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REFLETINDO SOBRE A RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA: UMA ARTICULAÇÃO

POSSÍVEL COM O ACOMPANHAMENTO DOS PAIS

Donha, Nilséia Aparecida dos Santos1.

Dr. Prof. Silva, José Carlos da2.

Resumo

O foco deste artigo é discutir sobre a importância da família, em um trabalho paralelo à escola frente ao desenvolvimento escolar dos filhos, buscando esclarecer aos pais sua parcela de responsabilidade, para assim tornar o enisno-aprendizagem mais eficaz. Para a realização do presente artigo, foi realizado um trabalho “in loco” com os pais dos alunos da 5ª série A, do Colégio Estadual Maria Francisca de Souza, através da Intervenção Pedagógica, bem como troca de experiência com os cursistas do GTR (Grupo de Trabalho em Rede), onde foram apresentadas sugestões e contribuições para a pesquisa. A cada dia que passa, presenciamos na escola alunos mais rebeldes e pais mais distantes, assim, nasce o holocausto da educação. Professores que perdem aos poucos sua motivação para o trabalho pois a ausência dos pais na vida escolar torna a educação com poucos caminhos para se chegar a um fim. Sendo assim, este é o momento de reflexão, pois a escola é o complemento da família e vice-versa. Ao final se nos juntarmos podemos fazer da educação um marco muito importante com a participação dos pais. Esta foi a conclusão que se chegou ao final da pesquisa, pais e escola devem atuar juntos com pedagogos, professores, alunos, direção e funcionários, tendo como referencial a dificuldade encontrada no cotidiano escolar, visando a melhoria da qualidade do ensino.

PALAVRAS-CHAVE: Família. Escola. Participação. Reflexão. Educação.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por objetivo, promover uma reflexão com os pais e a

comunidade escolar, sobre a importância da participação da família na vida escolar

de seus filhos.

Nota-se hoje um afastamento dos pais quando o assunto é escola. Os

mesmos acabam deixando por conta da escola toda responsabilidade que deveria

1 Pedagoga. Colégio Estadual Maria Francisca de Souza. Barra do Jacaré PDE 2010.

2 Professor da UENP, orientador PDE.

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ser da família, com isso a escola acaba por fazer a função social e o processo

educativo fica comprometido.

O que precisamos é de um melhor acompanhamento dos pais na articulação

da escola e família, visando a melhor forma de educação para os filhos, criando um

vínculo entre família e profissionais da educação, na construção do conhecimento.

Apresentamos aqui, o resultado de um projeto que deu certo, um resgate

alcançado com os pais dos alunos da 5ª série A, do Colégio Estadual Maria

Francisca de Souza – EFM, município de Barra do Jacaré. Uma parceria que

continua refletindo ainda hoje pois, os pais estão cada vez mais demonstrando

interesse e participando da vida escolar de seus filhos.

2. DESENVOLVIMENTO

O projeto de pesquisa junto aos professores e equipe pedagógica do Colégio

Estadual Maria Francisca de Souza, foi apresentado na semana pedagógica do ano

letivo de 2011.

No início do segundo semestre do mesmo ano, teve os primeiros registros

com a participação dos pais dos alunos envolvidos no projeto, seguido das

atividades previstas no cronograma.

Além da implementação na escola, também contamos com o GTR ( Grupo de

Trabalho em Rede) que teve início em outubro e foi encerrado em novembro de

2011.

O Trabalho de Implementação começou com uma explicação evidenciando a

definição do que é e como deve ser a participação da família na escola.

Encontramos no dicionário, segundo Bueno (2001, p. 248) a definição para a palavra

família: s.f. Conjunto de pai, mãe e filhos; pessoas do mesmo sangue;

descendência; linhagem.

Existem várias definições para família, Kaloustian (2008, p. 12) defende que:

A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência de desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais.

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Ou seja, a família é responsável pelo desenvolvimento dos filhos e deve

proporcionar os recursos necessários à sua sobrevivência. Conforme observamos

com Gomide (2009, p. 9) além desses aspectos a família ainda:

(...) é o lugar privilegiado para a promoção da educação infantil. Embora a escola, os clubes, os companheiros e a televisão exerçam grande influência na formação da criança, os valores morais e os padrões de conduta são adquiridos essencialmente através do convívio familiar. Quando a família deixa de transmitir estes valores adequadamente, os demais veículos formativos ocupam o seu papel. Nestes casos, a função educativa, que deveria ser apenas secundária, muitas vezes passa a ser a principal na formação de valores da criança.”

