Rel silv apl_estevao Silvicultura Aplicada

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Relatório de Atividades da Visita a Battistella Florestal Estêvão Eduardo Estêvão Chambule Trabalho apresentado como cumprimento ao processo de avaliação referente a disciplina de Silvicultura Aplicada ministrada pelo Prof. Dr. António Higa do Prógrama de Pós- Graduação em Engenharia Florestal da Universidade Curitiba Agosto de 2012

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Relatório de Atividades da Visita a Battistella

Florestal

Estêvão Eduardo Estêvão Chambule

Trabalho apresentado como

cumprimento ao processo de

avaliação referente a disciplina

de Silvicultura Aplicada

ministrada pelo Prof. Dr. António

Higa do Prógrama de Pós-

Graduação em Engenharia

Florestal da Universidade

Curitiba

Agosto de 2012

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 2

1.1 Histórico Geral ............................................................................................................................... 2

1.2 Tipo de Operação........................................................................................................................... 3

2 LEGISLAÇÃO.......................................................................................................................................... 4

3 PLANEJAMENTO SILVICULTURAL ........................................................................................................... 5

4 PLANEJAMENTO E MANUTENÇÃO DE ESTRADAS .................................................................................. 7

5 REABILITAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ............................................................................................... 8

6 MONITORAMENTO E CONTROLE DE FORMIGAS ................................................................................. 10

7 MELHORAMENTO FLORESTAL ............................................................................................................. 11

8 SEMENTES E VIVEIROS ........................................................................................................................ 12

9 PLANTIO ............................................................................................................................................. 13

10 PODA E DESBASTE ............................................................................................................................ 14

11 INDUSTRIALIZAÇÃO DA MADEIRA ..................................................................................................... 16

12 COLHEITA ......................................................................................................................................... 17

13 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 19

14 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 19

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Histórico Geral

A Modo Battistella Reflorestamento S.A. - MOBASA é uma empresa componente do

Conglomerado Battistella, que possui quinze empresas atuando em diferentes setores

como a industrialização e comercialização de madeiras e produtos derivados, comércio

de veículos pesados, automóveis e autopeças, agropecuária e transporte rodoviário. O

Conglomerado opera no setor florestal desde o início de suas atividades em Tangará,

SC - em 1938, administrada pelo seu fundador Sr. Emílio Fiorentino Battistella.

Percebendo a larga disponibilidade madeireira e a importância do desenvolvimento do

setor, em 1949 a atividade florestal é reorganizada em Lages – SC, onde é fundada a

Battistella Indústria e Comércio (BIC), que com o tempo deu lugar a várias unidades

industriais que produziam e comercializavam uma diversificada linha de produtos de

madeira provenientes das florestas naturais.

A partir dos anos 60, o crescimento da produção, o avanço dos desmatamentos e da

agriculturaameaça a sustentabilidade das atividades madeireiras do Grupo. Com o

objetivo de tornar a atividade florestal um negócio auto-sustentável, o conglomerado

inicia em 1963 o cultivo de Pinus. Com o advento dos incentivos fiscais (no decorrer da

década de 60) grande parte dos investimentos do grupo foram direcionados para a

área florestal. Em 1973, foi fundada a MOBASA – Modo Battistella Reflorestamento

S.A. em Rio Negrinho e a FLOBASA – Florestal Battistella S. A. em Lages. Durante

todo o período de incentivos fiscais a empresa elaborou projetos de reflorestamento na

região centro-sul e na região norte de Santa Catarina e na região sul do Paraná,

utilizando-se da floresta natural e dos plantios de pinus para o abastecimento de suas

indústrias e realizando o reflorestamento em larga escala.

Até abril de 2002, a MOBASA administrava um patrimônio florestal de 62,8 mil

hectares, quando foi negociado com o grupo UBS – União dos Bancos Suíços, uma

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área de 22,4 mil hectares, dos quais 13,9 mil hectares de florestas plantadas com

Pinus taeda (80%) e Pinus elliottii (20%).

A MOBASA é atualmente responsável pelo gerenciamento de toda a atividade florestal

do Conglomerado, possuindo um parque com aproximadamente 40,4 mil hectares

entre áreas com reflorestamentos, áreas de preservação permanente, reservas de

florestas nativas e áreas de infra-estrutura. A produção florestal/industrial propicia na

região aproximadamente 1.000 empregos diretos e 600 indiretos, com a terceirização

dos serviços nas atividades florestais.

