Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO VIVEIRO DE MUDAS BAMBU CARBONO ZERO ROBSON BELLI MARTIGNAGO BLUMENAU 2014

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Relatório de estágio supervisionado realizado na Bambu Carbono Zero.

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

VIVEIRO DE MUDAS – BAMBU CARBONO ZERO

ROBSON BELLI MARTIGNAGO

BLUMENAU

2014

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ROBSON BELLI MARTIGNAGO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

VIVEIRO DE MUDAS - BAMBU CARBONO ZERO

Relatório Final de Estágio

Supervisionado do Curso de Engenharia

Florestal do Centro de Ciências

Tecnológicas da Universidade Regional

de Blumenau.

Orientador: Prof. Dr. Lauri Armandio

Schorn

BLUMENAU 2014

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Vanilda Belli Martignago e Raimundo Martignago pela

confiança, amor, incentivo e apoio incondicional.

A minhas irmãs Rayza Belli Martignago e Rosana Alves Antunes.

Aos amigos Ciro Duarte de Paula Costa e Valéria Mariano da Silva, Silas Belli

Nunes, Carlos Alexandre Gehlen e Roberta Saldanha Triviño por toda parceria e

companheirismo.

Aos proprietários Danilo Candia e Renata Tilli da empresa BAMBU

CARBONO ZERO que se comprometeram e possibilitaram a realização deste

sonho.

Aos demais funcionários, em especial ao Alonso Meireles de França

(Supervisor de Produção) pela total atenção durante todo o período de estágio.

A esta universidade e seu corpo docente que oportunizaram a janela que hoje

vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética

aqui presentes.

Ao Prof.º Dr. Dagoberto Stein de Quadros por todo o apoio a mim fornecido

desde o início da graduação.

Ao meu orientador Prof.º Dr. Lauri Amândio Schorn pelo suporte no pouco

tempo que lhe coube e pelas suas correções.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o

meu muito obrigado.

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ROBSON BELLI MARTIGNAGO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO VIVEIRO DE MUDAS

BAMBU CARBONO ZERO

Relatório final, apresentado a

Universidade Regional de Blumenau,

como parte das exigências para a

obtenção do título de Engenharia

Florestal.

Local, 25 de Novembro de 2014.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof.º Dr. Lauri Amândio Schorn

Orientador

________________________________________

Prof.ª Dr. Tatiele Anete Bergamo Fenilli

1ª Examinadora

________________________________________

Prof.ª Msc. Débora Vanessa Lingner

2ª Examinadora

________________________________________

Prof.º Dr. Dagoberto Stein de Quadros

Coordenador de Estágio Supervisionado do Curso de Eng. Florestal/FURB

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 10

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 10

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 10

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 11

3.1 TAXONOMIA ....................................................................................................... 11

3.2 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA................................................................ 11

3.2.1 FOLHAS ........................................................................................................... 12

3.2.2 RAMOS ............................................................................................................ 12

3.2.3 GEMAS ............................................................................................................ 13

3.2.4 FOLHAS CAULINARES ................................................................................... 13

3.2.5 RIZOMAS ......................................................................................................... 14

3.2.6 COLMOS .......................................................................................................... 14

3.2.7 FLORES E FRUTOS ........................................................................................ 15

3.3 CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS

ESPÉCIES ................................................................................................................ 15

3.3.1 LUMINOSIDADE E VENTOS ........................................................................... 15

3.3.2 TEMPERATURA .............................................................................................. 15

3.3.3 PRECIPITAÇÃO ............................................................................................... 16

3.3.4 SOLOS ............................................................................................................. 16

3.4 REPRODUÇÃO E PROPAGAÇÃO VEGETATIVA ............................................. 17

3.4.1 A REPRODUÇÃO DO BAMBU ........................................................................ 17

3.4.2 PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DO BAMBU .................................................... 17

3.4.2.1 PROPAGAÇÃO POR BROTAÇÕES BASAIS DO RIZOMA (CHUSQUÍN) ... 18

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3.5 SUBSTRATOS .................................................................................................... 18

3.6 ENRAIZADORES ................................................................................................ 19

4 ATIVIDADES EXERCIDAS NO ESTÁGIO ............................................................. 20

4.1 PRODUÇÃO DE MUDAS DE Guadua angustifolia. ............................................ 21

4.1.1 Descrição da Atividade ..................................................................................... 21

4.1.2 Método de Repicagem ..................................................................................... 21

4.1.3 Etapas da Produção de Mudas no Viveiro da Bambu Carbono Zero ............... 21

4.2 EXPERIMENTO DE PRODUÇÃO DE MUDAS DE Guadua angustifolia COM

DIFERENTES SUBSTRATOS E BIOESTIMULANTES ENRAIZADORES ............... 22

4.2.1 Descrição da atividade ..................................................................................... 22

4.3 DESCRIÇÃO DA ÁREA ...................................................................................... 23

4.4 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................... 23

4.5 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................................... 25

4.6 COLETA E ANÁLISE DE DADOS ....................................................................... 28

4.7 RESULTADOS .................................................................................................... 30

5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 35

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estruturas vegetais que constituem os bambus lenhosos..........................11

Figura 2: Experimento realizado no estágio...............................................................22

Figura 3: Preparo das mudas (chusquínes) para realizar o experimento..................25

Figura 4: Arranjo espacial da metade do experimento instalado no viveiro de

mudas.........................................................................................................................26

Figura 5: Experimento coberto com sombrite de 75% em local sombreado..............26

Figura 6: Muda após preparo para avaliação.............................................................28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Materiais utilizados no experimento.........................................................22

Tabela 02: Garantias do substrato fornecidas pela Vida Verde.................................23

Tabela 03: Tratamentos utilizados no experimento...................................................24

Tabela 04: Resultados das análises de variância......................................................29

Tabela 05: Resultados segundo o teste de Tukey.....................................................29

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1 INTRODUÇÃO

Os bambus são gramíneas lenhosas ou arborescentes, distribuídas em mais

de 90 gêneros por todo o mundo, e de ocorrência natural em todos os estados

brasileiros (PEREIRA e BERALDO, 2007).

