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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 Cidade Universitária 05508-020 São Paulo/SP Brasil www.eca.usp.br RELATÓRIO PARCIAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC ( ) PIBITI ( ) SEM BOLSA (x) CNPq ( ) RUSP ( ) 1 IDENTIFICAÇÃO TITULO DO PROJETO: EDUCOMUNICAÇÃO: UM LEVANTAMENTO EPISTEMOLÓGICO E ÉTICO A PARTIR DA REVISTA COMUNICAÇÃO&EDUCAÇÃO. NOME DO BOLSISTA: ALEXANDRE AKIO CASOTO SUENAGA NOME DO ORIENTADOR: ROSELI APARECIDA FIGARO PAULINO VIGÊNCIA: AGOSTO 2012 / AGOSTO 2013 AGÊNCIA FINANCIADORA: NENHUMA

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RELATÓRIO PARCIAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

PIBIC ( ) PIBITI ( ) SEM BOLSA (x)

CNPq ( ) RUSP ( )

1 – IDENTIFICAÇÃO

TITULO DO PROJETO:

EDUCOMUNICAÇÃO: UM LEVANTAMENTO EPISTEMOLÓGICO E ÉTICO A PARTIR DA REVISTA

COMUNICAÇÃO&EDUCAÇÃO.

NOME DO BOLSISTA:

ALEXANDRE AKIO CASOTO SUENAGA

NOME DO ORIENTADOR:

ROSELI APARECIDA FIGARO PAULINO

VIGÊNCIA:

AGOSTO 2012 / AGOSTO 2013

AGÊNCIA FINANCIADORA:

NENHUMA

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2. SÚMULA DO PROJETO:

Com este projeto de pesquisa científica, buscamos (1) fazer um levantamento bibliográfico

da área da educomunicação a partir das publicações da Revista Comunicação & Educação, além

de (2) também mapear qual o lastro epistemológico desses autores.

Com este levantamento buscamos (3) ter um panorama epistemológico com foco no aspecto

ético da área. Entendemos por “panorama ético” os valores e visões de mundo no qual a

Educomunicação se escora.

Estão sendo analisados artigos da Revista Comunicação & Educação. O recorte dos artigos

a serem analisados será efetuado durante o mapeamento dos artigos existentes. O corpus de

estudo depende, portanto, do levantamento preliminar que utilizará procedimentos quantitativos

a partir de palavras-chave, perfil do autor e referências bibliográficas. Desse quadro geral, se

extrairá o corpus para análise comparativa e conceitual. Em paralelo, para enriquecer e criar

conexões na discussão, analisaremos o trabalho do educador Paulo Freire, como expoente de

uma nova visão sobre a educação.

Os resultados obtidos ao final da pesquisa serão apresentados em forma de proposta de

artigo para a Revista científica Anagrama do “Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas

Midiáticas” da Escola de Comunicações e Artes, e também como proposta de artigo para a

própria Revista Comunicação & Educação. Ademais, os resultados também serão apresentados

em forma de relatório e apresentação oral no Simpósio Internacional de Iniciação Científica -

SIICUSP.

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3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:

O programa de Iniciação Científica sem bolsa foi adotado pelo fato de que o orientando

Alexandre Suenaga estava estagiando. No começo de janeiro de 2013 o orientando deixou o

estágio para se dedicar somente à Pesquisa de Iniciação Científica. Dessa forma, o primeiro

semestre de pesquisa se limitou a leitura de parte da bibliografia base da pesquisa.

Durante o primeiro semestre de 2013 pretendemos dar continuidade a pesquisa, definindo o

corpus que extrairemos da Revista Comunicação&Educação, começar e finalizar a sua análise.

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4. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA:

ATÉ O PRESENTE MOMENTO COBRIMOS OS SEGUINTES TEXTOS DA BIBLIOGRAFIA BASE DA

PESQUISA:

1. BACCEGA, M. A. Tecnologia e construção da cidadania. Revista Comunicação &

Educação. São Paulo, [27]: 7 a 14, maio/ago. de 2003. Disponível em:

<http://www.eca.usp.br/comueduc/antigos/apresenta/artigo27.pdf>

2. ________. Comunicação, educação e tecnologia: interação. Revista Comunicação &

Educação. Ano X, n. 1, jan/abr. 2005. Disponível em:

<http://200.144.189.42/ojs/index.php/comeduc/article/view/4913/4726>.