A empresa mantém 19,6 mil hectares de formações florestais nativas entre áreas de

preservação permanente, reserva legal e uma Reserva Particular do Patrimônio Natural

- RPPN, a Reserva Emílio Fiorentino Battistella – mais conhecida como “Rota das

Cachoeiras”, localizada no Município de Corupá – SC, com área de 100 hectares, cujo

principal objetivo é a manutenção do patrimônio ecológico regional com atividades de

educação ambiental e turismo ecológico.

1.2 Tipo de Operação

A Operação de Manejo Florestal (OMF) MOBASA está submetendo à avaliação com

finalidade de certificação florestal pelo FSC uma Unidade de Manejo Florestal com área

total de 23,25 mil hectares sendo 9,54 mil hectares com plantações de Pinus spp, 11,4

mil hectares em reservas naturais para conservação, com florestas nativas e outros

ambientes (incluindo áreas de reserva legal, áreas de preservação permanente e

outras categorias) e 2,3 mil hectares correspondendo a outros usos, como estradas,

aceiros e benfeitorias.

Essas áreas estão distribuídas em 45 fazendas em sete municípios catarinenses: Rio

Negrinho (28 fazendas, totalizando 11.622,45 ha), Rio dos Cedros (cinco fazendas,

totalizando 6.627,13 ha), Corupá (uma fazenda, com área total de 2.179,22 ha),

Itaiópolis (quatro fazendas totalizando 1.423,01ha), Joinville (uma fazenda com 859,08

ha), Monte Castelo (uma fazenda com 275,01 ha) e Mafra (5 fazendas com 266,49).

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A empresa tem como visão o cultivo de florestas plantadas voltada a produtos e

serviços agregados.

O presente relatório é referente a visita efetuada a empresa Battistella Florestal, no

âmbito da disciplina de Silvicultura Aplicada e teve como objetivo mostrar a aplicação

prática e viável da silvicultura.

2 LEGISLAÇÃO

Foram apresentados aspectos referentes as principais mudanças no novo Código

Florestal, o qual traz a possibilidade de uso da Área de Preservação Permanente

(APP); Possibilidade de uso da Reserva Legal (RL); Criação de cadastro ambiental

rural; Criação de plano de recuperação Ambiental (Criação do termo de compromisso

de regularização); Criação de planos de incentivos para quem reserva.

Nas APPs de Mata Ciliar a principal inovação: Direito de continuar usando faixas de

mata ciliar e em torno de nascentes condicionando a restauração da parte aérea; Nas

demais APPs não precisa restaurar; As faixas a restaurar dependem do tamanho do

imóvel em moléculas fiscais; Comitês de bacia podem orientar a ampliação das faixas

de proteção.

Nas áreas de RL: pode-se utilizar com manejo sustentável; Pode recompor com

exóticas; Pode compensar no mesmo bioma (Mas em Santa Catarina não); Não

precisa averbar (Mas em Santa Catarina precisa); No manejo sempre observar a Lei da

Mata Atlântica.

Em relação aos estados foi levantada a questão da existência de leis próprias que

regulam as atividades florestais e não só. Por exemplo em Santa Catarina um dos

estados onde a Battistella opera tem código ambiental próprio; adota o critério do texto

de lei mais protetivo; A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) que atinge a lei

477165 deve acabar; Quando o conflito permanece deve ocorrer outra ADIN; É preciso

observar a Lei da mata Atlântica.

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Para avaliação da viabilidade legal do projeto e preciso verificar se o mesmo não choca

com as leis estaduais e municipais.

Para Santa Catarina a largura a deixar para áreas com rios de 10 m de largura tem de

ser de 20 m para áreas com mais de dez módulos, tendo em conta que um módulo

corresponde a 16 ha (outros estados tem outra correspondência). Battistella possui

áreas com mais de 10 módulos fiscais e com a nova lei não muda quase nada.

Em relação ao novo Código Florestal apenas em 2012 foi aprovado com vetos da

presidente, que podem ainda ser derrubados. A medida provisória tem de ser votada e

diversas mudanças podem surgir ainda.