A escassez de pesquisas relacionadas ao cultivo do bambu em larga escala

é evidenciada pela falta de matéria-prima ofertada no mercado, devido à falta de

conhecimento da cultura dos bambus por parte dos agricultores. Para resolver este

problema, é vital o desenvolvimento de pesquisas quanto ao seu cultivo comercial,

com diferentes testes de adubação, espaçamento e manejo (GOMIDE et al. 1981;

BRITO et al. 1986). Além disso, OSTAPIV et al. (2009) apontam para a importância

do ensino e da inovação tecnológica, especialmente nas universidades, para o

desenvolvimento de uma cadeia produtiva do bambu, seja em âmbito regional ou

nacional.

Dentre as diversas propriedades de uso do bambu, destacam-se: seu

potencial para a indústria da celulose, apresentando comprimento de fibras

intermediário às fibras de Eucalyptus spp. (1,0 mm) e as do Pinus spp. (3,5 mm); na

indústria alimentícia, através da produção de brotos comestíveis; na indústria

moveleira, devido a sua alta versatilidade, maleabilidade e confiabilidade; como

elemento estrutural na construção civil seja na forma de colmos ou de madeira re-

engenheirada, principalmente por sua alta resistência mecânica; no uso estético

arquitetônico, explorando sua beleza natural; na elevada contribuição para retirada

de gás carbônico da atmosfera através de seu rápido desenvolvimento vegetativo e

brotações regulares (CASTRO e SILVA, 2010; PEREIRA e BERALDO, 2007; ZHOU,

2003).

Porém, mesmo diante de tantos usos econômicos do bambu, a consolidação

de sua cadeia produtiva nacional ainda é tida como uma realidade distante no Brasil.

A fim de acelerar este processo, foi instituída a Política Nacional de Incentivo ao

Manejo Sustentável e ao Cultivo do Bambu (Lei nº 12.484 de 8 de setembro de

2011), que visa a promoção do uso sustentável de variadas espécies de bambu com

valor econômico, como o Guadua angustifolia Kunth.

Dentro deste contexto apresentado, o presente documento relata as

atividades realizadas no viveiro da empresa Bambu Carbono Zero (BCZ), durante o

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estágio realizado nos meses de agosto a novembro de 2014, no município de Cunha

– SP. Serão descritos as principais ações e os resultados do experimento realizado

para produção de mudas de Guadua angustifolia utilizando diferentes substratos e

bioestimulantes.

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2 OBJETIVOS

As atividades realizadas no viveiro Bambu Carbono Zero atendiam aos

seguintes objetivos:

2.1 OBJETIVO GERAL

Realizar atividades relacionadas à Engenharia Florestal como parte dos

requisitos para cumprimento das atividades curriculares para conclusão do curso de

Engenharia Florestal, atuando em uma empresa produtora e processadora de

bambus.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conhecer e participar na produção de mudas de bambu do viveiro BCZ;

Realizar prospecção de novos clientes;

Acompanhar negociações comerciais de venda de mudas, assessoria para

produção de mudas, plantio e colheita;

Acompanhar o beneficiamento de colmos de bambu;

Implantar um experimento e avaliar a produção de mudas de Guadua

angustifolia sob diferentes tratamentos.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 TAXONOMIA

Os bambus estão classificados na subfamília Bambusoideae, da família

Poaceae, apresentando espécies de 10 cm de altura e 0,5 cm de diâmetro, atém 35

m de altura e 30 cm de diâmetro dos colmos (NUNES e VARGAS, 2005). No total,

são mais de 1.250 espécies distribuídas em 90 gêneros, que podem apresentar

colmos lenhosos ou herbáceos.

O Brasil, em relação aos demais países americanos, possui a maior

diversidade de bambus, compreendendo cerca de 234 espécies, sendo que dessas,

155 possuem colmo lignificado e 75 são herbáceos (FILGUEIRAS e SANTOS-

GONÇALVES, 2004).

A subfamília está dividida em diferentes tribos, sendo os bambus lenhosos

representados nas tribos Bambuseae e Guaduelleae, e os bambus herbáceos

distribuem-se nas tribos Olyreae, Parianeae, Buergersiochloeae e Puelieae

(OHRNBENGER, 1999).

3.2 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA

Considerando que o presente trabalho trata exclusivamente das espécies de

bambus lenhosos, a descrição morfológica abordará as estruturas presentes neste

grupo de espécies.

Os bambus lenhosos são caracterizados morfologicamente por

apresentarem rizomas bem desenvolvidos, colmos lignificados, um complexo

sistema de ramificação, lâmina foliar do colmo decídua, com lígula externa e interna

e florações cíclicas com intervalos longos (SILVA FILHO, 2006).