3. CITELLI, Adilson & COSTA, Maria Cristina C. Educomunicação: Construindo uma nova

área de conhecimento. São Paulo: Paulinas, 2011.

4. CITELLI, Adilson. Comunicação e Educação: A linguagem em movimento. São Paulo:

SENAC, 2000.

5. BARROS FILHO, Clóvis de. Ética na Comunicação. São Paulo: Summus, 2008.

6. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

7. FREIRE, Paulo. Pedagogia como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

8. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 43. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

9. KUENZER, A. Z. Pedagogia da fábrica. As relações de produção e a educação do

trabalhador. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

10. MARTÍN-BARBERO, Jesús. De los medios a las mediaciones. Comunicación, cultura y

hegemonia. Barcelona, Gustavo Gili, 1991.

11. OROZCO-GÓMEZ, Guillermo. Educação mediática ressalta o potencial de expressão

dialógica das tecnologias. Revista Matrizes. São Paulo. V.3, N.2. p. 117-130. 2010.

12. RESTREPO, Luis Carlos. O Direito a Ternura. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1998.

13. RÜDIGER, Francisco. As Teorias da comunicação. Porto Alegre: Penso, 2011.

14. SETTON, Maria da Graça. Mídia e educação. São Paulo: Contexto, 2010.

15. SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação:

contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011.

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Durante a segunda metade do projeto de pesquisa cobriremos os demais textos e

discutiremos a pertinência do estudo de outros autores que não estavam listados no projeto

inicial:

1. FOLCHER, V. RABARDEL, P. Homens, artefatos, atividades: perspectiva instrumental.

In: FALZON, P. (ed.) Ergonomia. São Paulo: Blucher, 2007.

2. HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,

1989.

3. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez,

2000

4. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Heredando el futuro. Pensar la educación desde la

comunicación. Nómadas. Bogotá, Fundación Universidad Central, 1996

5. Revista Comunicação & Educação. São Paulo, CCA-ECA-USP/Moderna. Vários números.

6. OROZCO GÓMEZ, Guillermo. Niños, maestros y pantallas. México: Universidad

Guadalajara, 2010.

7. VYGOTSKI, Lev. Pensamento e linguagem. 3.ed.São Paulo: Martins Fontes, 2005

8. WILLIAMS, Raymond. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

9. ________. Marxismo y literatura. Buenos Aires: Las Cuarenta, 2009.

10. ________. Palavras-chave. São Paulo: Boitempo, 2007.

11. WOLTON, Dominique. Informar não é comunicar. Porto Alegre: Sulina, 2011.

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5. PRIMEIRAS ANÁLISES:

Primeiras análises

Ao longo da primeira metade do programa de Iniciação Científica buscamos cobrir uma

bibliografia que nos oferecesse fundamentação epistemológica para a discussão que propomos com

este projeto de pesquisa em Educomunicação.

Entender a Educação como processo comunicativo nos leva necessariamente a lançar

primeiro um olhar no campo da Comunicação. Para tanto, Francisco Rüdiger em “As teorias da

Comunicação” (2011) traz contribuições com um apanhado e uma visão ampla de como sucederam

os estudos em Comunicação ao longo da história, desde Shannon, Weaver e Laswell à Macluhan e

seus herdeiros. A comunicação segue sendo um tema de interesse universal, todavia devido a sua

complexidade está longe de ser inteiramente desvendado, e, na verdade, talvez nunca o seja em

razão das inúmeras possíveis perspectivas de estudo e análise nesse campo. Suas reflexões

começam a se desenvolver tardiamente se compararmos com outras áreas do conhecimento como a

Filosofia, no entanto, a partir de 1900 e, cada vez mais vertiginosamente, se tem falado e criado

estudos em torno da Comunicação. Devemos isso em grande parte ao acelerado crescimento das

tecnologias de Comunicação no século XX e agora no começo do XXI. Ela é um campo multi e

transdisciplinar, configurando-se como um campo do conhecimento.