3 PLANEJAMENTO SILVICULTURAL

Todas as operações que vão da limpeza do terreno, preparo do solo até o momento no

qual o povoamento se desenvolva sozinho. A empresa define quantas fazendas, tipos

de espécies, as unidades de manejo, o plantio efetivo e as áreas que ficarão para APP

e RL em função do tamanho das fazendas. No projecto de silvicultura propriamente dito

faz-se o talhonamento que consiste na divisão das unidades de manejo e colheita

florestal, detalhando – as em relação a sua área total, distribuição geográfica,

produção, e outras informações relevantes ao sistema de manejo. A divisão em talhões

depende de caraterísticas geográficas (relevo, rios e estradas) e visa facilitar e

setorizar as atividades.

Em relação a rede viaria esta tem como função atender aos objetivos da produção em

suas diversas fases e subdivide-se em primárias, secundárias e terciárias, estas devem

ser projetadas e preparadas para darem trafegabilidade constante as composições

empregadas (tipo de maquinas e camiões que a empresa prevê usar), em qualquer

periodo do ano. A qualidade das estradas determina garantia de locomoção do pessoal

e equipamentos, garantia de realização de serviços (implantação, manutenção e

colheita), garantia de abastecimento para a fabrica e garantia de manter planejamentos

pré-estabelecidos.

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No processo de planejamento da rede viaria é necessária a integração com os

sistemas produtivos: silvicultura (rede viária básica); colheita (rede viária

complementar). Tentar evitar investimentos na hora de implantação (estradas

secundárias/terciárias).

A colheita florestal A colheita florestal constitui uma das etapas mais importantes, e

economicamente mais onerosa, na produção de uma floresta, devido a sua alta

interferência no valor final do produto e aos riscos envolvidos. A exploração e o

transporte representam aproximadamente 50% dos custos finais da madeira posto

fábrica. Dessa forma, o planejamento desta atividade deve levar em consideração o

sistema silvicultural empregado, o sistema de toras utilizado, a finalidade da produção,

a distância posto fábrica e outras atividades que influenciem nos custos e rendimentos

da operação de colheita. O planejamento da colheita florestal deve ser dividido em:

Macro–planejamento: consiste no planejamento em nível de fazendas, abrangendo

todos os talhões. Para isso, é realizado um orçamento anual, com a determinação de

custos e rendimentos das atividades, devendo sempre identificar as condições

topográficas das áreas, estabelecer rotas de transporte e áreas críticas para saída de

madeira;

Micro–planejamento: refere-se ao planejamento em nível de talhão, obtendo-se o

detalhamento de informações sobre a área a ser colhida. Nesta fase é realizada a

marcação e identificação dos eitos de corte, as melhores formas de retirada de madeira

do talhão, bem como a determinação da distância de extração e baldeio/arraste e a

delimitação das áreas proibidas de corte.

O sucesso destas e outras atividades na implanatação florestal depende do

envolvimento dos diferentes setores, isto é, fornecendo infromação que perimite e/ou

orienta outros setores na execução das suas atividades.

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4 PLANEJAMENTO E MANUTENÇÃO DE ESTRADAS

A empresa atua em três tipos de planejamento: o estratégico, tático e o peracional.

Estratégico: abrange a diretoria e compra de terras;

Tático: abrange a quantidade de árvores a serem desbastadas e como esse processo

será feito, é preciso olhar para o alinhamento para definir a direcção de queda e de

arraste, a inclinação do terreno pois as máquinas da empresa so suportam entre 30 e

40% de inclinação;

Operacional: envolve o micro e macro – planejamento, fluxo de camiões para onde

será levada a madeira. A equipe do macro (escoamento) e que vai avaliar as estradas

se estão em condições para a realização das atividades. O micro depende muito das

estaradas e o tipo de material de revestimento.

O micro–planejamento dá uma ideia de quanto volume vai sair, quanto tempo leva para

derrubar a madeira, e sempre vai anexado o inventário.

Sendo as estradas primárias as vias principais para o escoamento da madeira elas

devem estar sempre revestidas de pedra, as secundárias 50% e as tercárias so se

fazem limpezas. A manutenção de estradas custa R$ 2.50/m3.

O custo de estradas é influenciado em grande medida pelo preço da pedra, pois é

preciso comprar de pedreiras licenciadas que por vezes ficam distantes das fazendas o

que torna o custo mais elevado devido ao preço do frete. Quando a pedra é refinada

por granulometria também é mais cara.

Fazem o controle da vespa em áreas com mais de 7 anos, onde montam-se armadilhas

para ver se tem vespa da madeira. Faz-se o anelamento em 5 árvores para atrair a

vespa. É preciso marcar a árvore onde se monta a armadilha, exigência da certificação.