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Figura 1 - Estruturas vegetais que constituem os bambus lenhosos

.Fonte: Kilombo Tenonde

Tal como as árvores, os bambus apresentam parte superior aérea e parte

inferior subterrânea. A parte aérea é dotada de uma estrutura de sustentação

denominada colmo, que é responsável por fixar os ramos e as folhas.

A parte subterrânea é constituída de rizomas e raízes, responsáveis pela

absorção de água e nutrientes.

3.2.1 FOLHAS

A maioria das espécies de bambus apresenta comportamento semidecíduo,

que perde parte das folhas em determinados período do desenvolvimento. A perda

das folhas é compensada pela rápida reposição foliar (GRECO, 2011).

3.2.2 RAMOS

Segundo Greco (2011), os ramos de bambu são classificados em dois tipos

básicos: os ramos apicais ou ramos laterais, e os ramos basais (chusquines).

Os ramos apicais tem crescimento ortotrópico, crescendo em direção ao Sol,

são dotados de folhas, e estão presentes em todas as espécies de bambus

lenhosos.

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Já os ramos basais, ou chusquines, são exclusivos de algumas espécies do

gênero Guadua, onde os chamados ramos basais crescem nas regiões inferiores do

colmo, com crescimento plagiotrópico (crescimento horizontal), geralmente sem

folhas, e com elevado potencial para propagação.

3.2.3 GEMAS

Presentes na região dos nós dos colmos, ramos e rizomas, as gemas são

estruturas vegetativas que se classificam em gemas axiais, localizada na

intersecção dos pecíolos das folhas com os ramos, e as gemas nodais, presentes

nos nós dos rizomas, dos ramos e dos colmos.

Possuem grande importância para a reprodução vegetativa dos bambus,

sendo o vigor fisiológico das gemas uma das principais características para

determinar o sucesso de um propágulo gerar um novo indivíduo (GRECO, 2011).

3.2.4 FOLHAS CAULINARES

As folhas caulinares, popularmente chamadas de bainhas, possuem a

importante função de proteger os colmos e gemas durantes as fases iniciais de

desenvolvimento, e desprendem-se ao longo do amadurecimento dos colmos

(GRECO, 2011).

São formadas pela bainha, lâmina ou limbo, lígula franjada e duas aurículas

cerdadas, características que podem variar de acordo com cada espécie

contribuindo com sua identificação (LONDOÑO, 1993).

As espécies apresentam diferentes características taxonômicas como

formato, pilosidade e tamanho, sendo de grande valor para identificação das

espécies (GRECO, 2011).

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3.2.5 RIZOMAS

Os rizomas são particularmente importantes para os bambus, tanto

ecologicamente quanto produtivamente. Eles controlam quando o colmo deve se

desenvolver e como deve ser realizada a sua dispersão, além de orientar as

técnicas de propagação vegetativa e transporte e estocagem de nutrientes (LIESE,

1998).

Uma das principais características das espécies de bambu é o seu

desenvolvimento por rizomas, ou caules subterrâneos. Os rizomas são órgãos

segmentados dotados de nós, entrenós e gemas nodais, semelhante aos colmos.

Os rizomas são classificados de acordo com suas características

anatômicas e de padrões de crescimento, sendo divididos em rizoma paquimorfo

(entouceirante), rizoma leptomorfo (alastrantes) e rizoma anfimorfo (hábito de

crescimento misto) (GRECO, 2011).

Como o rizoma é o órgão menos estudado dos bambus, pouco se sabe

sobre suas estruturas anatômicas, logo, as pesquisas aplicadas aos que apresentam

rizoma do tipo anfimorfo, são escassas.

3.2.6 COLMOS

Os colmos dos bambus são caracterizados por apresentar nós e entrenós

em todo seu segmento, podendo variar de diâmetro e comprimento de acordo com a

espécie. São tipicamente ocos, cilíndricos e interrompidos por seções transversais

também denominadas de diafragmas.

Os colmos consistem de três sistemas básicos de tecidos: o dérmico, o

fundamental e o vascular (SAJO e CASTRO, 2003), sendo que suas camadas

externas e internas estão diferenciadas em córtex e medula.

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3.2.7 FLORES E FRUTOS

Os bambus apresentam três tipos básicos de floração: a floração

esporádica, que ocorre apenas em alguns indivíduos de uma população, sendo que

ao florescer a planta ou parte dela morre; a floração do tipo sincrônica, na qual todos

os indivíduos de uma população florescem simultaneamente, podendo a população

morrer ou não; e por fim, a floração de “stress”, que ocorre quando a planta é

submetida a uma agressão ou a uma forte adversidade ambiental. Nesse caso, pode

ocorrer a floração em apenas uma parte da planta.

De acordo com Pandali et al. (2002), os bambus apresentam frutos do tipo

cariopse, noz e baga, principal determinante para a garantia da sua longínqua

viabilidade.

3.3 CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS

ESPÉCIES

3.3.1 LUMINOSIDADE E VENTOS

De acordo com Greco (2011), os bambus lenhosos desenvolvem-se bem em

condições de insolação total, mas toleram o sombreamento.

Outro importante fator a ser observado é a influencia dos ventos sobre o

crescimento dos colmos. Por apresentar excelente resistência à flexão, os bambus

apresentam grande resistência à ação dos ventos, porém quando superior a 80 km/h

é possível que colmos mais jovens sofram danos mecânicos (HERRERA e

ESPINOSA, 2007).

