RELATÓRIO TÉCNICO DA FAUNA DA CONTRA COSTA DE...
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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E
LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE
DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS
RELATÓRIO TÉCNICO DA FAUNA DA CONTRA COSTA DE SOURE – MAR TERRITORIAL –
ILHA DE MARAJÓ – PARÁ
BELÉM/PA 2012
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Simão Robison Oliveira Jatene Governador do Estado do Pará
Helenilson Cunha Pontes
Vice-governador do Estado do Pará
Vilmos da Silva Grunvald Secretário Especial de Estado de Infraestrutura e
Logística para o Desenvolvimento Sustentável
José Alberto da Silva Colares Secretário de Estado de Meio Ambiente
Crisomar Lobato Diretor de Áreas Protegidas
Jocilete de Almeida Ribeiro
Coordenadora de Ecossistemas
Nívia Gláucia Pinto Pereira Gerente de Proteção à Fauna - GPFAUNA
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EQUIPE TÉCNICA
GPFAUNA Luciana Alves de Souza
Rosilene do Socorro da Costa Bittencourt Thatiana Figueiredo (Colaboradora Eventual)
Pedro Alexandre Machado Sampaio (Colaborador Eventual) Joyce Ferreira Macedo de Andrade (Estagiária) Ana Luísa Creão Duarte Pinheiro (Estagiária)
João Marcelo Vieira Lima
Revisão Ortográfica
DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (Biblioteca da SEMA)
Relatório Técnico da Fauna da Contra Costa de Soure – Mar Territorial Ilha do Marajó. / Secretaria de Estado de Meio Ambiente. – Belém: SEMA, 2010.
p. 119.
1. Meio Ambiente. 2. Fauna. 3. Ilha do Marjó - Soure I. Secretaria de Estado de Meio Ambiente. II Título.
. CDD 22.ed. – 333.72
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LISTA DE FOTOGRAFIAS
Fotografia 1................................................................................................................29
Fotografia 2................................................................................................................29
Fotografia 3................................................................................................................29
Fotografia 4................................................................................................................29
Fotografia 5................................................................................................................31
Fotografia 6................................................................................................................31
Fotografia 7................................................................................................................31
Fotografia 8................................................................................................................32
Fotografia 9................................................................................................................33
Fotografia 10..............................................................................................................33
Fotografia 11..............................................................................................................35
Fotografia 12..............................................................................................................35
Fotografia 13..............................................................................................................52
Fotografia 14..............................................................................................................62
Fotografia 15..............................................................................................................66
Fotografia 16..............................................................................................................67
Fotografia 17..............................................................................................................67
Fotografia 18..............................................................................................................67
Fotografia 19..............................................................................................................69
Fotografia 20..............................................................................................................73
Fotografia 21..............................................................................................................74
Fotografia 22..............................................................................................................74
Fotografia 23..............................................................................................................81
Fotografia 24..............................................................................................................81
Fotografia 25..............................................................................................................82
Fotografia 26..............................................................................................................88
Fotografia 27..............................................................................................................92
Fotografia 28..............................................................................................................92
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LISTA DE PRANCHAS
Prancha 1...................................................................................................................28
Prancha 2...................................................................................................................30
Prancha 3...................................................................................................................33
Prancha 4...................................................................................................................41
Prancha 5...................................................................................................................47
Prancha 6...................................................................................................................50
Prancha 7...................................................................................................................53
Prancha 8...................................................................................................................54
Prancha 9...................................................................................................................71
Prancha 10.................................................................................................................77
Prancha 11.................................................................................................................78
Prancha 12.................................................................................................................79
Prancha 13.................................................................................................................79
Prancha 14.................................................................................................................82
Prancha 15.................................................................................................................83
Prancha 16.................................................................................................................84
Prancha 17.................................................................................................................95
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LISTA DE MAPAS
Mapa 1........................................................................................................................10
Mapa 2........................................................................................................................11
Mapa 3........................................................................................................................16
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SUMÁRIO
PARTE II - MEIO BIOLÓGICO ................................................................................. 14 CAPÍTULO II – FAUNA DA CONTRA COSTA DE SOURE E MAR TERRITORIAL 14 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 2 METODOLOGIA .................................................................................................... 23
2.1 METODOLOGIA DA FAUNA TERRESTRE E AVIFAUNA .............................. 23 2.2 METODOLOGIA DA FAUNA AQUÁTICA ........................................................ 24
3 DESCRIÇÃO DO MEIO BIOLÓGICO .................................................................... 25
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................. 25 3.1.1 Área Estuarina, Área Costeira e Manguezais........................................ 25 3.1.2 Áreas de Várzea e Campos Submersíveis ............................................ 28
3.2 DESCRIÇÃO DA FAUNA PARA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PROPOSTA ............................................................................................................................... 30
3.2.1 Município de Soure ................................................................................. 31 3.2.2 Fauna Aquática ........................................................................................ 36 3.2.3 Município de Chaves ............................................................................... 59 3.2.4 Levantamento da Fauna Aquática ......................................................... 68
4 ATIVIDADE PESQUEIRA ...................................................................................... 91 5 COMUNIDADES OU POPULAÇÕES SINGULARES.......................................... 100
5.1 ESPÉCIES AMEAÇADAS, ENDÊMICAS, DE DISTRIBUIÇÃO RESTRITA E PRINCIPAIS PRESSÕES E AMEAÇAS À FAUNA LOCAL. ................................ 100
6 PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE AFETAM A FAUNA ....................................... 101 7 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................ 102 8 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 104 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 106 ANEXO A - Listagem de espécies de animais estudadas. ................................. 115
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PARTE II - MEIO BIOLÓGICO
CAPÍTULO II – FAUNA DA CONTRA COSTA DE SOURE E MAR TERRITORIAL
1 INTRODUÇÃO
A diversidade biológica na Terra não está distribuída uniformemente, pois os
organismos não se distribuem ao acaso. Esse padrão de distribuição de espécies é
fortemente influenciado por caracteres históricos e ecológicos e deve ser visualizado
dentro do processo evolutivo de toda a biota. Como consequência disso, existem
áreas que possuem maior biodiversidade do que outras nos seus principais aspectos
como taxonômico, genético e de ecossistemas (CARVALHO, 2009).
