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TPG folitécnico daGuarda Polytechnic of Guarda RELATÓRIO DE ESTÁGIO Licenciatura em Farmácia Relatório Profissional 1 Alexandre Herculano de Oliveira Marques janeiro 1 2015

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TPGfolitécnicodaGuarda

Polytechnicof Guarda

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Licenciatura em Farmácia

Relatório Profissional 1

Alexandre Herculano de Oliveira Marques

janeiro 1 2015

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I

ALEXANDRE HERCULANO DE OLIVEIRA MARQUES

CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO

janeiro|2015

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

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CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO

4º ANO / 1º SEMESTRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I

ESTÁGIO EM INVESTIGAÇÃO

FACULDADE DE FÁRMÁCIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO (FFUP)

ALEXANDRE HERCULANO DE OLIVEIRA MARQUES

SUPERVISOR: MARIA LÚCIA MARQUES FERREIRA DE SOUSA SARAIVA

ORIENTADOR: ANDRÉ RICARDO ARAÚJO PEREIRA

janeiro|2015

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de dirigir os meus sinceros agradecimentos a todos os elementos envolvidos no

estágio, englobando desta forma, a Dr.ª Lúcia Saraiva e a Dr.ª Paula Pinto por me terem

acolhido e pelos conhecimentos que me transmitiram ao longo desta etapa. Considero

relevante dar ênfase pelo facto de que todos os docentes do curso tiveram um papel

fundamental no bom desempenho do estágio, uma vez que ofereceram os conteúdos base

sobre a área da investigação. No entanto quero agradecer em especial ao meu professor e

orientador, André Araújo, por me ter concedido a oportunidade de estagiar numa das

universidades mais conceituadas do país, pois foi uma enorme satisfação trabalhar com um

grupo de investigadores.

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PENSAMENTO

“Toda a arte e toda a investigação, assim como toda a ação e toda a escolha, tem em mira um

bem qualquer; e por isso foi dito, com muito acerto que o bem é aquilo que todas as coisas

tendem.”

(Aristóteles)

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SIGLAS

ADME – Absorção, Distribuição, Metabolismo, Excreção

AINEs – Anti-inflamatórios Não Esteróides

APIs – Ingredientes Farmacêuticos Ativos

ASH – Albumina do Soro Humano

COX – Cicloxigenase

ESS – Escola Superior de Saúde

FDA – Food and Drug Administration

FFUP – Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

GABAI – Grupo de Análise Bioquímica, Ambiental e Industrial

IPG – Instituto Politécnico da Guarda

Kd – Constante de Dissociação

LI(s) – Líquido(s) Iónico(s)

LIs-APIs – Líquido(s) Iónico(s) como Ingredientes Farmacêuticos Ativos

UC – Unidade Curricular

UV – Ultravioleta

ABREVIATURAS

% – por cento (percentagem)

ºC – graus celsius

λ – comprimento de onda

ΔG – energia livre de Gibbs

µL – microlitro

µM – micromolar

mM – milimolar

nm – nanómetro

nm/min – nanometros por minuto

mL – mililitro

t1/2 – tempo de semi-vida

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ÍNDICE DE FIGURAS

Página

Figura 1 – Exterior da FFUP……………….………………........................……..……...........3

Figura 2 – Papel das COX-1 e COX-2 na síntese das prostaglandinas.…………...…….……7

Figura 3 – Composição do plasma…………….…………………………………............…....8

Figura 4 – Estrutura tridimensional da ASH……………….……………………............….....9

Figura 5 – Processos que ocorrem quando um feixe de radiação incide numa célula……….12

Figura 6 – Representação gráfica do ajuste da desativação da fluorescência da ASH por

concentrações crescentes de naproxeno, segundo o modelo de Langmuir…………..……….18

Figura 7 – Representação gráfica do ajuste da desativação da fluorescência da ASH por

concentrações crescentes de cetoprofeno, segundo o modelo de Langmuir com o cálculo do

número de locais de ligação…………………………………………………………………..19

Figura 8 – Representação gráfica do ajuste da desativação da fluorescência da ASH por

concentrações crescentes de naproxenato de colina, segundo o modelo de binding com

depleção do ligando……………………………………………………………………….….19

Figura 9 – Representação gráfica do ajuste da desativação da fluorescência da ASH por

concentrações crescentes de cetoprofenato de colina, segundo o modelo de binding com

depleção do ligando……………………………………………………………………….….20

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ÍNDICE DE TABELAS

Página

Tabela 1 – Representação dos catiões e aniões dos LIs-APIs em estudo………...……...........6

Tabela 2 – Concentrações otimizadas para o estudo do Kd dos LIs/fármacos.…………...…14

Tabela 3 – Condições otimizadas para a leitura pontual da fluorescência …………........…..15

Tabela 4 – Resultados dos parâmetros calculados a partir do estudo da interação dos LIs-APIs

e dos fármacos testados com a ASH, a 37,0 ºC……………………...…………...…………..17

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ÍNDICE

Página

INTRODUÇÃO……………….……………………………..………….....………..…...........1

1. DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS QUÍMICAS – FFUP……………..………….........3

1.1. APRESENTAÇÃO.………….............................................................................................3

1.2. INSTALAÇÕES…………..................................................................................................4

1.3. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO….............................................................................4

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO…………………………….....……...…………...........5

2.1. LÍQUIDOS IÓNICOS (LIs).……........................................................................................5

2.1.1. Líquidos Iónicos como Ingredientes Farmacêuticos Ativos (LIs-APIs)….................6

2.2. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES (AINEs)….............................................7