3.3.2 TEMPERATURA

A temperatura é um dos fatores mais limitantes para o desenvolvimento dos

bambus, capaz de condicionar a adaptação de diferentes grupos a determinadas

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condições climáticas. A temperatura média ideal para o desenvolvimento do Guadua

angustifolia é entre 18° e 25° C (INBAR, 2013).

3.3.3 PRECIPITAÇÃO

De acordo com Nieto (2004), a distribuição das chuvas é um importante fator

a ser considerado para o cultivo do bambu, pois em regiões que apresentam

estações secas prolongadas de três a seis meses, pode ocorrer o estresse hídrico,

principalmente nas plantas jovens.

De um modo geral, os bambus desenvolvem-se bem em regiões que

apresentam precipitações que variam de 1.800 a 2.500 mm anuais e umidade

relativa de 75 a 85% (INBAR, 2013).

3.3.4 SOLOS

O fator solo no cultivo do bambu é ainda um assunto pouco estudado no

Brasil.

Em condições naturais de desenvolvimento dos bambuzais, a capacidade de

disponibilidade de nutrientes do solo é a mais importante característica do solo

capaz de influenciar o crescimento dos colmos e a qualidade do bambuzal (GRECO,

2011).

Porém, de acordo com Kleinhenz e Midmore (2001), as características

físicas do solo tais como declividade do terreno, textura, densidade, capacidade de

retenção de umidade e temperatura, constituem importantes fatores para o

desenvolvimento dos bambuzais.

De acordo com Huberman (1959) citado por Montes et al. (1998), grande

parte das espécies de bambu encontradas no país se desenvolvem bem em

terrenos com boa drenagem e variações entre solos franco arenoso e franco

argiloso.

Ao estudar a espécie Guadua angustifolia, Nieto (2004) observou que a

deficiência de elementos como o nitrogênio, fósforo, potássio e boro reduzem sua

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taxa de crescimento e apresentam folhas cloróticas, poucos brotos e colmos finos. O

autor ainda observou que solos com pH inferior a 5,0 com presença de alumínio são

limitantes para o crescimento da espécie, sendo determinado uma faixa de pH entre

5,9 e 6,9 como ponto ótimo de desenvolvimento.

3.4 REPRODUÇÃO E PROPAGAÇÃO VEGETATIVA

3.4.1 A REPRODUÇÃO DO BAMBU

Em geral, cada espécie possui uma forma apropriada de propagação devido

às suas condições genéticas, no entanto, a sua propagação pode ocorrer

frequentemente por reprodução sexuada.

A reprodução do bambu ocorre através da germinação de suas sementes,

que possibilita a obtenção de novos indivíduos com características genéticas

diferentes da planta mãe, garantindo uma maior variabilidade genética na produção

(GRECO, 2011).

Esta técnica é ainda pouco utilizada pela dificuldade de obtenção de

sementes de bambu, devido à sua esporádica floração e baixo poder de germinação

prolongado.

3.4.2 PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DO BAMBU

Tendo em vista as dificuldades e a demora na obtenção de novas plantas

através da reprodução sexuada do bambu, surgiu a necessidade da utilização de

técnicas de propagação vegetativa para acelerar o processo de produção de mudas.

Através da sua reprodução assexuada por partes vegetativas da planta, tais

como ramos, gemas, colmos e rizomas, é possível realizar o plantio de grandes

áreas.

De acordo com Ostapiv (2007), a propagação vegetativa do bambu pode ser

realizada pela macropropagação, onde os colmos ou rizomas são separados da

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planta-mãe e enraizados em substrato, ou ainda realizados pela micropropagação,

onde são retirados explantes da planta-mãe e cultivados em meio de cultura.

Por meio da técnica de micropropagação de mudas de bambu pode-se

maximizar a produção de mudas, pois permite gerar múltiplos indivíduos a partir de

uma pequena parcela da planta mãe.

Existem inúmeras formas de propagação vegetativa do bambu, tais como:

propagação por ramos basais e apicais, transplante de rizoma, placas de colmo,

frações do colmo (colmo enterrado), brotações basais do rizoma (chunquín), riendas,

mergulhia e cultura de tecidos (in vitro). Porém neste trabalho será apenas abordado

o método de propagação por brotações basais do rizoma ou chusquín, por ser o

método mais adequado para propagação de Guadua angustifolia (INBAR, 2013).

3.4.2.1 PROPAGAÇÃO POR BROTAÇÕES BASAIS DO RIZOMA (CHUSQUÍN)

Utilizada apenas para a propagação da espécie Guadua angustifolia, o

método de propagação do tipo chusquín consiste na extração de pequenas plântulas

provenientes de gemas basais de rizomas, ao qual são ativadas após o primeiro

mês de colheita de um colmo (GRECO, 2011).

Após a retirada da plântula, o transplante para o local de plantio deve ser

realizado de maneira imediata para garantia de sobrevivência. Já enraizado no

substrato, os chusquínes passarão a multiplicar-se por meio de novas brotações

(GRECO, 2011).

3.5 SUBSTRATOS

Responsáveis por suportar as raízes das plantas, os substratos auxiliam na

retenção de líquido de forma a disponibilizar água e nutrientes para as plantas

(MELLO et al. 2006).

O solo mineral foi o primeiro material utilizado como substrato no cultivo de

diferentes culturas. Hoje, a maior parte dos substratos são compostos de

combinações de dois ou mais componentes de forma a alcançar as propriedades

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químicas e físicas adequadas às necessidades de cada cultura (FONTENO et al.

1981).