A criação de Unidades de Conservação deve levar em consideração os
requisitos ecológicos das espécies e a quantidade de espaço necessário para
suportar uma população mínima viável, ou seja, a população deve ser grande o
bastante para manter a espécie fora do perigo da extinção estocástica. (RICKLEFS,
2003). Assim o estudo de fauna de regiões insuficientemente conhecidas tem
grande importância, não só para o acompanhamento do status de uma determinada
espécie como também o levantamento de espécies bioindicadoras que fornecem
informações relevantes do ecossistema em que vivem (GRELLE et al., 1999). A
Região Amazônica é responsável por grande número de espécies novas devido às
extensas áreas ainda inexploradas, alvo de recentes expedições científicas. É nessa
região que foram descritas recentemente quatro novas espécies de primatas
(FERRARI et al., 1998).
O conhecimento científico existente sobre a diversidade amazônica ainda é
pequeno, principalmente em função de sua grande dimensão, elevada riqueza de
espécies e diversidade de habitat. Apesar do pouco conhecimento, sabe-se que a
maioria das espécies não é amplamente distribuída na região, mas ocorre em
mosaicos delimitados principalmente pelos grandes rios que cortam a floresta,
formando várias áreas de endemismo. (DA SILVA et al., 2005 apud PAULA;
LEMOS, 2008).
O estudo de fauna em áreas protegidas é ainda insuficientemente, sendo o
mesmo considerado especialmente importante já que várias espécies são
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consideradas bioindicadoras, fornecendo indícios da situação do ecossistema em
que vivem, ou seja, é como uma avaliação integrada dos efeitos ecológicos. Alia-se a
isso o fato de muitas espécies silvestres serem frágeis ecologicamente,
necessitando normalmente de grandes espaços relativamente preservados para a
manutenção de populações viáveis. Os mamíferos também ocupam vários níveis na
cadeia trófica, atuando tanto como dispersores de sementes quanto como
predadores de topo da cadeia alimentar, sendo afetados direta ou indiretamente por
perturbações nos níveis inferiores (TERBORGH et al., 1999).
O Arquipélago do Marajó está localizado, integralmente, no Estado do Pará, é
considerado como uma área extremamente rica devido aos seus recursos naturais
(hídricos e biológicos), apresentando uma diversidade de ecossistemas com
espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção ou endêmicas, contando com
belezas únicas.
O Ministério do Meio Ambiente através da realização de uma série de
workshops para a definição de áreas prioritárias que resultaram na identificação de
900 áreas para a conservação da biodiversidade, sendo 385 na Amazônia e 164 na
zona costeira e marinha. Entre as áreas da Zona Costeira e Marinha, a região do
Marajó foi considerada como de importância extremamente alta para conservação.
O Arquipélago é formado por um conjunto de ilhas, formando a maior ilha
fluviomarítima do mundo, com 49.606 Km.
A área proposta para Unidade de Conservação (UC), foco desse trabalho,
localiza-se nos municípios de Soure, S 00º43’00’’, O 48º31’24’1” e Chaves S
00º09’36” , O 49°59’18”, compondo a Microrregião geográfica do Arari, formada
pelos municípios: Cachoeira do Arari, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra,
Santa Cruz do Arari e Soure.
O Município de Soure foi fundado, em 1847, com o nome de Monteforte e,
1859, recebeu o nome de Soure. Apresenta área igual a 3.513 Km², com população
estimada em 23.001 habitantes em 2010 (IBGE).
O Município de Chaves foi criado no ano de 1758. Apresenta área de
13.084,879 km², sendo o maior município do Arquipélago do Marajó, estando a uma
altitude de 6 metros. Em 2007, apresentava população estimada de 21.005
habitantes (IBGE).
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É importante ressaltar que houve, na época, a solicitação do Prefeito Municipal
de Soure, Sr. João Luiz Melo, a fim de realizar estudos para a criação de uma
Unidade de Conservação (Reserva Biológica) na Costa de Soure localizada entre a
Ilha do Machado e Pacoval, onde está o maior viveiro pesqueiro do Brasil.
A finalidade desses estudos é a conservação dos recursos pesqueiros, uma
vez que a exploração dos mesmos está se intensificando na área. Complementou
ainda, que o Arquipélago do Marajó tem um enorme potencial pesqueiro e a Reserva
da Biosfera deverá incluir as doze milhas náuticas do mar territorial, havendo,
portanto, a necessidade de pesquisas científicas voltadas para isso. Além disso, os
municípios de Soure e Salvaterra são considerados o portal do turismo no Marajó,
uma potencialidade que deveria ser mais bem explorada. Citou que cada município
tem sua potencialidade econômica, alguns têm a agropecuária, outros a exploração
de açaí e assim por diante (LIMA, 2009).
Entre as ações com o intuito de aumentar os esforços para a conservação
dos recursos naturais encontram-se a criação de Unidades de Conservação da
Natureza (UCs) que ainda não garantem a preservação dos ecossistemas, mas que
em conjunto com outras ações e políticas públicas podem assegurar uma
manutenção eficaz dos ecossistemas, evitando a fragmentação de habitat
importantes para a biodiversidade.
A fauna e flora da zona costeira compõem um sistema biológico complexo e
sensível, que abriga extraordinária interrelação de processos e pressões, exercendo
um papel fundamental na maior parte dos mecanismos reguladores costeiros. Esses
ecossistemas são responsáveis por ampla gama de “funções ecológicas”, tais como
a prevenção de inundações, intrusão salina e erosão costeira, proteção contra
tempestades, reciclagem de nutrientes e substâncias poluidoras e provisão de
habitat e recursos para uma variedade de espécies explotadas, direta ou
indiretamente (BRASIL, 2002 apud BRASIL, 2007).
Segue abaixo dois recortes do Mapa de Áreas Prioritárias para a Zona
Costeira e Marinha, especificamente na Região do Marajó, demonstrando a
definição do Ministério do Meio Ambiente - MMA das áreas de importância biológica
para a Zona Costeira e Marinha e suas respectivas ações prioritárias. (Mapas 1 e 2)
17
Fonte: MMA (2007).
Mapa 1 – Recorte do Mapa de Áreas Prioritárias para a Zona Costeira e Marinha da Região Norte.
18
Mapa 2 – Recorte do Mapa de Áreas Prioritárias para a Zona Costeira e Marinha, evidenciando o Arquipélago do Marajó.
Fonte: MMA (2007).
Código Área Ação
AmZc268 Corredor do Maguari Criar UC – PI
Zm037 Plataforma do Amapá + Definição de Área Exclusão Pesca
Golfão Marajoara
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Como se pode observar nos mapas acima, a foz amazônica e a Ilha de
Marajó são indicadas como áreas de importância biológica muito alta e, portanto,
prioritárias para conservação.
