Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e...

284

Transcript of Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e...

Page 1: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 2: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 3: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

Relatosvividos e escritos

por muitas mãos

Page 4: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 5: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

Relatosvividos e escritos

por muitas mãos

Elisangela André da Silva CostaStânia Nágila Vasconcelos Carneiro

Wendel de Sousa Nogueira(Organizadores)

Quixadá2014

Page 6: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

FICHA TÉCNICA

ChancelerDom Ângelo Pignoli

Diretor GeralProfessor Livre-Docente Manoel Messias de Sousa

Diretora AcadêmicaProfessora Mestre Maria Dias Cavalcante Vieira

Diretora Administrativo-FinanceiraIdalete Deolide Fabiani

Coordenação EditorialProfessora Doutora Stânia Nágila Vasconcelos Carneiro

ColaboraçãoFernanda Nunes de Araújo

Revisão Ortográ% ca e Técnica dos TextosProfessora Doutora Stânia Nágila Vasconcelos Carneiro

Professora Mestre Elisangela André da Silva CostaProfessora Especialista Paula Érica Lopes de Melo

NormalizaçãoWendel de Sousa Nogueira

CatalogaçãoMaria do Livramento Ribeiro

Maria Eveline de Sousa

Arte da CapaFlavio Teles Cardoso

Capa, Contracapa e ImpressãoIMPRECE

Programação Visual e DiagramaçãoLuiz Carlos Azevedo

R321

Relatos vividos e escritos por muitas mãos. / Elisangela André da Silva Costa,

Stânia Nágila Vasconcelos Carneiro e Wendel de Sousa Nogueira. – [org]. –

Quixadá: IMPRECE, 2014. 280 p.

ISBN

978-85-8126-047-1

1.Relatos Institucionais. 2. Atividade de Extensão. I. Faculdade Católica

Rainha do Sertão – FCRS

CDD – 370.733

Page 7: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

SUMÁRIO

PREFÁCIO .................................................................................................... 9

APRESENTAÇÃO ..................................................................................... 11

RETROSPECTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO EM QUIXADÁ – FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO – FRUTO DA AÇÃO DE MUITOSManoel Messias de SousaRenato Moreira de Abrantes....................................................................... 13

A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E AS AÇÕES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE: um olhar sobre o SuperaçãoPaula Érica Lopes de MeloElisangela André da Silva Costa ................................................................ 33

PRÁTICA EMPRESARIAL E ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ALTERNATIVA DE INSERÇÃO DO DISCENTE NO MERCADO DE TRABALHO E NA PESQUISA CIENTÍFICA: as experiências do Curso de Administração da FCRSManoel Messias de SousaMário José AzevedoRenato Moreira de AbrantesStânia Nágila Vasconcelos CarneiroValter de Souza Pinho ................................................................................. 51

ARQUITETURA E URBANISMO: os desa ̂os da formação pro ̂ssional a partir da pesquisa e da intervenção sobre realidade localElisangela André da Silva CostaHenrique Alves da Silva .............................................................................. 77

Page 8: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

HISTÓRIA DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA CATÓLICA DE QUIXADÁ: ações para o desenvolvimento social e econômico da regiãoDanival Sousa CavalcanteValter de Souza PinhoArmstrong Braga FerreiraRivelino Duarte CostaOscar Lourenço da Silva Neto ..................................................................95

A RELEVÂNCIA DAS AÇÕES JURÍDICAS SOCIAIS COMO MECANISMO DE ACESSO À JUSTIÇASimone Albuquerque de OliveiraLucas Dasaieve de Sousa FreitasWillamy Pinheiro AlvesSemiramys Fernandes Tomé ..................................................................... 119

ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA: práticas pedagógicas e pesquisaAna Paula Vasconcelos de Oliveira TahimTadeu de Almeida Alves JuniorJosé Airton de Freitas Pontes JuniorRubens Vinícius LetieriFrancisco Cristiano da Silva Sousa .......................................................... 133

ATIVIDADE EXTRAMURO COMO ESTRATÉGIA VIÁVEL NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: Comunidade CafundóAnne Fayma Lopes ChavesJéssica Pinheiro Carnaúba

Geraldo Jailton Pereira da Silva

Paulo Jorge de OliveiraHérica Cristina Alves de Vasconcelos ...................................................... 149

Page 9: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE FARMÁCIA: aprendizagem prática signi ̂cativa segundo relatos dos preceptoresRegilane Matos da Silva PradoKarla Bruna Nogueira Torres BarrosDonato Mileno Barreira FilhoDeive Brito RibeiroGláucio Barros Saldanha ......................................................................... 159

UMA FILOSOFIA A SERVIÇO DA VIDA E DA ESPERANÇA DA POPULAÇÃO DO SERTÃO CENTRALAntonio Glauton Varela Rocha Francisco Cleilson Rodrigues Medeiros Renato Moreira de Abrantes Rivelino Duarte Costa ............................................................................... 177

PRÁTICA FISIOTERAPÊUTICA SUPERVISIONADA PARA GRUPOS POPULACIONAIS: relato de experiência do encontro entre aluno e comunidadeMariza Maria Barbosa Carvalho Ivna Zaíra Figueredo da Silva

Raimunda Rosilene Gadelha Magalhães ................................................ 197

A SAÚDE BUCAL COMO FERRAMENTA DE SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTOCosmo Helder Ferreira da SilvaPaula Ventura da SilveiraCarlos Santos de Castro Filho ................................................................. 213

A IMPORTÂNCIA DA CLÍNICA ESCOLA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ESTUDANTE DE PSICOLOGIA DA CATOLICA DE QUIXADÁMilena de Holanda Oliveira BezerraAndréa Alexandre VidalMércia Capistrano OliveiraAnice Holanda Nunes Maia ..................................................................... 227

Page 10: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

TECNOLOGIAS DIGITAIS E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO: o curso de Sistemas de Informação da FCRS e as relações com a comunidade localCarlos Henrique Leitão CavalcanteDaniel Barsi Lopes Júlio César Cavalcante BezerraLuiza Maria Morais LimaRenato William Rodrigues Souza ............................................................ 241

A PASTORAL UNIVERSITÁRIA NA IDENTIDADE E MISSÃO: desa ̂os e perspectivas na Faculdade Católica de QuixadáPe. Antonio Marcos Chagas ...................................................................... 259

Page 11: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

9

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Depois da vida, a história é o que há de mais importante nas pes-soas e nas instituições. Até mais que a liberdade. Porque sem vida não há história, e sem história não há liberdade. Somos livres, porque temos uma história; temos uma história porque temos vida. Narrar os feitos do passado, com o ̂to de preservá-lo, é, sem dúvida, gesto venerável, que nos vivi ̂ca e nos torna mais livres.

A Faculdade Católica Rainha do Sertão tem uma história bonita que, justamente por isso, deve ser gravada não apenas no papel, mas, principalmente, no coração e na lembrança de todos. Gerada e dada à luz pela Igreja local de Quixadá, e embalada carinhosamente pela sua ação materna, a “Católica”é uma Faculdade cujos princípios, missão e valores se confundem com os do cristianismo, particularmente os que se voltam para a transformação da realidade a partir do construtor desta realidade, o homem.

Às vésperas do segundo lustro de fundação da “Católica de Quixa-dá”, alegro-me em, como Bispo diocesano de Quixadá e Chanceler desta já sólida Instituição de Ensino Superior, prefaciar e apresentar ao público esta série de relatos, os mais variados, dos Cursos de Graduação.

São depoimentos de atividades realizadas e de histórias vividas, que merecem especial atenção do leitor. Gestos pequenos, do cotidiano acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas-so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes no “livro da vida” (cf. Fil 4, 3), pois gestos feitos em favor do outro.

Que foram os milhares de atendimentos nas clínicas da área da saúde, ou na área jurídica, por ocasião dos estágios senão a prática da caridade que, entre as virtudes, é a maior que há (cf. 1Cor 13)?

Quantos outrora meninos e meninas já não mais o são! Agora, ho-mens e mulheres, a ultrapassarem os umbrais universitários com um diploma nas mãos, habilitados pro ̂ssionalmente, aptos à reconstrução do mundo para melhor!

PREFÁCIO

h

Page 12: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

10

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Aqui, como não render as devidas homenagens aos que nos ante-cederam, em tempos de alicerces e de desa ̂os? Os nomes de todos se materializam na pessoa de Dom Adélio Tomasin, nosso predecessor, que, com a força dos homens ungidos pelo Espírito Santo, derramou seu suor, seu sangue e suas lágrimas para ver realizado o sonho de Deus, qual seja, o de que Seus ̂lhos e ̂lhas de uma terra tão árida, tenham dignidade para digni ̂carem os outros.

Deus a todos recompense.E, ao leitor, uma salutar leitura.

† AngeloPignoli

Bispo diocesano de Quixadá

Chanceler da Faculdade Católica Rainha do Sertão

Page 13: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

11

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Entendemos ser o livro o depositário ̂el do saber, do conhecimen-to, dos fatos, dos costumes e da história de um povo e das instituições. Nesta perspectiva, destacamos a história, após a vida, como marco mais relevante na vida das pessoas e das organizações. Por isso, decidimos lançar esta obra sobre a nossa Católica de Quixadá, no limiar do seu aniversário de 10 anos de vida institucional em abril de 2014.

Trata a obra, sem dúvida,de um empreendimento arrojado, em face do nosso desejo de resgatar a sua trajetória histórica e as suas con-tribuições à sociedade de Quixadá e à Região do Sertão Central,na es-cala temporal dos seus quase 10 (dez) anos de existência. Procuramos, portanto, gravar nesta obra não somente fatos, retratos e retalhos das suas ações e atividades de formação de jovens para a vida pro ̂ssional e para a cidadania,mas,sobretudo expressar a grandeza e generosidade dos corações de todos que por aqui passaram e deixaram indeléveis re-cordações e contribuições.

O eixo central delineador das ações das FCRS fulcra-se na sua identidade institucional lastreada pela missão: “educação superior à luz dos valores cristãos, éticos e humanos de forma inovadora e sus-tentável”; pela Visão de Futuro: “ser referência em educação superior contribuindo com o desenvolvimento sustentável e a transformação social na região”, assim como por seus valores: “educação humanizada de qualidade que busca respostas para um mundo complexo, com base na produção de conhecimento socialmente responsável.”

Por ̂m, o livro quer, de forma singela, expressar a responsabilidade so-cial dos cursos, das áreas complementares da educação superior e da gestão da faculdade, os feitos mais relevantes nos campos das práticas pedagógicas,dos estágios supervisionados e práticos, da extensão universitária e das ações ins-titucionais, en ̂m, a contribuição da IES à sociedade local e regional.

Prof. Manoel Messias de Sousa

Diretor Geral da FCRS

APRESENTAÇÃO

h

Page 14: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 15: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

13

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

O alvorecer do século XXI foi luminoso para Quixadá, cidade que tem o privilégio de contemplar o nascer do sol, cujo re� exo � ameja so-bre as águas tranquilas do Açude do Cedro. O Criador, “Sol Eterno”, não apenas dotou a “Terra dos Monólitos” de uma beleza ímpar, mas agraciou-a com homens e mulheres de ̂bra e coragem, nascidos aqui ou alhures.

Por estas plagas, grandes são os paredões de pedra que emoldu-ram o horizonte; grandes, igualmente, seus ̂lhos, que se sobressaem na paisagem social, por vezes cruel e tórrida, mas, por isso mesmo,

convidativa à ação. Nosso passado é belo e nos apre-senta grandes persona-gens que não podem ser largados ao esquecimento das estantes de livros em-poeirados.

Seus exemplos devem ser resgatados historica-mente, para compreen-dermos que o presente é fruto da ação dos que nos precederam.

RETROSPECTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO EM

QUIXADÁ – FACULDADE CATÓLICA RAINHA

DO SERTÃO – FRUTO DA AÇÃO DE MUITOS

hManoel Messias de Sousa

Renato Moreira de Abrantes

Açude do Cedro (Créditos:<http://www.feriasbr.com/imagem-cidade/

quixada-ce.png>).

Page 16: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

14

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Assim, pretende este capítulo de intróito trazer à baila o passado, remoto e recente, da história de nossa cidade, deixando, desde já, explí-cito que os louros pelo sucesso dos dias hodiernos não devem coroar unicamente a nossa cabeça. A Faculdade Católica Rainha do Sertão é, sem nenhuma dúvida, o fruto aprazível das sementes outrora lançadas.

Neste retrospecto, inegável é a presença civilizatória e formativa da Igreja Católica Apostólica Romana. A terra de José de Barros Fer-reira, o fundador, do Cego Aderaldo, o poeta, de Raquel de Queiroz, a imortal, do Mons. Luiz Braga Rocha, o pároco, de Dom Joaquim Ru ̂no do Rego, Dom Adélio Tomasin e Dom AngeloPignoli, os Bispos, e de tantos outros que enalteceram seu torrão, natural ou adotado, sempre esteve, indiscutivelmente, desde o berço, à sombra da Igreja, intrépida defensora da vida e da dignidade humana.

2 OS PRIMÓRDIOS

No remoto ano de 1747, vindo de Aracati para colonizar as terras recém-adquiridas, José de Barros Ferreira trouxe em sua bagagem, em lombo de burros,o símbolo de sua fé Católica Apostólica Romana,a pe-quena imagem da Sagrada Família, hoje vergonhosamente subtraída da posse da diocese. O marco católico foi implantado quando, ainda na-quele ano, o desbravador ̂ncou no chão a rústica cruz de paus cortados e entrelaçados, mais precisamente onde, 30 anos mais tarde (em 1777), seria erguida uma capela dedicada a Jesus, Maria e José (atual capela do Colégio Sagrado Coração de Jesus).

Três anos mais tarde, para a manutenção da capela, José de Barros doou, a título de patrimônio, uma légua de terra, “segundo escritura pú-blica datada de 22 de outubro 1780, registrada no Cartório de 2º Ofício da cidade de Quixeramobim (Livro de Notas nº 09, 3 s. 90v-91)”, confor-me Abrantes (2013, p. 69).

A fazenda de José de Barros – paragem dos que estavam em trân-sito para a capital – prosperou e deu lugar a um povoado que, em 1838, pela Lei nº 150, de 02 de setembro, recebeu um Juiz de Paz. A Igreja institucional nasceu com a chegada do primeiro vigário nome-ado para cuidar da Capela, o Pe. Cláudio Pereira de Faria, no dia 04 de

Page 17: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

15

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

fevereiro de 1870.Em 27 de outubro de 1870, pela Lei nº 1.347, Quixa-dá foi desmembrada de Quixeramobim e elevada à condição de Vila.A criação da paróquia se deu por meio de Decreto Provincial datado de 1870, posteriormente con ̂rmado pela autoridade eclesiástica da Arquidiocese do Ceará.

2.1 O SÉCULO XX – O SÉCULO DO PE. LUIZ BRAGA ROCHA

Os primeiros anos do “tempo da esperança” (sé-culo XX) foram marcados pela ação espiritual e so-cial do jovem Padre Luiz Braga Rocha.Natural de Caucaia, mas adotante de Quixadá (nomeado páro-co aos 22 de novembro de 1931 e empossado aos 17 de janeiro de 1932), dedicou a vida inteira à edi ̂cação de uma cidade, que passou a ser sua, e das pessoas, a quem passou a

pertencer. Assim, primeira emprei-tada do entusiasmado sacerdote foi aconstrução do novo templo a sediar a paróquia (atual Catedral), a partir da primeira campanha, realizada em 1937, segundo informa Costa (2002).

Ginásio Valdemar Alcântara(Créditos: <http://retalhosdequixada.blogspot.com.br>)

Pe. Luiz Braga Rocha (de batina) Constru-

ção da Nova Paróquia de Jesus Maria José(Créditos: <http://amadeu ̂lhoquixada.blogspot.com.br>)

Page 18: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

16

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O “segundo fundador de Quixadá”, que não se fez de rogado aos dramas vivenciados pelo seu povo, direcionou forças também para a mudança da realidade social, percebendo que a educação seria a mola propulsora do desenvolvimento pessoal e coletivo. Aos 06 de janeiro de 1938, fundou o Instituto Sagrado Coração de Jesus (o popular “Colégio das Irmãs”), para as moças, e, em 14 de fevereiro de 1954, o Ginásio Valdemar Alcântara (atual Colégio Valdemar Alcântara), para os rapa-zes, ambos ainda em pleno funcionamento.

A saúde também foi objeto de preocupação do Pe. Luiz Braga Ro-cha.Aos 12 de julho de 1953, deu-se a inauguração do Hospital-Ma-ternidade Jesus Maria José que, ainda hoje, em modernas instalações, mantém as portas abertas, oferecendo à população carente do Sertão Central do Estado do Ceará acolhida e amparo.

Outros méritos devem ser creditados à conta do “Mons. Rocha”, como a alteração do projeto original da Estrada do Algodão (CE 060)– desviando-a para Quixadá, modo a favorecer a circulação de merca-dorias e inserindo a cidade numa das principais rotas rodoviárias do Estado –, a criação do “Cinema Paroquial”, para a sadia diversão dos paroquianos, e a colocação do Cruzeiro, símbolo da fé cristã, no cume do monólito homônimo incrustado no centro de Quixadá, hoje, lamen-tavelmente, deteriorado pela ação do tempo e pela omissão dos gover-nantes municipais, que permitiram a degradação e a ocupação indevida daquele espaço.

Instituto Sagrado

Coração de Jesus(Créditos: Diário do Nordeste)

Page 19: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

17

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A respeito do Mons. Rocha, informa-nos Reis (2008, p. 70):

Disputava nota a nota o título de melhor aluno da turma com o colega Helder Câmara. Estu-dioso, aplicado e inteli-gente, era reconhecido pelos colegas como o aluno mais brilhante da turma. Passou quase toda a sua vida como pá-roco de Quixadá, onde chegou logo depois de ordenado. Homem de grande visão e de um tino político apurado, o Pe. Luiz recebeu Quixadá como uma paróquia difícil. Talvez a mais difícil do arcebispado, segundo pensava o próprio arcebispo. Depois de quatro décadas à frente dessa paróquia, ele a entregou às portas de sua elevação a sé diocesana (o que ocorreu em 1971). Mesmo aposentado desde 1967, o Pe. Luis permaneceu na cidade até sua morte em 1984. Chegando em Quixadá em meio a uma seca terrível, o jovem pároco sempre se preocupou com a situação dos mais pobres. Não supor-tando ver a situação de miséria espiritual, material e cultural na qual estava imersa aquela região do sertão central do estado, usou de to-dos os meios para conseguir melhorias para a região. Homem de personalidade forte e carismática, muito cedo se trans-formaria numa das mais importantes lideranças políticas locais. Isso sem jamais se inscrever em um determinado partido e sem jamais

precisar se candidatar a cargo público.

Os restos mortais do “segundo fundador”, destinatários do respei-to e gratidão dos ̂lhos desta terra, repousam em jazigo situado na Ca-tedral por ele erigida, na cidade de Quixadá.

Inauguração do Cruzeiro, em Monólito

homônimo, aos 24/06/1934(Créditos: <http://amadeu ̂lhoquixada.blogspot.

com.br>)

Page 20: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

18

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

2.2 A AÇÃO DA DIOCESE DE QUIXADÁ

Em vista destes marcantes precedentes históricos, Quixadá, então pertencente à circunscrição eclesiástica da Arquidiocese de Fortaleza,

foi erigida canonicamente como dio-cese no dia 13 de março de 1971, atra-vés da Bula QuiSummopere, do Papa Paulo VI, passando a jurisdicionar canonicamente mais seis municípios do Sertão Central Cearense.Para pri-meiro Bispo, o Santo Padre escolheu, no dia 21 de abril de 1971, o Pe. Jo-aquim Ru ̂no do Rêgo, que ̂cou à frente da diocese por 15 anos.

A instalação da diocese e a pos-se do Bispo se deram no dia 20 de agosto do mesmo ano, em presença do então Núncio Apostólico no Bra-sil, Dom Humberto Mozzoni.“Dom

Mons. Luiz Braga Rocha (Créditos: Diocese de Quixadá)

Dom Joaquim Ru* no do Rego(Créditos: Diocese de Quixadá)

Page 21: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

19

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Ru ̂no”,como carinhosamente ̂cou conhecido, desenvolveu a árdua missão de desbravar esse chão de muitos monólitos e por demais casti-gado pela seca, mas feito de um povo lutador e conhecido por sua forte devoção e fé a Nossa Senhora.

No seu governo pastoral, foram lançadas as sementes do que seria, décadas mais tarde, a Faculdade Católica Rainha do Sertão. Sentindo a necessidade de formar mais solidamente as lideranças cristãs e perce-bendo que é com a educação que se forjam as grandes transformações, Dom Ru ̂no criou, na década de 1980, o Instituto Teológico-Catequéti-co, que teve a precípua missão de oferecer formação às lideranças cristãs das diversas paróquias que compunham a diocese.

No dia 29 de maio de 1988, tomou posse como segundo Bispo dio-cesano, Dom Adélio Tomasin, em substituição a Dom Ru ̂no, transfe-rido para a diocese de Parnaíba/PI. Dom Adélio chegou com o ̂rme propósito de melhorar e ampliar as estruturas físicas e espirituais da diocese, tendo em vista o desenvolvimento humano e cristão dos que aqui residiam; igualmente, deu continuidade à obra formativa iniciada por seu antecessor.

Com o fortalecimento do trabalho vocacional já existente no Cen-tro Vocacional Pio XII e com o crescimento do número dos semina-ristas, em 08 de dezembro de 1996, por meio do Decreto nº 28, Dom Adélio criou o Instituto Filosó6 co-Catequético para a formação ̂losó- ̂ca dos seminaristas, mantendo ainda o objetivo inicial da formação

catequética para lideranças leigas.

Centro Vocacional Pio XII(Créditos: Diocese de Quixadá)

Page 22: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

20

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Tendo a primeira turma de ̂ loso ̂a concluído o biênio inicialmen-te proposto, viu-se a necessidade de dar continuidade à formação dos seminaristas começada no InstitutoFilosó ̂co-Catequético. Por isso, aos 08 de dezembro de 1999, pelo Decreto nº 45, Dom Adélio criou o Curso de Teologia, passando a chamar-se “Instituto Filosó6 co-Teológico Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão – IFTNSIRS”, que já nasceu vocacionado a algo maior.

A fundação do IFTNSIRS já apontava, propositadamente, para a futura criação da Faculdade Católica Rainha do Sertão. Intento primei-ro foi a formação dos jovens seminaristas da diocese de Quixadá; per-cebeu-se, contudo, que a realização do bem deveria ser ampliada, com a oferta de outros cursos superiores. Os jovens do Sertão Central do Es-tado do Ceará, graças à ação benfazeja de Dom Adélio, poderiam, mais próximos de suas famílias, realizar o sonho da quali ̂cação pro ̂ssional, nas mais diversas áreas do saber.

A economia regional, até então, lastreada no comércio, na agricul-tura ena pecuária, começou a ser aquecida pelas receitas provenientes da construção civil. A oferta de produtos e serviços foi ampliada, de modo que a “Católica de Quixadá” con ̂gurou-se como marco divisor de águas.

Dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econô-mica do Ceará1 comprovam o crescimento econômico da cidade de Quixadá no período concomitante ao surgimento/desenvolvimento da Faculdade Católica Rainha do Sertão. Assim, por exemplo, o Produto Interno Bruto do Município, em 2004, era de R$ 210.647 milhões, pas-sando para R$ 392.364 milhões, no ano de 2009. O PIB per capita, por sua vez, foi de R$ 2.114,00, em 2004, passando para R$ 4.877,30 no ano de 2009.

Grande empreendedor, Dom Adélio também se dedicou à estru-turação física da diocese, tanto para atendimento das demandas espiri-tuais como sociais. Assim, a construção das novas instalações do Hos-pital-Maternidade Jesus Maria José e do Santuário de Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, centro de acolhida de peregrinos de diver-sos Estados do Nordeste.

1 Disponíveis em <http://www.ipece.ce.gov.br>. Acesso em 20 jun 2013.

Page 23: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

21

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Sucedeu a Dom Adélio, que renunciou em virtude da idade, Dom AngeloPignoli, como terceiro Bispo diocesano de Quixadá, cuja posse se deu aos 25 de março de 2007. Atualmente no cargo, Dom Angelo está dando continuidade aos trabalhos espirituais e sociais, pastorais e educacionais dos seus antecessores.

Santuário de N Sra Imaculada

Rainha do Sertão (Créditos: <http://retalhosdequixada.blogspot.com.br>)

HMJMJ - Prédio construído pelo

Pe. Luiz Braga Rocha(Créditos: HMJMJ)

HMJMJ - Prédio construído por

Dom AdélioTomasin(Créditos: MonolitosPost)

Page 24: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

22

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

2.3 A ALMA DA AÇÃO FORMATIVA: TRANSFORMAR O HO-MEM E A SOCIEDADE

O “duc in altum” (corações ao alto) da liturgia fez com que as man-gas fossem arregaçadas e os braços fossem descruzados. A seca, como ainda hoje, não dava tréguas e a oração precisava unir-se visivelmente à ação, não tanto por satisfações pessoais, mas por uma questão de honra e compromisso com a própria consciência e com a própria fé. Deus não estava satisfeito em ver seus ̂lhos fugindo das intempéries do clima, sem que, antes, fossem socorridos pelos seus outros ̂lhos, menos desa-fortunados.

Quixadá, que desde seus fundadores é uma “terra de acolhida”, não poderia se tornar, ao expirar do tempo antigo, a “terra das des-pedidas”.Era necessário tornar nosso torrão uma “terra de permanên-cia”, de bem estar. Para tanto, mudar a realidade era condição sine-quanon. Sem a transformação e a capacitação das pessoas corria-se o risco de pecar gravemente contra a fé, que não se limita ao orar, mas abrange o agir.

Assim, o gesto pioneiro do Mons. Luiz Braga Rocha, ao criar os colégios para as moças e para os rapazes, foi o marco inaugural dos novos tempos. Ao término do segundo milênio, Quixadá contava com instituições de ensino aptas a inserir nas le-tras e na cultura os que assim pretendessem. Muitos foram os que pelos bancos escolares destas casas de formação pas-saram.

Dom Ru ̂no, ao criar o Instituto Catequético para as lideranças leigas e fundar o Centro Vocacional Pio XII, plantou a semente da árvore frondosa que hoje é a Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Dom Adélio Tomasin e Dom AngeloPignoli(Créditos: Diário do Nordeste)

Page 25: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

23

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A visão empreendedora de Dom Adélio não apenas fez com que a semente de Dom Ru ̂no não morresse, mas, muito pelo contrário,se desenvolvesse com a fundação da Faculdade Católica, hoje estabelecida como instituição séria e enraizada, comprometida com a formação e transformação integral do homem sertanejo.

A presença constante de Dom Angelo, qual bom pastor, nas ins-tituições diocesanas confere-lhes segurança e estabilidade, levando a cabo as iniciativas de seus predecessores e garantindo um futuro pro-missor para a diocese e cidade de Quixadá.

3 A FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO

A Faculdade Católica, no contexto histórico regional, é a concretiza-ção do sonho e da ação de muitos que, desde os primórdios, se voltaram para a justa causa de mudar o homem a sociedade. Em sínte-se, um olhar sincero sobre a “Católica de Quixadá” permitirá constatar a evolução da Instituição e o progresso trazido à cidade.

Seus primór-dios foram regados de fé e con ̂ança ab-soluta em Deus, por parte do Bispo emérito de Quixadá e fundador da Faculdade Católica, da qual foi o seu primeiro Chanceler. A motivação primeira de Dom Adélio Tomasin foi mudar a realidade religiosa e socioeconômica do interior do Ceará, tão castigado pela injustiça e pelo abandono estatal. “A minha preocupação era aquilo que me inspirou: que o Ceará precisava de saúde, justiça e uma economia diferente”, a ̂rmou o Bispo emérito em entrevis-ta concedida aos professores do Curso de Ciências Contábeis.

Faculdade Católica Rainha do Sertão(Créditos: FCRS)

Page 26: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

24

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Aos desa ̂os que iam surgindo, Deus respondia de plano, de forma quase que miraculosa, através de instituições e pessoas, no Brasil e na Itália, que, encantadas com a iniciativa de Dom Adélio colocavam-se à disposição, com suas economias, para ajudar a implantar, no interior do Ceará, os primeiros Cursos.

Auxiliado pelo Senhor José Nilson Ferreira Gomes Filho, que veio a ser o primeiro Diretor Geral, Dom Adélio Tomasin conseguiu a apro-vação, junto ao Ministério da Educação, dos primeiros Cursos, inician-do, assim, uma saga de desenvolvimento humano de tantos alunos e crescimento regional.

A partir dos Cursos de Filoso ̂a e Teologia, voltados originalmente para os seminaristas da diocese de Quixadá e religiosos aqui residentes, a Faculdade deu início à abertura de cursos nas áreas de ciências sociais aplicadas, exatas e da saúde, sendo que, atualmente, conta com 17 cur-sos de graduação, dos quais 16 bacharelados e 01 licenciatura.

Os Cursos atualmente em funcionamento são:

• Administração – Autorizado pela Portaria MEC nº 158/2004 e Reconhecido pela Portaria SERES/MEC nº 305/2012, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Arquitetura e Urbanismo – Autorizado pela Portaria SESu nº 130/2010, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Biomedicina – Autorizado pela Portaria MEC nº 3900/2005 e Reconhecido pela Portaria SESU/MEC nº 481/2011, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Qui-xadá/CE.

• Ciências Contábeis – Autorizado pela Portaria MEC nº 157/2004 e Reconhecido pela Portaria SERES/MEC nº 274/2012, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Direito – Autorizado pela Portaria MEC nº 279/2005 e Reco-nhecido pela Portaria SESU/MEC nº 489/2011, com funciona-mento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

Page 27: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

25

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

• Educação Física – Autorizado pela Portaria MEC nº 3094/2005 e Reconhecido pela Portaria SERES/MEC nº 288/2011, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Enfermagem – Autorizado pela Portaria MEC nº 159/2004 e Reconhecido pela Portaria MEC/SESu nº 856/2008, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Qui-xadá/CE.

• Engenharia de Produção – Autorizado pela Portaria MEC/SESu nº 890/2009, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Engenharia Mecânica – Autorizado pela Portaria SESu nº 1110/2008, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Engenharia Mecatrônica – Autorizado pela Portaria SESu nº 1619/2009, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Farmácia – Autorizado pela Portaria MEC nº 959/2004 e Reconhecido pela Portaria SERES/MEC nº 190/2012, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Qui-xadá/CE.

• Filosofia – Autorizado pela Portaria MEC nº 160/2004 e Reconhecido pela Portaria SESU/MEC nº 1702/2010, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Qui-xadá/CE.

• Fisioterapia – Autorizado pela Portaria MEC nº 958/2004 e Reconhecido pela Portaria SERES/MEC nº 133/2012, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Odontologia – Autorizado pela Portaria MEC nº 172/2006 e Reconhecido pela Portaria SESU/MEC nº 445/2011, com funcionamento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Qui-xadá/CE.

Page 28: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

26

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

• Psicologia – Auto-rizado pela Portaria MEC nº 521/2005 e Reconhecido pela Portaria SERES nº 4/2012, com funcio-namento à Rua Ju-vêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Sistema de Infor-mação – Autorizado pela Portaria SESu nº 555/2007e Reco-nhecido pela Portaria SESU/MEC nº 479/2011, com funciona-mento Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

• Teologia – Autorizado pela Portaria MEC nº 1271/2002 e Re-conhecido pela Portaria MEC/SESu nº 570/2008, com funcio-namento à Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE.

Entre 2004 e 2012, a Faculdade Católica Rainha do Sertão já ofer-tou ao mercado de trabalho 1.537 pro ̂ssionais, nas mais diversas áre-as2. O índice se amplia, considerando-se o número de matrículas de in-gressantes ao longo deste mesmo período, a saber5.355 alunos oriundos de mais de cem municípios do Estado do Ceará e circunvizinhos.Ou seja, mais de 5.000 pessoas, ao longo destes quase 10 anos, con ̂aram na Faculdade Católica Rainha do Sertão, sob a perspectiva formativa e acadêmico-pro ̂ssional.

Estes números são demonstrativos não apenas do raio de ação da Instituição, como também de sua credibilidade; reconhecidamente, a “Católica de Quixadá” forma pro ̂ssionais competentes não apenas do ponto de vista técnico, mas, principalmente, preparados para a vida e

2 Administração (134 egressos), Biomedicina (21 egressos), Ciências Contábeis (87 egressos), Direito (158 egressos), Educação Física (47 egressos),Enfermagem (317 egressos), Farmácia (167 egressos), Filoso ̂a (45 egressos), Fisioterapia (189 egressos), Odontologia (202 egressos), Psicologia (122 egressos), Sistemas da Informação (21 egressos), Teologia (27 egressos).

Serviço de Psicologia Aplicada (Créditos: FCRS)

Page 29: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

27

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

dotados de um humanismo que os possibilita perceber no outro, muito mais que um “cliente”, ou que um “paciente”, mas, também, um ho-mem, uma mulher, um(a) irmão(ã), um(a) ̂lho(a) de Deus.

Atualmente, a Católica de Quixadá oferta nove cursos de pós-gradu-ação lato sensu, quais sejam Análises Clínicas e Toxicológicas, Direito e Processo Constitucionais, Docência do Ensino Superior, Gestão Estraté-gica de RH, Fisioterapia em Traumato-Ortopedia e Reumatologia, Tec-nologias Digitais e Educação, Gestão Financeira, Controladoria e Audito-ria, Gestão Pública, Rede de Computadores e Gestão Empresarial.

As atividades de extensão da Faculdade junto às comunidades caren-tes da cidade de Quixadá destacam-se, particularmente, quanto aos aten-dimentos realizados por seus professores e alunos, nos campos de estágio.

O Complexo Odontológico, por exemplo, contabilizou, no ano de 2012, 4.199 atendimentos; o Serviço de Psicologia Aplicada registrou 445 atendimentos; a Clínica de Fisioterapia, por sua vez, registrou 8.323 atendimentos neste mesmo ano.

Complexo Odontológico e Clínica de Fisioterapia (Créditos: FCRS)

O atendimento jurídico, realizado por meio do Núcleo de Práti-cas Jurídicas, merece destaque igualmente. No primeiro semestre, fo-

Page 30: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

28

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ram realizados 180 atendimentos, nas diversas áreas, com a proposição de 100 ações perante a Justiça Estadual e a realização de 90 audiências extrajudiciais, com um percentual de 80% de acordos celebrados. No segundo semestre, houve 120 atendimentos, com a proposição de 100 ações perante a Justiça Estadual e a realização de 79 audiências extra-judiciais, com acordos.Ainda, foram realizadas palestras nas escolas e centros comunitários, versando sobre direito de família, do consumi-dor e da criança e do adolescente.

Núcleo de Práticas Jurídicas(Créditos: FCRS)

No âmbito do esporte e do lazer, a “Católica de Quixadá” promo-veu, no ano de 2012, diversas atividades, conglomerando, aproximada-mente, 4.181 participantes, alunos da IES ou não, da cidade de Quixadá e Região. Foram desenvolvidas atividades como O ̂cinas Temáticas,

Page 31: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

29

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Projeto Segundo Tempo, Projeto Mão Amiga, Dia do Pro ̂ssional de Educação Física, Campeonatos Interno e Externo (Jogos Estudantis da Católica de Quixadá e Campeonato das Entidades Civis, Industriais e Comerciais de Quixadá), Curso de Arbitragem de Futsal, dentre outras.

Complexo Esportivo (Créditos: FCRS)

O “Superação”, idealizado como forma de interação com a socieda-de, foi realizado como viés ̂lantrópico, entendido enquanto socializa-ção do conhecimento adquirido em sala de aula com a população mais carente, seja da cidade de Quixadá, seja das demais cidades no entorno desta.

A atual Faculdade Católica Rainha do Sertão é o resultado da con- ̂ança em Deus e da ação valiosa de muitos que por ela passaram e que

continuam conduzindo esta casa de formação e transformação social. A todos, a gratidão devida e que, neste livro, se imortaliza:

Page 32: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

30

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

4 O FUTURO DA CATÓLICA DE QUIXADÁ

A Faculdade Católica Rainha do Sertão persegue o sonho de con-cretizar na vida de todos os que desejam o sonho da realização pro ̂s-sional, aliada à formação para os valores humanos e cristãos.

Visa contribuir para a formação acadêmica e pro ̂ssionalizante aliada a uma sólida formação humana de valores, comprometendo o aluno com o exercício consciente de seu papel social de uma cidadania plena.

Nesta perspectiva, tem como missão a “educação superior à luz dos valores cristãos, éticos e humanos de forma inovadora e sustentável”.

O alcance dessa missão requer inovação do processo de aprender e de ensinar, carac-terizado pela diversidade na produção e na transmissão da experiência cultural e cien-tí ̂ca, fundamentado no princípio de que a educação superior constitui-se como uma es-tratégia para o desenvolvimento do país.

Desta forma, visão de futuro da Institui-ção é “ser referência em educação superior, contribuindo com o desenvol-vimento sustentável e a transformação social de Quixadá e da região do Sertão Central”.

Isto signi ̂ca, concretamente:

Page 33: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

31

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

• Ser referência entre as organizações educacionais, possibilitan-do o desenvolvimento de projetos de vida e formação cidadã, conquistando o respeito da comunidade acadêmica global pe-las contribuições para a sociedade.

• Ser uma Instituição promotora do desenvolvimento local e crescimento pro ̂ssional, possibilitando às pessoas atuarem com competência no mundo globalizado, sem perder de vista a importância da formação cristã e cidadã, bases para atuação sociorresponsável na sociedade.

• Ser uma Instituição bem posicionada no cenário regional, ca-talisadora de aprendizagens, conhecimentos, cumpridora da responsabilidade social assumida com seu povo e ambiente.

• Ser propulsora da transformação de pessoas em cidadãos, inte-grados com sua comunidade, fortalecidos na ética cristã e mo-tivados a transcender a fronteira do conhecimento, na busca por uma sociedade mais justa e fraterna.

Para tanto, a Instituição protocolou, em março de 2013, junto ao Ministério da Educação, através do sistema e-MEC, seu processo de credenciamento como Centro Universitário “Católica de Quixadá”, que signi ̂cará um avanço signi ̂cativo no per ̂l dosserviços prestados pela Católica à população do Sertão Central do Estado do Ceará.

REFERÊNCIAS

ABRANTES, R. M. de. Do Foro e do Laudêmio: o caso de Quixadá. Revista Expressão Católica. ISSN 2237-8782. Quixadá, v. 2, n. 1, p. 68-71,jan./jun. 2013.

COSTA, J. E. Retalhos da história de Quixadá. Fortaleza: ABC Edito-ra, 2002.

INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CE-ARÁ. Disponível em: <http://www.ipece.ce.gov.br>. Acesso em 20 jun 2013.

Page 34: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

32

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

REIS, Edilberto Cavalcante. Coronéis de batina: a atuação do clero na política municipal cearense (1920-1964). Tese (doutorado em História Social). Rio de Janeiro (RJ): PPGHS/UFRJ, 2008. Disponível em<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp050906.pdf>. Acesso em: 07jul2013.

SOBRE OS AUTORES

Manoel Messias de Sousa Diretor Geral da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS. Membro da Academia Cearense de Administração.Contato:[email protected].

Renato Moreira de Abrantes Advogado. Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato:[email protected].

Page 35: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

33

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

O ensino superior tem o compromisso de se constituir como es-paço de formação pro ̂ssional, comprometido não só com a dimensão individual dos sujeitos que ajuda a formar, mas com a dimensão cole-tiva do conhecimento de forma a colaborar com o desenvolvimento da sociedade de forma ampla. Assim, as práticas educativas pautadas na transmissão do conhecimento perdem espaço para aquelas pautadas na problematização da realidade, na busca por respostas, que se materiali-zam através das atividades de ensino-pesquisa-extensão.

A extensão universitária tem a prestação de serviços à comunida-de como uma de suas principais atividades, em decorrência de seu po-tencial formativo. A aproximação com os diferentes sujeitos e cenários possibilita aos docentes e aos discentes uma melhor contextualização dos problemas relacionados às diferentes áreas de conhecimento, in-dicando a necessidade do desenvolvimento de pesquisas, metodologias e tecnologias que permitam aos pro ̂ssionais atuar de maneira mais consciente e crítica diante dos novos desa ̂os surgidos a cada dia.

Assim, a Faculdade Católica Rainha do Sertão vem desenvolvendo, ao longo dos últimos seis anos, o Superação, que é um projeto voltado à prestação de serviços à comunidade, constituído da oferta de serviços nas áreas de atuação pro ̂ssional dos cursos de graduação ofertados por esta IES.

O presente relato de experiência busca evidenciar a abrangência acadêmica e social das atividades desenvolvidas na edição 2013.1, re-

A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E AS AÇÕES

DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE:

um olhar sobre o Superação

hPaula Érica Lopes de Melo

Elisangela André da Silva Costa

Page 36: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

34

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

lacionando-as com os desa ̂os presentes no contexto do Sertão Cen-tral cearense. São abordadas discussões relativas à extensão acadêmica como elemento de formação no ensino superior, o histórico do projeto superação na Faculdade Católica Rainha do Sertão e por ̂m os dados referentes à última edição do evento, realizada no mês de abril de 2013.

2 A EXTENSÃO COMO ELEMENTO DE FORMAÇÃO NO EN-SINO SUPERIOR

O ensino superior tem o compromisso de se constituir como es-paço de formação pro ̂ssional, comprometido não só com a dimensão individual dos sujeitos que ajuda a formar, mas com a dimensão co-letiva do conhecimento de forma a colaborar com o desenvolvimento da sociedade de forma ampla. Assim, sustenta suas atividades no tripé ensino-pesquisa-extensão de forma a atender às ̂nalidades previstas para este nível de ensino na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-cional 9394/96 (Art.43º):

I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito cien-tí ̂co e do pensamento re� exivo;II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores pro ̂ssionais e para a participação no de-senvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação cientí ̂ca, vi-sando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, cientí ̂cos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e pro- ̂ssional e possibilitar a correspondente concretização, integrando

os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura inte-lectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;

Page 37: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

35

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializa-dos à comunidade e estabelecer com esta uma relação de recipro-cidade;VII - promover a extensão, aberta à participação da população, vi-sando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa cientí ̂ca e tecnológica geradas na instituição.

Considerando a abrangência e a complexidade das ̂nalidades aci-ma expressas, as Instituições de Ensino Superior vêm se organizando cada vez mais para sair de seus muros e não só aprender sobre os con-textos sociais nos quais estão inseridas, mas neles intervir. A troca de conhecimentos e experiências promovida tem a possibilidade de esti-mular o desenvolvimento das pessoas, das Instituições e dos locais onde intervêm.

Assim, as formas de ensinar e aprender superam a perspectiva da transmissão do conhecimento e buscam, através da problematização da realidade e da postura investigativa, crítica e re� exiva, pautar-se na perspectiva da construção do conhecimento articulada à concepção de práxis como indissociabilidade entre teoria e prática, mediada pela inte-ração social e pela interdisciplinaridade (SEVERINO, 2012).

Nesse cenário, a extensão universitária, de ̂nida como “processo educativo, cultural e cientí ̂co que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Univer-sidade e a Sociedade” (FORPROEX, 2007, p. 17), se constitui como um elo importante de ligação entre as dimensões técnicas, éticas, políticas e estéticas das competências pro ̂ssionais a serem desenvolvidas nos cursos de graduação.

Nesse sentido, as Instituições de Ensino Superior precisam de ̂nir, em seus Planos, diretrizes para a organização das atividades de exten-são, de ̂nindo princípios, eixos, tipos de atividades a serem desenvolvi-das, considerando as características, desa ̂os e potencialidades do con-texto no qual está inserida.

Para dar suporte à elaboração destes planos, o Fórum de Pró-Rei-tores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, elaborou o Plano Nacional de Extensão (FORPROEX/MEC, 2001) que apresenta

Page 38: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

36

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

diretrizes para a organização das atividades extensionistas pelas IES, di-vididas em quatro eixos:

Impacto e transformação: que diz respeito à necessidade de estabeleci-mento de uma relação próxima entre as Instituições de Ensino Superior e os diferentes setores da Sociedade com vistas à transformação da rea-lidade e o desenvolvimento local;

Interação dialógica: promoção, através do diálogo, da troca e da cons-trução de saberes entre a Universidade e a Sociedade, em um movimen-to de superação da hegemonia dos saberes cientí ̂cos sobre os demais, construindo laços colaborativos em busca da superação das desigualda-des sociais existentes;

Interdisciplinaridade: refere-se à perspectiva da integração entre as diferentes disciplinas, áreas de atuação e metodologias que permitam a construção de consistência tanto teórica quanto operacional do tra-balho por parte dos diferentes sujeitos (pessoas e instituições) que se integram em projetos de intervenção sobre a realidade;

Indissociabilidade ensino – pesquisa – extensão: como elemento constituinte do processo de formação pro ̂ssional em ensino superior, a extensão promove a articulação entre os conhecimentos de nature-za distinta, permitindo aos acadêmicos a abordagem complexa das te-máticas que constituem os currículos de seus cursos, numa abordagem integrada das atividades desenvolvidas no espaço da sala de aula e nos demais espaços onde se processam os processos de construção do co-nhecimento, vinculados às atividades de pesquisa e extensão.

Veri ̂camos, a partir das diretrizes apresentadas que o trabalho desenvolvido pelas Instituições de Ensino Superior assume um com-promisso ético e político com a transformação da realidade em que está inserida, que agrega aos conhecimentos construídos uma nova dimen-são. Assim, a busca por novos caminhos de materialização de propostas e aproximação com a sociedade é materializada sob diferentes formas de organização de atividades, como demonstra o quadro abaixo:

Page 39: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

37

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Quadro 1 – Ações da Extensão Universitária

Ações De% nição

Programa

Conjunto articulado de projetos e outras ações de extensão (cursos, eventos, prestação de serviços), preferencialmente integrando as ações de extensão, pesquisa e ensino. Tem caráter orgânico-institu-cional, clareza de diretrizes e orientação para um objetivo comum, sendo executado a médio e longo prazo.

ProjetoAção processual e contínua de caráter educativo, social, cultural, cien-tí ̂co ou tecnológico, com objetivo especí ̂co e prazo determinado. Pode ou não ser vinculado a um programa.

Curso

Ação pedagógica, de caráter teórico e/ou prático, presencial ou a dis-tância, planejada e organizada de modo sistemático, com carga ho-rária mínima de 8 horas e critérios de avaliação de ̂nidos. Pode ser organizada nas formas de Iniciação, Atualização, Treinamento Quali- ̂cação Pro ̂ssional, Aperfeiçoamento e Especialização.

Evento

Ação que implica na apresentação e/ou exibição pública, livre ou com clientela especí ̂ca, do conhecimento ou produto cultural, artístico, esportivo, cientí ̂co e tecnológico desenvolvido, conservado ou reco-nhecido pela Instituição. Pode se organizar na forma de congressos, seminários, ciclo de debates, exposições, espetáculos ou festivais.

Prestação de serviços

Realização de trabalho oferecido pela IES ou contratado por terceiros (comunidade, empresa, órgão público etc.). Caracteriza-se por inse-parabilidade processo/produto e não resulta na posse de um bem.Pode, em algumas circunstâncias, ser oferecida na forma de um Cur-so ou Projeto de Extensão, nestes casos deve ser registrada como tal. Podem ser organizados em: atendimento ao público em espaços de cultura, ciência e tecnologia; Serviço eventual; Atividades de proprie-dade intelectual; Exames e laudos técnicos; Atendimento jurídico e judicial; Atendimento em saúde humana e Atendimento em saúde animal.

Fonte: construído pelas autoras com base em FORPRED (2007).

As diferentes ações desenvolvidas pela extensão universitária têm a possibilidade de potencializar tanto as políticas institucionais de for-mação pro ̂ssional, quanto as políticas públicas nas diferentes áreas, uma vez que permite a articulação das IES com Organizações Públicas e Privadas.

Page 40: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

38

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Cabe, no entanto, atentar para o alerta feito no Plano Nacional de Extensão Universitária (2001):

É importante ressaltar que a intervenção na realidade não visa levar a universidade a substituir funções de responsabilidade do Estado, mas sim produzir saberes, tanto cientí ̂cos e tecnológicos quanto artísticos e ̂losó ̂cos, tornando-os acessíveis à população, ou seja, a compreensão da natureza pública da universidade se con ̂rma na proporção em que diferentes setores da população brasileira usufruam dos resultados produzidos pela atividade aca-dêmica, o que não signi ̂ca ter que, necessariamente, frequentar seus cursos regulares.

Assim, a prestação de serviços à comunidade não se constitui como uma ação assistencial, mas uma importante oportunidade de articula-ção político-pedagógica entre diferentes instituições e sujeitos com vis-tas à construção colaborativa do conhecimento. É neste contexto que o Superação se revela como uma importante iniciativa de articulação teó-rico prática nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, e de contínua aproximação dos acadêmicos e educadores com os contextos concretos de atuação pro ̂ssional.

3 O PROJETO SUPERAÇÃO NA FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO

A Faculdade Católica Rainha do Sertão foi credenciada junto ao Ministério da Educação no ano de 2002, pela Portaria nº 1.270. Atu-almente, conta com 17 cursos de graduação autorizados e 13 em fun-cionamento: Administração, Arquitetura, Ciências Contábeis, Direito, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Filoso ̂a, Fisioterapia, Odon-tologia, Psicologia, Sistemas de Informação e Teologia.

A FCRS estabeleceu como missão “educação superior à luz dos valores cristãos, éticos e humanos de forma inovadora e sustentável” e como princípios: ̂delidade à doutrina cristã e às diretrizes da Igreja Católica; promoção da dignidade humana, do bem comum e com-promisso com a inclusão social; formação solidária, interdisciplinar

Page 41: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

39

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

e humanística, orientada por uma perspectiva ética, cristã e católica, respeitada a liberdade de crença; pluralismo de concepções de ensino, iniciação cientí ̂ca/pesquisa e extensão, respeitados os projetos pe-dagógicos e as diretrizes ̂xadas pelos órgãos colegiados; integração entre o ensino, a iniciação cientí ̂ca/pesquisa e a extensão; construção do conhecimento a serviço do homem; responsabilidade social e am-biental (FCRS, 2012).

Neste contexto de compromisso com uma formação pro ̂ssional, ética e cristã, surgiu, em 2007, o projeto Superação, que tem como ob-jetivos: realizar um trabalho socialmente responsável tornando visível e palpável a corresponsabilidade da instituição pelo desenvolvimen-to da sociedade; proporcionar à comunidade um mutirão de serviços essenciais, integrados e gratuitos promovidos por voluntários, entre eles, alunos e professores da faculdade que participam em várias áreas de atuação: educação, saúde, lazer e cidadania e participar ativamen-te da qualidade de vida e social dos municípios que serão visitados (FCRS, 2013). Este evento consiste na organização de uma estrutura móvel de prestação de serviços que coloca a disposição da comunida-de diferentes tipos de atividades relacionadas a cada um dos cursos ofertados pela FCRS.

O Público bene ̂ciado pelas ações do SuperAção é composto pela prioritariamente pela população economicamente desfavorecida da re-gião do Sertão Central cearense, tendo em vista a escassez e a di ̂cul-dade de acesso a determinados serviços nas área de saúde, educação, cidadania, esporte e lazer.

Nas oito edições realizadas em Quixadá no ano de seu lançamen-to, este evento atendeu mais de 32.000 (trinta e duas mil) pessoas nos diversos serviços de orientação jurídica, odontológico, tipagem sanguí-nea, medição da pressão arterial, dicas de prevenção de saúde, como utilizar de forma correta os medicamentos ̂toterápicos, limpeza de pele, massagem corporal, cursos de geração de renda, orientação voca-cional e atividades de lazer. Porém, sabendo das necessidades existentes em toda região do sertão central, a Faculdade Católica Rainha do Sertão expandiu, através do projeto SuperAção, os serviços a outras comuni-dades que necessitavam de incentivo social, educacional e cultural.

Page 42: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

40

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Fizeram parte da história dos trajetos do SuperAção, nestes 06 anos de existência, os municípios de Quixadá, Morada Nova, Baturi-té e Iguatu, entre outros municípios que compõem o Sertão Central cearense.

Os serviços a serem prestados à população se organizam nos se-guintes eixos:

1. Prevenção e Orientação - dentistas, psicólogos, enfermei-ros, fisioterapeutas, biomédicos, farmacêuticos realizando atendimentos, como prevenção de cáries e câncer bucal, exames de glicemia, tipagem sanguínea, saúde da mulher e do homem, saúde da criança e do adolescente, verificação de pressão arterial e informações sobre medicamentos e plan-tas medicinais;

2. Prazer e Bem Estar - que tem o objetivo de conscientizar acer-ca da importância de alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos, além do cuidado da auto – estima. Du-rante o evento são oferecidas orientações alimentares, veri ̂ca-ção do índice de massa corpórea (relação entre peso e altura) e informações para a prática mais e ̂ciente de atividades físicas. Massagens e orientação de postura;

3. Orientação Jurídica - Neste espaço os visitantes podem tirar dúvidas sobre contratos; família e sucessões; infância e juven-tude; locação; dados previdenciários e trabalhistas; orientações para o consumidor e para as associações em geral;

4. Orçamento familiar e Geração de Renda - a Faculdade Cató-lica Rainha do Sertão, em conjunto com seus parceiros, realiza orientação sobre projetos direcionados a geração de renda, in-clusão digital. Aos desempregados ou que buscam a primeira colocação no mercado de trabalho são oferecidas indicações para elaboração de currículo, orientação sobre mercado de trabalho e entrevistas de emprego. Aos jovens que ainda estão no ensino médio e as demais pessoas interessadas em fazer um

Page 43: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

41

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

curso superior a FCRS juntamente com os alunos e professores fazem uma apresentação dos diversos cursos que a Instituição possui;

5. Meio Ambiente – a população tem contato com vários aten-dimentos e orientações voltados ao meio ambiente, incluindo preservação ambiental e práticas de reciclagem;

6. Entretenimento, Esporte e Lazer - apresentações culturais, práticas lúdicas e esportivas integram a programação desen-volvida pelo SuperAção. Os visitantes também podem praticar diversas atividades físicas. Para as crianças também são ofere-cidas gincanas e atividades recreativas.

Apesar de ser organizado pela FCRS, o Superação é um evento que busca a articulação com o poder público municipal que surge como importante parceiro tanto na realização das atividades nos dias agen-dados para cada cidade, como nas parcerias futuras que se prolongam bene ̂ciando tanto a população, quanto a própria instituição, através da abertura de campos de estágio e colaboração.

4 SUPERAÇÃO 2013

O “SuperAção 2013”, Edição Quixadá, foi realizado no dia 05 de abril, na Praça José de Barros e contou com uma estrutura de 13 tendas, sendo 11 destinadas aos cursos de Administração de Empresas, Arqui-tetura, Ciências Contábeis, Direito, Educação Física, Enfermagem, Far-mácia, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia, Sistemas de Informação, 01 tenda destinada à Secretaria do Evento, que funcionou com 04 fun-cionários, 01 estagiária e, ainda, 02 pessoas de apoio. Na oportunidade foram realizados 781 atendimentos.

A estrutura contou também com um stand da Secretaria Municipal de Saúde, que atuou com serviços de vacinação à população, conforme demonstra a ̂gura 1.

Page 44: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

42

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 1 – Estutura do SuperAção 2013.

Fonte: Departamento de Marketing (FCRS, 2013).

A organização do Superação na praça central do município de Quixadá quebrou a rotina da população, que rapidamente bus-cou beneficiar-se dos serviços ofertados à população, contribuindo significativamente para uma reconfiguração da relação estabeleci-da entre a comunidade quixadaense e a comunidade acadêmica da FCRS.

Percebemos que os eixos: impacto e transformação, interação dialógica, interdisciplinaridade e indissociabilidade entre ensino-pes-quisa-extensão são potencialmente alimentados por atividades desta natureza, uma vez que a população se aproxima dos docentes e discentes numa atitude dialógica de busca por orientações, demandando dos mesmos a capacidade de reorganização dos conhecimentos acadêmicos com vistas a responder às dúvidas da população.

Page 45: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

43

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

No momento em que reelaboram o conhecimento e dialogam com a população, os membros da comunidade acadêmica ressigni ̂cam con-ceitos, princípios e práticas ao mesmo tempo que re� etem sobre o papel destes conhecimentos na vida da população atendida.

Figura 2 – Interação com a população.

Fonte: Departamento de Marketing (FCRS, 2013).

As ações realizadas pelos cursos levaram ao encontro da po-pulação serviços de qualidade que já são desenvolvidos na Católica que tem como foco principal contribuir com a qualidade de vida das pessoas.

O quadro 2 indica as atividades realizadas, a quantidade de aten-dimentos e o total de alunos que participaram, na condição de voluntá-rios, deste evento.

Page 46: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

44

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Quadro 2 – Atividades realizadas, total de atendimentos e alunos participantes.