O controle é biológico por nematoides.

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A equipe tambem faz o controle de património através de um calendário semanal, onde

são dadas voltas pelas fazendas para verificar roubos, controlar as queimadas feitas

nas pequenas propriedades locais para evitar contagio.

5 REABILITAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

A empresa tem uma equipe responsavél pela Recuperação de Áreas Degradadas

(RAD), onde entram com plantio de nativas nas faixas de 50 m e eliminam a

regeneração de Pinus. Os métdos usados neste processo são: Poleiro artificial; Poleiro

com anelamento do Pinus; Transposição de chuva de sementes; Galhada para atrair

roedores que trazem consigo sementes e agrupamentos de anderson.

Poleiro artificial – são estruturas que imitam os galhos secos de plantas e atuam como

estrutura de repouso, a empresa usa bambu para implementaçao desta técnica, fazem

tambem o anelamento do Pinus para servir como poleiro para as aves (Figura 1A).

Transposição de chuva de sementes – tira-se serrapilheira da bracatinga seca que terá

consigo semente e mete-se na área degradada a recuperar. Tira-se 1 m2 e 5 cm de

profundidade. Germinam cerca de 6 mil plantas por hectare (Figura 1B).

A função basica desta técnica é a introdução de espécies herbáceo-arbustivas

pioneiras que se desenvolvem e proliferam-se em núcleos, atraindo a fauna

consumidora (herbívoros, polinizadores e dispersores de sementes), bem como

preparando o ambiente para as seres subseqüentes já que estas espécies entram em

senescência precocemente e cumprem seu papel de facilitadoras (ESPINDOLA et al.

sd).

Galhada – esta técnica consiste no acúmulo da galhos, tocos, resíduos florestais,

dispostos em leiras distribuídos na forma de núcleos ou aglomerados ao longo da área

a restaurar. Estes núcleos atuam como refúgios artificiais para a fauna, devido a

criação de um microclima adequado (Figura 1C).

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Agrupamentos de Anderson – esta técnica consiste no plantio de um grupo de 5 mudas

em forma de “+”, com 4 mudas nas bordas e uma central. A empresa usa espécies

nativas diferentes cujas mudas são produzidas localmente (Figura 1D).

A técnica grupos de Anderson é aplicada usando 3, 5 ou 13 mudas da mesma espécie

num espaçamento de 0.5 m, contrariamente ao que se faz na empresa que usa

espécies diferentes.

Esta técnica pareceu pouco eficiente e dispendioso pois das 5 mudas plantadas pode

não sobreviver nenhuma, mas o fato de diversificar as técnicas é um aspecto muito

positivo pois a empresa aproveita as oportunidades que tem para associar as

diferentes tecnicas na restauração das áreas.

Figura 1 – Métodos de RAD: Poleiros articiais (A); Transposição de serrapilheira (B);

Galhada (C); Grupos de Anderson (D).

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6 MONITORAMENTO E CONTROLE DE FORMIGAS

É feito também o controle das formigas cortadeiras do género Acromyrmex spp.

(Quenquéns) por uma equipe composta por 4 elementos que percorrem toda a área a

ser plantada 15 dias antes para localizar formigueiros e jogar a isca no olheiro de

entrada. A isca usada é a base de sulfuramida.

O controle é feito em 30, 60, 90 e por vezes 180 dias após o plantio, o custo desta

atividade por hectare e de R$ 49.76 e usam cerca de 140 a 150 g/ha. O quilograma da

isca dinagro custa R$ 11.50 e o pacote pesa 5 g.

A embalagem da isca anda na bolsa com o operador e o restante num coleman termico

hermeticamente fechado e identificado. O processo de localização do formigueiro em

áreas a serem plantadas e feito durante todo dia.

O método usado pela empresa no controle das formigas cortadeiras tem se mostrado

bastante eficiente pois permite o uso de baixas quantidades de isca formicida, embora

a localização do formigueiro seja uma tarefa dificil principalmente nos estagios iniciais

de estabelecimento.

Figura 2 – Formigueiro de Acromyrmex spp. Aberto mostrando o fungo que é alimento

das formigas (A); Microporta iscas Dinagro aberto (B).