2.3. ENSAIO BIOFARMACÊUTICO: INTERAÇÃO LIs-APIs – ASH …..............................8

2.3.1. Albumina do Soro Humano (ASH)…............................................................................9

2.3.2. Constante de Dissociação (Kd)….................................................................................10

2.4. METODOLOGIAS ESPETROFOTOMÉTRICAS………...............................................11

2.4.1. Espetrofotometria no UV-visível….............................................................................11

2.4.1. Espetrofluorimetria…..................................................................................................13

3. MATERIAL E MÉTODOS…..……………………….....…………….............................14

3.1. REAGENTES E SOLUÇÕES….......................................................................................14

3.2. INSTRUMENTAÇÃO…...................................................................................................15

3.3. MÉTODO PARA A DETERMINAÇÃO DO Kd…….....................................................16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO…..……………………….....…………….....................17

ANÁLISE CRÍTICA………………………………………...……………........……………21

CONCLUSÃO………………………….…………………...………......…………………...22

BIBLIOGRAFIA…………………………...…...……………………..…………………….23

ANEXOS………………………………...……………………..……………….……............25

ANEXO A – Folha de preparação do ensaio da desativação da fluorescência da ASH para o

naproxenato de colina

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RESUMO

O relatório é indispensável para a avaliação do Estágio Profissional I, uma vez que

relata um período de aproximadamente três meses de estágio (490 horas) em investigação.

A elaboração deste relatório tem como fundamentos as atividades realizadas na

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) na área de investigação.

A área da investigação resume-se à execução de processos sistemáticos com o intuito

de gerar novos conhecimentos, podendo também desenvolver algum conhecimento pré-

existente.

Este documento descreve todas as atividades realizadas no âmbito da determinação da

constante de dissociação (Kd) de três novos líquidos iónicos (LIs).

Neste contexto, realizaram-se ensaios in vitro com o objetivo de estudar o Kd de LIs

sintetizados com a finalidade de serem usados como ingredientes farmacologicamente ativos

(APIs). Assim, recorreu-se a metodologias espetroscópicas que facilitaram o estudo da

interação dos líquidos iónicos como ingredientes farmacêuticos ativos (LIs-APIs) e a

albumina do soro humano (ASH). Esta interação foi estudada com base na desativação da

fluorescência da ASH.

Os resultados obtidos permitiram concluir que de todos os LIs-APIs em estudo o

naproxenato de colina é aquele que apresenta valores de Kd inferiores comparativamente com

o fármaco de referência (naproxeno) sugerindo ter uma ligação mais forte com a ASH.

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INTRODUÇÃO

Este relatório foi realizado no âmbito da unidade curricular (UC) de Estágio

Profissional I, pelo discente Alexandre Herculano de Oliveira Marques, aluno do 4º ano, 1º

semestre do Curso de Farmácia – 1º ciclo, da Escola Superior de Saúde (ESS) do Instituto

Politécnico da Guarda (IPG), servindo como instrumento de avaliação. O Estágio Profissional

I decorreu na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) entre 13 de outubro de

2014 e 16 de janeiro de 2015, apresentando um total de 490 horas. Este tipo de estágio foi

uma preferência por parte do aluno.

O referido estágio contou com a orientação do professor André Ricardo Araújo Pereira

da ESS e supervisão da Dr.ª Maria Lúcia Marques Ferreira de Sousa Saraiva.

O estágio é uma importante vertente de formação do estudante de farmácia, isto

porque permite aprender e aplicar conhecimentos adquiridos até então, através da integração

no seio de uma equipa multidisciplinar do departamento de investigação em química aplicada.

Este faz parte do plano de estudos do 4º ano da licenciatura em farmácia e pretende integrar,

progressivamente, o discente no âmbito da carreira que poderá desempenhar no futuro, caso

este siga esta vertente profissional. Trata-se de uma mais-valia no percurso académico dado

que permite uma nova conspeção de outra saída profissional.

O estágio apresenta como objetivos gerais que o estudante desenvolva competências

científicas e técnicas que lhe permitam a realização de atividades laboratoriais subjacentes à

investigação em farmácia. Especificamente, a UC pretende que o discente desenvolva

competências que lhe permitam a realização de atividades subjacentes à profissão do técnico

de farmácia; aplique os princípios éticos e deontológicos; desenvolva e avalie planos de

intervenção adequadamente integrados numa equipa multidisciplinar e que por último

responda aos desafios profissionais com inovação, criatividade e flexibilidade. [1]

De forma a responder e tirar partido dos objetivos anteriormente referidos, este estágio

em investigação passou essencialmente por desenvolver uma metodologia in vitro que ajude a

prever a distribuição e bioacumulação no organismo de três novos líquidos iónicos (LIs)

sintetizados com a finalidade de serem usados como ingredientes farmacêuticos ativos (APIs),

através de ensaios de ligação a proteínas plasmáticas, nomeadamente à albumina do soro

humano (ASH). Assim, o trabalho envolveu a preparação de soluções (seleção do material e

técnica de preparação a usar), a utilização da espetrofotometria de absorção molecular (traçar

espetros e quantificar compostos) e a implementação do ensaio de desativação de

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fluorescência num espetrofluorímetro. É necessário referir que o cumprimento destes

objetivos pressupôs a análise de amostras, desde o tratamento, interpretação e estudo dos

resultados, ao cálculo de constantes de dissociação/ligação/afinidade (Kd).