CURSO AÇÕESNº DE ATEN-DIMENTOS

Nº DE ALUNOS PARTICIPAN-

TES

Administração de empresas

Finanças Pessoais 60 05

Arquitetura O ̂cina de pintura em aquarela

75 03

Ciências contábeis

Assessoria Contábil 04 07

DireitoOrientação Jurídica

08 03

Educação físicaAvaliação Funcional 57

03Ginástica Funcional 08

EnfermagemAvaliação multidi-mensional rápida da

pessoa idosa27 07

Farmácia Fitoterapia 10204

Glicemia capilar 88

Fisioterapia

Veri ̂cação de pressão arterial

110

08

Avaliação postural 30

Orientações para o auto-exame da mama

21

Atendimento cardiovascular

31

Odontologia

Prevenção do câncer de boca

05

04Instrução de higiene

bucal80

Psicologia Levantamento de Inte-resses Vocacionais

33 03

Sistemas de informação

Casa inteligente 42 02

TOTAL 781 49

Fonte: Relatório de Atividades Superação 2013.

Page 47: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

45

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Ao analisar o quadro das atividades ofertadas, percebemos que a interdisciplinaridade surge também como uma importante marca do evento, uma vez que a troca de conhecimentos entre os alunos acontece, também, de maneira frequente, o que traz uma valorização muito gran-de de cada curso, e por consequência, de cada pro ̂ssão.

O fortalecimento das ações do curso de Educação Física junto à população de Quixadá podem ser visualizadas na atividade de ginás-tica aeróbica conduzida pelos acadêmicos do curso no decorrer da manhã e realizada, com sucesso, repetidas vezes, conforme ilustra a ̂gura abaixo.

Figura 3 - Interação entre alunos e comunidade.

Fonte: Departamento de Marketing (FCRS, 2013).

A avaliação O “SuperAção 2013”, Edição Quixadá, por parte dos voluntários (professores e alunos) apontou para questões importantes, como:

Page 48: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

46

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

• O local e horário, ou seja, a realização em uma praça públi-ca, no período da manhã, em um dia útil da semana, favore-ceu a formação de público para participar das atividades, o que foi compreendido pelos voluntários como significativo e motivador;

• A parceira estabelecida com a Prefeitura Municipal potencia-lizou a divulgação do evento, a participação e integração entre as instituições;

• Essa edição marcou a necessidade de uma melhor adequação do calendário da FCRS ao cotidiano da cidade, diante da pre-sença de um público mais expressivo, em termos quantitativos, sinalizando que o evento realmente deve se considerar sempre os dias de maior movimentação de pessoas nos ambientes onde acontecerá;

• A parceria com a Rádio Cultura proporcionou a cobertura jor-nalística, fato este que agregou grande valor ao evento. Além de divulgar as ações que estavam sendo realizadas naquele mo-mento, pudemos ainda divulgar os vários tipos de serviços que são realizados pela Faculdade Católica Rainha do Sertão e pela própria prefeitura municipal de Quixadá.

De posse dessas informações, a coordenação de Extensão da FCRS realizou um levantamento das informações gerais, visando preservar, com detalhes, a memória do evento e aprender com a própria história. Os sujeitos envolvidos no processo de avaliação apontaram os elemen-tos abaixo relacionados como aqueles que possibilitariam a melhoria da qualidade na prestação de serviços ofertados.

O Planejamento das atividades foi uma das principais considera-ções levantadas pelo grupo de participantes do Evento e diz respeito, en-tre outras questões, ao material a ser utilizado no vento, considerando a quantidade solicitada por cada equipe de trabalho, e ainda a orientação sobre o manuseio dos mesmos que passa integralmente pela orientação e supervisão do docente responsável por todas as atividades realizadas.

Nessa mesma linha de ação, outro fator que mereceu nossa aten-ção diz respeito a logística de organização do espaço que a tenda pos-sui, maximizando a relação entre atividades / equipamentos / espaços

Page 49: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

47

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

/ voluntários / usuários. A organização interfere de forma importante na qualidade dos atendimentos e quanto mais cedo estiver organizada, mais positivamente re� ete nos resultados. Toda a logística de planeja-mento e execução do projeto envolve um grande aparato de carga de equipamentos que deve ser levado ao local do evento e montagem do mesmo e isto demanda todo um trabalho envolvendo várias etapas e pessoas.

Um recurso que oferece destaque aos registros dos eventos é a co-bertura feita por meio dos vários tipos de aparatos tecnológicos que dispomos atualmente. Uma dessas é a rede de internet sem ̂o que deve atender a todos os critérios de oferta de um serviço de qualidade e rapi-dez su ̂cientes para estarem alinhados às diversas tarefas que são reali-zadas em um evento de prestação de serviços à comunidade de grande porte, como o SuperAção.

O SuperAção 2013, edição Quixadá, foi o primeiro realizado no período da manhã de sexta-feira. Entretanto pudemos constatar que após um longo e criterioso planejamento, o evento tende a ̂xar-se nos dias úteis da semana, aliando-se ao calendário acadêmico, com vistas a integrar efetivamente as comunidades acadêmica e local.

O amadurecimento deste evento de prestação de serviços à comu-nidade, junto ao amadurecimento da FCRS enquanto Instituição de En-sino Superior tem a possibilidade de colaborar efetivamente com o de-senvolvimento do sertão central, aliando a construção do conhecimento cientí ̂co historicamente construído pela humanidade às respostas que os alunos e professores, como pro ̂ssionais, mas sobretudo, como cida-dãos, tem a possibilidade de dar à sociedade e suas necessidades.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A extensão universitária cumpre seu papel elo de ligação entre a teoria e a prática, respaldada pelo embasamento cientí ̂co aprendido nas universidades. Esse importante viés acadêmico surge não só como uma ferramenta essencial no processo didático-pedagógico, mas tam-bém possibilita ao discente a compreensão precoce de formas de inter-venção que proporcionem a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Page 50: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

48

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Assim, compreendemos que enquanto Instituição de Ensino Su-perior somos (co)responsáveis no compromisso de construir e edi ̂car projetos que sejam referência e que tenham relevância não somente no âmbito acadêmico, mas no âmbito social.

Foi imbuído dessa responsabilidade o Projeto SuperAção foi cria-do e vem a cada edição cumprindo seu papel de agente transformador de realidades, permitindo que todos possam colaborar de alguma forma com a força de seu trabalho e interferir, mesmo que minimamente na trajetória de vida das pessoas que buscam na prestação de serviços, um suporte para a resolução de um determinado problema, vislumbrando um futuro de melhores condições de vida e dignidade.

Nesse sentido, merece destaque a importante parceria com a Pre-feitura Municipal de Quixadá que deixou clara sua intenção de empre-ender todos os esforços no sentido de ofertar todos os recursos para a satisfatória execução do evento. A pareceria entre a IES e outras insti-tuições são extremamente importantes, pois além de proporcionar uma maior oferta de serviços à população, fortalece nossa rede de relaciona-mentos interinstitucionais.

Por ̂m, nos cabe destacar que a boa vontade por si só não é capaz de materializar a proposta de um projeto como o SuperAção. A cada edição são mobilizados recursos, estratégias e, sobretudo, pessoas para através de seu trabalho e de seu conhecimento levar às diferentes comu-nidades serviços considerados relevantes. Assim, o processo de planeja-mento, a disponibilização de orçamento destinado para a aquisição de materiais, de organização voltada a infraestrutura (tendas, instalações elétricas, entre outras), deslocamento e logística relacionada a equipe, necessita ser compreendido dentro de uma política institucional que retrate o compromisso com as políticas

REFERÊNCIAS

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei nº 9394/96. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996.

FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO. Plano de Desen-volvimento Institucional. Quixadá, 2013.

Page 51: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

49

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

_____ . Projeto Superação. Quixadá, 2013.

_____ . Relatório de Atividades: Projeto Superação. Quixadá, 2013.

FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDA-DES PÚBLICASBRASILEIRAS. Extensão Universitária: organização e sistematização. Belo Horizonte: Coopmed, 2007.

BRASIL. FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNI-VERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS E SESU / MEC. Plano Na-cional de Extensão Universitária. Brasília, 2001.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho cientí% co. 7 . ed. São Paulo: Cortez, 2012.

SOBRE OS AUTORES

Paula Érica Lopes de MeloPós-Graduanda em Letras pela Universidade Estadual do Ceará. Asses-sora Acadêmica da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS. Contato: [email protected].

Elisangela André da Silva CostaDoutoranda em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Cea-rá – UFC. Assessora Pedagógica e Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS. Contato: [email protected].

Page 52: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 53: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

51

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

As mudanças ocorridas no cenário econômico internacional, ve-ri ̂cadas a partir dos anos setenta do século passado, trouxeram for-tes repercussões no mundo empresarial brasileiro. Em resposta, o país promoveu a abertura da economia, a estabilização da moeda e a deses-tatização de alguns setores vitais para o desenvolvimento econômico sustentável, preparando-se para crescer e inserir-se de forma cada vez mais vigorosa nesse novo painel mundial (PPC, 2011).

Assim, a Região Nordeste do País, com seus inúmeros contrastes, não se coloca à margem desse processo e busca desenvolver-se em vários setores produtivos, destacando-se, dentre eles, o turismo e a agroindús-tria exportadora. O processo de interiorização que se veri ̂ca a partir daí deixa claro a importância de se contar com mão-de-obra quali ̂cada tão necessária às exigências desse novo cenário econômico (PPC, 2011).

Com essa inspiração nasce, ligado à Diocese de Quixadá, o Insti-tuto Filosó ̂co Teológico Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, posteriormente transformado em Faculdade Católica Rainha do Sertão, com 17 (dezessete) cursos aprovados, dentre eles, o de Administração, ofertado em modalidade Bacharelado, em 8 (oito) semestres, em horá-rio noturno (PPC, 2011).

PRÁTICA EMPRESARIAL E ESTÁGIO SUPERVISIO-

NADO COMO ALTERNATIVA DE INSERÇÃO DO

DISCENTE NO MERCADO DE TRABALHO E NA

PESQUISA CIENTÍFICA: as experiências do Curso

de Administração da FCRS

hManoel Messias de Sousa

Mário José Azevedo Renato Moreira de Abrantes

Stânia Nágila Vasconcelos CarneiroValter de Souza Pinho

Page 54: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

52

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O presente capítulo, que trata do Curso de Administração da Fa-culdade Católica Rainha do Sertão, foi confeccionado pelos professores e alunos, numa perspectiva histórica e acadêmica.

Num primeiro momento, com sentimentos de gratidão a Deus e aos envolvidos no processo de criação, autorização e reconhecimento do Curso, lança-se o olhar para os primórdios deste e da Instituição, haja vista o itinerário de um se confundir com o da outra.

A explanação sobre as características acadêmicas é feita num se-gundo momento, ocasião em que se apresenta a interdisciplinaridade como diferencial do Curso de Administração, fator que contribui para a formação de um egresso municiado não só de respeitável capacida-de técnica, mas, também, imbuído dos valores e dos princípios sólidos herdados da experiência cristã, o que o torna excelente pro ̂ssional, ci-dadão e, quiçá, cristão.

2 HISTÓRICO DO CURSO

2.1 OS PRIMÓRDIOS

O Curso de Administração da Faculdade Católica Rainha do Ser-tão foi idealizado, tendo em vista a formação de Administradores e a contribuição ao Sertão Central, que, há décadas, encontra-se em franco desenvolvimento.

O processo de autorização, junto ao Ministério da Educação, se deu nos anos de 2002/2004, ̂gurando entre os “primogênitos” da Ins-tituição. A visita ad hoc do INEP/MEC, com o ̂to de avaliar a pro-posta pedagógica, a composição do corpo docente e a infraestrutura disponibilizada, ocorreu no mês de agosto de 2003, tendo sido o Curso autorizado a funcionar a partir de 12 de janeiro de 2004, por força da Portaria MEC/SESu nº 158, publicada no Diário O ̂cial da União de 14 de janeiro de 2004.

A turma pioneira teve as primeiras aulas em março de 2004, num misto de sonhos e realidades, mas, sobretudo, de comunhão de esforços, tendo em vista as dificuldades próprias dos primeiros passos.

Page 55: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

53

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O primeiro Coordenador foi o próprio idealizador, o Administra-dor Prof. LD Manoel Messias de Sousa, que foi o “timoneiro” do Curso por quatro anos, após o que, em 2007, tendo em vista a grande deman-da de atividades legais junto ao MEC (a Faculdade, à época estava em altaneira expansão, com muitos processos de autorização de Cursos), assumiu a Coordenação Institucional e a Presidência da Comissão Pró-pria de Avaliação da IES.

Substituiu o Prof. Messias de Sousa, na Coordenação do Curso, a Profa. Ms Tereza Furtado, sequenciada pela Profa. Ms Poliana Xime-nes. Atualmente, o Curso é Coordenado pelo Administrador Prof. Ms Mário José Azevedo.

2.2 OS DESAFIOS

Muitos foram os desa ̂os enfrentados pelo Curso de Adminis-tração em seu itinerário. A implantação de um curso superior em re-gião inóspita demanda não apenas grandeza de alma, mas, também, recursos humanos e aporte material. Ainda, requer seja a proposta pedagógica permanentemente atualizada, tendo em vista a constante mudança de paradigmas sociais e a necessidade de uma atualização pro ̂ssional contínua.

Decorridos 08 anos de sua autorização, o Curso de Administração, juntamente com todos os outros da Faculdade Católica, passou por um amplo processo de reformulação pedagógica. Com a contribuição da CM Consultoria, procurou-se um modelo que primasse pela interdisci-plinaridade, compreendida como a integração dos conteúdos básicos e especí ̂cos que concorrem para a máxime formação do aluno.

O Reconhecimento do Curso de Administração, que tramitou no sistema e-MEC, do Ministério da Educação, sob o protocolo nº 20114850, se deu aos 31 de dezembro de 2012, com a publicação, no Diário O ̂cial da União, da Portaria MEC nº 305, com data de 27 de de-zembro daquele pretérito ano, foi a concretização e a coroação de todo o precedente e a con ̂rmação estatal de que estamos “no rumo certo”.

Destaque-se o conceito obtido na ocasião, qual seja 03, numa es-cala de 01 a 05, demonstrativo da boa qualidade dos serviços prestados

Page 56: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

54

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

pelo Curso a Quixadá e Região, seja quanto à proposta pedagógica e à infraestrutura, mas, também, quanto à titulação e dedicação de seu corpo docente.

Nos seus 10 anos de existência, a Faculdade Católica já ofertou ao mercado de trabalho 1.537 pro ̂ssionais, das diversas áreas, dos quais 134 administradores, que estão inseridos no mercado de trabalho, dan-do uma grande contribuição ao desenvolvimento local e regional.

2.3 AS ATIVIDADES REALIZADAS

Ao longo do seu percurso, os alunos do Curso realizaram estágios supervisionados e estágios pro ̂ssionais nas organizações e instituições da região, exercitando uma íntima relação entre os conhecimentos te-óricos obtidos nos bancos universitário com as práticas de gestão no mundo empresarial e institucional local e regional.

Além das relações dos alunos com a sociedade organizada, outro ponto merece destaque, qual seja: os trabalhos de conclusão de cursos, etapa obrigatória para todos os formandos do curso que têm a opor-tunidade de adentrar, com maior rigor na investigação cientí ̂ca, ins-tigando a capacidade investigativa e propiciando o ordenamento de conhecimentos especializados, o que aprofunda fortemente os saberes e as competências basilares da formação do administrador da católica. Espaços mais atraentes onde os alunos exercitam as suas vocações pro- ̂ssionais aliadas a prática são os laboratórios especializados, a Empresa

Junior, escritório modelo e, sobretudo, a interação com os cursos de Ciências Contábeis e Sistemas de Informação onde podem travar dis-cussões e realizar atividades conjuntas de média e alta complexidade.

3 AS CARACTERÍSTICAS DO CURSO

Não apenas para atender às exigências legais, mas, principalmente, para ofertar um serviço educacional de excelência, a Faculdade Católica prima pela qualidade de seu corpo docente.

No Curso de Administração, este indicador sempre foi conside-rado de forma especial. O seu quadro de professores conta com bom

Page 57: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

55

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

número de membros com titulação stricto sensu (mestre e doutores) e, também, com formação lato sensu (especialização), todos detentores de ampla experiência pro ̂ssional, dentro e fora da sala de aula.

A motivação para a criação de um Curso de Administração em pleno semiárido e em uma cidade de médio porte teve como eixo moti-vacional a visão de futuro do fundador da “Católica de Quixadá”, Dom Adélio Tomasin.

Visionário, o Bispo emérito oportunizou aos jovens de Quixadá e da Região do Sertão Central a possibilidade de cursar uma formação superior voltada para o empreendedorismo, a gestão moderna de negó-cios e instituições e, sobretudo, a inovação da mentalidade empresarial, através desses novos atores que, de uma forma ou de outra, adentrariam as organizações e emulariam o desenvolvimento econômico e social lo-cal e regional.

Marcadamente católica, a IES sente-se comprometida com a trans-formação social através da educação. Pelos umbrais da “Católica de Qui-xadá” devem sair não apenas bons pro ̂ssionais, mas, principalmente, bons cidadãos e, quiçá, bons cristãos, empolgados com a mudança da realidade para melhor.

Assim, por força de lei, foram incluídos disciplinas e assuntos de natureza transversal, que devem constar na matriz curricular, como Língua Brasileira de Sinais (art. 3º do Decreto nº 5.626/2005), estudos das relações étnico-raciais, cultura afro-brasileira e africada (Resolução CNE/CP n° 01/2004 e Parecer CNE/CP nº 03/2004), aspectos relaciona-dos às questões socioambientais (Lei nº 9.795/1999) e, ainda, educação em direitos humanos (Resolução CNE/CP n° 01/2012).

E, tendo em vista a garantia constitucional da autonomia univer-sitária (Constituição Federal, art. 207, caput), a Faculdade Católica, enquanto instituição indiscutivelmente confessional, procura trans-mitir os valores bimilenares da fé cristã através de conteúdos curricu-lares especí ̂cos, enquanto proposta à re� exão, respeitadas as diferen-ças religiosas.

Por isso justi ̂ca-se a inserção de disciplinas como Fundamentos Teológicos, Tópicos Teológicos, Estudos Socioantropológicos, Res-ponsabilidade Social e Desenvolvimento Local, Gestão de Carreira e

Page 58: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

56

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Empreendedorismo, bem como a realização de eventos como o “Supe-ração” e o “Expressão Católica”, ocasiões propícias para a prática dos ensinamentos transmitidos teoricamente.

4 A INTERDISCIPLINARIDADE NO CURSO DE ADMISTRAÇÃO

Para Demo (2003), a formação interdisciplinar é uma nova con-cepção na formação do educando que permite aos indivíduos inter-pretar, questionar e não apenas assimilar ou reproduzir. Colaborando com este pensamento, Dosse (2003, pg. 89) entende que a formação interdisciplinar também possibilita a saída “da rotinização e das falsas garantias com que se enfeitam as disciplinas” e “contribui para a supe-ração das concepções pobres e mutiladoras, advindas de uma formação disciplinar baseada na fragmentação estabelecida tradicionalmente nas instituições formais de ensino”.

Para a maioria dos educadores, a formação interdisciplinar é ne-cessária ao sucesso na formação do discente, uma vez que as práticas da “vida real” visam articular o saber individual ao coletivo (FAZENDA, 1995).

No caso especí ̂co das Ciências Sociais e, em especial, da área de Ad-ministração, a formação interdisciplinar diz respeito à formação de pes-soas aptas ao novo mundo do trabalho e às suas novas demandas, espaço cada vez mais exigente e desa ̂ador, marcado por uma dinâmica contínua que se enraíza nos conhecimentos e competências dos pro ̂ssionais, cujas possibilidades permitem somar saberes, competências em um mercado de trabalho cheio de novas tecnologias (ASSMANN, 1996).

4.1 O PRIMEIRO PASSO

Tendo em vista a concepção de interdisciplinaridade a ser aplicada no Curso de Administração da “Católica de Quixadá”, a coordenação atual empenhou-se na conscientização dos professores quanto ao tema e à adoção de medidas concretas para a efetivação da matéria. Chegou--se a resultados positivos e merecedores da partilha acadêmica, o que se faz neste momento.

Page 59: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

57

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Assim, por exemplo, professores e alunos desenvolveram tra-balho interdisciplinar, utilizando-se de conhecimento adquiridos previamente em outros componentes curriculares, especificamen-te nas disciplinas de Práticas Empresariais I e II e Estágio I e II, nos últimos semestres, culminando com a confecção de “produtos finais”, quais sejam Projeto de Pesquisa (em Prática Empresarial I), Artigo Científico (em Prática Empresarial II), Diagnóstico (Es-tágio I) e Projeto de Intervenção (Estágio II). Ainda, decidiu-se que o Artigo Científico seria a modalidade exigida de Trabalho de Conclusão de Curso.

Para a boa execução das disciplinas acima referidas, decidiu-se que, além do professor responsável, haveria um grupo de orientadores com a incumbência de acompanhar, semanalmente, a elaboração dos projetos e artigos e dos estágios.

4.2 A PROPOSTA

As disciplinas de Prática Empresarial I e II têm como ementas o desenvolvimento de trabalho individual (Projeto de Pesquisa ou Artigo Cientí ̂co), visando o aprofundamento de questões teóricas, técnicas ou práticas, através de escolha livre do tema relacionado à área de Ad-ministração, sob orientação de um professor. Este trabalho cientí ̂co deveria obedecer à regulamentação especí ̂ca da Faculdade.

Por sua vez, Estágios I e II têm como produto ̂nal, respectivamen-te, a elaboração de um Diagnóstico, com o levantamento dos problemas que afetam o êxito da empresa concedente do estágio, e a confecção do Projeto de Intervenção, com a efetivação das propostas de solução para tais problemas.

Pode-se dizer que os produtos ̂nais das referidas disciplinas são conectados entre si. O Artigo Cientí ̂co de Prática Empresarial II é fru-to do Projeto de Pesquisa de Prática Empresarial I, assim como o Proje-to de Intervenção de Estágio II tem por fonte o Diagnóstico de Estágio I. Ao ̂nal das quatro disciplinas, tem o aluno condições e farto material para a confecção de um único trabalho, produzido ao longo do último ano do Curso.

Page 60: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

58

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

As Práticas possuem um professor metodológico, que é o profes-sor âncora das disciplinas, além do orientador do projeto/supervisor de estágio, ambos trabalhando em conjunto com o aluno para o desenvol-vimento dos produtos ̂nais das disciplinas.

Os anos de 2011, 2012 e 2013, por exemplo, foram fecundos, com a confecção de diversos Artigos a partir da execução da Pesquisa junto às organizações, seja para a elaboração do Diagnóstico Organizacional, seja para o Projeto de Intervenção. Grupos de alunos realizaram Está-gios em empresas abertas a este trabalho, para fazer diagnóstico e fazer intervenção, e, também, em organizações públicas e privadas do Muni-cípio de Quixadá e circunvizinhos.

Ao ̂nal dos semestres letivos, os trabalhos foram apresentados a uma banca examinadora composta por três professores.

4.3 ALGUNS RESULTADOS OBSERVADOS

Abaixo, segue lista de alguns Artigos Científicos produzidos, a partir da reformulação de disciplinas, observado o caráter da inter-disciplinaridade.

Quadro 1 – Artigos cientí ̂cos produzidos baseados na reformulação de disciplinas.

TRABALHO CONTEXTO ACHADOS

RECURSOS HUMANOS

PLANOS DE CARGOS E SALÁRIOS: UM ES-TUDO DE CASO NO BANCO DO BRASIL

DE QUIXADÁ CEARÁ (2011.2)

Este trabalho foi desen-volvido com o objetivo de analisar um plano

de cargos e salários, sua implantação, manuten-ção e estratégias entre outros. Sua realização teve como base o fun-cionamento do PCS no

Banco do Brasil, Agência de Quixadá.

Analisados os dados da pes-quisa, foram observados que

os objetivos, do ponto de vista estratégico e motivacional,

não foram atingidos, face ao desconhecimento e desinteresse pelo plano demonstrado pelos

funcionários entrevistados.

Page 61: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

59

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A MOTIVAÇÃO COMO FERRAMEN-TA FUNDAMENTAL NO DESEMPENHO

DOS FUNCIONÁRIOS DA RJ DISTRIBUIDO-RA DE QUIXADÁ/CE

(2011.2)

As empresas atualmente vêm exigindo um novo estereótipo de trabalha-

dor. Esse pro ̂ssional precisa mostrar-se

disposto, satisfeito, e em constante inovação para o bom desempenho na

área que atua.

Através dos dados coletados foi possível perceber que o grau de motivação é satisfatório e,

portanto, o desempenho também é satisfatório. O reconhecimen-to material monetário motiva muito mais do que o reconhe-cimento referente aos aspectos sociais, como medalhas ou ser reconhecido como funcionário

do mês.

A IMPORTÂNCIA DO PLANO DE CARGOS E SALÁRIO EM UMA EMPRESA NO SEG-

MENTO DE MÓVEIS E ELETRODOMÉSTI-COS NA CIDADE DE

QUIXADÁ/CE (2012.2)

No tocante ao Plano de Cargos e Salários com vista a melhor entendi-mento, faz-se necessário ter conhecimento sobre remunerações, benefí-cios e motivação. Para que todos envolvidos

interajam de acordo com os interesses da orga-nização é importante

que estejam satisfeitos e motivados.

Como resultado, todos os entre-vistados mostraram-se satisfeitos

com os cargos e salários atri-buídos aos mesmos, bem como

demonstraram satisfação quanto à infraestrutura da empresa. Sub-siste entre todos a pretensão de

permanecerem por longo tempo trabalhando na mesma; ̂cou

evidente a aceitação com referên-cia ao organograma no tocante

ao trabalho prestado; a ̂rmaram, outrossim, a percepção de que a empresa demonstra interesse na ascensão pro ̂ssional dos seus

funcionários.

FATORES INTERNOS QUE INTERFEREM

NA MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS EM UM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA NA CIDADE DE QUIXA-

DÁ/CE (2012.2)

O trabalho expressa e explica como poderia ser desenvolvida a motiva-

ção humana; atualmente é um tema estudado e pesquisado entre

diversas pessoas, sendo sobremaneira complexo

e sem repostas concretas, devido à ótica de cada

indivíduo em particular.

A pesquisa trouxe uma avaliação satisfatória com pessoas distintas concernente a um escritório de

advocacia e buscou revelar como poderia ligar as teorias dos dois fatores de Habran Maslow e a

Teorias da Hierarquia das Neces-sidades de Frederik Herzberg no cotidiano da empresa, revelando quais necessidades, relevâncias e pontos positivos a serem expos-

tos nas respostas.

Page 62: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

60

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

PROCESSO ADOTA-DO NO RECRUTA-

MENTO E SELEÇÃO DA UNIDADE DO

SINE/IDT NO MUNI-CÍPIO DE QUIXADÁ/

CE (2012.2)

Atualmente o processo de recrutamento e seleção vem sendo prioridade para as organizações

em geral. Ao realizar o recrutamento e seleção,

surgem os procedimentos adotados pelas empresas, quando selecionam cri-teriosamente os pro ̂s-

sionais que contribuirão com o crescimento da

organização.

O Sistema Público de Empre-go ainda é um dos meios mais e ̂cientes para ser a fonte entre o trabalhador que se encontra

desempregado, ou à procura de uma quali ̂cação que se encaixe nas exigências do mercado de

trabalho.

VANTAGENS E LIMI-TAÇÕES NO RECRU-TAMENTO EXTERNO EM UM SUPERMER-CADO: UM ESTUDO

DE CASO (2012.2)

O artigo pretende mostrar como funciona o recrutamento externo de um supermercado,

em forma de estudo do tema, orientando como

realizar todo esse proces-so de recrutamento.

A entrevista teve foco no recru-tamento externo, buscando saber como a empresa realiza esse pro-

cesso desde o anúncio da vaga até o treinamento do funcionário

admitido.

O PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO COMO

FATOR DE DESEMPE-NHO NAS ORGANI-

ZAÇÕES (2013.1)

O recrutamento e seleção são de fundamental im-portância para qualquer empresa que está na bus-ca da melhoria contínua, tanto para o quadro de

funcionários, bem como para empresa em relação a desempenho a custos rentabilidade e outros,

pois através dessas atividades, as organiza-ções podem identi ̂car

pessoas capacitadas, suas capacitações e quali ̂ca-ções que podem ser uti-lizadas como diferencial competitivo em relação

aos demais concorrentes.

Percebe-se que não foram detectados achados conclusivos estatísticos que estabeleçam a relação precisa entre recruta-

mento e seleção e o desempenho da empresa, embora não sendo conclusivas todas as pesquisas

ou estudos trazem indícios importantes de pertinência entre a existência e uso das ferramen-tas de recrutamento e seleção e

relevante resultado das empresas e organizações no mercado.

Page 63: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

61

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O REFLEXO DA FERRAMENTA DE

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DA EMPRE-SA DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS MULTI-

MARCAS(2011.2)

O propósito deste trabalho é veri ̂car o uso da Ferramenta de

Recrutamento e Seleção utilizada pela Empresa

Distribuidora de Bebidas Multimarcas (DIBEM).

A empresa deve estar propensa a atender a satisfação própria e de seus contratados, através de seleção interna, objetivando a

promoção de seus colaboradores, e/ou realizar novas contratações valorizando o potencial das ha-bilidades humanas compatíveis com o cargo e/ou função dispo-nível, variando de acordo com a

necessidade de cada organização.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Da análise dos fatos apresentados, infere-se que as empresas têm como foco primordial a promoção de valores humanos voltados à pro-moção de melhores condições de trabalho e convivência extensivos a todos os seus funcionários e colaboradores.

Quadro 2 – Artigos cientí ̂cos produzidos baseados na estratégia.

ESTRATÉGIA

ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO PARA UMA PEQUENA EM-PRESA: ESTUDO DE CASO NA LE PETIT

DELÍCIAS ME(2012.2)

Este estudo aborda a estra-tégia empresarial como um

componente essencial às atividades de uma empresa, sendo ela a norteadora de

todas as demais ações reali-zadas pela organização para que se alcance os objetivos

traçados por ela.

Foi possível concluir uma relação positiva entre o que

a empresa se propõe em sua estratégia e os objetivos

alcançados por ela, pois foi notória a satisfação dos

clientes a respeito da maioria dos serviços praticados desde a encomenda até a entrega do produto ̂nal, o que eviden-cia que a estratégia adota-da tem funcionado como

promotora de crescimento elevando o nível de qualida-de da empresa e de satisfação

dos clientes.

Page 64: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

62

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ESTRATÉGIAS DE FIDELIZAÇÃO DE

UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA:

UM ESTUDO DE CASO

(2012.1)

Diante dos impactos em termos de concorrência que o setor bancário brasileiro

vem enfrentando se faz necessária uma aproximação dos clientes como estratégia para poder manter o lucro.

Percebeu-se que há certa de- ̂ciência no que diz respeito à forma como abordar estes clientes visando atraí-los e

retê-los através das vantagens oferecidas pelos programas de ̂delização que a institui-

ção oferece.

ESTRATÉGIAS GENÉ-RICAS ADOTADAS NA COMERCIALIZAÇÃO DE TELEFONIA CELU-LAR, SOM AUTOMO-TIVO E INSTRUMEN-TOS MUSICAIS: UM

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE

QUIXERAMOBIM/CE(2012.2)

Assim, o presente estudo tem como objetivo geral identi ̂car as estratégias genéricas adotadas pela

empresa de telefonia celular, informática, som automoti-vo e instrumentos musicais.

Foi possível perceber que a empresa não possui uma

estratégia formal, e sim infor-mal com caráter descritivo e hierárquico, onde as instru-ções de venda, organização e trabalho, já vem dos funda-

dores, sem a participação dos funcionários.

ESTRATÉGIA GENÉ-RICA DE ENFOQUE

NO CUSTO COMO UM DIFERENCIAL COMPE-TITIVO: UM ESTUDO

DE CASO EM UMA EMPRESA NO RAMO

DE BEBIDAS(2011.2)

Objetivando analisar a estratégia genérica de foco no custo como diferencial para a elaboração de uma

vantagem competitiva.

A empresa foi induzida a algumas mudanças, desta forma, fortalecendo sua

estratégia para uma nova realidade mais equilibrada e

competitiva.

QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO CLIENTE DA PANI-FICADORA NOSSA SENHORA DO PER-PÉTUO SOCORRO

COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO

(2011.2)

Objetiva observar através de pesquisa os fatores que in-

diquem como o processo de atendimento da Pani ̂cadora Nossa Senhora do Perpétuo

Socorro está sendo visto por seus clientes, analisan-do o grau de satisfação dos

mesmos.

O conhecimento do nível de consciência dos funcionários e quanto ao cliente estar ou não satisfeito com o aten-

dimento, o que comprovou que este é o fator que faz a diferença na avaliação da

vantagem competitiva ente as demais padarias da cidade, dando credibilidade à quali-

dade do atendimento.

Page 65: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

63

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ESTRATÉGIAS DE REVERSÃO DA

INADIMPLÊNCIA: O CASO DE UMA LOJA

DE MÓVEIS(2012.1)

Estudar as estratégias usadas pela Loja de Móveis X para

reduzir o seu índice de inadimplência.

Dessa forma, é indiscutível a importância da criação de novas estratégias tais como

análise de crédito no históri-co do cliente, visando evitar que os consumidores rein-cidam no endividamento,

ao invés de agir depois que aconteça a inadimplência.

ANÁLISE DO AM-BIENTE EMPRESA-RIAL E CONSTRU-

ÇÃO DE CENÁRIOS(2012.1)

Realizar essa análise com o objetivo de conhecer a in� uência das variáveis

ambientais às organizações, observar a importância do

conhecimento das variáveis, e veri ̂car a e ̂ciência destas, como possíveis ferramentas

para o desenvolvimento de cenários futuros para as

demais organizações.

Observa-se que apesar de novos conhecimentos e

tecnologias modernas, os ambientes organizacionais

ainda apresentam uma série de turbulências, originando

ocorrências de manifestações de insatisfação social em di-versos setores da sociedade.

ESTRATÉGIA COMPETITIVA EM

EMPRESA DE VESTU-ÁRIO: UMA PROPO-SIÇÃO A PARTIR DA ANÁLISE DE SWOT

(2011.2)

O estudo teve como obje-tivo realizar um estudo do ambiente interno e externo

da empresa Sitiá Modas, localizada no Município de Quixadá/CE, identi ̂can-do suas pontencialidades,

de ̂ciências, oportunidades e ameaças a partir da análise de SWOT, podendo propor estratégias competitivas à

empresa em estudo.

Com base no referido instru-mento, a empresa se adequou

às tendências de mercado, pois com a aplicabilidade do SWOT, será possível reco-

nhecer suas fraquezas e seus potenciais estando prepara-das para agir frente às suas oportunidades e ameaças,

atuando de forma estratégica no mercado vigente.

Page 66: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

64

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ESTRATÉGIAS DE MARKETING VOL-TADAS A MICRO E

PEQUENAS EMPRE-SAS NA CIDADE DE

QUIXADÁ(2011.2)

O trabalho trata de um breve histórico sobre o

desenvolvimento do varejo no Brasil e no mundo,

suas vantagens e princi-pais funções, como surgiu

e desenvolveu-se desde a colonização, citando

alguns exemplos de grandes empresários e suas contri-buições para o comércio

e a indústria nacional, em seguida, fez-se algumas

citações sobre o mix marke-ting (4P’s – Produto, Preço,

Praça e Promoção) e sua utilização.

O trabalho traz como objeti-vo geral dar subsídios para a proprietária da empresa, em um futuro plano de marke-ting que venha a fazer com que sua empresa atenda aos objetivos que vierem a ser

traçados, sejam eles de curto ou longo prazo.

A UTILIZAÇÃO DO PLANEJAMEN-TO ESTRATÉGICO PELAS EMPRESAS

NO MUNICIPIO DE SENADOR POMPEU

(2012.1)

Faz-se necessária a utiliza-ção de estratégias dinâmicas, capazes de sustentabilizar a empresa do ponto de vista

socioeconômico e expandir--se de maneira sustentável.

Mas quando se fala em formação de estratégias há sempre um ponto de inter-rogação: como? Uma das

ferramentas mais utilizadas no mundo para a susten-tabilidade das empresas é

atualmente o planejamento estratégico. Essa ferramen-ta é essencial para que as empresas possam atingir

seus objetivos. Esse estudo procura veri ̂car a utiliza-ção desta ferramenta pelas empresas no Município de

Senador Pompeu-Ceará

A partir dos dados coleta-dos podemos concluir que o planejamento estratégico é uma ferramenta utilizada de muitas maneiras pelas

empresas estudadas, para que cada uma possa atingir o seu

objetivo.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

É de suma importância que as empresas sejam estruturadas em seu campo estratégico, com metas voltadas à conciliação de interesses mú-tuos, ou seja, empresa/clientes.

Page 67: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

65

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Quadro 3 – Artigos cientí ̂cos produzidos baseados no marketing.

MARKETING

VALOR DA MARCA NA DECISÃO DE

COMPRAS: ESTUDO EM CONCESSIONÁ-RIA FIAT NO CEARÁ

(2012.1)

Conhecer seus consumi-dores, sua cultura, educa-ção, experiências vividas e necessidades primárias,

que são formadas pelo ambiente.

Conforme observado em Admi-nistração (EnANPAD), de 2000 a 2010, infere-se que devem ser analisados os passos desses con-sumidores, analisando o com-portamento dos mesmos bem

como estudando o crescimento e seu desenvolvimento .

OS IMPACTOS GERA-DOS PELA FACILI-DADE DE ACESSO AO CRÉDITO NO

PODER DE COMPRA DO CONSUMIDOR

BANCÁRIO(2011.1)

Objetiva analisar os impactos gerados pela facilidade de obtenção

desse tipo de crédito junto às instituições ̂nanceiras

de varejo no poder de compra do consumidor

bancário.

Pode-se dizer que a facilidade de obtenção de crédito junto às instituições ̂nanceiras de varejo pode gerar um poder

de compra mais elevado que a capacidade de endividamen-to do cliente bancário já que este consumidor pode não

estar preparado para usufruir do benefício da facilidade do

crédito pessoal sem comprome-ter seu orçamento devido aos

impactos desse tipo de produto/serviço oferecido pelos bancos de varejo nas ̂nanças pessoais

daqueles que não possuem conhecimento su ̂ciente que possibilite o uso consciente desses produtos e serviços.

Dessa forma, é indiscutível a importância de uma educa-

ção ̂nanceira que dissemine um conhecimento adequado aos consumidores para que

estes aprendam a identi ̂car os limites da sua capacidade de

consumo.

Page 68: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

66

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ANÁLISE DOS POSSÍVEIS EFEITOS DO COMPOSTO DE MARKETING PARA A VIABILIDADE DO EMPREENDIMENTO

PETROLÍFERO(2011.2)

Realizar uma análise do em-preendimento de revenda de combustível, tendo em vista a sua viabilidade de acordo com o composto de marketing, uma das

ferramentas indispensáveis para a comercialização dos

produtos, das práticas atuais de mercado e da importân-cia do local da instalação do

empreendimento.

Os dados coletados para a pesquisa foram amplamente estudados e avaliados, utili-

zando-se técnicas viáveis para o empreendimento proposto, dando maior ênfase ao mix de

Marketing, ferramenta essencial para o sucesso comercial de

qualquer produto e empresas.

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR EMERGENTE: UM

ESTUDO NO SETOR DE VESTUÁRIO COM

BASE NA IMAGEM DE PREÇO

(2012.1)

Objetiva compreender o comportamento do

consumidor emergen-te, buscando enten-

der quais fatores tem influência na decisão de compra do consumidor emergente para o setor

de vestuário.

Os resultados do trabalho tam-bém con ̂rmaram que o Lojão atrai e deixa clientes satisfeitos,

fazendo com que estes reco-mendem a amigos e familiares,

a pessoas de seus grupos de convivências.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Com base nos achados, constata-se que o marketing, no seu amplo sentido de aplicabilidade, é configurado em indicativos que viabilizem soluções de eventuais impasses no relacionamento em-presa-cliente.

Page 69: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

67

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Quadro 4 – Artigos cientí ̂cos produzidos baseados na sustentabilidade.

SUSTENTABILIDADE

SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMEN-TO LOCAL: O CASO DA COOPERATIVA

Ó-LIMPO(2012.1)

O presente trabalho tem como objetivo apresentar

um estudo sobre a sustenta-bilidade e o desenvolvimen-to local, a partir das ações da cooperativa Ó-Limpo,

que tem como base do seu programa de trabalho a re-

ciclagem do óleo de cozinha usado.

Constatou-se que outro elemento fundamental nesse

processo foi o apoio dado pela Petrobrás Biocombustíveis à cooperativa, e a importância da cooperativa para a cadeia produtiva da reciclagem no

Sertão Central Cearense, relações entre a Cooperativa Ó-Limpo e a dignidade das pessoas cooperadas a partir

dos trabalhos desenvolvidos.

O ECOTURISMO COMO FONTE IM-

PULSIONADORA DO DESENVOLVIMEN-TO ECONOMICO:

SUSTENTABILIDADE DA REGIÃO SERRA-NA DO MACIÇO DE

BATURITÉ/CE(2012.1)

O presente trabalho tem como objetivo analisar as

perspectivas de desenvolvi-mento sustentável a partir do turismo sustentável na região serrana do maciço

de Baturité; para isso foram analisados os aspectos

ecológicos, econômicos, culturais e sociais, partindo de depoimentos de pessoas do próprio local de estudo.

Para a população local, vê-se claramente, pelas respostas dadas no questionário que a economia local gira em

torno do turismo ecológico. É válido a ̂rmar que faltam

incentivos governamentais em alguns municípios da região.

Vê-se que a exploração do ecoturismo é bené ̂ca tanto a turistas como a nativos. Aos nativos ̂ca a oportunidade de empreender pequenos

ou grandes negócios, como peças artesanais e outras

manufaturadas, viabilizando a oportunidade de “vender” a imagem da cultura local, para aqueles que vêm de fora. Aos turistas, ̂cam as oportunida-des de usufruir as mais belas paisagens naturais, festivais locais, feiras de negócios. A rede hoteleira é a grande be-

ne ̂ciada com o turismo local, principalmente em períodos considerados de alta-estação tais como: período de férias,

carnavais, e ̂m de ano.

Page 70: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

68

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A VIABILIDADE DOS FUNDOS ROTATI-VOS SOLIDÁRIOS

NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ–CEARÁ

(2012.2)

O artigo foi centrado no tema Fundo Rotativo Solidário (FRS), que é

considerado uma das fontes de recursos nas relações que estão dentro da Economia Solidária. Aprofunda os es-tudos nos fundos rotativos

solidários do município de Quixadá (CE), objetiva analisar a viabilidade dos

Fundos Rotativos Solidários nas dimensões econômicas, social, política e gestão que foram formados através do CDTIS no referido muni-

cípio.

Conclui que os grupos entre-vistados passam por di ̂cul-dades de comercialização e

compromisso com o empre-endimento, mesmo que haja produção, sentem necessi-

dades, mas a falta de inicia-tiva faz com que os grupos ̂quem a desejar na análise

das dimensões propostas, e que é possível sim melhorar

e ampliar o empreendimento para ter o comprometimento

na realização das ações.

RESPONSABILIDADE SOCIAL SEGUNDO O MODELO HOPKINS:

UM ESTUDO NA EMPRESA DO SETOR

DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA E ESGOTO

– CAGECE(2013.1)

A pesquisa trata de aspec-tos teóricos associados à

admissão de responsabili-dade social empresarial e o exame das ações sociais

praticadas e publicadas por empresas, fazendo uso

do modelo de análise de Hopkins.

Foi possível comprovar que a empresa estudada tem o

compromisso de acompanhar as práticas de responsabili-

dade social empresarial e que por meio da divulgação de alguns indicadores sociais, torna público seus serviços e suas ações voltadas para a

sociedade.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

É de notório conhecimento as implicações ambientais de uma em-presa considerando-se os prováveis impactos no meio ambiente local. Necessário se faz, por parte da empresa, a adoção de medidas tendentes à preservação do meio ambiente sem prejuízo as gerações futuras sem descurar das ̂nalidades econômicas do empreendimento.

Page 71: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

69

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Quadro 5 – Artigos cientí ̂cos produzidos baseados nas ̂nanças.

FINANÇAS

MERCADO DE CA-PITAIS:

UMA ÊNFASE NO MERCADO BRASI-LEIRO DE AÇÕES

QUIXADÁ/CE(2012.2)

As particularidades abordadas foram referen-tes ao sistema ̂nanceiro,

mercado de capitais, bolsas de valores e mercado de

ações, bem como sobre os títulos negociáveis, como: debêntures, commodities,

commercial papers, e, prin-cipalmente, as ações, que é

o foco deste estudo.

Ao término da fundamentação e pesquisa bibliográ ̂ca, veri ̂-cou-se que muitas companhias

brasileiras podem utilizar-se do mercado de capitais para

alavancar o progresso econômi-co do Brasil, fato que não vem acontecendo, visto que ainda

é uma pequena quantidade de empresas que se utilizam deste

ambiente de capitação de recur-sos ̂nanceiros.

REGIME TRIBUTÁ-RIO: ALIADO OU

AMEAÇA?(2012.2)

O objetivo do trabalho, que se constituiu em averiguar

as vantagens e os ônus ̂nanceiros / tributários que os Regimes de Tributação vigentes no País oferecem às empresas, cumpriu-se à medida que se relatavam as características de cada

modalidade de tributação, bem como seus benefícios e

desvantagens.

A demonstração da relevância dessa pesquisa se constituiu

no fornecimento de subsídios, principalmente aos adminis-trados e pro ̂ssionais de áreas

a ̂ns, para que as empresas conheçam e/ou se mantenham atualizadas a respeito das leis e procedimentos pertinentes aos regimes tributários da renda de

pessoas jurídicas.

A APLICAÇÃO DA GESTÃO DE CUS-

TOS NO AGRONE-GÓCIO: O CASO

DE UM PEQUENO PRODUTOR DE

BANANA NO PERÍ-METRO IRRIGADO

TABULEIRO DE RUSSAS–CEARA

(2012.2)

Esclarecer a importância da implantação de um sistema de custos no pequeno pro-

dutor rural.

O estudo visa corroborar a ideia de que uma propriedade esta-

belecida no mercado atual, não pode deixar de ter uma ferra-

menta de custo; não só para seu funcionamento ̂nanceiro, mas também gerencial, caso contrá-rio, enfrentará di ̂culdades de sobrevivência. No caso da pro-priedade rural, é necessário um controle mais rígido e detalha-

do, diante dos inúmeros fatores, principalmente, relacionados às perdas e desperdícios. Um sis-tema de medição de custos que permita um melhor controle e

oriente os gestores nas tomadas de decisões é de fundamental

importância.

Page 72: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

70

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ADMINISTRADOR FINANCEIRO NA

GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA: UM

ESTUDO BIBLIO-GRÁFICO

(2011.1)

Reconceituação de � uxo de caixa de pessoas físicas

e/ou em organizações empresariais, mediante uma pesquisa bibliográ- ̂ca. Objetiva demonstrar

que o � uxo de caixa é um procedimento operacional em que o gestor ̂nanceiro, em parceria com seus pares, planeja, organiza, coordena controla e dirige os recursos ̂nanceiros e monetários de

pessoas e organizações.

Conclui-se que o grupo gestor que administra ativos ̂nan-

ceiros deve ter consciência de que a ̂nalidade precípua da

administração do � uxo de caixa se efetiva por meio da rentabili-

dade e liquidez econômica.

O CUSTO DE PRO-DUÇÃO DO SHORT

ABA NA TECELA-GEM NOSSA SE-

NHORA DE FÁTIMA DO MUNICÍPIO DE

PEDRA BRANCA--CE (2012.2)

Nesse sentido, o estudo teve por objetivo identi ̂car os custos ̂xos e variáveis e

analisar se a empresa tem conhecimento de seus cus-tos para assim, comparar o preço de venda e o preço de

fabricação.

Conclusão, a empresa tem uma margem de lucro de 13%. Os custos ̂xos detêm de 70,53%

do valor do custo total do pro-duto, caso a empresa pense em uma margem de lucro maior,

deverá diminuir os custos ̂xos.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Com base nos dados encontrados, nota-se que há grandes desa ̂os das empresas em relação ao controle de custos, pois o sucesso de tal missão é promover um custo baixo sem perder a qualidade e atender a demanda. Não esquecer também de promover um fundo para desen-volvimento de novos produtos.

Page 73: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

71

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Quadro 6 – Artigos cientí ̂cos produzidos baseados na logística.

LOGÍSTICA

A LOGÍSTICA RE-VERSA E A RESPON-SABILIDADE SOCIO-

AMBIENTAL DODEPARTAMENTO DE SERVIÇOS PÓS-VEN-DA DA MOTOCEDRO

(2012.2)

Objetiva saber qual a importância da logística

reversa para o Departamen-to de Serviços Pós-venda da

Motocedro Comercial de Motos Limitada.

Os resultados foram satisfa-tórios, pois a concessionária, na condição de empresa ge-

radora de resíduos perigosos, recolhe todo o óleo lubri ̂-cante usado ou contamina-do, contribuindo de forma responsável para a saúde

ambiental.

LOGÍSTICA INTE-GRADA NA DISTRI-

BUIÇÃO DE BEBIDASINTEGRATED LOGIS-TICS DISTRIBUTION

OF BEVERAGES(2011.2)

Processo logístico que ocorre ao longo da atividade desenvolvida na distribuição de bebidas, bem como nos

processos desenvolvidos nas empresas, demonstrando a oportunidade de redução

de custo ao longo deste pro-cesso e agilidade na entrega,

e como o fator ecológico contribui na implementação

da logística, nas diversas atividades empresariais, por meio do surgimento de novos consumidores

que se sensibiliza cada vez mais com as implicações

ambientais do planeta e as possibilidades de impac-to dos produtos no meio

ambiente.

O resultado gerado pela otimização é adequado à

proposta elaborada e fornece soluções robustas e viáveis

operacionalmente. Além dis-so, de acordo com o resultado

da simulação realizada, a redução de custos mostrou--se signi ̂cativa e passível de implantação imediata, dada a não necessidade de investi-mentos adicionais já que o

modelo elaborado considera as restrições da infraestrutura

existente atualmente.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

É evidente a responsabilidade ambiental e produtiva das empre-sas, nas atividades ligadas a derivados de petróleo, devido as impli-cações ambientais. Nesse sentido, segundo as normas da logística re-versa, impõe-se a necessidade de observância as exigências, a saber, a otimização dos processos utilizados, bem como a reciclagem de mate-rial industrializado.

Page 74: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

72

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

4.4 AS VANTAGENS

Percebe-se, com a interdisciplinaridade entre as disciplinas Prática Empresarial e Estágio Supervisionado, melhoria e motivação dos dis-centes quanto à produção dos Artigos Cientí ̂cos, a partir de pesquisas feitas e voltadas para sua comunidade. Dentre estes, destacam-se 04 ar-tigos publicados na Revista Expressão Católica (04 artigos), 01 apresen-tado no FIPED (Fórum Internacional, em 2011, na Universidade Esta-dual do Ceará), 01 apresentado na Semana Universitária da UECE e 04 em fase de apreciação para publicação em revistas externas.

Foram vários os ganhos que esta mudança de perspectiva e me-todologia acadêmicas proporcionou à comunidade acadêmica da Fa-culdade Católica e à sociedade do Sertão Central do Estado do Ceará. Inicialmente, tanto professores como alunos, tiveram oportunidade de vivenciar os conteúdos, tratando-os de forma contextualizada e evitan-do a metodologia fragmentada e cartesiana, como é comum ainda se observar.

Outro aspecto positivo foi a possibilidade de relacionar tais con-teúdos com a experiência cotidiana (Estágio), uma vez que fez parte de todo o processo a identi ̂cação e diagnóstico de empresas existentes. Esta prática permitiu, inclusive, que as proposições estabelecidas du-rante a atividade interdisciplinar (escrita do artigo e vivência na em-presa) fossem baseadas em fatos. Destaque-se, ainda, o “sentimento” de valor comum entre as disciplinas.

Ir para além da integração dos conteúdos obrigatórios foi, talvez, um dos melhores resultados que esta reestruturação produziu. Ques-tões relacionadas à comunidade, aos recursos humanos, aos clientes, além da contribuição dos trabalhos para a realidade, estiveram constan-temente presentes na pauta das discussões e das proposições.

Do ponto de vista comportamental, observou-se como desa ̂o maior a constituição de competências e habilidades e disposição de con-dutas (trabalho em equipe, comunicação, administração de con� itos, negociação, dentre outros) como fator consciência de que se deve estar aberto a acolher as contribuições de todas as disciplinas vistas duran-te o Curso de Administração. Tais habilidades e competências foram

Page 75: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

73

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

constantemente testadas, desa ̂adas, agregadas, abandonadas e reinte-gradas, conforme assim iam sendo exigidas.

Como resultado da atividade, direta ou indiretamente, foi conse-guida uma formação de pessoas mais aptas ao novo mundo do trabalho e às suas novas demandas, espaço marcado por um dinamismo contí-nuo que se assenta nos conhecimentos e competências dos pro ̂ssio-nais, que, indubitavelmente, passa pelo trabalho interdisciplinar.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na prática, a mudança pode signi ̂car di ̂culdade, pois signi ̂ca deslocamento e desinstalação. Contudo, a satisfação advinda do tra-balho árduo logo se faz sentir. A reestruturação acadêmica pela qual passou o Curso de Administração da Faculdade Católica Rainha do Ser-tão importou mudanças nos seus componentes curriculares que, como toda mudança, não deixaram de ser difíceis.

Contudo, logo as vantagens começaram a aparecer, diante do evi-dente aumento da produção cientí ̂ca do corpo discente.

Como experiência primeira, tivemos que “administrar” diversas situações inusitadas. Dentre elas destacamos os aspectos relacionados às cargas horárias docentes, tendo em vista a disponibilidade de cada professor.

A avaliação da aprendizagem, embora tenhamos estabelecido um critério padrão para todas as turmas, não funcionou totalmente confor-me planejado, considerando que, entre as turmas envolvidas, havia al-gumas que eram de formandos de matrizes curriculares anteriores. De acordo com a estrutura curricular anterior, a qual estes alunos ainda esta-vam vinculados, a prioridade para estes naquele momento, estava prati-camente voltada para o estágio supervisionado totalmente desvinculado da disciplina de Prática, já que a disciplina destes alunos era Trabalho de Conclusão de Curso, que tinha como produto ̂nal a Monogra ̂a.

Para os professores destes alunos o desa ̂o quanto à argumenta-ção e convencimento da importância do trabalho interdisciplinar foram muito maiores que para os demais semestres. Ainda assim, tivemos que rever nossos critérios de avaliação, gerando, consequentemente, com-

Page 76: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

74

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

parações e alguns desgastes neste aspecto. O conhecimento ainda em construção sobre a metodologia utilizada gerou certa vulnerabilidade do papel dos professores junto aos alunos quanto às diversas dúvidas que, naturalmente, apareciam.

No Curso de Administração da Faculdade Católica, todas as alter-nativas apresentadas como opção à integração do aluno nas disciplinas de Prática Empresarial e Estágios – pesquisa de campo, estudo de casos, estágio curricular – são, em maior ou menor escala, utilizados na for-mação do futuro pro ̂ssional.

No entanto, de forma global, tem-se por positiva a experiência e merecedora de continuidade, tendo em conta a emulação dos alunos à produção cientí ̂ca.

REFERÊNCIAS

ASSMANN, H. Metáforas novas para reencantar a educação: episte-mologia e didática. Piracicaba: Unimep, 1996.

DEMO, P. Desa% os modernos da educação. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

DOLL JR., W. E. Currículo: uma perspectiva pós-moderna. Trad. de Maria Adriana V. Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

DOSSE, F. O império do sentido - a humanização das ciências huma-nas. Trad. de Ilka Stern Cohen. São Paulo: EDUSC, 2003.

FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995.

LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.

MACEDO, E. F. de. Pensando a escola e o currículo à luz da teoria de J. Habermas. In: Em Aberto, Brasília, v. 12, n. 58, p. 38-44, abr./jun. 1993.

PEREIRA, M. C. I.; LEITE, M. T. de M.; CAVOUR, R. M. A. A interdis-ciplinaridade no fazer pedagógico. In: Educação & Sociedade, v. 8, n. 39, p. 286-96, ago. 1991.

Page 77: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

75

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

SOBRE 0S AUTORES

Manoel Messias de SousaDiretor Geral da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS. Membro da Academia Cearense de Administração.Contato: [email protected].

Mário José AzevedoGraduação em Administração de Empresas pela Universidade Estadu-al do Ceará – UECE. Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Professor da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Renato Moreira de AbrantesAdvogado. Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Stânia Nágila Vasconcelos CarneiroGraduação em Letras pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Mes-tre em Letras pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Doutorado em Ciências da Educação pela Universidad Del Norte.Contato: [email protected].

Valter de Souza PinhoGraduação em Administração pela Universidade Capital – SP. Especia-lização em Administração pela Universidade Capital – SP. Mestrado em Administração pela Fundação Mineira de Educação e Cultura – FUMEC. Contato: [email protected].

Page 78: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 79: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

77

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

O curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Católica Rainha do Sertão abriu sua primeira turma no ano de 2011, constituindo-se no primeiro curso desta área de conhecimento no contexto do Sertão Cen-tral Cearense, região marcada por carências e desigualdades (relativas ao acesso à infraestrutura e aos serviços elementares como educação, saúde, segurança, saneamento), assim como agressões aos recursos na-turais em espaços urbanos e rurais, não diferindo, em termos gerais, da caracterização da urbanização e da cidade de países em desenvolvi-mento. Dentre as formas de agressão mencionadas merecem destaque, ainda, no contexto da arquitetura e urbanismo, as que se referem à des-truição das poucas obras arquitetônicas de valor histórico, artístico e cultural remanescentes de momentos pretéritos da história regional do estado do Ceará.

