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Um pouco de nossas manhãs na Escola do Sítio: Organizar a rotina... Aprender algo novo... Aceitar desafios... Usar material concreto... Ouvir e ser ouvido nas rodas... Anotar informações... Tomar o lanche embaixo de uma árvore... Resolver um conflito... Correr e fugir em um envolvente pega-pega... Brincar com os amigos... Dividir e emprestar... Ensinar algo... Sentar no chão... Dramatizar uma história... Nutrir o coração... Ampliar o raciocínio... Escutar as professoras... Mostrar seu ponto de vista... Escrever do seu jeito e também convencionalmente... Pincelar cores pelo papel... Arrumar o seu espaço... ... um semestre com diversos momentos especiais. Relatório de grupo 1º semestre/2019 Turma: 3º ano Professora: Ana Paula B. de Godoy Professora auxiliar: Raphaela Alcaraz Coordenadora: Lucy Ramos

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Um pouco de nossas manhãs na Escola do Sítio:

Organizar a rotina...

Aprender algo novo...

Aceitar desafios...

Usar material concreto...

Ouvir e ser ouvido nas rodas...

Anotar informações...

Tomar o lanche embaixo de uma árvore...

Resolver um conflito...

Correr e fugir em um envolvente pega-pega...

Brincar com os amigos...

Dividir e emprestar...

Ensinar algo...

Sentar no chão...

Dramatizar uma história...

Nutrir o coração...

Ampliar o raciocínio...

Escutar as professoras...

Mostrar seu ponto de vista...

Escrever do seu jeito e também convencionalmente...

Pincelar cores pelo papel...

Arrumar o seu espaço...

... um semestre com diversos momentos especiais.

Relatório de grupo – 1º semestre/2019 Turma: 3º ano Professora: Ana Paula B. de Godoy Professora auxiliar: Raphaela Alcaraz Coordenadora: Lucy Ramos

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Nos primeiros dias de aulas, as

crianças estavam ansiosas para saber qual

seria o elemento que rechearia de

imaginação e magia as nossas aulas.

Enquanto o nosso objeto disparador,

não chegava, fomos pesquisar quais deles

os alunos e funcionários da escola já se

lembravam. Entrevistamos diversas

pessoas e ficamos conhecendo vários

deles, como: bolsa, ampulheta, tronco de

árvore, roda de bicicleta...

Até que um dia, fomos surpreendidos

por uma entrega inusitada. O 3° ano havia

recebido alguns materiais na portaria da

escola. Em uma carriola estavam:

pedras, uma bacia de cimento e

um motorzinho.

As crianças ficaram bastante eufóricas e logo começaram a pensar utilidades para aqueles

materiais. Poderiam ser usados na construção de um aquário, mas estavam faltando os animais...

Também pensamos que poderia ser um bebedouro, será que poderíamos deixar a água potável?

Ou uma cascata de água... Que ideia interessante, estudar ouvindo o barulhinho

de água.

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Após os levantamentos iniciais, resolvemos colocar a mão na massa, organizamos as pedras

na bacia, colocamos o motor e adicionamos bastante água. Logo uma fonte foi sendo montada.

Um objeto em constante transformação, que ao longo do semestre foi mudando de forma e

incorporando outros elementos e objetos. Sua presença

em nossa sala trouxe uma harmonização diferente,

acolhimento e oportunidades para reflexões. Também

orientou vários de nossos estudos com a água,

experiências e conscientização.

O tema do ano da escola também foi algo que caminhou junto com o objeto disparador.

“Tinha uma LIXO no meio do caminho: O que eu (não) faço com aquilo que nos resta?”

As crianças, atentas, começaram a perceber que mesmo após a apresentação do tema do

ano, quando terminava o lanche, o chão da escola ainda permanecia com restos de comida e

embalagens. Preocupadas, começaram a juntar esse lixo para mostrar à turma.