Neste relatório estão descritas todas as atividades realizadas na determinação do Kd

dos fármacos e líquidos iónicos como ingredientes farmacêuticos ativos (LIs-APIs) em

estudo. Este documento está organizado em vários capítulos que seguem uma determinada

ordem de forma a ser mais facilmente analisado. Por fim é elaborada uma análise crítica, onde

aí consta a minha opinião sobre este estágio.

A organização do relatório está de acordo com o Guia de Elaboração e Apresentação

de Trabalhos escritos da ESS.

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1 – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS QUÍMICAS – FFUP

1.1 – APRESENTAÇÃO

A FFUP localiza-se na rua Jorge Viterbo Ferreira nº 213 4050-313, no Porto (Figura

1). Esta foi fundada em 1921 e é herdeira das tradições da Escola de Farmácia criada em

1836. Trata-se de uma instituição de educação, investigação e desenvolvimento,

comprometida com a excelência na formação na área das Ciências Farmacêuticas, sendo

também um centro de criação, transmissão e difusão da cultura, da ciência e da tecnologia

noutros domínios das ciências da saúde e das ciências químico-biológicas. [2]

A FFUP prossegue uma série de fins, estando incluído a realização de investigação

fundamental e aplicada. Deste modo a universidade alberga diversas unidades de

investigação, realizando-se estudos na área da farmacologia, estudos de segurança alimentar,

estudos biotoxicológicos, estudos de fitoquímica, análises bioquímicas, ambientais e

industriais, entre outros.

A faculdade é composta por três departamentos distintos: o de Ciências Biológicas, o

de Ciências do Medicamento e o de Ciências Químicas, na qual este estágio se insere. Este

último é constituído pelos laboratórios de bromatologia e hidrologia, farmacognosia, química

aplicada e química orgânica e farmacêutica. O estágio decorreu no laboratório de química

aplicada.

A atividade de investigação no serviço de química aplicada é realizada no âmbito do

REQUIMTE, um Laboratório Associado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino

Superior, sendo esta estrutura designada por Grupo de Análise Bioquímica, Ambiental e

Industrial (GABAI).

Figura 1 – Exterior da FFUP.

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1.2 – INSTALAÇÕES

As instalações deste departamento são incluídas por laboratórios comuns que possuem

o material necessário para iniciar qualquer tipo de estudo na área da química e instalações

específicas que possuem uma organização funcional. De entre as instalações específicas,

pode-se salientar algumas que são usadas para a execução de tarefas gerais, nomeadamente a

sala de pesagem, a sala dos reagentes e a sala climatizada.

A sala climatizada possui uma temperatura contínua de 20ºC e contém a maioria da

instrumentação utilizada pelo departamento. Fazem parte desse tipo de instrumentos, os

espetrofotómetros, espetrofluorímetros, leitores de placas, cromatógrafos, entre outros.

1.3 – HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

O departamento de Ciências Químicas não apresenta um horário fixo, mas por norma

está em funcionamento entre as 9 e as 18 horas durante os cinco dias úteis. No entanto, os

profissionais qualificados para este tipo de trabalho podem adaptar o horário às suas

necessidades e até mesmo realizar horas extra, desde que para isso possuam as chaves de

acesso e estejam habilitados para tal.

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2 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1 – LÍQUIDOS IÓNICOS (LIs)

Os LIs são sais orgânicos constituídos por um catião orgânico e um anião orgânico ou

inorgânico, com pontos de fusão inferiores a 100ºC. Por norma estes compostos são sólidos à

temperatura ambiente, no entanto estes também se podem apresentar no estado líquido.

As características de um LI são dependentes do catião e anião que o constitui, sendo o

catião responsável pelo baixo ponto de fusão e o anião pela solubilidade em meio aquoso (LIs

hidrofóbicos ou hidrofílicos). [3; 4]

Estima-se que existem milhares de combinações de LIs possíveis, no entanto só

algumas centenas é que têm aplicabilidade na indústria, principalmente como solventes. [5]

A condutividade, a densidade e viscosidade, a polaridade e solubilidade, a estabilidade

química e térmica e a tensão superficial são as principais propriedades de interesse dos LIs.

Contudo, estas propriedades podem sofrer alterações aquando da presença de impurezas

decorrentes de um mau processo de síntese e/ou purificação, como por exemplo a presença de

água em LIs higroscópicos. [5]

Os LIs apresentam propriedades que conduzem a um potencial interesse na

substituição de solventes orgânicos voláteis que têm elevada toxicidade e risco decorrente da

sua utilização. Este facto faz com que os LIs sejam classificados como green solvents. [4]

As características dos LIs permitem que estes tenham aplicações em diversas áreas,

como por exemplo na química (síntese orgânica, síntese de nanomateriais, reações de

polimerização), na biotecnologia (biocatálise, purificação de biomoléculas, produção de

combustível), na biologia (processamento de biomassa, adjuvantes de estabilização proteica),

entre outros. [4]

Assim, com base nas propriedades e aplicações dos LIs é possível agrupa-los em três

gerações distintas. A primeira geração inclui LIs com propriedades físicas distintas, tais como

a baixa pressão de vapor e a alta estabilidade térmica, que permitiu a sua utilização como

solventes mais seguros. A segunda geração diz respeito à utilização de LIs como materiais

funcionais, nomeadamente em termos energéticos (baterias, sensores e células solares),

lubrificantes e quelantes. Por último, a terceira e mais recente geração compreende LIs-APIs

que apresentam atividade biológica. Alguns destes LIs possuem propriedades antisséticas e

antimicrobianas. [4; 6]

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2.1.1 – Líquidos Iónicos como Ingredientes Farmacêuticos Ativos (LIs-APIs)

A pureza, estabilidade térmica, manufatura e facilidade de manuseamento dos

compostos sólidos e cristalinos para formação de APIs é a grande exigência da indústria

farmacêutica.