Em virtude da desvalorização, e consequente destruição, do pa-trimônio e com vistas ao favorecimento do desenvolvimento local, um dos objetivos especí ̂cos estabelecidos para o curso é desenvolver nas práticas de elaboração de projetos arquitetônicos, urbanísticos e de pai-sagismo posturas humanizadas que levem em consideração os indiví-duos, as comunidades, os grupos sociais e suas subjetividades, tradu-zidas no respeito e na preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental (FCRS, 2013).

Partindo do entendimento de que, isoladamente, a abordagem puramente teórica dos conteúdos relativos aos diferentes Núcleos de

ARQUITETURA E URBANISMO: os desa. os da

formação pro. ssional a partir da pesquisa e da

intervenção sobre realidade local

hElisangela André da Silva Costa

Henrique Alves da Silva

Page 80: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

78

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Conhecimentos (que dizem respeito à Fundamentação e à Pro ̂ssiona-lização) é insu ̂ciente para preparar os futuros arquitetos e urbanistas para lidar com questões políticas, técnicas, estéticas e éticas ligadas às competências pro ̂ssionais (RIOS, 2008), reconhecemos a importância de adotar estratégias de interação com a realidade local, como meio de fomentar essa sensibilidade, desenvolvendo nas metodologias do curso, trabalhos de campo e investigação dos espaços da região e da cidade onde o mesmo se insere.

Dentro deste contexto, o presente texto objetiva relatar o movi-mento investigativo-formativo desencadeado pelo curso, no contexto da disciplina Introdução a Arquitetura e Urbanismo, que tem se cons-tituído como uma importante ferramenta de aproximação dos futuros arquitetos e urbanistas com as cidades do Sertão Central e seu patri-mônio construído, promovendo a integração com os contextos locais, permitindo a articulação teórico-prática e, sobretudo, a valorização do patrimônio histórico e cultural da Região.

Ademais os trabalhos de campo e o contato direto com espaços construídos segundo princípios de projetos claros e consolidados de momentos pretéritos permitem ao aluno confrontar a teoria da arqui-tetura e do o urbanismo com exemplares de edifícios que ultrapassam a precariedade da maioria dos espaços do Sertão Central, o que os possi-bilita reconhecer valores de uma arquitetura local que contribuirão na sua atuação de pro ̂ssionais projetistas.

A experiência relatada demonstra que o ensino articulado com a pesquisa se constitui como uma postura pedagógica que favorece o de-senvolvimento de uma tríplice dimensão no ensino superior: epistêmi-ca, pedagógica e social (SEVERINO, 2011).

2 O CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO: UM OLHAR SOBRE A PROPOSTA PEDAGÓGICA DA FACULDADE CA-TÓLICA RAINHA DO SERTÃO

O curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Católica Rainha do Sertão foi autorizado pela Portaria SESu nº 130/2010, e abriu sua pri-meira turma em 2011, no contexto do Sertão Central cearense, região

Page 81: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

79

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

marcada por carências e desigualdades de acesso à infraestrutura e aos serviços elementares (como educação, saúde, segurança, saneamento), assim como agressões aos recursos naturais desses espaços. Dentre as formas de agressão mencionadas merece destaque, ainda, no contexto da arquitetura e urbanismo, as que se referem ao patrimônio constru-ído, assim como seu valor histórico e cultural. Entendemos, no entan-to, que a modernização e atendimento às demandas por espaços físicos não deve desvincular-se da valorização e da preservação do patrimônio local e ambos se constituem como desa ̂os a serem enfrentados pelo corpo docente junto aos discentes.

Na sociedade contemporânea, berço das carências e desigualdades apontadas, é possível veri ̂car fenômenos associados às novas tecnolo-gias da informação e comunicação que interferem de forma importante na maneira como nos relacionamos com o tempo e com o espaço. De acordo com Dávila (2008, p.34):

[...] com a aceleração na velocidade das informações (impulsiona-da pelo advento da Internet e da cibercultura), mudam também as relações humanas e a relação dos homens com o tempo. São égides da vida urbana: a pressa, a super ̂cialidade das relações, os con� itos morais, os con� itos paradigmáticos nas ciências, os valores sociais e individuais.

O con� ito paradigmático apontado pela autora nos impulsiona a duas importantes re� exões: em primeiro lugar a necessidade de revisão epistemológica das ciências, ou seja, das formas de construção do co-nhecimento, apontando para evolução nas formas como compreende-mos o mundo e os fenômenos nele existentes, em que podemos apontar como o “novo”; em segundo lugar, a instituição da cultura da “novi-dade”, sustentada em modismos, em desvalorização do conhecimento como processo histórico construído pela humanidade e dos processos re� exivos (CORTELLA, 2005).

Outra forma de se entender tal con� ito seria reconhecendo que a nossa sociedade urbana e contemporânea vive em constante contra-dição com o seu passado. Dada a necessidade da constante inovação e do olhar para o futuro estabelecida no nosso modo de vida, os valores

Page 82: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

80

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

tradicionais são sempre diminuídos e desgastados. Essa contradição se expressa de várias formas, inclusive na destruição do patrimônio cons-truído, representando uma espécie de “neurose” coletiva, como apontado por Choay (2001) em seu livro a “Alegoria do patrimônio”, no qual a au-tora descreve como o homem moderno em sua ânsia de continua moder-nização destrói sistematicamente os seu laços físicos e comportamentais com o passado, ao mesmo tempo que tem a necessidade de mantê-los para reconhecer sua própria identidade. Nesse sentido a preservação do patrimônio se estabelece articulada a uma contradição social: a necessida-de de preservar em meio à destruição sistemática e contínua.

Por outro lado, os processos de reestruturação econômica, das re-giões e das cidades que acompanham a modernização dos diversos rin-cões do nosso país criam um contexto de bruscas transformações nos espaços construídos. Os novos usos fomentam a destruição de espaços que outrora tiveram grande importância, substituindo-os por edi ̂ca-ções que buscam atender os anseios econômicos com uma rapidez que não se coaduna com a qualidade arquitetônica e urbanística e muito menos com os aspectos socioculturais.

A partir da re� exão trazida por Cortella (2005) e acrescentando à discussão a questão da preservação do patrimônio histórico, nos apoia-mos em Londres (2005, p. 161) ao a ̂rmar que:

[...] até o momento, o poder público continua sendo, no Brasil, o protagonista das políticas de preservação, sendo responsabilizado mais pelos limites de sua ação do que por eventuais sucessos. Ain-da é pouco perceptível para a sociedade brasileira tanto a presença do patrimônio histórico no seu quotidiano como a importância do envolvimento dos cidadãos na busca por soluções para sua preser-vação. A essa constatação se acrescenta o fato de que as ações de preservação – como tantas outras nas áreas social e cultural – de-pendem da continuidade de esforços a longo prazo e do apoio e cooperação da população.

Através de seus órgãos especí ̂cos, o Estado acaba por se constituir

como o principal agente responsabilizado (quase o único) pela preser-vação do patrimônio. Bem como, os mecanismos de preservação ten-

Page 83: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

81

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

dem a se limitar ao tombamento, instrumento legal que apesar de sua necessidade e pertinência, muitas vezes pode restringir a possibilidade de integração dos bens patrimoniais ao contexto socieconômico vigen-te, ameaçando assim sua própria viabilidade econômica.

Dentro deste contexto de discussão, as atividades desenvolvidas pelo curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo buscam articular a valorização da técnica a partir de sua apropriação social (SANTOS, 1996), reconhecendo as novas demandas da sociedade atual, sem perder de vista a relação destes com o conhecimento historicamente constru-ído pela humanidade. Busca-se, portanto, a perspectiva da construção do novo e não a adesão a modismos e à cultura da novidade desenraiza-da dos processos epistemológicos e históricos.

Além disso, a preservação do patrimônio histórico cultural e am-biental se constitui como um comprometimento pro ̂ssional do Arqui-teto Urbanista e deve comparecer na sua formação de maneira equiva-lente com a sua importância social.

A conjugação destes elementos norteadores das ações educativas converge para o alcance do objetivo geral do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da FCRS que é:

Formar arquitetos urbanistas capacitados para atuar de maneira ética e socialmente responsável, na concepção e tradução das “ne-cessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidades, com rela-ção à concepção, à organização e à construção do espaço interior e exterior, abrangendo o urbanismo, a edi ̂cação, o paisagismo, bem como a conservação e a valorização do patrimônio construído, a proteção do equilíbrio do ambiente natural e a utilização racional dos recursos disponíveis” a favor da diminuição de desequilíbrios socioespaciais dos contextos de urbanização contemporâneos (FCRS, 2013, p. 12).

O compromisso de uma formação marcada pela postura ética e socialmente responsável no exercício da pro ̂ssão demanda do coletivo de docentes o estímulo a uma postura crítica e investigativa que tome a realidade na qual os alunos estão inseridos como um importante objeto de estudo e re� exão. Nela estão postas as necessidades e característi-

Page 84: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

82

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

cas da população, assim como os desa ̂os de natureza social, política, econômica e cultural que interferem de maneira importante no fazer cotidiano do arquiteto urbanista.

Nesse sentido, o conjunto de disciplinas, articuladas às atividades de pesquisa e extensão deve convergir para a gradativa construção do per ̂l pro ̂ssional proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo (RESOLUÇÃO CNE Nº 2, DE 17 DE JUNHO DE 2010) a partir do qual destacamos: a capacidade de “pesquisar, conhecer, compreender, analisar e avaliar a realidade da produção do espaço construído de forma crítica e re� exiva para nela intervir acadêmica e pro ̂ssionalmente”; ser “comprometido ética e po-liticamente com a promoção e o fortalecimento da cidadania”.

As atividades desenvolvidas no contexto da disciplina Introdução a Arquitetura e Urbanismo se constituem como um esforço político pedagógico de efetiva contribuição tanto para a formação dos futuros pro ̂ssionais, quanto para a própria comunidade, em decorrência do desenvolvimento de estudos realizados sobre patrimônios construídos do interior do estado do Ceará, compondo um acervo que registre a importância histórica e arquitetônica dos mesmos.

3 COMPREENDENDO AS BASES EPISTEMOLÓGICAS E METODOLÓGICAS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

A educação é concebida como “processo mediante o qual o co-nhecimento se produz, se reproduz, se conserva, se sistematiza, se or-ganiza, se transmite e se universaliza, disseminando seus resultados no seio da sociedade” (SEVERINO, 2012, p. 23). De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 (Art.1º) a educação “abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pes-quisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Essas re� exões nos remetem a uma compre-ensão ampliada de educação, quem nem se inicia, tampouco se esgota nas instituições de ensino.

Page 85: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

83

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Diante desta concepção de educação, os diferentes níveis de ensino têm buscado realizar intencionalmente dentro de seus projetos político--pedagógicos estratégias de aproximação com a comunidade para com ela aprender e para ela devolver, em forma de contribuições de diferen-tes naturezas, o conhecimento construído a partir dessa interação.

No contexto do ensino superior, Severino (2012, p. 23) destaca que “a Universidade deve ser entendida como uma entidade que, fun-cionária do conhecimento, destina-se a prestar serviço à sociedade no contexto do qual ela se encontra situada”. Assim, ao invés de estabele-cer como compromisso a formação focada no indivíduo e na dimensão técnica das diferentes pro ̂ssões, o ensino superior busca o desenvolvi-mento das coletividades, pautado em princípios técnicos, éticos, estéti-cos e políticos (RIOS, 2008).

Para dar conta da abrangência de sua função social, a Universida-de organiza suas ações no tripé ensino, pesquisa e extensão, separados operacionalmente para dar efetividade, respectivamente, às ações es-pecí ̂cas “do ensinar e do aprender”; “do problematizar a realidade e produzir conhecimento cientí ̂co”; “do promover a articulação entre universidade e sociedade” (SEVERINO, 2008).

Esta articulação tem sido permanentemente pensada e planejada in-tencionalmente pelos docentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da FCRS, no sentido de de ̂nir o quê, por quê, com quem, onde, com que recursos e para quê as atividades de ensino, pesquisa e extensão precisam ser desenvolvidas. Esta de ̂nição tem a possibilidade de alargar os ho-rizontes formativos das diferentes disciplinas que compõem o currículo do curso, contribuindo para uma formação sustentada na perspectiva da práxis, compreendendo as diferentes determinantes que interferem na constituição de cada aluno e cada professor enquanto ser histórico. Nes-se sentido, concordamos com Franco (2009, p. 14), ao a ̂rmar que “[...] atividade docente é uma prática social, historicamente construída, que transforma os sujeitos pelos saberes que vão se constituindo, ao mesmo tempo em que os saberes são transformados pelos sujeitos dessa prática”.

De acordo com o pensamento da autora, é possível a ̂rmarmos que as práticas educativas, como práticas sociais historicamente situadas, têm a possibilidade de transformar o próprio conhecimento, uma vez

Page 86: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

84

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

que não somente se apropriam dele, mas agregam novos valores e novos saberes; transformar as pessoas, pelos processos de problematização da realidade e re� exão desencadeados nas atividades de ensino, pesquisa e extensão; transformar a instituição, aproximando-a dos contextos lo-cais, de seus problemas, dos sujeitos individuais e coletivos, assim como dos saberes gerados pelos mesmos; e ainda transformar a realidade, através das intervenções intencionalmente pensadas e a partir das co-laborações que se constituem como fruto do conhecimento cientí ̂co gerado no contexto universitário e que colabora na resolução dos pro-blemas da sociedade através das diferentes áreas de conhecimento, nesse caso especí ̂co a relacionada à Engenharia (FORPROEX, 2007).

Nesse movimento de busca por evidências das relações entre o mundo e os conteúdos presentes no currículo, os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da FCRS buscam desenvolver estratégias de ensinagem1 fundamentadas nos princípios da teoria da ação dialó-gica freireana entre a comunidade acadêmica e a comunidade local, que se referencia em elementos como: a colaboração, em que todos os sujeitos têm a possibilidade de partilhar saberes e responsabilidade no desenvolvimento de ações coletivas de transformação da realidade e de construção do conhecimento; a união, que implica na compreensão de projetos comuns e de objetivos partilhados, dando um novo sentido à concepção de grupo, saindo da ideia de justaposição de indivíduos para a ideia de coletividade, e da concepção autoritária de liderança, para uma concepção democrática; a organização, que implica na aprendizagem de mobilização de recursos e de sujeitos, com intencionalidades clara-mente de ̂nidas, visando à materialização de ações voltadas à satisfação das necessidades surgidas nos contextos sociopolíticos, econômicos e culturais; síntese cultural, que pode ser compreendida como forma sis-temática e intencional de posicionamento diante da sociedade, tanto no sentido de preservá-la ou transformá-la, re� etindo o posicionamento ético e político dos sujeitos diante da realidade (FREIRE, 1967).

1 A expressão ensinagem foi originalmente utilizada por Anastasiou em sua pesquisa de doutorado intitulada Metodologia do Ensino Superior: da prática docente a uma possível teoria pedagógica. O termo foi utilizado para fazer menção a uma situação de ensino na qual ocorra necessariamente a aprendizagem, a partir da parceria estabele-cida entre alunos e professor.

Page 87: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

85

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

De acordo com Franco (2009, p. 20): “a produção cientí ̂ca deverá se sustentar por uma perspectiva ideológica e política; [...] se o produ-to da ciência não puder ser apropriado pelo homem, a tarefa cientí ̂ca passa a ser alienada e alienante”. As palavras da autora fortalecem a ne-cessidade de reconhecimento do compromisso do ensino superior com uma postura crítica e ética diante da sociedade e dos dilemas que histo-ricamente enfrenta, no sentido de apontar saídas para a transformação daquilo que necessita ser efetivamente transformado e de preservação daquilo que se constitui como uma importante referência pelo valor histórico e cultural que possui.

É neste contexto que se insere a proposta político pedagógica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Católica Rainha do Sertão e a experiência que passamos a relatar a seguir.

4 A INVESTIGAÇÃO DA REALIDADE LOCAL COMO ESTRA-TÉGIA DE ENSINO COM PESQUISA NA DISCIPLINA IN-TRODUÇÃO A ARQUITETURA E URBANISMO

O primeiro semestre do curso, onde está situada a disciplina de In-trodução à Arquitetura e Urbanismo, se estabelece como primeiro con-tato do aluno com conteúdos ligados diretamente a sua futura formação pro ̂ssional e tem como objetivos “Introduzir as noções básicas refe-rentes à Arquitetura e ao Urbanismo; apresentar um panorama geral dos conhecimentos da área; mostrar aspectos da atuação pro ̂ssional do arquiteto urbanista, bem como as principais atividades relacionadas a arquitetura e urbanismo”.

Tendo a ementa como ponto de partida, a referida disciplina foi pensada como um componente curricular que tivesse como caracte-rística principal a articulação entre pesquisa de campo e teoria. Como exemplo dessa articulação, podemos mencionar as investigações rela-cionadas ao reconhecimento, análise e descrição de edifícios das cida-des de Quixadá e Quixeramobim, que seguiram a sequência didática (SD) descrita no Quadro 1. A SD buscou proporcionar um contato in-trodutório, de forma mais direta, com espaços construídos, projetados segundo uma teoria consistente, proporcionando, ao aluno a realização

Page 88: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

86

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

de análises fundamentadas no método cientí ̂co e em teorias que de ̂-nem e quali ̂cam a arquitetura erudita. Ao ̂m desse processo, os alu-nos deveriam ser capazes de reconhecer os valores inerentes à produção desse tipo de arquitetura, produzindo relatórios que evidenciassem a articulação teórico-prática de tais questões.

Assim, os alunos poderiam ir construindo, paulatinamente, co-nhecimentos sobre a arquitetura a partir de uma sequencia didática, conceituada por Zabala (1998, p. 18), como “conjunto de atividades or-denadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um ̂m conhecido tanto pelos professores como pelos alunos”.

Quadro 1 – Sequência didática.

Sequencia Didática

1º Apresentação da proposta de trabalho; 2º Escolha de edi ̂cações da Região do Sertão Central para análise;3º Registros diversos das edi ̂cações (fotogra ̂as, desenhos, grá ̂cos e maquetes);4º Levantamentos históricos e técnicos; 5º Análise das edi ̂cações; 6º Organização e apresentação de Seminários.

Fonte: Produzido pelos autores com base no planejamento de aulas

As atividades foram concebidas com o intuito de analisar edifícios reconhecidamente produzidos sob a orientação de um pensamento ar-quitetônico claro e consolidado, para que os alunos vislumbrassem a re-lação entre projeto e obra ̂ nalizada e entre concepção e contexto social.

O conjunto de edifícios escolhido é diverso e segundo a perspec-tiva histórica. Dentro do contexto precário dos espaços construídos do Sertão Central, os edifícios remanescentes dos períodos históricos equivalentes ao ciclo do gado e do algodão se estabelecem como os mais signi ̂cativos em termo de qualidade arquitetônica. Tais exem-plares favorecem um contato com a arquitetura sertaneja nordestina do Século XVIII, cujos traços barrocos não plenamente desenvolvidos apresentam-se como uma reverência popular a arquitetura barroca dos principais centros urbanos coloniais como Recife e Salvador, ou com a

Page 89: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

87

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

arquitetura do período eclético, característico de ̂nais do século XIX, mas estendendo-se no Brasil até as primeiras décadas do século XX.

Outros edifícios recentemente construídos também favorecem o contato, mesmo que indireto, com a matriz de pensamento modernista e com os desdobramentos projetuais desenvolvidos a partir da crítica a esse tipo de arquitetura própria do período pós-década de 19702.

Dentre os edifícios selecionados para análise foram escolhidos: a Igreja do Sagrado Coração de Jesus (na praça com o mesmo nome, que marca o núcleo original de formação da cidade), O Chalé da pedra (re-sidência em estilo “art noveau” construída sobre um monólito3 e reco-nhecidamente um monumento que carrega uma identi ̂cação com o povo da cidade) A antiga Casa de Câmara e Cadeia de Quixeramobim (município vizinho com conjunto considerável de edifício de origem colonial), a Capela da Faculdade Católica de Quixadá (edi ̂cação ide-alizada e construída pelo Bispo Emérito de Quixadá, D. Adélio, com traços contemporâneos e carregada de reapropriações populares de an-tigos simbolismos cristãos), o IFCE de Quixadá (edi ̂cação contempo-rânea da cidade de Quixadá).

No trabalho os alunos tinham como objetivo realizar uma análise que contivesse: uma descrição histórica simpli ̂cado do edifício, a análise da sua relação com o terreno onde ele se implanta, a constituição e a articulação dos espaços internos, a tecnologia empregada em sua constituição, os usos que se realizam nele, a conformação física volumétrica que compõe interna e externamente sua aparência. Estabelecendo uma relação com o sistema vitruviano4 de análise da arquitetura, o qual reconhece a arquitetura a partir do seu uso (utilitas), da sua construção ( ̂rmitas) e da sua beleza (venustas).

Nos entendimento de Zevi (1996), a arquitetura só se realiza a par-tir da vivência de seus espaços, excedendo a análise estática das formas

2 Período de debate sobre as chamadas orientações pós modernas na arquitetura e urbanismo.3 Monólito, “inselbergs”, ou morros de testemunho são as formações rochosas que se destacam do relevo predominantemente plano do sertão cearense e que marcam a paisagem de Quixadá.4 Entende-se que o romano Vitruvio, que viveu por volta do século IV, deixou-nos o primeiro tratado escrito da história sobre a arquitetura ocidental, bem como dos as-pectos inerentes a sua produção e fruição.

Page 90: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

88

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

e reconhecendo o entrelaçamento de todos os aspectos de sua consti-tuição. Nesse sentido, no trabalho aqui descrito a experiência do obje-to arquitetônico favorece análises mais ricas e instigantes dos espaços arquitetônicos. Assim, além do cumprimento da atividade didática, os alunos que participaram da atividade tiveram a oportunidade ou de co-nhecer espaços ainda desconhecidos de suas cidades, ou rever sob nova perspectiva os edifícios emblemáticos de sua cidade.

Para efeito deste relato, destacamos alguns elementos pertinentes às edi ̂cações situadas no município de Quixadá, nos quais foi possível destacar percepções dos alunos sobre o espaço construído no município e sua relação com a arquitetura, com a história e com a identidade local.

Abordando a estrutura da Capela da Faculdade Católica Rainha do Sertão, os alunos destacam o vínculo com o Sagrado, a ̂rmando que “Tudo possui um signi ̂cado religioso, até mesmo as cores dos tijolos que revestem as paredes interna e externa da capela, o vermelho repre-senta o sangue, que é vida e o branco representa a morte”.

Figura 1 – Capela da Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Fonte: Registro feito pelos autores

Page 91: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

89

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Ao explorar a Igreja Sagrado Coração de Jesus, destacam-se ele-mentos relacionados ao período colonial e suas in� uências na arquite-tura. Tal questão pode ser ilustrada no seguinte trecho das análises dos alunos: “Partindo-se do pressuposto de que foi construída em que foi construída no período colonial, pode-se depreender técnicas tradicio-nais de construção, predominando que o barro, madeira, pedra e tijolos também foram utilizados na obra”.

Figura 2 – Igreja Sagrado Coração de Jesus.

Fonte: Fernandes et al (2013)

No trabalho que aborda o Chalé da Pedra, os alunos destacaram a dimensão do uso, que pode ser veri ̂cada no excerto que relata a com-pra do prédio pela prefeitura para abrigar o Memorial da escritora Ra-quel de Queiroz. “Foram contratados um restaurador, uma arquiteta e uma museóloga para projetar a reforma [...] atendendo às necessidades do memorial sem que o prédio perdesse sua originalidade. Cada cômo-do representa uma parte da trajetória de vida da escritora”.

Page 92: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

90

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 3 – Grá ̂co da Estrutura do Chalé da Pedra.

Fonte: Landim et al (2013).

Ao ̂nal da pesquisa, os trabalhos foram apresentados em formato de seminário e as análises foram debatidas em sala de aula, assim como as obras, apresentadas para os colegas sob a perspectiva da metodologia indicada.

Os trabalhos conseguiram sensibilizar os alunos para aspectos da arquitetura completamente novos e aumentaram suas possibilidades de avaliação da obra arquitetônica, além de reforçar a valorização do pa-trimônio local.

Considerando os resultados obtidos reconhecemos que os traba-lhos ainda que introdutórios, guardavam a possibilidade de se desdo-brar em uma pesquisa mais apurada e na produção de artigos e relató-rios cientí ̂cos.

Page 93: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

91

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste relato buscamos reconstituir elementos relacio-nados ao movimento desencadeado pela disciplina Introdução a Ar-quitetura e Urbanismo, que tem permitido que a mesma se constitua como uma importante ferramenta de aproximação dos futuros arqui-tetos e urbanistas com o patrimônio construído, uma vez que promove a integração dos futuros arquitetos urbanistas com os contextos locais, tomados como objetos de estudo e re� exão, permitindo a articulação teórico-prática e a valorização do patrimônio histórico e cultural dos municípios.

Longe de ser uma prática espontânea, a articulação entre teoria e prática, entre ensino e pesquisa, se constitui como uma marca do en-sino superior prevista tanto em documentos legais que norteiam este nível de ensino, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 e o Plano Nacional de Extensão Universitária (MEC/FOR-PRED, 2001); ou ainda documentos que marcam compromissos polí-ticos pedagógicos da própria instituição com o desenvolvimento local, como o Plano de Desenvolvimento Institucional (FCRS, 2013) e o Pro-jeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo (FCRS, 2013).

Às orientações e compromissos juntam-se ainda questões de natureza epistemológica que dizem respeito à construção do conheci-mento, que precisa superar a perspectiva da transmissão, em direção à construção crítica e re� exiva que permita aos sujeitos posicionamentos frente à realidade no sentido de preservá-la ou transformá-la.

O curso de Arquitetura e Urbanismo e as práticas de ensino com pesquisa que começam a se delinear fazem com que a formação pro ̂s-sional nesta área extrapole a barreira física dos muros da FCRS e avance para a comunidade, permitindo a troca de saberes e o efetivo registro e preservação da história do patrimônio construído, que simboliza um importante elemento constitutivo da identidade cultural da população do Sertão Central.

Page 94: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

92

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

REFERÊNCIAS

ANASTASIOU, Léa Camargo das Graças. Metodologia de Ensino na Universidade Brasileira: elementos de uma trajetória. p.57-70. In: Te-mas e Textos em Metodologia do Ensino Superior. Castanho, M. E.; Castanho, S. Campinas: Papirus, 2001.

CHOAY, Françoise. A alegoria do Patrimônio. São Paulo: Editora Unesp, 2001.

CORTELLA, Mário Sérgio. Novos Paradigmas na Educação. São Pau-lo: Ata Vídeo, 2005.

D’ÁVILA, Cristina. Formação docente na contemporaneidade: limites e desa ̂os. In: Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 17, n. 30, p. 1-248, jul./dez. 2008.

FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO. Projeto Pedagó-gico do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Quixadá, 2013.

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Prática docente universitária e a construção coletiva de conhecimentos: possibilidades de transforma-ção do processo ensino-aprendizagem. São Paulo: USP, 2009. (Cader-nos de Pedagogia Universitária).

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1967.

FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDA-DES PÚBLICAS BRASILEIRAS. Extensão Universitária: organização e sistematização. Belo Horizonte: Coopmed, 2007.

BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-cional: nº 9394/96. Brasília: 1996.

LONDRES, Cecília. O patrimônio histórico na sociedade contem-porânea. Disponível em <http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/revistas/Escritos> Acesso em: 14 ago 2013.

Page 95: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

93

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e competência.  São Paulo:  Cortez, 2008. (Coleção Questões da Nossa Época).

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: tempo e técnica, razão e emo-ção. São Paulo: Hucitec, 1996.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Cientí% co. São Paulo: Cortez, 2011.

_____ . Ensino e Pesquisa na docência universitária. São Paulo: USP, 2009. (Cadernos de Pedagogia Universitária).

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ZEVI, Bruno. Saber ver  a  Arquitetura. (trad. Maria Isabel Gaspar, Gaëtan Martins de Oliveira)–São Paulo: Martins Fontes, 1996.

SOBRE OS AUTORES

Elisangela André da Silva CostaDoutoranda em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Cea-rá – UFC. Assessora Pedagógica e Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS. Contato: [email protected].

Henrique Alves da Silva Mestre em Geogra ̂a pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mes-quita Filho – UNESP. Coordenador e Professor do Curso de Arquitetu-ra e Urbanismo da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Page 96: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 97: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

95

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade a ciência contábil mostrou-se um instrumen-to valioso para os registros e controles sobre a propriedade (patrimô-nio) do homem. A Contabilidade surgiu justamente para promover e facilitar o controle dos bens patrimoniais do ser humano, que se resu-miam antigamente em animais, alimentos, ferramentas de trabalho etc. e hoje, esse patrimônio, bem mais complexo, resulta em bens tangíveis e intangíveis, que compõem o ativo patrimonial ou patrimônio bruto, em obrigações e exigências para com o capital de terceiros, que compõem o passivo exigível, e em obrigações com o capital próprio, que constituem o patrimônio líquido.

De fato a contabilidade, vista como ciência, refere-se a um vasto campo do conhecimento cientí ̂co a ser explorado e redescoberto, pois relaciona-se, direta e indiretamente, com diversas áreas do conheci-mento, podendo ser aplicada em várias situações, seja sobre o patri-mônio do indivíduo (pessoa física), bem como sobre todos os tipos de entidades (pessoa jurídica), em diversos setores, segmentos, públicas, privadas e tamanhos. E entendida também, como ferramenta de gestão, fundamentada em práticas e técnicas especí ̂cas, contribui como atividade meio para a obtenção de um produto fundamental para os dias de hoje, independente de onde estiver inserida, que é a informação.

HISTÓRIA DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DA CATÓLICA DE QUIXADÁ: ações para o

desenvolvimento social e econômico da região

hDanival Sousa Cavalcante

Valter de Souza PinhoArmstrong Braga Ferreira

Rivelino Duarte CostaOscar Lourenço da Silva Neto

Page 98: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

96

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Para Hendriksen e Van Breda (1999) a contabilidade como um produto do renascimento Italiano, que hoje se fundamenta em um sis-tema de escrituração e posteriormente de informação, pois suas formas mais rudimentares já se evidenciavam há muito mais tempo.

O ano de 2013 destaca-se para a contabilidade, por ser considerado o ano da contabilidade no Brasil (CFC, 2013), e hoje vivemos na era da informação (produto ̂nal da contabilidade) ágil, onde dados brutos transformam-se, com rapidez, em informações úteis para todos os seg-mentos. Sobretudo na contabilidade, que está intrinsecamente relacio-nada com a tecnologia da informação, reconhecendo nesta o produto ̂nal e principal de suas práticas de trabalho.

Em torno da realidade local do sertão central cearense, a Faculdade Católica Rainha do Sertão (Católica de Quixadá), logo após sua fun-dação em 2004, preocupada com todo esse cenário econômico e social evolutivo e transformativo da sociedade, implantou o curso de Ciências Contábeis na sua grade de cursos oferecidos para a comunidade local, vislumbrando repassar para os interessados, a essência da ciência e a multiplicação de pro ̂ssionais na área contábil para promover os be-nefícios oriundos da pro ̂ssão, para si, e, sobretudo, para o desenvolvi-mento da região.

Como todo estudo origina-se de uma inquietude ou curiosidade de algum pesquisador, o presente artigo deseja encontrar respostas para o seguinte questionamento: quais as experiências e ações promovidas pelo curso de Ciências Contábeis da Católica de Quixadá que favorece-ram o desenvolvimento social e econômico da região do Sertão Central?

Com o ̂ to de alcançar respostas válidas e con ̂áveis para o questio-namento exposto, o artigo apresenta como objetivo principal apresen-tar as experiências e ações realizadas pelo curso de Ciências Contábeis da Católica de Quixadá, que favoreceram o desenvolvimento social e econômico da região. E como complemento e apoio para a consecução desse objetivo, apresentam-se como objetivos especí ̂cos: relacionar as ações do curso com o desenvolvimento local; e destacar a importância do curso no cenário local.

A relevância do presente artigo, além de buscar responder ao ques-tionamento exposto e alcançar os objetivos propostos, justi ̂ca-se por

Page 99: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

97

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ser o primeiro estudo que levanta a história e evolução do curso de Ci-ências Contábeis da Católica de Quixadá, desde sua origem aos tempos atuais, passando pelos relatos de experiências, estágios e ações realiza-das pelo curso em favor do desenvolvimento social e econômico da re-gião do Sertão Central cearense.

O artigo encontra-se dividido em seis partes: introdução, metodo-logia, história, evolução e relatos de experiências; estágios; ações desen-volvidas; e considerações ̂nais.

2 METODOLOGIA

O artigo está delineado, quanto aos objetivos, na forma de uma pesquisa exploratória, descritiva e estudo de caso. Quanto à pesquisa exploratória, Gil (2008) de ̂ne que proporciona maior familiaridade com o problema (explicitá-lo), podendo envolver entrevistas com pes-soas experientes sobre o tema pesquisado.

Como o próprio nome identi ̂ca, exploratória pois permite-se uma familiaridade entre o pesquisador e o tema pesquisado, visto ser pouco ou nenhuma vez explorado, por isso necessita-se de sondagens, entre-vistas e visitas para descobrir e levantar maiores informações.

Por ser este um estudo bem específico, pode-se afirmar que as-sume também a forma de um estudo de caso, conforme Gil (2008), pois consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita ser amplamente e detalhadamente conhecido.

No caso desse estudo, em consonância com outras fontes de in-formação, darão base especí ̂ca ao tema abordado, como é o caso de entrevistas com pessoas que tiveram relações e experiências diretas com o assunto objeto de estudo.

Isso ocorre com o presente estudo, visto que foram realizadas en-trevistas com algumas pessoas que ̂zeram e fazem parte da história do curso. Assim a intenção é encontrar informações como fonte de respos-tas acerca do tema objeto de estudo. Desta forma, busca-se, por meio de relatos de pessoas que vivenciaram diretamente a implantação e desen-volvimento do curso.

Page 100: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

98

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O estudo também se caracteriza como uma pesquisa descritiva, que segundo Gil (2008) busca descrever as características de determi-nadas populações ou fenômenos. Em outras palavras, busca descrever as características de um fenômeno ou de uma experiência.

Nesse contexto o estudo descreve, de forma sistemática, a história, evolução, experiências ao longo do tempo e as ações recentes desenvol-vidas pelo curso, em favor do desenvolvimento da comunidade local.

3 HISTÓRIA, EVOLUÇÃO E RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

A implantação do curso de Ciências Contábeis da FCRS se confun-de com a fundação da própria instituição, visto que logo em seguida a fundação da Católica de Quixadá, no ano de 2004, foi instituído o curso, sendo ofertado para a comunidade local.

3.1 O INÍCIO

O curso de Ciências Contábeis surgiu no ano de 2004, com a auto-rização do Ministério da Educação, por meio da Portaria MEC nº 157, de 12 de janeiro de 2004, tendo como parecer de autorização nº 0049 de 2004, publicada no DOU (Diário O ̂cial da União) de 14 de janeiro de 2004 (BRASIL, 2004).

No início foram diversos entraves para a implantação e desenvolvi-mento do curso. Mas com a crença do bispo emérito de Quixadá, Dom Adélio, com o total apoio da Diocese de Quixadá e de alguns parceiros, foi possível realizar o sonho para a oferta legal deste curso, que tanto contribui para o desenvolvimento das organizações e das pessoas.

O Curso de Ciências Contábeis da FCRS de Quixadá foi criado com o objetivo de formar pro ̂ssionais éticos e competentes, com uma visão estratégica e senso crítico-analítico na práxis contábil, fundamentados numa formação técnico-humanística que contribua para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável da Região do Sertão Central (PPC de Ciências Contábeis, 2011).

Assim, foi com a preocupação de oferecer uma formação acadê-mica e pro ̂ssional na área contábil para os futuros pro ̂ssionais, que o curso foi criado e é mantido.

Page 101: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

99

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

3.2 RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

Com o objetivo de dar uma maior apresentação e visibilidade sobre os dados e informações que contam a história real do curso na institui-ção, algumas pessoas que o ajudaram a construir foram entrevistadas para relatar suas experiências. Dentre esses participantes, entrevista-mos o Bispo Emérito de Quixadá, Dom Adélio, fundador da Católica de Quixadá e, consequentemente, do curso na instituição, bem como alguns egressos do curso que hoje são empresários e pro ̂ssionais da área contábil e outros pro ̂ssionais que ofertam vagas de estágios para os alunos iniciarem a experiência da atuação na prática contábil.

Destes participantes indagaram-se alguns questionamentos, para que os mesmos respondessem livremente, sem a intervenção do pesquisador.

3.2.1 Entrevista completa com Dom Adélio sobre a implantação da FCRS e do curso de Ciências Contábeis

1. Sobre o início da FCRS: “Quando eu pensei na faculdade, tive que analisar a situação, como bispo analisar a situação religiosa e a situação social. Quando observei a situação social eu percebi que devia implantar um curso que preparasse homens capazes para uma nova época econômico-social, marcada pela justiça pelo desejo real de construir um mundo novo. Então, a mesma ideia que me levou a implantar na faculdade o curso (de ciências contábeis) .... de assim com muito pensamento quando pensei na faculdade de economia porque no No Ceará sempre houve injustiça sobre o lema de visão de que é um mundo novo de re-lações, relações humanas e nessas relações também de caráter comercial ... um dia em que o Ceará precisava evoluir muito, evoluir no caso da justiça, a justiça da terra, no caso uma justiça também para os pobres. Então a minha esperança era ter pro- ̂ssionais com um espírito cristão não digamos envolvido só

pelo desejo de lucros apenas, o desejo de fazer algo, de defender os pobres, os pequenos, não só defender os ricos, como pode

Page 102: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

100

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ganhar muito, mas uma classe de pro ̂ssionais de juízos, uma visão cristã com uma antropologia diferente com um espírito diferente. Assim, o cargo digamos da economia quem tem dú-vida com a crise atual tenha como raízes profunda a perda de valores humanos em primeiro lugar, e depois digamos assim, como falou com clareza o Papa Francisco o que falou da dita-dura da escravidão do dinheiro do capital. Então quais são os agentes futuros que terão na mão digamos assim um pouco as rédeas, os mercados, os grandes mercados internacionais, mer-cados nacionais, mercado local, quem será, quem terá, quem orientará aqueles que se preparam na faculdade nesse campo da produção e da distribuição? Isso são as pessoas se elas sa-írem como líderes de espírito, mesmo de caridade o mundo não mudará completamente cada um se cada um desse aporte a sua ajuda para o mundo melhor que é assim não mudará so-zinho, mudará através de pessoas. Uma faculdade católica tem que ser bem caracterizada, tem que ser antropológica, quer dizer uma visão teológica muito clara e cristã, como tem uma visão clara o cristianismo do homem e trabalhar para isso, não trabalhar para o dinheiro, não trabalhar para aquilo que destrói a família, que destrói o homem. Isso não tem retorno, estamos afundando o mundo, estamos afundando digamos assim até a economia. A prova é a crise atual analisando-a será que isso é a caridade de Cristo? A fraternidade não é a crise atual. Aten-temos para o fato da menor doação do homem, da escravidão do homem ao luxo, a fome e sede de dinheiro, de capital para alcançar o poder. Com o dinheiro se compra tudo, se compra o poder, se compra depois aquilo que dá continuidade ao poder, se compra cultura, porque se compra todos os meios de comu-nicação social, então é uma cadeia. A minha preocupação foi aquilo que me espirou, foi que o Ceará precisava: saúde, justiça e uma economia diferente. Então, isso explica o porquê entre as primeiras, um dos primeiros cursos superiores [...] precisa-va de tudo isso”.

Page 103: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

101

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

2. Sobre as di% culdades na implantação do curso: “Olha, na re-alidade não tive di ̂culdade para criar e implantar esse curso. Não tive di ̂culdade particular. Tive di ̂culdades para implan-tar outros cursos, porque a católica foi construída unicamente por meio de Instituição católica que amigos e sobretudo ami-gos, me ajudaram. Eu não tive recursos econômicos oriundos do governo central ou de federação ou do governo do Ceará ou do município. Eu não tive ajuda nenhuma econômica. En-tão eu tive que enfrentar o desa ̂o econômico de fazer brotar recurso e enfrentá-lo con ̂ando em Deus. Eu fazia isso pen-sando no projeto de Deus que quero pensando em um mundo melhor. bem se você quer que suja este curso me ajude eu pos-so dizer que minha grande surpresa encontrei entre os amigos a pessoa que eu tinha que eu tanto tinha que nos caminho o Senhor ajuda os caminhos de todos os amigos que encontrei e sua personalidade sempre, encontrei muita contradição sem ter ajuda. O segundo desa ̂o de encontrar a compreensão do MEC, graças a Deus também não orgulho de nunca ter dado um centavo a ninguém para que os cursos fossem aprovados, nada de propina, nada de... só diálogo, respeito a lei, a apre-sentação clara da ̂nalidade da Faculdade Católica e o desejo e a ̂nalidade para colaborar para um Brasil melhor. Isso me parecia deter os elementos para poder me apresentar como al-guém que desejava de coração e não o meu bem pessoal, mas o bem para a sociedade. Então, com esse entusiasmo é que tenho superado, digamos assim, os desa ̂os que sempre se encontram na aprovação do Centro Universitário aqueles que serão cen-tros universitários cursos superiores en ̂m.”

3. Sobre as di% culdades de modo geral e o apoio inicial: “Quan-do pensei numa faculdade em Quixadá eu sabia que era uma loucura, eu nem falei com os bispos, nem falei com ninguém, falei só com os padres. Estava pensando numa faculdade, po-rém não se preocupasse pela parte porque ninguém mais do que eu estava consciente de que a diocese não poderia contri-buir com nenhum centavo, e que nesses primeiros anos eu ti-

Page 104: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

102

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

nha que pensar na manutenção da comida dos padres e certas paróquias não contribuíam nem para alimentação dos padres eu via os gastos dos carros e das visitas os gastos que um padre tem de pagar o pessoal que trabalha, pagar de acordo com a lei para não ser o primeiro infrator e não ir contra a lei. Então eu não podia pensar que a diocese pudesse de alguma maneira ajudar. Não conhecia, ou melhor, conhecia, pelo que conhecia não podia contar assim digamos com a ajuda da Conferência dos Bispos no Brasil. Naquele tempo, então eu, ̂lho de pobres, não podia tão pouco contar com o dinheiro da minha família com toda boa vontade não podia tirar nada do meu bolso, não tinha nada, então não podia contar com isso. Fui para a Itália dizendo: Deus você me inspirou, me fez pensar na faculdade, eu vou a Itália com três cursos preparados com o projeto de três cursos para iniciar e junto com Zé Nilson. Ele sempre foi meu ̂el colaborar, junto com ele ̂zemos um cálculo de quan-do podia custar cada curso, eram três. Então feito o cálculo eu levei para a Itália não um projeto completo, mas levei na minha cabeça já gravado todos os motivos todos o porquê de uma faculdade em pleno sertão e também levei na minha cabe-ça e por escrito quanto cada um desses cursos custava. O meu amigo, um ex-aluno, meus ex-alunos tinham feito uma carrei-ra digamos assim muito rápida, muito ligeira, tinha crescido economicamente muito rapidamente e tinha dito assim, no dia que precisar de dinheiro eu tenho a possibilidade de obter empréstimo eu tinha gravado estas palavras e me lembrei digo olha aqui, dedicarei os últimos dez dias do mês que eu pas-so normalmente em julho na Itália e dedicarei os últimos dez dias falando aos amigos as autoridades falando desse projeto de uma universidade de uma faculdade no coração do Ceará em Quixadá. Digo se Deus me ̂zer encontrar esse recurso, come-çarei. Bom, realmente trabalhei vinte dias em julho nessa via-gem, trabalhei para fazer todas essas visitas, para visitar todas as pessoas com o programa que se tinha nos anos anteriores. Chegados os últimos dez dias e pedi uma senhorita que funcio-

Page 105: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

103

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

na como secretária que quando viajo para a Itália, pedi o en-dereço e número do telefone desse meu ex-aluno, a ̂m de que para que ele me apresentassem ao banco e ao diretor do banco para estudar essa possibilidade de ter um empréstimo depois de caráter internacional de fazer tudo de acordo com a lei e quando falei essa minha secretária e me telefonou e a resposta é que ele estava numa praia, estava de férias julho e agosto eram dois meses de férias ele não estava. Paciência! Eu precisava encontrar um diretor de um banco na cidade de Verona e que ele é realmente o presidente de um banco particular. E ele me disse assim, olha eu tenho amizade, conheço uma pessoa, uma pessoa muito boa, jovem e inteligente, tem relações comerciais com o banco que trabalha, com esse banco certamente pode ser a pessoa indicada para poder obter uma entrevista falar com o presidente do banco não é que seja fácil falar com o presi-dente do banco. Então fomos até a fábrica, esse senhor que se tornou meu amigo foi nos receber numa sala e depois colo-cou na sua sala e eu vim procurar uma pessoa que me ajudasse que servisse de caminho para poder falar com o presidente do banco. Como ele ouviu isso se mostrou interessado. Mas de que se trata? Como é? Porque é? Como é a situação? Como é Quixadá? Como é a situação econômica, da cultura, da possi-bilidade que tem os pobres os pequenos? Então, en ̂m é cla-ro ele perguntou muita coisa. Sinceramente quando tudo isso terminou esperaramos que acabe que me ligue um dia que me leve para o banco para falar com o presidente, foi uma surpre-sa que você pode imaginar quando ele de repente ele disse: - Dom Adélio eu posso assumir um curso, posso assumir e pagar o necessário para implantar um curso, imagina! De início, o primeiro sinal de Deus, achar um desconhecido que te oferece dinheiro para implantar um curso não é uma coisa simples, agora: - Dom Adélio, eu telefono para o presidente do banco se tem essa possibilidade de empréstimo, facilidade nas con-dições, ele é meu amigo. Então pegou o telefone falou e mar-caram dois dias depois o encontro. Quando cheguei na sala do

Page 106: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

104

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

diretor presidente do banco me apresentou. Eu era uma pessoa desconhecida eu já fui com ele, e ai se repetia praticamente a história do outro e ele escutou houve interesse, uma rajada de perguntas: mas porque isso? porque aquilo? como é isso? como é Quixadá? Depois eu também esperava que ele me desse uma resposta se era ou não era possível um empréstimo, é uma pena que nós temos uma fundação ligada ao banco quem tem tam-bém como objetivo ajudar a obra de caráter social, é uma pena já terminou o ano ̂nanceiro, já era em agosto. Então sempre sobra, amanhã vou reunir os sócios da fundação, depois disse assim se faltar algo eu vou colocar do meu bolso, aquilo que faltar. Você pode imaginar eu ̂quei assustado, vendo tanta compreensão e tanta bondade? Três dias depois me chamou pelo telefone e disse: - Tudo acertado, nós assumimos. O ban-co assumiu a minha parte. - O senhor ̂que tranquilo, vamos estudar o meio para poder ajudar. Nós o faremos, nós temos esse dinheiro destinado para as obras sociais no mundo inteiro. Dois ou três dias depois, sempre dentro de três dias voltou das férias esse mesmo ex-aluno, um rapaz novo, trabalha no cargo dos milhos, grande exportador de milho italiano no mundo inteiro. - Sei que o senhor me procurou pelo telefone, sim me conte qual é o motivo porque me procurar? Eu disse: - Você se lembra quando me disse assim [...] - Claro que me lembro, o senhor precisa que eu veja [...] Então eu contei o que tinha acontecido. Quando cheguei no ̂m, agora tenho o terceiro curso que custa menos o custo da implantação. - Quanto é? - É tanto. - Eu assumo com a minha família..

4. Para ver em Deus os sinais, se era a vontade dele, se Ele que-ria a faculdade ou não, porque ao ver assim, é uma obra que a igreja devia assumir, a igreja, a primeira universidade foi fun-dada pela a igreja que deixava realmente manter viva a ciência fazendo acontecer, a ciência dos antigos, dos gregos, as grandes universidades foram implantadas pela a igreja, a francesa como a italiana, as brasileiras.”

Page 107: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

105

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

3.2.2 Entrevistas com egressos do curso

Buscou-se ainda relatos de experiências junto aos egressos do cur-so, já que participaram de toda a trajetória acadêmica inicial, acompa-nharam o desenvolvimento do curso na instituição e puderam compar-tilhar suas trajetórias e experiências acadêmicas e, consequentemente, as oportunidades de trabalho após a conclusão do curso.

Portanto foram realizadas com os egressos as seguintes perguntas: A) como observava o curso na época como aluno? E como observa o curso nos dias atuais?; B) o que marcou? evento, episódio, caso etc?; C) O curso contribui para a região? Se sim, cite exemplos. Os relatos estão apresentados a seguir.

Egressa: Natasha Viana (contadora).Resposta da pergunta A): “Na época em que ingressei na faculdade, era tudo muito precário, quadro de professor falho, sem muita expe-riência, laboratório de informática que não dava o suporte necessá-rio. A Faculdade estava apenas começando, tinham poucos livros na biblioteca e o curso sempre tinha pouquíssimos alunos. Hoje em dia, a faculdade já oferece um acervo de livro melhor, computadores me-lhores, professores mais quali ̂cados e a estrutura em si da faculdade está bem melhor”.Resposta da pergunta B): “A faculdade sempre trouxe bons cursos, apenas, por estar iniciando, as palestras sempre foram bem proveitosas. O que nos marcou muito foi a luta do nosso coordenador Professor William contra o câncer, ele era um senhor idoso e muito querido por todos nós.Resposta da pergunta C): Muito. Além de ter dado aos jovens um di-ploma de curso superior e a chance de participar de concursos, conse-guir melhores empregos, fez com que o mercado contábil, muito antigo, preguiçoso e desatualizado da nossa cidade mudasse de cara. Passamos a ter em nosso mercado, pessoas recicladas, atualizadas, com vontade de fazer o certo e se destacar.

Page 108: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

106

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Egresso: Paulo Cesar da Silva (contador).Resposta da pergunta A): Como aluno, observava o curso como uma ótima oportunidade de crescimento pro ̂ssional, muito embora perce-bêssemos pouco apoio por parte da instituição na valorização do curso, mas com o incentivo de alguns professores e com a interação do Conse-lho de Contabilidade conseguimos dar um pouco de destaque ao curso.Resposta da pergunta B): O que me marcou, mais precisamente, foi a presença do Prof. Mailton que vestia inteiramente a camisa da carreira contábil e acabou por nos contaminar nessa pro ̂ssão.Resposta da pergunta C): Com toda certeza o curso é de fundamental importância para a região, principalmente no contexto atual, de pro-fundas transformações na classe contábil, com a internacionalização das normas, e se o curso mantém a mesma linha de formação, sem som-bra de duvida a  região ganha com pro ̂ssionais mais quali ̂cados.

Egresso: Daniel Tavares (contador).Resposta da pergunta A): Na época, como aluno o curso foi muito pro-veitoso, pois para mim que já trabalhava na área, me serviu para com-preender como realmente funcionava a Ciência Contábil. Tivemos al-guns professores que deixaram a desejar, mas também tivemos ótimos professores como os prof. Oscar, Emanuel, Rivelino e outros. Durante o exame de su ̂ciência percebemos algumas di ̂culdades, mas graças ao grande Deus que consegui passar na prova de su ̂ciência. Resposta da pergunta B): A simplicidade e a maneira de ensino de al-guns professores, que com toda sua simplicidade mostravam de manei-ra fácil e e ̂ciente o conteúdo. E também grandes amigos que tive du-rante o curso (Vivian, Maria Granuzzo, Edilene, Romerito, Crystyanne, e os demais), os quais pretendo ter ao meu lado em toda eternidade. Resposta da pergunta C): Sim. O curso serviu para aperfeiçoar a quali-dade dos serviços de contabilidade prestados em toda região, sem falar na melhora ̂nanceira não só do nosso município (Quixadá), mas de todos os municípios vizinhos devido a atração de pessoas de outras re-giões para cursarem aqui.

Page 109: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

107

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Egresso: Franzé Rabelo (contador).Resposta da pergunta A): Quando eu era aluno do curso de Ciências Contábeis eu nunca imaginaria que iria aprender tanto, pois eu já era Técnico em Contabilidade há muito tempo, pois exerço  a pro ̂ssão de contabilista desde 1984  e sempre olhava com bons olhos o curso da FCRS e procurava aprender com os professores cada vez mais,  mas  sinceramente  nunca  esperava  que  alcançasse  o  patamar de hoje, e  vejo que, o curso de Ciências Contábeis  atualmente é  uma  vitrine para o  mercado de trabalho  na região do sertão central  e  de  todo  o  Estado  do  Ceará.Resposta da pergunta B): Além do grande aprendizado,  sem dúvida ne-nhuma, as  novas  amizades, os congressos que sempre tinham,  tanto em Quixadá como em outras cidades  eram ótimos,  muita  resenha,  muita  diversão  e   muitas  saudades, e nós só temos saudades de coisas boas.Resposta da pergunta C): E  muito. Eu conheço particularmente muitos pro ̂ssionais que concluíram o curso de Ciências Contábeis na FCRS e estão exercendo dignamente a pro ̂ssão tanto na área privada como na área pública, valorizando cada vez mais a classe contábil, então meus amigos alunos  e  futuros  pro ̂ssionais,  sigam em frente, nós somos os médicos das empresas, empresa nenhuma vive sem contador,   o contador é muitas vezes o administrador da empresa, é o advogado da empresa, é o o� ce-boy da empresa, é o motorista da empresa, é o peão da empresa  e  sempre  estaremos no  mercado, pois este mercado, precisa de nós contadores. Um  grande  abraço  a  todos e  estaremos sempre  à disposição.

Egresso: Gilneide Rabelo (contadora)Resposta da pergunta A): Em relação a estrutura (salas, ar condiciona-do, material...) não tenho do que reclamar, a faculdade desde o início dotada de ótima estrutura. Em relação aos professores: Tivemos profes-sores bons e outros MUITO BONS que é o caso do: Oscar, Mailton, Em-manuel, Stânia, Edson Lopes. Os demais confesso que tinha situações até engraçadas porque tinha um professor que toda semana mandava um e-mail: “convalescendo de um vírus desconhecido na garganta”. E por esse motivo não podia dar aulas.

Page 110: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

108

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Resposta da pergunta B): Sempre gostei do curso, aprendi a gostar re-almente de contabilidade pois, era o que o meu bolso podia pagar então, não fazia sentido fazê-lo por fazer. Duas coisas que me marcaram foi: O ECECIC realizado no campus I da faculdade e a apresentação da mi-nha monogra ̂a, pois participei da organização do evento e na minha monogra ̂a eu apresentei faltando alguns dias para ser mãe, eu estava grávida do João e deu tempo terminar o trabalho cientí ̂co e participar da cerimônia de encerramento do curso. Até brinquei com a banca jul-gadora: disse que se eles me reprovassem eu passaria mal e ai seria pior.Resposta da pergunta C): Sim. Quixadá cada dia que passa cresce, au-menta os empreendimentos e o contador é peça fundamental para essa evolução. E um exemplo de que o curso contribuiu é que tem pessoas que se formaram na Católica e montaram suas empresas de contabi-lidade: Cesar Junior, C3 Contabilidade. Portanto, digo que, entrei na contabilidade sem saber direito o que era, “perdida” um pouco, mas hoje, é meu orgulho, meu sustento, tenho prazer no que faço e só quero estudar e vivenciar essa experiência todos os dias de minha vida.

Egresso: Riannya Carla (contadora)Resposta da pergunta A): Percebia o curso um pouco abandonado, na minha concepção não se tinha interesse dos responsáveis, observava mais disponibilidade e recursos voltados para os cursos nas áreas da saúde, porém o curso funcionava bem com ótimos professores e insta-lações, salas muito confortáveis, mas faltava incentivo para atividades extra curriculares que quase nunca existiam, mas apesar de todas as di- ̂culdades, eu tinha muito orgulho e prazer de cursar, pois estava tendo

a oportunidade de ver um curso novo se desenvolver, para mim a expe-riência foi maravilhosa imaginar que a alguns anos atrás só existia uma turma de ciências contábeis e hoje o curso tomou grandes proporções. Resposta da pergunta B): O que mais me marcou foi o fato de ser uma única turma então se tinha muita cumplicidade entre os alunos, formei laços de amizade que permanecem até hoje, adorávamos nos reunir ao redor da grama para conversar. Um episódio que me chamou muita atenção e que eu nunca esqueci foi um professor de matemática aplica-da, que tinha um jeito muito estranho de dar aulas, ele fazia os cálculos

Page 111: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

109

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

e no ̂nal ele dizia, ou melhor, ele gritava e apontava para o quadro: “E é ali que ̂ca o resultado”, e assustava todo mundo, mas no ̂nal sempre acabava em gargalhadas.Resposta da pergunta C): Com certeza! O mercado de trabalho ̂cou mais exigente, começou a dar oportunidade aos estudantes que se des-tacavam, possibilitando grandes oportunidades pro ̂ssionais; para os comerciantes é de grande valia a contratação de estagiários; aumentou a oportunidade de trabalho aos pro ̂ssionais da cidade, não havendo mais necessidade de buscar pro ̂ssionais fora de Quixadá; o consumo dos alunos que vem de outra cidade para morar em Quixadá, possibili-tou o crescimento de vários empresários.