Apesar de outros meios exercerem uma grande influência para a formação da

criança, a família ainda é a privilegiada na educação dos filhos, é a família quem

deve transmitir os valores sociais, culturais e morais da criança.

Para Gomes (apud PAROLIN, 2010, p. 36)

A família é um núcleo, “um grupo de pessoas”, vivendo numa estrutura hierarquizada, que convive com uma proposta de uma ligação efetiva duradoura, incluindo uma relação de cuidados entre os adultos e deles para com as crianças e idosos que aparecerem neste contexto.

Vivemos em uma sociedade de valores éticos e morais sem precedentes.

Nosso sistema educacional, ainda não dispõe de uma capacidade de reação para

atender às novas demandas sociais.

Segundo Gomide (2009, p. 9):

“A família ainda é o lugar privilegiado para a promoção da educação infantil. Embora a escola, os clubes, os companheiros e a televisão exerçam grande influência na formação da criança, os valores morais e os padrões de conduta são adquiridos essencialmente através do convívio familiar. Quando a família deixa de transmitir estes valores adequadamente, os demais veículos formativos ocupam o seu papel. Nestes casos, a função educativa, que deveria ser apenas secundária, muitas vezes passa a ser a principal na formação de valores da criança.”

No entanto uma das mudanças mais significativas que se tem observado é a

forma como a família atualmente se encontra estruturada. A família tradicional,

constituída de pai, mãe e filhos tornara-se uma raridade. Atualmente, existem

famílias dentro de famílias. Com as separações e os novos casamentos, aquele

núcleo familiar mais tradicional tem dado lugar a diferentes famílias vivendo sob o

mesmo teto. Essa revolução dos costumes vem dos anos 50. Para Gomide (2009), a

severidade dos costumes confrontou-se com a liberdade sexual e a flexibilização

das regras na educação das crianças.

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Antes de entrarmos na relação família e escola, é preciso apontar alguns

fatos, desenvolvidos no ambiente familiar, que muitas vezes atrapalham o

aprendizado, o rendimento do aluno na escola.

Os pais e mães vêm atingindo atividades cada vez mais competitivas no

mercado de trabalho, os valores estão se invertendo.

Enquanto antigamente, as funções exercidas dentro da família eram bem

definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes papéis, conforme as

circunstâncias saem todos os dias para suas atividades profissionais. Para

Szymanski, (2010), a mulher necessita ter uma atividade profissional para ajudar nas

despesas de casa, e acaba não organizando uma estrutura para os cuidados

dispensados aos filhos.

Parolin (2010) aponta que muitos pais hoje em dia, não hesitam em fazer os

gostos de seus filhos, sentindo-se impotentes em negar o que eles pedem, acabam

dando o que o filho deseja tendo ou não condições financeiras para isso.

Os pais acabam cedendo à coisas materiais para suprir a falta de tempo,

carinho e atenção com os filhos. Isso se deve ao fato de que os pais e mães vêm

atingindo atividades cada vez mais competitivas no mercado de trabalho, os valores

estão se invertendo.

Assim, os filhos acabam ficando aos cuidados de parentes, estranhos ou das

babás eletrônicas, como a TV e a Internet, sendo a principal fonte de educação e

exemplos, vendo seus pais somente à noite.

Esta situação acaba gerando um sentimento de culpa que acaba impedindo

um pai ou uma mãe de dizer não às exigências de seus filhos. É ela que faz um pai

dar a seu filho tudo o que ele deseja, pensando que assim poderá compensar a sua

ausência. É a culpa que faz uma mãe não avaliar corretamente as atitudes de seu

filho, pois isso poderá significar que ela não esteve suficientemente presente para

corrigi-las.

Às vezes a dificuldade ocasiona um afastamento dos pais na condução dos

filhos, assim como mostra Szymanski, (2010, p. 63) defendendo que:

O casal entra na relação a dois, com vistas à formação de uma família, com uma ou duas propostas de família pensada. Ao tentar pô-las em prática, encontra-se diante do concreto que exige soluções imediatas. Esse concreto, tanto pode materializar-se em dificuldades econômicas, como hábitos de convivência ou em deslocamentos geográficos.