Dessa forma, diversos tipos de compostos são utilizados na formulação de

substratos para a produção de mudas, dentre eles a vermiculita, a areia, o composto

orgânico, os estercos suínos e bovinos, a serragem e o húmus.

Altamente utilizada na composição de substratos, a areia é responsável por

garantir uma boa estabilidade estrutural do substrato, inatividade química,

apresentar facilidade de limpeza e possuir um baixo custo.

Dentro deste contexto, para garantir a qualidade adequada ao

desenvolvimento da planta, diferentes composições comerciais de substrato têm

sido

3.6 ENRAIZADORES

Para a melhor formação da arquitetura radicular da planta objetivando

maiores produtividades, são utilizados enraizadores para estimular e aumentar a

formação de raízes do bambu (BERTICELLI; NUNES, 2008).

Tecnologias inovadoras vêm sendo empregadas com o intuito de aumentar a

produtividade de diferentes culturas no país, sobretudo a produção referente a

gramíneas.

Page 21: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

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4 ATIVIDADES EXERCIDAS NO ESTÁGIO

Ao longo dos 75 dias de estágio na empresa Bambu Carbono Zero,

destacaram-se dentre as diversas atividades realizadas:

Organização e adequação da infraestrutura do viveiro de mudas;

Responsável pela articulação da doação de 400 mudas de Dendrocalamus

giganteus para pesquisas entre a empresa Bambu Carbono Zero e as

instituições, Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Centro

Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA);

Acompanhamento da colheita de Dendrocalamus spp., em fazenda de

produtor rural, no dia 21 de outubro de 2014, na companhia do coordenador

de produção, Alonso Meireles de França;

Participação e exposição da empresa no 10° Dia de Campo Florestal na

UNESP em Botucatu – SP;

Acompanhamento comercial em negociação de venda de mudas, assessoria

para produção de mudas, plantio e colheita;

Pesquisa comercial de possíveis silvicultores de bambu e empreendimentos

com possibilidade de mudança da matéria prima atual para bambu;

Acompanhamento do beneficiamento de bambu;

Visita aos plantios de Guadua angustifolia, Dendrocalamus spp.,

Phyllostachys aurea Riviere & C. Riviere no Instituto Jatobás;

Planejamento do segundo experimento (mesmos tratamentos, outro método

de propagação, por ramos secundários de Guadua angustifolia).

Além das ações supracitadas, a principal atividade do estágio se concentrou

na produção de mudas de bambu com fim comercial e experimental, por isso, o

presente documento e relato técnico concentram-se na produção de mudas de

bambu da espécie Guadua angustifolia.

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4.1 PRODUÇÃO DE MUDAS DE Guadua angustifolia.

4.1.1 Descrição da Atividade

As matrizes de Guadua angustifolia utilizadas para repicagem são provindas

da Colômbia e originárias de chusquines. O “Chusquín” é uma pequena e fina planta

de bambu com folhas, colmo, rizoma e raízes. Tem como função a propagação da

espécie, são produzidas pela touceira quando sofre algum estresse, seja por fogo,

vento ou degradação antrópica, deixando as plantas adultas sem folhas. Cada

chunquíne é plantado em solo, onde brotará novos chusquínes para posterior

repicagem e produção das mudas. (INBAR, 2013).

4.1.2 Método de Repicagem

O método consiste na retirada das mudas do solo com o auxílio de uma

pazinha larga, sendo mergulhadas em água para desprendimento do solo aderido.

Destacam-se os indivíduos e podam-se as raízes e algumas ramas com folhas para

acomodação dos chusquínes em bandeja.

As bandejas utilizadas possuem dimensão de 54 cm de comprimento, 28cm

de largura e 09 cm de altura, possuindo 50 células com 80 cm³ de volume cada.

Durante a execução desta etapa no período de estágio, foram repicadas

4.550 mudas de Guadua angustifolia, em um período de sete dias, com 8 horas

trabalhadas por dia. Cada bandeja leva em média 35 minutos para ficar pronta, e

para cada saco de substrato são produzidas 11 bandejas com 50 mudas cada,

totalizando 550 mudas por saco.

4.1.3 Etapas da Produção de Mudas no Viveiro da Bambu Carbono Zero

A produção de mudas de bambu não se difere do sistema produtivo de

mudas florestais convencionais. Tal conclusão é obtida ao observar as práticas de

produção das mudas de Guadua angustifolia no viveiro da BCZ.

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22

Enraizamento: as bandejas são armazenadas em abrigo coberto por três

sombrites 75%, em local sombreado e mantidas sobre irrigação por um

período que varia conforme o período do ano. O fator determinante é

verificado quando ocorre o aparecimento das primeiras folhas e/ou quando a

muda ganha a primeira ou segunda brotação.

Desenvolvimento: após esse período de enraizamento, as mudas são

transferidas para outro abrigo exposto ao sol com dois a três sombrites de

75%, dependendo da época do ano, com maior ou menor incidência de sol,

por um período de 60 a 90 dias, quando a muda apresenta um crescimento

significativo. Após esse período de crescimento vegetativo averiguado, inicia-

se a retirada dos sombrites. A cada 15 dias é retirado um sombrite, após a

retirada do último, as mudas passam para o período de rustificação.

Rustificação: As mudas ficam expostas a pleno sol, por um período de 30

dias e depois podem ser plantadas a campo.

O tempo total de permanência das mudas no viveiro é de aproximadamente

235 dias.