Segundo a Food and Drug Administration (FDA), API é qualquer substância ou

mistura de substâncias indicadas na produção de fármacos. Quando ocorre esta produção,

torna-se um ingrediente ativo do fármaco produzido. Tais substâncias destinam-se a fornecer

uma atividade farmacológica ou outro efeito direto no diagnóstico, cura, tratamento ou

profilaxia de doenças podendo afetar a estrutura ou função do organismo. [7]

As características moduláveis dos LIs, como por exemplo o arranjo dos catiões e/ou

dos aniões em diversas combinações permite obter LIs com características bastante distintas.

Desta forma, as propriedades físicas, químicas e biológicas de um fármaco poderão ser

otimizadas através da escolha adequada do contra-ião, isto é, o ião de carga oposta conjugado

com o ião com atividade farmacêutica que se pretende explorar. A escolha do contra-ião ideal

pode ser vantajosa na resolução de problemas de polimorfismo e solubilidade de alguns

fármacos. [8]

Os LIs-APIs em estudo são constituídos por um anião com atividade anti-inflamatória

em associação com o contra-ião colina (Tabela 1).

Tabela 1 – Representação dos catiões e aniões dos LIs-APIs em estudo

LIs-APIs Anião Catião

Ibuprofenato de colina

Naproxenato de colina

Cetoprofenato de colina

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COX

COX-1

(constitutiva)

- Estômago

- Rim

- Plaquetas

- Endotélio

COX-2

(indutível)

- Inflamação (macrófagos, sinoviócitos)

A capacidade de se poder conjugar dois iões com atividade farmacêutica também é

outra possibilidade emergente com os LIs. O contra-ião pode ser escolhido para ter um efeito

sinérgico sobre os efeitos desejáveis, pode apresentar ação neutralizante dos efeitos

secundários ou até mesmo atuar isoladamente como um fármaco de ação diferente. [9]

A seleção de iões na formação de LIs-APIs é um processo complicado, uma vez que

nem todos poderão ser convertidos a tal. Assim, a conceção de LIs-APIs não reside na junção

de dois ingredientes ativos, mas antes, na escolha correta do contra-ião que associado com o

princípio ativo possa originar um LI. [8; 9]

2.2 – ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES (AINEs)

Os AINEs são a classe de medicamentos mais prescritos em todo o mundo. Em

Portugal cerca de 800 mil pessoas consomem, diariamente, estes anti-inflamatórios. [10]

Estes medicamentos têm indicações no alívio da dor aguda e crónica, na terapêutica da

inflamação e na redução de estados febris.

O mecanismo de ação dos AINEs passa por inibir a enzima cicloxigenase (COX),

responsável pela síntese das prostaglandinas, que possui duas isoformas, a COX-1 e a COX-2.

A COX-1, dita constitutiva, auxilia na manutenção da integridade da mucosa gastroduodenal,

hemostase vascular, agregação plaquetária e modulação do fluxo renal. A COX-2 é indutível,

geralmente indetetável na maioria dos tecidos, sendo a sua expressão aumentada em processos

inflamatórios. As propriedades anti-inflamatórias dos AINEs são mediadas através da inibição

da COX-2, enquanto os efeitos adversos como

as úlceras pépticas, a inibição do tromboxano e

da agregação plaquetária resultam da supressão

da atividade da COX-1 (Figura 2). [11]

Figura 2 – Papel das COX-1 e COX-2 na síntese das prostaglandinas.

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Os anti-inflamatórios testados neste trabalho de investigação foram o ibuprofeno, o

naproxeno e o cetoprofeno. Estes foram utilizados para comparar a sua ligação à ASH com a

dos respetivos LIs-APIs.

Os AINEs em estudo pertencem à classe dos derivados do ácido propiónico. Estes são

rápida e quase completamente absorvidos pelo tubo digestivo, ligando-se intensamente às

proteínas plasmáticas, em percentagem que pode atingir os 99%. Estes são fortemente

biotransformados, dando origem a compostos inativos, os quais são quase totalmente

eliminados por via urinária. Os tempos de semi-vida (t1/2) são bastante variáveis, 2 a 4 horas

para o ibuprofeno, 13 horas para o naproxeno e 1 a 4 horas para o cetoprofeno. [11]

2.3 – ENSAIO BIOFARMACÊUTICO: INTERAÇÃO LIs-APIs – ASH

Após a absorção do fármaco para a corrente sanguínea, este poderá ligar-se a proteínas

existentes no plasma. A capacidade de ligação varia de fármaco para fármaco e por norma

ocorre de forma reversível, existindo um equilíbrio dinâmico entre a quantidade de fármaco

livre e de fármaco ligado às proteínas. Desta forma, a ligação às proteínas plasmáticas é

importante porque para além de permitir o transporte e distribuição, também é responsável

pela manutenção dos níveis de fármaco. No entanto, apenas o fármaco na sua forma livre

consegue penetrar as biomembranas, distribuir-se pelos tecidos e sofrer metabolismo e

excreção. Assim, só o fármaco no seu estado livre, presente nos tecidos, é que consegue

exercer o efeito farmacológico.