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A ausência dos pais pode interferir na disciplina da criança A falta de regras e

limites no ambiente familiar vai refletir futuramente no ambiente escolar, se a criança

não teve regras e limites em casa, dificilmente vai obedecê-los no ambiente escolar.

Neste ponto vemos como é importante firmar uma parceria entre a família e escola.

Os dois segmentos devem andar juntos visando sempre o melhor para o aluno.

Estudos mostram que em muitos casos a escola acaba sendo

sistematicamente desautorizada quando, na tentativa de educar, procura

estabelecer limites e responsabilidades. O resultado desses sucessivos embates é

que essas crianças e adolescentes acabam tornando-se testemunhas de um

absurdo conflito, entre a sua escola e a família.

A escola, equipe pedagógica, direção e professores, devem permitir e

proporcionar um ambiente que favoreça a integração da família com o ambiente

escolar. Quando os pais são atuantes, o desempenho e a autoestima dos alunos

são melhores.

O uso de regras é de suma importância tanto em casa quanto na escola.

Essas regras, porém não devem ser punitivas ou que cause humilhação na criança,

muito pelo contrário, devem ser criadas de maneira que permita um relacionamento

adequado entre os membros da família, respeitoso em relação a valores e hábitos

daqueles que convivem em determinado lugar. (GOMIDE, 2009)

Parolin (2010, p. 41) defende que:

O estabelecimento de regras no convívio familiar precisa vir acompanhado de um clima afetivo e da compreensão das normas sócias. Só dessa forma a criança poderá construir seu próprio código de conduta e sua forma de pensar. É inadequado o limite autoritário e repressor tanto quanto é indesejável o limite que humilha e ameaça o afeto de que a criança necessita.

Uma criança que não recebeu regras certamente terá dificuldades com a

aprendizagem, pois, de acordo com Gomide (2009), quando excessiva as regras

podem fazer com as crianças se sintam rejeitadas, fato este que afastam-na

gradualmente da escola e da família.

Sabemos que cada família tem a sua história, seu jeito de viver e de

encaminhar os filhos na vida. Cabe à escola colaborar no sentido de orientá-los a

respeito do que as ciências vêm estudando sobre o tema além de deixar claro o que

a escola espera da família, já que, sozinhas, nem a escola nem a família têm

condições de formar o ser humano que se espera para atuar na sociedade,

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conscientizando a todos da importância da família tanto na vida escolar quanto

familiar de cada ser humano.

Salientando que a família não deve exigir que a escola faça a função que é

sua. Cada um deve fazer sua parte e a escola é uma mediadora dos conhecimentos

e da formação do sujeito enquanto cidadão, porém, a formação de valores deve

partir da família.

A participação dos pais no desenvolvimento escolar dos filhos depende muito

da escola, onde os professores devem tomar a iniciativa em promover um trabalho

sobre a valorização do saber, na visão de Paro (2000).

Uma das palestras3 apresentadas aos pais foi sobre o ECA (Estatuto da

Criança e do Adolescente). Partindo do pensamento de que a família é primordial

para todo indivíduo, vemos que a sua formação é de suma importância na definição

dos traços de sua personalidade.

Sendo assim, temos o princípio de que, aquele que não possui uma família,

sempre será prejudicado. A importância de um pai e uma mãe ou responsável para

uma criança é uma necessidade imensurável. Porém muitas crianças hoje, sequer

ouviram falar em um pai, ou uma mãe. Geralmente são crianças abandonadas e

carentes, a criança e o adolescente são seres em desenvolvimento e, como tais,

devem receber uma proteção especial e integral por parte do Estado.

O ECA entrou em vigor no ano de 1990, com a lei 8.069 e é válido em todo

território nacional. Esse estatuto representou um marco para as relações entre pais

e filhos, inclusive os adotados, e, principalmente, na proteção dos próprios filhos,

uma vez que passam a ter seus direitos amplamente protegidos e respeitados,

acima de qualquer interesse que aqueles que os criam eventualmente possam ter.

