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Nevo de membrana mucosa em cavidade oral

Daniel Antunes Freitas 1 Victor Comini Mol 2

Paulo Rogério Ferreti Bonan 3 Vinicius Antunes Freitas 4

1) Mestre em Odontologia - Patologia e Diagnóstico Oral. (Professor Titular de Semiologia e Diagnóstico.2) Mestre em Odontologia. Professor do Curso de Odontologia – FUNORTE.3) Doutor em Estomatopatologia. Professor do Curso de Odontologia da Universidade Federal da Paraíba.4) Cirurgião de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologista. (Preceptor da Residência em Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte - MG.

Instituição: SOEBRÁS/FUNORTE.Correspondência: Daniel Antunes Freitas - SOEBRÁS/FUNORTE - Avenida Osmane Barbosa, s/n - Bairro JK – CEP: 39400-000 - Montes Claros / MG – Brasil - Email: danielmestradounincor@yahoo.com.br Artigo recebido em 02/04/2011; aceito para publicação em 22/11/2017; publicado online em 15/12/2017.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Relato de Caso

Mucous membrane nevus in oral cavity

Resumo

Introdução: Nevo ou nevus é uma malformação congênita de desenvolvimento que pode ser observada na pele ou em mucosas. É uma patologia incomum de ser encontrada na mucosa bucal, mas quando ocorre sua área preferencial de localização é o palato, seguido da mucosa jugal, lábio e língua. objetivo: relatar um caso de exérese de um nevo de membrana mucosa em cavidade oral. Relato de Caso: paciente feminino, 23 anos, com lesão pigmentada mucosa oral que foi submetida à biópsia excisional, com resultado de nevo de membrana mucosa. Comentários Finais: nevo pode aparecer na mucosa oral, o tratamento de escolha é a remoção cirúrgica.

Descritores: Patologia Bucal; Boca; Nevo.

ABsTRACT

Introduction: Nevus is a congenital malformation of development that can be observed in the skin or mucous membranes. It is an uncommon condition to be found in the oral mucosa, but occurs when its preferred area of location is the palate, followed by the buccal mucosa, lip and tongue. objective: report a case of excision of a nevus of oral mucous membrane. Case Report: female patient, 23 years, with pigmented oral mucosa lesions who underwent excisional biopsy, the result of nevus mucous membrane. Final Comments: nevus may appear in the oral mucosa, surgical excision is the treatment of choice.

Key words: Nevus; Mouth; Pathology, Oral.

Código 169

INTRoDuÇÃo

Nevos podem ser definidos como lesões congênitas da pele ou da mucosa, benignas e pigmentadas, compostas por células névicas.1,2,3

Suas principais características clínicas são: mácula plana ou papular, varia de cor do marron escuro ao negro; quando em boca pode se localizar em qualquer parte da mucosa bucal principalmente no palato, tamanho menor de 1 centímetro de diâmetro, assintomático.1,3,4

Os nevos são, geralmente, classificados a partir de seus aspectos histológicos, tendo por base o comportamento das células névicas . O nevo intramucoso é o tipo mais frequente na cavidade bucal. A atividade juncional não existe e as células névicas agrupam-se na lâmina própria e submucosa, existindo uma faixa conjuntiva separando essas células do epitélio superficial. O nevo azul é o segundo tipo mais frequente, onde o epitélio não é afetado e aparece uma massa de células

fusiformes contendo melanina no cório, além da presença de melanófagos. O nevo composto é raro na boca, apresenta-se como grupos de células névicas na área basal e focos de atividade juncional no epitélio adjacente. O nevo juncional é o tipo mais raro que acomete mucosa bucal, caracteriza-se pela proliferação de melanócitos na junção do epitélio com o tecido conjuntivo. Esse tipo possui uma considerável tendência a malignização.2,3,5

Seu principal diagnóstico diferencial é o melanoma. Além da suspeita inicial, é importante salientar a possibilidade de que um nevo evolua para um melanoma. O tratamento é biópsia excisional; sempre realizando o respectivo estudo histopatológico para descartar uma possível transformação maligna.1,3,4

APReseNTAÇÃo De CAso CLÍNICo

Paciente S.S.S., de 23 anos, gênero feminino, leucoderma, procurou a Clínica Escola do Curso de

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Odontologia da SOBRÁS/FUNORTE, em atendimento na Disciplina de Diagnóstico Bucal, encaminhada por um cirurgião-dentista ortodontista. No encaminhamento, o ortodontista relatava ter descoberto uma “pinta” escurecida no interior da cavidade bucal da paciente. Ao exame intrabucal inicial foi possível observar que a paciente possuía boas condições buco-dentais. Elementos dentais livres de processos cariosos, saúde periodontal e uma moderada mal oclusão dentária.