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7 MELHORAMENTO FLORESTAL

A produtividade média das plantações é de 42 m3/ha/ano e a empresa pretende atingir

27% e para tal possue um programa de melhoramento através de Pomar Clonal de

Sementes (PCS) que foi implantado em 1994 com o objetivo de produzir sementes

melhoradas. Uma das grandes vantagens do PCS é a precocidade na produção de

sementes, especialmente quando a enxertia é o método de propagação como é o caso

da empresa que possue um PCS enxertado.

Para implantar um PCS é preciso em primeiro lugar identificar se a planta é dióica ou

monóica; em seguida o tipo de vetor polinizador para poder isolar as árvores

seleccionadas de contaminação com pólen não desejado. No pomar são identificadas

as melhores árvores e faz-se o isolamento do estróbilo masculino (na fase 3) com uma

tripa celulósica (permite troca gasosa mas não deixa pólen entrar) para evitar a

contaminação e na fase 4 ele coleta os estrobilos trás para o laboratório para extração

do pólen. No mês de Agosto isola-se o estróbilo feminino (na fase 1) para evitar que o

pólen estranho grude (é preciso lavar antes o estróbilo feminino para garantir que nao

esteja contaminado), mesmo antes de abrir porque quando abrir pode contaminar, faz-

se o monitoramento para se apurar a altura certa para fazer o cruazmento.

Chegada a altura sobe-se a árvore com uma bomba contendo pólen, com a sua

proveniência conhecida (rotular na bomba a árvore donde provém o pólen) faz-se a

polinização controlada, furando-se a tripa celulósica (fechar depois o buraquinho para

evitar contaminação) e bombando o pólen, repete-se o processo por três a quatro

vezes em cada estróbilo.

Em seguida faz-se um acompanhamento durante dois anos até formar-se o cone para

colher. Colhidas as sementes faz-se o teste de progénie para identificar quais são as

melhores combinações e volta-se para multiplicar os melhores materiais através de

clonagem, devido a dificuldade de produção de grande quantidade de semente

melhorada para atender as necessidades de produção da empresa e atingir a meta

pretendida que é de 27% de produtividade.

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8 SEMENTES E VIVEIROS

Após o teste de progénie indicar a melhor combinação os materiais são multiplicados

em jardim clonal em vasos com as respetivas identificações da proveniência da

semente. Poda-se a muda e ela da bastante brotação, em seguida colhem-se os brotos

e leva-se para enraizar (em um ano uma muda da 52 brotos/mudinhas) na casa de

vegetação onde fica durante seis meses na estufa para enraizar. As condições para

enraizamento 25 oC, alta humidade e o substrato usado neste processo é vermiculita

(na fase de enraizamento não são necessários nutrientes).

Na fase de crescimento a irrigação das mudas é mais intensa do que na fase de

enraizamento. Na fase de crescimento as mudas precisam de uma suplementação de

nutrientes, mas não se recomenda uma adubação na fase de enraizamento. O adubo é

solubilizado em água e reduzem-se as regas até provocar um ligeiro murchamento das

mudas. Isto tem o objetivo de otimizar o aproveitamento da solução de adubo que de

outra forma seria perdida pela saturação de água no substrato. Após a adubação deve-

se irrigar para lavar a parte aéra das mudas a fim de evitar a queima das acículas,

especialmente quando se usa sulfato de amônio.

Na fase de crescimento aumentam as necessidades nutricionais e de consumo de

água pelas mudas, devido a aceleração do seu metabolismo. Assim a empresa adota a

intercalação das mudas com ocupação de 50% da bandeja. Esta prática permite

melhor aeração entre as mudas, reduzindo o risco de contaminação com fungos

fitopatogênicos. Permite também melhor irrigação e aplicação de adubos, bem como

melhor insolação das mudas.

A rustificação das mudas é feita com o objetivo de prepará-las, fisiologicamente, para

suportar o choque do plantio e as adversidades ambientais das primeiras semanas que

o sucedem. Na fase de rustificação a irrigação deve ser paulatinamente reduzida,

durante um periodo de 15 a 20 dias a frequência de irrigação deverá ser de no máximo

duas vezes ao dia.

No processo de produção usam tubetes de 105 cm3 e de 55 cm3 sendo este último

pouco utilizado apesar de proporcionar mesma produtividade.

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A empresa produz mudas de Pinus spp. para o consumo interno assim como para a

venda, o custo por unidade é de 27 centavos. Produz também mudas de algumas

espécies nativas que são usadas internamente no processo de RAD.