Nas palavras de Cavalcanti (2008)4 na leitura do Estatuto da Criança e do

Adolescente, três aspectos podem ser destacados:

a) o legislador fixa como critério interpretativo de todo o estatuto a tutela incondicionada da formação da personalidade do menor, (termo usado antes do ECA para caracterizar criança) mesmo que em detrimento da vontade dos pais;b) a criança e o adolescente são chamados a participar com voz ativa na própria educação, convocados a opinar sobre os métodos pedagógicos aplicados, prevendo-se, expressamente, em algumas hipóteses, a sua oitiva (audição, ouvida) e até o seu consentimento;

3 Nome: O Estatuto da criança e do Adolescente. Palestrante: Isabel Cristina Gonçalves Zanatta. Data: 01/11/2011.

4 Disponível em:http://www.artigonal.com/direito-artigos/o-surgimento-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-e-o-instituto-da-adocao-como-mecanismos-de-protecao-da-pessoa-do-menor-398663.html .Acesso em: 03/06/2011

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c) a lei determina um controle ostensivo dos pais e educadores em geral, reprimindo não só os atos ilícitos, mas também o abuso de direito.(CAVALCANTI, 2008, s/p)

O Estatuto da Criança e do Adolescente garante o direito à educação, o valor

da família na vida escolar de seus filhos, bem como participar da definição das

propostas pedagógicas. A Escola é para todos; podendo ser: branco, negro,

indígenas, imigrantes, outros.

Em alguns momentos o ECA é mal interpretado, podendo dizer até que é um

documento considerado desconhecido por algumas pessoas da comunidade, até

mesmo pelos pais, e sendo assim é visto por determinados professores como um

risco a sua autoridade, tirando-lhe o seu direito perante seus alunos, porém, além

dos direitos existem também os deveres e as medidas sócio educativas. Portanto,

ele não é uma lei só de direitos, mas também de deveres a cumprir.

A criança tem certas responsabilidades a serem cumpridas e isso não quer

dizer que ela não tem direito à infância. A infância deve ser preservada tendo em

vista que é nesta fase que surgem as grandes descobertas, mas os deveres das

crianças também precisam ser cumpridos.

O artigo 16 do ECA, garante o direito à liberdade e compreende os seguintes

aspectos:

I - Ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários ressalvados as restrições legais;II - opinião e expressão;III - crença e culto religioso;IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;VI - participar da vida política na forma da lei;VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. (BRASIL, 2006, p. 7)

O ECA apresenta em seu art.18 (p. 8) que é dever de todos velar pela

dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento

desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

O ECA garante os direitos à criança e ao adolescente:

Art.53 – A criança e o adolescente têm direito á educação visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:I - igualdade de condições para o acesso a permanência na escola;II - direito de ser respeitado por seus educadores;III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores:IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;V – acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência. (BRASIL, 2006, p. 18)

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E ainda, “É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo

pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”.

(BRASIL, 2006. p.18).

A família e a escola devem ter claros quais funções desempenhar na

educação da criança, precisam caminhar na mesma direção, mas é preciso lembrar

que tem objetivos próprios e é em prol desses objetivos que devem trabalhar.

Parolin (2010), coloca que a escola é uma grande parceira da família e vice-

versa, e ambas tem um papel de educador a cumprir. A família tem o papel de

acolher a criança, promover individuação e pertencimento enquanto a escola deve

socializar o conhecimento das relações.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Proposta de Implementação Pedagógica deu início aos trabalhos com os

pais dos alunos da 5ª A, direção, equipe pedagógica e funcionários do Colégio

Estadual Maria Francisca de Souza – EFM, do município de Barra do Jacaré, Estado

do Paraná.

Antes de iniciar os encontros, os alunos fizeram produções de textos sobre o

tema família. O objetivo dessa ação é mostrar aos pais e responsáveis, como os

filhos definem a palavra família e o que pensam sobre o assunto, conforme algumas

produções a seguir:

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Aluno A, 2011.

Aluno B, 2011

10

Aluno C, 2011.

Aluno D, 2011

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Aluno E, 2011

Como primeira atividade, primeiro encontro, foi apresentado aos pais, uma

palestra sobre estudo dos filhos, dever de casa dos pais, apresentado pela psicóloga

Míriam Cristina Cavenaghi Sibila, da cidade de Andirá, que apontou algumas

questões pertinentes aos pais na educação dos filhos, em relação à tarefa de casa.

A psicóloga realizou uma reflexão feita por Jussara de Barros Graduada em

Pedagogia Equipe Brasil Escola que aponta o estudo como uma atividade diária,

que requer dedicação e muito empenho.

