NO AEROPORTO O MENINO PERGUNTOU:

- E SE O AVIÃO TROPICAR NUM PASSARINHO?

O PAI FICOU TORTO E NÃO RESPONDEU.

O MENINO PERGUNTOU DE NOVO:

- E SE O AVIÃO TROPICAR NUM PASSARINHO TRISTE?

A MÃE TEVE TERNURAS E PENSOU:

SERÁ QUE OS ABSURDOS NÃO SÃO AS MAIORES VIRTUDES DA POESIA?

SERÁ QUE OS DESPROPÓSITOS NÃO SÃO MAIS

CARREGADOS DE POESIA DO QUE O BOM SENSO?

AO SAIR DO SUFOCO O PAI REFLETIU:

COM CERTEZA, A LIBERDADE E A POESIA A GENTE APRENDE COM AS CRIANÇAS.

E FICOU SENDO.

MANOEL DE BARROS

E assim como na poesia de Manoel de Barros, também, inicio a escrita deste relatório

reafirmando que a liberdade e a poesia a gente reaprende com as crianças com

certeza!

Esta turma de pequeninos chegaram na Turma do Jardim I com muita alegria e

entusiasmo!

O processo de adaptação foi tranquilo no sentido de que as crianças que compõem

este grupo já estudavam na escola no ano anterior e também já me conheciam como

professora da Culinária. Desta forma, o primeiro objetivo para com este grupo foi

acolhê-los com inúmeras brincadeiras.

Por que brincar?

Relatório de grupo – 1º semestre/2018

Turma: Jardim I A

Professora: Eliana Pereira Rollo

Professora auxiliar: Bruna Helena Krasucki

Coordenadora: Lucy Torres Ramos

Porque brincar é inerente ao ser humano, porque brincar é algo muito sério e valioso

para as crianças, porque brincar é gostoso, porque brincar é diversão, é alegria, é

experiência e também aprendizagem e conhecimento!

Sendo assim, diversas situações de brincadeiras foram propostas tanto dentro, quanto

fora da sala de aula. Pensando também na brincadeira livre, na brincadeira que

explora os espaços, que vai além dos limites, que transborda e que liberta.

A brincadeira que foi o começo, o meio e o fim de muitas manhãs vividas por nós!

Al de dese volve a i telig ia e i teg a a ossa atu eza t i-uma, o brincar

prepara – nos para a educação superior, para o raciocínio criativo... o brincar é a

p óp ia fo ça da so iedade e da ivilização.

Joseph Chilton Pearce

Conforme os dias iam passando, meu olhar atento e observador procurava encontrar

as trilhas do caminho para esta turma. Quais seus interesses? O que poderia mobilizar

este grupo?

Logo, nas primeiras semanas, propus um Canto do Desenho para que as crianças

pudessem desenhar livremente e experenciar alguns materiais da escola.

Assim, muitas delas desenharam e pediram para levar o desenho para a casa.

Pois bem, levaram os desenhos.

Nos outros dias que se seguiram, novamente elas pediram para desenhar para a

mamãe e para o papai.

Assim, intervi, dizendo que elas poderiam desenhar e que tal se fizéssemos envelopes

para colocar os desenhos dentro deles?

Elas gostaram da ideia e confeccionamos os envelopes.

Outros dias se passaram e elas continuaram pedindo para desenhar e agora para fazer

envelopes.

Dessa forma, fomos desenhando, fazendo envelopes e as crianças foram levando seus

desenhos para as famílias.

Um dos nossos alunos, não chegou nas primeiras semanas na escola. Perguntei então à

turma se queriam escrever uma carta ao amigo para saber notícias dele. As crianças

toparam a ideia e assim escrevemos a carta.

Fo os at sala da i ã do osso a igo e disse os ela: Você, será a nossa

a tei a. E t ega a a ta ao seu i ão, vo pode?

Num belo dia, um dos nossos alunos, resolve trazer uma caixa cheia de cartas para os

amigos.

As crianças ficaram felizes com as cartinhas e João Pedro todo a i ado dizia: Eu sou o

a tei o .

Neste mesmo dia que chegou a caixa de cartas do João, apresentei o Livro: O Carteiro

Chegou, de Allan Ahlberg e Janet Ahlberg da Companhia das Letrinhas com tradução

de Eduardo Brandão.

Li o primeiro texto do livro e a primeira carta para as crianças.

Curiosas e atentas, seus olhinhos não desgrudaram um minuto sequer das páginas do

livro.

Queriam que eu continuasse a ler a história, porém, achei que o interessante seria

contar aos poucos a história para eles.

Na roda, perguntei:

Onde o carteiro trabalha?

O que ele faz?

Já passou carteiro na sua casa?

Muitas respostas recebi:

O carteiro trabalha a Ca te ia.

O a tei o ve de i i leta

Te olsa

O a tei o e t egou a i ha oupa de apoei a e ta dos eus a igos.

Porém, uma dúvida apertava o meu coração, como materializar esta história das cartas

com os alunos?