O arquipélago marajoara, formado por dezesseis municípios dos quais doze
compõem a Ilha de Marajó, uma das regiões de grande beleza cênica e forte
influência da “ditadura das águas”, abrigando uma diversidade de paisagens e
ecossistemas que não existem em nenhum outro lugar do mundo. Esses
ecossistemas únicos contêm uma variedade enorme de espécies animais e vegetais
que garantem a subsistência do povo marajoara.
O Arquipélago do Marajó está situado na Região Norte do Brasil, nordeste do
Estado do Pará, (CRUZ, 1987), entre as latitudes 00º 10’ e 01º 48’ S e as longitudes
48º 22’ e 50º 49’ W (NASCIMENTO, 1991). É uma das mais ricas regiões do país
em termos de recursos hídricos e biológicos, além de possuir localização estratégica
e privilegiada. É formado por um conjunto de ilhas, que, em seu todo, constitui a
maior ilha flúvio-marítima do mundo, com 49.606 Km². Em sua porção noroeste,
recebe águas doces, barrentas e cheias de nutrientes do Rio Amazonas; ao norte,
as águas marinhas do Oceano Atlântico; a nordeste, as águas doces e barrentas da
Baía do Marajó; ao sul, as águas doces e barrentas do Rio Pará, propiciando
pescarias em áreas continentais e marinhas, com elevada diversidade de peixes
provenientes desses dois sistemas. (PROBIO-MARAJÓ, 2007).
Pertence ao Bioma Zona Costeira/Marinha e está inserida no próprio contexto
da Bacia Amazônica, que possui a maior rede hidrográfica do planeta que são
determinantes para que a região sofra alagações periódicas, pois seus rios são
condicionados pelo próprio regime das chuvas que caem na região, que por sua vez
dependem da circulação atmosférica dentro da zona intertropical Sul-Americana e
dos deslocamentos das massas de ar. O clima é equatorial úmido quente-chuvoso
com temperatura média em torno dos 25º C, com chuvas torrenciais bem
distribuídas por todo o ano. Esse clima se caracteriza por possuir duas estações
anuais intensas, tanto a estação chuvosa quanto a seca. Nessa, o solo tende a
secar com o passar dos dias, rachando e tornando-se árido e duro, proporcionando
as torroadas (sulcos e alterações de terreno). Na estação chuvosa, as chuvas
contribuem para o aumento no volume da água dos rios, provocando as enchentes
que inundam a ilha em mais de dois terços de sua superfície (CRUZ, 1987).
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Situada dentro da zona neotropical, a vegetação do Bioma Zona
Costeira/Marinho no Arquipélago do Marajó apresenta ecossistemas variados, há
ainda uma vasta fauna e micro-organismos, que contribuem para o balanço
ecológico desse bioma. Essa diversidade biológica é resultado da interação das
variadas condições geoclimáticas predominantes. Por essas e outras características,
é considerado como sendo a maior reserva de diversidade biológica do mundo,
havendo estimativas de que abrigue pelo menos a metade de todas as espécies
vivas do planeta (IBGE, 2004).
O presente relatório técnico compõe a descrição e avaliação rápida da
biodiversidade local dos municípios de Chaves e Soure com enfoque no diagnóstico
faunístico de expedições realizadas entre os períodos de junho de 2010 a maio de
2011. Os trabalhos em campo se justificam pela elevada importância ecológica da
área de estudo no âmbito de sua biodiversidade faunística e de ecossistemas
costeiros e estuarinos imprescindíveis à renovação natural dos estoques alvo de
uma das atividades econômicas mais relevantes do Estado do Pará que é a
atividade pesqueira.
A área de estudo compreende a zona da contra costa de Chaves e Soure que
se estende desde o Rio Arapixi no Município de Chaves até faixa do Mar Territorial,
pertencente ao Estado do Pará.
No estado, os estudos para criação de Unidades de Conservação de
Proteção Integral no Arquipélago do Marajó decorreram em função da iniciativa do
Governo do Estado do Pará/Secretaria de Estado de Meio Ambiente, no
cumprimento das determinações do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do
Pará, instituído por meio da Lei nº 6.745/2005. No âmbito desse estudo foi apontado
um conjunto de ilhas na foz do Rio Amazonas no qual se inclui os municípios de
Chaves e Soure, como áreas de relevante importância ecológica e referência para
criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral, assim como da Lei nº
7.398/2010 que "Dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona
Costeira do Estado do Pará".
Os levantamentos práticos de fauna em campo ocorreram no final da estação
chuvosa no decorrer de duas excursões em campo de treze dias cada entre os
meses de junho de 2010 (Município de Chaves) e de maio de 2011 (Município de
Soure. Foram, também, realizados, de acordo com os conhecimentos técnico-
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científicos disponíveis em literatura, análises das informações pautadas nos
questionários aplicados.
Para execução dos trabalhos em campo foram realizadas duas expedições
(em grande embarcação) nas áreas em questão (Soure e Chaves), fazendo uso de
meio flutuante de grande porte que configurava o barco-mãe. Esse era a base
central dos levantamentos no qual todas as equipes estavam alocadas. As equipes
trabalhavam separadamente e se deslocavam com auxílio de embarcações menores
para realização das pesquisas técnico-científicas junto aos moradores das áreas
visitadas. Todos os levantamentos realizados são de grande importância, pois a
descrição e avaliação diagnóstica dos ecossistemas, da fauna e flora locais, bem
como os estudos de meio físico e socioeconomia são imprescindíveis para a
implementação futura de um manejo mais adequado a essa área.
Os trabalhos foram concentrados em alguns pontos específicos que foram
previamente determinados. Tais pontos foram: as sedes municipais para
levantamentos de ordem fundiária, socioeconômica, aplicação de questionários e
realização de arranjos institucionais. No Município de Chaves: comunidades da
Região de Arapixi (Vila São Sebastião do Arapixi, Comunidade Anunciação,
Comunidade Santa Luzia, e Vila Morais), Região do Canhoão (Vila Marataná,
Comunidade Pedra, Comunidade Bonito, Comunidade Arauá, Comunidade São
Pedro, Comunidade São Tomé, Vila Nossa Senhora e Nazaré, Vila Nossa Senhora
das Graças e Comunidade Redenção e na Região do Canal das Tartarugas (Ilha da
Melancia, Comunidade Taperebá, Comunidade Vila Nova, Vila Santa Quitéria, Vila
Nascimento, Nossa Senhora do Livramento e Comunidade Santo Antônio localizada
na Ilha do Camaleão). É fundamental esclarecer que essa divisão por “região”, foi
um recurso didático estabelecido pelas equipes da execução para facilitar as
metodologias aplicadas nas diferentes comunidade e vilas.