4.2 EXPERIMENTO DE PRODUÇÃO DE MUDAS DE Guadua angustifolia COM

DIFERENTES SUBSTRATOS E BIOESTIMULANTES ENRAIZADORES

4.2.1 Descrição da atividade

Com o intuito de testar diferentes substratos e estimulantes na produção de

mudas de Guadua angustifolia, foi instalado um experimento no viveiro de mudas da

Bambu Carbono Zero, avaliando o desenvolvimento de chusquines, testando o uso

de areia e substrato Tropstrato Florestal e dois bioestimulantes enraizadores.

O experimento foi realizado no período de 02 de outubro a 04 de novembro

de 2014.

Page 24: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

23

Figura 2 – Experimento realizado no estágio.

4.3 DESCRIÇÃO DA ÁREA

O experimento foi realizado nas dependências do viveiro de mudas da

empresa Bambu Carbono Zero, localizado em Cunha – SP. A altitude média é de

1.050 m. Leitão Filho (1982) classificou sua vegetação natural primária como

Floresta Latifoliada Perenifólia do Bioma Mata Atlântica. Latossolos e Cambissolos

álicos são os solos predominantes do município (ARCOVA, 1996).

O município de Cunha possui clima úmido, com fortes influências da altitude

e dos efeitos orográficos da Serra do Mar, apresentando precipitação média anual

de 2.240 mm, distribuídos em um período chuvoso ou úmido (outubro a março) e um

período pouco chuvoso ou pouco úmido (de abril a setembro). A temperatura média

anual é de 16,5 ºC, com 79% de umidade relativa do ar (JICA, 1986; FURIAN, 1987;

ARCOVA et al. 2003).

4.4 MATERIAIS UTILIZADOS

Para realização do experimento, foram utilizados os seguintes itens e

respectivas quantidades:

Page 25: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

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Item Quantidade Unidade

Chusquínes de Guadua angustifolia 800 unid.

Bandejas para mudas – 28 x 27 x 09 cm (80

cm³/célula) 32 unid.

Substrato Tropstrato Florestal 18 kg

Areia lavada 26 kg

Gigamix 0,393 kg

Radimax 0,05 l

Plástico em rolo – 2 m de largura 1,5 m

Regador 10 litros 2 unid.

Pazinha larga 1 unid.

Tesoura de poda 1 unid.

Carrinho de mão 2 unid.

Pá Ajuntadeira 1 unid.

Sombrite – 75% – 14 x 04 m 3 unid.

Luva plástica 1 unid.

Balde – 10 litros 1 unid.

Tabela 1 - Materiais utilizados no experimento

O substrato Tropstrato Florestal da empresa Vida Verde, é à base de casca

de pinus e vermiculita expandida, enriquecido com macro e micronutrientes de

liberação lenta. As garantias fornecidas pela empresa estão descritas na tabela 1.

Tabela 2 - Garantias do substrato fornecidas pela Vida Verde.

Radimax® é um promotor de enraizamento a base de aminoácidos e

extratos vegetais. Ativa o metabolismo vegetal, e a divisão celular das raízes e dos

tecidos jovens, permitindo um melhor enraizamento das plantas, superando o

estresse causado pelos transplantes.

Gigamix® é um insumo mineral complexo que apresenta em sua

composição uma grande variedade de nutrientes obtidos de forma natural,

certificado pela ECOCERT Brasil. Promove o fortalecimento da planta, melhorando o

Page 26: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

25

desenvolvimento do sistema radicular, aumentando a tolerância das plantas a

estresses hídricos e de temperatura.

4.5 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

O experimento foi realizado com 8 tratamentos e 4 repetições cada

tratamento, totalizando 36 unidades amostrais. Os tratamentos são descritos na

tabela abaixo:

Tratamentos Descrição

1 Controle (Areia Lavada)

2 Areia lavada + Radimax

3 Areia lavada + Gigamix

4 Areia lavada + Radimax + Gigamix

5 Substrato Tropstrato Florestal

6 Substrato Tropstrato Florestal + Gigamix

7 Substrato Tropstrato Florestal + Radimax

8 Substrato Tropstrato Florestal + Radimax + Gigamax

Tabela 3 - Tratamentos utilizados no experimento.

A instalação do experimento teve início com as mudas sendo retiradas do

solo com o auxílio de uma pazinha larga e posteriormente mergulhadas em água

para desprendimento do solo aderido. Após esta limpeza, os indivíduos foram

separados entre si, e realizada a poda de raízes e alguns galhos com folhas, para

melhor acomodação nas bandejas e menor transpiração das mudas (Figura 3).

Page 27: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

26

Figura 3 – Preparo das mudas (chusquínes) para realizar o experimento.

Nas bandejas, colocou-se o substrato em 1/3 do volume das células e

posicionaram-se os chusquínes no centro completando-se com substrato e

apertando-o para compactá-lo levemente, cobrindo os espaços vazios e

consequentemente removendo o ar.

O substrato utilizado foi o Tropstrato Florestal da empresa Vida Verde,

descrito na seção 3.5.

Na sequência, os tratamentos com Radimax foram regados com a dose

experimentada.

As concentrações de bioestimulantes (Gigamix e Radimax) utilizadas e os

métodos de aplicação são descritas a seguir:

GIGAMIX: 8,88 gramas por bandeja. Misturado com o substrato, sobre um

plástico, antes da repicagem. Aplicado a cada uma semana, após a

repicagem, através de irrigação com regador, utilizando-se uma dose de 3,13

gramas por bandeja. As aplicações ocorreram nas seguintes datas, 02, 09,

16, 23 e 30 de outubro de 2014.