Que eles estavam interessados era fato. Porém, concretizar e significar o interesse

deles é que seria a questão.

Todas as vezes que íamos ao parque debaixo , depois do lanche dos alunos maiores

da escola, encontrávamos um ou outro lixo (canudinho, embalagens de suco,

guardanapo de papel) jogado na grama e nos brinquedos do parque.

Eu ficava incomodada com a situação e recolhia estes materiais para jogar no lugar

certo.

As crianças observavam minha atitude e perguntavam: o que você está fazendo,

Elia a. . Eu espo dia: Eu estou recolhendo estas sobras de lanche para jogar no lixo,

po ue ão pode os joga o hão da ossa es ola, isto ão a a a.

E assim toda vez que volt va os ao pa ue de aixo , as crianças também passaram a

recolher o que encontravam no chão da parque.

Então, tive a ideia e propus à elas para escrevermos uma carta para todos os alunos da

escola falando sobre este assunto.

Dessa maneira, em roda, escrevemos uma carta coletiva que seria entregue para todas

as salas.

NÃO JOGA LIXO NO CHÃO! NEM NOS BRINQUEDOS DO PARQUINHO, NEM NA AREIA!

POR FAVOR, CUIDEM DA NOSSA ESCOLA! E DA ARANHA E DA NATUREZA!

No dia da entrega, todas as crianças viraram carteiras e de porta em porta íamos

passando e deixando a carta para ser lida à todos os alunos.

No dia a dia, ouvindo as ideias das crianças e percebendo suas vontades, juntos, fomos

materializando o nosso projeto e assim nos tornamos A Turma do Carteiro.

Muitas atividades e propostas foram aparecendo...

Tomamos nosso primeiro chá igual ao carteiro do Livro...

Que manhã prazerosa! Tomamos chá quentinho com bolachinhas deliciosas... Hum!

Que gostoso!

As crianças e suas famílias fotografaram as caixas de correio de suas casas e também

saíram à procura de outras caixas pela vizinhança.

Infelizmente, em uma manhã, fomos surpreendidos com o acidente da nossa

professora auxiliar, a querida Carla caiu e machucou o seu joelho.

Durante o seu primeiro afastamento para recuperação, escrevemos uma carta à ela.

Depois, quando ficamos sabendo da sua ausência durante este primeiro semestre para

sua reabilitação, decidimos escrever outra carta para a Carla. As crianças estavam

curiosas em saber se ela estava melhor e o que estava fazendo na sua casa, também

queriam dizer que estavam com saudades e que desejavam que ela voltasse logo.

A Madalena, nossa amiga de turma, também, faria aniversário, porém, há dias estava

doente e por isso faltando da escola.

Dessa maneira, aproveitamos a oportunidade e escrevemos duas cartas: uma para

Carla e outra para a Mada.

Fomos até ao Correio da Unicamp postar as nossas cartas.

Quanta euforia e animação no dia do passeio!

Era a primeira vez que a turma fazia um passeio com a escola! Andar de van com os

amigos foi sensacional!

Fomos muito bem recebidos pelo atendente do Correio que gentilmente conversou

conosco, explicou um pouco sobre a postagem das cartas, os selos e as caixas postais.

As crianças puderam colar os selos nas cartas, como também, observaram a pesagem e

o pagamento delas.

Depois, fomos até à Casa do Lago para fazermos um piquenique e apreciarmos a

exposição de esculturas feitas com troncos de árvores.

E para finalizar com chave de ouro nosso passeio, ainda, fomos até ao IG - Instituto de

Geociências da Unicamp para observarmos a Exposição de Dinossauros que estava

acontecendo lá.

E como disse uma das crianças: fo os tudo p .

Verdade, os três lugares eram pertinho um do outro e pudemos aproveitar várias

coisas ao mesmo tempo. Melhor, impossível!

Pois bem, caminhemos...

Continuei a ler a história do livro: O Carteiro Chegou.

As crianças ficaram cismadas porque o carteiro não tinha tomado o chá na casa da

bruxa, era certo, que o chá tinha uma cor sinistra, mas.... E essa bruxa?

Ah, ela tinha que aparecer...

Primeiro, escrevemos uma carta para ela vir tomar chá conosco.

Ela nos respondeu com outra carta e ainda pediu para entregar uma encomenda para

a Turma do Primeiro Ano.

Achamos melhor atender o seu pedido e fomos até ao Primeiro Ano entregar a

encomenda.

Para nossa surpresa, a bruxa tinha enviado muitas minhocas para a pôr na

Composteira do Primeiro Ano. As crianças ficaram admiradas com a encomenda

inusitada!

Eis, então, que chega o dia de preparar o tal chá sinistro para a bruxa.

Ingredientes: água fervendo, lavanda e alecrim... Hum... Será que ela irá gostar?

Ah!... As crianças disseram que não poderia faltar as bolachinhas deliciosas para servir

à bruxa...

Sala arrumada, mesa preparada e cadê a bruxa?

E não é que ela apareceu?

Tomou o chá, comeu as bolachinhas e ainda pediu para levar o resto do chá para

tomar na sua casa, acredita?