Nas palavras de Jussara, reforçadas pela psicóloga, estudar é utilizar-se dos

recursos mentais para compreender, adquirir novas experiências, aprender. É

frequentar a escola e examinar cuidadosamente as matérias trabalhadas na sala de

aula, tentando levar tais conhecimentos para a vida diária. Nem sempre a família

participa do processo educativo dos filhos, lançando todas as responsabilidades

para a escola.

Pelo contrário do que os pais, ocupadíssimos, imaginam, a independência

não aparece por se fazer as coisas sozinho, mas por se conquistar segurança para

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poder caminhar com as próprias pernas. E segurança só se conquista através da

participação do outro, do elogio que se recebe, da credibilidade confiada.

Temos visto crianças sozinhas para estudar, para fazer suas tarefas, para

montar trabalhos. Não que os pais devam fazer para os filhos, mas devem

compartilhar esses momentos, mostrando interesse, opinando, fazendo suas

considerações sobre as mesmas, valorizando aquilo que seus filhos fazem.

Alguns pais cobram das escolas as notas baixas dos filhos, mas não

participam da vida escolar dos mesmos, acreditando que todas as responsabilidades

devem advir da instituição educativa. Muitos chegam a manifestar que pagam as

mensalidades e que querem ver o retorno do dinheiro aplicado.

Mas o maior investimento é a presença, a participação, a contribuição, se

inteirando da rotina escolar dos filhos. Isso é dever de casa dos pais, obrigação dos

pais.

A psicóloga, reforçou alguns pontos apresentados pela educadora Jussara,

para propiciar um momento favorável aos estudos em casa, tais como:

- Criar um ambiente favorável ao aprendizado – é comum a criança estudar

enquanto a família assiste televisão, o que tira a concentração do estudante;

- Orientar os filhos na hora das tarefas, participar, mas sem dar as respostas, sem

fazer as mesmas para eles;

- Brigas e discussões constantes também atrapalham a concentração do aluno,

deixando-o ansioso e inseguro;

- Problemas de saúde e a ingestão de medicamentos podem causar sonolência e

apatia;

- A falta de uma biblioteca dentro de casa, a fim de possibilitar o incentivo à leitura,

bem como de se fazer pesquisas escolares, também prejudica;

- Lançar elogios pelo cumprimento das tarefas, por mínimas que sejam, torna a

criança ou o adolescente feliz, dando-lhe maior confiança;

- Participar de reuniões na escola e dispor de tempo para levar o filho até a sala de

aula é uma forma de cumprimentar os professores e saber se está tudo bem;

- Ter interesse pelas coisas que o filho faz na escola, seja nas provas,

apresentações de trabalhos, atividades esportivas ou artísticas;

- Evitar pressões com notas, o que pode atrapalhar ainda mais o estudante.

Com essas atitudes, com os pais cumprindo o seu dever de casa, suas

responsabilidades diante dos estudos dos filhos, com certeza o processo educativo

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será alavancado por vitórias, que também aparecem através da amizade entre

família e escola.

Ao final desta palestra, os pais foram questionados sobre a importância do

acompanhamento na vida escolar de seus filhos, se a participação é presente,

ausente ou podendo melhorar, e também se a escola precisa melhorar em relação à

educação dos filhos.

De um total de 31 pais da turma em questão, o comparecimento foi de 23

pais, ou seja: 74,19%. Geralmente são poucos os pais que faltam à reuniões, porém

os que faltam são os que mais deveriam estar presentes. A ausência dos pais

compromete o rendimento do filho. Se não sabe o que está se passando, como

cobrar, como melhorar?

QUADRO 1: Relação dos Pais

TOTAL PAIS 31PAIS PRESENTES 23PAIS AUSENTES 08

Fonte: Autora (2012)

GRÁFICO 1: Relação dos Pais

0

5

10

15

20

25

PAIS PRES PAIS AUS

PAIS PRES, 74, 19%

PAIS AUS, 25, 81%

Fonte: Autora (2012)

Questionados sobre a participação dos pais na vida escolar de seus filhos, as

respostas foram:

QUADRO 2: Participação dos Pais na vida escolar de seus filhos

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PRESENTE 34,79%AUSENTE -PODE MELHORAR 65,21%

Fonte: Autora (2012)

GRÁFICO 2: Participação dos Pais na vida escolar de seus filhos

0

24

68

1012

1416

PRESENTE AUSENTE PODEMELHORAR

PRESENTE

AUSENTE

PODE MELHORAR

Fonte: Autora (2012)

A segunda questão foi: Você acha importante a participação da família na

escola?