RADIMAX: 1,56 mililitros por bandeja. Misturado em água, 0,625 litros por

bandeja e aplicado após repicagem por irrigação com regador e com nova

Page 28: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

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aplicação de mesma dose 20 dias após a repicagem. As aplicações

ocorreram nos dias 02 e 22 de outubro de 2014.

O experimento ocupou uma área total de 13,2 m², e seu arranjo espacial no

viveiro pode ser observada na Figura 4.

Figura 4 - Arranjo espacial da metade do experimento instalado no viveiro de mudas.

As bandejas foram acondicionadas em ambiente de enraizamento, abrigo

coberto por três mantas de sombrite 75% em local sombreado e mantidas sobre

irrigação por um período de 32 dias para enraizamento (Figura 5).

Figura 5 – Experimento coberto com sombrite de 75% em local sombreado.

Page 29: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

28

O regime de irrigação foi de trinta minutos todos os dias nos seguintes

horários: 7:30, 10:00, 12:30, 15:00 e 17:00. O tempo e horário variou conforme as

condições climáticas do dia, como temperatura e incidência de sol e ventos.

O sistema de irrigação para o experimento é do tipo fixo, composto por uma

linha principal de 12,0 m de comprimento, irrigação por aspersores, com distâncias

entre si de 1 metro, vazão de 85 litros por hora e alcance máximo de 3,5 m com

pressão de serviço de 1 atm. O período total do experimento foi de 32 dias.

A análise das mudas após o término do experimento contemplou a avaliação

da taxa de mortalidade, comprimento da maior raiz emitida, número de raízes,

comprimento do maior broto, número de brotos, comprimento da maior folha e

número de folhas.

4.6 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Após o término do período de experimento, foram avaliadas variáveis

qualitativas e quantitativas, sendo elas descritas abaixo:

Mortalidade: qualidade atribuída as mudas que apresentaram sintomas

visuais de morte dos tecidos e órgãos vegetais, impossibilitando o desenvolvimento

da mesma;

Tamanho da maior raiz (R): mensuração da raiz com maior comprimento;

N° de raízes (NR): contagem das raízes/radículas emitidas;

Tamanho do maior broto (B): mensuração do broto com maior altura;

N° de brotos (NB): contagem dos brotos emitidos;

Tamanho da maior folha (F): mensuração da folha com maior crescimento;

N° de folhas (NF): contagem das folhas emitidas.

O método de coleta consistiu nas seguintes etapas: retirada de uma muda

por vez da bandeja, imersão e agitação em água para desprendimento do solo,

verificação visual da presença de raízes, brotos ou folhas, se presente, medição e

contagem das mesmas, (Figura 6).

A medição foi realizada com o auxílio de um paquímetro com faixa de 200

mm / 8", resolução de 0,02mm e 0,001" e exatidão conforme norma NBR

NM216:2000 de ±0,03mm e ±0,001".

Page 30: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

29

Os dados foram repassados para o Microsoft Excel 2010 e exportados para

o Assistat 7.7 Beta para análise estatística e diagnóstico do experimento.

Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente

casualizado com 4 repetições e 8 tratamentos.

Os dados foram processados no software Assistat 7,7 beta, onde as médias

dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Figura 6 – Muda após preparo para avaliação.

Page 31: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

30

4.7 RESULTADOS

Os resultados das análises de variância de cada variável avaliada estão

descritas na tabela 4.

VARIÁVEL FOBS Valor p

Maior Folha 1,1216 0,3823

Nº de Folhas 1,6598 0,1669

Maior Broto 4,6433 0,002

Nº de Brotos 1,2958 0,2945

Maior Raiz 1,2833 0,3001

Nº de Raízes 1,1988 0,341

Mortalidade 2,8001 0,0279

Tabela 4: Resultado das análises de variância para cada variável. F = razão da variância entre os tratamentos com a variância dentro dos tratamentos. Quando F < 0,05 existe a evidência de diferença significativa entre os tratamentos desta variável.

A análise de variância demonstrou que as variáveis, maior broto e

mortalidade obtiveram diferença significativa,

A análise estatística dos valores médios das variáveis mensuradas nos

diferentes tratamentos encontram-se na tabela 5.

Variáveis Mensuradas

Tratamento NF

(unid) F

(mm) B

(mm) NB

(unid) R

(mm) NR

(unid) Mortalidade

S+G 0,07a 2,47a 2,35c 0,10a 16,28a 0,77a 7,25ab

S 0,06a 1,85a 2,82bc 0,14a 16,32a 0,62a 11,00a

S+G+R 0a 2,87a 3,14abc 0,04a 25,27a 0,80a 5,50ab

S+R 0,02a 1,84a 2,97bc 0,17a 17,76a 0,57a 9,00ab

A+R 0,12a 3,03a 4,10abc 0,19a 25,49a 0,89a 4,00b

A 0,09a 3,01a 3,60abc 0,22a 18,65a 0,96a 7,00ab

A+G 0,05a 2,87a 5,66a 0,25a 13,82a 0,50a 5,50ab

A+G+R 0,25a 3,11a 5,14ab 0,25a 15,32a 0,62a 6,00ab

Tabela 5: Resultados segundo o Teste de Tukey. Tratamentos com letras diferentes demonstram que se tem diferença significativa entre os mesmos. Variáveis = NF: número de folhas, F: comprimento da maior folha; B: comprimento do maior broto, NB: número de brotos, R: comprimento da maior raiz, NR: número de raízes. Tratamentos = A: areia; S: substrato Tropstrato Florestal; G: gigamix; R: radimax.