3.3 EVOLUÇÃO DO CURSO E RECONHECIMENTO

Com o passar do tempo, naturalmente, o curso veio galgando maior credibilidade pela comunidade acadêmica e valorização pela so-ciedade. Tanto é verdade que com o passar dos períodos letivos, em cada semestre o curso vem matriculando alunos novatos próximo à quantidade máxima de alunos por turma, con ̂rmando o aumento de demanda pelo curso por sua credibilidade e crença nos benefícios que o mesmo pode trazer para os estudantes, pro ̂ssionais e sociedade de modo geral.

Pode-se a ̂rmar que o ápice do curso, até o dia de hoje, foi o seu reconhecimento com mérito e louvor pelo Ministério da Educação (MEC, 2012), obtendo conceito 4 (quatro), na última visita de avaliação da comissão do MEC, publicada por meio da Portaria DIREG/MEC nº 274, de 14 de dezembro de 2012, no DOU de 17 de dezembro de 2012 (BRASIL, 2012).

A cada dia que passa, pode-se observar o otimismo dos alunos atu-ais e egressos, que se utilizam do aprendizado das disciplinas estudadas em prol de suas pro ̂ssões e para o desenvolvimento social e econômico local. Cada vez mais o curso vem alcançando status de respeito, valori-zação e credibilidade da sociedade, justi ̂cados pelos seus bons resulta-dos alcançados e por possuir um atuante conselho de classe (Conselho Regional de Contabilidade).

Page 112: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

110

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Além da evolução qualitativa do curso, em sua estrutura física, do corpo docente e investimentos, para melhor ilustrar também a sua evo-lução quantitativa, apresentam-se os grá ̂cos 1 e 2, que demonstram o quantitativo de alunos ingressantes, matriculados e egressos por se-mestre letivo e o quantitativo de ingressos por ano completo, respecti-vamente, desde o primeiro período da criação do curso com a primeira turma matriculada.

Grá% co 1 – Total de ingressos, matriculados e egressos por semestre letivo (período de 2004 a 2013).

Fonte: Elaborado pelos autores, com base em informações da secretaria acadêmica da FCRS (2013).

O grá ̂co 1 mostra uma tendência evolutiva constante, com base na linha de tendência, em relação aos alunos matriculados desde sua origem aos dias atuais, con ̂rmando a demanda crescente do público pelo curso.

Grá% co 2 – Total de ingressos por ano completo (período de 2004 a 2013).

Fonte: Elaborado pelos autores, com base em informações da secretaria acadêmica da FCRS (2013).

Page 113: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

111

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Assim como ocorrido no grá ̂co 1, o grá ̂co 2 também evidencia claramente uma tendência evolutiva constante no decorrer dos anos, em relação aos alunos ingressantes no curso desde sua origem, con ̂r-mando a demanda crescente do público pelas ciências contábeis, por tudo que representa para a sociedade, pro ̂ssionais, estudantes, econo-mia etc.

Ressalta-se ainda que a Católica de Quixadá encontra-se em pro-cesso de transferência de mantenedora, e consequentemente, o curso de contabilidade, assim como os demais cursos da instituição, passará da mantenedora Diocese de Quixadá para a Associação Educacional e Cultural de Quixadá.

4 ESTÁGIOS

O estágio constitui um período de estudos práticos para a aprendi-zagem e a experiência, envolvendo supervisão, revisão, correção e exa-me cuidadoso, trazendo resultados de forma adequada (ALVARENGA; BIANCHI; BIANCHI, 1998).

O curso de Ciências Contábeis da Católica de Quixadá, além da contribuição para a formação cidadã e cristã de seus alunos, preocupa-se em bem formar o profissional para atuação compe-tente no mercado de trabalho. Nesse aspecto, nos dois últimos se-mestres para a conclusão do curso, os alunos passam por experi-ências em estágios curriculares em órgãos e empresas conveniadas com a instituição.

Nesses estágios os alunos têm a possibilidade de agregar conheci-mentos práticos aos seus conhecimentos teóricos adquiridos durante todo o curso, de forma que esse contato com a prática in loco possa ser mediado pelos conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Esse tópico permite apresentar algumas experiências, na forma de imagens que foram feitas por ocasião de visitas recentes de acompa-nhamento dos estágios pelo professor junto às instituições públicas e privadas que recebem os alunos estagiários.

Page 114: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

112

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

É consenso entre os docentes ser de extrema valia os estágios para a complementação de sua formação acadêmica e preparação pro ̂ssional, visto que favorece o aprendizado e a retenção de experiências práticas com pro ̂ssionais atuantes na área.

Page 115: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

113

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Comungam com esta ideia as entidades conveniadas, órgãos e em-presários que recebem os estagiários do curso durante o período letivo, a ̂rmando ser relevante e se faz e ̂caz o estágio para a vida dos futuros pro ̂ssionais da área, pois contribui para o desempenho de suas fun-ções, de forma ética e competente no cenário real da pro ̂ssão e de-fendem a maximização das políticas de acompanhamentos diretos dos professores junto aos alunos no campo de estágio, pois ajudam no es-clarecimento de dúvidas relacionadas à área de atuação dos estagiários e sugestões de melhoria para os processos de estágios.

Em levantamentos com base em entrevistas realizadas em 2012 junto a alguns empresários de contabilidade conveniados com a ins-tituição, algumas questões puderam ser apresentadas demonstrando a visão dos conveniados sobre os estagiários, conforme apresentado abai-xo em relatos:

FZ Contabilidade (Franzé): Possui 3 estagiários e disse estar mui-to satisfeito e por conta disso já efetivou 2 deles. A ̂rma que estão muito bem preparados e são esforçados. Atribui para os estagiários nota 7 que para ele é excelente. A ̂rma não está arrependido, pois é um serviço muito bem acompanhado semanalmente e de forma rigorosa.

MARB Contabilidade (Daniel): Teve estagiário, mas hoje em dia não tem mais. Considera que os alunos desempenharam um tra-balho razoável. Numa nota de 0 a 10 foi dado 9, não tendo nada a reclamar dos estagiários.

SS Contabilidade (Sônia Solange): A avaliação para alguns estu-dantes não é muito boa. Ela a ̂rma que a exigência de monogra ̂a faz com que eles estudem mais e se esforcem mais. A ̂rma ser ne-cessário um maior acompanhamento, pois ocorrem algumas vezes problemas de faltas.

De fato, são bastante proveitosas as atividades prestadas pelos esta-giários do curso, contudo melhorias permanentes devem ser adotadas

Page 116: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

114

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

para um bom desempenho e satisfação mútua. Políticas de controle e acompanhamento de estágios estão sendo adotadas para uma melhor e ̂cácia e e ̂ciência das atividades.

5 AÇÕES DESENVOLVIDAS

O curso de Ciências Contábeis busca permanentemente desenvol-ver ações em prol da agregação de valor social e econômico da comu-nidade acadêmica e da região local onde está inserido e, sobretudo, da troca de experiências de seus discentes com as demandas sociais.

Dentre as ações realizadas pelo curso, podem-se citar algumas mais recentes, que estão listadas a seguir.

5.1 SERVIÇOS GRATUITOS PARA A COMUNIDADE

Alunos e professores do curso de Ciências Contábeis participam ativamente de todos os Superações realizados pela Católica de Quixadá em prol do desenvolvimento social da comunidade local, promovendo a integração da instituição com as diversas partes interessas da sociedade.

Nesses eventos, diversos serviços são oferecidos gratuitamente para comunidade, dentre esses: consultoria sobre a entrega obrigatória da declaração de imposto de renda da pessoa física (DIRPF) e de pessoa jurídica (DIPJ); formalização de microempreendedores individuais e de micros e pequenos negócios; consultoria sobre tributação, aposentado-ria, regimes de trabalho, dentre outras consultorias a ̂ns à área contábil.

Esse tipo de serviço oferece um retorno institucional amplo, como a promoção da Católica de Quixadá junto à comunidade local, divulga-ção do curso e integração da instituição com a sociedade.

5.2 I JORNADA ACADÊMICA DO CURSO DE CIÊNCIAS CON-TÁBEIS (I JOACIC)

O Curso de Ciências Contábeis, por meio da coordenação e do centro acadêmico Lucca Pacciolo, promoveram em 2013 a 1ª Jornada Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis. O evento foi realizado com

Page 117: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

115

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

o total apoio institucional e contou com a participação dos alunos do curso, pro ̂ssionais da classe contábil de Quixadá e cidades circunvi-zinhas, bem como com a participação de representantes do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Ceará, de renomados pro ̂s-sionais que vieram palestrar e agregar conhecimento para os partici-pantes. O evento comemorou o dia nacional do Contabilista e tratou de diversos temas de interesse da classe contábil e para o desenvolvimento da economia regional e nacional.

Eventos dessa natureza promovem a instituição junto à comuni-dade, bem como contribui com a divulgação do curso e a integração da instituição com a comunidade, entre alunos e pro ̂ssionais e desses com o Conselho de Classe (CRC-CE).

5.3 PARCERIA COM A SECRETARIA DO TRABALHO E DESEN-VOLVIMENTO SOCIAL

Em 2013 foi ̂rmada uma parceria com o Governo do Ceará, jun-to à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, por meio da Coordenadoria de Empreendedorismo, com o ̂to de estimular o em-preendedorismo na região do Sertão Central com a participação dos alunos.

Utilizando-se das instalações da Empresa Júnior, com a partici-pação dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Sistemas de Informação, foram realizados cursos de formação de consultores sobre o empreendedorismo para os alunos, que saíram às ruas da re-gião para proporcionar a formalização de microempreendedores in-dividuais e realizar consultorias visando a melhoria de suas atividades econômicas exploradas. Para o desenvolvimento dessas atividades, os alunos consultores foram devidamente remunerados pelos serviços que prestaram para o governo estadual em prol do desenvolvimento econômico da região.

Estas ações auxiliam a divulgação dos cursos envolvidos, da Em-presa Júnior, agrega experiência prática para os alunos e, sobretudo, propicia o desenvolvimento econômico e social da região.

Page 118: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

116

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo abordou sistematicamente sobre a história e evolução do curso de Ciências Contábeis, discorrendo sobre as experiências de pessoas envolvidas diretamente com a origem e implantação do curso, por meio de relatos de experiências do bispo emérito de Quixadá, Dom Adélio, fundador da Católica de Quixadá e de alunos egressos do curso, bem como tratou sobre algumas ações desenvolvidas para o favoreci-mento do desenvolvimento social e econômico da região e sobre as ex-periências ocorridas nos estágios curriculares em entidades convenia-das com a instituição, trazendo relatos de algumas pessoas responsáveis pela contratação dos estagiários.

O presente estudo alcançou seus objetivos propostos, de apre-sentar as experiências e ações realizadas pelo curso de ciências contábeis da Católica de Quixadá, em favor do desenvolvimento social e econômico da região, além de relacionar as ações do curso com o desenvolvimento local e destacar a importância do curso no cenário local.

Veri ̂ca-se a relevante contribuição do bispo emérito de Quixadá, Dom Adélio, para a realização do sonho de implantar uma faculdade no sertão central cearense, e, consequentemente, para a abertura, auto-rização e reconhecimento do curso, que hoje se encontra com conceito 4 (quatro) emitido pelo MEC.

Importantes relatos também foram apresentados por egressos do curso que evidenciaram os desa ̂os, os marcos e as contribuições que o curso oferece para a sociedade. Bem como sobre os estágios curricula-res, onde o aluno tem espaços nos campos de estágios para colarem em prática o conteúdo absorvido em sala de aula, sendo possível reconhe-cer, por meio de relatos dos envolvidos, que os alunos do curso auxi-liam nas atividades pro ̂ssionais desempenhadas nos estágios, porém precisa-se de políticas mais e ̂cazes, com vista o aperfeiçoamento no controle das atividades dos estagiários.

Page 119: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

117

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

De modo geral, verifica-se que o curso vem galgando seu espa-ço e se destacando, encontrando-se em plena e crescente evolução, tanto em aspectos qualitativos, quanto quantitativos, motivado pelo reconhecimento da importância que a contabilidade tem sobre a vida das organizações e das pessoas. E os trabalhos continuam para melhorar ainda mais o desempenho do curso, de seu corpo docente e discente.

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, Marina; BIANCHI, Ana Cecília de Moraes; BIANCHI, Roberto. Manual de orientação: estágio supervisionado. São Paulo: Pioneira, 1998.

BRASIL. Portaria MEC nº 157, de 12 de janeiro de 2004. Diário O% cial da União, Brasília, DF, 14 janeiro 2004. Seção I, p.14.

BRASIL. Portaria MEC nº 274, de 14 de dezembro de 2012. Diário O% -cial da União, Brasília, DF, 17 dezembro 2012. Seção I, p.24.

CFC. Conselho Federal de Contabilidade. 2013 Ano da Contabilidade. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/>. Acesso em: 19 de agosto de 2013.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.

PPC. Projeto Pedagógico do Curso de Ciências Contábeis. Faculdade Católica Rainha do Sertão, 2011.

Page 120: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

118

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

SOBRE OS AUTORES

Danival Sousa CavalcanteGraduação em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Cea-rá – UFC. Especialização em Contabilidade e Planejamento Tributário pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Mestrado em Administra-ção e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Contato: [email protected].

Valter de Souza PinhoGraduação em Administração pela Universidade Capital – SP. Especia-lização em Administração pela Universidade Capital – SP. Mestrado em Administração pela Fundação Mineira de Educação e Cultura – FUMEC. Contato: [email protected].

Armstrong Braga FerreiraGraduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Ceará – UECE. Especialização em Controladoria e Auditoria. Mestrando em Educação (UMA). Contato: [email protected].

Rivelino Duarte CostaLicenciatura com habilitação em Matemática e física pela Universidade Estadual do Ceará – UECE. Mestrando (PROFMAT). Contato: [email protected].

Oscar Lourenço da Silva NetoGraduação em Ciências Contábeis Universidade Federal do Ceará – UFC. Pós-Graduação em Gestão de Negócios Faculdade Integrada do Ceará – FIC. Contato: [email protected].

Page 121: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

119

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

A atividade acadêmica por meio de ações jurídicas sociais poten-cializa o acesso à justiça, haja vista que viabiliza o direito constitucional-mente estabelecido a todos de poder dirigir-se ao Judiciário e requerer a solução do litígio de� agrado outrora.

Nesse contexto deve-se ressaltar a atuação acadêmica como me-canismo integrador da comunidade à seara jurídica, através da proli-feração de atividades em parceria com a Defensoria Pública Estadual que viabilize o direito de informação, bem como o direito de petição da parte que almeja a solução de seu problema.

Assim sendo, mister faz-se enfocar as atividades de índole social desenvolvidas pelo Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade Católica Rainha do Sertão, que em parceria com a Defensoria Pública Estadual exerce atividade de efetiva relevância no âmbito social, a medida que pugna por viabilizar o atendimento comunitário e ̂caz como forma de propiciar ao assistido o direito fundamental de acesso à justiça.

Ademais, insta salientar que o Núcleo de Práticas Jurídicas exerce ainda papel de signi ̂cativo relevo no amadurecimento jurídico e pro- ̂ssional dos discentes, de modo que propicia a estes, através de um

contato direto com a comunidade a formalizar atividades inerentes a formação digna, humana, social e jurídica de um operador do direito.

Nesse diapasão a presente pesquisa apresentar-se-á através de exposições fáticas do cotidiano das atividades desenvolvidas junto ao Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade Católica Rainha do Sertão,

A RELEVÂNCIA DAS AÇÕES JURÍDICAS SOCIAIS

COMO MECANISMO DE ACESSO À JUSTIÇA

hSimone Albuquerque de OliveiraLucas Dasaieve de Sousa Freitas

Willamy Pinheiro AlvesSemiramys Fernandes Tomé

Page 122: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

120

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

agregada a pesquisas de índole doutrinária, jurisprudencial, bem como na análise pormenorizada de diplomas legais que perpassam a análise de objeto desta pesquisa.

Destaque-se ainda que a pesquisa em análise dividir-se-á inicial-mente na explanação concisa dos aspectos históricos da evolução do conhecimento na ótica social, perpassando seguidamente pela análise da integração social através do universo acadêmico e, por ̂m, debruça--se na análise da relevância social como mecanismo de acesso à justiça das atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Práticas Jurídicas da Facul-dade Católica Rainha do Sertão.

2 BREVE ANÁLISE HISTÓRICA DA EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO

No que concerne à análise da evolução histórica do conhecimento no contexto social, bem se observa que na antiguidade a educação e o conhecimento eram repassados apenas para um grupo seleto de pessoas que detinham o poder e pertenciam as classes mais nobres da sociedade, assim delineando-se no Antigo Egito, Grécia, e outras nações da época.

Nesse contexto, pode-se aferir claramente que o conhecimento encontrava-se adstrito apenas às classes dominantes, de modo a limitar o amplo acesso social ao conhecimento como mecanismo contendor de revoluções sociais por questões mais justas e dignas.

Ao deliberar acerca das nuances do conhecimento no âmbito da so-ciedade grega de outrora bem aduz Marcos Alfrêdo Correa (2013) in verbis:

Entre os povos da antiguidade, em matéria de educação, os gregos são os que mais se sobressaem, é na Grécia Antiga que surgem as primeiras teorias educacionais. A compreensão de cultura e do lu-gar ocupado pelo individuo na sociedade re� ete-se no ensino e nas próprias teorias.A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tan-to no seu destino exterior como na sua estruturação interna e de-senvolvimento espiritual; e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pelos valo-res válidos para cada sociedade.

Page 123: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

121

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Nesse ínterim, pode-se aferir que, apesar de altamente evoluída no que tange à disseminação da educação e na busca do conhecimento, a sociedade grega ainda encontrava-se limitada no que tange à difusão da informação e do conhecimento do âmbito social, posto que clássi-co é a divisão da sociedade grega entre ̂lósofos e trabalhadores, onde aos ̂lósofos era estabelecido o amplo acesso ao conhecimento, estudo e informação, sendo inclusive em face destes estudos que várias análises ̂losó ̂cas se delinearam e se propagaram para a posteridade com signi- ̂cativa valia; já quanto aos gregos voltados ao exercício do labor diário,

observa-se que a estes o acesso ao conhecimento era bastantes restrito e limitado, o que inviabilizava a propagação de informações e impedia o efetivo crescimento social em sua essência.

Em análise à questão alusiva ao conhecimento na Idade Média, observa-se que a característica da pouca difusão de conhecimentos às massas menos favorecidas não mudou muito, ̂cando, porém, o clero da igreja como o detentor de maior parte do conhecimento.

Observa-se como característica precípua da era medieval a questão da supremacia dos preceitos difundidos pela Igreja Católica, o que cul-minava com uma certa restrição da propagação do conhecimento ape-nas aos clérigos e aos nobres, encontrando-se ainda a classe camponesa fadada à ignorância.

Deliberando acerca de como se dava o ensino universitário na era medieval bem estatui Fabrício Santos (2013):

A partir do ̂nal do século XII, começaram a surgir em diversas cidades europeias as primeiras universidades que eram controla-das diretamente pela Igreja Católica. Em relação aos cursos, um dos principais era o de Teologia, entretanto, havia também cursos como o de Direito e Medicina. Entre essas primeiras universidades, destacam-se Salermo, Paris, Oxford, Cambridge, Montpellier, Sala-manca, Nápoles, Roma e Coimbra.Essas primeiras universidades, além da in� uência católica, eram frequentadas somente por pessoas que possuíam condições eco-nômicas.  Portanto, o seu acesso não era tão democrático como as universidades dos dias atuais. Outra caraterística era a falta de auto-nomia em relação à publicação de ideias que poderiam não agradar

Page 124: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

122

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

os membros do clero, que ̂scalizavam a produção intelectual. Foi somente a partir do período conhecido por Renascimento, em me-ados do século XV e XVI, que os intelectuais conquistaram mais autonomia para criar alternativas a esse padrão de educação con-trolado pela Igreja.

Veri ̂ca-se assim que o ensino universitário no período medieval

ainda encontrava-se adstrito aos ensinamentos e limitações propagadas pela Igreja Católica, resultando em ideias surgidas no âmbito acadêmico.

Com a chegada do período renascentista e a idade moderna o co-nhecimento passou a ser difundido entre as classes sociais, haja vista tratar-se de período onde a busca de novas ideias e a disseminação do conhecimento fora bastante enriquecido.

Veri ̂ca-se que com a colonização brasileira o acesso ao conheci-mento era limitado aos portugueses, de modo que os nativos brasileiros continuavam a ter por conhecimento o que inicialmente difundiam em face da cultura indígena. No que concerne aos aspectos da evolução his-tórica do conhecimento no Brasil a valorização da educação se eviden-ciou após a proclamação da República no ano de 1889. Deste momento em diante a busca por uma educação de mais qualidade é uma constan-te em nossa realidade.

No entanto observa-se que até os dias atuais a sociedade brasileira ainda encontra limitações na propagação do direito de informação e acesso ao conhecimento, mesmo tratando-se o direito à educação e ao ensino como direito fundamental com guarida constitucional. Tal fator mostra-se assente no seio social brasileiro em face da ausência de razo-áveis condições de vida, haja vista que grande parte da população bra-sileira ainda encontra-se abaixo da linha da pobreza, o que inviabiliza a estas o acesso a direitos básicos do cidadão.

Nesse contexto, observa-se que o papel do universo acadêmico como instrumento apto a auxiliar com signi ̂cativa e ̂cácia o deslinde de direitos sociais básicos mostra-se de suma relevância, em especial, no que tange ao acesso social ao conhecimento e ao acesso à justiça. Partindo-se da premissa de propagar o conhecimento jurídico no seio social e viabilizar o amplo acesso à justiça das comunidades hipossu ̂-

Page 125: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

123

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

cientes é que se delineiam as atividades do Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade católica Rainha do Sertão.

3 O UNIVERSO ACADÊMICO COMO MECANISMO DE INTEGRAÇÃO

A Faculdade Católica Rainha do Sertão, apesar de possuir estrutura física localizada no Município de Quixadá possui signi ̂cativa parcela de seu corpo discente composto por moradores de diversos municípios da Região do Sertão Central e até mesmo de outras regiões, tais como, Quixeramobim, Senador Pompeu, Morada Nova, Baturité, Crateús, Pe-dra Branca, Banabuiú, Capistrano, Ibaretama, Ibicuitinga, Limoeiro do Norte, Mombaça, Quixeramobim e etc.

Desta maneira o compromisso da Instituição de Ensino não pode-ria ̂car adstrito apenas ao espaço físico onde se delineiam as principais atividades acadêmicas, posto que a Faculdade Católica, através do de-senvolvimento de atividades em conjunto com seus docentes e discen-tes disseminam o conteúdo aplicado nas salas de aulas à população dos municípios de toda a região.

Assim também são os trabalhos aplicados, que algumas vezes con-ta com dados, informações e conteúdo de pesquisas de várias cidades promovendo uma interação regional e de conhecimento.

Nesse ínterim, veri ̂ca-se que o universo acadêmico apresenta-se de signi ̂cativo relevo na propagação de conhecimento ante a socieda-de, posto que as ações integradas entre a Faculdade Católica e a popu-lação municipal, no qual a mesma encontra-se inserida, bem como nos municípios próximos, viabilizam o crescimento e o acesso social, assim como o atendimento jurídico delineado no âmbito do Núcleo de Práti-cas Jurídicas.

4 O NÚCLEO DE PRÁTICAS JURÍDICAS E AS AÇÕES SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DE ACESSO À JUSTIÇA

Diante da evolução do conhecimento a Faculdade Católica Rai-nha do Sertão ensina aos seus alunos não somente as teorias, mas como

Page 126: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

124

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

aplicá-las na prática e em favor da coletividade, não mantendo o conhe-cimento preso nos muros na Instituição de Ensino e sim o comparti-lhando com os demais membros da sociedade.

No Núcleo de Práticas Jurídicas - NPJ, os atendimentos a população mais carente é uma realidade constante, alunos do curso de direito super-visionados pelos professores, confeccionam petições, realizam audiências de conciliação e mediação, e repassam informações jurídicas pertinen-tes a cada caso concreto, dando a todos atendimento digno e respeitoso, transmitindo o conhecimento adquirido de forma simples e clara.

Nesse contexto, veri ̂ca-se naquele Núcleo de Práticas Jurídicas pessoas hipossu ̂cientes que pugnam por acesso à assistência jurídica para a efetivação com e ̂ciência de seus direitos objeto de litígio, veem sanado seus problemas de outrora, na grande maioria das vezes, através da simples intermediação do estudante acadêmico devidamente orien-tado pelo docente, fazendo-se, pois, necessário habilidade para assinar um acordo viável a ambas as partes.

Desta forma, observa-se que as atividades realizadas no âmbito do Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade Católica consistem em ins-trumentos aptos a viabilizar o efetivo acesso à justiça.

O acesso à justiça consiste em direito fundamental que encontra guarida constitucional no âmbito do art. 5º, inciso XXXV da Constitui-ção Federal de 1988 que assim prevê: Art. 5º [...] XXXV – “a lei não ex-cluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” [...].

Nesse sentido, observa-se o quão essencial mostra-se o deslinde das atividades de cunho social delineadas no âmbito universitário, de modo que propicia à parte a solução efetiva do seu con� ito, o direito constitucional de esta dirigir-se ao Judiciário e simplesmente requerer que o Estado-Juiz solucione a lide.

Deliberando a respeito da questão alusivo ao acesso à justiça bem estatui Bernardo Gonçalves Fernandes (2010, p. 331):

Havendo então um juízo competente prede ̂nido pela ordem jurí-dica, nenhum caso que envolva lesão ou mesmo a ameaça de lesão poderá ser excluído da apreciação do Poder Judiciário. A isso se pode denominar de acesso à justiça (art. 5º, XXXV), como garantia de resolução legítima – com negação da autotutela- dos con� itos existentes entre particulares ou entre estes e o Estado.

Page 127: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

125

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Ocorre que muitas vezes este direito encontra-se inviabilizado em face da ausência de conhecimento da parte quanto aos mecanismos a serem utilizados na solução da querela, ou simplesmente, não se sabe a quem recorrer para postular em juízo em seu favor. Assim sendo, ob-serva que o direito de acesso à justiça muitas vezes encontra óbice em face da realidade social.

Nesse sentido apresenta-se de suma importância a atividade aca-dêmica em propagar o conhecimento jurídico extramuros da seara aca-dêmica, através do atendimento àqueles que muitas vezes não tem o menor conhecimento de como agir para ̂ndar o con� ito.

Vê-se, pois que esses mesmos alunos transpassam as barreiras físi-cas da faculdade, para ministrar palestras de cunho jurídico, dos mais variados temas. Escolas de ensino fundamental e médio, conselho da mulher, e muitos outros lugares acolhem esses estudantes que anseiam por disseminar informações para homens e mulheres, jovens e adultos dispostos a tomarem conhecimento de seus direitos e deveres.

Essas ações mudam a maneira como os alunos veem a realidade social a qual estão inseridos, mudando e aperfeiçoando assim alguns de seus posicionamentos, de modo que propicia ao acadêmico aferir que tornar-se um pro ̂ssional detentor de graduação não implica exclusiva-mente em absorver com dedicação os conteúdos ministrados em sala de aula, mas também em desenvolver atividades de cunho social, de modo a agregar ao conhecimento universitário atividades sociais de relevo.

Portanto, essas ações modi ̂cam também o acadêmico e pode pro-mover uma transformação íntima neste futuro pro ̂ssional que está se formando, haja vista desenvolver no mesmo não só a necessidade de busca incessante pelo conhecimento, mas também em viabilizar a apli-cação deste no seio social, e isto pode-se aferir diariamente através das atividades desenvolvidas junto ao Núcleo de Práticas Jurídicas da Fa-culdade Católica.

4.1 DO ATENDIMENTO AO PÚBLICO

No deslinde do atendimento ao público junto ao Núcleo de Práti-cas Jurídicas da Faculdade Católica, os acadêmicos desenvolvem o aten-

Page 128: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

126

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

dimento através da análise do caso em concreto apresentado pela parte assistida, de modo a veri ̂car a adequação do caso ao direito.

Em observância pormenorizada ao caso narrado, o acadêmico através da orientação constante do docente adstrito à disciplina confere os documentos apresentados pelas partes e ̂naliza o atendimento ao público, passando, por conseguinte a análise jurídica especí ̂ca do caso apresentado.

Quando da análise do caso, o acadêmico viabilizará a elaboração da peça processual cabível ao caso em concreto ora exposto ao mesmo, com a realização concomitante de pesquisas jurídicas no âmbito do la-boratório de práticas e da biblioteca da Faculdade Católica, de modo a tornar a peça processual sob sua responsabilidade apta à tutelar o direi-to almejado pela parte assistida.

Findo o momento de elaboração da peça processual o acadêmico passará a discussão dos pontos de dúvidas e questionamentos com o docente, que viabilizará os esclarecimentos jurídicos necessários à for-mação do conhecimento pelo aluno.

Assim sendo, observa-se o quão relevante mostra-se o atendimen-to ao público delineado pelo Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade Católica, posto que concomitantemente propicia ao acadêmico o acesso ao conhecimento e, viabiliza o efetivo atendimento à sociedade que an-seia por justiça.

4.2 DA COMPOSIÇÃO DO LITÍGIO ATRAVÉS DA MEDIAÇÃO

A mediação com instrumento de solução pací ̂ca e extrajudicial dos con� itos delineados no seio social apresenta-se como mecanismo de natureza signi ̂cativamente e ̂caz, haja vista que propicia a solução da lide sem a necessária intervenção do Estado-Juiz.

Nesse sentido, bem estatui Elpídio Donizetti (2012, p. 33) ao tratar dos contornos da mediação:

A mediação também é técnica de estímulo à autocomposição. Um terceiro (mediador), munido de técnicas adequadas, ouvirá as par-tes e oferecerá diferentes abordagens e enfoques para o problema, aproximando os litigantes e facilitando a composição do litígio. A

Page 129: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

127

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

decisão caberá às partes, jamais ao mediador. A mediação asseme-lha-se à conciliação, uma vez que ambas visam à autocomposição. Dela se distingue somente porque a conciliação busca, sobretudo acordo entre as partes, enquanto a mediação objetiva debater o con-� ito, surgindo o acordo como mera consequência. Trata-se mais de uma diferença de método, mas o resultado acaba sendo o mesmo. (DONIZETTI, 2012)

Nesse contexto observa-se que a mediação apresenta-se como rico instrumento apto a “desafogar” o Judiciário da gama de processos que diuturnamente integram o mesmo, o que acaba, por conseguinte, por inviabilizar a efetiva prestação jurisdicional.

A mediação é exercida no âmbito do Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade Católica através dos acadêmicos que, sob a orientação do docente devidamente habilitado, buscam a composição extrajudicial da lide outrora apresentada pelas partes assistidas.

4.3 DA PROPAGAÇÃO DO CONHECIMENTO JURÍDICO ATRA-VÉS DAS PALESTRAS COMUNITÁRIAS DO NPJ

Dentre as diversas atividades delineadas no âmbito do Núcleo de Práticas Jurídicas que buscam o efetivo atendimento à comunidade, além do deslinde do atendimento ao público na busca da efetiva solu-ção do litígio perpassado pela parte assistida, ainda desenvolvem-se as palestras comunitárias, de acordo com a disciplina prática lecionada.

No delinear das palestras comunitárias sobre temas relevantes de direito penal, inerente, pois, a disciplina de prática forense penal, os acadêmicos perpassam os muros da Faculdade Católica e adentram no seio social, levando a comunidade de forma clara, simples e acessível alguns conhecimentos jurídicos da área penal que em muito interessa no âmbito social.

Desse modo, o ensino-aprendizado universitário ganha um novo contorno, posto que além de propiciar o acesso ao ensino aos próprios acadêmicos que irão proferir as palestras com a devida orientação do docente, viabiliza concomitantemente o acesso social à informações de teor jurídico-penal.

Page 130: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

128

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Nesse ínterim, mister faz-se salientar as diversas palestras comu-nitárias delineadas no âmbito do Núcleo de Práticas Jurídicas da Fa-culdade Católica no semestre de 2013.1, onde os acadêmicos, inclusive dirigiram-se ao município de Banabuiú, buscando propagar o combate à violência contra a mulher, através da palestra sobre a Lei Maria da Penha, bem como na busca do combate ao bullying com a observância especí ̂ca das consequências jurídico-penais quando da prática do mes-mo. No município de Quixadá, diversas foram as palestras proferidas nas escolas públicas locais, de modo a informar professores e alunos da rede pública de ensino sobre temas da seara penal que se encontram em voga no contexto social, tais como: as medidas socioeducativas aplica-das ao adolescente em con� ito com a lei; a questão do trá ̂co de drogas como mazela social e a tipi ̂cação delitiva deste crime; a questão das novas vertentes dos crimes contra à dignidade sexual; e, por ̂m, a aná-lise dos crimes contra a honra proliferados no âmbito das redes sociais.

Observa-se, pois, que com a propagação das palestras comunitá-rias o universo acadêmico busca um mecanismo de integração entre o social e a academia, de forma a bene ̂ciar ambas as partes na difusão do conhecimento e das atividades sociais.

O nosso ordenamento constitucional foi erigido tendo como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana. Dessa forma, as atividades dos três poderes, bem como de toda a sociedade, devem ser pautadas pelo respeito a esse princípio, aqui inserido inclusive o direito à informação condigna como se dá.

Discorrendo sobre a questão da dignidade da pessoa humana bem aduz Lucas Dasaieve Sousa de Freitas (2013):

Decorre da Dignidade Humana diversas garantias fundamentais, as quais visam conferir ao indivíduo o gozo de uma vida digna, na qual possa desenvolver-se livremente, realizar-se e ser feliz, respeitada sua autonomia de vontade, en ̂m: livre de interferências ilícitas que lhe prejudiquem sua autoestima bem como sua reputação.

Page 131: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

129

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Alguns dos direitos que visam alcançar este escopo são os direitos à intimidade, à vida privacidade, à honra e à imagem, que embora di-versos, apresenta fortes ligações quando são violados, pois na prática, a violação a um deles geralmente compromete a outro(s) deles. A Cons-tituição Federal de 1988, em seu art. 5º, X, conferiu um caráter de in-violabilidade a essas garantias, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente da violação a uma delas.

Ao deliberar sobre a questão da tutela infraconstitucional da digni-dade da pessoa humana aborda Lucas Dasaieve Sousa de Freitas (2013):

Também infraconstitucionalmente vê-se o compromisso do nosso ordenamento em proteger essa faceta da dignidade da pessoa hu-mana, quando, por exemplo, no Código Penal foram previstos os crimes contra a honra: calúnia, difamação e injúria (previstos, res-pectivamente, nos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal).

Uma vez que os meios de comunicação e, consequentemente, as

redes sociais têm se desenvolvido cada vez mais, recrudesce também a velocidade de alcance e propagação das informações publicadas por meio deles, o que tem também o condão de provocar danos cada vez maiores à imagem, à honra, à intimidade ou à privacidade das pesso-as, podendo inclusive através do mundo virtual adentrar-se na esfera criminal.

Partindo da atualidade dessa temática, e percebendo a necessidade que a sociedade tem de conhecer os meios legais que protegem as ga-rantias supracitadas, reuniram-se, em meados de maio do ano de 2013, alguns dos acadêmicos do curso de direito da Faculdade Católica pro-feriram uma relevante palestra comunitária sobre a questão dos crimes contra a honra nas redes sociais.

Veri ̂ca-se, pois, que tal iniciativa apresenta-se como um ponto de luz e esperança para a solução tanto de problemas individuais – como os que envolvem a honra, a imagem, a intimidade e a vida privada –, bem como de problemas sociais, pois contribui para a efetivação do di-reito de acesso à Justiça.

Page 132: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

130

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme se pode aferir do que fora abordado no decorrer da presente análise, observa-se o quão relevante mostra-se o exercício das ações sociais delineadas pelo universo acadêmico, de modo a bene ̂ciar não só a sociedade assistida pelas atividades desenvolvidas no âmbito universitário, mas também enriquecendo bastante a proliferação do co-nhecimento aos alunos.

Pois, conforme se pode observar, através do deslinde das ações sociais universitárias o acadêmico passará a ter um contato mais dire-to com a rotina de sua futura pro ̂ssão, através do atendimento social, da prestação efetiva de um serviço voltado a atender aos anseios da comunidade.

Dessa forma, veri ̂ca-se que, no que concerne à seara jurídica em especí ̂co, as ações sociais desenvolvidas pelo universo acadêmico mos-tra-se essencial, à medida que propicia de forma concomitante, o acesso do assistido ao seu direito constitucional de acesso à justiça, minimi-zando a busca pelo Poder Judiciário, solucionando os litígios de forma pací ̂ca por meio da mediação, difundindo o conhecimento jurídico no seio social através das palestras comunitárias e ainda viabiliza um efe-tivo aprendizado dos discentes, que passa a se delinear de forma mais dinâmica e independente.

Dessa forma, há uma preparação mais efetiva do acadêmico para lidar com a realidade da atividade jurídica no seio social, pois, ser efe-tivamente um operador jurídico não é apenas saber redigir a medida processual cabível em face da querela apresentada, não se reduz ao comparecimento dos atos processuais em juízo. Ser operador jurídico é antes de qualquer outra coisa ser probo, digno, humano, é informar claramente à parte do seu direito, é propagar o conhecimento jurídico aos leigos nesta seara, é atender não só com e ̂ciência, é atender com e ̂cácia e humanidade.

Page 133: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

131

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

REFERÊNCIAS

CORREA, Marcos Alfrêdo. A educação na Grécia antiga. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAXdAAK/educacao--na-grecia-antiga>. Acesso em: 13 ago 2013.

DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas, 2012.

FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

FREITAS, Lucas Dasaieve de Sousa. O conw ito de direitos fundamen-tais nos programas policiais cearenses: a dignidade da pessoa huma-na em xeque. Quixadá. 2013, 88p. Monogra ̂a para obtenção de grau de bacharel em Direito, Faculdade Católica Rainha do Sertão, Quixadá, 2013.

SANTOS, Fabrício. As universidades na Idade Média. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia/universidades-na-idade-media.htm>. Acesso em: 11 ago 2013.

SOBRE OS AUTORES

Simone Albuquerque de OliveiraGraduada em Direito pela Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS e advogada. Contato: [email protected].

Lucas Dasaieve de Sousa FreitasGraduado em Direito pela Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS e advogado, atuando na área ̂nanceira e bancária. Contato: [email protected].

Page 134: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

132

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Willamy Pinheiro AlvesGraduado em Direito pela Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS e advogado, atuando na gestão da secretaria de gabinete da comarca Quixeramobim – CE. Contato: [email protected].

Semiramys Fernandes ToméEspecialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Esta-dual Vale do Acaraú – UVA e advogada. Professora da Faculdade Cató-lica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Page 135: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

133

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

As disciplinas de Práticas Pedagógicas vêm se tornando um desa- ̂o dentro das exigências do mundo contemporâneo para o desenvol-

vimento pleno das habilidades necessárias ao per ̂l do discente em for-mação no Ensino Superior do curso de licenciatura em Educação Física.

Este desa ̂o é tomado por todos os docentes e discentes das refe-ridas disciplinas, quesão propostas como um movimento contínuode construção cientí ̂ca relacionadoàs disciplinas dos semestrescom os quais estão vinculadas, como forma de aproximação com a realidade baseadosna perspectiva dialética teoria-prática indispensável para a for-mação re� exiva.

A motivação que nos leva ao relato desta experiência surge da pró-pria con ̂guração histórica do curso que nos apresenta a urgência de um esforço para a sensibilização coletiva da importância de aproximar e, em diversas situações, confrontar-se com a realidade pro ̂ssional, bem como potencializar a conscientização da necessidade de desenvol-ver o senso crítico da intrínseca relação teoria-prática (DARIDO, 2003; GAYA, 2010). Além destas questões, buscamos promover a perspectiva de se publicar o que se pesquisa, divulgando os achados em um movi-mento de busca do equilíbrio entre movimento e cognição, desmisti ̂-cando o per ̂l apenas físico-prático-corporal atribuído ao pro ̂ssional da Educação Física (BRASIL, 2013; COSTA, 1997).

ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA:

práticas pedagógicas e pesquisa

h

Ana Paula Vasconcelos de Oliveira TahimTadeu de Almeida Alves Junior

José Airton de Freitas Pontes JuniorRubens Vinícius Letieri

Francisco Cristiano da Silva Sousa

Page 136: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

134

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Este capítulo tem como objetivo principal descrever o trabalho coletivo realizado entre os professores das disciplinas Práticas Pedagó-gicas através de relatos de experiência dos próprios docentes sobre as atividades vivenciadas nestas disciplinas.

Como metodologia para esta estruturação, consideramos: a) as reuniões de colegiado, b) estudos dos diversos assuntos que circunda-vam as Práticas Pedagógicas para a elaboração da ementa, objetivos e bibliogra ̂a, e c) elaboração da sistemática de trabalhos direcionados aos discentes em parcerias com as diversas disciplinas.

Para tanto este relato se divide em: 1) construção teórica, uma aná-lise da organização da teia de relações traçadas entre as disciplinas da matriz curricular, 2) o relato de experiência vivido pelos docentes, bem como de considerações ̂nais que nos são apresentadas neste primeiro momento de re� exão e pesquisa.

2 REFLEXÕES TEORICAS

O ato de pesquisar busca investigar uma dada realidade, por meio de métodos formados cienti ̂camente que contribuam para a melhoria da sociedade. Pesquisar faz parte da aprendizagem (BOTH; MALAVA-SI, 2006), da formação crítica, educacional e pro ̂ssional do ser humano (FREIRE, 2005; ALVES, 1995), pois fundamenta o conhecimento cien-tí ̂co para diversas áreas e ajuda na compreensão dos fatos.

As Instituições de Ensino Superior (IES), como espaços de forma-ção acadêmica para a atuação pro ̂ssional, baseiam-se nas perspectivas de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de graduação (BORGES et al, 2008). Na pós-graduação, o direcionamento para a pesquisa se torna evidente devido ao interesse de fundamentar o conhecimento cientí ̂co das diversas áreas, pois a pesquisa baseia o ensino e a extensão nas IES e na atuação pro ̂ssional (BOTH; MALAVASI, 2006; FREIRE, 2005).

Estima-se a qualidade de uma IES, dentre outros quesitos, pela qualidade e quantidade da produção acadêmica dos docentes e discen-tes (ASSIS; BONIFÁCIO, 2008). As IES tentam impulsionar o interesse dos estudantes para a área da pesquisa por meio de programas de ini-ciação cientí ̂ca, à docência, extensão, monogra ̂a e disciplinas relacio-

Page 137: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

135

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

nadas à pesquisa e outras atividades de formação complementar como eventos cientí ̂cos, palestras, congressos e cursos.

Nos cursos de graduação, os discentes são direcionados a desen-volver seminários, leituras e pesquisas para o desenvolvimento crítico do conhecimento cientí ̂co que fundamentam a atuação pro ̂ssional.

As disciplinas de Prática Pedagógica foram amparadas nas múlti-plas dimensões e inter-relações do saber pedagógico (relação professor e aluno, metodologia e avaliação), tendo como arcabouço teórico os au-tores que contemplam a ementa da disciplina da instituição de ensino dos discentes, bem como sobre a temática em questão.

As ações de intervenção nas disciplinas foram pensadas com o intuito de aproximarem ao máximo possível os discentes da realidade pro ̂ssional. A ida a campo foi embasada por meio de conhecimentos teóricos necessários para a sistematização da teórica e prática, ressaltan-do a importância de conhecer e intervir positivamente no seu meio so-cial. Noronha (2005) salienta que o conceito de práxis implica também, necessariamente o conceito de sujeito. Uma atividade consciente, diri-gida a um objetivo, supõe um ser consciente de si mesmo, da matéria e o meio de sua atividade e do ̂m que deseja alcançar.

Corroborando com o assunto, Freire (2005) aponta que os alunos devem ter sua autonomia, logo a orientação é apoio e não determi-nação, sendo, assim, um bom recurso pedagógico a ser aplicado. É importante enfatizar a realidade peculiar de muitos discentes, já que boa parte deles é proveniente de municípios distintos e, com certeza, vivem em realidades sociais diferentes. Devido a outras obrigações extracurriculares, normalmente optam por intervir dentro do muni-cípio onde residem.

Assim, Barbosa (2010), Borges (1998) e Franco (2009) discutem a necessidade especí ̂ca de um processo contínuo de revisão das práticas, incorporando atitudes que levem a re� etir e investigar sobre o contex-to. Assumindo o papel de investigadores os professores dão início ao aprender na construção de novos signi ̂cados de seu fazer docente, ob-servando que aos poucos parecem desenvolver ações de estranhamento e crítica às suas práticas cotidianas, envolvendo-se em uma nova espiral de autodesenvolvimento pro ̂ssional.

Page 138: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

136

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

3 O MOVIMENTO DE CONSTRUÇÃO DAS PRÁTICAS PEDA-GÓGICAS NO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA FCRS

A experiência aqui relatada foi divida em sete momentos, chama-dos de Movimentos, por se tratarem de re� exões coletivas que abrangiam construções teóricas e práticas com vistas à melhor formação do corpo discente, que também teve como re� exo a aproximação e o compromisso dos docentes do curso, bem como a re� exão conjunta entre estes sujeitos, que participavam das reuniões de reestruturação. A necessidade de en-volvimento do coletivo traz a marca da transversalidade destas disciplinas no curso de Educação Física, pois estas simbolizam um conjunto de com-ponentes curriculares que dialogam e interligam as demais disciplinas que compõem o currículo do curso de Educação Física.

Os sete movimentos anteriormente referidos são: 1º movimento - amadurecimento da ideia de Prática Pedagógica; 2º movimento- debate sobre como o conjunto de práticas deveria acontecer; 3º movimento - re� exão sobre os conteúdos que perpassariam as disciplinas; 4º movi-mento – discussões e re� exões sobre a ementa; 5º movimento - discus-sões e re� exões dos objetivos da disciplina; 6º movimento - elaboração de uma proposta de trabalho coletivo; e 7º movimento - desenvolvi-mento dos trabalhos de pesquisa aplicados.

Assim, como a elaboração deste grupo de disciplinas foi pensada coletivamente pelos professores do curso, também, desenvolvemos o relato desta disciplina da mesma forma, elaborada pelo grupo de pro-fessores responsáveis por estas. Neste momento trataremos sobre da análise de cada um dos movimentos descritos na metodologia, as re� e-xões e os produtos resultantes desta experiência coletiva.

Como 1º movimento foi realizado nos encontros do colegiado para o aprimoramento e organização das ideias de Prática Pedagógica e a re-lação com da teoria-prática e pesquisa cientí ̂ca, as discussões tratavam sobre o que seria uma prática pedagógica que atendesse a necessidade do aluno contemporâneo e como o ato de pesquisá-la poderia potencia-lizar a re� exão sobre as ações pro ̂ssionais futuras.

No 2º movimento ocorreu o debate sobre como a disciplina deve-ria acontecer, que metodologias deveriam ser utilizadas para direcionar o seu caminhar.

Page 139: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

137

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 1 – Relação das disciplinas de práticas no curso.

Fonte: própria da pesquisa.

A Figura 1 retrata o relacionamento estabelecido entre as disci-plinas de Práticas Pedagógicas, em que consideramos o aprimoramento do nível teórico e técnico de atividades de pesquisa realizada por estas.

Figura 2 – Relação das disciplinas de Práticas Pedagógicas por semestre.

Fonte: própria da pesquisa.

Page 140: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

138

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O 3º movimento tratou da reflexão sobre os conteúdos que perpassariam as disciplinas. Assim, as Práticas Pedagógicas estão vinculadas diretamente aos conteúdos das disciplinas do semestre em que estão enquadradas (FIGURA 2). Desta forma, os alunos participam de atividades teórico-práticas que se desenvolvem na comunidade escolar, fruto de debates conceituais e empíricos fun-damentados no encontro presencial e vivenciados nos encontros práticos.

Assim, o 4º movimento abordou os debates a cercada ementa, que trata sobre: formação de professores; habilidades e competên-cias do profissional de Educação Física no ambiente escolar; aná-lise, vivências, reflexões e intervenções nos diferentes campos de inserção do profissional de Educação Física; atividades de ensino e pesquisa relacionadas com as disciplinas do semestre; organização, planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas pedagógicas na escola.

Concomitante o 5º movimento tratou sobre da discussão do obje-tivo da disciplina que versa sobre construir, através da vivência teórico--prática e pesquisa, conhecimentos dos princípios educativos para a intervenção na realidade através de práticas pedagógicas.

Para o6º movimento trabalhou-se na elaboração de uma pro-posta de trabalho coletivo em formato de documento de orientação geral.

O 7º movimento surgiu como desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa aplicados. Nesse último momento, é a execução de todo o pla-nejamento feito em que consideramos as várias possibilidades de êxito e de di ̂culdades encontradas, mas que apontamos os caminhos as se-rem trilhados coletivamente, bem como compartilhamos as conquistas realizadas.

Page 141: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

139

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 3 – Relação entre as Práticas Pedagógicas no curso.

Fonte: própria da pesquisa.

A Figura 3 ilustra as conclusões as quais o grupo chegou sobre o movimento cíclico que as disciplinas precisariam ter uma vez que tra-tavam sobre a mesma perspectiva de apresentação coletiva dos achados ao grupo do curso. Por tanto estas práticas se complementam e muitas das atividades se realizam em espaços da comunidade escolar local e da instituição de ensino superior a elas vinculada.

4 AS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS POR CADA UMA DAS DISCI-PLINAS DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

4.1 PRÁTICA PEDAGÓGICA I

No semestre 2013.1 foram ofertadas para os cursistas da gradua-ção em Educação Física as disciplinas de Práticas Pedagógicas I, II, III

Page 142: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

140

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

e VI que se vinculam as disciplinas da matriz curricular do 1º, 2º, 3º e 6º respectivamente. Assim, para a Prática 1tem como dever apresentar as possibilidades de atuação do pro ̂ssional da Educação Física, bem como das possibilidades disponíveis na IES para a o contexto de ensino e aprendizagem.

Esta disciplina se dividiu em três momentos: 1. Encontros presen-ciais em sala de aula com; 2. Encontros virtuais; e3. Construção de Ban-ner para apresentação.

O1º momento foi composto por encontros virtuais no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) da FCRS com a disposição de três Fó-runs de discussão um de apresentação, outro sobre o conhecimento do contexto acadêmico e um terceiro sobre um texto que tratava do edu-cador pesquisador.

O 2º momento foi composto pelos encontros presenciais em sala de aula, também eram realizados direcionamentos sobre as atividades e as orientações coletivas para a elaboração de relatório.

O 3º momento se dividiu em trabalho individual e coletivo. O tra-balho individual foi realizado quando da visita ao lócus de estudo e fu-tura atuação, a escola e aplicação de instrumento semiestruturado para coleta. O trabalho coletivo se organizou a partir da análise e re� exão sobre o amadurecimento do instrumento de pesquisa, análise de dados e organização de relatório.

O 4º momento tratou da construção coletiva e orientada e apre-sentação oral dos resultados das pesquisas com a utilização do recurso de banner para toda a turma da disciplina como forma de ensaio para apresentação no semestre seguinte em um evento do Curso de Educa-ção Física da FCRS.

4.2 PRÁTICA PEDAGÓGICA II

O desenvolvimento da Prática Pedagógica II aconteceu em 3 momentos: o primeiro trata da busca de estudos e temas referentes ao semestre letivo corrente, da escolha de um modelo de pesquisa simples; o segundo aborda a construção do problema, justificativa e objetivos, o delineamento metodológico; o terceiro momento é o de

Page 143: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

141

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

elaboração das fases da metodologia (participantes, instrumentos, procedimentos, análises de resultados), assim como da apresentação dos resultados.

Dentro do contexto da disciplina de Práticas Pedagógicas II, a pro-posta foi incluir e integralizar os conteúdos ministrados nas disciplinas referentes ao semestre corrente. Neste sentido, foram propostos ele-mentos de intervenção práticos relacionados à pesquisa, ainda de uma maneira elementar, ou seja, com uma complexidade metodológica ain-da reduzida.

Para que tais ações fossem concretizadas, de fato, foi necessária uma construção da ação pedagógica constante. Para isto, incialmente foram abordados aspectos básicos relacionados ao Continuum da Pes-quisa, que trata de elementos da pesquisa básica e aplicada (CHRISTI-NA, 1989).

De acordo com � omas, Nelson e Silverman (2012), a formula-ção do método adotado é uma etapa extremamente importante, pois a metodologia contempla aspectos importantes da pesquisa tais como: participantes, instrumentos ou equipamentos, procedimentos, deline-amento e análise. Ao longo da construção do trabalho estes aspectos foram orientados em cada fase, construídos de maneira progressiva e efetivado através de pesquisas menos complexas, no entanto com o de-lineamento metodológico necessário.

Para a busca de estudos cientí ̂cos especí ̂cos das áreas contem-pladas, recomendou-se em um primeiro momento, a localização de re-vistas especí ̂cas. Após esta fase, em os discentes tiveram a orientação para buscar estudos replicáveis, ideias para se reproduzir baseados na literatura, partiu-se para a construção e da metodologia.

Após a obtenção de referências primárias, há a necessidade da lei-tura inicial de tais fontes, ainda que tal leitura contemple uma dimensão menor do que se deseja pesquisar. Muitas bases de dados especí ̂cas trazem apenas resumos de estudos cientí ̂cos, porém consideramos a leitura na íntegra de tais materiais é extremamente necessária. Para a maioria das buscas, a leitura dos resumos informará se o artigo será necessário para o estudo em questão (THOMAS; NELSON; SILVER-MAN, 2012).

Page 144: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

142

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O princípio de aplicabilidade da construção metodológica do tra-balho foi o princípio do “simples é melhor” (COHEN, 1990), que vale para todas as fases do trabalho de construção cientí ̂ca. Neste princípio, recomenda-se manter a simplicidade do estudo, de modo que ao en-contrar algum ponto especí ̂co, seja possível compreender e interpretar com clareza o signi ̂cado de tal ponto. Neste sentido, a construção do trabalho obedeceu a uma hierarquia de desenvolvimento que vai desde o delineamento até o tratamento, passando pela análise, pela exibição dos resultados e pela interpretação (THOMAS; NELSON; SILVER-MAN, 2012).

No delineamento metodológico, pode utilizar as técnicas estatísti-cas para apresentar determinados resultados, ainda que esta estatística seja elementar, bem como poderiam utilizar análise qualitativa. Os da-dos devem apresentar uma perspectiva de caracterização da pesquisa e não necessariamente há a necessidade aplicação de métodos estatísticos inferenciais (SILVERMAN, 2004).

No entanto, pode-se destacar que se o estudo oferece dados su ̂-cientes para a realização de uma análise mais detalhada, com maiores informações e podem eventualmente ser aplicadas estatísticas infe-renciais, esta prática é altamente recomendada. Na experiência das Práticas Pedagógicas II, pode-se destacar um trabalho em que foi pos-sível fazer uma análise inferencial da qualidade de vida dos discentes, com a aplicação de modelos validados cienti ̂camente e metodologia adequada.

4.3 PRÁTICA PEDAGÓGICA III

Para a disciplina de Prática Pedagógica III priorizou-se a observa-ção, logo o estudante não deveria se preocupar em intervir nos espaços de pesquisa. Contudo, essa possibilidade não é negada ao aluno. Caso seja necessário, é viável numa análise orientada juntamente ao profes-sor responsável por este acompanhamento.

As orientações durante a disciplina foram estruturadas em 3 momentos:

Page 145: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

143

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1) Sistematização de conceitos sobre metodologia cientí ̂ca e fun-damentação teórica sobre o tema;

2) Ida a campo dos discentes e coleta de dados; 3) Orientação para a construção do relatório.

O primeiro momento aconteceu em sala de aula no horário pre-visto presencialmente para a disciplina, os encontros aconteciam às quartas-feiras no período noturno. O arcabouço teórico foi construído por meio da seleção de textos pelo docente e da indicação de leituras pelos discentes. Nessa etapa, foi de extrema importância o relato pesso-al de cada aluno no que se refere à possibilidade de observação em um espaço pré-estabelecido. Ainda que não tivesse sido formalizada a ida e a coleta de dados nesse local, essa atividade serviu satisfatoriamente para o aluno imaginar ou perceber, abstratamente, um pouco do que encontraria nesse espaço.

Percebeu-se que os estudantes conseguiram assimilar o que foi estudado em sala de sala, embora a di ̂culdade de buscar autores que correlacionem sobre o tema seja uma constante para muitos. Talvez pelo amadurecimento ainda um pouco incipiente de muitos discentes no que se refere à pesquisa cientí ̂ca, mas que, aos poucos, vem sendo sanado pelas ações ofertadas pelo curso.

A segunda parte consistiu na ida a campo dos alunos. Nesta parte apareceram muitas dúvidas e logo ̂ cou aparente a ansiedade de respos-tas imediatas de muitos discentes. Esse fator di ̂cultou em determinado momento o andamento da disciplina, pois mesmo sendo trabalhados conceitos que fundamentam a pesquisa qualitativa, no que se refere à atuação dos discentes na prática (anseios, di ̂culdades, potencialida-des, postura, questionamentos, etc), ainda assim, até a primeira metade do semestre, algumas destas questões se repetiram. Foi de grande valia neste momento a aplicação do método de observação participante nos contornos da obra de Malinowski (1975).