QUADRO 3: Importância da Participação da Família na Escola

SIM 100%NÃO -ÀS VEZES -

Fonte: Autora (2012)

Após, os pais foram questionados sobre a importância do acompanhamento

dos pais ou responsáveis na vida escolar dos filhos. Apresentamos alguns dos

relatos.

Há crianças que se constroem por si, sem ser preciso de muito incentivo. Outras precisam de mais ajuda. Mas nós, como pais, precisamos sempre dar exemplos, exigir compromisso da criança, para que ela se sinta responsável pela busca do conhecimento. então é muito importante que participemos mais. (Mãe de aluno X)

A presença dos pais na escola é incentivo e também um jeito de provar a eles que amamos e que estudar é muito importante. (Mãe de aluno Y)

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É total. Os pais e a escola devem andar juntos no educar de seus filhos. Estamos no mesmo caminho. A educação tudo que for melhorar eu estarei junto. (Pai de aluno Z)

É muito importante porque ajuda o filho a se esforçar mais e a criança fica mais responsável e mais animada. (Mãe de aluno W)

Temos que estar sempre presente e incentivando a sempre se esforçar cada vez mais, porque quando nos ausentamos eles fazem do jeito deles e aí nem dão importância ao estudo que é tão importante na vida deles. (Mãe de aluno K)

Essencial par que o aluno, o filho sinta o apoio que precisa em qualquer circunstância que possa ocorrer na escola. (Mãe de aluno J)

Para que eu possa analisar e acompanhar o desenvolvimento escolar dela, quando peço para ela que estude mais é para o bem dela, não é briga nem grito, apenas conselho. Quanto à presença do pai sinto que ela precisa de mais atenção dele, mas quanto a mim procuro fazer o melhor. (Mãe de aluno T)

Participar das reuniões escolares, acompanhar os filhos, pelo menos uma vez ao mês na escola e conversar sempre com os professores. (Pai de aluno S)

De suma importância, uma vez que esta parceria se fortalece quando se sentem cuidados, amados e acompanhados. O vínculo entre família e escola é primordial quando ambos fazem o seus papel. (Mãe de aluno G)

Este desabafo de pais e mães, só vem reforçar ainda mais a questão

norteadora do início da projeto. Resgatar os pais à escola. Como vimos pelos

depoimentos, quanto mais o pai se faz presente mais o filho se sobressai no ensino,

e é esta a escola que queremos. Uma escola que procura sanar os problemas junto

com os pais.

Enquanto pedagoga procuramos sempre trazer os pais à escola, seja pela

indisciplina, notas baixa, ou mesmo para elogiar o trabalho, o desempenho dos

filhos. Juntamente com os demais educadores devemos utilizar uma metodologia

adequada ao desenvolvimento da criança.

O segundo encontro salientou a importância da família na vida escolar de

seus filhos, com uma dinâmica de grupo para dar início que ressaltou a importância

do dividir tarefas. Se cada um fizer a sua parte, ninguém fica sobrecarregado. O

objetivo neste dia foi mostrar a importância da participação dos pais no processo

ensino-aprendizagem do seu filho.

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Outra atividade da Implementação foi a presença de membros do Conselho

Tutelar, para falar sobre o ECA e reforçar qual os direitos e deveres dos filhos e dos

pais. Muitos ainda acham que as crianças possuem apenas direito, esquecendo-se

dos deveres. No caso da escola, os alunos precisam aprender a respeitar as regras,

o companheiro, o professor, os demais funcionários.

Um dos questionamentos feitos foi sobre a punição, caso o aluno, a criança

venha a cometer algum ato de vandalismo na escola.

O Conselho reforçou que nos casos extremos, os pais enquanto responsáveis

são puníveis com as medidas cabíveis.

Porém para não chegar a este ponto, foi ressaltada a importância da

participação e acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos. Os pais

precisam conhecer saber o que está acontecendo no ambiente escolar, ressaltando

o quanto as visitas freqüentes, à escola, não apenas na entrega de notas, é

importante.

Os pais precisam explicar em casa que as regras existentes na escola devem

ser respeitadas, os problemas que sanados já no início dificilmente alcançarão uma

proporção maior futuramente.