No Município de Soure, foram definidos os seguintes pontos de avaliação:
Praia do Machado; Ilha e Praia dos Camaleões, Canal e Rio das Tartarugas; Rio
Maruim; Rio e Praia Araraquara; Rio Pacoval e áreas do Mar Territorial para
levantamentos de meio físico, meio biológico, infraestrutura e saneamento básico,
meio socioeconômico e cultural.
Esses estudos foram realizados com o objetivo comum de preservação e/ou
conservação dos ecossistemas, pois a proteção e manejo adequado dessas áreas
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são cruciais para a manutenção da biodiversidade local para fins de pesquisa
técnico-científica, no grande propósito de atender as normas de educação
ambiental, e corroborar com o Sistema Nacional de Criação de Unidade de
Conservação (SNUC). E, finalmente, esta Unidade criada, servirá como uma das
Zonas Núcleo, atendendo ao critério estabelecido pela Órgão das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), visando o reconhecimento do
Arquipélago do Marajó como Reserva da Biosfera.
Espera-se que com a criação da UC e após implementação de seu plano de
manejo os moradores da área e seu entorno sejam sensibilizados no sentido de
colaborar com uma utilização sustentável da biodiversidade ali existente e passem a
ser os principais defensores da conservação ambiental e do uso moderado dos
recursos, uma vez que dependem deles para garantir a subsistência familiar e o bem
estar das comunidades locais e arredores.
Segue abaixo o mapa da área proposta para criação das Unidades de
Conservação estudadas, sendo diagnosticada a necessidade de unidades de
proteção integral e outra de uso sustentável na área em questão. Mapa 3 - Área coberta pela UC, sendo a ilha menor a do Machado e a maior, dos Camaleões.
Fonte: SEMA (2011).
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2 METODOLOGIA
2.1 METODOLOGIA DA FAUNA TERRESTRE E AVIFAUNA
Os Métodos seguiram as normas e procedimentos estabelecidos em estudos
anteriores para Avaliação Ecológica Rápida em grandes áreas (SOBREVILLA;
BATH, 1992; SAYRE et al., 2003).
Para o levantamento de fauna foi utilizado o método de Avaliação Ecológica
Rápida (EAR), comumente usado para avaliações de curta duração em grandes
áreas previamente selecionadas (SOBREVILLA; BATH, 1992; SAYRE et al., 2003),
além de técnica do Observador Participante, em que o pesquisador se identifica
junto à comunidade, dedicando o seu tempo nas tarefas relacionadas à pesquisa.
No processo do EAR, os critérios para a seleção das áreas se baseiam nos valores
biológicos supostos e conhecidos, nas condições de acesso dos ambientes, na
proximidade de paisagens, no grau de ameaças e na disponibilidade de informações
dos setores amostrados.
A coleta de dados no campo deu-se por entrevistas com moradores,
utilizando questionários semiestrutrados e pranchas impressas com fotografias das
prováveis espécies ocorrentes na região, e através de identificação visual/auditivo
direta por método de procura ativa diurna e aleatória empregada para diagnóstico da
herpetofauna, mamíferos e aves. O uso das pranchas auxiliou a confirmação de
espécies da fauna citadas e/ou avistadas. Quanto às identificações indiretas
incluíram vocalizações, pegadas, fezes, penas, pêlos, carcaças, etc. (BECKER ;
DALPONTE, 1999). Sempre que possível, os animais avistados eram fotografados
para posterior confirmação da espécie (Anexo A).
Durante as procuras ativas, foi utilizado binóculo em caminhadas, com
paradas intercaladas o que permite uma melhor percepção de ruídos e movimentos.
O método de censo, por transecto de aves e primatas não foi realizado devido às
condições alagadiças e o curto período de visitação às áreas. Foram consideradas
as observações de outros membros da equipe e dos guias de campo. Houve
observações quando embarcado em canoa motorizada, com o intuito de pesquisar
ambientes de matas ciliares, bosques de siriúba Avicennia germinans (Ecossistema
Manguezal) e ao longo de extensos trechos de praias, onde foi empregado esforço
adicional na procura de organismos de ecologia aquática e semiaquática. O método
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de observação, percorrendo margens de corpos d’água a bordo de canoa
motorizada é bem conhecido e também empregado para diagnósticos rápidos de
fauna.
2.2 METODOLOGIA DA FAUNA AQUÁTICA
A metodologia de trabalho utilizada em campo consistiu basicamente na
Avaliação Ecológica Rápida (AER), em atividades como o levantamento da fauna
aquática existente na região através de excursões biológicas ao longo dos principais
rios, igarapés e canais da região com uso de pequenos meios flutuantes. E também
nas caminhadas diurnas em ambientes de praia para visualização aleatória de
espécies da fauna; realização de pescarias experimentais com redes de espera,
tarrafas e aparelhos com linha e anzol; documentação fotográfica; registros de
coordenadas geográficas das áreas visitadas com uso de GPS, entrevistas
estruturadas e semiestruturadas com moradores locais através da aplicação de
questionários e pranchas específicas para a fauna aquática.
Não houve aplicação da metodologia do Mapa Falado devido às dificuldades
de acesso às diferentes comunidades da região e difícil comunicação para
mobilização dos moradores a participarem de sua construção. Além da necessidade
de um maior tempo em campo para mobilizar os moradores e para organizar a
reunião. No entanto, em viagem realizada anteriormente ao Município de Soure já
havia sido aplicada a metodologia supracitada cujos dados adquiridos foram
incluídos neste trabalho.
A classificação sistemática dos indivíduos foi realizada com base em
bibliografia especializada e chaves de identificação, objetivando atingir até o menor
táxon possível, pois nem sempre se consegue chegar ao nível de espécie. Foram
utilizadas as obras de: (FIGUEIREDO; MENEZES, 1978; 1980); (FOWLER, 1954);
(CERVIGÒN et al., 1992); (SZPILMAN, 1992 e 2000) e (MAGALHÃES, 2003).
O objetivo da equipe da fauna aquática foi fazer o levantamento dos principais
grupos componentes da zoologia aquática de água doce e estuarina de interesse
econômico e turístico na área de estudo, assim como, identificar a presença de
espécies ameaçadas de extinção, espécies endêmicas, espécies raras e espécies
bioindicadoras de um ambiente saudável na mesma.