Assim, Queiroz et al (2007) ressaltam que com o auxilio da obser-vação participante, o pesquisador analisa a realidade social que o ro-deia, tentando captar os con� itos e tensões existentes e identi ̂car gru-pos sociais que têm em si a sensibilidade e motivação para as mudanças necessárias. Também, André (1995) enfatiza que esse tipo de pesquisa

Page 146: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

144

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

visa à descoberta de novos conceitos, novas relações, novas formas de entendimento da realidade.

Percebeu-se que parte dos estudantes que estavam mais preocu-pados com a ida a campo, em assuntos, por exemplo, o que coletar e como coletar, e depois como sistematizar todas essas informações. No entanto, esses anseios foram sendo sanados na medida em que as obser-vações foram acontecendo. Outro empecilho foi a relação com o pro-fessor responsável e com os observados. Pelos relatos dos pesquisadores notou-se, em certa medida, uma alteração de comportamento dos ob-servados. Nesse ponto, pensou-se na alteração do tipo de observação, embora parte da coleta já tivesse encaminhada. Ao ̂nal, essa impressão foi sendo reduzida e os pesquisadores conseguiram ̂nalizar positiva-mente essa parte do trabalho.

A terceira e última parte consistiu na sistematização dos dados co-letados, com o intuito de construírem o relatório ̂ nal da disciplina. De-vido a algumas di ̂culdades enfrentadas pelos discentes, a expectativa era de que surgissem dúvidas em como ̂nalizar o trabalho, mas o fato é que eles conseguiram ̂ nalizar de modo positivo o relatório e apresentar cada texto para os demais colegas.

Por ̂m, percebeu-se coletivamente que não é mais possível nos agarrarmos às prateleiras das bibliotecas como único ̂m da educação, pelo contrário, o educador que precisamos é aquele atento à realidade que o cerca, sobretudo nos espaços onde atua.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo descreveu a realização de um trabalho coletivo de plane-jamento e execução de ensino das disciplinas Práticas Pedagógicas que proporcionou experiências de aproximação dos discentes com a reali-dade pro ̂ssional aliada a vivências de pesquisa, buscando o aprimo-ramento técnico-cientí ̂co frente aos desa ̂os dos diversos campos de atuação dos pro ̂ssionais de Educação Física.

Apontamos que essas experiências relatadas foram capazes de pro-mover a capacidade e estimular os desejos dos estudantes de produzir ciência na prática e da prática de ensino, bem como a aproximação dos

Page 147: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

145

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

docentes e discentes de possibilidades de publicação de alguns dos tra-balhos produzidos na disciplina em eventos ou mesmo em periódicos cientí ̂cos.

Consideramos que o estudo pode potencializar a re� exão da neces-sidade de trabalhos em grupo pelos docentes de disciplinas relacionadas à pesquisa ou de outras áreas de formação, pois acreditamos que essas experiências podem contribuir para 1) compartilhamento de di ̂culda-des e de êxitos, 2) interação com os diferentes níveis de formação aca-dêmica e 3) relação entre os docentes do curso.

REFERÊNCIAS

ALVES, N. (Org). Formação de professores: pensar e fazer. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1995.

ANDRE, M. E. D. A. Etnogra% a da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995.

ASSIS, R. M.; BONIFÁCIO, N. A. A produção cientí ̂ca na formação dos alunos do curso de educação física do CAJ/UFG. Itinerarius Re� ec-tionis. Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia do Campus Jataí – UFG. v. 2 n. 5. Jul./dez. 2008.

BARBOSA, C. L. A. Educação Física e Didática: Um diálogo possível e necessário. Editora Vozes, 2010.

BORGES, C. M. F. O professor de Educação Física e a construção do saber. Papirus, 1998.

BORGES, T. R.; LIMA, L. F.; SANTOS, C. S.; SILVA, R. P. S. E. ; SOU-ZA, M. J. G. de . A produção cientí ̂ca em educação Física e esportes no curso de Educação Física da Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão no período de 1993-2006. In: III Congresso Centro-Oeste de Ciências do Esporte, Cuiabá-MT, 2008.

BOTH, J.; MALAVASI, L. M. Pesquisa e formação inicial na educação física: algumas considerações. Lecturas educación física y deportes, v. 102, p. 1-6, 2006.

Page 148: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

146

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

BRASIL. Documentos de intervenção do pro% ssional de Educação Fí-sica. CONFEF. 2013.

CHRISTINA, R.W. Whatever happened to applied research in motor lear-ning? In: J.S. Skinner et al. (Eds.) Future directions in exercise and sport science research. p. 411- 422. Champaign, IL: HumanKinectis, 1989.

COHEN, J. � ings I have learned (so far). American Psyscologist. n.49, p. 1304-1312, 1990.

COSTA, V. L. M. (Org.). Formação pro% ssional universitária em Educação Física. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1997.

DARIDO, S. Educação Física na Escola: Questões e re� exões. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2003.

FRANCO, M. A. S. Prática docente universitária e a construção cole-tiva de conhecimentos: possibilidades de transformações no processo ensino-aprendizagem. Cadernos Pedagogia Universitária. Universida-de Católica de Santos. USP. 2009.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2005 (Coleção Leitura).

GAYA, A. Ciência do movimento humano. São Paulo: Artmed, 2010.

MALINOWSKI, B. Uma teoria cienti% ca da cultura. São Paulo: Zahar, 1975.

NORONHA, O. M. Praxis e Educação. Ver cista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 20, p. 86-93, dez. 2005.

QUEIROZ, D.T; VALL, J; SOUZA, A.M.A; VIEIRA, N.F.C. Observação Participante na Pesquisa Qualitativa: conceitos e aplicações na área da saúde. R Enferm UERJ, v. 15, n. 2, p.276-283, abr./jun. 2007.

SILVERMAN, S. Analyzing data from ̂eld research: � e unit of analy-sis issue. Research Quarterly for Exerciseand Sport. n. 74, p. 3-4, 2004.

THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. Métodos de Pes-quisa em Atividade Física. 6. ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2012.

Page 149: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

147

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

SOBRE OS AUTORES

Ana Paula Vasconcelos de Oliveira  TahimGraduada em Pedagogia – UFC, Especialista em Coordenação Pedagó-gica – FA7; Mestre em Educação Brasileira - UFC; Docente e Assessora Pedagógica – FCRS.Contato: [email protected].

Francisco Cristiano da Silva SousaGraduado em Educação Física – UFC; Especialista em Educação Física Escolar FIC; Mestre em Ciências do Desporto pela Universidade Trás--os-Montes e Alto Douro; Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - Campus Quixadá; Conselheiro efetivo do Conselho Regional de Educação Física da 5ª Região - CREF 5. Do-cente e coordenador do Curso de Educação Física da FCRS.Contato: [email protected].

José Airton de Freitas Pontes Júnior Graduação em Educação Física – UFC; mestre em Educação – UFC; Doutorando em Educação em UFC; Docente – FCRS.Contato: [email protected].

Rubens Vinícius LetieriGraduado Em Educação Física – ESEFM/MG ; Mestre em Biocinética – Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física – Universidade de Coimbra, Portugal (Revalidação – Ciências do Esporte – UFMG); Docente – URCA e FCRS. Contato: [email protected].

Tadeu de Almeida Alves JuniorGraduado em Educação Física – UFC; Especialista em Educação Física Escolar – IFCE; Mestre em Educação Brasileira – UFC; Docente FCRS.Contato: [email protected].

Page 150: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 151: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

149

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o processo de ensino-aprendizagem vem sendo visto

de forma integral na sociedade e na cultura, sendo os valores e as cren-ças fatores importantes nessa aliança, onde as teorias que embasam esse processo vêm se adequando ao longo do tempo (SANTOS, 2003).

A lei de diretrizes e bases para a educação nacional (LDB nº 9394/96) trouxe novas responsabilidades para as Instituições de En-sino Superior (IES), buscando a formação de diferentes per ̂s pro ̂s-sionais a partir da vocação de cada curso. Essa lei reforça a formação na educação superior, por meio do desenvolvimento de competências e habilidades; melhoramento cultural, técnico e cientí ̂co do cidadão; da � exibilização dos currículos; da execução de projetos pedagógicos renovadores, numa perspectiva de modi ̂cação para formação pro ̂s-sional (BRASIL, 1996).

Após o decreto da LDB, concretizou-se o Parecer 1133 do CNE/CES, que veio reforçar a necessidade da articulação entre Educação Su-perior e Saúde, pretendendo a formação geral e especí ̂ca dos egressos/ pro ̂ssionais, com exaltação na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde. Posteriormente, foi aprovada a Resolução CNE/CES n. 03 de 7/11/2001, que declarou as Diretrizes Curriculares Nacio-

ATIVIDADE EXTRAMURO COMO

ESTRATÉGIA VIÁVEL NO PROCESSO

ENSINO-APRENDIZAGEM:

Comunidade Cafundó

hAnne Fayma Lopes ChavesJéssica Pinheiro Carnaúba

Geraldo Jailton Pereira da Silva

Paulo Jorge de OliveiraHérica Cristina Alves de Vasconcelos

Page 152: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

150

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

nais para o curso de Graduação em Enfermagem (DCENF) (FERNAN-DES et al., 2005).

As Diretrizes Curriculares têm como objetivo fazer com que os alu-nos do curso de Enfermagem aprendam a aprender, que inclui apren-der a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhe-cer, garantindo, assim, a capacitação dos pro ̂ssionais com autonomia e discernimento para certi ̂car a integralidade da atenção e a qualidade e humanização da assistência prestada aos indivíduos, família e comu-nidade (BRASIL, 2001).

De acordo com o Conselho Nacional de Educação, o formando egresso ou pro ̂ssional de Enfermagem tem como per ̂l a formação ge-neralista, humanista, crítica e re� exiva. O pro ̂ssional precisa ter capa-cidade para agir com senso de responsabilidade social e compreensi-vo com a cidadania, como da saúde integral do ser humano (BRASIL, 2001).

Diversos autores têm mostrado a necessidade de variar o ambien-te de ensino/aprendizagem, pois a sala de aula não se limita apenas a um ambiente físico. É possível proporcionar aos alunos conhecimento, práticas educativas e preventivas através de atividades extramuros, nas quais os alunos convivem com o mundo real e ainda se integram com a comunidade (GALASSI et al 2006).

Nesse sentido, surge a Comunidade Cafundó, localizada no mu-nicípio de Choró / Ceará, com um acesso extremamente di ̂cultoso, e devido a isso, as políticas públicas se tornam escassas nesse local. Na as-sistência a saúde, questões relacionadas ao isolamento geográ ̂co e a ca-rência de infraestrutura são fatores que limitam a assistência em saúde.

O cuidado é compreendido como a essência da enfermagem, transcendendo aspectos técnicos, biológicos, psicossociais e espirituais. O mesmo envolve a o aporte da ajuda, atenção, respeito, amor e com-preensão mútua. Logo, o enfermeiro deve ser agente promovedor e de-fensor de saúde para todos, sendo caracterizado como um pro ̂ssional comprometido com a pro ̂ssão, à medida que incorpora os conheci-mentos da graduação à sua realidade prática, buscando estabelecer um elo constante, no sentido de melhorar seus conhecimentos práticos em benefício da comunidade (SOUZA, 2006).

Page 153: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

151

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Diante desse contexto, o estudo em tela teve como objetivo des-crever uma atividade extramuro realizada por discentes e docentes do curso de enfermagem da Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS).

A relevância da pesquisa ora apresentada fundamenta-se no fato de que através da exposição do relato de experiência nessa comunidade, a divulgação possa acontecer para que outros discentes conheçam os benefícios de uma atividade extramuros, bem como possam também contribuir com essa comunidade.

2 DESENVOLVIMENTO

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, sobre uma visita realizada a Comunidade Cafundó, no município de Choró-Ceará.

O Cafundó é uma área isolada e localizada a 200 metros de altura e à uma hora e 34 minutos de caminhada da cidade de Choró, no Sertão Central do Ceará, distante 155, 7 km da capital Fortaleza. Nessa comu-nidade, as famílias vivem abaixo da linha da pobreza e a maioria da po-pulação é analfabeta, não existe água encanada e as casas são de Taipa.

A visita ocorreu no dia 22 de dezembro de 2012. Tal visita teve como ̂nalidade proporcionar aos discentes do Curso de Enfermagem da Faculdade Católica Rainha do Sertão um conhecimento novo, social e de saúde, de uma realidade distinta e especí ̂ca. A atividade ocorreu em período matutino e vespertino. A saída ocorreu às seis horas da ma-nhã de Quixadá com destino ao município de Choró e com retorno às 17 horas para Quixadá.

Participaram dessa atividade, seis acadêmicos de enfermagem da FCRS, juntamente com o coordenador do curso, em parceria com qua-tro jovens e um pároco da LEO Clube de Quixadá, uma comunidade católica da região.

A programação incluiu a visita domiciliar, ações de aferição de pressão arterial, veri ̂cação de glicemia, avaliação do crescimento e de-senvolvimento das crianças e educação em saúde sobre o Câncer do Colo Uterino, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e exame papanicolaou. Para tais ações foram utilizado alguns materiais, a sa-

Page 154: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

152

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ber: es ̂ngnomanômetro, estetoscópio, aparelho e ̂tas para veri ̂car a glicemia capilar, ̂ta métrica, balança e cartolinas. Vale ressaltar que para a educação em saúde, os discentes haviam preparado o material anteriormente desenvolvido na disciplina de Saúde da Mulher.

A saída da cidade de Quixadá aconteceu às seis da manhã em di-reção ao Município de Choró-CE. Ao chegar à cidade, foi realizado um lanche e a preparação para a viagem à localidade de Cafundó. As mo-chilas continham água, materiais para a veri ̂cação da pressão arterial (PA) e glicemia, desenhos e giz de cera para colorir, ̂chas de avaliação das crianças, sacos com brinquedos e um isopor com iogurtes doados.

A partida sucedeu por volta das oito horas, no micro-ônibus da FCRS. O percurso aconteceu até uma estrada de terra, de onde o carro não mais poderia seguir e teve-se que continuar a pé. Durante a cami-nhada, se percebia o quão a vegetação ̂cava mais árida e quanto aquela região era castigada pelo sol. Foram visualizadas várias pedras e matas, enquanto o clima se tornava cada vez mais quente e abafado.

Na medida em que a caminhada continuava, era nítido o aumen-to da altitude, no que parecia ser uma ladeira cheia de obstáculos. Os “escoteiros” sentiam a di ̂culdade do que era chegar nesse local, onde o caminho parecia não ter ̂m e as pedras e matas tornavam-se fortes obstáculos. Os corações dos mesmos estavam acelerados pelo cansaço e esforço físico. Em um trecho, observou-se uma criança da região pegando água de um “OLHO DÁGUA” (nascente) em um burrinho. Ao conversar com ela, a mesma relatou que só comparecia a aula três vezes por semana, pois era difícil de subir e descer aquele local todos os dias.

Finalmente chegou-se a Comunidade Cafundó, ao observar, pare-cia que tinha sido feito uma viagem no tempo, na qual não havia tecno-logia ou desenvolvimento. As casas eram de taipa, onde apenas uma de-las contava com uma geladeira e televisão. Seguiu-se para uma pequena casa que era usada como escola para as crianças menores, onde neste local houve uma celebração cristã entre a comunidade.

Após a missa, os grupos se organizaram para dar início às ativida-des: de início, foram realizadas avaliações do crescimento e desenvolvi-mento das crianças, as quais foram pesadas e medidas as estaturas com

Page 155: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

153

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

auxílio de um instrumento e responderam algumas questões. A maioria das crianças possuía desenvolvimento adequado para a idade, e quanto ao crescimento, algumas apresentaram o índice de massa corporal abai-xo do normal.

Na busca de avaliar o desenvolvimento cognitivo, foi entregue para as crianças um desenho e um giz de cera para colorir. Grande parte das crianças relatou estudar, mas percebeu-se certa di ̂culdade no processo de comunicação e nos desenhos. Quando elas terminavam de colorir, recebiam um brinquedo embrulhado em papel de presente e um iogur-te. Elas ̂caram bastante felizes e muitas disseram que não ganhavam presentes no Natal e nunca haviam provado iogurtes.

Chamou atenção o fato de todas as crianças apresentarem aspec-tos de sujidade, com as unhas não cortadas e cheias de areia. Foi visto também que uma delas apresentava todos os dentes da frente cariados. Logo, percebeu-se que não existem cuidados de saúde com as crianças daquela região.

Concomitantemente, outra dupla de alunos realizava veri ̂cação dos níveis de glicemia e aferição da PA nos adultos. Observava-se por parte dos moradores certa di ̂culdade em compreender o que eram aqueles exames. Ainda podia se perceber, pela inspeção dessa popu-lação, a desproporção entre a cabeça e os membros superiores, deno-tando alterações genéticas que segundo relatos devia-se a casamentos consanguíneos entre primos. Vale ressaltar que uma parte signi ̂cativa dos adultos apresentaram níveis pressóricos elevados e glicemia dentro da normalidade.

Outra dupla de alunos partiu para as visitas domiciliares, nas quais pode se averiguar a pobreza extrema que aquela comunidade vivencia-va. Após essas atividades, foram reunidas todas as mulheres em uma casa e realizou-se uma educação em saúde sobre os cuidados de higiene para com seus ̂lhos, no preparo dos alimentos e tratamento da água. Ainda nesse momento, foi discutido sobre o autoexame das mamas, o exame citopatológico do CCU, DST e métodos contraceptivos. Pode-se apreender que as mulheres se sentiam muito tímidas e desconfortáveis ao falarem sobre esses assuntos, mas foi possível envolvê-las através de uma conversa descontraída.

Page 156: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

154

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A maioria das mulheres relatou nunca ter realizado o autoexame das mamas e nem o exame de Papanicolau, além de desconhecer os fa-tores de risco e o modo de prevenir o CCU. As mesmas foram questio-nadas sobre os motivos de não realizarem as consultas ginecológicas e relataram ser devido à di ̂culdade de descer até o posto para marcarem a consulta.

Quando interrogadas sobre o uso de métodos contraceptivos, a maioria relatou não fazer uso de nenhum método, porém apresenta-vam no máximo dois ̂lhos. Acredita-se que elas possam utilizar outros métodos, porém não quiseram revelar por receio dos maridos ̂carem sabendo e devido ao fator cultural de não aceitar o uso desses métodos.

Ao ̂nal da visita, foi feita a despedida junto aos moradores e reto-mada a caminhada em direção à sede do município. Durante o retorno, os participantes dessa atividade comentavam perceber que ainda exis-tem pessoas que vivem com tanta di ̂culdade, mas que não perdem a alegria de viver e de lutar.

Ficou evidente entre as palavras dos participantes que, apesar das di ̂culdades durante o percurso, essa experiência proporcionou a eles um choque de realidade, o verdadeiro motivo pelo qual escolheram sua pro ̂ssão (enfermagem), pelo compromisso e amor ao cuidar do próxi-mo, principalmente daqueles que mais necessitam, pois nada traz mais satisfação e realização do que perceber o quão os cuidados de enferma-gem foram importantes para aquela população.

En ̂m, pode-se perceber o quanto aquelas pessoas se sentiram aco-lhidas e cuidadas através do seu olhar, do sorriso, e até mesmo do toque, sendo isso o mais grati ̂cante para os discentes e docentes da FCRS que vivenciaram aquela experiência.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A visita realizada à comunidade de Cafundó tinha como ̂nalida-de proporcionar aos discentes do Curso de Enfermagem da Faculdade Católica Rainha do Sertão um conhecimento novo, social e de saúde, de uma realidade distinta e especí ̂ca. Ter vivenciado essa experiência proporcionou aos envolvidos, inicialmente, sentimentos de surpresa

Page 157: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

155

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

com relação ao atraso de evolução vivenciado pelos moradores da-quela região. Foi nítido o choque de realidade percebido, sobretudo com relação à cultura. Apesar disso, os discentes envolvidos puderam reforçar sua escolha no tocante ao ofício que seguirão quando conclu-írem a graduação. Para eles, a experiência enalteceu o compromisso e a responsabilidade social que o pro ̂ssional da enfermagem deve ter para com a comunidade, especialmente entre aqueles mais carentes e necessitados.

Ressalta-se ainda a satisfação destacada pelos seres cuidados, não somente pelos procedimentos técnicos, mas pelo sentimento de afe-to, amor e acolhimento disponibilizado pelos visitantes. Dessa forma, pode-se concluir que o alunos em contato com comunidades caren-tes, além de enriquecer seu aprendizado, pratica cidadania e se tor-na um pro ̂ssional mais humano, contribuindo com a valorização da sua pro ̂ssão. Para a instituição formadora, permitir e incentivar a realização de atividades semelhantes pode ser uma estratégia de di-vulgação dos valores éticos e cristãos indispensáveis a sua ̂loso ̂a de funcionamento.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Lei n. 9.394, 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário O ̂cial da República Federativa do Brasil, Brasília, 1996.

BRASIL, Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Pa-recer N. 1.133 de 7 de agosto de 2001. Reti ̂cação do Parecer CNE N. 583/2001, referente às Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina e Nutrição. Brasília: Minis-tério da Educação; 2001.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Su-perior. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso. Resolução CNE/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001. Diário O ̂cial da União, Brasília, 9 de Novembro de 2001. Seção 1, p. 37.

Page 158: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

156

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

FERNANDES, J. D; XAVIER, I. M; CERIBELLI, M. I. P. F; BIANCO, M. H. C; MAEDAS, D; RODRIGUES, M. V. C. Diretrizes curriculares e estratégias para implantação de uma nova proposta pedagógica. Rev. Escola de Enfermagem, São Paulo, v. 39, n. 4, p. 443 – 449, 2005.

GALASSI, M. A. S.; BARBIN, E. L.; SPANÓ, J. C.; EMBOAVA, M. J. C. E.; MELO, J. A. J.; TORTAMANO, N.; CARVALHO, A. C. P. Ativida-des extramuros como estratégias viável no processo ensino-aprendiza-gem. In: ABENO, v.6, n.1, 2006.

SANTOS, S. S. C. Currículos de enfermagem no Brasil e as Diretrizes: novas perspectivas. Rev. Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 56, n. 4, p. 361–364, jul./ago. 2003.

SOUZA, A. C. C.; FILHA, M. J. M. M; SILVA, L. F.; MONTEIRO, A. R. M.; FIALHO, A. V. M. Formação do enfermeiro para o cuidado: re� e-xões da prática pro ̂ssional. Rev. bras. Enferm., v. 59, n. 6, 2006.

SOBRE OS AUTORES

Anne Fayma Lopes ChavesEnfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Docente da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS. Contato: [email protected].

Jéssica Pinheiro Carnaúba Discente do nono semestre do curso de enfermagem da Faculdade Ca-tólica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Geraldo Jailton Pereira da Silva Discente do nono semestre do curso de enfermagem da Faculdade Ca-tólica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Page 159: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

157

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Paulo Jorge de OliveiraEnfermeiro. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará – UECE. Docente da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS. Contato: [email protected].

Hérica Cristina Alves de VasconcelosEnfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. Docente da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Page 160: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 161: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

159

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 I NTRODUÇÃO

Em 2004, o Curso de Graduação em Farmácia da Faculdade Cató-lica Rainha do Sertão foi concebido, sendo respaldado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, Resolução CNE/CES nº 02/2002, assegurando a � exibilidade, diversidade e a qualidade da formação oferecida aos es-tudantes, garantindo uma sólida formação básica, preparando o gradu-ado para enfrentar os desa ̂os das rápidas transformações da socieda-de, do mercado de trabalho e das condições do exercício pro ̂ssional (FCRS, 2011).

Os Estágios Supervisionados em Farmácia são entendidos como um conjunto de atividades curriculares indispensáveis ao processo de formação pro ̂ssional, constituindo de etapa fundamental e de suma importância, que favorece ao aluno articular a teoria e a prática de for-ma sistemática e orientada, permitindo-lhe instrumentalizar-se para o exercício pro ̂ssional, permitindo ao aluno colocar-se frente a frente com aspectos práticos de sua futura pro ̂ssão.

O objetivo do Estágio Curricular é articular a formação ministrada no curso com a prática pro ̂ssional, de modo a quali ̂car o aluno para o desempenho competente e ético das tarefas especí ̂cas de sua pro ̂ssão, confrontando circunstâncias reais exigidas para a formação pro ̂ssional

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE

FARMÁCIA: aprendizagem prática signi. cativa

segundo relatos dos preceptores

h

Regilane Matos da Silva PradoKarla Bruna Nogueira Torres Barros

Donato Mileno Barreira FilhoDeive Brito Ribeiro

Gláucio Barros Saldanha

Page 162: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

160

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

e, ao mesmo tempo, vivenciando a realidade pro ̂ssional escolhida, ob-servando detalhes ou fatos relevantes que o ensino formal não consegue demonstrar.

O Curso de Graduação em Farmácia da FCRS assegura que as ati-vidades práticas especí ̂cas do curso de Farmácia, dentre muitas outras, sejam desenvolvidas gradualmente desde o início da Graduação, pos-suindo complexidade crescente, partindo-se da observação, das práti-cas realizadas em laboratório, até a prática assistida que são os Estágios Curriculares (FCRS, 2011).

2 ESTÁGIO CURRICULAR

Entende-se “Estágio” como um procedimento didático-peda-gógico de profissionalização que complementa o processo ensino/aprendizagem, consistindo na etapa de preparação do aluno para o ingresso no mercado de trabalho, representando o início do exercí-cio das atividades inerentes à profissão escolhida pelo aluno, com-promissado com os princípios constitucionais que regem o com-portamento individual e coletivo da sociedade, bem como com os princípios éticos e de cidadania.

De acordo com Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, conhe-cida como a “lei do estágio”:

Art. 1o Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvi-do no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regu-lar em instituições de educação superior, de educação pro ̂ssional, de ensino médio, da educação especial e dos anos ̂nais do ensino fundamental, na modalidade pro ̂ssional da educação de jovens e adultos.

Assim, é uma oportunidade de aplicar os conhecimentos adqui-ridos no curso em situações simuladas ou reais de trabalho, aperfei-çoando e complementando o ensino e a aprendizagem, por meio de convênios ̂rmados com órgãos e instituições governamentais e não

Page 163: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

161

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

governamentais, entidades e empresas públicas e privadas. É uma ativi-dade obrigatória constante do Projeto Pedagógico do Curso e sua con-clusão e aprovação são condições necessárias para a obtenção do grau de Farmacêutico e cabe à Instituição de Ensino Superior o contato e credenciamento das empresas ou instituições facilitadoras deestágio.

3 ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE FARMÁCIA DA FCRS

O Estágio Curricular visa oferecer ao acadêmico, oportunidade da aplicação prática dos conhecimentos teóricos auferidos nas diver-sas disciplinas oferecidas nos Cursos da Instituição, que integram os respectivos currículos. As normas do Estágio Curricular Supervisiona-do estão descritas no Regulamento de Estágio, em conformidade com o Regimento Geral, com as Diretrizes Curriculares Nacionais de cada Curso e com a legislação em vigor (FRCS, 2011).

A programação do estágio é ajustada aos objetivos especí ̂cos do Curso de Farmácia, observando no processo a execução dos procedi-mentos, bem como o acompanhamento de suas ações para ̂ns de ava-liação de desempenho do aluno, pelos professores das disciplinas de estágio (Manual de Estágio FCRS, 2013).

Para realizar as atividades de estágio o aluno deverá estar regu-larmente matriculado no curso de Farmácia da FCRS. A realização do Estágio, por parte do acadêmico de Farmácia da FCRS, não acarreta vínculo empregatício de qualquer natureza e não gera encargos sociais.

O curso de Farmácia da FCRS contempla em sua matriz curricular dois estágios supervisionados, sendo estes no nono e décimo semes-tre, com carga horária de 300h em cada semestre (15 créditos práticos semanais - 75h para cada área), com um total de 600h, nas diversas áreas de atuação do pro ̂ssional farmacêutico, atendendo a formação do Farmacêutico, com per ̂l Generalista, de acordo com o que preconi-zam as Diretrizes Nacionais Curriculares para Cursos de Graduação em Farmácia (Resolução CNE/CES nº 02/2002; MANUAL DE ESTÁGIO CURSO DE FARMÁCIA, FCRS, 2013).

Page 164: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

162

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Dada a natureza do Curso, a carga horária do estágio é cumprida em situações reais de vida e de trabalho. Desta forma, ocorre nas insta-lações da Faculdade Católica Rainha do Sertão, nas Farmácias Comu-nitárias, Instituições e Empresas conveniadas com o Curso de Farmácia da FCRS (FCRS, 2011).

Ao longo dos estágios curriculares, durante as disciplinas, os alu-nos atuam diretamente no atendimento de pacientes em situação real de prática farmacêutica nas diversas áreas do curso, encontrando to-das as condições com que entrarão em contato posteriormente na vida pro ̂ssional. Atividades como atendimento aos pacientes, produção de medicamentos e realização de exames laboratoriais têm profundo valor pedagógico, tendo em vista a solidi ̂cação no aluno doper ̂l pro ̂ssio-nal almejado (FCRS, 2011).

4 OBJETIVOS DO ESTÁGIO SUPERVISSIONADO

O Estágio Supervisionado do curso de Farmácia da FCRS tem por objetivo principal, preparar o acadêmico para o ingresso no mercado de trabalho com a realização deatividades em empresas farmacêuticas e a ̂ns, propiciando a aquisição de vivência pro ̂ssional, como também:

• Proporcionar ao aluno o acompanhamento das atividades de-senvolvidas pelo pro ̂ssional Farmacêutico nos diversos cam-pos de atuação. Possibilitando o desenvolvimento de habilida-des especí ̂cas da pro ̂ssão, tais como: a aplicação de medidas administrativas relacionadas às atividades de produção, arma-zenamento, controle, dispensação e descarte de medicamentos pelo Farmacêutico;

• Estimular o desenvolvimento das potencialidades individuais dos acadêmicos, com o objetivo de formar pro ̂ssionais empre-endedores;

• Desenvolver no aluno a consciência de que interações medica-mentosas podem reduzir signi ̂cativamente a e ̂cácia terapêu-tica ou provocar reações tóxicas potencialmente graves;

• Permitir que o estagiário acompanhe o pro ̂ssional Farmacêu-tico nas tarefas que envolvam, procedimentos relacionados à

Page 165: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

163

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

coleta de material para ̂ns de análises laboratoriais e/ou to-xicológicas, realização e interpretação de exames laboratoriais;

• Demonstrar que medicamentos, alimentos e outros podem causar interferência nos resultados de exames laboratoriais;

• Fazer com que o estagiário compreenda como funciona a co-missão de controle de infecção hospitalar, assim como o papel do Farmacêutico nesta;

• Possibilitar que o aluno aplique na prática os conhecimentos te-óricos desenvolvidos em sala de aula, desenvolvendo no aluno, visão holística, humanista e interdisciplinar, além de integrá-lo as ações multipro ̂ssionais;

• Levar o aluno a re� exão sociológica, antropológica, ética e bio-ética da saúde;

• Estimular a busca do aprimoramento pessoal e pro ̂ssional, além de desenvolver no aluno o senso de conscientização das limitações e de ̂ciências individuais;

• Conscientizar o acadêmico quanto a importância do trabalho em equipe no desenvolvimento das atividades pro ̂ssionais (MANUAL DE ESTÁGIO CURSO DE FARMÁCIA FCRS, 2013).

5 ACOMPANHAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR

O Estágio Supervisionado em Farmácia é uma exigência legal que completa a formação acadêmica do Farmacêutico Generalista, sendo sua supervisão de competência e responsabilidade da Faculdade a qual, no papel do Coordenador do curso, que planeja e estabelece os objeti-vos a serem alcançados, os procedimentos metodológicos de sua execu-ção e os mecanismos de acompanhamento e avaliação correspondentes.

Através das práticas na Farmácia Escola da FCRS, no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal Eudásio Barroso e Labo-ratório Dr. Gláucio Barros Saldanha (Quixeramobim-CE), além dos programas de Estágios Curriculares junto a empresas conveniadas tais como Farmácias comunitárias e de manipulação, Assistência Farma-cêutica (Secretária de Saúde do município de Quixeramobim-CE) e Gestão da qualidade e análise da água, os acadêmicos regularmente ma-

Page 166: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

164

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

triculados nas disciplinas de Estágio Supervisionado I e II do curso de Farmácia da FCRS têm a oportunidade de relacionamento com o futuro campo de trabalho.

O acompanhamento do estágio curricular é realizado pelos docen-tes de cada estágiobaseado nas normas especí ̂cas do Curso, observan-do-se também as normas institucionais (FCRS, 2013) e a Lei do Estágio (Lei nº 11.788/2008).

A avaliação da aprendizagem é entendida como um processo con-tínuo e cumulativo do desempenho do aluno variando de 0 (zero) a 10 (dez), com dois tipos de avaliação: Desempenho: que vale 4 pontos (se caso o aluno venha ter mais que 50% de insatisfatório e/ou regular, esse aluno não ganha os 4 pontos) e Critério do preceptor de estágio: que vale 6 pontos. Cada grupo de no máximo seis alunos será supervisiona-do por um Farmacêutico. Será considerado como aprovado o docente que obtiver média igual ou superior a sete, não existindo avaliação ̂nal para supervisão de estágio. A frequência mínima obrigatória é de no-venta por cento (90%) do total de horas de ̂nidas por disciplina (MA-NUAL DE ESTÁGIO CURSO DE FARMÁCIA FCRS, 2013).

Um ou mais dos seguintes critérios, dentre outros, poderão ser uti-lizados na avaliação das disciplinas de estágio:

1. Aspectos interdisciplinares e aproveitamento nas atividades desenvolvidas;

2. Ficha descritiva das atividades realizadas;3. Relatório de estágio;4. Trabalhos e seminários;5. Provas.

Após o cumprimento de toda a carga horária nas diversas áreas da Farmácia, e com o parecer favorável de aprovação de seu supervisor, o Estágio Supervisionado será integralizado. O aluno que, por qualquer motivo, deixar de frequentar uma disciplina de estágio, não poderá concluir o Curso de Farmácia enquanto não cumprir a carga horária do mesmo e, se reprovado, em qualquer disciplina de estágio, deverá repeti-la no semestre seguinte.

Page 167: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

165

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

6 PRECEPTORIA

Entende-se por preceptoria a forma de acompanhar e orientar na educação de algum conhecimento seja ele das áreas de saúde, humanas, social ou qualquer outra. O Preceptor é um pro ̂ssional de diversas áre-as que atua na área correspondente e coordena diretamente um grupo de estudantes vinculados a uma entidade de caráter ̂lantrópico ou pri-vado, sob a orientação de um professor titular.

A preceptoria é realizada por esse pro ̂ssional habilitado, contra-tado pela Instituição de Ensino Superior para dar suporte a um grupo de até seis alunos que estiverem em treinamento na mesma área do Pre-ceptor.

Em 2004, foi formada a primeira turma do Curso de Graduação em Farmácia da FCRS e os docentes, ao ̂nal do curso, realizaram os estágios supervisionados que estavam em fase de estruturação, não possuindo carga horária, áreas de ̂nidas e o papel do preceptor, tendo como supervisor o Coordenador do curso de Farmácia.

Em 2008, os Estágios Supervisionados foram reestruturados, ̂can-do com áreas e carga horária de ̂nida.

Em 2009, a supervisão dos estágios ̂cou na responsabilidade do professor Deive Brito Ribeiro que, em colaboração com o prof. Jeferson Falcão do Amaral, Coordenador do Curso na época, elaborou o “Ma-nual de Estágio do Curso de Farmácia da FCRS”, institucionalizando e respaldando o estágio supervisionado do curso, o qual é atualizado pe-riodicamente. Assim ̂cando de ̂nido o papel do preceptor nos estágios curriculares e as áreas nas quais os alunos teriam a obrigatoriedade de frequentar.

Desde sua implantação, o curso de Farmácia da FCRS passou por diversas modi ̂cações na grade curricular e todas com modi ̂cações nos estágios curriculares. Atualmente o curso possui uma matriz curricular que contempla os Estágios Supervisionados I e II com áreas e precepto-res de ̂nidos, abaixo relacionados:

• Análises Clínicas: Hospital Municipal Eudásio Barroso e La-boratório Dr. Gláucio Barros Saldanha – Quixeramobim, que

Page 168: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

166

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

tem como preceptores Donato Mileno Barreira Filho e Carla Patrícia de Almeida Oliveira;

• Farmácia Comunitária: Farmácia Pague Menos e Farmácia do Povo, com preceptoria de Karla Bruna Nogueira Torres Barros e Deive Brito Ribeiro;

• Farmácia Escola: Faculdade Católica Rainha do Sertão, com os preceptores Deive Brito Ribeiro e Cinara Vidal Pessoa;

• Farmácia com Manipulação: Farmácia Pague Menos – Fortale-za, que tem como preceptor Deive Brito Ribeiro;

• Farmácia Hospitalar: Hospital Municipal Eudásio Barroso, com preceptoria de Karla Bruna Nogueira Torres Barros;

• Assistência Farmacêutica: Secretária de Saúde – Quixeramo-bim, com os preceptores Leina Mércia de Oliveira Vasconcelos

• Gestão da qualidade e análise da água: Mercadinho São Geral-do e Faculdade Católica Rainha do Sertão, que tem como pre-ceptores Rogério Nunes dos Santos e Felipe Gomes Pinheiro.

6.1 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ANÁLISES CLÍNICAS

O Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Municipal Eudá-sio Barroso, hospital Polo da 8º Célula Regional de Saúde do Ceará (8º CRES/CE), presta serviço aos setores de emergência e clínica médica, além de atender a rede básica de saúde com a coleta descentralizada realizada nas Unidades Básicas de Saúde do Sistema Único de Saúde (UBS/SUS).

O Estágio Supervisionado no referido laboratório teve início em 2008, tendo como preceptor o professor Donato Mileno Barreira Filho, o qual relata ser “oportunidade e incentivo para aprimorar e buscar no-vos conhecimentos na área a que me foi con ̂ada a missão de formar os futuros Farmacêuticos Analistas Clínicos”.

Continuando, o referido professor descreve a atuação dos alunos:

Dentro desse campo de estágio, o aluno de Farmácia da FCRS per-passa por várias áreas das Análises Clínicas, que vai desde a recep-ção, acolhimento e coleta do material biológico do usuário, até as

Page 169: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

167

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

áreas técnicas, tais como; hematologia, imunologia, microbiologia, parasitologia e uranálise, tendo a oportunidade de realizar vários exames laboratoriais nos diversos setores.

Em todos os setores da área de Análises Clínicas, o aluno estagiário tem a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos nas diversas disciplinas do curso principalmente as direcionadas as clínicas e vivenciar desde a realização dos exames laboratoriais até a interpretação dos resultados obtidos. Dentre os di-versos exames laboratoriais realizados, o prof. Donato Mileno relaciona os principais em cada setor como:

Hematologia: Hemograma, Coagulograma e VHS;Imunologia: ASO, PCR, Fator Reumatoide, Tipagem Sanguínea, Teste de Gravidez e Enzimas cardíacas;Uranálise: Sumário de urina;Parasitológico: Parasitológico de fezes;Bioquímica: Glicose, Colesterol total e frações, Triglicerídeos, Uréia, Creatinina, Bilirrubina Total e Frações, TGO, TGP, Ácido úrico e TOTG 75;Microbiologia: Bacterioscopia de Secreção Vaginal (método de Gram), Bacilospia de TB e Hansseníase.

O prof. Donato Mileno ainda ressalta que os alunos são orien-tados “quanto ao manuseio correto e adequado descarte dos Equipa-mentos de Proteção Individual (EPIs), além da análise das amostras biológicas pelos acadêmicos serem rigorosamente, supervisionadas pelo preceptor”.

De acordo com o Professor Preceptor são exigências para que o aluno logre êxito no Estágio Supervisionado: “disciplina e responsabili-dade para com o local de estágio, destreza nos procedimentos técnicos, ética pro ̂ssional e conhecimento prévio das disciplinas exigidas no la-boratório clínico”.

Page 170: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

168

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

6.2 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

O campo de estágio em Farmácia Comunitária se divide em duas etapas realizadas em estabelecimentos farmacêuticos no muni-cípio de Quixadá: a primeira consiste no estágio em uma Farmácia de grande porte, que trabalha com mais de 15000 itens farmacêuti-cos; e a segunda etapa consiste em um estágio em uma farmácia de pequeno porte.

De acordo com o Professor Preceptor Deive Brito Ribeiro, respon-sável pela farmácia de grande porte:

Os alunos têm a oportunidade de atender, dispensar, orientar, en-trar em contato com os clientes, tanto pessoalmente como por tele-fone, e ter o primeiro contato com o paciente. Também aprendem as mais diversas classes terapêuticas e as várias marcas de medica-mentos, correlatos, perfumaria, produtos de higiene e cosméticos. Têm acesso ao sistema de vendas da farmácia e o sistema que con-trola a venda de medicamentos controlados; observa-se as ativida-des do farmacêutico e do gerente aonde ele possa a vir exercer o cargo futuramente.

A segunda etapa do campo de estágio em Farmácia Comunitária consiste em um estágio em uma farmácia de pequeno porte na qual tem como preceptora a Professora Karla Bruna Nogueira Torres Barros que descreve que o estágio:

Ocorre de forma interativa com o estabelecimento farmacêutico, em períodos matutinos e vespertinos atendendo uma carga horária determinada pela instituição, sendo os discentes acolhidos e tendo supervisão de um professor/preceptor sendo divididos em equipes no intuito de atender as necessidades de aprendizagem signi ̂cativa, como também não interferir no trabalho cotidiano da equipe de pro ̂ssionais ali inseridos.

Como descreve a professora Karla Bruna, “o objetivo do estágio é aproximação do discente com o paciente, na busca de aprimorar a aten-

Page 171: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

169

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ção, assistência e dispensação farmacêutica, levando em consideração que esta área é exclusiva do pro ̂ssional farmacêutico”.

No decorrer do Estágio Supervisionado em Farmácia Comunitá-ria, o aluno tem acesso a conhecimentos práticos e teóricos ligados à farmacologia, onde são revisadas as principais classes farmacológicas, indicações, efeitos adversos, posologias, interações medicamentosas, e segurança do fármaco em público alvo diferenciados, tendo em vista que é de suma importância para esclarecer as dúvidas sobre medica-mentos trazidas pela população.

A preceptora ainda acrescenta que “são disponibilizados ao aluno casos clínicos cotidianos para ̂xação e avaliação dos conteúdos repassa-dos além de acompanhar todo o processo logístico da farmácia (progra-mação, aquisição, armazenamento, estoque, validade, lotes, etc.) e os pro-gramas de vendas (Infarma, ShopControl, SNGPC, Farmácia Popular).”

Para avaliação acompanhamento do aluno no decorrer do estágio, são realizadas “apresentações, hora em equipe, hora individual, contabili-zando pontos e ao ̂nal de cada estágio é realizada uma avaliação escrita, com temas abordados e divididos individualmente entre os discentes”.

6.3 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FARMÁCIA ESCOLA

O Estágio Supervisionado em Farmácia Escola ocorre nas depen-dências da Faculdade Católica Rainha do Sertão especi ̂camente na Farmácia Escola, que conta com uma estrutura que simula uma farmá-cia com manipulação, um laboratório de análises de água, além de uma estrutura de Horto onde se cultivam somente plantas medicinais.

Esse campo de estágio se divide em dois setores assim descritos pelo professor preceptor Deive Brito Ribeiro:

O primeiro setor atende a ̂toterapia; manipulação de cosméticos, correlatos e o ̂cinais e no segundo setor os alunos tem uma vivência com normas de segurança, modelos de plantas físicas para estru-turação de uma farmácia com manipulação, os principais equipa-mentos utilizados, a legislação vigente para a manipulação desse segmento; os cálculos farmacêuticos; as principais formulações uti-lizadas no mercado; a elaboração de POP`S (Procedimento Opera-

Page 172: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

170

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

cional Padrão) e o aprendizado no procedimento de fabricação de produtos farmacêuticos.

De acordo com o referido professor, os alunos atendem a demanda da própria FCRS “abastecendo a Clínica de Fisioterapia com pomadas cicatrizantes, gel anti-in� amatório, creme hidratante, como também da Clínica de Odontologia com enxaguatórios bucais, gel para ultrassono-gra ̂a entre outras”.

As organizações ̂lantrópicas e a comunidade também são acolhi-das nesse setor de estágio através da doação dos produtos farmacêuticos manipulados pelos próprios alunos e distribuídos por eles nos projetos de extensão.

6.4 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FARMÁCIA COM MANI-PULAÇÃO

Para o Estágio Supervisionado em Farmácia com Manipulação o supervisor dos estágios do curso de Farmácia da FCRS relata que “existe uma anomalia perante os outros campos de estágios, por conta de que não existe nenhuma empresa do ramo na região do Sertão Central para receber os discentes. Estes são encaminhados para Fortaleza, onde exis-te uma amplitude muito grande no ramo de manipulação”.

Contudo devido à peculiaridade do estágio, os alunos são volunta-riados, pois pela Lei dos estágios supervisionados curriculares (Lei nº 11.788/2008), o aluno não pode ser obrigado a participar de um campo de estágio caso a localização seja fora de atuação da Instituição. “Para os alunos que optem a não participarem de um campo fora da área de atu-ação da FCRS eles retornam para a Farmácia Escola onde são simuladas situações da Farmácia com Manipulação.”

6.5 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FARMÁCIA HOSPITALAR

O Estágio Supervisionado em Farmácia Hospitalar é desenvolvido e executado no Hospital Municipal Dr. Eudásio Barroso, em períodos matutinos e vespertinos de acordo com uma carga horária disponibili-zada pela FCRS.

Page 173: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

171

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Como descreve a Professora Karla Bruna, preceptora do referido estágio: “o objetivo do estágio é execução e aprimoramento de teorias aprendidas durante todo o processo de ensino e aprendizagem da gra-duação, relacionado à área hospitalar.”

As principais atividades desenvolvidas são: gerenciamento de fár-macos (ciclo logístico de aquisição até a dispensação), fracionamento de fármacos, diluição de sanizantes, organização de sistemas de distribui-ção, estudos de variações das formas farmacêuticas, acompanhamento em farmácia clínica, curva ABC de insumos, conhecimento e utiliza-ção de material médico hospitalar (MMH), veri ̂cação e ̂scalização de fármacos com prazos de validades expirados, montagem de kits de in-ternamento e UTIs, dispensação de hipoglicemiantes (insulinas NPH e R), reposição de material e medicamentos em carrinhos de emergência, padronização de prateleiras, gestão hospitalar, manuseamento de pro-gramas epidemiológicos, entre outros.

Continuando, a preceptora descreve que “na desenvoltura do estágio são revisados artigos e casos clínicos para uma maior ̂xação do conhe-cimento e aprendizagem do discente. Ao ̂nal do estágio, o aluno é sub-metido a um processo avaliativo através de uma prova teórica e prática”.

6.6 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ASSISTÊNCIA FARMA-CÊUTICA

A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90), que constitui o Sistema Único de Saúde (SUS), assegura ao cidadão brasileiro o direito aos ser-viços de saúde. Em seu art. 6° incluem-se os campos de atuação para a execução das ações de assistência terapêutica integral, inclusive farma-cêutica, garantindo ações vinculadas aos serviços farmacêuticos (BRA-SIL, 2006).

A Assistência Farmacêutica pode ser de ̂nida como parte inte-grante da política de saúde e objetiva apoiar as ações na promoção do acesso aos medicamentos essenciais e seu uso racional. Considerada como área estratégica do Sistema de Saúde para suporte as intervenções de promoção, prevenção de doenças e no tratamento, apresenta um conjunto de atividades de natureza técnica, cientí ̂ca e administrativa.

Page 174: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

172

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O Estágio Supervisionado no campo da Assistência Farmacêu-tica é realizado na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) da Secretaria de Saúde do município de Quixeramobim a qual é composta por seis farmacêuticos: 01 na coordenação, 01 na farmácia central, 02 nas unidades Estratégia Saúde da Família, 01 no Núcleo de Apoio Saúde Família (NASF) e 01 no Centro de Atenção Psicos-social (CAPS).

A Preceptora do referido estágio, Leina Mércia de Oliveira Vas-concelos, Coordenadora da Central de Abastecimento Farmacêutico, relata que “os alunos realizam o estágio da Assistência Farmacêutica na CAF e nas unidades de dispensação da Estratégia Saúde da Família, o que propicia ao discente, conhecimentos das etapas da assistência far-macêutica que envolve desde a seleção até a distribuição e dispensação de medicamentos”.

Ainda de acordo com a preceptora:

Nas Farmácias da ESF os alunos realizam a dispensação, orientando os pacientes sobre o uso correto dos medicamentos, contribuindo com uma maior adesão ao tratamento. Realiza-se também, o servi-ço de atenção farmacêutica aos pacientes portadores de tuberculose e hanseníase, e palestras educativas junto ao NASF sobre o uso ra-cional dos medicamentos. Todas estas atividades são supervisiona-das pelos farmacêuticos e o professor preceptor. Com este campo de estágio, o aluno adquire conhecimentos, podendo atuar na área assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para os estudantes estagiários esse campo denota uma grande im-portância pelo campo de atuação do pro ̂ssional Farmacêutico em cida-des principalmente do interior do Estado, sendo um estágio estratégico para os futuros pro ̂ssionais. A profa. Leina Mércia ainda ressalta que “políticas Farmacêuticas bem estruturadas são imprescindíveis ao SUS, pois o medicamento é insumo estratégico para a melhoria da saúde e sua ligação com as demais ações e programas de saúde, constituindo ferramenta fundamental em planejamento”.

Page 175: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

173

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

6.7 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ANÁLISE DE ÁGUA

Desenvolvendo uma metodologia de ensino-aprendizagem enfa-tizando conceitos e técnicas aplicáveis por meio de aulas práticas em período vespertino, o laboratório de Análises de Água da Faculdade Católica Rainha do Sertão oferece aos estagiários, aprofundamento em métodos analíticos quantitativos clássicos e instrumentais assim como microbiológicos.

De acordo com o preceptor Prof. Rogério Nunes dos Santos:

Os estagiários do Laboratório de Análises de Água englobam co-nhecimentos fundamentais relacionados com a qualidade da água utilizada para consumo humano e para utilização em atividades diversas com in� uência sobre a saúde da comunidade. Durante os estágios, os discentes realizam análises físico-químicas e bacterio-lógicas sistemáticas de várias amostragens (poços, abastecimento público, caixa d’água, bebedouros, puri ̂cadores, estações de tra-tamento, cisternas, açudes e águas minerais de fontes e nascentes) buscando comparar com os padrões de potabilidade exigidos de acordo com a legislação vigente.

Dentre as análises realizadas pelos discentes durante os estágios podemos relacionar:

• Análises físico-químicas: cloro, pH, ferro, alcalinidade, dure-za, cálcio, magnésio, nitrito, nitrado, sulfato, amônia, cloretos, condutividade, turbidez, sódio, potássio e etc.

• Análises microbiológicas como contagem padrão de bactérias, Coliformes Totais e Fecais (Escherichia coli).

Esse campo de estágio tem por objetivo “fornecer aos discentes co-nhecimentos sobre qualidade da água e suas principais características, determinadas em relação ao uso ao qual se destina, bem como sobre as principais análises utilizadas na determinação da potabilidade da água utilizada para consumo humano”, relata o professor Rogério Nunes.

Page 176: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

174

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

7 CONCLUSÃO

O estágio supervisionado do curso de Farmácia da Faculdade Ca-tólica Rainha do Sertão tem sido executado de forma mais ampla em ambientes externos à Instituição, nos quais existe um pro ̂ssional habi-litado como responsável, os preceptores.

O estágio curricular, a partir do exposto neste capítulo, é de extre-ma importância para a formação do futuro pro ̂ssional. É nesse período que o acadêmico adquire um maior aprendizado e onde realmente tem--se o contato com o âmbito pro ̂ssional percebendo as responsabilida-des e os desa ̂os que os pro ̂ssionais da área da saúde trazem consigo.

Para os professores preceptores o ganho de conhecimento e o re-passe do mesmo aos alunos tem valor estimado, sendo seu papel não apenas limitado à assistência a saúde, mas também a realidade pro ̂s-sional, contribuindo para a formação dos futuros Farmacêuticos visan-do à promoção e re� exão sobre a produção do cuidado com a saúde e a pro ̂ssão.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e Ministério do Trabalho e Emprego. Lei nº 11.788/2008 Estabelece orientação sobre a aceitação de estagi-ários. Brasília, 2008.

_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas da Saúde. Assis-tência Farmacêutica na atenção básica: instruções técnica para a sua organização. 2. ed. Brasília, 2006.

FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO. Normas do Es-tágio Supervisionado do curso de graduação em Farmácia. Quixadá: FCRS, 2013.

______. Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Farmácia. Quixadá: FCRS, 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS. Manual do estagiário do curso de Farmácia. UNIFAL-MG, 2010.

Page 177: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

175

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

SOBRE OS AUTORES

Regilane Matos da Silva PradoFarmacêutica-Bioquímica, Doutora em Farmacologia. Docente na Fa-culdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Karla Bruna Nogueira Torres BarrosFarmacêutica, Especialista em Farmacologia na Farmácia Clínica. Do-cente na Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Donato Mileno Barreira FilhoFarmacêutico-Bioquímico, Mestre em Saúde Pública. Docente na Fa-culdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: mileno¡ @fcrs.edu.br.

Deive Brito RibeiroFarmacêutico, Especialista em Administração Farmacêutica. Docente na Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Gláucio Barros SaldanhaFarmacêutico-Bioquímico, Doutor em Saúde Pública. Docente na Fa-culdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Page 178: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 179: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

177

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

1.1 OS FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO FILOSÓFICA NA IGREJA CATÓLICA

“A renovação da Igreja depende, em grande parte, do ministério sacerdotal”, não é outro o entendimento da Igreja (OT, proêmio). Os padres, animados do mesmo espírito de Cristo, através da pregação e do exemplo de vida, são os grandes responsáveis pela salvação das almas que, a teor do cânon 1.752, do Código de Direito Canônico, deve ser a “lei suprema da Igreja” (CDC, Cân. 1752)1.

Para bem cumprir o seu mister, necessária se faz uma sólida for-mação seminarística, pautada, sobretudo, na proposta cristã da santida-de, mas, também, na ̂rme preparação acadêmica, alicerçada na sadia tradição ̂losó ̂co-teológica ocidental, seja para o clero diocesano, seja para o clero religioso.

Vale dizer, se, por um lado, Cristo Redentor deve ser seguido com “alma generosa e coração puro” (OT, n.3) pelos que amam a Igreja, em espírito de obediência, castidade, pobreza, domínio de si e solicitude pas-toral, por outro, a formação intelectual deve fornecer bases seguras, tanto do ponto de vista humano, quanto cientí ̂co, ̂losó ̂co e teológico.

1 “Salus animarum suprema lex Ecclesiae esse debet” – Tradução do autor: A lei supre-ma da Igreja deve ser a salvação das almas.

UMA FILOSOFIA A SERVIÇO DA VIDA E DA

ESPERANÇA DA POPULAÇÃO DO SERTÃO

CENTRAL

h

Antonio Glauton Varela Rocha Francisco Cleilson Rodrigues Medeiros

Renato Moreira de Abrantes Rivelino Duarte Costa

Page 180: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

178

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Uma e outra – espiritualidade e intelectualidade – favorecem a correta compreensão do relacionamento entre fé e razão e suas apli-cações práticas no mundo, tão carente do diálogo e da acolhida. São complementares, como a ̂rma o Grande Tomás de Aquino:

A doutrina sagrada utiliza também a razão humana, não para pro-var a fé, o que lhe tiraria o mérito, mas para iluminar alguns ou-tros pontos que esta doutrina ensina. Como a Graça não suprime a natureza, mas a aperfeiçoa, convém que a razão natural sirva à fé (AQUINO, 1980, I, q. I, a. 8, c).

Ou, como ensina o Beato João Paulo II, no proêmio da Carta En-cíclica Fides et Ratio:

[...] a fé e a razão ( ̂des et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da ver-dade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (FR, n.1).

Particularmente, a formação ̂losó ̂ca – entendida, segundo a fór-mula tomista “philosophia ancilla theologiae est”2, como indispensável preparação à teologia –, con ̂gura-se como importante etapa da forma-ção seminarística e, também, como facilitadora e habilitadora do diálo-go com o mundo moderno, tão exigente quanto desa ̂ador.

É nesta perspectiva que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por ocasião da 32ª Assembleia Geral, no ano de 1994, aprovou e publicou as Diretrizes Básicas da Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil” (Doc. 55)3, no intuito de oferecer segura orienta-ção na formação integral de ministros convictos e fervorosos da Nova Evangelização.

2 Tradução do autor: A ̂loso ̂a é a serva da teologia.3 Disponível em: <http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/cat_view/134--documentos-cnbb?start=20>

Page 181: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

179

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Referidas Diretrizes dedicam capítulo especial à formação ̂losó- ̂ca dos candidatos ao sacerdócio, atentas ao fato de que “toda a for-

mação dos candidatos ao presbiterato é destinada a dispô-los de modo particular para comungar da caridade de Cristo, Bom Pastor. Portanto, nos seus diversos aspectos, esta formação deve ter um caráter essencial-mente pastoral” (Doc. 55, n. 82).