Um conceito que se aproxima do que Bourdieu (2010) denomina como “Campo

Científico”, que necessariamente está sujeito às lutas, ou seja, “[...] o próprio funcionamento do

campo científico produz e supõe uma forma específica de interesse [...]” (2010, p.2). Assim se deu

com a comunicação que se tornou alvo de estudo por meio dos mais diversos interesses políticos,

bélicos, trabalhistas e mercadológicos. Um grande exemplo disso foram os esforços desprendidos

pelos estudiosos americanos a partir dos anos 30 e especialmente durante a Segunda Guerra

Mundial para pesquisar os efeitos dos meios de comunicação nas massas, conhecidos como Mass

Communication Research.

É pensando em todos esses aspectos que Rüdiger ressalta que (2011, p.10): “[...] os

processos pelos quais as pessoas interagem simbolicamente constituem um dos principais meios

pelos quais se forma e se transforma a sociedade”. Pensando nisso, as reflexões tecidas por Jesus

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Martin-Barbero em “Dos meios às mediações” (2009), relacionando Comunicação, Cultura e

Política se fizeram necessárias. No percurso de sua argumentação Martin-Barbero nos traz um

apanhado epistemológico importante para o projeto, além de evidenciar como, ao longo da história,

as diferentes visões de mundo a respeito da Cultura, da Política e da Comunicação geram valores

morais diferentes, muitas vezes contraditórios entre si.

Martin-Barbero nos mostra, em especial, como sucederam as perspectiva e concepções dos

teóricos da Comunicação, da Antropologia e da Sociologia a respeito dos Seres Humanos em

situação de grupo. Inicialmente, a discussão se dá entre os racionalistas ilustrados e os românticos a

respeito da afirmação do povo na cultura e na política. No caso dos ilustrados, seu pensamento-

matriz se encontra em grande parte na filosofia política de Thomas Hobbes, na qual o Estado é

soberano sobre o sujeito e o povo e qualquer manifestação popular é encarada como uma ameaça à

ordem. Pensamento que por muitas vezes apresenta contradições: “[...] está contra a tirania em

nome da vontade popular, mas está contra o povo em nome da razão. Fórmula que resume o

funcionamento da hegemonia” (MARTIN-BARBERO, 2009, p.34). Em contraposição, surge o

romantismo que afirmará a existência de uma cultura paralela à hegemônica, a cultura popular,

atribuindo não só importância cultural ao povo como política.

Ao longo do século XIX a ideia de povo vai sendo diluída para ser adotada pela esquerda

como “classe social” e pela direita como “massa”. Na esquerda Martin-Barbero ainda nos traz os

embates entre anarquistas e marxistas e na direita as ideias de multidão, opinião pública, controle e

democracia. O embate entre teóricos que enxergam na massa a degradação da cultura popular e os

norte-americanos que acreditam que ela seja a plena concretização da democracia abre espaço de

um lado para a perspectiva crítica da Escola de Frankfurt e de outro para a mcluhaniana,

respectivamente.

Notamos nesse percurso o quanto os aspectos epistemológicos e éticos caminham juntos na

criação e recriação contínuas do campo da Comunicação. Por um lado meus embasamentos

teóricos influenciaram completamente a moral que guiará meus estudos e reflexões, por outro e

dialeticamente, minhas visões de mundo e meus valores também determinam de quais fundamentos

epistemológicos mais vou me aproximar. Essa relação dialética desmente os valores positivistas de

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neutralidade e objetividade absolutas na atividade científica e nos serve como fundamento primeiro

do trabalho que estamos desenvolvendo com esta pesquisa de Iniciação Científica.

Ao analisar Mcluhan e Baudrillard Jesus Martin-Barbero ressalta o processo no qual “a

mensagem acabou por devorar o real” e que “a simulação nos meios [...] chega a produzir „um real

mais verdadeiro que o real‟”. A respeito dos meios de Comunicação de massa, sua objetividade

aparente e seus efeitos sociais, Clóvis de Barros Filho nos ofereceu contribuições importantes com

seu livro “Ética na Comunicação” (2008). Tomando a atividade jornalística como objeto, Clóvis de

Barros Filho tece uma profunda reflexão a respeito da pretensa objetividade das notícias,

principalmente a partir do surgimento do chamado New Journalism. Dessa forma, extraímos

reflexões importantes para a pesquisa em Educomunicação que dizem respeito aos fatores que

condicionam a construção de nossos recortes e representações do mundo, além de nos fazer indagar

a quem interessa essa objetividade aparente da informação.

