RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO HR

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Relatório de Vistoria HR 2-8-2010 RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO Hospital da Restauração – HR Av. Agamenon Magalhães, s/n – Derby – Recife – PE CEP: 52010-040 Por determinação deste Conselho fomos ao estabelecimento acima citado verificar suas condições de funcionamento. Foram lavrados dois termos de vistoria, um pela manhã relativo à Emergência Clínica e outro à tarde, quando retornamos para verificar a Emergência Cirúrgica. Na primeira ocasião, participaram da vistoria o médico fiscal, Dr. José Carlos de Alencar, Conselheiro 2º Secretário do CREMEPE e Coordenador do Departamento de Fiscalização e Dr. Silvio Sandro, presidente do SIMEPE. NO retorno à tarde, foram o médico fiscal, Dr. Silvio Sandro, presidente do SIMEPE e Dr. Mário Jorge, Conselheiro. Trata-se de uma unidade pública estadual, que serve de referência para atendimentos de emergência no Estado, concentrando leitos de alta complexidade. Foram identificadas as seguintes situações de atendimento: EMERGÊNCIA CLÍNICA Porta com demanda espontânea e referenciada específica de clínica médica; 02 salas de classificação de risco, com 01 enfermeira plantonista em cada uma, com kit papel toalha, mesa de anotações e cadeiras; Utilizam sistema de classificação distinto da maioria das UPAs, baseado em sintomas; O fluxograma de acesso é o seguinte: Paciente Recepção (retira ficha) Espera da Classificação de Risco Atendimento nas salas de Classificação de Risco (recebe a cor que representa o tempo necessário estimado para atendimento) Familiar ou o próprio paciente vão à Guichê preencher ficha mais completa (“atendimento social”) Consultórios Observação (Salas Vermelha, Laranja, Amarelas e Verdes) ou Internação (enfermarias dos andares do HR); São 04 a 05 clínicos por plantão (escala em anexo) que realizam até 220 atendimentos por plantão de 24 horas; Há 13 plantonistas neurologistas que se revezam em escalas diurnas. Testemunhamos certo conflito do grupo com a direção em relação ao foco do atendimento, pois há nítida insuficiência de neurologistas frente a demanda represada nas salas de observação e à porta; Nas mesmas instalações (anexo térreo do HR, antigo ambulatório) há oferta de ambulatório exclusivo para egressos, como clínica médica no segundo dia, oportunidade desta vistoria. Há

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Por determinação deste Conselho fomos ao estabelecimento acima citado verificar suas condições de funcionamento.

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Relatório de Vistoria HR 2-8-2010

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

Hospital da Restauração – HR Av. Agamenon Magalhães, s/n – Derby – Recife – PE CEP: 52010-040

Por determinação deste Conselho fomos ao estabelecimento acima citado verificar suas condições de funcionamento.

Foram lavrados dois termos de vistoria, um pela manhã relativo à Emergência Clínica e outro à tarde, quando retornamos para verificar a Emergência Cirúrgica. Na primeira ocasião, participaram da vistoria o médico fiscal, Dr. José Carlos de Alencar, Conselheiro 2º Secretário do CREMEPE e Coordenador do Departamento de Fiscalização e Dr. Silvio Sandro, presidente do SIMEPE. NO retorno à tarde, foram o médico fiscal, Dr. Silvio Sandro, presidente do SIMEPE e Dr. Mário Jorge, Conselheiro.

Trata-se de uma unidade pública estadual, que serve de referência para atendimentos de emergência no Estado, concentrando leitos de alta complexidade.

Foram identificadas as seguintes situações de atendimento:

EMERGÊNCIA CLÍNICA

� Porta com demanda espontânea e referenciada específica de clínica médica; � 02 salas de classificação de risco, com 01 enfermeira plantonista em cada uma, com kit papel

toalha, mesa de anotações e cadeiras; � Utilizam sistema de classificação distinto da maioria das UPAs, baseado em sintomas; � O fluxograma de acesso é o seguinte:

Paciente Recepção (retira ficha) Espera da Classificação de Risco Atendimento nas salas de Classificação de Risco (recebe a cor que representa o tempo necessário estimado para atendimento) Familiar ou o próprio paciente vão à Guichê preencher ficha mais completa (“atendimento social”) Consultórios Observação (Salas Vermelha, Laranja, Amarelas e Verdes) ou Internação (enfermarias dos andares do HR);

� São 04 a 05 clínicos por plantão (escala em anexo) que realizam até 220 atendimentos por plantão de 24 horas;

� Há 13 plantonistas neurologistas que se revezam em escalas diurnas. � Testemunhamos certo conflito do grupo com a direção em relação ao foco do atendimento,

pois há nítida insuficiência de neurologistas frente a demanda represada nas salas de observação e à porta;

� Nas mesmas instalações (anexo térreo do HR, antigo ambulatório) há oferta de ambulatório exclusivo para egressos, como clínica médica no segundo dia, oportunidade desta vistoria. Há

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boa parte da demanda ambulatorial nestes dias, incluindo busca por atestados médicos, que é classificada com “cor branca” pela equipe de classificação de risco. Essa demanda ambulatorial não tem acesso aos espaços internos;

� Admissão estava sem cadeiras de rodas nem macas, todas em uso por causa da superlotação;