Ademais, caminhemos mais um pouco...

A Carla nos respondeu com uma carta e uma surpresa...

Enviou um pacotinho de selos para cada um de nós!

Uma das últimas atividades relacionadas ao projeto foi a visita de um carteiro em

nossa sala.

Para recebê-lo preparamos uma mesa bem bonita de chá.

No dia anterior, fizemos uma receita de Sequilhos Divertidos e, além dos sequilhos, as

crianças queriam as bolachinhas que foram servidas nos outros chás e também chá de

hortelã e chá de camomila.

A Caroline, se responsabilizou em trazer o chá de hortelã, porque disse que tinha desse

chá na casa da vovó.

Para surpresa das crianças, além da boa conversa que tivemos com o carteiro, ele

também trouxe uma carta para cada criança.

Que alegria! As crianças ficaram muito felizes em receber as suas cartas e nós,

professoras, ficamos muito emocionadas ao lermos as cartas para elas.

Diz-se que um ambiente é alfabetizador quando promove um conjunto de situações de

usos reais de leitura e escrita nas quais as crianças têm a oportunidade de participar.

Se os adultos com quem as crianças convivem utilizam a escrita no seu cotidiano e

oferecem a elas a oportunidade de presenciar e participar de diversos atos de leitura e

de escrita, elas podem, desde cedo, pensar sobre a língua e seus usos, construindo

ideias sobre como se lê e como se escreve

(Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, Conhecimento de Mundo,

pag.151).

Para o dia da Reunião de Pais, estamos preparando uma surpresa...

Não posso registar neste relatório... se não... eles descobrirão...

Além das atividades relacionadas ao Projeto, outras tantas aconteceram.

Muitas atividades plásticas: com tinta congelada, com anilina, com água e papel

crepom, com nanquim, tintura a dedo, tecido e cola, enfim... quanta experiência!

Projeto de Leitura do Quinto Ano: as crianças desta turma iam contar história para a

gente!

Relaxamento com a Bruna, a nossa querida professora auxiliar que substituiu a Carla e

esteve conosco praticamente todo o semestre.

Visita à biblioteca para escolha e apreciação de livros.

Nosso Carnaval com o Bloco Cupinzeiro:

Passeio à Chácara do Mário, nosso amigo e vizinho da escola.

O dia da Família: com piquenique, brincadeiras, espetáculo e a exposição das

mandalas decoradas por cada turma da escola.

A visita dos indígenas da tribo Kariri - Xocó, de Alagoas: o Cacique Pawanã, Dirã, Yaru,

Kaony, Kauã, Kairá ,Dé, Suinara e Nari.

Kairá foi tocar violão na nossa sala! Que momento inesquecível!

A aparição da Esquelita para ajudar a compor o tema de uma das músicas da nossa

dança da Festa Junina!

Nossa Festa Junina: preparada com muito empenho e carinho por todos da escola!

Para nossa dança, uma camiseta especial pintada por cada criança!

Os Jardins e o convite à brincadeira!

A vida u a festa!

Vamos todos festejar!

Omamá, ôôô

a brincadeira vai começar...

Dançando com as caveiras,

o esqueleto vamos balançar

e numa roda bem bonita

vamos todos nos juntar!

Os jardins com suas flores,

a escola enfeitar...

O ti dolel , o ti dolal !

E assim em ritmo de festa nos despedimos deste primeiro semestre que fora cheio de

surpresas, algumas não muito boas, é bem verdade, mas, no balanço do balaio posso

dizer que a Turma do Carteiro se divertiu, se descobriu e se encantou com o mundo

das cartas e dos carteiros.

Foram manhãs de muitas conversas, músicas, brincadeiras e alegria!

Desejo à todos um ótimo descanso e um inverno bem aconchegante!

Histórias lidas:

A Bruxa Salomé – Audrew Wood e Don Wood

A Casa Sonolenta – Audrew Wood e Don Wood

Bruxa, bruxa venha à minha festa – Arden Druce e Pat Ludlon

Cachinhos de Ouro recontado por Ana Maria Machado

Historinhas de Contar – Natha Caputo e Sara Cone Bryant – tradução de José Amaro

Minha professora é um monstro - Peter Brown

O Carteiro Chegou – Janet e Allan Ahlberg

O menino azul – Cecília Meireles

Quando mamãe virou um monstro - Joanna Harrison

Rápido como um gafanhoto – Audrew Wood e Don Wood

Um amigo como você – Julia Hubery

Referência Bibliográfica

PEARCE, Joseph Chilton. O fim da evolução. São Paulo: Cultrix,1992.

Referencial Curricular para a Educação Infantil.

Cds ouvidos e sugeridos

Adriana Partimpim

Na Casa da Ruth – Selo Sesc SP.

Crianceiras – Poesias de Manoel de Barros musicadas por Márcio de Camillo.

Roda que Rola – Ponto de Partida e Meninos de Araçuaí

Filmes e vídeos assistidos

O Mágico de OZ

DVD Palavra Cantada Brincadeiras Musica