Buscamos também contribuições na área da Educação com o educador e filósofo Paulo

Freire em três de suas obras: Pedagogia do Oprimido, Educação como prática da liberdade e A

importância do ato de ler. Paulo Freire nos traz um paradigma educacional no qual a educação não

é mais tratada como um processo “bancário”, como ele mesmo denomina, em que os

conhecimentos são depositados no estudante passivo, mas um processo de libertação, de tomada de

consciência crítica, da autoconstrução do indivíduo cidadão que busca a compreensão de suas

capacidades simbólicas e do seu direito de comunicar. Visão esta que corrobora não só com a dos

pesquisadores que desenvolvem esse projeto de Iniciação Científica, mas também com a

perspectiva cidadã da educação como processo de comunicação e da comunicação como educação

dos teóricos de Educomunicação. “Uma educação, que, por ser educação, haveria de ser corajosa,

propondo ao povo a reflexão sobre si mesmo, sobre seu tempo, sobre suas responsabilidades, [...].

Uma educação que lhe propiciasse a reflexão sobre seu próprio poder de refletir [...].” (FREIRE,

2011 [b], p.80).

Em “A importância do ato de ler”, Paulo Freire traz reflexões iniciais a respeito de seus

projetos de alfabetização de adultos; levando seus alunos a “aprender a escrever a vida como autor

e como testemunha de sua história” (2011 [a], p.12). O processo educativo assume dessa forma um

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caráter político. Em seguida, o livro “A Educação como prática da Liberdade” desempenha um

papel de introdução mais aprofundada da obra de Paulo Freire que ganha mais robustez teórica e

reflexiva em “A pedagogia do oprimido”. Paulo Freire traz a luta de classes para o debate

educativo, evidenciado as facetas ideológicas, sociológicas e hegemônicas do pensamento

educativo. Além de apontar a urgência de uma educação feita para e pelos oprimidos, Freire não

deixa de lado um pilar essencial para constituição desse objetivo, o direito de comunicar, pois

“somente na comunicação tem sentido a vida humana” (2011 [a], p. 89).

No sentido da luta de classes na educação buscamos mais aprofundamento teórico com o

livro “Pedagogia da Fábrica” (2011) de Acácia Z. Kuenzer. Nesta obra, Kuenzer tratará as relações

de produção e a educação do trabalhador. Aproximando-se mais do mercado de trabalho e das

empresas, Kuenzer traz também debates políticos, ideológicos, sociológicos e hegemônicos. Como

aponta: “[...] toda relação hegemônica é uma relação pedagógica, devendo ser entendida não só

como direção política, mas como direção moral e cultural” (2011, p.15). Ao discutir a Educação, o

Trabalho e a Comunicação esta obra circunscreve-se como uma ponte teórica entre o estudo que

estamos realizando com o projeto de Iniciação Científica e o escopo de pesquisa do Centro de

Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT).

Por fim, destacamos textos que nos sustentam epistemologicamente na intersecção da

Comunicação com a Educação. Inicialmente Maria Aparecida Baccega (2003; 2005) evidencia a

discussão sobre Comunicação, Tecnologia e Educação. Em “Tecnologia e Construção da

Cidadania”, a autora afirma que a tecnologia serve para “amplificar o que queremos dar a

conhecer” (2003, p.1), mas que ela por si só não garante um ensino de qualidade, diferentemente

de um segmento de pessoas que praticam um indevido endeusamento dos gadgets eletrônicos.

Nada pode substituir uma educação que incentive o pensamento, a problematização e que procure a

“inserção do aluno como cidadão crítico” (2003, p.2). Para tanto, as disciplinas ligadas às

humanidades e as artes são extremamente necessárias, apesar da marginalização a qual são

submetidas atualmente. Ademais, Baccega trás à tona um ponto importante no debate de

Tecnologia e Educação que é a Inclusão Digital, ainda muito escassa no Brasil. Em seu segundo

texto, “Comunicação, Educação e Tecnologia: Interação”, Baccega aproxima-se do já citado livro

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de Clóvis de Barros Filho ao refletir sobre a realidade editada e os interesses nela envolvidos. “[...]

editar é construir uma realidade outra” (2005, p.8), é necessário, portanto, conhecer e estudar essa

realidade outra que constrói e dissemina significados e que, de certa forma, também nos educa.