A ligação às proteínas plasmáticas pode aumentar a solubilidade no plasma, diminuir a

toxicidade e/ou proteger contra a oxidação do ligando. Por outro lado, poderá ser um grande

contributo para o aumento do t1/2 de

alguns fármacos in vivo.

No plasma existem proteínas

numa percentagem de cerca de 6 a

8% sendo a albumina, a α-1-

glicoproteína ácida e as lipoproteínas

as mais abundantes, respetivamente

(Figura 3). [12]

Figura 3 – Composição do plasma. Adaptado de [13].

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2.3.1 – Albumina do Soro Humano (ASH)

De todas as proteínas plasmáticas existentes, destaca-se a ASH por esta ser a mais

abundante e, a mais importante no transporte de compostos endógenos e exógenos, razão pela

qual é considerada como um modelo para o estudo da interação in vitro dos fármacos com as

proteínas plasmáticas. Esta proteína, tal como muitas outras presentes no plasma, é sintetizada

e secretada pelas células do fígado.

A ASH é uma proteína não glicosilada constituída por uma única cadeia peptídica

composta por 585 aminoácidos e que contém três domínios homólogos (I, II e III). Cada

domínio é composto por dois subdomínios separados (A e B). [14]

A organização estrutural da ASH fornece vários locais de ligação ao ligando. Esta

possui sete fendas de ligação, às quais se ligam diversos compostos incluindo ácidos gordos

(FA1-FA7). Particularmente, na fenda FA1 ligam-se grupos heme, na FA3 e FA4 ácidos

carboxílicos aromáticos e na fenda FA7 aniões heterocíclicos volumosos, tal como os AINEs

(Figura 4). [14]

A albumina é capaz de interagir com uma grande diversidade de fármacos. Por norma,

esta interação é reversível e estereoseletiva, sendo que as moléculas poder-se-ão ligar a um ou

mais locais de alta afinidade.

Assim, a ligação entre a ASH e os fármacos revela-se importante no estudo e

avaliação da distribuição desses mesmos fármacos pelo organismo.

Figura 4 – Estrutura tridimensional da ASH. Retirado de [14]

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O estudo da interação fármaco/ASH é feito tendo por base a fluorescência intrínseca

da própria albumina. Essa fluorescência é devida à presença de fluorocromos, sendo o

triptofano o principal responsável. [14]

2.3.2 – Constante de Dissociação (Kd)

A constante de dissociação é geralmente utilizada para descrever a afinidade entre um

ligando (por exemplo, um fármaco) e uma proteína, isto é, a força de ligação entre ambos.

A afinidade ligando/proteína é influenciada por interações intermoleculares não

covalentes, tais como pontes de hidrogénio, interações eletrostáticas, interações hidrofóbicas e

forças de Van der Walls.

A formação de um complexo (C) entre um ligando (L) e uma proteína (P) pode ser

descrita por um processo de dois estados: [15]

A constante de dissociação correspondente é definida por: [15]

Quanto menor for o Kd, maior é a força de ligação entre o ligando e a proteína, ou

seja, maior é a afinidade entre ambos. [15]

O cálculo dos valores experimentais é feito de acordo com o modelo de Langmuir: [15]

Em termos de sinal de emissão de fluorescência, a equação pode ser reescrita da

seguinte forma: [15]

O ymax corresponde à intensidade máxima de fluorescência registada.

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Para além disso, é possível calcular o número de locais de ligação (n) da

enzima/proteína com o ligando pela seguinte equação:

A equação anterior considera que a [L] livre é similar à [C]. Porém, no caso do ligando

possuir alta afinidade para o recetor, à medida que o ligando estabelece ligação com a

proteína, a [L] livre diminui. De forma a considerar esta depleção de ligando, deve-se utilizar

a seguinte expressão: [15]

Uma vez conhecido o valor de Kd, é possível determinar o parâmetro termodinâmico

∆G através da seguinte expressão: [15]

∆G = -RTlnKd

Onde, ∆G é a variação de energia livre de Gibbs, R é a constante universal dos gases

ideais e T a temperatura expressa em Kelvin.

2.4 – METODOLOGIAS ESPETROFOTOMÉTRICAS

No estudo da ligação dos LIs com a ASH é necessário recorrer a metodologias

espetrofotométricas que permitem quantificar essa ligação. A espetrofotometria no

ultravioleta-visível (UV-visível) tem por objetivo determinar a absorvância do LI, num

determinado comprimento de onda de excitação (λex), que é utilizada para corrigir a

intensidade de fluorescência obtida. Por sua vez, para quantificar a intensidade de

fluorescência recorre-se à espetrofluorimetria.

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2.4.1 – Espetrofotometria no UV-visível

A absorção de radiação eletromagnética na região do UV (100-400 nm) e visível (400-

800 nm) por parte de moléculas, átomos ou iões está, por norma, associada a transições

eletrónicas. Essas transições ocorrem por interação da radiação com o meio absorvente,

promovendo a passagem de eletrões dum estado de baixa energia para outro de energia mais

elevada. [16]

A quantidade de luz absorvida quando um feixe de radiação atravessa o meio

absorvente depende da concentração, do coeficiente de absorção molar da espécie absorvente

e do percurso ótico.

A intensidade de um feixe de radiação é atenuada ao atravessar um meio que contém

uma espécie absorvente (Figura 5).