Conversamos à respeito, separamos esse material e observamos que muitos deles poderiam

ser transformados e usados para outros fins. Assim, começamos a juntar, higienizar e guardar

esse material que sobrava após o lanche. Motivados, alguns alunos, também começaram a trazer

de casa embalagens que poderiam ser reaproveitadas.

Tivemos a ideia de acondicionar esse material e formar uma “lixoteca”. Em uma manhã de

bagunça organizada: estabelecemos critérios de separação de materiais, espalhamos a sucata pela

classe e guardamos em caixas, que logo foram identificadas. Refletimos que “lixoteca” não era um

nome apropriado, já que ali não guardaríamos lixo e sim materiais que seriam reaproveitados.

Assim, passamos a chamar este espaço de “sucatoteca” e para organizá-lo construímos um

manual de instruções de uso.

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É claro que as crianças já

estavam empolgadas em usar

todo esse material, e logo

embalagens se transformaram

em brinquedos. Crianças com a

criatividade aguçada, pensaram

em cores e misturas de

materiais, com um pouco de

cola e fita crepe deram formas e

reinventaram, dando novos

usos para o que já não tinha

mais utilidade e iria virar lixo.

Ampliando a ideia de reaproveitamento do lixo, trouxemos o conceito dos 5 R’s. Refletimos

sobre alguns dos impactos que esse lixo faz no ambiente, assistindo vídeos e discutindo em rodas

de conversas. Pensamos em outras possibilidades de mudar o destino do lixo como, a reciclagem

de papéis e de plásticos. Repensamos nossas atitudes e refletimos sobre o consumo, vimos que

também podemos recusar canudinhos e saquinhos plásticos (substituindo por saquinhos de jornal).

A conscientização sobre os impactos que provocamos no meio ambiente vem trazendo

algumas mudanças de atitudes e em grupo estamos dando pequenos passos, que ajudam a

construir um espaço melhor, primeiro dentro do nosso micro, ampliando futuramente.

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Pensando na transformação dos materiais, fizemos uma experiência com batatas, utilizando

o amido presente no vegetal e transformando-o em plástico. Lemos as instruções,

organizamos os materiais e colocamos a mão na massa, cortando as batatas, batendo no

liquidificador e passando na peneira. Foi preciso levar ao fogo, para que a água evaporasse.

Ansiosamente, deixamos o experimento em repouso, por um final de semana, para na segunda-

feira ver o plástico. Porém, nos deparamos com um resultado bem diferente do que imaginávamos.

Lidamos com a frustação da experiência não ter dado certo e do mau cheiro pela sala.

A partir da experiência com batatas, propomos que pesquisassem outras experiências,

agora relacionadas com água. As crianças se envolveram muito e trouxeram várias, a expectativa

era grande para que tivéssemos um resultado melhor do que a experiência anterior.

Nas aulas de Ciências os alunos se tornaram pequenos cientistas, vestiram avental de

proteção e foram até a bancada preparada para suas demonstrações, com os olhinhos atentos os

colegas observavam admirados as apresentações.

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Fizemos estudos dos estados físicos da água e experimentamos transformar de líquido para

sólido e gasoso. Aproveitamos e usamos a criatividade para imaginar o ciclo na natureza, o nosso

gelo transformou-se um iceberg e a bacia com água, no oceano, aonde navegava o Titanic. Neste

cenário criado, mais uma apresentação aconteceu.

Iniciamos nosso estudo com gêneros textuais pensando nas fábulas. Como são textos curtos,

com poucos personagens facilitam a organização em começo, meio e fim. O estudo possibilitou

leituras coletivas, interpretações e produções de textos.

Valorizando o lado artístico de algumas crianças e despertando em outras, propusemos que

apresentassem as fábulas estudadas, para os colegas. Cada criança escolheu a forma que

preferia contar, estimulamos que fosse algo dinâmico, que chamasse a atenção do ouvinte. Alguns

preferiram se juntar com um amigo, outros contaram sozinhos.