Além do mais, a tecnologia afeta a maneira como interagimos uns com os outros, com nós mesmos

e com o mundo. Ela resignifica nossas percepções de espaço e de tempo. É o que Walter Benjamin

denominou de novo Sensorium do Ser Humano em contato com as tecnologias. As relações atuais

que vivemos no mundo cheio de informações nos obrigam a selecionar diante de uma oferta tão

vasta. Para tanto, se faz necessário um espaço de reflexão e para Baccega “o espaço privilegiado de

reflexão é sempre, e continuará sendo, a escola” (2005, p.9).

Para o debate da Educação e Mídia, Maria da Graça Setton em “Mídia e Educação” (2010)

contribui com reflexões importantes tratando de assuntos como a cultura midiática, história do

fenômeno midiático, definição de conceitos importantes, a perspectiva da Escola de Frankfurt, da

integração da cultura, os estudos de recepção e a cibercultura. Assim como Baccega, Setton

entende os meios de comunicação como um agente educativo e de socialização importante na vida

das pessoas e que, por isso, deve ser estudado e considerado nos programas pedagógicos. Para

Setton “Compreender [...] a cultura midiática [...] pode ser uma pista para compreender a sociedade

em que vivemos, seus conflitos, lutas internas, jogos de interesses, medos e fantasias” (2010, p.17).

Fato que nos leva também a entender melhor os valores e visões de mundo, ou seja, o aspecto ético

que é um dos focos de nosso estudo.

Como a escola deve atender as demandas e se adaptar ao mundo tecnológico de

comunicação em que vivemos? A pergunta formulada nos invoca profundas e complexas reflexões

que Adilson Citelli procura responder em seu livro “Comunicação e Educação: A linguagem em

movimento” (2004) e, dessa forma, serve como lastro importante de nosso estudo. Além disso,

Citelli apresenta em seu livro os resultados de uma pesquisa que estuda as relações entre o universo

da escola e as comunicações, o que nos ajuda a trazer a discussão também para o âmbito prático.

Em entrevista para a revista MATRIZes, Guillermo Orozco Gómez (2010) também nos traz

reflexões a respeito da Educação, Comunicação, Tecnologia e Mídia. Ao narrar alguns fatos de sua

carreira acadêmica e profissional, Orozco evidencia o que parece ser um dos pontos centrais no

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debate da Educomunicação: a prática aliada à teoria. Entender a educação como fruto de processos

comunicativos é assumir que esta se constrói na relação com o outro e consigo e, portanto,

podemos assumir que prática e teoria devem caminhar juntas. A prática sem a teoria é desumana e

sem sentido, pois esta dá sua razão cultural e simbólica, aprimorando a praxis. Por outro lado, a

teoria não funciona sem a prática e será meramente uma abstração, uma vez que a prática traz o

problema e as questões a serem resolvidas a partir da teoria.

Orozco entende a relação entre Educação e Comunicação, por exemplo, quando nos diz que

“para ser melhor pedagogo deveria ser melhor comunicador” (2010, p.118). Orozco ainda

evidencia no debate como a escola está fechada ao diálogo com os meios de comunicação. Para

muitos educadores, a televisão, por exemplo, é apenas entretenimento e não um material

potencialmente educativo como defende o autor. Dessa forma, a escola se afasta da vida real e,

assim, perde grande parte do seu papel social e do interesse que deveria despertar nos alunos.

Orozco, pelo contrário, nos fala como os jovens estão se apropriando desse universo tecnológico e

defende uma educação para a interatividade tanto dos alunos quanto dos professores. Ele analisa

este cenário sempre tendo em vista a realidade da América Latina e o faz, por exemplo, quando

tece reflexões a respeito dos conglomerados de Comunicação existentes nos países dessa região

como a Televisa no México e a Rede Globo no Brasil.

Outro autor que destacará a importância da criação e apropriação dos jovens dessa nova

cultura tecnológica e sobre o papel da escola é o já citado Jesús Martin-Barbero em seu texto

“Heredando el futuro”. Martin-Barbero, ao citar a antropóloga Margaret Mead, enxerga no que

vivemos hoje uma ruptura geracional, o que Mead denomina como cultura pré-figurativa. É por

isso que Martin-Barbero aponta que é preciso descobrir junto com os jovens a forma como

desenvolveremos, por exemplo, uma educação renovada. No entanto, o que enxergamos na

América Latina é um alto índice de fracasso escolar, uma privatização massiva da educação e uma

cultura individualista que impede a construção coletiva do conhecimento em todo seu potencial.

