Relatório de Actividades Djumbai: Sobre a Educação das ... · Comentários sobre o filme exibido...
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Fundação Atena para a Criança e Mulher
Direitos, Proteção e Desenvolvimento
Relatório de Actividades
Djumbai: Sobre a Educação das Raparigas / Vulnerabilidade na Guiné-Bissau
Parceria: Fundação Atena para a Criança e Mulher e AMIC (Associação dos Amigos da
Criança). Realização da Actividade no dia 14 de Junho de 2017.
Apoio: Casa dos Direitos
Participantes: INDE – IMC- UNICEF- ANADEC-ESSOR AGRICE- FEC- FADPD-GB-
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Abreviaturas
AGRICE - Associação Guineense de Reabilitação e Integração ao Cegos
AMIC - Associação dos Amigos da Criança
ANADEC - Associação Nacional para desenvolvimento comunitário
ESSOR - Associação de Solidariedade Internacional
FEC - Fundação Fé e Cooperação da Guiné-Bissau
FADPD-GB- Federação das Associações de Defesa e Promoção dos Direitos das Pessoas
com Deficiência
IMC- Instituto da Mulher e Criança
INDE - Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação
RENLUV - Redes Nacional de Luta Contra a Violência Baseada no Género
UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância
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Índice
Enquadramento Institucional .................................................................................................................. 1
Objectivo geral ........................................................................................................................................ 2
1. Metodologia ................................................................................................................................... 2
2. Progresso dos trabalhos ................................................................................................................ 2
Exibição do filme sobre os Direitos da Criança ...................................................................................... 3
Visita guiada a exposição do material sobre a educação da rapariga...................................................... 3
3. Comentários sobre o filme exibido .............................................................................................. 4
4. Apresentação da peça de teatro (Grupo Cultural Netos de Bandim)....................................... 7
Recomendações ................................................................................................................................... 11
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Enquadramento Institucional
Criada em 2015, a Fundação Atena para a Criança e Mulher é uma instituição sem fins
lucrativos e de utilidade pública geral que se preocupa com o bem-estar da criança e da
mulher guineense.
A Fundação tem como missão ”providenciar a todas as alunas as competências necessárias
para atingirem o seu potencial máximo, para ocuparem papéis de liderança no futuro,
contribuindo para a elevação social num ambiente agradável que dá ênfase à igualdade de
género”.
A Fundação Atena pretende desenvolver as suas acções através de contributos que favoreçam
a participação das crianças e mulheres, igualdade de género, com especial ênfase nas áreas de
Educação, Cultura e Direitos Humanos.
No âmbito do desenvolvimento das suas atividades e em parceria com AMIC (Associação
dos Amigos da Criança) a ATENA promoveu n dia 14 de Junho na Casa dos Direitos, um
Djumbai para partilha de experiencia sobre o tema Educação das Raparigas / Vulnerabilidade
na Guiné-Bissau, que contou com a participação de várias organizações locais e
internacionais nomeadamente: INDE (Instituto Nacional para o Desenvolvimento da
Educação), UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), ESSOR (Associação de
Solidariedade Internacional), ANADEC (Associação Nacional para Desenvolvimento
Comunitário), RENLUV (Redes Nacional de Luta Contra a Violência Baseada no Género),
AGRICE (Associação Guineense de Reabilitação e Integração ao Cegos), FEC (Fundação Fé
e Cooperação da Guiné-Bissau), FADPD-GB (Federação das Associações de Defesa e
Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência) e Grupo Cultural NETOS DE
BANDIM.
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Objectivo geral
Partilhar experiência (boas praticas em textos ou visualizadas sob forma de
exposição) que contribuem no desenvolvimento de atividades e que expressam o
papel das meninas na sociedade guineense.
Recolha de subsídios que venham a contribuir numa melhor implementação das
atividades da ATENA.
Questões complementares: O que está a ser feito sobre a educação das raparigas na Guiné-
Bissau? E o que pensamos que pode ser feito em prol de uma educação de qualidade e de
igualdade.
1. Metodologia
Para a realização deste workshop foi seleccionado a metodologia participativa, onde se
utilizou a técnica de grupos focais (Djumbai) como forma de estimular a participação dos
parceiros. A exibição do filme sobre os direitos da criança e a apresentação da peça de teatro
foram instrumentos utilizados e que permitiram aos participantes de seleccionar estas técnicas
como sendo importantes a serem utilizadas na implementação de projetos sobre a
sensibilização da educação da rapariga.
2. Progresso dos trabalhos
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Os trabalhos deram início as 10:00 com a apresentação do programa e dos objetivos da
fundação pela moderadora Lilina Vaz. A mesa de abertura teve a seguinte composição:
Filomena Barreto Ferreira – Presidente da ATENA, Laudolino Medina – Secretário
Executivo da AMIC, Eunice Perdigão em representação do Presidente do IMC – Instituto
para a Mulher e Criança e Patrícia Rosa em representação da UNICEF.