As mudas produzidas pela empresa são de excelente qualidade, mas debate-se com a

situação das ervas daninhas que suspeita-se que a causa seja a contaminação da

água devendo-se para tal efetuar as devidas análises para apurar o fato.

9 PLANTIO

Antes do plantio retiram-se os restos da exploração (lenha) a qual é vendida a terceiros

a um preço de 3 R$/m3. Em seguida entra o subsolador (Riper) para fazer o preparo do

terreno para o plantio a uma profundidade de 0.60 m, onde demarcam-se as distancias

entre linhas e entre mudas (2.5*2 m), os 2 metros entre as mudas são marcados a

passo pelo funcionário na hora do plantio. O preparo do solo tem um custo de 284.7

R$/ha, o plantio 286.03 R$/ha e a manutenção 256 R$/ha.

O plantio é 100% manual, onde o operador leva as mudas em uma espécie de mochila

e com o chucho vai abrindo o covaxo e com um tubo introduz a muda sem precisar se

agachar. Cada funcionário planta entre 1000 a 1200 mudas por dia e o controle de

produção é feito através do rocombole, isto é, o funcionário deve guardar consigo os

plásticos que continham as mudas para efeitos de contagem (cada rocombole 15

mudas).

Um dos aspectos positivos registados no processo de plantio da empresa é alta

sobrevivência (99%) fruto do esforço e investimento que empresa tem empreendido

principalmente no melhoramento e a questão negativa esta ligada a exportação de

nutrientes pois, após a colheita a empresa vende os restos vegetais contraiando assim

o principio do cultivo minimo que recomenda que os restos da colheita devem ser

mantidos no terreno para reposição de parte dos nutrientes através do processo de

decomposição.

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Figura 3 – Subsolador (Riper) (A); Rocombole (B) e o funcionário em plena atividade de

plantio (C).

10 PODA E DESBASTE

A primeira poda é feita aos 3 anos, onde são podadas todas as árvores, a segunda é

feita entre os 5 e 6 anos nas árvores remanescentes e a ultima quando as árvores

atingem os 5 m.

O desbaste é feito entre aos 10 e 15 anos com a retirada de 50% das árvores e quando

feita a partir da quarta linha todas as árvores da mesma são removidas e nas outras

linhas a cada 7 árvores 2 são removidas, a partir da quinta linha toda ela é removida a

nas linhas a cada 8 árvores 3 são removidas.

Para esta atividade a empresa conta com o Harvester e para recolha do material

desbastado usam o Forwarder. Os desbastes tem importância de agregar valor as

árvores remanescentes e retorno financeiro antes do periodo de rotação através da

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venda do material desbastado. Actualmente a empresa debate-se com a falta de

mercado para madeira desbastada porque as empresas de Placas de Fibra de Média

Densidade MDF (Medium Density Fiberboard) andam superlotadas com materia prima.

Harvester – Formado por uma máquina base com pneus ou esteira, uma lança

hidráulica e um cabeçote, que realiza simultaneamente as seguintes operações:

derrubada, desgalhamento, traçamento, descascamento e empilhamento da madeira

(RÍGOLO & BAPTISTA, 2009).

Forwarder – Utilizado no sistema de toras curtas, realiza a retirada da madeira do local

de corte para a margem do talhão ou pátio intermediário. O forwarder possui uma grua

hidráulica usada no carregamento e descarregamento da madeira (RÍGOLO &

BAPTISTA, 2009).

Figura 4 – Harvester em plena operação de desbaste (A) e o Forwarder carregando

toras desbastadas (B).

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11 INDUSTRIALIZAÇÃO DA MADEIRA

A empresa processa 7 000 m3 / mês de madeira em toras e o seu principal foco é a

mdeira serrada. As toras são trazidas ao pátio da fábrica por camiões e descarregadas

por tractores, em seguida são classificadas em classes diamétricas porque a fábrica

processa certos diâmetros, acima de 40 cm são vendidas.

Em seguida as toras são levadas ao descascador e após o descasque são

armazenadas em box de forma automática, onde cada box corresponde a uma classe

diamétrica. Por sua vez o tractor carrega as toras descascadas para os locais onde

será processada cada classe diamétrica.

O rendimento por tora é de 40% e o resto é perda, o miolo é usado mais para

embalagens e as costaneiras para móveis. A casca é picada e usada como biomassa

para gerar energia.