Além disso, Barbero critica o fato de a escola estar baseada em apenas um tipo de linguagem, a

leitura e escrita, enquanto outros tipos são marginalizados, o que constitui mais uma obsolescência

do espaço escolar.

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A crítica de Martin-Barbero à limitação de linguagens no espaço escolar se relaciona com

as reflexões tecidas por Luis Carlos Restrepo em seu livro “O Direito a Ternura” (1998). Restrepo

constrói em seu livro como tese central a deformação afetiva que sofremos na sociedade ocidental

contemporânea e aponta suas consequências assoladoras.

Nós cidadãos ocidentais sofremos uma terrível deformação, um pavoroso

empobrecimento histórico que nos levou a um nível jamais conhecido de

analfabetismo afetivo. Sabemos do A, do B e do C; sabemos do 1, do 2 e do

8; sabemos somar, multiplicar e dividir, mas nada sabemos de nossa vida

afetiva, razão pela qual continuamos exibindo grande entorpecimento em

nossas relações com os outros. (1998, p.19)

As consequências desse empobrecimento se manifestam necessariamente na escola. Um dos

exemplos citados pelo autor que se relaciona com as reflexões de Jesus Martin-Barbero é a

supervalorização dos sentidos extroceptores, a visão e audição, que são os únicos sentidos que

podemos exercer a distância do outro. Enquanto olfato, paladar e tato, que exigem proximidade e

nos ascendem a outros tipos de conhecimentos do mundo, do outro e de nós mesmos, são

marginalizados.

Ao negar a importância das cognições afetivas, a educação se afirma como

um pedantismo do saber que se mantém subsidiário de uma concepção de

razão universal e apática, distante dos sentimentos e dos afetos, fiadora de

um interesse inspetorial que desconhece a importância de ligar-se a

contextos e seres singulares (1998, p.32).

Diante de tantas referências, desembocamos propriamente na produção acadêmica da

Educomunicação na qual os professores da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de

São Paulo, Departamento de Comunicações e Artes, configuram-se como grandes matrizes e

expoentes epistemológicos. Assim, adotamos para nosso estudo dois livros: “Educomunicação: o

conceito, o profissional, a aplicação” (SOARES, 2011) e o Org. “Educomunicação: construindo

uma nova área de conhecimento” (CITELLI; COSTA, 2011).

Tanto no primeiro livro no qual Ismar de Oliveira Soares traz conceitos importantes para a

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compreensão dessa nova área, as práticas já realizadas, os desafios para a educação e uma proposta

de ação educomunicativa no Ensino Médio, quanto no segundo livro no qual Adilson Odair Citelli

e Maria Cristina Castilho Costa organizam uma série de artigos sobre o tema, nos oferecem uma

base de análise tanto epistemológica quanto ética.

Corpus de análise

Diante da vasta coleção da Revista & Comunicação que vem sendo publicada desde 1994

optamos por trabalhar com um Corpus de análise específico. No entanto, o Corpus não foi

estabelecido no pré-projeto de pesquisa, pois necessitávamos de uma análise seletiva prévia. Dessa

forma, estamos estabelecendo critérios quantitativos para delimitar nosso objeto de estudo.

Nesse sentido, as dissertações elaboradas na pós-graduação da ECA-USP a respeito da

revista são grandes contribuições. O trabalho de especialização de Suzana Simões Pinheiros Pires

(2005) com orientação da Professora Doutora Roseli Aparecida Fígaro Paulino e, em especial, a

dissertação de Juliana Winkel Marques dos Santos (2012), “Revista Comunicação & Educação: a

emergência de uma interface entre duas áreas do conhecimento”, orientada pela Professora Doutora

Maria Cristina Castilho Costa.

Estabelecemos como um dos critérios buscar em nossas análises quantitativas apenas

autores que contribuíram diretamente para o periódico em questão. Além disso, nosso recorte

temporal ainda é impreciso, estamos trabalhando para extrair o corpus de diversos números da

revista. Para além, buscamos dados de separação temática em seus conteúdos, dados que foram

retirados da pesquisa de Juliana Winkel.

