Relações Interpessoais Feedback (1)

As relações Interpessoais no Processo de Feedback

Profa. Dra. Denise Martins de Abreu e Lima

UFSCar

Como ocorrem as relações interpessoais?

Temos referência das relações interpessoais vividas com a família, com os colegas /amigos e com os professores. A partir daí, criamos nossos MODELOS.

Denise Martins de Abreu e Lima – UFSCar

Como são esses Modelos?

Os modelos de relação interpessoal variam conforme o contexto, as circunstâncias, nossas alterações de humor.

O mais importante é distinguir o propósito da interação e o nosso interlocutor.

Denise Martins de Abreu e Lima – UFSCar Fabio C.B. de Abreu e Lima - UNESP

Exemplos de Interação

Pai – Filho

Nossos exemplos têm como base mais forte o que

aprendemos com nossos pais ou cuidadores:

Entendemos que quando fazemos uma coisa errada

somos repreendidos e quando fazemos uma coisa certa somos recompensados.

Esta é a base do feedback nas relações familiares.


Qual a linguagem utilizada nesses feedbacks?

Geralmente nesses tipos de feedbacks é utilizado o IMPERATIVO:

Definimos quem nós somos pelos feedbacks que recebemos ao longo de nossa vida!

Isso determina como lidamos com as pessoas em uma base regular.

Faça isso NÃO faça isso

Peça assim NÃO fale desse jeito

Você é uma graça! Você é uma peste!


Assumimos diferentes papéis conforme as interações ocorrem:

Pai Crítico: que sempre manda e julga

Pai Nutritivo: que sempre acoberta e faz por…

ADULTO

Criança rebelde (a do contra)

Criança submissa (a que sempre obedece)

Análise Transacional (Eric Berne)


Imagine a seguinte interação:

Que horas são?

1) Cinco e meia. – ADULTO

2) Por que você quer saber? – criança rebelde

3) Tá bom, tá bom… já to indo… – criança

submissa

4) Nem vem que não vou sair agora de jeito

nenhum!!! – criança rebelde


Imagine a seguinte interação:

Você terminou o seu trabalho?

1) Ainda não, mas já estou quase terminando. –

ADULTO

2) Por que você quer saber? – Criança rebelde

3) Desculpa!!! Não sei o que dizer, mas não deu

tempo…nada dá certo, tive problemas assim… –

criança submissa

4) Você acha que é só isso que eu tenho pra fazer? –

criança rebelde Denise Martins de Abreu e Lima – UFSCar Fabio C.B. de Abreu e Lima - UNESP

Ou seja…você costuma dar feedback para as pessoas…

Da mesma forma como está acostumado a recebê-los:

Se você teve uma educação rígida, terá mais facilidade em agir de forma mais incisiva, ser mais enérgico e menos flexível, com facilidade em usar imperativos e frases sem modalizadores nos feedbacks escritos:

“André, seu trabalho não está bom. Você pode fazer melhor. Da próxima vez terá que se esforçar mais.”



Da mesma forma como está acostumado a recebê-los:

Se você teve uma educação mais flexível, em que seus pais costumavam dialogar com você, ponderar, chamar você para a razão, e dar espaço para você falar e se explicar, terá mais facilidade em reproduzir esta dinâmica em seus feedbacks:

“André, fiquei pensando o que deve ter acontecido para que seu trabalho não tenha sido apresentado da forma como fez outras vezes... talvez tenha acontecido alguma coisa que eu não tenha sabido. Da próxima vez que precisar de ajuda ou sentir alguma dificuldade, entre em contato comigo, para que seu trabalho possa demonstrar o resultado que você merece.”



É comum percebermos problemas de relações interpessoais, em casa, na família, no trabalho, nas equipes, no ambiente virtual devido à transposição de Modelos de nossa educação para situações que exigem uma modalização na conversa, no discurso.

Se fui educado de forma mais rígida e tudo está determinado pelos meus MODELOS…então não posso

mudar?


SIM. Você pode e deve!

• “Deve” porque os alunos não são nossos filhos, nosso marido, nossa esposa e não temos o direito de pressupor que tudo de errado que aconteceu é culpa do aluno.

• Este modelo de pensamento e de atitude é proveniente de uma educação autoritária, perfeccionista e intransigente.

• TEMOS QUE INVESTIGAR PARA PODER AVALIAR


Não podemos também achar que temos que fazer TUDO pelo aluno e superprotegê-lo!

Temos que auxiliar em seu processo educacional para que ele fortaleça o lado ADULTO dele, que tenha consciência e responsabilidade e interaja com todos de forma ADULTA.


NÃO SOMOS JUÍZES SOMOS TUTORES!!!

No ambiente virtual, somos tutores que precisam dar o apoio necessário para que o aluno faça o seu melhor!

Não temos o direito e não podemos JULGAR ninguém pelos seus resultados.

Não somos os professores da disciplina também.

Como tutores, auxiliamos professores e alunos a fazer com que o resultado esperado seja alcançado.