Deitados no tapete, sentados nas almofadas as crianças se aconchegavam para ouvir os

colegas contarem as histórias. O “aluno leitor”, muitas vezes com friozinho na barriga, ou com

sorriso no rosto ganhava destaque... Teve leitura com o livro e com Power point, dramatização

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com o corpo e com fantoches, apresentações gravadas e ao vivo, com pequenos desenhos e até

com grandes cartazes.

Ouvir a leitura do colega, localizando-a no texto, atentamente, foi um exercício realizado na

leitura monitorada, do livro “Os Problemas Família Gorgonzola”. Uma obra divertida, que nos

convida a resolver situações-problemas, envolvendo os personagens criados por Eva Furnari. Montamos

um marcador de páginas bem diferente, que também servia para anotar os cálculos e registrar

nossos pensamentos.

As leituras monitoradas do livro da Família Gorgonzola, ampliaram o trabalho com as

resoluções de situações problemas e estimulando o raciocínio lógico, através de histórias

divertidas. Assim, além de focar a leitura das crianças, estivemos trabalhando adição, subtração,

multiplicação e divisão em contas armadas e/ou por raciocínio, sempre presando pelo registro do

processo para a resolução dos problemas. As crianças se envolveram com esse trabalho, que

costurou os estudos de contação de histórias e a linguagem matemática, ao longo do semestre.

Conhecemos um pouco da vida da escritora e até escrevemos um e-mail para ela.

Conhecemos vários de seus livros e nos inspiramos em seus textos, para escrever os nossos

livrinhos também.

Um desafio foi lançado para o grupo: E se todos nós reescrevêssemos nossa história, com

uma bela letra cursiva? Alguns alunos já estavam familiarizados com a escrita manuscrita, mas

para outros esse foi um grande desafio. Também, repensamos a escrita convencional das palavras,

aproveitamos para usar os sinais de pontuação e parágrafos já estudados.

Fizemos caprichosas ilustrações para compor o material e montamos um varal de livros,

para socializar nossos textos com os colegas. Os olhinhos brilhavam ao ver o resultado de tanta

dedicação.

Outro gênero textual que ganhou destaque em nossos estudos foram os poemas e poesias.

A partir da visita ao Sítio Duas Cachoeiras começamos a falar e escrever mais poéticamente, sobre

nossas vivências e emoções. Brincamos de encontrar rimas com os nossos nomes e escrevê-las

organizando em versinhos. Percebemos

que este tipo de texto é bem diferente da

prosa.

Na matemática iniciamos com o

estudo do tempo. Construímos

coletivamente o calendário de 2019,

incluímos nele os aniversariantes de cada

mês. Também localizamos na agenda o

dia do aniversário de cada colega.

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Vimos quantos dias tinha cada mês e fizemos diferentes cálculos, verificando quantos dias

tinha os bimestres, trimestres, semestres e até mesmo o ano. Conversamos sobre ano bissexto.

Calculamos quantas horas tinha dois dias... e ampliamos para uma semana. Para isso,

usamos material dourado e começamos a registrar com conta armada. Ouvimos como vários

colegas tinham raciocinado para chegar ao resultado, aumentando as possibilidades de elaborar o

raciocínio.

Também, organizamos os dados obtidos em gráficos e tabelas e aprendemos a fazer

leituras das informações, visualizando de outra maneira. Fizemos diversos registros em tabelas,

desenvolvendo a localização espacial e organizacional. Em uma de nossas pesquisas e registros

buscamos curiosidades e informações sobre os meses. Ficamos conhecendo as pedras de cada

signo e nos encantando com sua beleza.

Nos estudos de geografia, estávamos aprofundando o olhar do macro para o micro, fizemos

a leitura do livro Zoom onde a perspectiva de aproximação da realidade é mudada a cada página

e dependendo do ponto de vista. Criamos a nossa representação, de algo que pode ser visto por

um novo ângulo. Passamos a compreender que as podemos ter visões diferentes da mesma

situação.