Ademais, os dois catálogos elaborados pela própria Revista Comunicação & Educação

entre os anos 1994-1997 e 1998-2001 com os resumos de seu conteúdo se mostraram de grande

valia para o mapeamento e a extração do Corpus que propomos. Também adotamos o capítulo

escrito por Maria Cristina Castilho Costa e Cláudia do Carmo Nonato Lima intitulado “Novos

paradigmas para a Comunicação” para o org. “Gestão da Comunicação: Projetos de intervenção”

(COSTA, 2009, pg. 67-102) como fonte de dados e informações relevantes.

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Abaixo listamos alguns dos dados relevantes que extraímos das obras citadas:

Tabela I

Fonte: Juliana Winkel (2012).

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Tabela II

Fonte: Juliana Winkel (2012).

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Tabela III

Fonte: Juliana Winkel (2012).

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Tabela IV

Fonte: Juliana Winkel (2012).

Tabela V

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Fonte: Juliana Winkel (2012).

Tabela VI

Fonte: Juliana Winkel (2012).

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Tabela VII

Fonte: Juliana Winkel (2012).

Tabela VIII

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Seções em números entre os anos 1994 e 2003. Fonte: Suzana Simões (2005).

Tabela IX

Nome Qtd.

1 Jésus Martín-Barbero 176

2 Octavio Ianni 102

3 Guillermo Orozco Gómez 101

4 Néstor García-Canclini 99

5 Armand Mattelart 80

6 Renato Ortiz 73

7 Jacob Gorender 32

8 Clóvis de Barros Filho 29

9 Margarida Kunsch 23

10 Escosteguy 18

Autores externos mais citados que já contribuíram diretamente para a Revista Comunicação &

Educação. Fonte: Maria Cristina Castilho Costa e Claudia do Carmo Nonato Lima (2009).

Os dados acima são de grande contribuição para nossos estudos. Na tabela VIII

notamos a predominância da seção “artigos nacionais” na Revista Comunicação&Educação. Por

ser a seção mais relevante em números e também por se configurar como uma das seções de

caráter mais acadêmico e científico, é dela que optamos por extrair nosso Corpus de análise. Na

tabela IV, encontramos um recorte temporal (2004-2011) que nos permite extrair um Corpus

mais fiel ao que a Educomunicação apresenta como preceitos epistemológicos e éticos na

atualidade. Assim, realizaremos um levantamento bibliométrico com os 25 artigos nacionais em

questão para então construir uma tabela que se assemelha a tabela IX, com os autores externos

mais citados, e neles buscar por meio dos temas e das palavras-chave, bem como dos resumos

dos artigos cumprir o objetivo deste estudo que é análise comparativa e conceitual. Dessa forma,

pretendemos cruzar os dados das duas tabelas, para então obter uma radiografia mais próxima do

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que acreditamos ser os fundamentos epistemológicos da Educomunicação no Brasil.

É possível notar em uma primeira análise uma predominância de publicações dos

professores e ex-professores do próprio Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP.

Ademais, na tabela IX, notamos a grande presença de teóricos da Comunicação na América Latina:

Martin-Barbero, Orozco, Canclini e Ianni. Nesse sentido, a Tabela VII nos fornece dados

relevantes para entender as contribuições internacionais que a educomunicação e a Revista

conseguiram ao longo dos anos.

Após essa análise de cruzamento de dados é que pretendemos finalmente extrair o Corpus

de análise.

REFERÊNCIAS

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Paulo, [27]: 7 a 14, maio/ago. de 2003.Disponível em:

<http://www.eca.usp.br/comueduc/antigos/apresenta/artigo27.pdf>

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2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

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FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 43.ed.São Paulo: Cortez, 2003.

KUENZER, A. Z. Pedagogia da fábrica. As relações de produção e a educação do trabalhador.

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MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.

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das tecnologias. Revista Matrizes. São Paulo. V.3, N.2. p. 117-130. 2010.

Revista Comunicação & Educação. São Paulo, CCA-ECA-USP/Moderna. Vários números.

RESTREPO, Luis Carlos. O Direito a Ternura. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1998.

RÜDIGER, Francisco. As Teorias da comunicação. Porto Alegre: Penso, 2011.

SETTON, Maria da Graça. Mídia e educação. São Paulo: Contexto, 2010.

SIMÕES, Suzana. Comunicação & Educação: novas propostas de gestão da Comunicação. s.d.

Dissertação (Mestrado em Gestão de Processos Comunicacionais) – Escola de Comunicações e

Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação:

contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011.