Considerando apenas os processos de absorção, a intensidade do feixe transmitido, I,

relaciona-se com a do feixe incidente, I0, pela lei de Beer: [16]

I = I0-ε(λ)cb

ε(λ) – coeficiente de absorção molar ao comprimento de onda

c – concentração da espécie absorvente

b – percurso ótico da radiação no meio

Figura 5 – Processos que ocorrem quando um feixe de radiação incide numa célula.

Adaptado de [16].

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Por norma, antes de iniciar qualquer ensaio num espetrofotómetro, deve-se fazer a

baseline, isto é, ler-se a absorvância do “branco”. Automaticamente o instrumento efetua o

desconto da transmitância nas amostras. A transmitância é a razão entre intensidades: [16]

A transmitância é vulgarmente substituída pela absorvância: [16]

-log10T = ε(λ)cb = A

2.4.2 – Espetrofluorimetria

A espetrofluorimetria é um método de análise usado na determinação quantitativa ou

qualitativa de substâncias que são capazes de emitir fluorescência. Esta técnica tem sido a

mais utilizada no estudo da ligação de fármacos à ASH devido à sua sensibilidade, precisão,

rapidez e facilidade de execução. [17]

O fenómeno de fluorescência ocorre quando uma radiação a um determinado

comprimento de onda (λ) excita a molécula, conduzindo à transição de eletrões do estado

fundamental para o estado excitado. Quando os eletrões passam ao estado de energia inferior,

é emitida energia sob a forma de luz.

Na ligação de uma molécula à ASH, as interações estabelecidas poderão gerar uma

diminuição da fluorescência intrínseca dos fluorocromos. O fenómeno de desativação de

fluorescência é conhecido como quenching e permite a determinação do Kd, bem como a

avaliação da força e extensão de ligação do fármaco.

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3 – MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – REAGENTES E SOLUÇÕES

As soluções aquosas foram preparadas utilizando água de alto grau de pureza, com

uma condutividade específica inferior a 0,1 µScm-1

, obtida a partir de água de consumo por

passagem em resinas de permuta iónica, incorporadas num aparelho de desionização da marca

Milli-Q®, modelo RG. Os reagentes usados possuíam qualidade analítica adequada.

A ASH (fração V) e os AINEs, ibuprofeno, naproxeno e cetoprofeno foram adquiridos

à Sigma Aldrich Co. e utilizados sem purificação adicional. A ASH foi armazenada no

frigorífico.

Os LIs testados, ibuprofenato de colina, naproxenato de colina e cetoprofenato de

colina foram sintetizados e disponibilizados pela Viena University of Technology,

armazenados à temperatura ambiente, em ambiente anidro cuidadosamente controlado e ao

abrigo da luz.

A solução tampão fosfato era constituída por cloreto de sódio (140 mM),

hidrogenofosfato de sódio di-hidratado (7,5 mM) e dihidrogenofosfato de potássio (1,5 mM) e

o seu pH ajustado a 7,4 unidades. Esta solução era armazenada no frigorífico, permanecendo

estável durante pelo menos três semanas.

A “solução-mãe” de ASH era preparada em água de alto grau de pureza.

As soluções concentradas de fármacos e LIs-APIs (Tabela 2) foram preparadas em

solução tampão fosfato, tendo a dissolução sido auxiliada, quando necessário, por meio da

utilização de um banho de ultrassons. As “soluções-mãe” de LIs-APIs eram preparadas

diariamente.

Tabela 2 – Concentrações otimizadas para o estudo do Kd dos LIs/fármacos

LI/fármaco [LI/fármaco] [solução-mãe ASH] [ASH] final

Ibuprofenato de

colina e Ibuprofeno

2,5; 10; 250; 500;

750; 1000 µM 0,48; 6; 30; 60 µM 0,16; 2; 10; 20 µM

Naproxenato de

colina e Naproxeno 300 µM 30 µM 10 µM

Cetoprofenato de

colina e Cetoprofeno 100 µM 6 µM 2 µM

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Foram testadas várias combinações de concentrações de LIs-APIs/fármaco e ASH

como pode ser observado na Tabela 2.

3.2 – INSTRUMENTAÇÃO

Os reagentes usados na preparação das soluções foram pesados rigorosamente numa

balança analítica Kern® ABT 120-SDM. A dissolução era feita em material de vidro classe A

ou equivalente, convenientemente lavado.

Para a medição de volumes das soluções foram utilizadas pipetas automáticas

Discovery Pro®

de volume variável e com capacidades máximas de 100 e 1000 µL.

Para a determinação do pH da solução tampão foi usado um multivoltímetro Crison

Instruments® pH Meter GLP 22, acoplado a um elétrodo de vidro combinado da mesma

marca, com elétrodo de Ag/AgCl como elétrodo de referência. A calibração do elétrodo era

efetuada através de padrões comerciais de pH.

Para facilitar a dissolução dos fármacos e LIs-APIs foi utilizado um banho de

ultrassons da Seleta®.

As medições da absorvância foram realizadas num espetrofotómetro de duplo feixe,

Jasco® V-660, usando células de quartzo com 1 cm de percurso ótico, entre 220 e 500 nm.

As medições da intensidade de fluorescência foram efetuadas num espetrofluorímetro

Perkin Elmer® LS 50B, ligado a um dispositivo de controlo da temperatura por circulação de

água termostatizada, o que permitiu a realização dos ensaios à temperatura de 37,0 ± 0,1 ºC.