A empresa opera com três tipos de serrarias cada uma processando uma classe

diamétrica nomeadamente a Serraria TG Mill processa entre 30 e 40 cm; Serraria TFF

Mill processa entre 20 e 30 cm e a Serraria TF Mill que processa entre 15 e 20 cm.

Possue também 9 secadores em operação, onde cada secador é para uma espessura

de madeira. A duração de secagem depende da espessura e o uso final da madeira. É

feito o monitoramento do processo de secagem, quando não atende as necessidades a

madeira é devolvida ao secador até atingir a humidade desejada.

Na fábrica a madeira é serrada em função das dimensões exigidas pelo cliente, e é

classificada em função da qualidade e depois embalada para exportação.

Faz-se o tratamento da madeira em autoclave e durante este processo faz-se um

acompanhamento de todas etapas desde a entrada até a saída da madeira. O tempo

de tratamento do tipo de madeira a ser tratada. O tratamento so é feito por encomenda

pois é uma atividade muito cara.

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Figura 5 – Representação esquemática dos três tipos de Serraria usados pela

empresa, Serraria TG Mill (A); Serraria TFF Mill (B) e Serraria TF Mill (C).

12 COLHEITA

Para a colheita a empresa usa o Feller, que corta com o disco e tem maior

produtividade que o Skidder e o Harvester. O Skidder é usado para o arraste em feixes,

o mesmo faz o arraste de acordo com as curvas de nivel de modo a juntar as árvores

para o Harvester poder fazer os sortimentos. Os maiores sortimentos feitos pela

empresa são de 4 m, mas fazem também sortimentos 3 m ou de acordo com o pedido

do cliente.

O Feller possue um disco de corte e um sistema de garras para segurar a árvore e

depois com o disco cortar, derruba 60 árvores por hora e 4 linhas de cada vez. O uso

desses equipamentos nos processos da empresa dedsde a implantação até a colheita,

tem impactos sobre o ambiente e um exemplo no processo de arraste o Skider

compacta o solo em cerca de 60 a 70%.

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Durante o processo de colheita tem havido problemas de camiões que depois de

carregados não conseguem sair com a madeira e para mitigar esta situação e não

afectar o escoamento da madeira a empresa dispões de tractores reboque para retirar

os camiões das áreas dificeis.

Feller-buncher – Trator florestal cortador-acumulador com pneus ou esteira,

responsável pelo corte das árvores, acumulando-as em sua garra e posteriormente,

realizando seu empilhamento (RÍGOLO & BAPTISTA, 2009).

Skidder – Máquina desenvolvida para o sistema de toras longas, composta de uma

máquina base de pneus ou esteira, e uma garra ou guincho. O skidder faz o arraste de

feixes de toras ou árvores do local do corte até a margem do talhão ou pátio

intermediário (RÍGOLO & BAPTISTA, 2009).

Figura 6 – Feller (A); Skidder arrastando um feixe de árvores (B) e o Tractor reboque

com guincho (C).

Page 20: Rel silv apl_estevao Silvicultura Aplicada

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13 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A visão da Battistella Florestal é ser uma empresa no cultivo de florestas plantadas

voltada a produtos e serviços agregados assentes numa base sustentável

economicamente e ambientalmenente.

As operações da empresa são quase na sua totalidade mecanizados excepto o plantio,

isto custou um investimento muito grande a empresa mas que esta a dar resultados

muito bons devido ao aumento da produtividade principalmente na hora da colheita e

redução de acidentes de operadores com motossera.

A mecanização é um processo que debate-se com a falta de mão-de-obra qualificada

para operar os maquinários que são na sua maioria digitais e para tal a empresa em

cada aquisição envia seus técnicos para formação no país de origem do equipamento,

e periodicamente os operadores das maquinas passam por um treinamento para

incrementar suas capacidades técnicas.

14 REFERÊNCIAS

ESPINDOLA, M. B de.; REIS, A.; SCARIOT, E. C.; TRÊS, D. R.; Recuperação

de áreas degradadas: a função das técnicas de nucleação. UFSC. 12 p. Sd.

Resumo Público de Certificação de Modo Battistella Reflorestamento S/A –

MOBASSA. 2003.

RÍGOLO, A. & BAPTISTA, M.; Procedimento operacional. AMATA –

Inteligência Floresta Viva. PO_PLT_18. 13 p. 2009.

Notas tomadas durante a visita.

Videos feitos na visita.