Relatório 5 - Índice de Refração (Física Experimental IV)
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
ÍNDICE DE REFRAÇÃO
Acadêmicos R.A.
Felipe Cavalcanti Coelho Marqueze 59286
Lucas Alher Marques 61183
Ricardo Henry Sousa Hassegawa 61388
Engenharia Química
Física Experimental IV – Turma 03
MARINGÁ-PR
14 de setembro de 2011
I. INTRODUÇÃO
A luz é uma onda eletromagnética que viaja no vácuo a uma velocidade da
ordem de 2,99x108 m/s, a maior velocidade admitida até hoje. Quando esse mesmo raio
de luz passa através de um espaço onde não exista vácuo, a sua velocidade diminui
devido ao índice de refração do meio ser diferente. Como consequência, a luz desvia de
um determinado ângulo com relação à reta que vinha percorrendo. A refração da luz
possui diversas aplicações práticas, como por exemplo na construção de óculos e
telescópios.
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Quando uma fonte luminosa irradia luz, embora a mesma se espalhe pelo
espaço onde se encontra, podemos considerar a trajetória dos raios de luz como sendo
uma linha reta. Ao encontrar um obstáculo translúcido, isto é, que permita a passagem
da luz, a velocidade do feixe de luz muda devido à diferença entre os índices de refração
dos dois meios 𝑛1 e 𝑛2 , em que o primeiro é o índice de refração do meio onde se
encontrava o feixe de luz, e o segundo é o índice de refração do meio para onde passou
a luz. Caso o raio de luz incida obliquamente, ocorre também um desvio com relação à
reta em que o raio de luz vinha percorrendo. Se o raio de luz incidir perpendicularmente
sobre a superfície não ocorre desvio do mesmo. A Figura 1 ilustra esse fato.
(a) (b)
Figura 1 – Percurso de um raio de luz ao atravessar de um meio para outro; (a) O raio de
luz incide na superfície de separação de forma oblíqua; (b) O raio de luz incide
perpendicularmente na superfície de separação.
Na Figura 1, N é uma reta normal à superfície de incidência, 𝜃1 é o ângulo
de incidência e 𝜃2 é o ângulo de refração.
O índice de refração relativo, do meio (2) em relação ao meio (1) é dado
pela equação (1), que é conhecida como Lei da refração de Snell–Descartes.
𝑛2,1 =𝑛2
𝑛1=
𝑠𝑒𝑛𝜃1
𝑠𝑒𝑛𝜃2 (1) (𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝑆𝑛𝑒𝑙𝑙 − 𝐷𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑡𝑒𝑠)
Quando a luz passa de um meio mais refringente para outro menos
refringente, o raio refratado se afasta da normal, ou seja, 𝜃2 > 𝜃1. Existe um limite no
ângulo de incidência para que ainda ocorra refração. Quanto mais aumentarmos o
ângulo de incidência, ocorrerá uma situação em que o ângulo de refração será de 𝜃3 =
90°, ou seja, o raio refratado emerge paralelo à superfície. O ângulo de incidência
correspondente a essa fração rasante é denominado de ângulo crítico (𝜃𝑐) e qualquer
ângulo de incidência maior do que o mesmo resulta no fenômeno denominado de
reflexão interna total. A Figura 2 ilustra o discutido.
Figura 2 – Refração e reflexão interna total.
Utilizando-se a equação de Snell-Descartes, com 𝜃3 = 90° e 𝜃1 = 𝜃𝑐 ,
temos:
𝑛2
𝑛1=
𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐
𝑠𝑒𝑛90°=
𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐
1
𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐 =𝑛2
𝑛1
𝜃𝑐 = 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 (𝑛2
𝑛1) (2)
em que 𝑛1 é o índice de refração do meio mais refringente, e 𝑛2 é o índice de refração
do meio menos refringente.
A utilização desse princípio de reflexão interna total é utilizada no
denominado método de Pfund, o qual serve para determinar o índice de refração de um
meio.
No Método de Pfund, um feixe de luz se projeta na superfície inferior de
uma placa de vidro de espessura h. A luz incide no ponto P e é refletida para cima em
todas as direções, formando com isso um círculo. Parte da luz que reflete do ponto P
sofre reflexão e refração com ângulos menores do que o ângulo crítico, e parte é
totalmente refletida. Nisso, forma-se um círculo brilhante, que corresponde à luz
refratada e um círculo escuro e maior, que corresponde à luz refletida totalmente. A
Figura 3(a) mostra uma vista lateral da placa de vidro, e a Figura 3(b) mostra a vista
superior da placa de vidro.