WINKEL, Juliana. Revista Comunicação & Educação: a emergência de uma interface entre duas

áreas do conhecimento. s.d. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação, área de

concentração Teoria e Pesquisa em Comunicação, linha de pesquisa Estética e História da

Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

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6. DIFICULDADES ENCONTRADAS:

Como já foi apontado, a maior dificuldade encontrada foi exatamente desenvolver um projeto

de pesquisa de Iniciação Científica concomitantemente com um estágio de 6 horas diárias.

O Estágio além de tomar o tempo do orientado, causou um desgaste que o impedia de

desenvolver com plenitude seu projeto. Dessa forma, por escolha pessoal, o orientado decidiu por

abandonar o estágio e dedicar-se exclusivamente à pesquisa. Dessa forma, teremos uma segunda

metade mais produtiva e focada.

Além disso, enfrentamos dificuldades metodológicas na seleção de autores e textos da Revista

Comunicação&Educação para o Corpus de Análise. No entanto, estas dificuldades vem sendo

superadas com a obtenção dos dados levantados por outros pesquisadores.

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7. ATIVIDADES PREVISTAS PARA O PRÓXIMO SEMESTRE:

* Delimitação do Corpus de análise

*Análise

*Conclusões

*Preparação de apresentação

8. AVALIAÇÃO DO ALUNO SOBRE O PROGRAMA DE INICIAÇÃO:

Acredito que o programa de Iniciação Científica sem bolsa é adotado por alunos que já

trabalham. Em minha experiência durante o segundo semestre de 2012 pude perceber que

trabalhar e ao mesmo tempo desenvolver um projeto de pesquisa é praticamente impossível sem

ser completamente medíocre nas duas atividades. Por isso, acredito que mesmo o programa sem

bolsa não deveria aceitar alunos que estagiam, pois isso vai comprometer seu desempenho e

consequentemente a qualidade do trabalho.

Fora essa observação, só tem elogios para a orientação que tenho recebido da professora

doutora Roseli Figaro e o trabalho excelente da comissão de pesquisa, em especial da Edna que

sempre esteve disposta a solucionar minhas dúvidas e a me ajudar.

Meus elogios também à equipe da revista Comunicação & Educação que se mostrou muito

solicita em fornecer materiais para minha pesquisa e ao grupo de pesquisa Comunicação e

Trabalho que tem sido um espaço de crescimento acadêmico.

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9. APRECIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O RELATÓRIO:

Alexandre Suenaga é um curioso e uma pessoa que se incomoda com respostas prontas e o

conformismo diante dos males do mundo. Para mim, aspectos fundamentais para o perfil de um

cientista. Busca do conhecimento com compromisso com a cidadania e o bem-estar das pessoas.

Por esse compromisso, que começa a ser compreendido com o amadurecimento intelectual e

moral, Suenaga tem se revelado um excelente aluno. O relatório em questão revela exatamente

isso. As leituras recomendadas foram realizadas, buscou ampliá-la com outros títulos pertinentes

aos objetivos da pesquisa. Desenvolveu um panorama conceitual da pesquisa a partir das leituras

realizadas. Depara-se com a problemática metodológica e acolhe as sugestões da orientadora e dá

conta de um primeiro desenho do que será a parte empírica da pesquisa.

Tem um texto adequado às normas , coerente e coeso, dando clareza ao que se propõe como

relato de andamento de pesquisa.

Considero que o jovem pesquisador fez um bom trabalho e tem todas as condições de cumprir

muito bem os objetivos de sua pesquisa.

10. APRECIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O DESEMPENHO DO BOLSISTA:

Como ele mesmo se manifesta no corpo do seu relatório, o estágio não permitiu adequada

dedicação acadêmica. Por isso, resolveu retirar-se do emprego para definir-se por seus estudos.

A partir do momento de maior tempo para a Universidade, a dedicação à pesquisa aumentou

em quantidade de tempo e em qualidade de reflexão.

Sobre o desempenho acadêmico geral do aluno, tenho a reportar que ele sempre foi um excelente

aluno, inquieto, sempre com questões e com participação efetiva nas disciplinas. Essa performance

tem garantido a ele notas muito boas e o reconhecimento dos professores.

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11. RENOVAÇÃO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA:

( )SIM (X)NÃO

12. LOCAL: DATA: ASSINATURA DO ORIENTADOR:

São Paulo 18 de fevereiro de 2013