O Tratamento 8 (A+G+R) apresentou melhor desempenho nas variáveis NF

e F.

Page 32: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

31

Quanto a variável NB, os tratamentos 7 (A+G) e 8 (A+G+R) apresentaram

os melhores desempenhos. O tratamento 7 também se destacou nos resultados na

variável B.

Quanto as variáveis que avaliam o enraizamento das mudas, o tratamento 5

(A+R) produziu as maiores raízes com média de 25,49 mm, e o tratamento 6 (A)

teve a maior quantidade de raízes por mudas, produzindo em média 0,96

raízes/muda.

Sendo assim, considerando os resultados encontrados, notou-se que alguns

tratamentos apresentaram diferença significativa nos diferentes parâmetros e

tratamentos.

Na variável B os tratamentos 1 (S+G) e 7 (A+G) obtiveram diferença

significativa entre si, sendo que o uso de areia + gigamix proporcionou brotos com

maior altura.

Já na variável mortalidade, os tratamentos 2 (S) e 5 (A+R) apresentaram

diferença significativa. O uso do substrato testado, mostrou-se prejudicial, ocorrendo

a maior mortalidade entre todos os tratamentos.

Uma melhor avaliação dos resultados poderia ser obtida, caso o tempo de

permanência do experimento fosse prolongado.

4.8 DISCUSSÃO

A falta de um método adequado de propagação de bambu é o principal fator

limitante para o seu cultivo em grandes áreas.

De acordo com Valle e Caldeira (1978), um dos principais fatores

responsável pelo sucesso do enraizamento das mudas de bambu é o substrato, que

deve apresentar boas condições de drenagem e estrutura.

Adicionalmente, SINGH et al. (2004), comenta a importância do uso de

estimulantes junto ao substrato apropriado, onde a produção de mudas pode ser

acelerada e ter ganhos de qualidade e vigor.

Quanto ao uso de estimulantes em espécies de bambu, diversos

experimentos já foram realizados com diferentes espécies apontando melhor

Page 33: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

32

desenvolvimento radicular e foliar das mudas quando se fez uso de estimulantes

(AZZINI et al. 1995; AZZINI e SALGADO, 1993; VAMIL et al. 2011).

Finalmente, considerando os resultados supracitados observa-se que o

tempo de avaliação das mudas deveria ser estendido por pelo menos 60 dias, o que

iria permitir um melhor desenvolvimento e crescimento das mudas, contribuindo na

avaliação estatística entre os tratamentos utilizados.

Page 34: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

33

5 CONCLUSÃO

Diante do que foi exposto no presente trabalho, conclui-se que são

necessárias maiores investigações quanto às melhores técnicas de propagação

vegetativa do Guadua angustifolia, visando seu melhor enraizamento.

Adicionalmente, conclui-se que houve diferença significativa entre alguns

tratamentos e variáveis analisadas. Essa observação poderia ser mais evidente com

uma diminuição no número de tratamentos, reduzindo a quantidade de variáveis e

os dados, e aumentando do tempo de execução do experimento.

A vivência proporcionada pelo estágio na empresa Bambu Carbono Zero foi

de extrema valia para a formação acadêmica. As atividades realizadas durante o

estágio possibilitaram a aplicação prática dos conhecimentos técnicos adquiridos

durante o curso de Engenharia Florestal de forma a complementar a formação

técnica profissional.

As recomendações para as atividades exercidas na empresa seriam:

Melhoria na infraestrutura do viveiro: adequação de espaços para a

produção de chusquínes, criação de valetas com 15 cm de

profundidade e preenchidas com areia, para brotação. Ampliação do

berçário. Mudança dos locais de produção das etapas de

desenvolvimento e rustificação.

Adequação e automatização do sistema de irrigação: remontagem do

sistema de irrigação, diminuindo distância entre local de captação da

água e linhas de irrigação; eliminação de linhas terciárias,

permanecendo apenas linhas principal e secundárias. Instalação de

timers para acionamento automático das bombas de irrigação.

Criação de programa de fomento: uma saída para aumentar a venda

de mudas e estimular a introdução do bambu nas propriedades rurais.

Venda das mudas a um preço mais baixo ou mesmo a doação das

mesmas, garantia de assistência técnica na implantação do plantio,

fornecimento dos insumos, e garantia de compra dos colmos para uso

na própria bambuzeria da empresa.

Criação de escalabilidade para beneficiamento de colmos: Produção de

produtos em escala, diminuindo perdas de matéria prima, aumentando

Page 35: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

34

oferta de produto e consequentemente reduzindo preço de venda,

tornando o bambu mais acessível para as classes de consumidores.

O presente trabalho é apenas um grão de areia no oceano se comparado a

todo estudo ainda necessário sobre bambu em nosso país.

Esta classe de plantas já se mostrou de grande poder econômico, social e

ambiental em vários outros países e agora é a vez do Brasil iniciar sua caminhada

para transformar esta planta imensamente marginalizada em um recurso florestal de

grande valor. Somente o incentivo do governo e principalmente, a iniciativa científica

poderão tornar o bambu uma saída para a produção florestal sustentável em nosso

país.

Page 36: Relatório de Estágio - Viveiro Bcz - Versão Final Final

35

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