Por esta razão, a totalidade da formação presbiteral, aqui incluí-dos os estudos ̂losó ̂cos, é destinada ao “ministério da Palavra”, para que a Palavra de Deus revelada seja melhor entendida pelos semina-ristas e, desta forma, saibam comunicá-la por palavras e com a vida; ao “ministério do culto e da santi ̂cação”, para que, pregando e ce-lebrando, saibam exercitar a obra da salvação por meio do sacrifício eucarístico e dos sacramentos; e ao “ministério de pastores”, para que saibam apresentar aos homens Cristo que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos, fazendo-se servo de todos.

Neste contexto, reveste-se de particular importância a formação ̂losó ̂ca dos candidatos ao sacerdócio, com evidente motivação pas-

toral e considerada pelo Beato João Paulo II, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores Dabo Vobis, sobre a formação dos sacerdotes nas circunstâncias atuais, como “um momento essencial da formação in-telectual que leva a uma compressão e interpretação mais profunda da pessoa, da sua liberdade, das suas relações com o mundo e com Deus” (PDV, n. 52).

2 A FORMAÇÃO FILOSÓFICA NA DIOCESE DE QUIXADÁ

Uma das primeiras preocupações de um Bispo é a formação de seu clero diocesano, sendo “dever e direito próprio e exclusivo da Igreja formar os que se destinam aos ministérios sagrados” (CDC, Cân. 232-233).

A toda a comunidade cristã cabe o dever de incentivar as vocações, particularmente as famílias e os educadores, mas no próprio Bispo re-cai a obrigação de promover as vocações e instruir o povo a respeito da importância do ministério sagrado e sobre a necessidade de ministros

Page 182: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

180

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

na Igreja4. Verdade é que nem todas as dioceses, mormente as do inte-rior deste imenso Brasil, dispõem de recursos ̂nanceiros e humanos para manter, em suas sedes, cursos de ̂loso ̂a e teologia, mesmo que seminarísticos5.

Muitos Bispos, diante desta impossibilidade, se utilizam da alter-nativa prevista no cânon 237 § 1º, do Código de Direito Canônico, e erigem, de comum acordo, Seminários Interdiocesanos, para onde en-viam seus seminaristas, para efetivarem ou completarem a sua forma-ção superior.

Assim aconteceu com a diocese de Quixadá. Criada pelo Santo Padre, o Papa Paulo VI, aos 13 de março de 1971, pela Bula Qui Sum-mopere, e instalada aos 21 de agosto de 1971, teve por primeiro Bispo diocesano Dom Joaquim Ru ̂no do Rego.

Na diocese então criada, Dom Ru ̂no voltou-se para a formação das lideranças cristãs das diversas paróquias, tendo fundado, ainda na década de 1980, o Instituto Teológico-Catequético. Marcadamente voltado para a transformação da realidade, Dom Ru ̂no, cujo cabe-dal intelectual não deixava a desejar (estudou em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana, entre os anos de 1949 a 1952, onde obteve a Licença em Teologia Dogmática), dedicou-se exaustivamente à Pas-toral Vocacional e à construção do Seminário Pio XII, para acolhida dos “minoristas” (seminaristas cursando entre o primeiro e o segundo graus – nomenclatura da época) e posterior envio ao “seminário maior” ( ̂loso ̂a e teologia).

Em tempos de escassez de clero, Dom Ru ̂no mostrou-se “gigante” na manutenção pastoral (sendo ele próprio pároco da Catedral) e na preparação da diocese de Quixadá para o Bispo que lhe sucederia, Dom Adélio Tomasin.

4 Idem, Ibidem.5 Nota dos autores: os Cursos Seminarísticos, embora não con ̂ram diploma de gra-duação, pois não reconhecidos pelo MEC, são de nível superior eclesiástico e garantem aos seus egressos a possibilidade de revalidação, com aproveitamento de estudos, nos termos do Parecer CNE/CES nº 63/2004 e dos arts. 9º e 10, do Acordo entre a Repú-blica Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil.

Page 183: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

181

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Como segundo Bispo diocesano, Dom Adelio tomou posse aos 28 de maio de 1988. Assim como Dom Rufino, sentiu que pouco ou nada faria sem colaboradores, sem sacerdotes, que, de-dicando suas vidas à causa do Reino, estivessem preparados in-telectualmente e dispostos a levar adiante a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em 1996, no dia 08 de dezembro, por força do Decreto nº 286, criou o Instituto Filosó6 co-Catequético Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, para que os seminaristas maiores, enviados a Fortaleza, ou a ou-tros centros, como Roma, pudesse cursar ̂loso ̂a em seu torrão natal, partilhando as experiências e a vida do seu próprio povo. O Instituto recém-criado contribuiu para a formação de não poucos seminaristas, oriundos de diversas paróquias da diocese e para elas enviados nos períodos de férias, onde poderiam colocar em prática os ensinamentos recebidos.

Trecho do referido Decreto deixa clara a intenção do Senhor Bispo ao criar o Instituto: “formar os seminaristas que concluíram o segundo grau e, mediante o chamado do Senhor, galgam empreender os estudos ̂losó ̂co-teológicos exigidos pela Santa Igreja aos candidatos ao Sacer-

dócio”. Além disso, sem deixar de lado a formação dos leigos, Dom Adélio consigna que

O mesmo Instituto continuará a ministrar cursos de catequese e te-ologia fundamental para formar catequistas da Diocese, como tam-bém os professores da disciplina ‘Ensino Religioso’ das escolas do Estado do Ceará, de acordo com o convênio selado entre a CNBB e o referido Estado.

Com a conclusão da primeira turma do curso seminarístico, Dom Adelio julgou importante a continuação dos estudos maiores dos seus seminaristas na própria diocese de Quixadá. Assim, no dia 08 de de-zembro de 1999, pelo Decreto nº 457, criou o Curso de Teologia que,

6 Documento constante do Anexo I.7 Documento constante do Anexo II.

Page 184: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

182

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

juntamente com o Curso Seminarístico de Filoso ̂a do Instituto Filo-só ̂co-Catequético, passou a se chamar Instituto Filosó6 co-Teológico Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão.

No texto do Decreto de criação, Dom Adélio estabelece as diretri-zes do Instituto Filosó ̂co-Teológico, numa explícita comunhão entre vida espiritual e vida intelectual:

Nunca é demais insistir na necessidade de uma verdadeira for-mação humana, espiritual, intelectual e pastoral dos candidatos ao sacerdócio, onde a oração, a Eucaristia, os sacramentos, a vida comunitária e o amor que Cristo tinha para com os homens, for-mem uma coisa só com a formação ̂losó ̂ca e teológica. Sem a santidade e sem a formação especí ̂ca nunca teremos verdadeiros sacerdotes.

Sem deixar de conclamar todos à oração e à ação, o Senhor Bis-po consignou em seu Decreto a necessidade de sacerdotes sábios e santos:

Por isso, neste decreto de criação do Curso Teológico, peço, em nome de Cristo, que todos os que, de maneira direta e indireta, foram comigo envolvidos na formação, tenham este ideal sempre presente e operante e que elevem quotidianamente a Deus ferventes preces e sacrifícios, para que o Espírito Santo e Maria doem a esta Igreja, que está em Quixadá, sacerdotes santos e sábios, orantes e zelosos, e que sejam sal e luz do mundo.

Grande foi a contribuição daquela casa de formação, nos bancos da qual muitos jovens aprenderam valiosas lições, se não para a vida sa-cerdotal, mas para a vida cristã. Não somente sacerdotes engrossam as ̂leiras dos egressos do IFTNIRS, mas, também, juristas, engenheiros,

professores, homens de bem, cidadãos, que captaram de seus mestres lições que lhe ̂zeram homens.

Em 2004, com a criação da Faculdade Católica Rainha do Sertão, os Cursos Seminarísticos de Teologia e Filoso ̂a foram encampados e,

Page 185: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

183

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

por ato legal, autorizados pelo Ministério da Educação, sendo, hoje, ambos reconhecidos, por força, respectivamente, das Portarias MEC/SESu nº 570, de 21 de agosto de 2008 e MEC/SERES nº 1.702, de 18 de outubro de 2010.

Do Instituto-Filosófico Catequético, mantido pela diocese de Quixadá, à criação do Curso de Filosofia da Faculdade Católica Rainha do Sertão, já passaram 460 alunos, inclusive seminaristas, entre os quais, hoje, muitos são sacerdotes, que serem a Deus, à Igreja e ao seu povo nas dioceses de Quixadá, Sobral, Itapipoca, Iguatu, no Ceará, e Brejo, no Maranhão, além de congregações re-ligiosas e comunidades de vida, como o Instituto Jesus Missionário dos Pobres e o Instituto Boa Semente, conforme se pode vislum-brar nos quadros abaixo:

Quadro 1 – Quantidade de alunos matriculados.

DIOCESE DE QUIXADÁ

INSTITUTO FILOSÓFICO-CATEQUÉTICO

INSTITUTO FILOSÓFICO-TEOLÓGICO

CURSO SEMINARÍSTICO

ANO MATRÍCULAS DIRETOR

1997 33 Pe. Benildo Ceresa, psdp

1998 65 Pe. Benildo Ceresa, psdp

1999 74 Pe. Benildo Ceresa, psdp

2000 67 Pe. Benildo Ceresa, psdp

2001 53 Pe. Benildo Ceresa, psdp

2002 69 Pe. Edilberto Cavalcante Reis 

2003 47 Pe. Edilberto Cavalcante Reis 

TOTAL 408  

Fonte: Arquivos Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Page 186: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

184

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Quadro 2 – Quantidade de egressos.FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO

CURSO DE FILOSOFIA

AUTORIZAÇÃO: Portaria MEC nº 959/2004 RECONHECIMENTO:

Portaria SERES/MEC nº 1.702/2010

ANO EGRESSOS COORDENADOR

2004 - Ursula Anne Mathias

2005 - Ursula Anne Mathias

2006 - Pe. Francisco Cleilson R Medeiros

2007 - Pe. Francisco Cleilson R Medeiros

2008 07 Pe. Francisco Cleilson R Medeiros

2009 07 Pe. Francisco Cleilson R Medeiros

2010 04 Pe. Francisco Cleilson R Medeiros

2011 17 Pe. Francisco Cleilson R Medeiros

2012 10 Pe. Francisco Cleilson R Medeiros

2013.1 07 Antonio Glauton Varela Rocha

TOTAL 52  

Fonte: Arquivos Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Historicamente, comprova-se que a Faculdade Católica Rainha do Sertão deita raízes na ação pastoral de Dom Joaquim Ru ̂no do Rego e nos atos legais, por parte de Dom Adelio Tomasin, ao criar o Instituto Filosó ̂co-Catéquético, em 1996, e, posteriormente, em 1999, o Insti-tuto Filosó ̂co-Teológico Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão.

Explícita, portanto, a vocação radical de nossa “Católica de Qui-xadá”: formar presbíteros santos e bem preparados para a Igreja e para o mundo e formar homens e mulheres, nas diversas áreas do saber, para agirem como transformadores e modi ̂cadores da realidade social.

3 AÇÕES DO CURSO DE FILOSOFIA

A autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento do Curso de Filoso ̂a, por parte do Ministério da Educação, vieram tão somente consolidar o processo iniciado em 1996, com a criação do Ins-tituto Filosó ̂co Catequético.

Page 187: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

185

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Ações as mais diversas foram impetradas, como seminários, sim-pósios, palestras, congressos, dentre outras, que serviram de estímulo à re� exão e à prática da ̂ loso ̂a, entendida como ciência estimuladora do homem à sabedoria.

Abaixo, seguem relatos, por ano, de algumas das atividades desen-volvidas.

3.1 ANO DE 2006

Em 2006, foi desenvolvido junto à Creche-Escola da Comunidade Rainha da Paz, de Quixadá, um Projeto de Formação Humano-Afetiva, envolvendo todos os professores de ensino fundamental e médio, além dos funcionários.

O Projeto levou em consideração a defasagem de formação huma-na e de conhecimento de si próprio enquanto sujeito racional, visando capacitar o docente nas suas diversas relações humanas e o autoconhe-cimento de si, nas suas dimensões fundamentais, quais sejam liberdade, responsabilidade, moralidade, autenticidade e outros.

Juntamente com o Curso de Teologia, o Curso de Filoso ̂a desen-volveu ao longo dos anos de 2006 e 2007 um ciclo de palestras com as seguintes temáticas: “O poder dos pais sobre a vida do embrião hu-mano” e a “Lei de Biossegurança”, em continuação a projeto anterior, também no formato de palestra, sob o título “Direitos do nascituro”, em que se deu ênfase aos quatro direitos fundamentais: direito de cada ser humano de ser concebido na maneira natural, direito de continuar a viver depois da concepção, direito de ser respeitado como ser humano, direito de viver em uma família formada de um homem e uma mulher unidos pelo matrimônio.

3.2 ANO DE 2007

No ano de 2007, o Curso de Filoso ̂a da “Católica de Quixadá” re-alizou o seu I Simpósio de Filoso ̂a, com o tema “Filoso ̂a: O que? Por quê? Para que?”, com o objetivo de tornar visível o Curso de Filoso ̂a na sociedade, promovendo uma re� exão crítica a respeito da importância da ̂loso ̂a na escola e na vida de cada cidadão.

Page 188: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

186

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Houve expressiva participação de alunos do próprio Curso e de ou-tros da IES, além de alunos da rede pública. Os principais conferencis-tas foram o Prof. Dr. Manfredo Araújo de Oliveira e a Profa. Dra. Maria Aparecida, ambos da Universidade Federal do Ceará (UFC). Além das palestras, foram ofertados minicursos e outras atividades.

Ainda em 2007, o Curso de Filoso ̂a promoveu um curso de exten-são com a temática “A Antropologia Filosó ̂ca e Cultural e Psicologia Social”. O objetivo do curso foi desenvolver um estudo do ser humano pela sua vivência, que é sempre um mistério, no qual são contempladas as dimensões fundamentais que o homem.

Conhecendo a realidade dos professores de Quixadá, especi ̂ca-mente os das escolas particulares, o Curso de Filoso ̂a, juntamente com o de Psicologia, também da Faculdade Católica, elaborou um curso de extensão, com o ̂to de ajudar no processo ensino-aprendizagem. O curso trouxe como perspectiva fundamental o conhecimento do ser humano na sua integralidade e na relação com os outros, ou seja, pro-cedeu-se a uma análise ̂losó ̂ca e psicológica do ser humano nas suas várias dimensões.

Na elaboração deste curso, foram consideradas fundamentalmente as lacunas e as di ̂culdades porque passam os professores na sala de aula, enquanto construtores de uma cultura intelectual, sobretudo hu-mana. O curso teve, portanto, uma perspectiva antropológica, ao esta-belecer o papel do educador em sua relação com o educando, no conhe-cimento dos limites de ambos. Em síntese, intendo desta atividade foi ajudar o outro a crescer e se formar.

3.3 ANO DE 2008

Em novembro de 2008, aconteceu o II Simpósio de Filoso ̂a com o tema “A degradação do meio ambiente e a ética da responsabilidade”, realizado com o objetivo de tornar visível o problema do meio ambiente frente aos desa ̂os da sociedade e evidenciar o papel do ̂lósofo diante de tal realidade.

A proposta, oferecida como centro para nossa re� exão, foi analisar a natureza ou o signi ̂cado da responsabilidade. Nesse sentido, ênfase

Page 189: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

187

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

foi dada à questão que envolve uma maior e mais profunda compreen-são do homem. Portanto, o intuito foi muito além de um simples obje-tivo temático da tão badalada problemática ambiental.

Buscou-se atingir os fundamentos de uma válida e incisiva fun-damentação do problema a partir do dado ontológico. Como com-preender validamente as questões que caracterizam o homem na sua exterioridade sem rejuvenescer e atualizar as bases para uma sólida compreensão do ser do homem. O evento contou com a participação de conferencistas, professores do Curso e do atual Diretor da Faculdade Católica Rainha do Sertão.

3.4 ANO DE 2009

Em maio de 2009, foi realizada uma Jornada da Filoso ̂a. Nesta ocasião, trabalhou-se o tema “Poder político e ética na sociedade”. O evento contou com a presença do moderador e conferencista profes-sor da Universidade Federal do Ceará (UFC), o Prof. Dr. Odílio Alves Aguiar, que desenvolveu o tema sobre as questões básicas do poder po-lítico e as implicâncias éticas dentro da sociedade.

O objetivo foi fazer com que os participantes se inteirassem dos diversos problemas porque passa a sociedade, tendo como prerrogativa principal a questão da consciência política, da ética e da responsabili-dade social.

3.5 ANO DE 2011

Em setembro de 2011, realizou-se o I Simpósio Internacional de Filoso ̂a da Faculdade Católica Rainha do Sertão, que teve por tema “A busca da verdade no século XX”.

Apesar de todas as vãs tentativas de se declarar a “morte da ̂loso- ̂a”, sem dúvida a busca da verdade sempre foi tarefa central da ̂loso ̂a

de todos os tempos, atualíssima nos dias de hoje. Fiel à missão de contribuir para uma sólida formação humana e de

valores, a Faculdade Católica Rainha do Sertão, através de seu Curso de Filoso ̂a, ofereceu um espaço de re� exão acadêmica, que enriqueceu o

Page 190: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

188

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

pensamento de acadêmicos e participantes do Simpósio, a partir da ex-periência pro ̂ssional de pensadores nacionais, como o Prof. Dr. Juvenal Savian Filho, da UNIFESP, e internacionais, a exemplo da Profa. Dra. Ângela Ales Bello, da Pontifícia Universitas Lateranensis, de Roma.

Além de estar aberto às mais diferentes contribuições, o Simpó-sio deu um espaço especial à ̂lósofa alemã a partir do pensamento de Edith Stein, judia convertida, discípula do fundador da fenomenologia, Edmund Husserl, e incansável buscadora da verdade, cujo pensamento foi apresentado pelos conferencistas convidados. Stein foi uma das ̂-guras intelectuais mais interessantes do século XX, destacando-se não somente pela sua extraordinária e emblemática trajetória pessoal, que culminou no martírio pela verdade, mas também nas contribuições ori-ginais para as temáticas do Simpósio.

Além de conferências, apresentações de trabalhos cientí ̂cos e de-bates, tivemos momentos culturais organizados pelos alunos que com-pletarão a programação.

3.6 ANO DE 2012

No ano de 2012, foi realizado o IV Simpósio de Filoso ̂a. Era ano de eleição presidencial, momento muito pertinente para re� exão de qualquer cidadão. Foi, então, que, em reunião de colegiado, ̂cou de-cidido que o tema do Simpósio seria sobre a política. Era preciso que o Curso de Filoso ̂a tomasse a frente, na Faculdade, no levantar das ques-tões políticas que, por si só, já são importantes, mas que tinham caráter de maior destaque para o período.

O tema geral do evento foi “Filoso ̂a, Ética e Política”. A intenção foi estimular na comunidade acadêmica e também na comunidade em geral do município a percepção da política não apenas como resumida às eleições, mas como uma dimensão essencial da vida humana.

O Simpósio aconteceu entre os dias 04, 05 e 06 de setembro de 2012. A palestra de abertura ̂cou a cabo do Prof. Dr. Odílio Alves Aguiar, do Departamento de Filoso ̂a da Universidade Federal do Ce-ará (UFC), que explanou sobre “Necessidade e Liberdade em Hannah Arendt”.

Page 191: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

189

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

O conferencista alertou para as formas de governo que tinham como visão de ser humano apenas como um ser de necessidades bio-lógicas (e, em tal condição, em nada diferente dos animais em geral), nunca o tratando como um ser de liberdade, capaz de julgar e escolher. Estes projetos de governo se escondem nas propostas políticas que têm em vista apenas a comida, o trabalho, a saúde e a moradia, e que en-tendem a educação apenas como reprodutora de pro ̂ssões (ou seja, de técnicas para permitir a subsistência), e nunca como uma instância criadora de criticidade. Em tal situação, foi destacado que estes gover-nos não são ̂ctícios, mas são exatamente as propostas de governo que mais vemos em todo mundo na atualidade.

No dia seguinte (dia 05), contamos com a colaboração do Prof. Dr. Francisco José Mendes Vasconcelos, do Curso de Direito da Facul-dade Católica. A palestra aconteceu no turno da manhã, às 8 horas, e teve o seguinte tema: “O papel do Direito no cumprimento das normas éticas”. O palestrante apresentou as formas de compreensão da ética e qual destas visões dialoga efetivamente com o Direito.

Ao final, destacou-se a importância da relação Ética-Direito para melhor organização da convivência entre as pessoas em socie-dade. A palestra serviu não apenas para apresentar aos participantes como o diálogo filosofia-direito pode ser proveitoso, mas, também, para intensificar esta colaboração entre os dois Cursos e, especial-mente, a solicitude do Curso de Direito com as atividades do Curso de Filosofia.

No último dia do evento, houve uma mesa redonda, cuja temática foi “Ética e Política: uma visão interdisciplinar”. A palestra principal aconteceu à noite, com o encerramento do evento, em que se fez pre-sente o Prof. Dr. Pe. Manfredo Araújo de Oliveira, do Departamento de Filoso ̂a da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O tema da palestra coincidiu com o tema geral do Simpósio, tendo o palestrante falado inicialmente sobre o sentido da Ética enquanto re-� exão ̂ losó ̂ca e sua relação com a Política e, no prosseguimento, sobre a relação e a diferença entre a expressão “Ética na Política” e “Ética da Política”, uma diferença nem sempre percebida, mas que pode repre-sentar toda uma nova perspectiva de vida política.

Page 192: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

190

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Para explicar o signi ̂cado da expressão Ética na Política, o pales-trante usou o exemplo da Lei Complementar 135, mais conhecida como “Lei da Ficha Limpa”. A ̂rmo que esta lei expressa uma preocupação que a população em geral tem em relação à honestidade dos governan-tes e dos candidatos aos cargos políticos. Ela está voltada para garantia de que aqueles que cheguem ao poder sejam pessoas honestas e que prezem pela ética.

A respeito da expressão “Ética da Política”, o palestrante apon-tou uma diferença inicial entre as duas expressões: enquanto “Ética na Política” refere-se aos atores da política, a “Ética da Política” tem como foco a própria estrutura da política. Em outras palavras: não é o sujeito da política que se tem em mente primeiramente, mas a reconstrução de toda a estrutura política; esta estrutura em si deve ser impregnada de ética, impedir estruturalmente a famosa troca de favores, a proteção mútua entre políticos corruptos oriunda das votações secretas, entre outros exemplos.

Com isso o Pe. Manfredo Oliveira mostrou que pensar na honesti-dade dos políticos é, sim, importante e que deve ser sempre exigido, mas que é preciso cobrar uma estrutura política que também seja honesta.

Além das palestras, o evento contou com 03 minicursos e abriu espaço para apresentação de trabalhos cientí ̂cos preparados pelos alu-nos da “Católica de Quixadá”, egressos da mesma e alunos de outras instituições de ensino. Ao todo, o Simpósio contou com a participação de 190 inscritos e com a participação de não inscritos, em atividades abertas ao público geral.

3.7 ANO DE 2013

As atividades do ano de 2013 começaram no mês de março, com o curso de extensão “A Filoso ̂a e a Constrição do Ser Humano a partir da Ética e da Educação”, que teve a carga horária de 60 horas, dividido em 12 módulos semanais.

A cada semana, intercalavam-se temas sobre ética e educação e a contribuição destas duas dimensões para a construção do ser humano. Os temas foram trabalhados numa perspectiva histórica e, também, a

Page 193: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

191

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

partir da contribuição dos ̂lósofos. O curso se estendeu até o ̂nal do mês de maio e foi frequentado por 64 participantes efetivamente inscritos.

Em atividade está o “Ciclo de Debates: Filoso ̂a em Diálogo”, even-to que teve início no mês de abril e tem por objetivo colocar em intera-ção o Curso de Filoso ̂a e outros Cursos da Faculdade Católica Rainha do Sertão. Em cada encontro, é debatida a relação entre a Filoso ̂a e o Curso convidado. Nesta edição, os Cursos convidados foram os de Psi-cologia, Direito, Educação Física, Administração, Teologia, Fisioterapia e Enfermagem.

Os trabalhos do segundo semestre de 2013 se concentraram na realização do V Simpósio de Filoso ̂a, sob o tema “Filoso ̂a, sustenta-bilidade e meio ambiente”. Ainda na perspectiva de diálogo interdis-ciplinar, o Simpósio contou com minicursos com diálogo aberto com outros Cursos. Por isso, além de atividades voltadas especi ̂camente para o público da ̂loso ̂a, os participantes puderam participar de mi-nicursos em diálogo com os Cursos de Arquitetura e Urbanismo e Teologia.

Esta proposta não é acidental, mas faz parte de uma ação de apro-ximação do Curso de Filoso ̂a com os demais Cursos da “Católica de Quixadá”. No referido Simpósio, as palestras principais foram minis-tradas pelo Prof. Dr. Custódio Luís Silva de Almeida, Pró-Reitor de Graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pelo Prof. Dr. Antônio Carlos de Sousa, Coordenador do Mestrado em Filoso ̂a, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na ̂loso ̂a costumamos dizer que o ser humano é um ser da prá-xis, que sua ação não se esgota no fático, no mecânico, mas que pode se con ̂gurar como prática re� etida. Certamente a ̂loso ̂a tem a possibi-lidade e o dever de contribuir para que as práticas humanas sejam cada vez mais re� etidas. É neste contexto que podemos inserir a contribuição realizada pelo curso de ̂loso ̂a à formação dos candidatos ao sacerdó-cio e a série de eventos promovidos pelo curso de Filoso ̂a da FCRS no

Page 194: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

192

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

âmbito de atividades que contribuem para a comunidade e a fortalece como instância de construção do social.

De certo que os futuros sacerdotes, como lideranças importantes no seio da Igreja, precisam estar preparados para enfrentar os proble-mas contemporâneos, ajudando o povo de Deus a bem trilhar a cami-nhada da fé e também a buscar a justiça. Este comprometimento passa por uma formação sólida, que os ajude a dar as razões de sua fé e per-ceber as injustiças que o povo sofre. O Curso de ̂loso ̂a tem buscado oferecer este suporte formativo, que possui potencial para colaborar não apenas para o crescimento pessoal do candidato ao sacerdócio, mas também à comunidade onde ele estará inserido.

Em suas atividades voltadas para o público em geral, seja traba-lhando as questões da política, da sustentabilidade, da ética, da educa-ção ou da própria pergunta sobre o sentido do existir humano, o Curso de Filoso ̂a buscou a renovação da comunidade em que o próprio Cur-so se encontra inserido, seja a comunidade acadêmica ou a comunidade extramuros. É importante que sempre seja assim, para que a Filoso ̂a não se encapsule em um mundo particular e deixe de ser instância de crítica da cultura. Ela só faz sentido enquanto pergunta que traz em si o poder da transformação. É nesta direção que as ações do curso de Filo-so ̂a da FCRS continuarão a apontar.

REFERÊNCIAS

AQUINO, Tomás. Summa | eologica. Trad. de Alexandre Corrêa, or-ganização de Rovílio Costa e Luis A. de Boni. 2. ed. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, Sulina Editora; Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul, 1980.

BALDISSERI, Lorenzo; GANDRA MARTINS, Ives (Coord). Acordo Brasil-Santa Sé Comentado. São Paulo: LTr, 2012.

BRASIL. Decreto nº 7.107, de 11 de fevereiro de 2010. Promulga o Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil. Diário O ̂cial da União. Brasília, nº 30, 12 de fevereiro de 2010. Seção 1, pg. 6.

Page 195: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

193

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Código de Direito Canônico Comentado. Tomos I e II. Brasília: Edi-ções CNBB, 2013.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretrizes Básicas da Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil. 1994 (Doc. 55). Disponível em: <http://www.cnbb.org.br/site/component/doc-man/cat_view/134-documentos-cnbb?start=20>. Acesso em: 03/09/13.

DIOCESE DE QUIXADÁ. Decreto Episcopal nº 28, de 08 de dezem-bro de 1996. Cria o Instituto de Filoso ̂a e Catequese Imaculada Rainha do Sertão. Quixadá, 1996.

DIOCESE DE QUIXADÁ. Decreto Episcopal nº 28, de 45, de 08 de setembro de 1999. Cria o Curso Seminarístico de Teologia e o Instituto Filosó ̂co-Teológico Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão. Qui-xadá, 1999.

Documentos do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulus, 2001.

JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Fides et Ratio sobre as relações en-tre fé e razão. 6. ed. São Paulo: Paulinas, 2002.

JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Pós-Sinal Pastores Dabo Vo-bis. Disponível em: < http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_25031992_pastores-da-bo-vobis_po.html>. Acesso em 03/09/13.

Page 196: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

194

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ANEXO I – Decreto nº 28/1996

Criação do Instituto de Filosó. co-Catequético

Page 197: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

195

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ANEXO II – Decreto nº 45/1999

Criação do Curso Seminarístico de Teologia

Page 198: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

196

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

SO BRE OS AUTORES

Antonio Glauton Varela Rocha Mestre em Filoso ̂a, Coordenador do Curso de Filoso ̂a da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Francisco Cleilson Rodrigues MedeirosMestre em Filoso ̂a, Professor da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Renato Moreira de Abrantes Advogado. Filósofo. Teólogo. Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Rivelino Duarte Costa Especialização em Metodologia do ensino da matemática, Professor da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Page 199: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

197

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

A Fisioterapia surgiu como uma especialidade da Medicina e tornou-se, posteriormente, uma pro ̂ssão autônoma, mas seguindo a lógica da especialidade técnica e em termos de hierarquia na organiza-ção do Sistema Único de Saúde (SUS), foi enquadrada entre os serviços de atenção secundária e terciária. Essa lógica de atuação pro ̂ssional e distribuição nos níveis de atenção à saúde, durante muito tempo, ex-cluiu da rede de atenção primária à saúde os serviços de Fisioterapia. No entanto, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2003) atesta que em 2000 surgem, no Brasil, as primeiras experiências da Fisioterapia na atenção primária à saúde, comumente denominada de atenção básica, especi ̂camente, na Estratégia Saúde da Família (ESF).

A implantação do SUS e a busca dos objetivos da universalidade, integralidade e equidade têm suscitado diversas elaborações e proposi-ções referentes aos modelos assistenciais adotados e às práticas pro ̂s-sionais, de modo que a reformulação dos Projetos Político-Pedagógicos dos cursos da área da saúde se impõe para atender a uma demanda cres-cente de pro ̂ssionais de um novo tipo, capazes de atuar com autono-mia, resolutividade e criatividade, em equipe multipro ̂ssional e inter-disciplinar, a partir do poder público, em articulação com a sociedade organizada.

O Curso de Fisioterapia da Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS), em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais do

PRÁTICA FISIOTERAPÊUTICA SUPERVISIONADA

PARA GRUPOS POPULACIONAIS: relato de experi-

ência do encontro entre aluno e comunidade

h

Mariza Maria Barbosa Carvalho Ivna Zaíra Figueredo da Silva

Raimunda Rosilene Gadelha Magalhães

Page 200: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

198

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Curso de Graduação de Fisioterapia, foi criado para possibilitar uma formação acadêmica voltada, sobretudo, ao atendimento das necessi-dades locais e regionais em saúde em seus níveis primário (promoção, prevenção e proteção especí ̂ca), secundário (diagnóstico e limitação das incapacidades) e terciário (reabilitação, limitação do dano e alívio do sofrimento), contribuindo de forma teórica e prática com a desco-berta de novas e melhores soluções para enfrentar os problemas reais ou potenciais ligados à saúde da população.

Nessa perspectiva, foram incluídos na organização curricular do curso de Fisioterapia da FCRS os estágios supervisionados que são ofer-tados como Práticas Fisioterapêuticas Supervisionadas (PFS) e realiza-dos sob a supervisão de professores orientadores.

O estágio curricular supervisionado é parte do processo de for-mação do aluno, estabelece a interlocução entre a formação aca-dêmica e o mundo profissional, através de uma (re)aproximação contínua da academia com a realidade e pretende oferecer ao futu-ro profissional um conhecimento do real em situação de trabalho (BRASIL, 1998).

Desse modo, a Prática Fisioterapêutica Supervisionada para Gru-pos Populacionais é um estágio obrigatório do último ano da gradu-ação que se desenvolve no âmbito da Atenção Básica à Saúde junto à equipe de saúde da família por meio de ações de caráter transdiscipli-nar voltadas para a assistência individual e/ou coletiva, com base na concepção ampliada de saúde, com vistas aos grupos populacionais prioritários tais como idosos, mulheres, gestantes, crianças e traba-lhadores, con ̂gurando-se num espaço de encontro entre aluno e co-munidade por meio da aproximação entre a teoria, a realidade e o trabalho, com o objetivo de desenvolver a produção de conhecimento a partir de suas relações com as necessidades básicas em saúde de-mandadas pela população.

O objetivo desse artigo é relatar a experiência do estágio Prática Fi-sioterapêutica Supervisionada para Grupos Populacionais com enfoque no processo de ensino- aprendizagem que se estabelece no encontro entre aluno e comunidade.

Page 201: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

199

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 METODOLOGIA DO ESTÁGIO

A Prática ̂sioterapêutica supervisionada para grupos populacio-nais vem se desenvolvendo desde 2007.2, adota o conceito de que o cam-po de trabalho em Fisioterapia apresenta especialidades e vários níveis de complexidade, o que demanda a presença efetiva e a participação dos pro ̂ssionais com amplos saberes, sendo o ̂sioterapeuta um membro da equipe de saúde, o entendimento de que a assistência à saúde deve obrigatoriamente ser empregada de forma integral e universal, adota os princípios pedagógicos da interdisciplinaridade e da contextualização para a valorização dos conteúdos, das competências, dos valores, das atitudes, do saber-fazer, do saber-ser, o desenvolvimento de capacida-des de criatividade, comunicação, o trabalho em equipe, a resolução de problemas, a responsabilidade e o compromisso/envolvimento com a prática proposta.

A prática pedagógica utilizada no estágio é subsidiada por ativi-dades diversi ̂cadas visando proporcionar a participação do aluno no processo de ensino-aprendizagem, tornando-o sujeito do ato educativo. Das atividades, são realizadas ações de planejamento, diagnóstico situ-acional, ações comunitárias e individuais na Unidade Básica de Saúde (UBS) e na comunidade, ações promotoras de saúde nas escolas, nos meios de comunicação com a construção de materiais para o rádio, a imprensa escrita, estratégias de comunicação e mobilização social, como os banners, folders, mosquitinhos, cartazes, álbuns seriados, as-sistência domiciliar individual e coletiva, e nestas ações os alunos são estimulados a re� etirem sobre a prática considerando seus conheci-mentos prévios e os novos aportes.

No empenho com o processo de ensino-aprendizagem que anseia sujeitos autônomos do conhecimento e com vistas à produção desse conhecimento a partir de suas relações com o mundo, defendido por Freire (2011), o estágio utiliza metodologias ativas em que o supervisor assume o papel de parceiro do aluno nesta construção, media o proces-so e estimula a capacidade de aprender/fazer dos alunos.

Page 202: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

200

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A avalição de desempenho discente baseia-se nos princípios da continuidade, da dialogia, da ética, da democracia e da corresponsabi-lidade e assume caráter formativo e somativo. Desse modo, após cada atividade realiza-se uma avaliação para que o aluno possa reconhecer o que foi satisfatório ou rever o que não foi exitoso e melhorar. Em cada turma também foi criado um conselho de classe que se reúne no último dia de cada semana do estágio e nele todos, alunos e supervisor, apresentam suas críticas, sugestões e/ou reclamações. Tudo é acolhido, ponderado, reavaliado e ao ̂nal do estágio o desempenho do aluno é avaliado, embora a decisão ̂nal seja de responsabilidade do professor supervisor de estágio.

O estágio curricular PFS para grupos populacionais apresenta duas etapas com carga horária de sessenta horas distribuídas de segunda a quinta-feira, no período da manhã, composto por turmas de oito alu-nos do último ano da graduação. As atividades são desenvolvidas nas Unidades Básicas de Saúde, nas residências, nas escolas e nos outros serviços que fazem parte da rede de saúde junto às equipes de saúde da família e tem abrangência tanto na zona urbana quanto na zona rural do município de Quixadá.

Quixadá, segundo dados apresentados em 2010 pelo Instituto Bra-sileiro de Geogra ̂a e Estatística (IBGE), tem uma população de 80.604 habitantes, é sede da 8ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRES), que por sua vez tem cobertura populacional de 869.778 habitantes, distribu-ídos nos dez municípios do sertão cearense: Quixadá, Quixeramobim, Pedra Branca, Solonópole, Senador Pompeu, Banabuiú, Milhã, Ibareta-ma, e Choró.

Historicamente, Quixadá vem implantando experiências exitosas no campo da saúde, que continuam em permanente desenvolvimento crítico até hoje. Pode-se citar que, em 1993, o município deu início a duas políticas originais em suas concepções na capacidade de sobre-viver a descontinuidades político-administrativas e ser espelho para experiências nacionais (SAMPAIO; VASCONCELOS FILHO, 2006). Uma delas transformou as ideias de Médico da Família e de Agente Comunitário de Saúde (ACS) em programa integrado, multipro ̂ssio-nal, interdisciplinar, de abrangência intersetorial, como uma forma de

Page 203: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

201

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

estratégia básica de atenção primária em saúde, que foi o Programa Saúde da Família, hoje ação nacional encampada pelo Ministério da Saúde e denominada de Estratégia Saúde da Família e outra experi-ência foi a implantação de um programa de atenção à saúde mental integrado, com cobertura universal para o município, com o cuidado sendo realizado desde a atenção primária até a inclusão pelo emprego, passando pelo tratamento ambulatorial e pela internação de crises em hospital geral.

Atualmente, em Quixadá, a rede de serviços assistenciais do SUS está composta por 26 Unidades de Saúde, com 19 equipes do PSF, 16 Equipes de Saúde Bucal (ESB), 04 Núcleos de Apoio À Saúde da Família 01 Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), 02 CAPS, 01 ma-ternidade, 01 Clínica de Especialidades Médicas, 01 hospital Geral de médio porte (50 leitos) e 01 Centro de Reabilitação em Fisioterapia, 01 Clínica de Hemodiálise, 01 Serviço de Atenção Especializada à Doenças Infecto Contagiosas, 01 Centro de Controle de Zoonoses, 01 Hemocen-tro Regional e está em fase de implantação o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e a Policlínica Regional com 12 Especiali-dades Médicas e Exames de Alto Custo.

Essa estrutura de saúde viabiliza o estágio por meio de convênios com a FCRS a ̂ m de construir espaços de aprendizagem, de cooperação no processo de trabalho em saúde e de oferta de serviço à população, uma vez que as instituições de saúde devem ser espaços de produção de bens e serviços para os usuários, mas também, espaços de valorização do potencial inventivo dos sujeitos que aprendem e trabalham nessas instituições ou serviços.

2.2 ATIVIDADES DO ESTÁGIO

O relato das atividades do estágio foi construído a partir do que, efetivamente, ele promove em conjunto com os discursos dos alunos sobre a experiência da prática fisioterapêutica na comunidade no período de 2011 a 2013.1 e que tem seus registros arquivados, no molde de relatório discente, na Clínica Escola de Fisioterapia Luigi Pedrollo da FCRS. Considerando-se que a amplitude de ações reali-

Page 204: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

202

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

zadas no estágio se deve à diversidade de ações de saúde existentes no campo de prática, os relatos discentes foram sistematizados se-guindo os blocos de atividades desenvolvidas e a sua implicação com a aprendizagem.

2.2.1 Promoção de saúde e ações articuladas com a Estratégia de Saúde da Família na Atenção Básica de Saúde

A prática de promoção de saúde se dá através do entendimento da concepção ampliada de saúde na comunidade, além da efetivação da assistência ̂sioterapêutica, prevendo um pro ̂ssional capaz de atuar com e ̂ciência no Sistema de Saúde e realizando uma prática integrada e contínua através do estreitamento das relações da equipe de saúde com a comunidade, além de assumir posições de liderança, tendo em vista o bem estar da comunidade. Essa prática tem demonstrado que contribui com a aprendizagem do aluno permitindo-o perceber as pos-sibilidades de atuação do ̂sioterapeuta para além da especialidade téc-nica, da reabilitação:

A prática de GPOP me fez sair daquele mundo que é a clínica, onde lá, só nos deparamos com as especialidades, ou seja, a reabilitação (Aluno A). Percebi que o meio onde as pessoas vivem in� uencia no tratamento, no que diz respeito a alimentação, higiene, moradia, oportunidade de trabalho (Aluno B).Na Unidade Básica de Saúde trabalhamos com educação em saúde e prevenção de doenças além de atendimentos ambulatoriais para os pacientes (ALUNO C).O estágio contribuiu muito com a minha aprendizagem acadêmica, pois através dele obtive uma visão ampliada da realidade, e percebi a importância das ações interdisciplinares voltadas para o coletivo (Aluno N).

De modo pragmático as ações de saúde são elencadas de acordo com Leavel & Clark (1965), quando distinguiram os níveis de prevenção à saúde em Nível Primário: Promoção da Saúde e Proteção Especí ̂ca,

Page 205: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

203

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Nível Secundário: Diagnóstico Precoce e Limitação das Incapacidades, Nível Terciário: Reabilitação e Cura.

A Fisioterapia que até bem pouco tempo tinha apenas a reabilita-ção como núcleo de trabalho, por meio da atual proposta curricular do curso de Fisioterapia da FCRS é possível ao futuro ̂sioterapeuta exer-cer seu saber e sua prática de modo a ter, como objeto principal, a saúde de indivíduos e grupos, o que extrapola a prática voltada apenas para a recuperação cinesiológica-funcional.

Diante da realidade complexa da saúde, entende-se que o trabalho nessa área requer a experiência da construção coletiva. Portanto, optou--se, no estágio, por um trabalho coletivo que pudesse integrar o aluno de Fisioterapia com a equipe de trabalhadores da saúde da família e com a comunidade. Desse modo, é possível para o aluno experimentar a produção do saber a partir da valorização dos outros saberes:

Foi um estágio proveitoso porque tivemos em diferentes ambien-tes, com diferentes pessoas, diferentes pro ̂ssionais do PSF, onde aprendemos e ensinamos um pouco do que sabemos, uma verda-deira troca de experiências (Aluno C).No estágio de GPOP tivemos a oportunidade de ter mais contato com a população, de trocar experiências, ter mais contato afetivo e perceber que mesmo fora da clínica podemos cuidar deles da me-lhor forma possível (Aluno H). Meu primeiro contato com a comunidade lá no posto de saúde foi estranho, pois eram pessoas bastante dispersas e apressadas para es-perar o médico. Aí vi que seria uma di ̂culdade realizar atividade de educação em saúde com elas. Mas, com calma e com as dinâmicas que tínhamos elaborado, conseguimos chamar a atenção das pesso-as e foi então que começamos a tirar dúvidas que surgiam entre eles e nós começamos a interagir (Aluno L).

Os discursos apontam que a troca de experiências permite aos alu-

nos e aos que com ele se relacionam tomar consciência da existência do outro, e a partir disso, tudo passa a existir não mais em si e para si, mas também para nós (MERHY, 2007a). Assim, o processo dialógico como um ato social, quando desenvolvido no ambiente de aprendiza-

Page 206: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

204

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

gem possibilita a produção do conhecimento coletivo capaz de cons-truir soluções que se aproximem das reais necessidades da popula-ção (FREIRE, 2008).

As ações que são demandadas da realidade local devem ser de in-teresse da atenção da Equipe de Saúde da Família, de docentes e discen-tes inseridos nesta, focando a atenção e cuidado intersetoriais. Desta forma, o estágio também realiza atividades de educação em saúde em parceria com instituições escolares, Centros de Referência de Assistên-cia Social, igrejas, atividades de empoderamento social, justi ̂cado pela lei orgânica da saúde nº 8.142/90 que trata da participação popular no Sistema Único de Saúde e pela lei orgânica nº 8.080/90 que garante que saúde é um direito de todos e um dever do Estado brasileiro, utilizando--se como elementos norteadores as leis orgânicas da saúde, a Carta dos Direitos dos Usuários do SUS e a Política Nacional de Humanização.

2.2.2 Prevenção, proteção, e recuperação da saúde, individual e coletiva

Os níveis de prevenção são articulados e extremamente intrínse-cos, e no estágio utiliza-se o diagnóstico situacional, a territorialização realizada como ação de planejamento e programação local realizados ainda pelo primeiro nível de prevenção e, sobretudo, utiliza-se dos in-dicativos trazidos pela participação popular para orientar o cuidado assistencial à saúde dos indivíduos e coletividades. A partir de então, atividades de cuidado domiciliar individual, início do tratamento ̂-sioterapêutico a pacientes que exigem maior grau de especi ̂cidade em seu tratamento e de um maior aparato de densidade tecnológica são iniciados, assim como, a redução da vulnerabilidade e riscos à saúde, relacionados aos modos de viver, às condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens materiais e a serviços essenciais à vida.

Destas atividades, o que mais foi apresentado nos relatórios dis-centes como aprendizagem signi ̂cativa foi à visita domiciliar:

Os atendimentos feitos nos domicílios apresentaram alguns obstá-culos como falta de equipamentos, e na grande maioria das vezes o que usamos é a cinesioterapia (Aluno B).

Page 207: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

205

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

No estágio tive a oportunidade de saber como é na prática o aten-dimento domiciliar de pessoas que apresentam patologias crônicas e como o ̂sioterapeuta pode contribuir para a melhora dessas pes-soas (Aluno E).

Atender o paciente em seu domicílio foi algo novo para mim, pois não tínhamos essa prática antes, a qual irá nos ajudar bastante na nossa futura atuação pro ̂ssional. Esse tipo de atenção a saúde tam-bém permite bene ̂ciarmos pessoas que não tem como se desloca-rem até um serviço de ̂sioterapia (Aluno J).

O estágio de GPOP me ajudou bastante, pois pude viver uma reali-dade que eu nunca tinha vivido antes, encontrei diversas situações em que se eu não tivesse experiência agora, iria estranhar bastante no mercado de trabalho (Aluno L).

Os relatos trazem a dimensão do desconhecido, do inédito. Entre-tanto, o novo mencionado na prática deveria ser concebido pelo fato da realidade em saúde se relacionar ao per ̂l epidemiológico, aos fatores sociais, econômicos e culturais de cada comunidade e não por ser o primeiro contato do aluno com esta forma de cuidado. Entretanto, ao encontrar a comunidade e os desa ̂os que ela apresenta, o aluno se re-conhece como aprendiz e cria abertura para outra forma de aprender, o aprender/fazer a partir da realidade que precisa por meio da prática aproximar-se da teoria.

Ao mesmo tempo em que desa ̂a o modelo de atenção, a saúde exige um olhar ampliado para pessoa acometida por alguma doença, rompendo com o modelo tecnicista amparado por tecnologias duras. O atendimento domiciliar nos relatos dos alunos nos faz re� etir enquanto docentes/supervisores do estágio sobre a falta de reconhecimento do discente com uma realidade em saúde que se apresenta pela primeira vez para o aluno que está no último ano da graduação. Diante disso, é possível apontar para uma formação que, embora já comprometida com grandes e importantes transformações, ainda não conseguiu integrar, às outras disciplinas do curso, práticas que permitam a aproximação do aluno com as pessoas e com a realidade em saúde que as envolvem.

Page 208: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

206

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Para Merhy (2007b), o trabalho em saúde não pode ser captu-rado pela lógica do trabalho morto, expresso em equipamentos e nos saberes tecnológicos estruturados, pois, para produzir saúde, é necessário operar as tecnologias das relações, dos encontros, das subjetividades, comportando um grau de liberdade significativo na escolha do modo de fazer essa produção e essa experiência neces-sita ser contínua no processo de formação do acadêmico da área da saúde.

2.2.3 Gestão e co-gestão em saúde pública e Controle social

Em busca de compreender as reais demandas em saúde, as ações da Prática Fisioterapêutica Supervisionada para Grupos Populacio-nais incluem atividades de diagnóstico situacional e territorialização, possibilitando o levantamento de potencialidades e problemas no ter-ritório, o diagnóstico de ações do poder público e da sociedade civil, investigação de problemas comunitários, potencialidades, áreas de risco e condições de vida local, evidenciando a realidade e possibili-tando a elaboração do planejamento e da programação local de inter-venção para, além disto, é feita a triagem dos sujeitos encaminhados às propostas ̂sioterapêuticas e atenção às atividades em grupo, reali-zadas através de atividades de educação em saúde e atividades físicas e funcionais dirigidas a grupos estratégicos, pela participação ativa em reuniões dos Conselhos Locais e Municipal de Saúde, reuniões de planejamento de equipe de saúde e reuniões da Comissão Intergesto-ra Bipartite, importante ferramenta de gestão da política de saúde no âmbito estadual.

No campo das ações do controle social e do exercício da cidadania, os alunos participam de reuniões do Conselho Municipal de Saúde de Quixadá, de reuniões colegiadas de gestores municipais de saúde da 8ª. Região, e podem reconhecer nestes espaços o papel do cidadão/pro ̂s-sional de saúde enquanto co-gestor das ações voltadas para a saúde da população e tem a possibilidade de re� etir sobre a coerência entre o discurso e as demandas reais em saúde:

Page 209: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

207

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Atuaremos na saúde pública, realizando promoção em saúde, pre-venção de doenças, mas também na gestão em saúde. Para isso pre-cisamos saber dos direitos e deveres dos usuários, para saber o que podemos fazer enquanto gestores ou como conselheiros municipais de saúde (Aluno E).

Hoje quase formada, me sinto na responsabilidade de ser uma pro- ̂ssional que lute para que o nosso sistema de saúde dê certo, e não

ser apenas mais uma, pois esse sistema ainda tem muitas falhas, mas ele é nosso, podemos e devemos contribuir e entender que ele é di-reito e não favor (Aluno M).

Por se fundamentar na construção coletiva, a co-gestão, impor-tante diretriz de quali ̂cação do SUS, garante que o poder seja de fato compartilhado, estimula a re� exão e melhora a autoestima dos alunos e pro ̂ssionais, bem como estimula o fortalecimento do empenho no trabalho, a criatividade na busca de soluções e o aumento da responsa-bilidade social (BRASIL, 2006).

2.2.4 Assistência . sioterapêutica, na Atenção Básica, de caráter as-sistencial individual ou coletivo

As atividades referentes a este item relacionam-se com a Políti-ca Nacional de Atenção Básica endossada pelo Ministério da Saúde e desdobrada em Linhas de Cuidado norteadas pelas Políticas de Saúde. Neste bloco, é possível destacar ações de assistência individual e cole-tiva para a saúde da mulher, da criança, do idoso, do trabalhador, do homem, fortalecimento da capacidade de resposta às pessoas com de- ̂ciência, atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência.

Dessas atividades, ressalta-se o relato sobre a saúde do trabalhador e do idoso, respectivamente:

Outra experiência interessante foi a ginástica laboral, por sinal não conhecia, e que é mais uma ação da Fisioterapia em que podemos ajudar a prevenir as lesões por esforços repetitivos contribuindo para a saúde dos trabalhadores (ALUNO A).

Page 210: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

208

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

As visitas ao grupo de idosos no Remanso da Paz foram muito gra-ti ̂cantes, pois ao atendermos os idosos em suas necessidades, per-cebíamos o quanto eles ̂cavam alegres e agradecidos, o que nos deixava bastante realizados e com novo ânimo (Aluno F).

Cada uma das linhas de cuidado orienta-se por processos de tra-balho bem de ̂nidos em manuais técnicos do Ministério da Saúde, que longe de serem in� exíveis, abrem espaço para as contribuições do pla-nejamento pautado na realidade local e mensura seus resultados pelo cálculo de indicadores de saúde referentes a cada área estratégica, acima mencionada.

2.2.5 Produção de investigação cientí. ca sobre a realidade das con-dições de saúde da população

O incentivo à busca de repostas para novas perguntas ou de res-postas que de um jeito novo tentam responder perguntas antigas atra-vés de métodos, desa ̂os próprios da prática em saúde, é uma das in-tencionalidades do estágio que visa principalmente colaborar com a sociedade, mas também de envolver os alunos no mundo do descobrir, do desvendar, do criar/recriar, frente às diferentes necessidades da vida. Dos relatos discentes foi possível transcrever:

Nesse estágio realizamos uma atividade bastante interessante que foi educação em saúde na praça com um grupo de crianças da esco-la José Jucá e a partir dessa ação desenvolvemos um artigo cientí ̂co e retornamos à escola com orientação da professora (Aluno D).

A experiência com os idosos foi muito proveitosa. Agradeço a todos os idosos que con ̂aram a nós suas vidas. Em especial aqueles que participaram do meu projeto de pesquisa (Aluno S).

Os resultados desta experiência têm re� etido na formação pro ̂s-sional e nos modos de fazer na prática, possibilitando o domínio técni-co – cientí ̂co e se estendendo de fato, aos aspectos de interesse social que contribuem para a elevação da qualidade de vida, embora ainda não

Page 211: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

209

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

se constitua como determinante no fazer saúde, mas uma experiência com a comunidade que se apresenta como vivência transformadora, propositiva e desa ̂adora, para docentes, pro ̂ssionais das áreas de tra-balho e comunidade que tem cumprido com o papel de contribuir com a formação de discentes capazes de re� exões críticas com autonomia para o exercício legal, competente e responsável da Fisioterapia na Saú-de Coletiva.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção desse relato, com base nos discursos dos alunos e na sua discussão crítica, nos leva às seguintes conclusões sobre a PFS para grupos populacionais:

• Promove espaços de encontro entre o aluno e a comunidade, onde frente aos desa ̂os, ele se reconhece como aprendiz e cria abertura para o aprender/fazer a partir da realidade que precisa aproximar-se da teoria;

• Contribui signi ̂cativamente com o processo de ensino- apren-dizagem do aluno do curso de Fisioterapia permitindo-o per-ceber as possibilidades de atuação do ̂sioterapeuta para além da especialidade técnica e da reabilitação;

• Permite o trabalho coletivo que integra o aluno de Fisioterapia com o supervisor, com trabalhadores da saúde e com a comu-nidade, sendo possível, para o aluno, experimentar a produção do saber coletivo;

• Con ̂gura-se como primeiro espaço de prática que permite o contato com a pessoa enferma e com a família no contexto do domicílio e aponta para a necessidade da integração do estágio com outras disciplinas do curso;

• Promove atividades relacionadas à gestão pública em saúde e ao controle social que estimulam a re� exão e melhoram a auto-estima dos alunos e pro ̂ssionais, bem como ampliam o olhar para o mercado de trabalho, a criatividade na busca de soluções e o aumento da responsabilidade social;

Page 212: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

210

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

• Evidenciou que, entre as atividades voltadas para assistência a grupos populacionais, as destinadas à saúde do trabalhador e à saúde do idoso, foram as mais potentes para aprendizagem;

Que a produção de investigação cientí ̂ca sobre a realidade das condições de saúde da população é uma experiência com a comunidade que se apresenta como vivência transformadora, propositiva, mas ainda e desa ̂adora, para docentes, discentes, pro ̂ssionais das áreas de traba-lho e comunidade e contribui com a formação de pessoas autônomas para o exercício pro ̂ssional.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Cartilha da PNH: gestão participativa:co-gestão. Ministé-rio da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Polí-tica Nacional de Humanização, Textos Básicos de Saúde, série B, 20p., 2006.

______. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. CONSE-LHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Parecer homologado de escla-recimentos da Lei 9.394/96 referente às normas para realização dos estágios supervisionados dos alunos regularmente matriculados no ensino médio ou superior. Diário O ̂cial da União. 1998.

COFFITO. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Escola de Posturas mostra resolutividade no ato ̂sioterapêutico. Revis-ta o COFFITO, n.18, mar. 2003.

FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. 29ª ed. São Paulo: Paz e Terra; 2008.

______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educa-tiva. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

LEAVELL, H; Clark, E. G. Preventive Medicine for the Doctor in his Community. New York: Mac Graw–Hill, 1965.

Page 213: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

211

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

MERHY, Emerson Elias. Em busca do tempo perdido: a micropolíti-ca do trabalho vivo em saúde. In: MERHY, E. E.; ONOCKO, R.(orgs). Agir em saúde um desa% o para o público. São Paulo: Hucitec, 2007.

______. Saúde a cartogra% a do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2007.

SAMPAIO, José Jackson Coelho; FILHO, Vasconcelos Ernani Vieira de. Política, planejamento e administração em saúde: um desa ̂o técni-co, político e psicossocial. In: CARNEIRO, C.; RUIZ, E. M.; LANDIM, L. P.; SAMPAIO, J. J. C. (orgs). Acolher cidadão: estratégia de aperfei-çoamento do SUS em Quixadá, Ceará. Fortaleza. Ed. UECE, p.35-56, 2006.

SOBRE AS AUTORAS

Mariza Maria Barbosa Carvalho Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará – UECE, especialista em administração dos serviços de saúde, graduada em Fi-sioterapia pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR, professora da Fa-culdade Católica Rainha Sertão – FCRS.Contato: [email protected].

Ivna Zaíra Figueredo da Silva

Mestre em Saúde Coletiva pela UNIFOR, especialista em saúde da famí-lia, graduada em Fisioterapia pela UNIFOR, professora da FCRSContato: ivnazaí[email protected].

Raimunda Rosilene Gadelha MagalhãesMestre em Saúde Coletiva pela UFC, especialista em cardiorespiratáo-ria, graduada em Fisioterapia pela UNIFOR, coordenadora do curso de Fisioterapia da FCRS.Contato: [email protected].