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3 DESCRIÇÃO DO MEIO BIOLÓGICO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
3.1.1 Área Estuarina, Área Costeira e Manguezais
A área de estudo está compreendida entre ao Rio Arapixi e a área estuarina
do Rio Amazonas localizada na Plataforma Continental Amazônica, na contra costa
do Município de Soure pertencente à Ilha de Marajó no Pará a até algumas milhas
náuticas da costa, no mar territorial, chegando a englobar uma parte da zona
conhecida pelos pescadores como “Lixeira” situada na direção da Ilha de Marajó
entre as coordenadas geográficas 00º20’N a 01º10’N e 047º00’W a 047º55’W,
segundo Cutrim et al. (2001). A área é dominada pela pronunciada periodicidade do
ciclo das chuvas e da descarga fluvial no oceano que, no primeiro semestre do ano,
desloca as águas mais salinas, de origem oceânica para longe da costa,
principalmente pela forte descarga dos rios Amazonas e Pará. (ZACARDI et al.,
2008, p. 10 apud EGLER; SCHWASSMANN, 1962).
Os ambientes costeiros são favoráveis aos estágios iniciais dos ciclos de vida
de diversos seres aquáticos, principalmente, de peixes sendo, portanto,
frequentados por espécies ecologicamente distintas ou que exibem diferentes
hábitos de desova (ZACARDI et al., 2008, p. 10 apud DOYLE et al., 1993). É
caracterizado por possuir maior disponibilidade de alimento, baixa abundância de
predadores, além de apresentarem padrões de circulação que favorecem a retenção
dos estágios ictioplanctônicos (ZACARDI et al., 2008, p. 10 apud CASTILLO et al.,
1991). Apresenta uma grande quantidade de algas e muitos indivíduos juvenis de
peixes e principalmente de camarões. (CUTRIM et al., 2001). A foz amazônica
caracteriza-se por um gigantesco complexo deltaico-estuarino submetido à ação de
processos fluviais e marinhos, com desenvolvimento de planícies alagadas,
caracterizando o grande número de ilhas do arquipélago marajoara (ZACARDI et al.,
2008, p. 10 apud COUTINHO, 1995).
Segundo Barthem (1985), o Estuário Amazônico forma um ambiente peculiar
e pouco conhecido, abrigando espécies marinhas e dulcícolas, representando para o
Estado do Pará um rendimento anual por volta de dezenas de milhões de dólares
oriundos através da exportação de pescado e camarões capturados nessa área, em
grande escala, principalmente, pela pesca industrial. A atividade pesqueira aí
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desenvolvida é diversificada, atuando desde pescadores artesanais, que empregam
tecnologia simples e pequenas embarcações de casco de madeira, até empresas de
grande porte, que fazem uso de tecnologia sofisticada e embarcações de casco de
metal.
A área estudada é, ainda, fortemente influenciada pelo sistema de dispersão
de sedimentos do Rio Amazonas, cuja descarga máxima ocorre entre os meses de
maio a junho, quando atinge 240.000 m3/s, decrescendo nos meses de outubro e
novembro, quando alcança 110.000 m3/s. (CUTRIM et al., 2001, p. 61-62 apud
NITTROUER et al., 1990). Na época de maior precipitação, as águas do Rio
Amazonas invadem o Oceano Atlântico sobre a plataforma continental, até
aproximadamente 70 km da costa, gerando uma pluma superficial de água de baixa
salinidade e coloração barrenta (ZACARDI et al., 2008, p. 10 apud CAMARGO;
ISAAC, 2003).
A flutuação da descarga do rio causa o deslocamento da zona de contato
entre as águas oceânicas e costeiras no estuário. No período chuvoso,
caracterizado pelo aumento da descarga dos rios, as águas marinhas se afastam da
costa e da Baía do Marajó, ao sul da Ilha de Marajó, e a parte externa da foz do Rio
Amazonas, ao norte da mesma, tornam-se uma continuação do Rio Amazonas. No
período de seca ocorre o inverso, pois as águas com influência marinha penetram
na Baía de Marajó e se aproximam da desembocadura do Rio Amazonas, mas não
chegam a penetrar no rio (EGLER; SCHWASSMANN, 1962; SCHWASSMANN et al.,
1989; BARTHEM; SCHWASSMANN, 1994).
Encontram-se muitos relatos de que a ictiofauna amazônica possui boa
representatividade com 85% das espécies citadas como espécies amazônicas.
Dever-se-ia, portanto, concretizar a devida importância da realização de um
levantamento amostral das espécies de peixes endêmicos marajoaras, delimitados
ao estuário amazônico/marajoara. Já ressaltando dentro desse levantamento a
composição taxonômica dos recursos pesqueiros do Arquipélago do Marajó, com
ênfase na dinâmica biológica e de inundação, com propriedade para divulgar a
biologia e ecologia dos peixes do golfão marajoara.
A biodiversidade na região estudada é consideravelmente alta de acordo com
a bibliografia levantada. Também chamado de golfão marajoara, o golfão do
Amazonas é caracterizado, segundo Avaliação (1999), pela riqueza biológica em
27
ecossistemas de campos inundáveis, manguezais, várzeas, igapós e vegetação de
terra firme, que servem de abrigo para rotas de aves migratórias, espécies vegetais
e animais ameaçados de extinção.
A degradação ambiental na região é em parte causada por fatores externos,
naturais ou antrópicos, alguns dos quais ainda não foram suficientemente
estudados, sendo o Bioma Zona Costeira/Marítimo na Região Norte considerado
bem preservado em relação à região Sul da Costa brasileira. A ação de ventos
erosivos em Soure e Salvaterra é bastante preocupante, pois afeta especialmente os
manguezais e dunas existentes no local. Moradores do lugar chegam a afirmar que
“[...] o mar está invadindo a terra”. A força erosiva da água é testemunhada,
portanto, por quem mora no local. (PROBIO-MARAJÓ, 2007).
Os manguezais servem como local de reprodução e de alimentação para
várias espécies de animais marinhos e de água doce, além de abrigarem uma fauna,
também com baixa diversidade específica, porém com muitos indivíduos, alguns
deles de importância econômica como o camarão, o caranguejo e a ostra. (PROBIO-
MARAJÓ, 2007).
A área da costa marítima do arquipélago caracteriza-se por apresentar uma
diversidade de espécies aquáticas concentradas nessa faixa devido à grande
quantidade de alimentos descarregada pelo Rio Amazonas no Oceano Atlântico,
sendo considerada como zona de alimentação onde os peixes jovens migradores
permanecem para se desenvolver. (PROBIO-MARAJÓ, 2007).
