídeos, gravações sonoras ou filmes, e uma declaração formal da comunidade expressando o interesse e anuência com a instauração do processo de registro. O requerimento deve conter a identificação do proponente; a justificativa do pedido; informações sobre o bem a ser protegido com indicação da participação dos grupos sociais envolvidos, de onde ocorre ou se situa, do período e da forma em que ocorre; e as informações históricas básicas sobre o bem.

Após a formação da equipe para as pesquisas, definem-se os procedimentos para o levantamento preliminar através de uma ficha catalográfica, também denominada Ficha de Campo. Essa ficha contém a identificação do bem cultural a ser registrado, a documentação, o procedimento para identificação do sítio e localidades, registros audiovisuais, bens culturais inventariados, contatos.

MONTAGEM DO RELATÓRIO A Ficha de Identificação do Sítio será o documento de abertura do relatório, volume que apresentará os resultados do inventário, seguida pelos mapas existentes e pelos Anexos 1 (Bibliografia) e 2 (Registros audiovisuais), agrupando-se após cada um, os mapas, os Anexos 3 (Bens culturais inventariados) e 4 (Contatos) e as fichas de identificação dos bens correspondentes. As fichas de identificação dos bens culturais de uma dada localidade serão numeradas em seqüência e reunidas segundo os tipos de bens.

SAMBA DE CUMBUCA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE

SALINAS – Histórico

Moradores da comunidade Salinas, na cidade de Campinas do Piauí, a 414 km ao Norte de Teresina, apostam no artesanato nesta época do ano. Devido à estiagem e o campo fraco, a rotina da população é plantar quando chove e criar o gado na estiagem. “Por a gente ser negra e está resgatando uma coisa antiga é muito satisfatório. Não estamos deixando a cultura dos nossos antepassados, morrer”, disse a artesã Marcina da Silva.Outra tradição entre os moradores é o samba de cumbuca que nasceu há mais de 100 anos, quando os escravos montaram um quilombo no lugar. Antônio Damasceno é quem puxa a canção. Para ele o ritmo é o orgulho para todos. “Aqui já vem do meu avô, que passou para meu pai e agora para mim. Espero poder deixar para meus filhos e que essa tradição nunca morra”, contou.Além do tambor de couro, outro instrumento é a cabaça tocada pela a agricultora Maria Florentina. “Eu me sinto muito feliz mesmo. Porque o samba de cumbuca para mim é tudo. É a nossa cultura, raiz, que passa de pai para filho. Eu estando aqui é tudo”, afirmou a mulher.

Questão de IdentidadeSer quilombola no Piauí é uma expressão de pertença com o lugar material e imaterial e com suas práticas culturais (manifestações) que, ao longo da existência concreta e simbólica das comunidades, foram se legitimando e se reinterpretando. Por isso, as manifestações culturais dos quilombos fecundadas, nutridas e transmitidas, de geração a geração, tornam-se, ao longo desse processo, sua identidade de resistência. Não é possível se falar em cultura de quilombo, em identidade, sem falar das manifestações que vêm de nossos ancestrais.É a ancestralidade que estrutura a nossa visão do mundo. E o intercâmbio cultural entre as comunidades quilombolas, grupos culturais e comunidades de terreiros contribuem na construção da tradição coletiva da expressão concreta e simbólica dessa pertença.Os “Troncos Velhos”, antepassados que já se foram desta viva material, relatavam que cantavam e dançavam o SAMBA DE CUMBUCA DE SALINAS para pegar o sol com a mão. As brincadeiras eram feitas pela madrugada e aconteciam até o sol nascer.

Depois deles, vieram os anciãos vivos da comunidade Salinas, que falam, com saudades, dos seus antepassados.Mas quem ensinou aos “Troncos Velhos”? Não sabemos seus nomes exatos por que esse registro se perdeu, mas por aqui todo mundo é descendente dos antigos escravos. Só podemos imaginar que a tradição do SAMBA DE CUMBUCA veio das senzalas existentes nas fazendas.Hoje, assim como no passado, os ensinamentos do Samba vão passando dos griots para os jovens e crianças. O grupo se forma em um processo dinâmico, mesmo sem estrutura ou sem dinheiro para oferecer aos que se interessam na aproximação com esta manifestação cultural.O repertório vai passando dos pais para os filhos. O jeito de dançar mantém a sua essência. Um jeito singular que pode ser confundido com rústico, bem diferente do samba das escolas, mas, ainda assim, pode ser sentido como pertencente às raízes deste.

O Grupo de Tradições Culturais Samba de Cumbuca de Salinas surgiu, na vida da história da comunidade, quando seis mulheres negras escravizadas chegaram ao Quilombo Salinas e ali começaram a expressar sua identidade cultural. Dizem os mais velhos da comunidade que essas mulheres negras, após um longo dia de trabalho, passavam a noite tocando samba de cumbuca: uma mistura de dança, canto e som tirado das mesmas cabaças que utilizavam para carregar água.Essa expressão cultural tornou-se importante para construir a história deste povo, pois todos os habitantes do Quilombo Salinas são descendentes daquelas mulheres escravizadas, com referência à Dona Úrsula, esta que deixou o maior número de descendentes.O Samba de Cumbuca de Salinas percorreu a história, até os dias de hoje, através da interação com a oralidade de geração pós geração, tornando-se um tesouro de valor inestimável para os seus descendentes atuais, que continuam a tradição de tocar, dançar e animar seus dias. O desejo da comunidade é que esta expressão de cultura e identidade continue, sempre, existindo.

Localizado no município de Campinas do Piauí, Estado do Piauí, na Região Nordeste do Brasil, o quilombo vive.

Quilombo Salinas, do Piauí, apresenta o Samba de Cumbuca

A   TV Vermelho  segue  a  apresentação  do  Ponto  Brasil  com o vídeo produzido pelo ponto Abd Antares, de Teresina  (PI). Os protagonistas são  os moradores  do Quilombo  Salinas  que  apresentam a  cultura  do Samba  de  Cumbuca,  suas  tradições  e  importância  para  a  cultura brasileira e a população piauiense. No elenco, por ordem de entrada: Bonifácia de Santana Machado, Maria Galdino, Dona Rosa Batista.https://www.youtube.com/watch?v=nvTckvADGWU#t=100

Pesquisa:http://aureojoao.blogspot.com.br/2010/03/samba-de-cumbuca-da-comunidade.htmlhttp://www.vermelho.org.br/noticia/119781-29http://www.jornaisnoticias.com.br/index.php/46911/populacc3a3o-de-campinas-do-piaui-mantem-vivo-o-samba-de-cumbuca-noticias-em-piaui/