Os trabalhos deram início com a intervenção da Presidente da ATENA que fez uma
exposição sobre os objetivos da fundação, a necessidade de parcerias e a importância de
atividades deste tipo de modo a contribuir com ideias e experiências que visam melhorar a
intervenção na área da educação da rapariga. De seguida teve intervenções do secretário da
AMIC, da representante do IMC e uma breve exposição da representante da UNICEF
respectivamente. (ver discursos em anexo).
Exibição do filme sobre os Direitos da Criança
Depois da abertura dos trabalhos, a FEC – através da representante Sra. Cláudia Rocha
apresentou um filme de intitulado “Cinco Crianças / Cinco Direitos” cujo conteúdo se baseia
nas questões dos direitos das crianças, este em particular, sobre o acesso da rapariga a
educação. O filme tenta mostrar como a mudança de comportamento pode ocorrer e como se
pode trabalhar n sensibilização da família para que as meninas possam frequentar a escola.
Visita guiada a exposição do material sobre a educação da rapariga
Houve a apresentação pela UNICEF de trabalhos que têm estado a desenvolver na Guiné-
Bissau através da sensibilização e capacitação. Foram apresentados material utilizado para o
efeito, tais como: cartazes, manuais, panfletos e material didáctico de incentivo a educação da
rapariga.
A organização ESSOR apresentou o guião pedagógico produzido com conteúdos sobre a
educação, saúde, alimentação, proteção dos meninos de criação e cuidados.
A exposição também contou com os produtos e lembranças locais, feitos manualmente para
venda.
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3. Comentários sobre o filme exibido
Depois da visita guiada a exposição deu-se início com os trabalhos do Djumbai
primeiramente com a apresentação dos comentários dos participantes sobre o filme que foi
exibido.
FEC – o filme faz parte de um conjunto de cinco filmes. Neste primeiro foi projetado a
dimensão da educação. O objetivo do filme debruça-se sobre a constante discriminação na
família no momento de decisão da escolha dos filhos que vão a escola, e acabam por escolher
o rapaz. O conteúdo da mensagem do filme expressa uma consciencialização da mãe que por
não saber ler nem escrever, e ao ser ajudada pela filha, acaba por concordar e reconhecer que
esta deve regressar a escola.
ESSOR – o filme é importante para sensibilizar os adolescentes sobre a educação. O filme é
uma importante ferramenta pedagógica para chamar a atenção e explicar sobre os direitos da
criança. A ESSOR possui um guião pedagógico sobre a educação, saúde, alimentação,
protecção das crianças (mininus di criçon) e cuidados.
AMIC – se a menina não for a escola não consegue ter o poder de decisão.
Debate e intervenção dos participantes sobre as experiencias no terreno
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UNICEF – desencadeia esforços para apoiar o governo através do Ministério da Educação
Nacional, na melhoria da qualidade de ensino pré-escolar e primário, principalmente da
criança vulnerável. A estratégia do programa escola amiga da criança é um exemplo a
considerar que visa a intervenção na comunidade para a melhoria do sistema educativo. A
representante ainda salientou que existem disparidades ao nível do ensino contudo, tem sido
alcançado algumas melhorias. Por exemplo, em Mansoa na escola de Ponta Nova a
experiencia de funcionamento do comité de gestão escolar.
O UNICEF trabalha o conceito de criança fora do sistema, porque são vulneráveis,
considerando as que entram e abandonam e as que no entram. Exemplo da menina Benvinda
de 7 anos que foi descoberta porque tinha que vender no lumo (feira informal ou mercado) e
acompanhar as esposas do tio.
Em relação a uma resposta ao nível do sistema, existem muitas atividades que os parceiros
estão a fazer, mas as constantes interrupções não tem favorecido a melhoria do sistema. A
questão é será que está-se a ver ou considerar a questão do projeto.
INDE – Nos órgãos de decisão do Ministério da Educação são poucas as mulheres que estão
envolvidas. Na divisão de ações de formação, está-se a fazer uma revolução nos conteúdos a
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serem levados para as salas de aula, na qual pretende-se demonstrar através de imagens de
que a rapariga tem o mesmo direito com o rapaz de estar na sala de aula.
Em termos de reforma ao nível curricular, a última foi feita nos anos 90. Assim, no novo
currículo onde o aspeto género foi considerado e salvaguardam a participação da rapariga nos
textos como forma de sensibilizar as pessoas sobre o acesso da menina a educação; nas novas
imagens e ilustrações dos livros demonstram que a menina pode e deve fazer as mesmas
tarefas que o rapaz no seu quotidiano. As novas abordagens curriculares incluem ainda
conteúdos sobre a saúde sexual e reprodutiva, o género e a igualdade de oportunidade nos
lugares de destaque, educação para a cidadania e direitos humanos entre outros.
Neste contexto a representante do INDE elucidou um pouco da experiencia da PLAN no
apoio a educação da rapariga.
AMIC – Para esta organização, na Guiné-Bissau não existe colaboração entre as instituições
e a maioria estão a trabalhar de forma isolada.
CODEDIC – Colocou ao INDE a questão de como serão inseridos os novos conteúdos no
sistema escolar.
ALTERNAG – Deve haver uma coligação entre os parceiros.