Segundo Gomide (2009), os pais devem estabelecer regras, mas que possam

ser cumpridas.

As crianças que são “educadas” com regras frouxas tornam-se adolescentes que não respeitam as regras na escola e demais instituições, não respeitam os professores e demais autoridades e aprendem que a manipulação emocional e a agressividade são “boas” formas para se resolver problemas e enfrentar tentativas de estabelecimento de regras. (GOMIDE, 2009, p. 25)

E ainda acrescenta: “os filhos que são desobedientes, mal-educados,

indisciplinados, têm baixo desempenho escolar”. (GOMIDE, 2009, p. 64).

Então, a educação deve partir de casa, não cabe à escola educar, mas sim

transmitir conteúdos, orientar, ensinar o respeito. Educação cabe aos pais à partir do

nascimento do filho. Um processo gradativo que quando o aluno chega na idade

escolar, dificilmente precisará ser educado, mas sim aprender os conhecimentos

necessários à sua vivência.

O penúltimo encontro da Implementação foi para apresentar aos pais,

funcionários e equipe pedagógica o Regimento Escolar do Estabelecimento de

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Ensino, fazendo um estudo sobre os principais direitos e deveres, de cada segmento

da escola: equipe pedagógica, direção, funcionários e pais.

Ao final do estudo, os participantes foram questionados sobre o conhecimento

que tinham do Regimento da Escola e se os direitos e deveres contemplados nos

documentos estão sendo respeitados.

Os funcionários e equipe pedagógica já tinham conhecimento do documento,

pois nas reuniões pedagógicas sempre houve oportunidade para estudo do mesmo,

porém a maioria dos pais presentes na reunião não conhecia o teor do documento.

Aos alunos sim, sempre no início do ano letivo são repassados os direitos e

deveres.

Uma cópia destes direitos e deveres foi entregue aos pais, para que ajudem a

escola a cobrar este compromisso, na tentativa de modificar algumas atitudes que

vão contra o que cobra o Regimento Interno da Escola.

O último encontro teve início com um filme que mostra a importância da

participação dos pais ou responsável, na vida escolar dos filhos, seguido de um

levantamento dos principais temas abordados durante os encontros anteriores,

reforçando a importância de cada um apresentando sugestões e o compromisso da

escola em atender a reivindicação da comunidade escolar para um melhor

relacionamento, uma melhor interação família/escola.

Os resultados desta Implementação já podem ser visto no ambiente escolar,

tendo em vista que os pais estão mais presentes, questionando e cobrando da

escola, que sejam cumpridos os objetivos propostos no Regimento e nas reuniões

de pais.

É preciso incentivar e mostrar aos pais a importância de uma boa educação

familiar, pois nas palavras de Vinha (2012, p. 20), em entrevista à revista Nova

Escola: o fracasso da Educação na família, não pode significar também o insucesso

da escola.

Porém se a escolar não trabalhar juntamente com a família, dificilmente este

sucesso será alcançado. Talvez seja a hora de começar a trabalhar mais com o s

pais no sentido do valor da educação em casa, deixar claro até onde vai a

responsabilidade de cada um: escola e família, mostrar que a família educa para a

vida privada e a escola prepara para a coletiva. São espaços educativos distintos

(VINHA, 2012, p. 20). Distintos porém que se completam.

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Esta reflexão sobre família e escola, só tem a contribuir com um ensino de

qualidade para nossos alunos.

REFERÊNCIAS

BARROS, Jussara de. Estudo dos filhos dever de casa dos pais. Disponível em: http://educador.brasilescola.com/orientacao-escolar/estudo-dos-filhos-dever-casa-dos-pais.htm . Acesso em: 29/07/2011.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Curitiba, PR, 2006.

BUENO, Silveira. Minidicionário da Língua Portuguesa. São Paulo. FTD. 2001.

CAVALCANTI, Lorena. O surgimento do estatuto da criança e do adolescente e o instituto da adoção como mecanismos de proteção da pessoa do menor. (2008) Disponível em: http://www.artigonal.com/direito-artigos/o-surgimento-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-e-o-instituto-da-adocao-como-mecanismos-de-protecao-da-pessoa-do-menor-398663.html .Acesso em:. 03/06/2011

GOMIDE, Paula Inez da Cunha. Pais presentes pais ausentes: regras e limites. Petrópolis, RJ. Editora Vozes. 2009.

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