Como tutores, temos que procurar manter uma relação ADULTA no ambiente virtual.

Não de Pai, nem de Criança.

Portanto, cuidado com as armadilhas!!!

Procure verificar, antes de responder a qualquer interação, qual o objetivo principal, seus interlocutores, e procure SEMPRE ‘limpar’ seu discurso de ‘falas’ que remetam à figura de PAI ou de JUIZ.


Para trazer o aluno para o discurso ADULTO,

FAÇA PERGUNTAS!

Perguntas têm que ter PONTO DE INTERROGAÇÃO AO FINAL.

COMPARE:

Você pode fazer isso hoje?

Você pode fazer isso hoje.

LEMBRE-SE QUE NO AMBIENTE VIRTUAL PONTUAÇÃO É TUDO!!


- Caio, como foi chegar a esta conclusão? Que elementos utilizou para o seu raciocínio?

- Maria, o que te faz pensar desta forma?

- João, procure me explicar em que momento você ‘empacou’ na resolução do problema?

Perguntas que tenham como real objetivo tentar compreender o que realmente aconteceu:


- Patrícia, li no seu comentário que o assunto X está em conformidade com o assunto Y, mencionado pelo André. Vocês concordam com isso? Não seria melhor, então, adotarmos o que Julio indicou em sua resposta?

A intenção do tutor aqui é a de ‘cutucar’ os alunos para discutirem algo que seria natural discutirem se estivessem em uma sala de aula presencial, mas acabam se intimidando em fazê-lo virtualmente, por falta de experiência e prática.

Perguntas para estimular a interação entre os alunos:


As primeiras perguntas podem ser genéricas, endereçadas a todo mundo.

Mas logo que as postagens se iniciam, é fundamental que o tutor perceba quem ainda não interagiu e faça a pergunta nominalmente para que os alunos se sintam identificados.

Perguntas para estimular a participação de todos:

1. Entre em contato com o aluno de forma particular (e-mail, mensagem, chat, telefone.

2. Procure saber o que o impede de participar mais ativamente:

• Timidez?

• Falta de tempo?

• Desconhecimento da ferramenta?

• Senso de incapacidade conceitual?

Alunos ausentes e pouco participativos:


3. Auxilie-o de forma a permitir que ele ultrapasse esta dificuldade.

Timidez:

Utilize alguma informação que tenha discutido com o aluno e comente no fórum para que ele perceba que pode ser bem aceito pelo grupo.



Timidez:

A dificuldade é inicial, pois geralmente as pessoas se sentem mais ‘corajosas’ a distância, pois o confronto não é físico.



Falta de tempo:

Oriente-o sobre como organizar a agenda de trabalho dele para que tenha tempo de se dedicar às tarefas.

Esta é uma dificuldade muito comum em cursos a distância e que precisa ser ultrapassada com a ajuda do tutor.



Desconhecimento da ferramenta:

Oriente-o com tutoriais e dicas específicas de como usar cada uma das ferramentas. Caso isso já tenha sido feito, retome, pois é difícil memorizar as informações de uma vez só. Deixe o aluno se sentir à vontade para errar. Auxilie-o nesta etapa.



Senso de incapacidade conceitual:

Há alunos mais bem preparados, com muitos títulos ou bagagem cultural diferenciada.

Para minimizar os efeitos dessa diferença em sala de aula, o tutor deve procurar fazer a ponte para que isso seja uma vantagem e não uma desvantagem entre os alunos:



Senso de incapacidade conceitual:

Glória, você apresentou a questão de forma muito organizada e bem descrita. Para que todos possam ter a dimensão da importância do que disse, você poderia exemplificar a questão com situações cotidianas que envolvem os conceitos por você apresentados?


4. Poste no fórum de discussões perguntas envolvendo

essas pessoas. Elas sentirão que estão sendo reconhecidas e identificadas e se sentirão ‘compelidas’ a responder, já que a pergunta foi diretamente feita pra elas.

CUIDADO: procure fazer isso de forma equilibrada, sempre percebendo o movimento do outro, pois se fizer demais, o aluno pode se sentir pressionado e até ‘perseguido’.



Para recapitular o que discutimos aqui:

Preste atenção ao tipo de interação que está sendo mantida entre os alunos e você.

Perceba o motivo, a intenção, e corrija o curso da conversa, sempre buscando uma relação ADULTA.


Não julgue.

AVALIE.

PONDERE.

REFLITA ANTES DE POSTAR: Eu gostaria de receber uma mensagem assim?



Cuidado com a pontuação.

Ela é responsável por uma boa (ou má) compreensão daquilo que quer dizer.

Faça PERGUNTAS!

Perguntas devem terminar com PONTO DE INTERROGAÇÃO.


Lembre-se!

Crie um ambiente em que as pessoas se sintam próximas de você.

Assuma seu papel de tutor:

•Não de juiz,

•Nem de psicólogo,

•Nem de pai ou cuidador.

E sim de TUTOR, que faz perguntas, indica, pondera, orienta, aconselha.


Bom trabalho e sucesso!


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