Todas as determinações foram efetuadas em células de quartzo com 1cm de percurso ótico, a

uma velocidade de varrimento de 500 nm/min. A intensidade de fluorescência era adquirida

nas condições abaixo apresentadas (Tabela 3).

Tabela 3 – Condições otimizadas para a leitura pontual da fluorescência

LI/fármaco λex λem Slitex (a)

Slitem (a)

Ibuprofenato de colina e

Ibuprofeno 280 nm 340; 350 nm 5; 15 5; 15

Naproxenato de colina e

Naproxeno 295 nm 320 nm 5 5

Cetoprofenato de colina

e Cetoprofeno 280 nm 330 nm 5 5

(a) largura de fenda

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3.3 – MÉTODO PARA A DETERMINAÇÃO DO Kd

Nos ensaios de desativação da fluorescência procedeu-se à adição de 500 µL de

solução de ASH de concentração fixa (concentração final de 2 e 10 µM) a diferentes volumes

de “solução-mãe” dos fármacos/LIs-APIs de modo a obter soluções com concentração

crescente dos mesmos (Anexo A). O tampão fosfato de pH 7,4 era usado para perfazer o

volume final de 1500µL. As referências foram preparadas de igual forma, mas sem a adição

do fármaco. Posteriormente, as amostras e referências eram incubadas a 37,0 ºC, durante

aproximadamente 10 minutos. A leitura da intensidade de fluorescência foi efetuada de

acordo com as condições descritas na Tabela 3.

Os valores de intensidade de fluorescência foram corrigidos, devido à contribuição de

alguns fatores para a dispersão da luz, através da subtração dos valores de intensidade de

fluorescência das referências. Contudo, estas contribuições foram sempre desprezáveis

(menos de 0,5%).

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4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho aqui apresentado baseou-se no estudo da interação dos LIs-APIs/fármacos

selecionados com a ASH, através da determinação experimental do Kd, de modo a recolher

informações que podem ser úteis na previsão e compreensão dos processos de distribuição e

bioacumulação no organismo. Para tal, recorreu-se à espetrofotometria no UV-Visível que

permitiu a leitura da absorvância e à espetrofluorimetria que permitiu a determinação da

intensidade de fluorescência. Após a subtração dos valores de intensidade de fluorescência

das referências procedeu-se ao cálculo dos valores de Kd com e sem depleção do ligando.

Para o ibuprofeno e o ibuprofenato de colina não foi possível a determinação do Kd

por esta metodologia espetroscópica. Apesar de terem sido testadas várias combinações de

concentrações para este LI-API/fármaco e para a ASH, não se conseguiram obter diferenças

significativas nos valores de intensidade de fluorescência entre os diferentes padrões testados.

Os resultados obtidos nos estudos de ligação dos LIs-APIs/fármacos à ASH

encontram-se compilados na Tabela 4.

Tabela 4 - Resultados dos parâmetros calculados a partir do estudo da interação dos LIs-APIs

e dos fármacos testados com a ASH, a 37,0 ºC.

LI-API/fármaco(a)

Kd (µM) ΔGbinding

(Kcalmol-1

) Binding sem

depleção do ligando

Binding com

depleção do ligando

Naproxeno sódico 28,9768±3,7590 22,5861±3,5999

-6,58 R

2= 0,9872 R

2= 0,9933

Cetoprofeno 5,0091±0,6400 3,8368±0,5757

-7,68 R

2= 0,9464 R

2= 0,9761

Naproxenato de colina 20,0532±2,6375 14,7115±2,4506

-6,85 R

2= 0,9935 R

2= 0,9958

Cetoprofenato de colina 6,4841±0,5394 5,1132±0,5199

-7,50 R

2= 0,9760 R

2= 0,9874

(a) O número de locais de ligação para todos os casos foi de n=1.

Da análise da Tabela 4 verifica-se que todos os compostos estudados estabelecem uma

ligação forte à ASH (Kd <100 µM) e que todas as interações ocorrem de forma espontânea

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(∆G <0). Para além disso, verifica-se que o naproxenato de colina estabelece uma ligação

mais forte à ASH em comparação com o naproxeno (valor de Kd inferior). Por sua vez, com o

cetoprofenato de colina a ligação à ASH parece ser afetada negativamente comparado com o

cetoprofeno (valor de Kd supeior). Neste contexto, e atendendo ao facto dos LIs-APIs

selecionados apresentarem o mesmo catião (colina), as alterações observadas poderão ser

devidas à influência do anião.

A título de exemplo são apresentados nas Figuras de 6 a 9 os gráficos do ajuste da

desativação da fluorescência intrínseca da ASH para concentrações crescentes dos LIs-

APIs/fármacos em estudo.

Figura 6 – Representação gráfica do ajuste da desativação da fluorescência da ASH por

concentrações crescentes de naproxeno, segundo o modelo de Langmuir.

0 50 100 150 200

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Naproxeno sódico

Model: Langmuir

Chi^2/DoF = 0.97195

R^2 = 0.98309

Kd 27.48797 ±2.15714

ymax 40.03054 ±0.76088

% Q

ue

nch

ing

[Naproxeno sódico] (µM)

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Figura 7 – Representação gráfica do ajuste da desativação da fluorescência da ASH por

concentrações crescentes de cetoprofeno, segundo o modelo de Langmuir com o cálculo do

número de locais de ligação.