No estuário do Rio Amazonas, concentra-se um grande número de ilhas com
cobertura principal de sedimentos fluviais recentes, separadas entre si por uma
densa rede de canais (SIOLI, 1984). As ilhas são de relevo plano, boa parte
inundável em toda a preamar. Pela influência tanto marinha quanto fluvial, compõem
uma mosaico de diferentes tipos de vegetação com características ecológicas muito
peculiares, o que possivelmente se reflete na variabilidade de comunidades
faunísticas (PROBIO-MARAJÓ, 2007).
As restingas litorâneas do Marajó estão associadas às áreas de praias dos
municípios de Salvaterra e Soure, sofrendo influência do Oceano Atlântico,
notadamente entre os meses de julho e dezembro, quando as águas da Baía do
Marajó se tornam salobras. (PROBIO-MARAJÓ, 2007, apud LISBOA, 1993, p.10).
28
Os manguezais marajoaras apresentam porte elevado devido à deposição de
sedimentos do Rio Amazonas e a energia das correntes do canal Norte. As espécies
vegetais mais características são: mangue vermelho, mangue branco, siriúba e
tinteiro as quais, quase sempre, estão associadas com espécies de várzea
(PROBIO-MARAJÓ, 2007, apud ALMEIDA, 1994, p. 11-12).
A grande força hidrodinâmica presente no local relacionada às variações no
volume e vazão das águas. Favorece uma peculiaridade na costa marajoara, pois
essa região fica a mercê da ditadura das águas, sofrendo influência direta da força
das águas do Rio Amazonas que desembocam no Oceano Atlântico, e da força das
águas oceânicas que invadem aquele rio, dependo da época do ano. A força das
águas é tanta, principalmente, a da descarga amazônica, pois representa, segundo
o Ministério do Meio Ambiente (2007) 20% de toda a água doce que alimenta os
oceanos do planeta por todos os rios. Essa grande atividade hídrica chega a
provocar fenômenos naturais como a “pororoca”, gerando constantes processos de
erosão e sedimentação além de promover a formação de extensos manguezais e de
uma faixa litorânea elevada. A porção oeste da Ilha de Marajó recebe os sedimentos
lamosos despejados pelo Rio Amazonas, nutrindo o solo em que se desenvolve uma
vegetação exuberante e radicalmente oposta às regiões de campos com
predominância de vegetação arbustiva e capins típicos de savana encontrados na
porção leste do arquipélago marajoara.
3.1.2 Áreas de Várzea e Campos Submersíveis
A dinâmica anual de descarga dos rios tem sido apontada como o fator chave
que caracteriza a sazonalidade das planícies e do Estuário Amazônico. A flutuação
da descarga dos rios causa a alagação das áreas marginais e a ampliação da
medida de superfíice de água doce do estuário. A extensão do terreno
periodicamente alagado provém grande parte da base energética que sustenta os
recursos pesqueiros explorados comercialmente. Frutos, folhas e sementes,
derivados de florestas e campos alagados, algas planctônicas e periféricas, que
crescem nos ambientes lacustres e nas áreas alagadas menos sombreadas, são as
principais fontes de energia primária para a cadeia trófica aquática amazônica.
(GOULDING, 1980; GOULDING et al., 1988; ARAUJO-LIMA et al., 1986;
29
FORSBERG et al., 1993; ARAÚJO-LIMA et al., 1995; JUNK et al., 1997; SILVA JR,
1998).
Os ambientes aquáticos tropicais apresentam ciclos sazonais que interferem
na biota aquática. Os fatores determinantes dos ciclos anuais na Amazônia são os
ventos e as precipitações. A principal consequência dos mesmos é a oscilação da
vazão e, consequentemente, do nível dos rios em uma escala raramente observada
fora dos trópicos. Nos períodos de maior vazão, os rios transbordam o seu leito e
alagam as áreas marginais, provocando a expansão dos ambientes aquáticos. A
alagação pode ser causada pelas chuvas locais, pelo transbordamento do rio e pela
maré (WELCOMME, 1985). O alagamento por chuvas locais ocorre principalmente
nas cabeceiras dos rios e em planícies afastadas dos grandes rios. Dentre as áreas
alagadas por chuvas locais e de importância para a pesca destacam-se os campos
da Ilha de Marajó e da costa do Amapá. (BARTHEM; FABRÉ, 2003).
Acredita-se que as cabeceiras dos igarapés e dos lagos de terra firme da
planície amazônica possuam importância ecológica para diversas espécies de
peixes migradores como os jaraquis e como áreas de refúgio para espécies de
hábitos sedentários, como acarás, pirarucu, tucunaré, entre outras. Contudo, esses
habitat de alagação sazonal ainda são pouco explotados pela pesca profissional
realizada para fins comerciais (BARTHEM; FABRÉ, 2003).
De acordo com o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do
Arquipélago do Marajó (2007), a hidrografia do arquipélago marajoara é de vital
importância à diversidade biológica, pois a ação dos rios de água barrenta promove
o enriquecimento nutricional sedimentar das várzeas, assim como constituem o
principal meio de transporte e comunicação entre as cidades e as vilas. Apresenta
grande potencial pesqueiro cujas principais espécies são: dourada, filhote,
piramutaba, pescada branca, sarda, tucunaré, pirarucu, piranhas dentre outros. Nos
meses de alagação ocorre um período de alimentação abundante com rápido
crescimento dos peixes, devido à grande quantidade de recursos alimentares
disponíveis, trazidos de outras áreas pelas cheias e movimentos de maré
(WELCOMME; HALLS, 2001).
O fenômeno das cheias que se intensifica de fevereiro a maio é agravado por
não haver escoamento das águas que ficam represadas devido à má drenagem e
composição argilosa do solo. Por outro lado, a estiagem se prolonga de agosto a
30
setembro, secando os lagos e rios, estorricando os campos. Quase sempre o verão
na ilha é bastante rigoroso com escassez de água até nas áreas mais baixas. Os
rios pequenos secam por completo e os maiores baixam acentuadamente o nível,
tornando a locomoção mais difícil, pois ficam praticamente inavegáveis. Grande
parte do gado morre por falta de vegetação nos campos e por sede. (MIRANDA
NETO, 1940).
Os recursos hídricos da ilha são derivados principalmente da precipitação e,
em menor grau, da maré das águas que a cercam e que incluem o Oceano Atlântico,
o Rio Amazonas e a Baia de Marajó. Pode-se dizer que o Marajó possui uma
hidrografia adaptada pelo seu ambiente como se constata visualmente como sendo
bem particular, uma vez que os seus rios formam-se através de furos que recebem
as águas dos rios Amazonas, Pará e Tocantins, enchendo e vazando de acordo com
o ritmo das marés. Durante o inverno, a elevação do volume de águas do Rio
Amazonas é ocasionada pelo aumento dos índices de pluviosidade responsáveis
pelas chuvas que caem impiedosamente até maio, caracterizando um inverno
equatorial. É nesse período que cerca de dois terços das áreas de campo ficam ao
sabor das enchentes, escondendo os leitos dos rios e formando grandes e piscosos
lagos (PROBIO-MARAJÓ, 2007).