Sobre a história da moléstia atual, a paciente relatou que nunca havia percebido aquela “pinta” dentro de sua boca; a referida entidade só foi percebida por este ortodontista que a encaminhou.

Questionada sobre seus antecedentes médicos, relatou não apresentar problemas significativos de saúde. Relatou desconhecer qualquer caso de neoplasia em familiares próximos e/ou de patologias bucais. Não fumante, e não faz uso de bebida alcoólica.

Ao exame físico, no momento da consulta, apresentava uma pulsação de 80 b.p.m. e pressão arterial de 110 por 70 mmHg.

Ao exame físico extrabucal, foi observado enfartamento ganglionar submandibular móvel, indolor e superficial sugestivo de um quadro de hiperplasia linfoide benigna. Aspecto normal da face e simetria ocular.

Ao exame físico intra-bucal (Figura 1), verificou-se a presença de uma mácula caracterizada por “lesão névica”, localizada em mucosa jugal do lado esquerdo. Não foram observados ou constatados hábitos nocivos ou traumas sobre a lesão. Optou-se, então, pela realização de imediata biópsia excisional.

Para a realização da biópsia utilizou-se 1,8 ml de Citanest como anestésico, infiltrado à distância da lesão, para não causar interferência na análise histológica.

A incisão para a biópsia foi elíptica e em cunha, e a lesão foi totalmente removida (Figura 2).

O material removido foi fixado em formol a 10% e encaminhado para exame anatomohistopatológico.

O resultado apresentou: a) descrição macroscópica: Fragmento de tecido mole fixado em formol 10%. Fragmento tissular medindo 0,5 X 0,3 X 0,3 cm, pardo, macio-elástico e irregular. b) descrição microscópica: Tecido epitelial pavimentoso estratificado atrófico envolvendo tecas de células névicas hipermelanóticas intramucosas benignas (Figura 3).

Confirmado assim o diagnóstico de nevo intramucoso em cavidade oral.

DIsCussÃo

As lesões névicas são incomuns na cavidade bucal; quando ocorrem, o tipo histológico mais frequente é o nevo de membrana mucosa. São mais encontradas no gênero feminino, nas terceiras e quartas décadas de vida. Muitas vezes, estas lesões são encontradas em exames odontológicos de rotina. O tratamento ideal consiste na remoção completa da lesão. É fundamental que se faça a excisão com margem de segurança por tratar-se de

Nevo de membrana mucosa em cavidade oral Freitas et al.

Figura 1. Lesão intraoral - foto inicial.

Figura 2. Após remoção total da lesão.

Figura 3. Fotomicrografia.

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lesão com tendência a malignização e , constantemente, exposta a traumas. O material biopsiado deve ser analisado histologicamente, em vista do seu potencial de malignização.1,2,5

O profissional de saúde, neste caso, especialmente o cirurgião-dentista, precisa estar sempre atento às condições anormais da cavidade bucal; assim, cada vez mais, será possível abordar patologias em seu início.

Apresenta-se aqui um caso em que as condições epidemiológicas e características clínicas aproximam-se muito dos relatos científicos já explicitados. O tratamento instituído seguiu a conduta preconizada pela literatura atual.

CoNsIDeRAÇÕes FINAIs

A inspeção visual da cavidade bucal deve ser feita de maneira criteriosa, pois pode revelar alterações patológicas despercebidas pelos próprios pacientes.

As lesões névicas, mesmo sendo incomuns, podem surgir na cavidade bucal; precisam ser removidas e analisadas histologicamente.

ReFeRÊNCIAs

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