Fizemos uma vivência na qual ampliamos com o nosso corpo, do micro para o macro. Saindo

de nossa escola, onde estávamos na posição fetal, para a rua, para o bairro... Até chegar ao

continente e no planeta, no qual já estávamos de pé, com os braços bem ampliados.

Também fizemos um registro de como achávamos que era o nosso planeta, representado-o

em um mapa. Depois fomos observar no Geoatlas e percebemos diversas representações para o

planeta e os territórios.

Nas aulas de artes, pincelamos com anilina o mapa de nossa escola. Em outro momento,

em grupos, criamos um mapa do tesouro, para ser

encontrado pela outra equipe.

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Esperamos, ansiosos, para descobrir o que seria o tesouro, vencemos as dificuldades de se

localizar no mapa, seguindo as pistas e dicas orientadas pelos colegas. E finalmente, descobrimos

as pedras preciosas...

Cada criança recebeu uma pedra diferente, com um colorido e brilho especial. O mistério

logo foi desvendado pela lembrança do estudo anterior e as crianças perceberam que a lógica da

entrega eram as pedras dos signos.

No estudo do micro para o macro, começamos a pensar nas características de nossa

região e as maravilhas de Barão Geraldo. Buscamos olhar para além do que estamos acostumados

a ver diariamente, no caminho que fazemos para chegar até a escola. Como é esse lugar? Quais

são as pessoas que moram aqui? Como foi sendo construído esse espaço? Como será que ele era

há 300 anos atrás?

A partir de nossas observações e de nossos olhares, construímos um livrinho com

informações e curiosidades. Conhecemos a tradicional lenda de nosso distrito: Boi Falô. E

discutimos sobre a chegada do

povo africano nas terras

brasileiras, suas

representações, suas heranças

e a realidade vivenciada

atualmente. História que veio

culminar em nossa

apresentação na Festa Junina,

unindo os 4 elementos e o

legado africano.

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A presença do elemento água esteve em todo o semestre, ganhando movimento em nossa

fonte, em nossas atividades e em nossas ações. Repensamos o seu uso, para que de forma

consciente, pudemos usá-la, mas sem desperdício. Fizemos orientação a comunidade, através de

cartazes e adesivos.

Fomos presenteados com um lindo livro de fotografias, em preto e branco, com imagens que

carregavam diversos olhares para a água. Essa fonte de vida, representada em fotos, nos

inspiraram em propostas artísticas e em palavras que eram carregadas de emoções.

O estudo do meio, veio contemplar esse olhar, o cuidado com a água e respeito pela

natureza. Fomos visitar o Sítio Duas Cachoeiras e nos aventurar a observar a vida do campo com

outros olhares e sentidos.

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Pudemos ampliar o olhar para perceber

os diferentes tons de verde... Ouvir a

melodia das folhas da árvore... Deixar o

aroma da alfavaca, presentes na mata,

preencher nossas narinas... Experimentar o

sabor do ferro, presentes nas sementes de

urucum... E é claro, sentir o arrepiante

toque das águas, ao entrar na cachoeira.

Além disso, rolamos pelo barranco do

gramado, lanchamos com clima de

piquenique, demos comida para as ovelhas e

conhecemos o processo de transformação do

pelo das ovelhas em delicados fios de lã, que

enchem de vida os teares.

Voltamos do estudo do meio, com a

energia revigorada e empolgados para

construirmos a nossa trama. Com as

mãozinhas cheia de habilidades e com o

coração cheio de poesia, a tecelagem foi

sendo fiada e os textos foram sendo

produzidos para narrar as nossas versões

desta fonte de vida...

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Versões que trazem a história de um

grupo com a presença marcante, com a alegria

no olhar, com a busca pelo conhecimento.

Crianças repletas de energia, com o jeitinho de

cada um, contemplados dentro de um coletivo

maior...

Entre os emaranhados das serpentinas,

trançamos tramas com fios coloridos...

histórias contadas com a magia da infância...