Os campos naturais são conhecidos regionalmente como campos do Marajó e
cobertos por gramíneas e ciperáceas, a maioria deles é inundável durante o inverno
amazônico. As águas de inundação podem ser originadas tanto pelo
transbordamento do leito dos rios, quanto pelo acúmulo das águas pluviais. O
alagamento ocorre devido à composição dos solos dos campos que possuem
elevado teor de argila e, portanto, são mal drenados (PROBIO-MARAJÓ, 2007).
3.2 DESCRIÇÃO DA FAUNA PARA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PROPOSTA
Os textos referentes às descrições da fauna terrestre, avifauna e fauna
aquática dos municípios de Soure e Chaves, abaixo expostos, foram resultantes de
expedições que ocorreram em períodos distintos e elaborados por diferentes
profissionais, portanto não apresentam muita semelhança em sua estrutura textual.
31
3.2.1 Município de Soure
Encontra-se à margem direita do Rio Paracauari que é o mais importante do
município, com seu curso no sentido geral de oeste para leste, servindo de limite
natural com o Município de Salvaterra e desaguando na Baía do Marajó.
Os afluentes da margem esquerda do Rio Paracauari pertencem ao Município
de Soure, onde se destaca o Rio do Saco ou Cuieiras. Importante também é o Rio
das Tartarugas, a oeste, retificado e transformado no Canal das Tartarugas,
servindo de limite com o Município de Chaves. Entre os principais rios que servem o
município pode-se citar: Paracauari, Cambu, Pacoval, Umiriaduba, Caju-Una,
Cauaximguba, Araraquara e Maruim Grande. Ressalta-se, ainda, a presença de
vários lagos como: Guará, Cipó, Assacu, Tenente, Goiaba, dentre outros. Em visão
aérea, a cidade de Soure parece um tabuleiro de xadrez natural, cujas divisões são
determinadas por água e o verde das matas (PROBIO-MARAJÓ, 2007). O município
possui ainda um grande número de igarapés que aumentam consideravelmente seu
volume de água na época do inverno (AMAM, 2008).
3.2.1.1 Avifauna e Fauna Terrestre
A grande massa populacional de fauna terrestre encontrada nessa região foi
de aves. Principalmente aves adaptadas para o ambiente aquático, espécies
características de campos alagados, várzeas e áreas de restinga da Ilha do Marajó.
A proteção dessa área é importantíssima para preservação dessas aves, pois no
período de mudas (setembro a novembro) as espécies ficam incapacitadas de voar,
tornando-se muito vulneráveis a predação e caça (SOUZA et al, 2008).
Grande concentração de garça-branca-pequena Egretta thula sempre foi
observada em todas as localidades visitadas. Assim como o avistamento de garças-
azuis Egretta caerulea, garça-branca-grande Cosmerodio alba, colhereiros Platalea
ajaja, guarás Eudocimus ruber e biguás Phalacrocorax brasilianus (Prancha 1). Na
comunidade visitada em Araraquara houve relatos de formação de ninhais de
guarás, parâmetro importante a ser considerado nas ações de conservação, ainda
mais quando se trata de uma espécie que esteve com o status “vulnerável” na lista
32
vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais (IUCN) em anos anteriores. Prancha 1 - 1 - Bando de garça-branca-pequena no Rio Araraquara; 2 - Colhereiro, garça-azul e
garça-branca-grande; 3 - Guarás; 4 - Biguás.
Fonte: SEMA (2011).
Nas áreas de formação de praia (Ilha do Machadinho, Araraquara) foram
observados pequenos bandos de aves migratórias como: maçariquinho Calidris
pusilla (Fotografia 1), maçarico Tringa solitaria. Possuem sua área de reprodução no
hemisfério norte (América do norte). Entre o outono e o inverno migram para o Brasil
onde encontram fartura de alimentação e com a chegada da estação chuvosa
retornam para o extremo hemisfério norte para as áreas de reprodução (ANTAS,
2009).
Outras espécies encontradas nesses ambientes foram o trinta-réis-grande Phaetusa simplex (Fotografia 2), o talha-mar Rynchops niger cinerescens (Fotografia
3) exemplos de aves piscívoras que nidificam na areia da praia. Perturbações
constantes nas áreas de praia onde nidificam essas espécies podem muitas vezes
1 2
3 4
33
levar a abandono de ninhos (ANTAS, 2009). Foi visualizada, ainda, a ave conhecida
como quero-quero Vanellus chilensis (Fotografia 4).
Fotografia 1 - Maçariquinho Fotografia 2 - Bando de Trinta-réis-grande
. . Fonte: SEMA (2011). Fonte: SEMA (2011). Fotografia 3 - Talha-mar ou corta-água Fotografia 4 - Quero-quero
. Fonte: SEMA (2011). Fonte: SEMA (2011).
Em excursão realizada ao longo do Rio Maruim até a sede da Fazenda Santa
Maria e em transecto realizado em terra com duração de, aproximadamente, uma
hora e meia em área da fazenda foram avistadas as seguintes aves: garças brancas
(grandes C. alba e pequenas E. thula), colhereiros P. ajaja, guarás E. ruber, japiim
Cacinus cela, tesourinha Tyrannus savana, tucano-açu Ramphastus toco, ciganas
Opisthocomus hoazin, gavião carcará Polyborus plancus, anus pretos Crotophaga
ani, pomba galega (vocalização) e saracura (vocalização) (Prancha 2).
34
Prancha 2 - 1. Cigana; 2. Japiim; 3. Anu preto; 4. Tesourinha; 5. Gavião carcará e 6. Tucano Açu.
Fonte: SEMA (2011).
Quanto à mastofauna, em avistamento direto, foi observada uma capivara
Hydrochoerus hydrochaeris adulta no leito do Rio Araraquara (Fotografia 5) e um
grupo de seis guaribas Alouatta sp. (Fotografias 6), sendo 3 filhotes, 2 machos
adultos e 1 fêmea adulta. Nas outras localidades, a vocalização de guaribas também
foi ouvida com bastante frequência. Nas regiões de ilhas visitadas (Ilha machadinho
e Camaleão), os mamíferos foram pouco representativos.
Fotografia 5 – Capivara no Rio Araraquara
Fonte: SEMA (2011).