� Há uma sala de espera para familiares, com TV e climatização; � Entre os consultórios, primeira oportunidade de contato da demanda com o trabalho do

médico, o consultório 01 é ocioso, sem rotinas de uso, inclusive sem alguns equipamentos, como maca de exame. Os 02 e 03 são utilizados pelos plantonistas de clínica médica, o 04 pelos neurologistas;

� A SALA VERMELHA conta com 10 leitos formais e estava com 19 pacientes, sem evolução diária e com altos índices de óbitos. Só há 10 monitores e 10 respiradores e conta com 04 a 06 técnicos de enfermagem por plantão, mesmo com a demanda de alta complexidade. Todos os pacientes estavam em espera por UTI ou enfermaria, há dias. Alguns só precisavam ir realizar tomografia para definir conduta, mas não contam com acompanhante ou auxiliar para levá-los;

� Não há rotinas claras de responsabilização pelos doentes, evolução, diaristas, fluxos protocolados de transferências e responsáveis em cada plantão e faltam impressos;

� Havia apenas uma médica na Sala na ocasião da vistoria; � SALA LARANJA com capacidade para 09 leitos, estava com 13 pacientes, 01 desde

23/05/2010, muitos em respiradores (indicação de UTI). Os médicos evoluem de pé (não há estrutura para prescrever nem cadeiras ou mesas). Não há banheiro na sala.

� A médica estava evoluindo apoiada numa mesa de material. A profissional estava extremamente descontente com as condições e aproveitou para denunciar as condições de abandono nas rotinas do CEATOX, com apenas um médico e enfermeiras assumindo prescrições e solicitações de exames;

� Gestão organizou equipe com 05 médicos que realizam as transferências dos � pacientes aos leitos conveniados (Hospital Evangélico, Tricentenário e Santo Amaro) � de 2ª a 6ª-feira, o que parece insuficiente para esvaziar as sobre-demandas; � SALA A MA RELA 1 com 11 leitos planejados e 21 pacientes (todos neurológicos), � SALA AMARELA 2 com 13 leitos planejados e 19 pacientes (sendo 16 neurológicos), � SALA AMARELA 3 com 09 leitos planejados e 16 pacientes; � SALA VERDE com 22 pacientes para 16 leitos. Um paciente estava há 03 dias � esperando para fazer um exame (colonoscopia); � Salas de observação não contam com hemodiálise de leito por falta de ponto de água

planejado para demanda de permanência tão prolongada e nem com banheiros;

EMERGÊNCIA CIRÚRGICA

� Atendimento não conta com classificação de risco, com a clínica, mas atende principalmente pacientes referenciados;

� Mantivemos contato com o coordenador médico da emergência que estimou haver nos corredores e boxes cerca de 70 pacientes aguardando procedimentos neurocirúrgicos, representando a maior demanda represada neste setor do HR, com cerca de 2000 procedimentos anuais nesta especialidade;

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� Indagado sobre o principal nó na fluidez dessa demanda represada, ele destacou: 1º - Falta de anestesiologistas; 2º - Falta de UTI e de Centro cirúrgico disponível para mais um turno;

� A coordenação da emergência salientou a alta demanda de adultos jovens associadas o tráfego de motocicletas e consumo de álcool como a maior e mais grave parcela da demanda ali atendida;

� Ocasionalmente há outros problemas menos recorrentes, como recentemente quando faltaram auxiliares circulantes para as salas cirúrgicas;

� O fluxograma do paciente, após acesso por ambulância ou através da portaria, sem protocolos de classificação de risco, é o seguinte:

Unidade de Trauma (avaliado e em observação por 24 horas para demandas neurocirúrgicas que são a maioria) corredores ou bloco SRPA;

� As escalas médicas incluem 04 a 05 cirurgiões gerais, 03 traumatologistas e 03 neurocirurgiões a cada plantão. 04 a 05 destes médicos plantonistas ficam na Unidade de Trauma, além de uma enfermeira exclusiva e 04 técnicos, embora a demanda de acordo com volume e complexidade exigiria pelo menos duas enfermeiras e 06 auxiliares, já que chega a haver 30 pacientes graves no local;

� Escalas de neurocirurgia incluem residentes contratados; � Não há protocolos para as coletas de exames, que contam com equipes reduzidas,

demorando bastante para retornarem resultados. Não há retaguarda de USG à noite e oftalmologista de retaguarda não conta com lâmpada de fenda no local, o que reduz bastante sua resolutividade;

� A antiga UCI (Box D) está com número menor de macas que das últimas vezes vistoriadas, e com menor gravidade aparente. São todos pacientes neurocirúrgicos. Um carimbo de um evolucionista chamou a atenção (dossiê de imagens), pois apresenta CRM 003;

� Há muitos pacientes em corredor próximo a Tomografia, todos traumatológicos. Na sala de atendimento desta especialidade não há mesa para exames;

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Foram solicitados:

1. Cópias do Livro de Ocorrências de Clínica Médica de julho de 2010; 2. Lista de médicos e escalas por especialidade (em anexo); 3. Produção e características da demanda atendida por especialidade nos últimos 60 dias; 4. Relato das pactuações entre a direção e a equipe de clínica médica; 5. Estatísticas de mortalidade hospitalar por setor em 2010;

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A seguir será apresentado um dossiê de imagens coletadas na vistoria:

Figura 1: Admissão da Emergência Clínica

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Figura 2: Sala Vermelha

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Figura 6: Estar médico

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Figura 8: Sala de consulta com ar condicionado mal conservado

Recife, 02 de agosto de 2010.

Otávio Valença – médico fiscal