Page 214: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 215: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

213

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

A Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS) atua de forma in-tensa na região central do estado do Ceará, abrangendo aproximada-mente 100 (cem) municípios. Destacamos como pontos fortes, as ativi-dades de extensão que além das ações regulares dos cursos, promovem anualmente uma movimentada programação que envolve não somente os alunos, mas, sobretudo a comunidade da região.

O curso de Odontologia da FCRS, que funciona na Rua Juvêncio Alves, nº 660, Centro, Quixadá/CE, foi autorizado pela Portaria MEC nº 172, de 20 de janeiro de 2006, seguindo todas as diretrizes nacionais e da própria instituição, prestando, de forma humanizada e equânime, assistência aos mais diversos segmentos sociais da região.

Em relação aos serviços prestado à população pelo Complexo Odontológico São João Calábria da FCRS, são atendidos pacien-tes provenientes de vários municípios do Sertão Central, que são recebidos através de referências dos diversos atores participantes do Sistema Único de Saúde (SUS) do município de Quixadá e dos municípios vizinhos, encaminhados à FCRS para a realização de di-versos tipos de procedimentos através da 8ª CRES (Coordenadoria Regional da Saúde). São recebidos, ainda, pacientes provenientes de demanda espontânea e encaminhados de serviços privados de assis-tência odontológica.

A Odontologia, como área de conhecimento, tem como centro de atenção a vida do ser humano nos aspectos biológicos, psicológicos, so-

A SAÚDE BUCAL COMO FERRAMENTA DE

SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO

hCosmo Helder Ferreira da Silva

Paula Ventura da SilveiraCarlos Santos de Castro Filho

Page 216: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

214

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ciais e espirituais e nas várias áreas de atenção à saúde, se constitui em uma realidade sempre em construção.

Portanto, esta ciência não se faz pela mera acumulação de conhe-cimentos de ̂nitivos de uma realidade pronta, acabada, mas exige um processo de formação em que o constante questionamento e a obser-vação apoiada nas informações cientí ̂cas possibilita compreender a dinâmica própria desta pro ̂ssão que consegue fazer a convergência da ciência, arte, ética e estética delineando-se em sinergia com a ação hu-mana na construção da vida.

Neste contexto, e sob esta perspectiva, as atividades dos acadêmi-cos do curso sobrepõem os “muros” da instituição e atuam nas comu-nidades próximas. Estas atividades têm como característica principal o desenvolvimento técnico, humano e crítico do acadêmico.

2 A ESTRUTURA DO CURSO

O curso de odontologia da Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS) é composto de 10 (dez) semestres. Durante este período, os alu-nos desenvolvem atividades sempre em período diurno. Com destaque para sua intervenção “extramuro”, em que alunos e professores viven-ciam a realidade da sociedade na qual este aluno está inserido. Segundo o Projeto Pedagógico do Curso (2010, p. 104):

A participação dos alunos neste tipo de atividade promove um au-xílio na integração com o setor produtivo e com a sociedade. Estas atividades têm uma grande importância no desenvolvimento das competências delineadas no projeto pedagógico, pois os alunos são envolvidos nas mais diversas atividades (atividades de extensão, eventos cientí ̂cos, cursos, projetos assistenciais, pesquisas cientí ̂-cas, etc). Esta abrangência traz um grande incremento na formação pro ̂ssional e ajuda a proporcionar ao aluno o contato com novas tendências tecnológicas e de mercado.

O dimensionamento curricular do curso foi arquitetado de forma que desde o início até o término do mesmo, alunos e professores cons-truam um entendimento sobre a odontologia e a sociedade. Para tanto,

Page 217: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

215

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

as disciplinas são constituídas e organizadas de forma transversal e sob uma ótica holística e multifocal.

Nesse sentido, as atividades de ensino, pesquisa e extensão se ar-ticulam de forma constante, permitindo aos discentes um exercício permanente da postura investigativa em seu processo de formação, conforme expressam as diretrizes do Projeto de Desenvolvimento Ins-titucional da FCRS (2012) e o Projeto Pedagógico do Curso de Odon-tologia (FCRS, 2010).

Ao concluir sua formação o aluno do curso de odontologia da FCRS estará preparado para desenvolver as mais diversas atividades próprias de um Cirurgião-Dentista e habilitado para ingressar no mer-cado de trabalho. O esforço da instituição volta-se tanto para o sucesso pessoal de cada um dos alunos, quanto para o cumprimento das Dire-trizes Curriculares Nacionais (CNE/CES, 2002), que estabelecem como per ̂l do egresso do curso de Odontologia o pro ̂ssional:

[...] com formação generalista, humanista, crítica e re� exiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor téc-nico e cientí ̂co. Capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade.

Para garantir o alcance do per ̂l almejado pelas Diretrizes e pela Instituição, a FCRS coloca a disposição dos alunos do curso de Odon-tologia, além da estrutura de apoio e do corpo docente altamente qua-li ̂cado, uma estrutura de apoio ao discente, composta atualmente pelo Programa de Complementação Acadêmica, voltado à superação das di- ̂culdades de aprendizagem dos alunos nas disciplinas básicas comuns

aos cursos, como língua portuguesa, matemática, informática, entre ou-tras; Programa de Monitoria Acadêmica, que visa desenvolver o poten-cial de alunos para a docência universitária, ao mesmo tempo que busca apoiar o docente no desenvolvimento de suas atividades em sala de aula e os discentes nas atividades de estudo e na melhoria do rendimento; Núcleo de Apoio Psicopedagógico, que busca apoiar os alunos dos cur-

Page 218: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

216

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

sos de graduação, buscando sua permanência, interação e participação no espaço universitário.

Assim, o Projeto Pedagógico (FCRS, 2010) do Curso traduz o con-junto das intencionalidades políticas, éticas, técnicas e estéticas que agregam valor ao curso, por consequência à formação que cada uma das ações pensadas ajuda, em conjunto, a materializar.

3 ALUNOS, PROFESSORES E DEMAIS COLABORADORES

O per ̂l dos alunos que compõem o corpo discente do curso de odontologia da FCRS pode ser de ̂nido como heterogêneo. Contudo, podemos destacar algumas de suas principais características: em sua maioria são jovens de 16 a 24 anos, oriundos de vários municípios do estado do Ceará, morando só ou em grupos de colegas (as chamadas “repúblicas”), dedicação exclusiva para os estudos e com elevado poten-cial de desenvolvimento.

Já os professores estão devidamente em harmonia com o espírito e as diretrizes da FCRS na busca da transmissão de conhecimento para seus alunos (e futuros colegas). Assim, participam de forma contínua do processo ensino-aprendizagem destes. Aqui podemos destacar o ele-vado índice de pro ̂ssionais mestres e doutores, que contabiliza cerca de 90% do total de docentes, número que já foi inclusive destaque em avaliações internas e externas.

Para completar esta equipe de sucesso, está o grupo de colabora-dores que dá suporte às atividades realizadas durante o processo de for-mação de nossos alunos. Atores que possuem papel determinante neste contexto, seja pelo seu empenho na realização de suas atribuições ou pelo elevado grau de comprometimento com a instituição.

4 COMPLEXO ODONTOLÓGICO SÃO JOÃO CALÁBRIA

O Complexo Odontológico São João Calábria da FCRS é rotinei-ramente elogiado por todos os que o visitam ou que diariamente convi-vem em suas dependências. Este orgulho da FCRS está preparado para dar apoio à formação dos alunos do curso de odontologia e também

Page 219: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

217

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

acolher a população que procura os diversos serviços relacionados com a odontologia, prestados pela instituição. Segundo o Projeto Pedagógi-co do Curso (2010, p. 150):

[...] o complexo odontológico é utilizado para o desenvolvimento das atividades especí ̂cas do curso na área pré-clínica, clínica e nos estágios. O Setor é coordenado pelo professor Carlos Santos de Cas-tro Filho e regulamentado pelas normas de utilização dos laborató-rios de Saúde da IES.

Aqui destacamos as principais ferramentas que compõem o com-plexo:Salas de aula: climatizadas, amplas e equipadas com apoio multi-mídia.

Figura 1 – Sala de aula.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Laboratórios: climatizados, amplos, equipados com estrutura para simular atendimento em pacientes e preparar previamente os alunos para o atendimento aos pacientes. Nestes laboratórios são realizadas práticas pré-clínicas nas várias especialidades da odon-tologia (dentística, prótese, periodontia, endodontia, materiais dentários, etc.).

Page 220: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

218

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 2 – Laboratório.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Serviço de Diagnóstico por Imagem: este serviço está à disposição dos alunos e também da comunidade para auxiliar no diagnóstico e planejamento de tratamento das diversas doenças do Complexo Bucomaxilofacial. Constituído de aparelhos de Rx periapicais, Rx Panorâmico entre outros.

Figura 3 – Aparelho de Diagnóstico por imagem.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Page 221: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

219

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Centro Cirúrgico: composto de 01 sala para Cirurgia Bucomaxi-lofacial, 01 sala para pequenas cirurgias, 01 sala de recuperação (02 leitos), 01 sala de repouso para pro ̂ssionais, 02 banheiros, 02 ba-nheiros com trocadores, 01 lavabo, 01 sala para guarda de material estéril, 01 sala de espera para acompanhantes e expurgo.

Figura 4 – Centro Cirúrgico.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Clínicas Odontológicas: 02 clínicas de atendimento ao público (totalizando aproximadamente 100 consultórios), 04 salas de Rx Periapical, central de esterilização e farmácia.

Page 222: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

220

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 5 – Atendimentos Odontológicos.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

5 PERFIL DO ATENDIMENTO

Um dos maiores benefícios que o curso de odontologia apresen-ta para a comunidade é, sem dúvida nenhuma, o atendimento diário que oferece a população de Quixadá e demais cidades do sertão central do Ceará. Este atendimento é oferecido diariamente (segunda a sexta--feira) de forma gratuita.

Os atendimentos são distribuídos nas diversas especialidades odontológicas, onde podemos destacar: dentística, periodontia, próte-ses, cirurgia, diagnóstico, radiologia, dor e disfunção temporomandi-bular, odontopediatria, etc.

Page 223: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

221

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 6 – Recepção das Clínicas.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Outro dado que muito nos orgulha é o elevado número de pacien-tes já cadastrados em nossa clínica (mais de 17.000 pacientes), além do satisfatório índice de satisfação entre os pacientes atendidos no Com-plexo São João Calábria, 92% dos pacientes a ̂rmaram que o atendi-mento foi BOM ou MUITO BOM.

6 ATIVIDADES EXTRAMURO E DE EXTENSÃO

Com o intuito de potencializar a formação do aluno, o curso de odontologia da FCRS oferece atividades extramuros (atividades reali-zadas fora das dependências da instituição), que servem para inserir o aluno na prática diária de sua futura pro ̂ssão.

Page 224: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

222

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 7 – Atividade extramuro e de extensão.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Para tanto, a FCRS ̂ rmou diversos protocolos de estágio integrado com o serviço de hospitais, clínicas, empresas, secretarias de saúde e de educação do estado e de diversos municípios. Esta convivência pro-porciona ao aluno uma experiência ímpar para sua formação, além de contribuir com a efetividade destes serviços.

Figura 8 – Atividade extramuro e de extensão.

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Page 225: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

223

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Nestas atividades são desenvolvidas habilidades de: trabalho em equipe, liderança, ética pro ̂ssional, gestão de serviços de saúde, bios-segurança, saúde bucal coletiva, desenvolvimento sustentável, crítica social, entre outras.

7 INCENTIVO À INICIAÇÃO CIENTÍFICA E À PARTICIPA-ÇÃO EM EVENTOS

A FCRS tem uma política de fomento à iniciação científica, em que seus alunos e professores são encorajados a desenvolver projetos de pesquisa e a participar de eventos científicos locais, nacionais e internacionais.

Estas habilidades são desenvolvidas principalmente através de gru-pos de estudo, “ligas”, nas mais diversas especialidades odontológicas, apresentação e discussão de casos clínicos, Jornada Acadêmica (JOAC) e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC).

Figura 9 – Logomarca da Jornada de Odontologia

Fonte: Faculdade Católica Rainha do Sertão.

Outra ferramenta que se apresenta como veículo para este ̂m é a revista cientí ̂ca da Faculdade Católica Rainha do Sertão, que já des-ponta como importante meio de divulgação e pesquisa de achados cien-tí ̂cos de nossos alunos e professores.

Page 226: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

224

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

8 ENCAMINHAMENTO PARA O MERCADO DE TRABALHO

Desde as disciplinas iniciais até as últimas Clínicas Integradas e o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) o aluno do curso de odon-tologia da FCRS é orientado, por todos os professores, a seguir um caminho que mais se adeque a seu per ̂l pro ̂ssional. Haja vista, que a odontologia proporciona um extenso “leque” de áreas de atuação. Estas orientações se dão através da observação do per ̂l do aluno, lo-cal onde ele pretende residir, vocação e outras informações pessoais e socioculturais.

9 PRÓXIMAS CONQUISTAS DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA FCRS

Muitas outras conquistas estão por vir, dentre as quais temos mui-to orgulho e alegria em adiantar são os avanços já con ̂rmados e que se-rão implementados em breve. Entre estas conquistas podemos destacar:

• A digitalização de todo o serviço de Diagnóstico Por Imagem do Complexo Odontológico São João Calábria.

• Aumento do número de convênios e parcerias entre o curso de odontologia da FCRS e as mais diversas entidades e serviços.

• Levantamento de necessidades e tratamento odontológico dos colaboradores da FCRS.

A história do curso de Odontologia vem sendo escrita por muitas mãos e tem representado melhoria na qualidade de vida de muitas pes-soas. Compreendemos que a responsabilidade por manter e por melho-rar o nível da formação oferecida a nossos alunos tende a ser cada vez maior, demandando do coletivo de pro ̂ssionais que compõem a Ca-tólica de Quixadá o aumento constante de sua capacidade de aprender com a própria história e de dar passos cada vez mais largos em busca de novas conquistas.

Page 227: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

225

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

REFERÊNCIAS

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO / CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. Resolução Nº 3, de 19 de Fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasília: CNE/CSE, 2002.

FACULDADE CATÓLICA RAINHA DO SERTÃO. Plano de Desen-volvimento Institucional. Quixadá: FCRS, 2012.

______ . Projeto Pedagógico do Curso de Odontologia. Quixadá: FCRS, 2010.

SOBRE OS AUTORES

Cosmo Helder Ferreira da SilvaBacharelado em Odontologia pela Faculdade Católica Rainha do Ser-tão, Brasil (2012). Contato: [email protected].

Paula Ventura da SilveiraMestrado em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza, Brasil (2010). Contato: [email protected].

Carlos Santos de Castro FilhoDoutorando em Clínicas Odontológicas, Pela Faculdade São Leopoldo Mandis, Brasil (2013). Contato: [email protected].

Page 228: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 229: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

227

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

As clínicas escola de Psicologia têm como ̂nalidade primordial a capacitação dos alunos em contexto prático, no qual eles aplicarão os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula no percurso acadê-mico. Este processo de ensino-aprendizagem contribui para a formação de pro ̂ssionais adequadamente habilitados e capazes de expandir os fazeres psicológicos em consonância com as novas realidades e deman-das sociais, políticas e culturais da atualidade. Além disso, as clínicas es-cola também exercem um papel social de extrema importância, uma vez que oferecem à população economicamente desfavorecida uma possibi-lidade de acesso a serviços psicológicos gratuitos (HERZBERG, 1996).

Os diversos tipos de intervenções desenvolvidas junto às clínicas escola têm sido objeto de vários estudos recentes que focalizam, além da caracterização da clientela, a descrição dos serviços ofertados e as di- ̂culdades inerentes ao trabalho clínico-institucional. Tais estudos têm

se mostrado imprescindíveis tanto para o aprimoramento das práticas clínicas já existentes, quanto para a criação de novos serviços ou moda-lidades de atendimento.

Com base nas diretrizes curriculares nacionais (DCN) para os cur-sos de psicologia, o artigo 19 preconiza que o planejamento acadêmico deve assegurar, em termos de carga horária e de planos de estudos, a inserção do aluno em atividades, individuais e de equipe, que incluam

A IMPORTÂNCIA DA CLÍNICA ESCOLA NA FOR-

MAÇÃO PROFISSIONAL DO ESTUDANTE DE PSI-

COLOGIA DA CATOLICA DE QUIXADÁ

h

Milena de Holanda Oliveira BezerraAndréa Alexandre Vidal

Mércia Capistrano OliveiraAnice Holanda Nunes Maia

Page 230: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

228

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

práticas voltadas para o desenvolvimento de habilidades e competên-cias em situações de complexidade variada, representativas do efetivo exercício pro ̂ssional, sob a forma de estágio supervisionado (BRASIL, 2004).

Assim, os estágios nessa concepção são atividades de formação, programadas e diretamente supervisionadas pelo corpo docente da ins-tituição formadora, e que assegurem a consolidação e a articulação das competências estabelecidas. Estes visam a ̂rmar o contato do formando com situações, contextos e instituições, permitindo que conhecimentos, habilidades e atitudes se concretizem em ações pro ̂ssionais.

Segundo a Lei do Estágio nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, art.1:

O estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produ-tivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior [...]. § 2 O estágio visa ao aprendi-zado de competências próprias da atividade pro ̂ssional e à contex-tualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho (BRASIL, 2008).

O presente estudo tem como objetivo apresentar a caracterização da Clínica Escola do Curso de graduação em Psicologia da Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS), descrevendo o espaço físico e a logís-tica, as modalidades especí ̂cas de atendimentos e atividades ofertadas, a demanda e a importância deste espaço tanto para a instituição quando para a população que busca este serviço de referência para a região do Sertão Central cearense.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE

Antes de caracterizar o serviço em questão, consideramos relevan-te delinear o contexto no qual ele está inserido. Localizado a 158 km da Capital Fortaleza, na Região do Sertão Central do Estado do Ceará, o município de Quixadá possui atualmente, segundo dados do Instituto

Page 231: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

229

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Brasileiro de Geogra ̂a e Estatística (IBGE), 80.604 habitantes se cons-tituindo como um centro de desenvolvimento dos municípios da região do Sertão Central, que somam juntos 837.664 habitantes (IBGE, 2010).

Quixadá possui cerca de 71% da sua população concentrada na zona urbana do município. Funciona como um ponto estratégico na área central do Ceará, vivendo do comércio e de atividades agrícola e agropecuária. O índice de desenvolvimento industrial é pequeno, po-rém, observa-se, no entorno, o estabelecimento de indústrias de bebi-das, confecções, calçados, metalurgia, dentre outras.

No contexto da educação, destaca-se a Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS), uma Instituição de Ensino Superior (IES) mantida pela Associação Educacional e Cultural de Quixadá, credenciada junto ao Ministério da Educação nos termos da Portaria Nº. 1.270, de 25 de Abril de 2002, com sede e foro em Quixadá-CE.

A IES através de uma intensa atividade social vem se destacando na região desenvolvendo vários projetos visando bene ̂ciar a comuni-dade, oferecendo instrumentos que possibilitem a superação das di ̂-culdades de uma área carente de recursos ̂nanceiros, hídricos, sociais e educacionais.

O Curso de Graduação em Psicologia da IES foi concebido em consonância com o Parecer CNS/CES nº 1.314/2001, Parecer CNS/CES nº 062/2004 e Resolução CNE/CES nº 8/2004, que instituem as Diretri-zes Curriculares do Curso (DCN) de Graduação em Psicologia, tendo como meta central a atuação do psicólogo.

Está fundamentado nos princípios e compromissos para contri-buir com o desenvolvimento do conhecimento cientí ̂co da Psicolo-gia, no nível de suas possibilidades de aplicação prática; na compreen-são dos fenômenos psicológicos em suas interfaces com os fenômenos biológicos e sociais; no respeito à ética e cidadania pro ̂ssional através da compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos do País; no reconhecimento das necessidades sociais e dos direitos humanos; na produção e divulgação de pesquisas; na formação de pro ̂ssionais que atuem socialmente, pautados na promoção da saú-de dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades; no aprimora-mento e na capacitação contínua (BRASIL, 2004).

Page 232: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

230

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Desse modo, a FCRS tem um compromisso social com o Sertão Central do Ceará, especialmente com o município de Quixadá, com o propósito de desenvolver um processo de formação que atenda às ne-cessidades especí ̂cas da região e seja protagonista no enfrentamento dos problemas locais, com suas devidas prioridades.

3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SERVIÇO DE PSICOLO-GIA APLICADA

Criado em 2009, o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da FCRS tem como objetivo primordial de uma clínica-escola, complementar a formação pro ̂ssional dos estudantes do curso de graduação em Psico-logia, através da prática do estágio pro ̂ssionalizante I e II realizados respectivamente no 9º e no 10º semestre do curso.

O SPA foi implementado em virtude da necessidade de, em um primeiro momento, organizar e aperfeiçoar os recursos da instituição para que fosse possível em um segundo momento, prestar assistência aos alunos, funcionários e colaboradores da FCRS. Devido ao cresci-mento e divulgação do serviço junto ao público externo, um número cada vez maior de pessoas passou a buscar atendimento psicológico junto à clínica-escola. Diante do fato, o serviço passou a abranger o atendimento à comunidade, de Quixadá e das cidades circunvizinhas, por meio de demanda espontânea e/ou encaminhamentos serviços da área da saúde do nível primário e secundário de atenção, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS’s) e os Núcleos de Apoio à Saú-de da Família (NASF’s) e ainda centros no cenário da assistência social do Sertão Central cearense.

Atualmente, os serviços disponibilizados pelo SPA são divididos entre os estágios intramuros, extramuros e os grupos de extensão. Os estágios intramuros estão no âmbito da psicologia clínica, disponibi-lizando para a população atendimentos individuais e/ou grupais em abordagens distintas para crianças, adolescentes, adultos, casais e fa-mílias. Os estágios extramuros prestam serviços em instituições conve-niadas com a FCRS nas áreas da psicologia da saúde, psicologia escolar e educacional, psicologia social, psicologia do trabalho e das organiza-

Page 233: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

231

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

ções. Os grupos de extensão realizam serviços de acordo com a orien-tação teórica e abordagem psicológica do professor coordenador do grupo, que vão desde pesquisas de laboratório até a área de avaliação psicológica e orientação pro ̂ssional para a população e instituições, de acordo com a solicitação da demanda.

Todos os atendimentos e serviços oferecidos pelo SPA são gratuitos, conduzidos pelos estagiários   e supervisionados por um professor psi-cólogo, docente do curso de Psicologia, devidamente registrado no Conselho Regional de Psicologia do Ceará (CRP 11), sendo escolhido pelo aluno através do processo seletivo para estágios, realizado em cada início de semestre, de acordo com o previsto em edital especí ̂co de cada seleção. As supervisões ocorrem semanalmente, nas dependên-cias do SPA. Elas possuem um enfoque teórico-clínico e são conduzi-das tanto em grupo quanto individual pelo supervisor de cada área, de acordo com as demandas das práticas de estágio a serem discutidas e trabalhadas. Os aspectos éticos determinados pelo Sistema Conselhos de Psicologia, expressos pelo Código de Ética Pro ̂ssional do Psicólogo e resoluções a ̂ns da pro ̂ssão da Psicologia, assim como os ditames da Resolução 466/2012 e outras a ̂ns, do Conselho Nacional de Saúde e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa são cumpridas, respeitando--se o sigilo das pessoas e das instituições envolvidas.

O código de Ética pro ̂ssional do Psicólogo destaca o processo for-mativo em cenários de prática de ensino-aprendizagem, determinando por meio do artigo 17 que: “caberá aos psicólogos docentes ou supervi-sores esclarecer, informar, orientar e exigir dos estudantes a observân-cia dos princípios e normas contidas neste código” (CFP, 2005).

O registro documental do trabalho do psicólogo, também exigido nas clínicas-escola, é responsabilidade dos docentes supervisores, con-forme a Resolução CFP 001/2009. Esta norma valoriza a autoria por parte do estagiário e a observância a aspectos técnicos e éticos, no seu artigo 3°:

Em caso de serviço psicológico prestado em serviços-escola e cam-pos de estágio, o registro deve contemplar a identi ̂cação e a assina-tura do responsável técnico/supervisor que responderá pelo serviço

Page 234: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

232

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

prestado, bem como do estagiário; Parágrafo único. O supervisor técnico deve solicitar do estagiário registro de todas as atividades e acontecimentos que ocorrerem com os usuários do serviço psicoló-gico prestado (CFP, 2009).

O SPA adota um sistema de registro compatível com a referida resolução e também com as DCN, artigo 23 cuja determinação é a de que as atividades de estágio supervisionado devem ser documentadas de modo a permitir a avaliação, segundo parâmetros da instituição e do desenvolvimento das competências e habilidades previstas (BRASIL, 2004).

O período de realização das práticas de estágio e atividades dos grupos de extensão obedece ao calendário acadêmico, sendo, portanto, realizado exclusivamente durante o período letivo. Cada estágio possui uma carga horária de 220 horas por semestre, sendo distribuídas entre 140 horas de atividades práticas e 80 horas de supervisões.

O espaço físico da clínica escola conta com 10 salas de atendimen-to sendo 01 sala de atendimento de família, 02 salas de atendimento de grupos, 02 salas para atendimento de crianças, 02 salas para adoles-centes e 03 para adultos. Dispõe ainda das demais salas: coordenação, supervisão, extensão, estagiários, sala de espera, sala de testes, sala de observação, recepção, almoxarifado, arquivo estático e banheiros. As dependências abrigam ainda o laboratório de Psicologia Experimental e um criatório, ambos destinados à parte prática da disciplina de Análi-se Experimental do Comportamento, presente na matriz curricular do curso de Psicologia. Todos os ambientes possuem material adequado, em bom estado de conservação e em quantidade su ̂ciente para a reali-zação das atividades especí ̂cas de cada área.

A sala de testes abriga o material referente aos serviços do SPA como também os instrumentos necessários para as disciplinas funda-mentais da área. O material utilizado encontra-se de acordo com a nor-mativa do Conselho Federal de Psicologia (CFP) estando legalizados, autorizados, em condições adequadas de uso e em quantidade su ̂cien-te para atender a toda demanda do Curso e da Instituição.

Page 235: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

233

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

4 AS EXPERIÊNCIAS DE ATENDIMENTOS E SERVIÇOS DO SPA

Primordialmente, o SPA trabalha como sendo um local destinado à escuta e ao acolhimento dos clientes que buscam este espaço. No en-tanto, pode também desempenhar o papel que compete a um serviço de triagem e encaminhamento para outros setores tanto institucionais (Núcleos de Práticas Jurídicas, Clínicas de Fisioterapia e de Odontolo-gia da FCRS), quanto para outros serviços externos à faculdade (Psi-quiatria, Neurologia, Terapia Ocupacional, dentre outros).

Relativos aos atendimentos intramuros, as modalidades ofertadas atualmente na da área da psicologia clínica variam entre as abordagens teóricas as quais os supervisores possuem formação e experiência em atuação. A clínica I trabalha com o enfoque da Gestalt Terapia; a Clínica II com a Abordagem Cognitivo Comportamental; a clínica III trabalha sob a ótica da terapia familiar de base sistêmica. O público atendido por todas as clínicas são as crianças, adolescentes, adultos, casais, famílias e grupos.

No semestre 2013.1, foram assistidos pelo SPA, 65 crianças, 57 adolescentes, 78 adultos e 14 famílias, que usufruíram de atendimentos psicológicos individuais, semanais, com 50 minutos de duração cada sessão. Além disso, os grupos terapêuticos de crianças, de adolescentes e de idosos também ̂zeram parte da rotina, com reuniões semanais de 01 hora e 30 minutos de duração cada encontro. As regras pertinen-tes aos atendimentos clínicos como horário de funcionamento do SPA, permissões e restrições no ambiente, além de serem trabalhadas e inter-nalizadas pelos supervisores aos estagiários, também estão disponíveis nas Normas e Procedimentos do SPA (2012), cuja cópia é disponibili-zada para consulta na recepção da clínica.

Uma atenção especial é demandada para a área da clínica infantil. Atualmente, o SPA da FCRS é único local onde é ofertado gratuitamen-te para toda a população esta modalidade de atendimento tornando-se, pois, um local de referência na região do Sertão Central desta modali-dade de trabalho. A ̂la de espera para o atendimento ao público infan-til tem hoje 47 crianças. Unidades de saúde como os CAPS’s, NASF’S, hospitais gerais, escolas, serviços da assistência social, pro ̂ssionais da

Page 236: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

234

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

saúde, pais e outras instituições encaminham as crianças necessitadas deste tipo de serviço, sendo as queixas mais comuns os distúrbios de desenvolvimento e de aprendizagem, agressividade, Transtorno de Dé- ̂cit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dentre outras (SPA 2013.2).

Os estágios extramuros se constituem como outra opção que os alunos possuem para realização do estágio pro ̂ssionalizante. Atuando em instituições regularmente conveniadas com a FCRS, além de possi-bilitar a atividade prática aos estagiários, a atuação extramuros possibi-lita a inserção da Psicologia em políticas públicas das áreas da educação, saúde, assistência social, por meio da inserção em equipes multipro- ̂ssionais e práticas interdisciplinares. Estas experiências traduzem o

compromisso da FCRS com a defesa e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com a educação e com o desenvolvimento das organizações em nível regional.

As práticas fora da sala de aula estão em consonância com o ar-tigo 24 das DCN o qual delibera que a instituição poderá reconhecer atividades realizadas pelo aluno em outras instituições, desde que essas contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competências previstas no projeto de curso (BRASIL, 2004).

A Lei nº 4119/1962 de 1962 prevê que “os estágios e observações práticas dos alunos poderão ser realizados em outras Instituições da localidade, a critério dos Professores do curso” (BRASIL, 1962, p. 3), dando as bases legais para a modalidade de estágio extramuros.

Ademais a prática discente em contextos de estágio na comuni-dade, pauta-se, também, pela Resolução CFP nº 003/2007, que norteia responsabilidades para o psicólogo preceptor:

Sem prejuízo do caráter privativo da atividade pro ̂ssional, o psi-cólogo poderá delegar funções a estagiário, como forma de treina-mento [...] O psicólogo supervisor de estágio deverá estar inscrito no Conselho Regional da jurisdição na qual exerce sua atividade [...] A concessão de estágio ocorrerá somente nos casos em que ̂que caracterizada a natureza didática da atividade a ser realizada pelo estagiário e sob condições em que seja possível supervisionar o tra-balho [...] (CFP, 2007, p. 19).

Page 237: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

235

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Em 2013.1, aproximadamente 101 usuários foram bene ̂ciados por ações das áreas da psicologia da saúde, psicologia social e a psicologia escolar educacional. Grandes instituições como hospitais municipais, escolas públicas e privadas, organizações não governamentais e associa-ções de bairros puderam usufruir das atividades práticas da psicologia para a melhoria da assistência que prestam à comunidade.

Atualmente, incluímos nos estágios extramuros a opção da psico-logia do trabalho e das organizações, tanto para atender as necessidades do curso em oferecer estágio nesta área da Psicologia, quanto para o conjunto de empresas e instituições públicas que sem dúvidas, ganha com esta atividade que aplica os conhecimentos da psicologia ao mun-do do trabalho e das organizações.

Relativo aos grupos de extensão, o objetivo principal e comum deles é ofertar para os alunos do curso de Psicologia a oportunidade de experienciar antes mesmo dos estágios pro ̂ssionalizantes, a possi-bilidade de articulação teórico-prática da Psicologia enquanto ciência e pro ̂ssão, em abordagens distintas. O ingresso dos discentes nestes grupos ocorre por meio de processo seletivo especí ̂co de cada grupo. O coordenador é um psicólogo, docente do curso de Psicologia, o qual se compromete, dentre outros fatores, em supervisionar semanalmente seus estagiários e as atividades desempenhadas.

Desde a criação do SPA, vários grupos de extensão constam em seu histórico: Núcleo de Extensão e Pesquisa da Psicologia da Adoles-cência (NEPAD); Laboratório de Desenvolvimento Humano e Familiar (LADFAM); Núcleo de Extensão e Pesquisa em Psicologia Comunitá-ria (NEPUC); Núcleo de Estudos em Avaliação Psicológica (NEAPSI); Grupo de Estudos em Análise do Comportamento (GEPAC).

Vale salientar o trabalho realizado pelo NEPUC, que se tornou um marco na realização das atividades de extensão levando a psico-logia social e comunitária para a comunidade quixadaense e de outras cidades da região. Foram ações desenvolvidas junto ao SUAS e ao SUS, além de organizações não governamentais, abordando temáticas com a violência, a saúde pública, a cidadania, identidade, questões de gênero dentre outros. O NEPUC, além de ganhar premiações pelos trabalhos desenvolvidos através da iniciação cientí ̂ca, lançou em 2012 na FCRS

Page 238: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

236

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

um livro com coletânea de trabalhos dos extensionistas, denominado “Recortes e vivências em Psicologia comunitária”.

O NEAPSI é um grupo de estudo, extensão e serviços de diag-nóstico psicológico para toda a clientela demandada na unidade. Foi idealizado pelo docente das disciplinas que fundamentam esta área de saber, para proporcionar aos alunos um espaço de aprofundamento teórico e de prática no campo especí ̂co da avaliação psicológica. Ini-ciou suas atividades em setembro de 2009. A escolha da implantação do Núcleo de estudos na área se justi ̂ca por sua amplitude de atuação uma vez que o diagnóstico psicológico se faz útil nos campos da clíni-ca, da saúde, escolar, organizacional, institucional, comunitária, e ou-tras. Tal conduta, implementada na clínica escola, atinge a sociedade em geral, promovendo assistência técnica à indivíduos e instituições da região.

Entende-se por avaliação psicológica a busca sistemática de conhe-cimento a respeito do funcionamento psicológico em situações espe-cí ̂cas, que possa ser útil para orientar ações e decisões futuras; para tanto é preciso que o processo seja considerado como uma investigação completa e ampla do sujeito envolvido, utilizando-se de conhecimentos e teorias da Psicologia, além dos instrumentos validados, reconhecidos como cientí ̂cos e autorizados para uso pelo Conselho Federal de Psi-cologia (CFP, 2010).

O NEAPSI promove a condição de aprofundamento do conheci-mento e do entendimento acerca do processo de avaliação psicológica através de estudos teóricos e da atuação prática por meio do atendimen-to e assistência psicológica à clientela da clinica escola de psicologia da FCRS, favorecendo o desenvolvimento humano, psicológico e emocio-nal, sadio. Instiga no discente o interesse pela área e propicia o aprimo-ramento pro ̂ssional e o compromisso com a comunidade.

As ações do Núcleo atendem a demandas da área clínica, bem como casos de avaliação infantil e adulta para área educacional; a investigação de dificuldade e/ou distúrbios de aprendizagem; a investigação de condutas e comportamentos emocionais; de dete-rioração da memória; avaliação para cirurgia bariátrica; na área de orientação vocacional e profissional possui um amplo trabalho em

Page 239: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

237

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

parceria com escolas públicas da região, além do atendimento in-dividualizado com a mesma finalidade. Em parceria com empresas da região, também já realizou atividades de seleção de pessoal para cargos, pesquisa de clima organizacional e avaliação de desempenho de pessoal em suas funções.

Com o sentido de fomentar a produção cientí ̂ca, a clínica escola da FCRS consolidou a edição da Mostra de Psicologia do SPA, que caminha para a sua décima edição em novembro de 2013. Por meio desta, os estagiários de todas as áreas apresentam trabalhos acadêmi-cos decorrentes de suas práticas, para um público de professores e alunos. A Mostra socializa as experiências inerentes ao compromisso social da FCRS, prepara e incentiva os alunos dos semestres iniciais para os estágios.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário acima descrito permite compreender que o SPA se man-tém efetivo dentro do propósito de interação com a comunidade do Sertão Central, especialmente como município de Quixadá. Os cam-pos de estágio representam o compromisso com a Clínica Psicológica, com as organizações e com diferentes e importantes políticas públicas, fortalecendo-as por meio do processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, mantém ao longo dos anos, uma distribuição equilibrada de alunos por área. Os processos de ensino-aprendizagem se pautam em aspectos cientí ̂cos, técnicos e éticos e podemos considerar que vem desenvolvendo conhecimentos, habilidades e atitudes satisfatórios à oferta de bons pro ̂ssionais para a região. Exemplo desse fato, é o alto nível de empregabilidade dos egressos (92%) que atuam em municípios da região, sobretudo em política públicas da saúde e assistência social, provisionando e ̂xando os recursos humanos em sua cidade ou região de origem, o que potencializa a efetividade das ações. Outro indicador importante é o ingresso de ex-alunos em mestrados e doutorados de várias universidades, o retorno de alguns como discentes da FCRS e a inserção de cinco psicólogas na residência multipro ̂ssional em saúde, nas ênfases de saúde mental e saúde da família no ano de 2013.

Page 240: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

238

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

REFERÊNCIAS

BRASIL. Câmara dos Deputados. Centro de Documentação e Informa-ção. Lei nº 4.119 de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a pro ̂ssão de psicólogo. Co-leção de Leis do Brasil - 1962, Página 96 Vol. 5 (Publicação Original). Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4119-27-agosto-1962-353841-norma-pl.html >. Acesso em: 15 ago. 2013.

HERZBERF, F. (1996). Re� exos sobre o processo de triagem de clientes a serem atendidos em clínicas-psicológicas-escolas. In: CARVALHO, R. M. L. L. (Org). Repensando a formação do Psicólogo. v.1, p. 147-154. Campinas, São Paulo: Alínea, 1996.

_______. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a reda-ção do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provi-sória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6494.htm> Acesso em: 15 ago 2013.

_______. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia. Resolução nº 8, de 7 de maio de 2004. Diário O ̂cial da União. Brasília, 2004.

CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 010/2005 de 21 de julho de 2005. Aprova o Código de Ética Pro ̂ssional do Psicólogo. Dis-ponível em: < http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codi-go_etica.pdf>. Acesso em: 15 ago 2013.

____. Conselho Federal de Psicologia. Resolução n° 003/2007 de 12 de fevereiro de 2007 Institui a Consolidação das Resoluções do Conselho

Page 241: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

239

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Federal de Psicologia. Disponível em: <http://site.cfp.org.br/wp-con-tent/uploads/2007/02/resolucao2007_3.pdf>. Acesso em: 15 ago 2013.

____. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 001/2009 de 30 de março de 2009. Institui a obrigatoriedade do registro documental de-corrente da prestação de serviços psicológicos. Disponível em: <http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2009/04/resolucao2009_01.pdf>. Acesso em: 15 ago 2013.

_____.Conselho Federal de Psicologia. Avaliação psicológica: diretri-zes na regulamentação da pro ̂ssão / Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2010.

SOBRE AS AUTORAS

Milena de Holanda Oliveira Bezerra Psicóloga. Mestre em Psicologia. Coordenadora do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS). Docente e Supervisora de Estágio Pro ̂ssionalizante I e II do Curso de Psicologia da FCRS.Contato: [email protected].

Andréa Alexandre VidalPsicóloga. Mestre em Psicologia. Coordenadora do Serviço de Psicolo-gia Aplicada da Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS). Docente e Supervisora de Estágio Pro ̂ssionalizante I e II do Curso de Psicologia da FCRS.Contato: [email protected].

Mércia Capistrano OliveiraPsicóloga. Especialista em Planejamento Educacional. Perita em Trân-sito. Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Católica Rainha do Sertão (FCRS). Coordenadora do Núcleo de Estudos em Avaliação Psi-cológica (NEAPSI) do Curso de Psicologia da FCRS. Contato: [email protected].

Page 242: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

240

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Anice Holanda Nunes MaiaPsicóloga. Especialista em Saúde Pública pela UECE e em Educação na Saúde para Preceptores do SUS pelo Instituto Sírio Libanês. Atua como Psicóloga Hospitalar com capacitação em Psicoterapia Breve Fo-cal e Tanatologia. Trabalha no Hospital Infantil Albert Sabin – HIAS. Docente e Supervisora de Estágio Pro ̂ssionalizante I e II do Curso de Psicologia da FCRS.Contato: [email protected].

Page 243: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

241

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

Apesar do “lugar-comum” que é falar das revoluções que as trans-

formações advindas com as novas tecnologias vêm causando ao pla-neta e das relações entre os indivíduos que habitam este universo, ̂ca difícil compreender os contornos das experiências que abordaremos mais adiante sem trazer à tona a série de mudanças que assistimos na sociedade nos últimos 15 anos, mais ou menos, desde, especialmente, o início da popularização da internet, em meados da década de noventa do século passado. As mutações ocasionadas a partir da emergência e da disseminação das Tecnologias Digitais da Informação e da Comuni-cação (TDICs) são por demais signi ̂cativas, alterando nossas formas de ser e de estar no mundo contemporâneo e recon ̂gurando, também, a atuação e as práticas educacionais dos atores coletivos no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Morduchowicz (2008, p. 13), “las recientes transformaciones tecnológicas – entre ellas la interactividad – son sin duda claves para comprender el mundo actual”.

Neste sentido, acreditamos que um dos papéis das TDICs é o de oferecer novos caminhos no processo de formação educacional, dife-

TECNOLOGIAS DIGITAIS E DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO: o curso de Sistemas

de Informação da FCRS e as relações com a

comunidade local

h

Carlos Henrique Leitão CavalcanteDaniel Barsi Lopes

Júlio César Cavalcante BezerraLuiza Maria Morais Lima

Renato William Rodrigues Souza

Page 244: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

242

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

rentes modalidades de gestão da aprendizagem, inovadoras e transdis-ciplinares perspectivas de atuação em projetos de extensão universitária e outras opções para o acesso e o manuseio dos conteúdos trabalhados nas grades curriculares. Isso tudo com o objetivo de possibilitar novos recursos de busca e pesquisa, potencializar a criação de outros métodos e práticas de apropriação, por parte dos alunos, das ferramentas técni-cas, permitir a produção de redes de conhecimento, incentivar a expe-rimentação com as linguagens audiovisuais, en ̂m, facilitar a interação com os processos de aprendizagem. Segundo nos faz re� etir Martín--Barbero (2001), os saberes e os imaginários contemporâneos não se organizam mais somente em torno de um eixo letrado, e nem o livro é mais o único instrumento centralizador do conhecimento. Entretanto, muitos educadores resistem a traduzir essas mudanças na concepção da escola e da universidade, tendo muita di ̂culdade em admitir a intera-ção da leitura com a cultura oral e a audiovisual-eletrônica. García Can-clini (2007) acrescenta ao debate, quando a ̂rma que, muitas vezes, a escola e os cursos superiores não preparam as crianças e os jovens para as novas linguagens e que a educação, ainda nos dias de hoje, apoia-se em uma cena pré-digital.

Buscando romper com este cenário de ausência de diálogo en-tre tecnologia e educação, o curso de Sistemas de Informação da Faculdade Católica Rainha do Sertão vem investindo, ao longo dos últimos anos, no aprimoramento e na disseminação do Ensino a Distância (EaD), bem como vem se dedicando a alguns projetos de desenvolvimento de software, construindo pontes transdisciplinares com outros cursos superiores da instituição e dialogando de forma próxima como a comunidade da cidade de Quixadá, onde a faculda-de está localizada. Aproximações como essas promovidas pelo curso de Sistemas de Informação – entre as TDICs e os sujeitos sociais, empoderando os atores coletivos para o uso criativo e inclusivo das ferramentas tecnológicas – mostram que a tecnologia, quando é des-tinada à transformação da realidade local, pode trazer desenvolvi-mento econômico e social.

Page 245: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

243

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

A sociedade está vivendo na Era da Informação, período em que o conhecimento se torna cada vez mais importante para o desenvolvi-mento econômico de uma nação. Dessa forma, prover acesso à infor-mação é uma prioridade para os países em desenvolvimento melhora-rem as condições socioeconômicas da sua população. No Brasil, o uso das tecnologias da informação e da comunicação vem se expandindo rapidamente, mas, por outro lado, tem revelado as assimetrias educa-cionais e socioeconômicas do país. A disparidade de acesso às tecno-logias digitais pode ser percebida a partir do momento em que uma parcela da população – sem recursos ̂nanceiros que a torne capaz de comprar computadores e de pagar para ter acesso à internet – ̂ca de fora desse boom tecnológico.

Uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial em 2006, denomi-nada Information and Communication for Development, mostra que países que investiram em inclusão digital e criaram programas de banda larga tiveram crescimento considerável no Produto Interno Bruto (PIB). Segundo esta pesquisa, um aumento de 10% no número de conexões de banda larga em países emergentes induziu a um cres-cimento adicional de mais de 1,3% no PIB (WORLD BANK, 2006). Os resultados da pesquisa desenvolvida pelo Banco Mundial mostram que as tecnologias digitais são elementos importantes para o desen-volvimento econômico, e que é preciso fortalecer as ações de implan-tação de políticas de Banda Larga e a quali ̂cação pro ̂ssional em tec-nologias da informação (TI).

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (BRASSCOM, 2011)1, o mercado brasileiro envolvido com a tecnologia da informação é o sétimo maior do mundo, com faturamento de US$ 112 bilhões em 2011 e representação de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Somado ao mercado de Co-municações, o setor brasileiro de Tecnologia da Informação e Comu-nicação (TIC) apresentou crescimento de 10,9%, movimentando US$

1 Disponível em: http://www.brasscom.org.br/brasscom/Portugues/detInstitucional.php?codArea=3&codCategoria=48. Acesso em: 28 ago. 2013

Page 246: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

244

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

212 bilhões. Ainda segundo a pesquisa, o Brasil possui capacidade e ex-celência para dobrar o faturamento do setor e se tornar um dos cinco principais centros de TI em 2022.

Não é difícil perceber que o mercado em torno da tecnologia da informação está em expansão no país, o que ̂ca claro quando se oberva a demanda por pro ̂ssionais. De acordo com a BRASCOM (2012), o setor emprega 1,2 milhão de trabalhadores, sendo 400 mil em empresas de TI e 800 mil em empresas que atuam em outros setores da econo-mia. A demanda por mão de obra cresce por volta de 6,5% ao ano, e os salários costumam ser maiores do que os pagos em outros ramos no cenário nacional. Com esse desenvolvimento no setor e tendo em vista a crescente demanda por pro ̂ssionais, já se ouve falar em “apagão de mão de obra” na área da tecnologia da informação.

Dessa forma, investir na formação de pro ̂ssionais que atuem jun-to às tecnologias da informação é aproveitar a situação favorável da área para incrementar a entrada de inúmeros atores coletivos no mercado de trabalho. Promover o acesso ao emprego e à remuneração, ampliando a dignidade do trabalhador, transforma-se em um alicerce vital para o desenvolvimento, não só econômico – através, também, do aumento do poder de compra da população –, mas, principalmente, social. A pers-pectiva é a de que Quixadá se torne um polo de desenvolvimento de so= ware e que o Sertão Central se torne uma referência em tecnologia da informação.

3 O CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E A COMUNI-DADE DE ENTORNO

De acordo com as diretrizes nacionais do MEC – Ministério da Educação, Sistemas de Informação podem ser de ̂nidos como uma combinação de recursos humanos e computacionais que inter-relacio-nam a coleta, o armazenamento, a recuperação, a distribuição e o uso de dados com o objetivo de e ̂ciência gerencial (planejamento, controle, comunicação e tomada de decisão) nas organizações (BRASIL, 1999).

Ainda segundo o MEC, são benefícios para Sociedade dos Cursos de Bacharelado em Sistemas de Informação:

Page 247: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

245

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

As organizações em geral dependem totalmente da função de Siste-mas de Informação para sua operação e possuem nas Tecnologias de Informação e Comunicação sua principal ferramenta de traba-lho, em todas suas áreas funcionais (produção, marketing, recursos humanos, ̂nanças, etc.). A área de Sistemas de Informação contri-bui de forma importante em diversos domínios, incluindo empre-sas e governo. Esta área lida com sistemas complexos que requerem conhecimentos técnicos e organizacionais para serem projetados, desenvolvidos e gerenciados, que afetam tanto as operações como as estratégias das organizações. Os Sistemas de Informação e as Tecnologias da Informação e Comunicação nas organizações repre-sentam, para a sociedade, potenciais ganhos de e ̂ciência no uso de recursos, com impactos na produtividade e na competitividade das empresas e do país em geral, em um cenário nacional e internacio-nal cada vez mais globalizado e competitivo (BRASIL, 1999, p. 18).

Os cursos de Bacharelado em Sistemas de Informação no país são recentes, tendo começado a surgir a partir de 1999, com a defi-nição das diretrizes curriculares do MEC para os cursos da área de computação.

Mas, apesar da disseminação dos cursos na área de Sistemas de In-formação, selecionar um pro ̂ssional do setor não tem sido uma tarefa fácil para as empresas, pois a demanda por pro ̂ssionais que atuam no mercado ainda é grande. Para entrar na área é preciso ter desenvolvidas algumas competências e estar em constante atualização.

Neste sentido, com a ̂nalidade de reverter a carência de pro ̂s-sionais no Brasil e, especialmente, no Ceará, o curso de SI da “Católica de Quixadá” busca aliar teoria e prática, levando em consideração as tendências do mercado de trabalho. O curso considera as características socioeconômicas da região do Sertão Central do Ceará, tanto quanto das regiões no entorno. Isso tudo tendo como missão formar pro ̂s-sionais éticos e empreendedores, visando o progresso da sociedade, as-sociando a pesquisa e o desenvolvimento autossustentável, através de soluções e ̂cazes em Tecnologia da Informação.

Além disso, o Bacharelado em Sistemas de Informação tem por objetivo a formação de pro ̂ssionais que estejam aptos a atender às ne-

Page 248: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

246

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

cessidades da sociedade, com a aplicação tecnológica da computação para a atuação em planejamento, análise, utilização, avaliação, geren-ciamento, implantação, desenvolvimento de modernas e complexas tecnologias de informação, so= wares e soluções aplicadas às áreas ad-ministrativas, industriais, comerciais, educacionais e qualquer tipo de instituição organizacional, seja pública e privada.

Pode-se acrescentar que o mercado de trabalho para o aluno de Sistemas de Informação não se circunscreve apenas às vagas oferecidas nos bairros e municípios que circundam a FCRS, pois se trata a TI de uma área em pleno crescimento, na qual estão envol-vidas todas as áreas do conhecimento e da prática. O profissional de Sistemas de Informação está preparado para exercer atividades as mais variadas, como programador de sistemas, analista de siste-mas, webdesigner, webmaster, projetista de sites, engenheiro de sof-tware, administrador de banco de dados, administrador de redes de computadores, arquiteto de software, gerente de projetos, auditor de sistemas, especialista em soluções de tecnologias móveis, desenvol-vedor web, dentre tantas outras.

Entre as motivações desta dinâmica está o uso das Tecnologias Di-gitais da Informação e da Comunicação, que vem criando novos nichos de atuação para o pro ̂ssional de Sistemas de Informação. Uma dessas oportunidades é a terceirização através do trabalho o> shore, que vem se ampliando no Brasil. O crescente aumento desse serviço vem pro-piciando um acréscimo na produção de so= ware no país, o que traz a necessidade de pro ̂ssionais quali ̂cados para atender a nova demanda que se con ̂gura. Isso abre espaço para que os pro ̂ssionais de SI desen-volvam so= wares para outros países sem precisar sair da sua cidade de origem. Transformações como essas implicam diretamente no desen-volvimento econômico e social da região.

3.1 EAD – ENSINO A DISTÂNCIA

Ensino a distância é um processo de ensino e aprendizagem no qual alunos e professores estão separados espacial e/ou temporalmen-te. Diferentemente do que ocorre no ensino convencional, em que os

Page 249: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

247

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

encontros ocorrem em um mesmo espaço físico e em horário deter-minado, esse tipo de ensino permite que o aluno tenha a oportunidade de materializar um aprendizado independente, por meio de recursos tecnológicos, tais como internet, fórum, chat, videoconferências, dentre outros.

O método de ensino a distância foi criado para tornar a educa-ção convencional acessível às pessoas que não tinham condições de cursar o ensino regular em um período determinado ou que residiam em áreas isoladas, o que acabou gerando uma reputação de ensino de menor qualidade. Atualmente, a implementação das novas tecnolo-gias da informação e da comunicação trouxe novas perspectivas ao Ensino a Distância, devido às facilidades de produção, rápida emissão e transmissão de conteúdos e uma maior interação com recursos, in-formações e pessoas. Sendo assim, diversas universidades e centros de ensino oferecem cursos a distância através de inúmeros recursos telemáticos.

Esta modalidade de ensino permite que o aluno tenha certa li-berdade para decidir como, quando e onde estudar, podendo, assim, criar uma eficaz combinação de estudo e trabalho e uma formação continuada, que se dá no processo de crescimento constante, de qualificação incessante, de aprendizagem em serviço, juntando te-oria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e relações. O uso das tecnologias interativas neste processo acaba evidenciando algo que se faz muito importante em qualquer processo de educação: a interação e a interlocução en-tre todos os envolvidos.

Como forma de se adequar às mudanças culturais e tecnológi-cas, muitas instituições de ensino superior têm implantado núcleos de Educação a Distância. Dessa forma, professores e alunos têm novas oportunidades de interação e colaboração, para além da sala de aula. Algumas delas investem no e-learning para implementar o EaD, pelo seu potencial de interatividade com as TDIC e as possibilidades de criar condições para a troca de experiências e informações, bem como para a resolução de problemas, a análise colaborativa de cenários e os estudos de casos especí ̂cos em distintas mídias, tornando o trabalho

Page 250: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

248

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

do professor e a interação com os alunos essencial em todas as etapas da formação.

Grande parte dos alunos da Faculdade Católica Rainha do Ser-tão é composta de moradores de municípios circunvizinhos. Com a adoção de um ambiente de EaD pode-se ofertar algumas disciplinas ou cursos de extensão online. O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) FCRS adota a plataforma de e-learning no Moodle. Além de ser totalmente livre e gratuito, permite que sejam adicionados novos blocos e funcionalidades desenvolvidas pelos seus usuários, de acordo com suas necessidades, constituindo-se em um sistema de administração de atividades educacionais destinado à criação de comunidades on-line, em ambientes virtuais voltados para a apren-dizagem colaborativa. Esta plataforma possibilita, ainda, desenvol-ver provas ou questionários com suas requeridas notas e aprovações, ferramentas que podem ser utilizadas na preparação da prova do ENADE, que é atribuída aos formandos de diversos cursos ao final de cada ano.

De forma experimental, alguns professores do curso de Sistemas de Informação começaram a utilizar a plataforma no semestre 2012.2, tendo mais de 154 estudantes cadastrados no ambiente. Atualmente são 2415 usuários cadastrados, entre professores, alunos e coordenadores, em 13 cursos de graduação, em que 4 deles têm todas as suas disciplinas no Ambiente. Dentre as 143 disciplinas cadastradas no AVA, 34 são do curso de Sistemas de Informação. O AVA contém, ainda, 3 grupos de estudos e 6 cursos online, mostrando assim a sua relevância no ambien-te educacional.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem FCRS possibilita aos professores e alunos novas oportunidades de interação e colabora-ção, para além da sala de aula, através das suas ferramentas como: inserção dos arquivos mostrados na aula, criação de fóruns de dis-cussões, salas de bate papos, execução de tarefas, criação de simula-dos online.

Page 251: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

249

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 1 – Tela inicial do AVA – FCRS

Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem Faculdade Católica Rainha do Sertão (2013).

3.2 PROJETOS DESENVOLVIDOS OU EM DESENVOLVIMENTO

O curso de Sistema de Informação da FCRS, devido a sua carac-terística intrínseca de formar pro ̂ssionais capacitados a desenvolve-rem sistemas computacionais, permite estabelecer parcerias e cultivar diálogos transdisciplinares com os demais cursos da IES (Instituição de Ensino Superior) a que pertence. Essa parceria permite aos discentes e docentes do curso desenvolver projetos e ações que bene ̂ciam, através das TDIC – Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, os de-mais setores da instituição, automatizando seus processos e solucionan-do problemas inerentes à prática das suas atividades.

Um exemplo dessas parcerias foi o trabalho realizado em conjunto entre o curso de Sistemas de Informação e os cursos de Direito e Odonto-logia. Nessas atividades, os alunos do curso de SI, na disciplina curricular “Análise e Projeto de Sistemas”, utilizaram os conhecimentos adquiridos nessa e em outras disciplinas para realizarem a especi ̂cação dos requisi-tos de so= ware para os setores desses outros cursos, setores estes de muito valor social, uma vez que prestam serviços de atendimento à população.

Page 252: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

250

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A especi ̂cação de so¥ ware ou engenharia de requisitos é o proces-so para compreender e de ̂nir quais serviços são necessários e iden-ti ̂car as restrições de operação e desenvolvimento do sistema. Ela é crítica, pois um erro neste estágio conduz inevitavelmente a proble-mas posteriores no projeto e na implementação do sistema. O pro-cesso de engenharia de requisitos leva à produção de um documen-to de requisitos, que é a especi ̂cação do sistema (SOMMERVILLE, 2007, p. 49).

Relacionado ao curso de Direito, o setor envolvido (para ter seus problemas resolvidos por um sistema) foi o Núcleo de Práticas Jurí-dicas (NPJ), que, em linhas gerais, pode ser de ̂nido como um seg-mento do curso que presta serviço de auxílio jurídico à comunidade de Quixadá, bem como aos moradores de cidades adjacentes. Nele é possibilitado ao aluno desenvolver as habilidades práticas no estágio curricular obrigatório.