AGRICE – debruçou-se sobre a experiencia da escola com crianças e jovens com
necessidades especiais. O projeto da escola funciona durante o período das férias, onde as
crianças praticam algumas atividades como a música. Para esta organização, essas crianças
devem ser incluídos no sistema, ou seja a educação deve ser inclusiva e falou-se da
experiencia em Samora. Existem poucas meninas nas escolas. Durante o período das férias, a
organização dedica-se a na busca de famílias para poderem resgatar mais meninas. O
representante da AGRICE ainda acrescentou que a organização tem uma escola denominada
Bengala Branca onde as crianças e jovens recebem uma formação em braille e também de
formação musical.
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4. Apresentação da peça de teatro (Grupo Cultural Netos de Bandim)
De seguida, o grupo cultural Netos de Bandim apresentou uma peça de teatro com o objetivo
de demonstrar aos pais, encarregados de educação e família sobre a importância das meninas
irem a escola.
Descrição da peça de teatro: Uma menina a vender cuscuz que sempre falta a escola porque
tem que vender para poder ajudar a mãe em casa. Aparece uma colega a caminho da escola
que conversa com ela mais esta tinha medo dos pais porque se fossem a escola poderiam se
zangar. A menina foi agredida pela mãe na presença do pai que apoiou a decisão da mãe de
repreender a menina por ter ido com a colega a escola. Ela foi ameaçada pelos pais de que
sempre que saísse de casa teria que vender tudo e só depois de terminar a venda dos produtos
poderia regressar para a casa. O cansaço da criança que fica a deambular pelas ruas e acaba
por deitar num canto da rua com medo de regressar a casa .
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Por último, aparece a outra família que deixam a família estudar para sensibilizar os pais da
que vende produtos deque deveriam deixar a família estudar para poder ter um futuro melhor.
O objetivo desta peça de teatro era demonstrar as famílias com pais com um nível
educacional mais elevado podem colaborar na sensibilização das outras famílias com baixo
nível de escolaridade no sentido de as fazerem entender a importância da educação da
rapariga. O que significa que, quanto menor elevado for o nível de escolaridade dos pais,
maior é a probabilidade de as crianças não terem acesso a educação.
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Continuação do debate:
RENLUV - uma rede que integra 46 Associações de Base e que tem-se preocupado com a
situação das raparigas, criou o clube de não-violência nas escolas com o objetivo de serem os
estudantes a procederem a sensibilização sobre violência baseada no género, a equidade e
igualdade de género. São realizadas palestras nas escolas e comunidades sobre o acesso da
rapariga a educação.
O projeto funciona em 8 escolas de Bissau; ao nível da região 1 escola em Cacine e 1 em
Bafatá. Os membros dos grupos deste projeto dão rapazes e raparigas adolescentes.
ANADEC – esta organização trabalha directamente com a ESSOR na implementação de um
projeto de sensibilização sobre a educação da rapariga e as relações de género. ESSOR e
ANADEC apresentaram a metodologia do Percurso do Cidadão e como ferramenta utilização
a caixa de imagens sobre a violência doméstica (elaborada pela ESSOR Tchad) e também
utilizam as técnicas de animação sobre o género. O projeto é implementado por grupos de
adolescentes onde os pais também são envolvidos. O uso de imagens é bastante utilizado na
sensibilização da comunidade. Também são promovidas atividades culturais e desportivas,
com o objetivo de promover a auto-estima entre os adolescentes.
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O projecto tenta demonstrar boas práticas em relação a escolarização da rapariga.
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Conclusão
Ao longo dos trabalhos foram recolhidas várias contribuições onde os participantes extraíram
as seguintes conclusões:
A educação deve ser inclusiva;
É possível a mudança de mentalidade das famílias para que as meninas possam ir a
escola;
Toda a sociedade deve ser envolvida na mudança de comportamento e nas ações de
sensibilização e educação porque é a única forma de se conseguir bons resultados;
O estado tem um papel importante mas na prática não está presente nas ações;
UNICEF e a ESSOR demonstraram interesse em organizar próximo Djumbai e
poderá ser feito nas suas instalações.
Recomendações
Deve-se apostar na sensibilização da comunidade principalmente dos adolescentes
sobre a educação da rapariga;
O acesso ao livro é importante no processo de educação;
Nas campanhas de sensibilização, um filme a explicar os direitos da criança é uma
ferramenta pedagógica importante e fácil para passar a mensagem;
É importante a rapariga ir a escola para poder ter o poder de decisão;
Nas campanhas de sensibilização deve-se lembrar a comunidade sobre a participação
da mulher nos comités de gestão;
A coordenação entre o parceiro é fundamental mais o estado deve estar presente e
desempenhar o papel de coordenador;
Nas ações de sensibilização todos os segmentos da sociedade devem ser envolvidos;
Instrumentos pedagógicos como filme, peças de teatro e imagens podem ser uteis na
sensibilização;
Trabalhar em colaboração e de forma rotativa organizar eventos e encontros regulares
entre as organizações presentes para reflexão e partilha de experiência sobre a
temática da escolarização da rapariga.