Figura 8 – Representação gráfica do ajuste da desativação da fluorescência da ASH por

concentrações crescentes de naproxenato de colina, segundo o modelo de binding com

depleção do ligando.

0 10 20 30 40

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

Cetoprofeno

Model: Locais de ligação

Chi^2/DoF = 1.81342

R^2 = 0.97345

ymax 37.42125 ±45185485.28814

n 1.06918 ±1291013.86538

Kd 5.91416 ±0.67808

% Q

ue

nch

ing

[Cetoprofeno] (µM)

0 50 100 150 200

0

10

20

30

40

50

Naproxenato de colina

Model: Binding forte

Chi^2/DoF = 0.52994

R^2 = 0.99627

Kd 15.93542 ±0.78882

En 10 ±0

c1 4.90408 ±0.0431

% Q

ue

nch

ing

[Naproxenato de colina] (µM)

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Figura 9 – Representação gráfica do ajuste da desativação da fluorescência da ASH por

concentrações crescentes de cetoprofenato de colina, segundo o modelo de binding com

depleção do ligando.

Através da análise dos gráficos é possível verificar que, com o aumento da

concentração de LI-API/fármaco, há um aumento da percentagem de quenching, indicando

um aumento da fração de LI-API/fármaco ligada à ASH. Para além disso verifica-se a

estabilização da % Quenching que sugere uma saturação dos locais de ligação.

Genericamente, de acordo com os resultados obtidos, pode-se antever que o

naproxenato de colina e o cetoprofenato de colina apresentam potencial ao nível da

distribuição e, consequentemente, exercerão a sua ação no organismo.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40

0

5

10

15

20

25

30

Cetoprofenato de colina

Model: Binding forte

Chi^2/DoF = 1.3326

R^2 = 0.98047

Kd 5.17916 ±0.73506

En 2 ±0

c1 15.93621 ±0.61811

% Q

ue

nch

ing

[Cetoprofenato de colina] (µM)

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ANÁLISE CRÍTICA

Os três meses de estágio no laboratório de química aplicada foram uma mais-valia no

meu percurso académico, isto porque fortaleceram e amplificaram os conhecimentos sobre

outra saída profissional do técnico de farmácia.

O estágio em investigação trata-se de uma oportunidade única, visto que apresenta

características distintas comparativamente com o estágio em farmácia hospitalar e farmácia

comunitária.

Apesar de não ser o primeiro estágio efetuado num laboratório, considero que se tratou

de uma experiência valiosa, principalmente ao nível da manipulação de equipamentos

espetrofotométricos.

Com o estágio na FFUP consegui aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo dos

três anos de licenciatura. Também adquiri outras competências que me foram úteis para o

desenrolar de todo o trabalho desenvolvido ao nível do laboratório de investigação.

Com o decorrer do estágio fui-me adaptando com relativa facilidade às diversas

atividades realizadas no dia-a-dia, sendo capaz de as fazer com autonomia.

Considero que um estágio em investigação deve ser realizado por períodos de tempo

mais alargados, a fim de os estudantes conseguirem reter o máximo de conhecimentos e de

experiência possíveis.

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CONCLUSÃO

Com a realização do Estágio Profissional I tive a oportunidade de desenvolver,

principalmente, os conteúdos abordados na UC de Farmacologia, Toxicologia e Práticas

Laboratoriais em Farmácia.

Este estágio potenciou os meus conhecimentos sobre o processo de absorção,

distribuição, metabolismo e eliminação (ADME) e permitiu adquirir outros importantes na

área da química analítica.

A determinação da afinidade às proteínas plasmáticas, in vitro, é útil na previsão da

distribuição e bioacumulação de um composto in vivo, isto é, na segunda etapa do processo

ADME.

Os objetivos propostos inicialmente foram alcançados com sucesso, porém não foi

possível determinar os valores de Kd do ibruprofeno e ibuprofenato de colina pelo método

utilizado.

Os resultados do estudo da interação dos LIs-APIs/fármacos à ASH revelaram que o

naproxenato de colina estabelece uma ligação mais forte com a ASH, comparativamente com

o naproxeno. Relativamente ao cetoprofenato de colina verifica-se o oposto, sendo a ligação à

ASH mais fraca do que a do cetoprofeno. No geral, e tendo em conta estes resultados, o

naproxenato de colina revela ter potencial para exercer a sua ação farmacológica in vivo.

Ao longo desta etapa académica senti maiores dificuldades na pesagem dos LIs-APIs

pelo facto de envolver massas muito pequenas e destes compostos serem bastante

higroscópicos. Dado isto, recomenda-se a preparação de uma solução de maior concentração e

efetuar uma diluição a partir dessa. Outra sugestão seria colocar a balança num

compartimento isolado de humidade e evitar correntes de ar e vibrações no momento da

pesagem.

Como novas abordagens sugere-se a realização de outros tipos de estudos para os LIs-

APIs, como por exemplo avaliar a toxicidade e estabilidade destes compostos. Também se

poderá associar outro catião de forma a melhorar as características dos AINEs.

Com este trabalho torna-se importante alargar a aplicação destas metodologias a

outros LIs-APIs, com o objetivo de recolher dados que confirmem a sua viabilidade. Assim,

será possível direcionar a pesquisa, após seleção dos compostos mais promissores do ponto de

vista farmacológico, minimizando os custos envolvidos.

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ANEXOS

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Anexo A – Folha de preparação do ensaio da desativação da fluorescência da ASH para o

naproxenato de colina