Em face do volume de suas atividades, é gerado um grande nú-mero de documentos, provenientes dos atendimentos jurídicos rea-lizados por professores, alunos e secretários do curso. Esses atendi-mentos são atualmente feitos através de modelos ( ̂chas), de forma manual, gerando dados que ̂cam registrados em arquivos físicos, au-mentando os gastos com papéis e demandando grandes espaços para armazenamento. Essa forma de trabalho ocasiona um tempo maior no atendimento dos assistidos e na gestão dos documentos gerados, além de causar a depreciação dos seus arquivos. Diante desse cenário, os alunos do curso de SI realizaram um levantamento de requisitos junto aos professores, alunos e secretários do NPJ. Ainda de acordo com Sommerville (2007), para se identi ̂car os requisitos de sistema segue-se um processo de requisitos que deve ser realizado em qua-tro fases: Estudo de Viabilidade, Elicitação e Análise de Requisitos, Especi ̂cação de Requisitos e Validação dos Requisitos, conforme mostra a ̂gura abaixo.

Page 253: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

251

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Figura 2 – Processo de Engenharia de Requisitos Seguido.

Fonte: Sommerville (2007).

Assim, percebendo o contexto de viabilidade dos so¥ wares, os alunos aplicaram as técnicas de levantamentos de requisitos apren-didas em sala de aula. Realizaram entrevistas, utilizaram questioná-rios, conduziram reuniões em grupos, dentre outras atividades que possibilitaram o entendimento das reais necessidades dos processos desenvolvidos no NPJ. Ao ̂nal dessa etapa de coleta de informações, os alunos do curso de SI, orientados pelo professor da disciplina, re-alizaram um processo de especi ̂cação detalhada das funcionalidades das quais o sistema de automatização dos processos do NPJ iria neces-sitar, produzindo, ao ̂nal, uma documentação que foi validada pelos integrantes do NPJ.

Essa documentação produzida possibilita, posteriormente, a co-di ̂cação por qualquer equipe de desenvolvimento, permitindo, assim, um ganho de tempo na produção do so= ware, uma vez que a toda a fase inicial de levantamentos de requisitos já foi executada. Foi produzida uma documentação das funcionalidades do so= ware baseada em um diagrama de Caso de Uso. Esse diagrama pertence ao padrão de mode-lagem Uni6 ed Model Language (UML), que é uma linguagem padrão de modelagem de so= ware.

Caso semelhante ao do NPJ foi realizado para o Complexo Odon-tológico São João Calábria, que tem o compromisso de atender à popu-lação carente de Quixadá, oferecendo serviços odontológicos especiali-zados, como periodontia, endodontia, próteses, exodontia, diagnóstico e prevenção de câncer bucal e cirurgias diversas.

Page 254: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

252

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

Desde a implantação do Complexo Odontológico, os prontuários dos atendimentos, bem como o cadastro dos pacientes, são preenchi-dos e armazenados de forma manual, fazendo uso de papel. Diante da numerosa quantidade de atendimentos, os arquivos que contêm os ca-dastros e os prontuários dos pacientes vêm demandando volumosos ar-mários para acomodá-los. Essa forma de trabalho di ̂culta a atuação do auxiliar de cirurgião-dentista (ACD), pela perda de tempo na localiza-ção dos documentos, assim como pela possibilidade de extravio destes, interferindo de maneira negativa no � uxo de atendimentos odontológi-cos. Assim, o mesmo processo de requisitos seguido para o so= ware do NPJ foi realizado para a confecção da documentação dos requisitos do so= ware do Complexo Odontológico.

Considerando a questão da transdisciplinaridade, a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias – pensados como importantes elemen-tos dos processos de formação educacional e pro ̂ssional – promovidos pela FCRS buscam solidi ̂car a tendência em virtualizar os prontuários de atendimento ao paciente, tornando-os eletrônicos e criando um ca-dastro dos seus respectivos pacientes, facilitando a operacionalização dos que atuam na clínica.

Se não bastassem os benefícios diretos ao NPJ e ao complexo odon-tológico, a realização dessas ações possibilitou a integração entre os cur-sos de Direito e de Odontologia com o curso de Sistemas de Informação da FCRS, processo no qual professores e alunos dos cursos envolvidos interagiram para encontrar soluções práticas, no que diz respeito aos projetos de extensão que se abrem à comunidade de entorno.

Ademais, indiretamente, essas práticas acarretaram o amadureci-mento dos discentes do curso de Sistemas de Informação, possibilitan-do-os aplicar conhecimentos adquiridos ao longo dos semestres letivos, englobando as disciplinas das áreas de Engenharia de So= ware, Geren-ciamento de Projetos e Programação e Análise de Projetos de Sistemas I e II.

Podemos também acrescentar, para além do desenvolvimento dos discentes, o envolvimento transdisciplinar e a cooperação entre cursos, bem como outros dois pontos relevante dessas ações. O primeiro diz respeito à relativa economia de custos que a IES obteve, uma vez que se

Page 255: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

253

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

fosse contratar uma empresa para realizar tal documentação teria que desembolsar uma quantia razoável de dinheiro. O segundo relaciona--se ao fato de que essa ação pôde desencadear outras ações com essas mesmas características, como, por exemplo, o levantamento de outros sistemas em outros setores e a codi ̂cação do programa em uma lin-guagem de programação dentro de outra disciplina curricular do curso.

3.3 PROJETOS DE AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA

Os sistemas de informação são parte integrante das organizações, atuando na transformação de informações em conhecimentos que au-xiliam e simpli ̂cam a realização de tarefas repetitivas, ou seja, automa-tizando processos, tornando-os mais rápidos e, assim, aumentando a competitividade e a comodidade dos usuários.

Desde a década de 50 iniciou-se uma nova revolução industrial, intitulada Terceira Revolução Industrial ou Revolução Tecnocientí ̂ca. Cada nova tecnologia traz um novo vocabulário. Quando o assunto é residência, não é diferente: casa automática, casa inteligente, automa-ção residencial, domótica, dentre outros (BOLZANI, 2004).

A Internet e as tecnologias digitais ̂zeram emergir um novo para-digma social, descrito por alguns autores como “sociedade da informa-ção” ou “sociedade em rede”, alicerçada no poder da informação (CAS-TELLS, 2003). Essa revolução trouxe consigo não apenas uma mudança nas linhas de produção, mas, também, em todas as relações, que afetam as empresas comerciais, as prestadoras de serviços e, até mesmo, o co-tidiano das pessoas comuns. São exemplos dessa mudança: moderniza-ção das linhas de produção com máquinas cada vez mais so ̂sticadas, que trabalham com maior qualidade utilizando menos recursos, tanto ̂nanceiros quanto de matéria-prima; aperfeiçoamento no campo me-

dicinal; e, principalmente, evolução dos computadores, bem como o aumento do número de pessoas que tem acesso a essa tecnologia.

Os smartphones, que fazem parte deste conjunto de novas tecnolo-gias, estão se tornando mais comuns, pois, devido ao aumento do poder aquisitivo da população, as empresas investiram no mercado consumi-dor brasileiro, permitindo a inserção da automação no cotidiano do-

Page 256: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

254

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

miciliar. Pensando nisso, o curso de Sistemas de Informação da Facul-dade Católica Rainha do Sertão incentiva seus alunos a desenvolverem aplicações para a melhoria de vida e maior desempenho nas atividades a serem realizadas nos mais diversos setores da sociedade, sejam eles in-dustriais, corporativos ou residenciais. Estes incentivos possibilitam aos alunos a participação em projetos que envolvem automação e robótica e posterior exposição destes protótipos em feiras e congressos nacionais.

Figura 3 – Apresentação de projetos na Mostra Nacional de Robótica.

Fonte: FCRS (2012).

Como exemplo, podemos citar a participação na Mostra Nacio-nal de Robótica e do Simpósio Técnico do IFCE – Campus Cedro, todos no ano de 2012, com os seguintes projetos:

• Smart House – Automação Residencial Controlada por Smartphone: visando um controle centralizado e/ ou remoto, de forma a permitir uma maior comodidade e praticidade aos usuários, este projeto tem como propósito fazer com que essas atividades sejam efetuadas de maneira prática e rápida através de um Dispositivo Móvel que seja compatível com a platafor-ma Android, comunicando-se através da tecnologia Bluetooth com um microcontrolador da família PIC Microchip.

Page 257: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

255

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

• Sistema de Acionamento de Cadeira de Rodas Controlado por um Smartphone: o projeto consiste no desenvolvimento do so= ware a ser utilizado no sistema embarcado, para receber os comandos vindos do supervisório presente no Android. A comunicação entre o so= ware supervisório e o sistema embar-cado é feita através de um dispositivo Bluetooth integrado ao microcontrolador.

• Sistema Microcontrolado de Automação de Sirene Escolar: apresenta uma proposta de automação capaz de acionar e con-trolar uma sirene escolar. Neste projeto é utilizado um contro-le baseado em microcontroladores da família PIC, que conta com um supervisório de baixo custo e uma interface grá ̂ca do sistema, que permite ao usuário a possibilidade de alterar os horários de acionamento. O principal objetivo é possibilitar o controle de uma sirene em um ambiente escolar no qual se faz necessária a supervisão de forma centralizada e/ou remota, proporcionando comodismo e praticidade ao usuário. Tal ar-quitetura é validada através de um protótipo que utiliza como cenário o próprio ambiente escolar.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a articulação conceitual e prática exposta no texto, parece ̂car claro que as tecnologias não podem ser encaradas como seres au-

tônomos, que por si só tem o poder de transformar a sociedade (FRA-GOSO, 2005). Tecnologias envolvem culturas e sujeitos sociais, em um processo de implicações mútuas, e são essas afetações que têm o po-tencial de transformar a realidade e alterar a situação de profunda de-sigualdade social (em amplos aspectos) a qual estamos cotidianamente submetidos.

O curso de Sistemas de Informação da Faculdade Católica Rainha do Sertão tem buscado, ao longo de sua existência, usar as ferramentas e os suportes da tecnologia para auxiliar professores e alunos a atuarem em um sentido de valorização, quali ̂cação e transformação do cenário de entorno, ao qual se circunscrevem geográ ̂ca e culturalmente. Não

Page 258: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

256

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

só o alunado, mas toda a comunidade da região do Sertão Central cea-rense é foco de interesse da instituição e do curso, especialmente no que diz respeito aos projetos de extensão e às práticas disciplinares. Cons-truir um processo de inserção social e econômica por meio da inclusão digital faz parte dos anseios de docentes e discentes do curso de SI.

REFERÊNCIAS

BRASSCOM. Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da In-formação e Comunicação. Índice Brasscom de Convergência Digital – IBCD, Book 2010-2011. São Paulo, 2012.

BOLZANI, C. A. M. Residências Inteligentes. São Paulo: Livraria da Física, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Computação. 1999.

CASTELLS, M. A Galáxia da Internet: re� exões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

FRAGOSO, Suely. Re� exões sobre a convergência midiática. Líbero, São Paulo, Ano VIII, nº 15/16, p. 16-21. 2005.

GARCÍA CANCLINI, N. Lectores, espectadores e internautas. Barce-lona: Gedisa, 2007.

MARTÍN-BARBERO, J. La educación desde la educación. Buenos Ai-res: Norma, 2008.

MORDUCHOWICZ, R. Los jóvenes y las pantallas: nuevas formas de sociabilidad. Barcelona: Gedisa, 2008.

SOMMERVILLE, I. E ngenharia de so� ware. São Paulo: Pearson, 2007.

WORLD BANK (EUA). Information and Communications for De-velopment – � e International Bank for Reconstruction and Develop-ment. � e World Bank - Washington, D.C. 2006.

Page 259: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

257

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

SOBRE OS AUTORES

Carlos Henrique Leitão CavalcanteEspecialista em Engenharia de So¥ ware. Professor da Faculdade Cató-lica Rainha do Sertão – FCRS. Contato: [email protected]

Daniel Barsi Lopes Doutor em Ciências da Comunicação. Professor da Faculdade Católica Rainha do Sertão. E-mail: [email protected]

Júlio César Cavalcante BezerraMestre em Computação Aplicada. Coordenador do curso de Sistemas de Informação da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected]

Luiza Maria Morais LimaMestre em Matemática. Professora da Faculdade Católica Rainha do Sertão – FCRS. Contato: [email protected]

Renato William Rodrigues SouzaEspecialista em Engenharia de Sistemas. Professor da Faculdade Católi-ca Rainha do Sertão – FCRS.Contato: [email protected]

Page 260: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 261: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

259

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

1 INTRODUÇÃO

Nascida no coração da Igreja (cf. JOÃO PAULO II, 1990, n.1), a universidade católica tem papel de grande relevância na formação dos estudantes que, em busca do saber e da pro ̂ssionalização em nível su-perior, de algum modo estão abertos às propostas que os insira den-tro de um quadro de valores e de sentido de vida. A evolução mesma do processo acadêmico tem um potencial surpreendente no sentido de abrir perspectiva para algum amadurecimento nos estudantes, no senti-do de comprometê-los, engajá-los, discipliná-los. O nível desta abertura é muito variado, sem dúvida, pois entre muitas coisas passa pela liber-dade e toda uma complexa trama que lhe é própria. Envolve o mistério da graça e da mesma liberdade a que nos referimos.

Além da pro ̂ssionalização de qualidade ao nível de ensino supe-rior, uma instituição católica objetivará facilitar este encontro das pes-soas com a verdade, presente nas descobertas feitas em todas as áreas do conhecimento. A verdade, enquanto unidade de saberes porá em ques-tão a visão de que verdade é tão somente “o que funciona”. Uma vez que “fé e razão são as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva na contemplação da verdade” (JOÃO PAULO II, 1998, n.1) então, o saber quando bem direcionado e devidamente investigado, alçará este voo na direção da sabedoria que provém de Deus e a Ele conduz.

Compreender-lhe a identidade e a missão é um elemento impor-tantíssimo para inseri-la no contexto da universidade católica. A iden-tidade-missão da universidade católica abarca um horizonte bastante

A PASTORAL UNIVERSITÁRIA NA IDENTIDADE

E MISSÃO: desa. os e perspectivas na Faculdade

Católica de Quixadá

hPe. Antonio Marcos Chagas

Page 262: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

260

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

variegado de aspectos e de campos de atuação. Vê-se, com nitidez, que a clareza e a coerência fundamental não tolhem, antes requerem o uso da criatividade, obviamente, sem perder de vista o que lhe for próprio enquanto iniciativa eclesial e ação pastoral católica. Entre estas verten-tes, tanto a ação pastoral, a animação de grupos de estudo ou até de pesquisas conectando fé e áreas do saber, promoção humana e atividade social, atividades lúdicas e artísticas podem ser exemplos de propostas pastorais que podem ter em seu bojo uma série de eventos (atividades anuais ou semestrais) ou ações estáveis (semanais ou mensais).

Estas atividades, logicamente, não foram propostas para per-manecer em documentação impressa ou arquivada eletronicamente. No entanto, na medida em que as mesmas são operacionalizadas de forma insistente e estratégica, competente e ̂el, sem perder de vista a sobrenaturalidade que permeia toda ação apostólica autêntica que as envolve e diz respeito, tanto mais se tornam vida no contexto pastoral do corpo universitário.

Na pastoral universitária, desenvolvida na Faculdade Católica Rainha do Sertão, ela acontece, nas tentativas de acertos, defrontan-do-se com erros, mas tentando enxergar as possibilidades que a sensi-bilidade humana e o discernimento evangélico permitem vislumbrar em um contexto desa ̂ante de possibilidades e limites dos mais varia-dos matizes.

2 IDENTIDADE E MISSÃO DA PASTORAL UNIVERSITÁRIA

A universidade católica constitui um centro incomparável de cria-tividade e de irradiação do saber para o bem da humanidade. Tal espaço de abertura ao universo de conhecimentos é um ponto de comunhão onde se efetua a liberdade de reunir-se por amor ao saber (cf. JOÃO PAULO II, 1990, n.1).

Todas as IES (Instituições de Ensino Superior) católicas são cha-madas a constituir uma pastoral universitária com ̂ns de promover iniciativas evangelizadoras, de pastoreio e, sobretudo de promoção de uma cultura iluminada pela fé. A Pastoral Universitária atuará “em har-monia e em colaboração com a pastoral da Igreja particular e sob a guia

Page 263: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

261

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

do bispo diocesano” (Normas Gerais, art. 6 § 2)1. A coordenação deverá estabelecer e cultivar esta comunhão com o bispo diocesano e a coor-denação de pastoral da diocese onde atua, como um gesto concreto de comunhão e participação na vida da Igreja. Seu campo de atuação será a comunidade universitária e, terá como destinatários de sua ação pas-toral o corpo docente e discente, assim como os funcionários da Insti-tuição (cf. JOÃO PAULO II, 1990, n.22-24). Além destes, certamente os que forem alcançados pelas ações de extensão e de promoção humana, assim como, através dos meios de comunicação e divulgação da IES.

A ação pastoral é propositiva e não impositiva. Como a ̂rmam os bispos em Puebla (1979, n. 149): “A Igreja con ̂a mais na força da ver-dade e na educação para a liberdade e a responsabilidade do que em proibições, já que sua lei é o amor”.

A pastoral universitária não se encontra, especi ̂camente na vida dos alunos, entre as “obrigações” acadêmicas, nem ̂nanceiras, nem mesmo institucionais. As pessoas aderem livremente ao que lhes for proposto, em função de valores e princípios, atraídas pela beleza, bondade e verdade que se encontram presentes em Cristo Jesus e no cristianismo por Ele instituído. Certamente, urge estimular as pesso-as, motivá-las, dar sentido à proposta feita. Ocorre cultivar de forma persuasiva a necessidade e a importância do bem, de Deus, do eterno para que as pessoas não se percam ante os gritos da urgência das tantas obrigações ou ante a sedução do efêmero ou do trivial. Fundamentar com solidez e propor com inteligência é um percurso que trará em seu bojo, di ̂culdades concretas, bem como possibilidades alentadoras. Os participantes não serão meros consumidores ou passivos acolhedores, como também lhes cabe, em contrapartida, repropor ou sugerir novos rumos ou metodologias de ação, sem, obviamente, desvirtuar ou tirar do foco a identidade ou missão da pastoral. Por conseguinte, ocorre saber cativar, atrair, conquistar, persuadir, de modo insistente e estra-tégico, crendo efetiva e afetivamente no valor das verdades anunciadas. Não é seu objetivo “arrebanhar”, nem muito menos manipular ou pas-torear as pessoas de forma substitutiva. Será um pastoreio marcado por

1 Estas normas gerais estão na segunda parte da Constituição Apostólica sobre as Uni-versidades Católicas..

Page 264: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

262

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

contornos bastante explícitos de cuidado, esclarecimento, apelo para a liberdade de cada universitário levando-o assim, a assumir atitudes conscientes, coerentes, consequentes. Emerge, por conseguinte, o grave imperativo ético da universidade católica e no seu bojo a ação pastoral no sentido de não reduzir a educação a um mero doutrinamento, uma cômoda fábrica de consenso da quali ̂cada formação pro ̂ssional e téc-nica ou no melhor dos casos, de uma simples socialização (cf. NANNI, 1992, p. 17). As IES católicas, ao se abrirem para uma compreensão da educação enquanto uma ação quali ̂cada, mergulham na realização de sua vocação fundamental, na condição de lugar privilegiado para a construção de um novo conceito de educação. Com efeito, como a ̂rma Nanni (1992, p. 95):

[...] a educação quali ̂ca-se não como pura e simples atividade ou como uma operação qualquer, mas como um auxílio, um estímu-lo, uma atividade promocional (ou preventiva ou recuperadora ou protetora, etc.), que descende de um agir intencional, ou seja, de um operacionalizar energias materiais, instintuais, intelectuais, ra-cionais, volitivas, todas voltadas e conscientemente direcionadas à obtenção de uma ̂nalidade.

Não é suficiente, colocar no mercado, profissionais competen-tes, habilitados, em suma, bem qualificados tão somente do ponto de vista técnico. Ajudar os profissionais a construir os porquês de suas escolhas e os grandes fundamentos de suas próprias vidas, constitui algo irrenunciável para o fiel cumprimento da missão de uma educa-ção católica. Não contentar-se com a tecnologia e com a capacidade de dizer como produzir, é algo que exige este cascavilhar motivações válidas e consistentes para o pensar e a ação. Tal é um constitutivo humanizador do ambiente acadêmico. As IES católicas devem mer-gulhar nesta lucidez ativa, comprometida para dar, ao nível de sua competência, respostas e pontos de apoio para os alunos e profes-sores, enquanto chamados a ser investigadores de tantos saberes e neles encontrar a Verdade. Alerta-nos, com senso de precisão o papa Bento XVI (2005, n. 31):

Page 265: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

263

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A competência pro ̂ssional é a primeira e fundamental necessida-de, mas por si só não basta. É que se trata de seres humanos e estes necessitam sempre de algo mais que um tratamento apenas tecnica-mente correto: têm necessidade de humanidade, precisam da aten-ção do coração.

O esforço concreto de mobilização parece bastante contemplado na a ̂rmação acima, onde a educação genuína não realiza uma ação substitutiva, o que está a indicar uma relação redutiva, empobrecedora por ser prejudicialmente infantilizante, ou em outras palavras, sem cul-tivar posturas concretas de responsabilização. A relevância desta mis-são foi salientada por João Paulo II na conclusão do documento sobre as universidades católicas (1990) como ele mesmo diz:

A missão que com grande esperança a Igreja con ̂a às Universi-dades Católicas reverte em um signi ̂cado cultural e religioso de importância vital, porque diz respeito ao futuro da humanidade. A renovação, pedida às Universidades Católicas, torná-las-á mais capazes de corresponder ao dever de levar a mensagem de Cristo ao homem, à sociedade, às culturas.

Percebe-se uma expectativa constitutiva de uma busca de referen-ciais, não só de qualidade técnica ou intelectual, mas de um progresso e de uma busca do saber onde o mundo pode experimentar toda a for-ça de uma instituição com potenciais transformadores, com inusitadas ferramentas para constituir uma diferença consistente. Jesus chamou estas disposições sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13-16). Parece merecedor de destaque nesta analogia entre o papel do cristão e os ele-mentos luz e sal; neles, o apelo divino se apresenta bastante elucidativo na ótica da responsabilização: “brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vendo as vossas boas obras, glori ̂quem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). Não bastam cabeças pensantes, mas vidas marca-das por atitudes que façam a diferença na história, construída de forma criativa e generosa. Diante de tanta confusão de identidade na socieda-de, em função de uma fragmentação gerada pelo crescente relativismo, certas modalidades de diálogo algumas vezes enfraquecem pontos in-

Page 266: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

264

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

questionáveis. Como instituição católica é de fundamental haver uma clara e explícita opção pelo que a Igreja acredita e ensina importância, em função da missão eclesial que acontece também nas IES católicas. Não é cabível, em meio ao pluralismo reinante, assumir uma postura omissa, apática, acanhada ou mesmo covarde ao omitir um posiciona-mento claro, inequívoco da verdade transmitida por Cristo, no devido respeito à autonomia das várias ciências. O ambiente acadêmico há que colaborar factivelmente a este respeito. E mais: é de bom alvitre, fazer uso de um inequívoco prestígio e boa reputação que as universidades católicas possuem, como centros de excelência de ensino, pesquisa e extensão. Cabe aqui, esta orientação da CNBB2 (2008, n. 204):

A ação evangelizadora nas universidades católicas exige uma séria revisão e explicitação prática de sua identidade católica. Evangeli-zem de tal forma seus alunos, para que, uma vez formados, ilumi-nem o mundo pro ̂ssional com autêntica vivência do Evangelho, ̂éis à fé católica, sobretudo no campo da bioética e da justiça social,

combatendo princípios que alimentem uma sociedade sem Deus.

3 OBJETIVO GERAL DA PASTORAL UNIVERSITÁRIA

O objetivo geral da Pastoral Universitária deverá ser delineado na perspectiva de promover a evangelização e a cura pastoral dos membros da comunidade universitária e, em particular, daqueles que professam a fé católica, (JOÃO PAULO II, 1999, n.41). Ainda João Paulo II (1999, n. 7) oferece linhas orientadoras de grande proveito a respeito da im-portância e papel decisivo de uma universidade católica ante o atual crescimento tecnológico e econômico:

No mundo de hoje, caracterizado por um desenvolvimento tão rá-pido da ciência e da tecnologia, as tarefas da universidade católica assumem uma importância e uma urgência cada vez maiores. Com efeito, as descobertas cientí ̂cas e tecnológicas, se por um lado com-portam um enorme crescimento econômico e industrial, por outro

2 CNBB: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Page 267: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

265

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

exigem, evidentemente, a necessária e correspondente procura do signi6 cado, a ̂m de garantir que as novas descobertas sejam usadas para o bem autêntico dos indivíduos e da sociedade humana, no seu conjunto.

Certamente, inserir os jovens estudantes em um processo de apro-ximação e contato com a mensagem do Evangelho constitui o cerne da missão da pastoral universitária. Em passo seguinte, levá-los ao engaja-mento comprometido e consciente com a proposta do Senhor. Como nos a ̂rma o Fr. Carlos JOSAPHAT (2007, p. 53):

Àqueles que querem atender plenamente ao seu chamado, a Igreja aponta o itinerário exaltante e exigente que se poderia desdobrar nos seguintes planos: uma espiritualidade intensa e militante, uma ética pessoal e social, uma estratégia de ação nos campos da família, da educação, da cultura, do direito, da economia, e da política.

4 DIVERSAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PASTORAL UNIVER-SITÁRIA

O papa João Paulo II (1998, n. 98) a ̂rmou: “Diante dos desa ̂os que se levantam atualmente no campo social, econômico, político, cien-tí ̂co, a consciência ética do homem desorientou-se”. Por isso mesmo, a conquista ousada e ao mesmo tempo respeitosa das pessoas, sem ma-nipulá-las e ao mesmo tempo sem perder a oportunidade de uma inter-venção propositiva marcada pela clareza e beleza da verdade, faz parte da missão evangelizadora da Igreja. Dar-se-á, tal proposta, na ótica de um engajamento em termos de resposta factível ao clamor de tal reali-dade. A vastidão dos desa ̂os, ao invés de gerar desânimo ou desorien-tação, está a exigir atitudes pensadas, planejadas e factíveis. Não deve faltar uma boa dose de generosidade, coragem e disposição.

O raio de abrangência de uma pastoral universitária é um fato concreto e de algum modo dependerá da capacidade de visão do seu animador, também um empreendedor. O animador não é tão somente aos que fazem parte da coordenação da pastoral, importa frisar, mas en-volve um número de colaboradores o mais possível consistente, além de

Page 268: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

266

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

agentes quali ̂cados para este serviço. Enxergar possibilidades e lançar--se em uma estratégia ousada e persistente trará consigo a criação de es-paços, assim como gerará participação efetiva e afetiva de novos atores que foram, por sua vez, alvo da ação desta mesma pastoral.

4.1 O DIÁLOGO ENTRE CIÊNCIA E FÉ: OS GRUPOS DE ESTUDO

A fé ilumina as vastas áreas do conhecimento, ajudando-as a alar-gar horizontes, a cultivar um apego sadio à ética cristã com toda sua potencialidade humanizadora. Por outro lado, a cultura e os campos do conhecimento produzidos pela pesquisa, pelo ensino e pela extensão, interpelarão a fé, solicitando-lhe as luzes para um desenvolvimento in-tegral de seus avanços, dentro dos padrões éticos e na abertura à trans-cendência. Diz JOÃO PAULO II (1999, n. 46):

Um campo que interessa, de modo especial, à universidade católi-ca é o diálogo entre pensamento cristão e ciências modernas. Essa tarefa exige pessoas particularmente preparadas em cada disciplina, dotadas também de uma adequada formação teológica e capazes de enfrentar as questões epistemológicas, em nível de relação entre fé e razão. Tal diálogo refere-se tanto às ciências naturais como às ci-ências humanas, as quais apresentam sempre novos e complexos problemas ̂losó ̂cos e éticos. O investigador cristão deve mostrar como a inteligência humana se enriquece da verdade superior, que deriva do Evangelho.

A história trás relatos imbuídos de muitas controvérsias, dada ser grande a relação prevalentemente con� itual entre a fé e as ciências. Num passado não remoto, se viveu experiências de grande con� ito en-tre ciências humanas e teologia. A eventualidade de uma instrumenta-lização disciplinar da parte da teologia em relação às ciências humanas era marcada por uma concepção hierárquica. O desenvolvimento da multidisciplinaridade abriu horizontes novos para uma mútua ajuda na compreensão do fato educativo ou pastoral. O teólogo se vê na necessi-dade e no dever de descobrir os novos signi ̂cados oferecidos pela Pala-vra de Deus dentro dos signi ̂cados tradicionais que eram próprios das

Page 269: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

267

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

gerações passadas. O teólogo, utilizando-se do conhecimento próprio do seu tempo, possui à sua disposição, de modo apropriado e plausível, meios para responder aos problemas relacionados ao impacto da fé com a cultura ambiente. Portanto, a utilização funcional das ciências huma-nas da parte da teologia acontece muito normalmente e esta só poderá atuar alguma síntese sistemática da Palavra de Deus se for relacionada à realidade ou à práxis, ou seja, encontrando-se em um diálogo interdis-ciplinar com as ciências humanas (cf. GROPPO, 1991, p. 301-332). Os teólogos têm um papel relevante a esse respeito. João Paulo II (1999, n. 29) no-lo assevera: “Eles estudam, também, as vias pelas quais a Teolo-gia pode iluminar as questões especí ̂cas, apresentadas pela cultura de hoje”. João Paulo II expõe com maestria e aguçado senso de percepção a riqueza harmônica desta relação quando a ̂rma (1982, n. 78):

A revelação, com os seus conteúdos, não poderá nunca humilhar a razão nas suas descobertas e na sua legítima autonomia: a razão, por sua vez, não deverá perder nunca a sua capacidade de interrogar-se e de interrogar, consciente de não poder arvorar-se em valor abso-luto e exclusivo.

Por isso, como alerta Nanni (1986), a interdisciplinaridade não

consiste num congestionamento de disciplinas, mas na metodologia de pesquisa para soluções unitárias. O perigo da incomunicabilidade entre as ciências, devido à crescente complexidade e especi ̂cidade de linguagem pode provocar um terrível prejuízo à compreensão de meios consistentes para compreender e ajudar as pessoas bem como mudar o mundo. O biblista Ravasi (1999, p.62) comenta a respeito:

Decerto a tentação de ultrapassar os limites é grande, até porque o objeto, o universo e o homem são idênticos: o teólogo muitas vezes se sente tentado a pronunciar veredictos de caráter cientí ̂co e o cientista, a escarnecer de teses religiosas.

Além disso, o fato da universidade ser o ambiente da formação dos futuros líderes e formadores de opinião, protagonistas da construção da sociedade, está a exigir da Igreja uma inserção efetiva neste meio.

Page 270: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

268

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

E tal inserção exigirá um favorecimento do encontro das pessoas com a mensagem do Evangelho, mantendo o devido respeito pela liberdade acadêmica (cf. PUEBLA, 1979, n. 1054). Intervir neste processo pode constituir uma iniciativa que fará toda a diferença quando a capacitação deste precioso contingente humano de intelectuais e pensadores, políti-cos e líderes sociais, pro ̂ssionais liberais e técnicos, agentes pastorais e clérigos, en ̂m, pessoas que exerçam e ̂caz e competentemente uma ação bené ̂ca na construção de uma sociedade pautada por princípios cristãos. O pluralismo, na abordagem de Nanni (1992) tem sido verdadeiramente a a ̂rmação da diferença individual ou de grupo. Leva a pensar diferen-temente toda a cultura (ideias, valores, modos e perspectiva de vida, lin-guagens e códigos expressivos). É como se cada um tivesse a sua cultura. Ante este variegado mosaico cultural há de se cultivar as competências e habilidades, utilizar talentos e capacidades de um número cada vez maior de cristãos que se disponham a fazer do ambiente universitário um are-ópago de vastas possibilidades re� exivas e propostas que evangelizem e conscientizem os membros da comunidade universitária.

Nas suas diretrizes e normas para as IES católicas, a conferência episcopal brasileira delineou a interdisciplinaridade de estudos para abordar as graves questões contemporâneas como uma grande meta para o exercício de sua missão. Entre tais questões destacam-se a rela-ção entre razão e fé, a dignidade e qualidade da vida humana, a ecologia, o progresso tecnológico e suas implicações, bem como seus impactos na cultura, nas instituições humanas e no comportamento individual e social, a economia e a solidariedade, a justiça e a paz na construção de uma nova ordem social (cf. CNBB, 2000, n. 38).

Concretamente, a pastoral universitária, atuante na FCRS, desen-volve os seguintes grupos de estudo: O Razão e Fé que se reúne para tratar dos temas que relacionam, como é nomeado o grupo, a fé e a razão. O grande instrumento de leitura e re� exão é a encíclica do papa João Paulo II “Fides et Ratio”. O grupo Deus e razão trata do ateísmo na realidade atual, seus desa ̂os, suas propostas e questões, sua consis-tência. O grupo de Bíblia trata dos grandes temas relacionados ao anti-go testamento, oferecendo aos participantes uma interessante instrução sobre o tema. O grupo de Bioética trata dos grandes temas da ética da

Page 271: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

269

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

vida, seus princípios e principais problemas correlatos. Todos os grupos supracitados reúnem-se semanalmente para os encontros. A essa regra faz exceção o grupo de Bíblia que é quinzenal. Ao ̂nal de uma tempo-rada de atividades, os participantes que atingirem 75% de participação recebem um certi ̂cado que, por sua vez servirá para computar para as atividades complementares.

Os grupos de estudo são efetivamente centrados em abordar os diversos âmbitos do conhecimento humano. Entre as áreas em que a fé pode e deve iluminar, pode-se citar a economia, a ciência, a políti-ca, a sociedade, as suas relações com a razão humana, etc. En ̂m, basta deixar � uir a criatividade e o senso de abrangência do conhecimento, associando-os às inusitadas potencialidades iluminadoras da fé. Des-tarte, poder-se-á incrementar o conhecimento, aprofundando-o, assim como no enriquecimento da visão que se possa ter das mais variadas ações advindas de uma re� exão aprofundada, em suma, uma práxis de largo respiro. Deste modo, garantir-se-á a formação de pessoas quali ̂-cadas e dotadas de bom senso crítico, capazes de agir com competência pro ̂ssional e compromisso participativo, à luz da fé e da moral cató-licas, ante os desa ̂os sociais, econômicos, culturais e políticos do nos-so tempo. Os debates e as re� exões dos grupos sejam encabeçados por um animador ou facilitador que seja hábil em coordenar as discussões, competente em argumentar e expor os conteúdos, de tal maneira que os participantes apreciem e reconheçam a verdade neles presente. Há que buscar a uni ̂cação existencial, no trabalho intelectual da investigação da verdade, na certeza de conhecer a fonte da verdade (Cf. JOÃO PAU-LO II, 1990, n. 1). Seria redutivo, que saíssem das universidades católi-cas, pessoas que somente adquirissem a competência técnica, sem um substrato ético e até mesmo abertura ao Transcendente. Assim, como nos diz JOÃO PAULO II (1990, n. 20):

Mediante a investigação e o ensino, os estudantes sejam formados nas várias disciplinas de maneira a tornarem-se verdadeiramente competentes no setor especí ̂co em que se dedicarão, para servir a sociedade e a Igreja. Mas, ao mesmo tempo, sejam também prepa-rados para testemunhar sua fé perante o mundo.

Page 272: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

270

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

A metodologia usada nos grupos de estudo gira em torno da re� e-xão proposta, envolvendo os participantes, ajudando-os a serem mem-bros ativos, críticos, construtores parceiros da re� exão e até mesmo de um artigo cientí ̂co como meta ̂nal do processo. Há que se combater toda passividade e indiferença por parte dos estudantes que frequentam o grupo.

Os grupos de estudo, como também as demais atividades da Pas-toral Universitária, deparam-se com desa ̂os concretos. Algumas vezes, o fato mesmo de ser uma proposta de uma busca de conexão entre fé e algum tema do conhecimento, já é o bastante para criar qualquer blo-queio. Alie-se a isso, a maratona de carga horária que muitos destes alu-nos, especialmente da área da saúde enfrentam. Os que estudam à noite deparam-se com limites de tempo em função de uma divisão exigente e desa ̂ante entre atividades pro ̂ssionais de oito horas diárias e as quatro de aulas. No caso concreto de uma instituição como esta, situada em Quixadá, alunos de outras cidades vizinhas do sertão central do Ceará, ou até de cidades mais distantes submetem-se a mais de duas horas de viagem para frequentar as aulas, devendo retornar no mesmo dia. Os horários dos cursos, normalmente acontecem no período de transição dos turnos, a saber, de 17h10min às 18h20min. Não poucos estão ex-cluídos, enquanto possibilidade de participação, nestas atividades. Urge compreender que é ilusão encontrar horários que caibam no quadro de possibilidades de todos ou mesmo da disponibilidade de tantos. Ao mesmo tempo, tentar de � exibilizar dentro do bom senso e de uma saudável � exibilidade, haverá de ser boa iniciativa. Com efeito, alguma rigidez intempestiva haverá de gerar prejuízo para as iniciativas e, em alguns casos, até mesmo comprometer a existência mesma de algum grupo de estudo!

4.2 OS “TÓPICOS TEOLÓGICOS” E “FUNDAMENTOS TEO-LÓGICOS”

Por mais que seja uma iniciativa institucional e exigência canôni-ca para as IES católicas e não uma iniciativa da Pastoral Universitária, cabe uma referência às formações teológicas presentes nos currículos

Page 273: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

271

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

dos cursos de graduação. Assim sendo, além dos grupos de estudo, nas IES católicas é exigido que, nas matrizes curriculares, haja disciplinas que abordem explicitamente conteúdos teológicos, como um elemento constitutivo da catolicidade da instituição. Oferecer esta oportunidade e inserir tais disciplinas, no currículo dos alunos, constitui uma opor-tunidade ímpar de levar, apresentar a proposta cristã-católica a todos. O respeito à diversidade de credos ou até o direito de não ter nenhum credo não signi ̂ca que a Instituição esteja faltando de respeito à liber-dade dos indivíduos. Quem partilha desta fé católica poderá conhecê--la melhor e até dar as razões da sua fé. Quem dela não compartilha pode até ter uma opinião diversa assim como compreender melhor e com mais clareza os porquês de não compactuar com ela. Cabe aos pro-fessores de tais disciplinas, esmerarem-se em uma metodologia e ̂caz, abordando de forma atraente os conteúdos apresentados, de forma que os discentes consigam intuir e até se for o caso aderir com liberdade às verdades presentes na disciplina ministrada. Convém considerar este fato de suma importância: uma grande maioria por uma razão ou por outra não haverá de contatar com o pensamento da Igreja a não ser por meio de tais disciplinas. Por conseguinte, para as IES católicas tal não constitui um elemento secundário ou facultativo, mas obrigatório, exi-gido pela legislação canônica. Diz, a esse respeito, o Direito Canônico da Igreja Católica (cân. 811 § 2): “Em cada universidade católica haja preleções, em que se tratem principalmente questões teológicas cone-xas com as disciplinas das faculdades”. Além desta exigência canônica, há que se ter presente que as Faculdades e Universidades confessionais têm o direito de oferecerem a sua proposta e, além disso, têm também o dever de fazê-lo, até mesmo para não permanecerem apenas com um mero título de católica!

Há elementos possivelmente negativos nesta iniciativa. Não da ini-ciativa em si, óbvio, mas da atitude, sobretudo de docentes e mais ainda dos discentes a respeito da disciplina. Assim, certa passividade, desin-teresse podem criar um ambiente arti ̂cial, ainda mais se o docente não conseguir cativar a turma, nem reunir as competências pedagógicas para tal. Existe um risco real do “faz de conta” se não houver, sobretudo por parte do docente, um empenho efetivo. No histórico de professores

Page 274: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

272

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

dedicados e empenhados, houve por parte dos alunos um testemunho de gratidão e até de reconhecimento pelos ganhos em termos de forma-ção humana.

4.3 OS “CAFÉS FILOSÓFICOS”: ENCONTROS PARA PENSAR E REFLETIR

Uma das iniciativas exitosas que atravessa a história da pastoral universitária nesta Faculdade é a promoção dos “Cafés ̂losó ̂cos”. Encontros bimestrais, mas que podem tornar-se mais frequentes, nas tardes das segundas ou terças-feiras, esta iniciativa bastante particular tem lugar em um miniauditório devidamente organizado de modos que não se assemelhe a uma sala de aula, mas um lugar de encontros, no estilo de um “barzinho” ou um pequeno lugar de encontro, marcado pela descontração. A apresentação da palestra é feita por um conferen-cista que pode ser ao vivo ou em vídeo3. Os temas são os mais diver-sos: política, economia, psicologia, as religião, ̂loso ̂a e sociedade, de modo que haja uma conexão com os princípios da fé, ainda que indi-retamente. Em todo caso, a estratégia do evento visará sempre propor temas instigantes, interessantes que gere o � uir do pensamento crítico e re� exivo. Após a apresentação do tema e alguns debates em grupo, segue-se o co> e-break (todos se servem de um café oferecido aos par-ticipantes), ao ̂nal do qual, todos retornam para o plenário a ̂m de um debate comum, com a participação de todos, tendo o palestrante como moderador, ou outra pessoa designada para isso. A duração des-te tipo de atividade é em média de três horas. Tem-se registrado uma boa participação de alunos. Os participantes crescem numericamente e tendem a ter participações mais efetivas e consistentes. Trata-se de mais uma iniciativa, descontraída, leve, talvez cativante. Dentro da meta das atividades acadêmicas que buscam a verdade, servem-na e em torno dela orbitam para viver a liberdade, há que se ter presente, o que o papa João Paulo II nos diz e cabe a nós constatar: “Uma vez que se privou o

3 Faz-se uso, com frequência, nestas atividades, de vídeos produzidos pelo “Café Filo-só ̂co”, uma produção e execução da TV Cultura de São Paulo e da CPFL (COMPA-NHIA DE ELETRICIDADE DE SÃO PAULO)

Page 275: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

273

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

homem da verdade, é pura ilusão pretender torná-lo livre. Verdade e liberdade, com efeito, ou caminham juntas ou juntas miseravelmente perecem” (1982, n. 90).

4.4 FORMAÇÃO DE CRISTÃOS CATÓLICOS COMPROMETI-DOS COM JESUS CRISTO: UMA AÇÃO PASTORAL NO AM-BIENTE UNIVERSITÁRIO

A pastoral universitária constitui uma realidade imprescindível para a evangelização e o ̂el cumprimento da missão de uma universi-dade confessional católica. Assim, João Paulo II delineia os seus traços (1990, n. 41):

A pastoral universitária é uma atividade indispensável, graças à qual os estudantes católicos, no cumprimento de seus compromissos ba-tismais, podem ser preparados a participar ativamente na vida da Igreja. Ela pode contribuir para desenvolver e alimentar uma autên-tica estima pelo matrimônio e pela vida familiar, promover voca-ções para o sacerdócio e para a vida religiosa, estimular o empenho cristão dos leigos e penetrar todo tipo de atividade com o espírito do Evangelho. O entendimento entre a pastoral universitária e as instituições que atuam no âmbito da Igreja particular, sob a orien-tação ou com a aprovação do bispo, não poderá deixar de ser de vantagem comum.

Por tratar-se de uma instituição de ensino católica, as diretrizes ge-rais da ação evangelizadora da Igreja do Brasil, publicado pela CNBB4, (2008, n. 65) podem dar as referências de ação, baseadas nos conteúdos fundamentais do cristianismo e da doutrina da Igreja tendo o anúncio querigmático da pessoa de Jesus Cristo como ponto de partida. No bojo deste serviço aos que se professam católicos, a pastoral universitária po-derá promover um serviço de atendimento sacramental regular e ou-tras iniciativas que visem fomentar o crescimento espiritual da comu-nidade universitária. Por isso, é de bom alvitre que haja um sacerdote

4 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Page 276: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

274

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

que exerça esta capelania, e assim, os ̂éis tenham acesso a este serviço pastoral. Assim diz o Direito Canônico (cân. 813): “O Bispo diocesano tenha grande cuidado pastoral com os estudantes até mesmo criando uma paróquia, ou pelo menos mediante sacerdotes estavelmente indi-cados para isso; (...)”.

Além disso, as iniciativas pastorais devem promover atividades de incremento das pastorais e movimentos eclesiais devidamente aprova-dos pela autoridade eclesiástica. Isso visa fomentar a piedade dos ̂éis, atendendo às várias espiritualidades e carismas. Destarte, a preparação para os sacramentos da iniciação cristã (Eucaristia e Crisma) para os que não receberam e desejam receber, objetive formar cristãos cons-cientes e comprometidos para que se evite o sacramentalismo.

Existe na Instituição, um capelão à disposição dos membros da comunidade universitária. As celebrações eucarísticas que acontecem durante a semana, de segunda a sexta-feira, às 17:30h constituem um serviço à comunidade acadêmica para esta participação efetiva na vida divina. Nas missas ordinárias existe participação de público interno e externo. Algumas vezes, por ocasião do falecimento de alunos ou mes-mo em datas comemorativas de aniversário de nascimento ou mesmo de namoro, os discentes contam com esta oportunidade de celebração.

No âmbito desta dimensão não somente sacramental, como tam-bém de escuta, a pastoral universitária oferece serviços de atendimento aos que assim se interessarem ou necessitarem. Os dois padres envolvi-dos na pastoral, bem como a religiosa, prestam serviços de escuta, acon-selhamento, orientação, e, no caso dos padres, também o sacramento da reconciliação. Existem horários em que estes estão disponíveis, na sala da pastoral universitária, localizada em um ponto estratégico exa-tamente para facilitar o serviço.

Os grupos de oração têm sido uma dos serviços pastorais para a vida acadêmica. Com efeito, toda a quarta-feira pela manhã acontece o grupo de oração, por ocasião do intervalo. O lugar escolhido, por uma questão estratégica e ousada de um dos colaboradores no processo de animação do grupo foi a lanchonete que ̂ca no jardim central. Com um violão, cantos, música e uma pequena pregação seguida de um momento oracio-nal o encontro acontece de forma simples, na tentativa de favorecer um

Page 277: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

275

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

encontro com Deus. Em geral, percebe-se que as pessoas na lanchonete ouvem, silenciam e acolhem a proposta. No que tange o grupo da noite, a iniciativa ainda carece de maior incremento. Con ̂ado a um grupo de alunos, com histórico de engajamento, por razões várias a atividade não conseguiu vingar. Tentar-se-á outras iniciativas, outras estratégicas obje-tivando uma ação mais e ̂caz e apostolicamente fecunda.

Foi oferecida aos alunos a oportunidade de receber o sacramento da crisma e da primeira comunhão. Em um primeiro momento5, veri ̂-cou-se um número consistente em termos de interessados que viveram o processo de catequese até o seu ̂nal. Entretanto, não se registrou in-teressados para a catequese. Rati ̂ca-se, com isso, a importância de uma recepção consciente de tais sacramentos, no sentido de gerar também um engajamento efetivo nas comunidades de origem, assim como na inserção em alguma comunidade, movimento ou espiritualidade que tenha a devida aprovação eclesiástica.

4.5 ACOLHIMENTO DE CANDIDATOS NO VESTIBULAR

A pastoral universitária tem iniciado um trabalho de acolhida de calouros, candidatos que no vestibular pleiteiam entrar na Instituição. Assim sendo, uma equipe da pastoral faz uma pequena recepção destes jovens, com uma pequena evangelização, um momento de oração con-cluído com um pequeno canto. Faz-se uma parceria com a equipe da comissão de vestibular no sentido de ajudar também nos avisos úteis para um bom andamento do concurso.

5 A AÇÃO PASTORAL COM OS FUNCIONÁRIOS E PROFES-SORES

João Paulo II (cf. 1999, n. 21-24), na sua constituição, apresenta a consagração à verdade como a grande meta da comunidade acadê-

5 Na FCRS houve uma ação pastoral com um grupo que assumira a pastoral univer-sitária. Por ocasião de várias mudanças ocorridas na Instituição foi orientada a sus-pensão momentânea de todos os trabalhos para repensar uma proposta de pastoral. A perspectiva seria uma nova proposta de ação que envolvesse mais atores no processo (outros grupos de Igreja). A isso é que, no texto, chamo de primeiro momento.

Page 278: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

276

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

mica. Assim, não só os alunos devem ser alvos da ação pastoral, como também os professores e os funcionários. Eis o que o sumo pontí ̂ce chama de comunidade universitária, o que amplia as fronteiras desta compreensão.

5.1 OS PROFESSORES

Ainda não há um trabalho especí ̂co com os professores da Insti-tuição. Com certeza, alguns momentos podem ser propiciadores para a transmissão dos valores evangélicos e as exigências cristãs do catoli-cismo. Entre estes momentos destacamos momentos de espiritualidade feitos nas jornadas de professores, a abertura do ano acadêmico em que se conta com a presença dos docentes.

Há um desa ̂o bem consistente na realidade da relação com os pro-fessores. Com efeito, são livres de aderir ou não a proposta cristã, mas são obrigados a respeitá-la, resguardando-se de a ̂rmações ou posturas que venham a ferir ou constituir oposição a tal identidade. Não deixa de ser um tanto desa ̂ante ter todas as garantias de que os ditames do cânon, abaixo citado, serão devidamente observados. A realidade altamente plu-ral em que nos inserimos hoje, nos remete ao desa ̂o de opções devida-mente acertadas ou as mais apropriadas quanto possível em termos de seleção de docentes. Em todo caso, é preciso haver prudência; a ̂ delidade se articulará com a � exibilidade, sobretudo em função de situações espe-cí ̂cas, necessidades muito peculiares, como é o caso de disciplinas ou mesmo cursos. Infelizmente, o número de cristãos engajados, convictos não é grande nem majoritário. Poder-se-ia dizer que a instituição pode ser refém de certas situações de falta de opção? Até certo ponto, sim. O Direito Canônico, não obstante a tudo isso, é bastante enfático quando, peremptoriamente, a ̂rma o que segue (cf. Cânon 810, §1):

Cabe à autoridade competente, de acordo com os estatutos, o dever de providenciar que nas universidades católicas sejam nomeados professores que sobressaiam pela idoneidade cientí ̂ca e pedagógi-ca como também pela integridade da doutrina e probidade de vida, de modo que, faltando-lhes esses requisitos, sejam afastados do car-go, observando-se o modo de proceder determinado nos estatutos.

Page 279: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

277

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

5.2 OS FUNCIONÁRIOS

Tanto os dirigentes, como o pessoal administrativo, fazem parte do outro grupo de membros da assim chamada comunidade universitária. A eles é pedido o empenho em promover o crescimento constante da universidade e de sua comunidade, mediante uma gestão de serviço. Não lhes falte dedicação e testemunho. O papa considera tais elementos como indispensáveis para a vida da universidade (cf. JOÃO PAULO II, 1999, n. 24).

Este é um grupo onde o controle tanto de seleção para contrato quanto de convívio profissional e humano, pode ser acompanhado com esmero e a Instituição poderá ter mais liberdade para manter esta gestão. Também a eles, é mister conscientizar a identidade da Faculdade.

A pastoral universitária ainda carece de dar passos ainda mais con-sistentes na evangelização e animação pastoral dos funcionários. Ainda que um tanto tímida e limitada, a religiosa que trabalha com a pastoral faz encontros mensais com as faxineiras.

6 CONCLUSÃO

A meta proposta a atingir neste capítulo foi apresentar a Pasto-ral Universitária, suas possibilidades, seus desa ̂os, sua identidade e sua missão. Como se percebe o magistério da Igreja Católica foi um elemento de essencial importância, haja vista que, à luz de suas orien-tações, é que podemos nos compreender e, por conseguinte, agir. As orientações, não somente de natureza prática-operacional, como tam-bém de fundamentação organizacional e ̂losó ̂ca dão-nos balizas para, com liberdade e criatividade responsável, realizar atividades que surjam da nossa visão da realidade local e seus apelos.

Por mais que se faça, e o que se faz é sempre pouco sentimo-nos pequenos e limitados ante os desa ̂os de grande poder de fogo da pós--modernidade e os relativismos profundos a que nos referimos neste artigo. Entretanto, o bom senso, uma ação planejada e zelosamente operacionalizada continua sendo uma postura irrenunciável inerente

Page 280: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

278

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

à nossa missão, sempre sob o apoio da graça de Deus, cuja primazia importa sempre destacar.

A experiência desta pastoral na Faculdade Católica Rainha do Ser-tão nos inserem nesta realidade ousada de construir um novo conceito de educação no sertão central do Ceará à luz dos valores evangélicos. Uma excelência conseguida não somente com uma formação tecnoló-gica e pro ̂ssional quali ̂cadas, como também por uma formação hu-mana e cristã constitui um imperativo de diferencial estabelecido ou a se estabelecer. Ficam abertos pontos de estratégias mais arrojadas, fac-tíveis e uma organização mais capacitada em dar respostas mais perti-nentes aos numerosos apelos embutidos no desnorteamento provocado pelo relativismo reinante. São inegáveis as possibilidades com a própria experiência da humanidade com seus avanços e retrocessos. São gan-chos onde uma ação evangelizadora pode encontrar seu espaço e sua oportunidade para acontecer ou ao menos criar parcerias em função de uma sociedade mais humanizada.

Há sempre muito que fazer. Certas respostas foram dadas, mas há muitos apelos sem repostas. Pontos abertos e pendências nesta ação se fazem sentir: o trabalho com os pobres e de assistência social, uma ação mais ampla com os alunos do turno da noite (bastante numerosos e maioria), uma presença maior em salas de aula, uma mobilização maior para celebrar e divulgar os tempos fortes do ano litúrgico, uma ação mais consiste junto aos funcionários e professores, uma parceria maior com os cursos para ações e promoções da dignidade humana e tantas outras propostas e possibilidades de ação que a criatividade do amor é capaz de sonhar, planejar e executar. Claro, com grande realismo!

A visão da realidade, com seus inúmeros desa ̂os, nos insere no chão ̂rme do realismo e da tomada de consciência da responsabilidade dos que constroem a pastoral universitária. A esperança e a con ̂ança serão depositadas não apenas nas armas que a Divina Providência nos dispõe assim como na capacidade de usá-las, mas acima de tudo na gra-ça divina que nos precede, assiste e completa. Não se está diante de uma ação meramente humana, mas ante um apostolado que se insere na ges-tão estratégica de uma Instituição de Ensino Superior que tenciona, em meio ao conhecimento, iluminar não só com os válidos conhecimen-

Page 281: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

279

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

tos ministrados, mas também com a força eternamente vitalizadora da mensagem do Evangelho. Mais ainda, a Pessoa que é Jesus Cristo, Filho de Deus e nosso Senhor: Eis o nosso principal anúncio. Faremos nos-sas as palavras de Paulo: “nós anunciamos Cristo cruci ̂cado (...) [que] para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, é Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1, 23). E arrematamos com Pedro: este cruci ̂cado, “Deus o ressuscitou” (At 2, 24).

REFERÊNCIAS

BENTO XVI, Carta encíclica Deus caritas est (25-12-2005), S. Paulo, Loyola, 2006.

CELAM, Evangelização no presente e no futuro da América Latina. Conclusões da III Conferência Geral do Episcopado Latino-America-no, (Puebla, 27/01 a 13/02/1979), S. Paulo, Paulinas, 1979.

CNBB, Diretrizes Gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil 2008-2010, S. Paulo, Paulinas, 2008.

GROPPO G., Teologia dell’educazione. Origine, identità, compiti, Roma, LAS, 1991.

IGREJA CATÓLICA, Código de Direito Canônico, 2ª ed., S. Paulo, Loyola, 2002.

JOÃO PAULO II, Carta Encíclica Fides et Ratio, (14/09/1998), S.Paulo, Paulinas, 1998.

______, Constituição Apostólica sobre as Universidades Católicas, (15/08/1990), S. Paulo, Paulinas, 1990.

JOSAPHAT, C., Humanismo Integral e Solidário visando construir uma Civilização do Amor. In: PASSOS, J. D.; SOARES, A. M., L (orgs.)., Doutrina Social e Universidade. O cristianismo desa ̂ando a construir cidadania, S. Paulo Paulinas, 2007.

NANNI, C., Educazione e scienze dell´educazione, 2. ed. Roma, LAS, 1986.

Page 282: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes

280

Relatos vividos e escritos por muitas mãos

______, Educazione e pedagogia in uma cultura che cambia, Roma, LAS, 1992.

RAVASI, G., A narrativa do céu. As histórias, as idéias, e os persona-gens do Antigo Testamento. Vol I, S. Paulo, Paulinas, 1999.

SOBRE O AUTOR

Pe. Antonio Marcos ChagasBacharel em Ciências da Educação e Teologia, Especialista em Gestão Estratégica de IES, Ensino Religioso e Filoso ̂a e Existência, Mestre em Ciências da Educação, é professor e capelão da Faculdade Católica Rai-nha do Sertão em Quixadá-Ce, além do que, é Coordenador do curso de Teologia e trabalha na Pastoral Universitária na mesma Faculdade.Contato: [email protected].

Page 283: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes
Page 284: Relatosunicatolicaquixada.edu.br/wp-content/uploads/2018...acadêmico de nossos alunos e professores, mas que marcam o compas so da vida de muitas pessoas e que consignam seus nomes