(a) (b)
Figura 3 – Percurso de um raio de luz no interior de uma placa de vidro; (a) vista lateral;
(b) vista superior.
Quando o ângulo de incidência for crítico, aplicando-se a Lei de Snell-
Descartes ao par de meios vidro e ar, obtém-se a equação (3) para o índice de refração
do vidro (𝑛𝑣).
𝑛𝑣 =√𝐷2 + 16ℎ2
𝐷 (3)
em que D é o diâmetro do círculo escuro e h é a espessura da placa de vidro (medida
com um paquímetro).
Ao colocar uma cama de líquido sobre a placa de vidro, o índice de refração
do líquido (𝑛𝑙) será dado pela equação (4).
𝑛𝑙 =𝑛𝑣𝐷𝑙
√𝐷𝑙2 + 16ℎ2
(4)
em que 𝐷𝑙 é o diâmetro do círculo escuro quando há líquido sobre a placa de vidro.
Dessa forma, os objetivos dos experimentos realizados foram de estudar a
refração da luz e aplicar os fenômenos de reflexão total na determinação do índice de
refração do vidro, da água e do álcool etílico hidratado.
III. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
III.1. Materiais utilizados
- Laser;
- Placa de vidro com papel milimetrado;
- Paquímetro;
- Cuba de vidro;
- Água;
- Álcool etílico hidratado.
III.2. Procedimentos
III.2.1. Determinação do índice de refração do vidro
Mediu-se a espessura h da placa de vidro com um paquímetro e colocou-se
o laser perpendicularmente ao plano da placa de vidro, a qual estava dentro da cuba
vazia.
Ligou-se o laser e ajustou-se o ponto luminoso na escala do papel
milimetrado, medindo-se em seguida o diâmetro D do círculo escuro. Anotou-se os
dados em uma tabela.
III.2.2. Determinação do índice de refração de líquidos
No mesmo esquema montado anteriormente, colocou-se água na cuba
lentamente, observando-se que o círculo escuro aumentava. Tomou-se o cuidado de não
colocar muita água, para que não houvesse tanta refração da luz entre os meios água/ar.
Mediu-se o diâmetro do círculo e anotou-se o valor na tabela.
Substituiu-se a água por álcool etílico e repetiu-se os procedimentos
anteriores, anotando-se o diâmetro do círculo formado.
IV. RESULTADOS E ANÁLISE
Usando o método de Pfund obtivemos a seguinte tabela:
Tabela 1 – Tabelas com os dados para o Método de Pfund
ℎ ± ∆ℎ = (4,75 ± 0,5)𝑚𝑚
Vidro Água Álcool
𝐷 ± ∆𝐷 (𝑚𝑚) 18,0 ± 0,5 40 ± 0,5 30 ± 0,5
Usando as equações:
𝑛𝑣 = √𝐷2+16ℎ2
𝐷
𝑛𝑙 =𝑛𝑣𝐷𝑙
√𝐷𝑙2+16ℎ2
𝑛𝑎𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙 =𝑛𝑣𝐷𝑎𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙
√𝐷𝑎𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙2 + 16ℎ2
Obtivemos:
𝑛𝑣 = 1,45
𝑛𝑙 = 1,31
𝑛𝑎𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙 = 1,22
Comparamos com os valores encontrados na literatura:
𝑛𝑣 = 1,55
𝑛𝑙 = 1,33
𝑛𝑎𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙 = 1,36
E por:
%𝑑 =| 𝑛𝑒𝑥𝑝−𝑛𝑡𝑒𝑜|
𝑛𝑡𝑒𝑜𝑥 100%
E obtivemos os seguintes desvios:
%𝑛𝑣= 6,451%
%𝑛𝑙= 1,50%
%𝑛𝑎𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙= 10,3%
QUESTÕES
1. Deduza as equações (55), (56), e (57).
De
𝑛2
𝑛1 =
sin 𝜃1
sin 𝜃2
e 𝜃2= 90º, temos
𝑛2
𝑛1 =
sin 𝜃𝑐
sin 90°
sin 𝜃𝑐 = 𝑛2
𝑛1
𝜃𝑐 = sin−1𝑛2
𝑛1
Da Figura 3(a), e da equação de Snell-Descartes, segue,
𝑛𝑣
𝑛𝑎𝑟 =
sin 90°
sin 𝜃𝑐
Já que
𝑛𝑎𝑟 = 1
𝑛𝑣 = 1
sin 𝜃𝑐
𝑛𝑣 = 1
𝐷4⁄
√𝐷2
16⁄ + ℎ2
𝑛𝑣 = √𝐷2
16⁄ + ℎ2
𝐷4⁄
𝑛𝑣 = √𝐷2 + 16ℎ2
4⁄
𝐷4⁄
𝑛𝑣 = √𝐷2 + 16ℎ2
𝐷
Assim,
𝑛𝑙
𝑛𝑣 =
sin 𝜃𝑐
sin 90°
𝑛𝑙 = 𝑛𝑣 sin 𝜃𝑐
𝑛𝑙 = 𝑛𝑣
𝐷𝑙4⁄
√𝐷𝑙2
16⁄ + ℎ2
𝑛𝑙 = 𝑛𝑣
𝐷𝑙4⁄
√𝐷𝑙2 + 16ℎ2
4⁄
𝑛𝑙 =𝑛𝑣 𝐷𝑙
√𝐷𝑙2 + 16ℎ2
Em que 𝐷𝑙 é o diâmetro no novo círculo escuro.
2. Com base nestas equações, e os dados da Tabela 1, calcule o índice de refração dos
meios transparentes utilizados.
𝑛𝑣 = √𝐷2 + 16ℎ2
𝐷
Como D = 18 mm;
𝑛𝑣 = 1,45
𝑛á𝑔𝑢𝑎 =𝑛𝑣 𝐷𝑙
√𝐷𝑙2 + 16ℎ2
Como D = 40 mm e 𝑛𝑣 = 1,45;
𝑛á𝑔𝑢𝑎 = 1,31
𝑛á𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙 =𝑛𝑣 𝐷𝑙
√𝐷𝑙2 + 16ℎ2
Como D = 30 mm e 𝑛𝑣 = 1,45;
𝑛á𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙 = 1,22
3. Compare os valores encontrados com aqueles apresentados nas referências [13, 16] e,
para cada caso, ache o desvio percentual. Comente as possíveis fontes de erro.
Para o vidro:
D% = |1,55 – 1,45|
1,55 100 = 6,45 %
Para a água:
D% = |1,33 – 1,31|
1,33 100 = 1,50 %
Para o índice de refração do álcool:
D% = |1,36 – 1,22|
1,36 100 = 10,3 %
Nos erros de medida podem estar relacionados as medidas e os instrumentos
usados.
4. Por que, na Parte 2, você observa dois círculos escuros? De que depende o diâmetro
do circulo escuro externo?
O circulo menor é formado devido a reflexão dos raios de luz na superfície entre
o liquido e o vidro. Parte dessa luz que é refratada sofre uma reflexão na superfície entre
o vidro e o ar, assim formando o outro circulo observado. Esse diâmetro depende do
índice de refração do liquido a ser utilizado.
5. Utilizando a Eq.(55), encontre o ângulo crítico para o par de meios vidro e ar e vidro
e água.
Ângulo crítico entre vidro e ar:
𝜃𝑐 = sin−1 𝑛𝑎𝑟
𝑛𝑣 = 43,60°
Ângulo crítico para o meio vidro e ar:
𝜃𝑐 = sin−1 𝑛á𝑔𝑢𝑎
𝑛𝑣 = 64,61°
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) YOUNG & FREEDMAN; SEARS & ZEMANSKY; Física IV: Ótica e Física
Moderna; São Paulo: Addison Wesley, vol 4. 12ª Edição, 2008;
2) HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; Fundamentos de Física – Óptica e Física
Moderna; 3ª ed; Rio de Janeiro; Editora LTC; vol 4; 1994.
3) WEINARD, W.R.; MATEUS, E.A.; HIBLER, Irineu; Projeto de Ensino de
Física: Circuitos Série sob tensão alternada e ótica; Universidade Estadual de
Maringá; CCE – DFI; Maringá; 2011;