1 3
5 4 6
2
35
Fotografia 6 - Guariba. Fotografia 7 - Guariba com filhote na costa.
Fonte: SEMA (2011). Fonte: SEMA (2011).
Nas entrevistas realizadas com as comunidades locais, também foram citadas
as espécies guaxinim Procyon lotor, quati Nasua nasua, cutia Dasyprocta sp., tatus
Dasypus sp., paca Cuniculus paca, macaco da noite Aotus azarae infulatus, macaco
de cheiro Saimiri sciureus, tamanduá Tamandua tetradactyla, entre outros.
Na Ilha Machadinho, existe a criação de bovinos, suínos, caprinos e
principalmente bubalinos (Fotografia 9). Animais originalmente africanos, os búfalos
iniciam sua história no Brasil por volta de 1895, na Ilha do Marajó. Somente a partir
então, começam a ocorrer importações de grandes lotes de búfalos para diversas
regiões brasileiras. Esses animais, com o seu grande porte e em grandes grupos,
podem acabar destruindo ambientes alagados, drenando essas regiões, além de
ocasionar a compactação do solo. Ainda assim, a utilização dos búfalos na região do
Marajó é amplamente difundida. Constituem força indispensável nas tarefas pesadas
das fazendas, até como montaria da polícia local na sede do Município de Soure.
ref.). Fotografia 8 - Jacaré tinga juvenil. Fotografia 9 - Búfalo.
Fonte: SEMA (2011). Fonte: SEMA (2011).
36
Nos pontos de amostragem pudemos avistar como representantes da
herpetofauna, o crocodiliano Caiman crocodilus conhecido por jacaré tinga
(Fotografia 8), iguanas Iguana iguana e a sucuri Eunectes murinus (Fotografia 10),
dentre outros citados nas entrevistas.
Os anfíbios foram todos descritos a partir de informação das comunidades
dos pontos de amostragem (tabela 3). Fotografia 10 - Filhote de sucuri.
Fonte: SEMA (2011).
3.2.2 Fauna Aquática 3.2.2.1 Fauna Terrestre e Avifauna
Na cidade de Soure a equipe de fauna aquática realizou entrevistas com
pescadores artesanais profissionais que se encontravam na sede municipal para
armação da embarcação para próxima viagem de pesca. Foram aplicados cinco
questionários.
No mercado municipal foram registradas algumas espécies da ictiofauna e
carcinofauna comercializadas no local, como por exemplo, a pescada branca
Plagioscion squamosissimus; o bacu Lithodoras dorsalis; a dourada
Brachyplatystoma rousseauxii; a sarda apapá Pellona castelnaeana e P. flavipinnis;
a pratiqueira Mugil curema; o bagre Sciades couma; o filhote B. filamentosum; a
piramutaba B. vaillantii; o mandii Pimelodus sp. e caranguejo-uçá Ucides cordatus
(Prancha 3).
37
Prancha 3: 1. Disposição dos peixes na bancada para venda no Mercado Municipal; 2.Pescada
branca; 3. Bacu; 4. Dourada; 5. Sarda apapá; 6. Pratiqueira; 7. Diferentes espécies de bagres; 8.
Bagre Ariídeo; 9. Filhote; 10. Piramutaba; 11. Mandii e 12. Caranguejo-uçá
Fonte: SEMA (2011).
O percurso realizado por via fluvial teve sua saída da sede municipal de
Soure, partindo do Rio Paracauari, percorrendo sua região costeira até porção do
Mar Territorial, próximo a foz amazônica e finalmente subindo o Rio Amazonas, já na
contra-costa do município em direção à Ilha do Machado que seria o primeiro ponto
1 2 3
4 5 6
7 8 9
10 11 12
38
de pesquisas. Na viagem, foram avistados vários botos tucuxi, um deles estava
morto e flutuava sobre as águas. Foram capturados, com linha e anzol, alguns
peixes das famílias Auchenipteridae cuja espécie foi o mandubé Ageneiosus sp.
(Fotografias 11 e 12) e Ariidae (possivelmente pertencente aos gêneros Arius sp. ou
Sciades sp.). Os primeiros foram capturados pela manhã e os últimos no início da
tarde. Fotografia 11 - Mandubé (vista dorsal). Fotografia 12 - Mandubé (vista ventral).
Fonte: SEMA (2011). Fonte: SEMA (2011).
Levantamento etnozoológico – Sede Municipal de Soure
Na sede municipal de Soure, cinco moradores foram entrevistados com o
auxílio de um questionário e uma prancha contendo imagens da fauna aquática,
sendo que todos eram pescadores profissionais. Dentre os moradores, três já
residem em Soure há mais de 20 anos. Os outros dois há 50 anos.
Dos entrevistados, apenas um negou a presença de berçário na região,
enquanto que os demais citaram o Rio Paracauari, o Pacoval e a cabeceira dos rios
como berçários de peixes. Em seguida, todos afirmaram que não há cultivo de
animais nessa área.
Dos animais aquáticos citados pelos moradores para o local encontram-se:
boto, tartaruga, caranguejo, cobra, boto-rosa (raramente), peixe-boi-amazônico,
tracajá, matá-matá, mussuã e uma variedade de peixes como pescada amarela,
bagre, dourada, piramutaba, tainha, pescada branca e dourada. Todos os
entrevistados confirmaram a presença desses animais através de visualização.
Foi perguntado aos pescadores se era comum outros animais aparecerem
presos em suas redes de pesca. Quatro responderam que sim, citando a tartaruga e
39
as cobras. O quinto entrevistado disse nunca ter visto outros tipos de animais na
rede a não ser peixes.
Durante o período de cheia, os peixes de água doce identificados como mais
comuns na área foram: dourada, filhote, pescada branca, piramutaba, sarda, piaba,
cangata. Enquanto que os de água salgada foram: pescada amarela, tainha e xaréu.
Na época de seca, os peixes mais comuns de água doce são: dourada,
tamoatá, tucunaré, pescada branca, sardinha, piaba e piramutaba; o bandeirado no
período de junho em diante, quando a água fica salobra. Os peixes de água salgada
mais comuns no período de seca foram: pescada amarela, pratiqueira e tainha.
Os peixes dulcícolas mais utilizados para consumo são: dourada, pescada
branca, filhote, tainha, tamoatá, tucunaré, jeju, bacu, piaba, traíra e aracu. Os peixes
utilizados para consumo de água salgada são: pescada amarela, tainha, gurijuba,
bandeirado, camorim (muito raramente), xaréu, peixe cachorro e tainha.
Em relação à presença de quelônios na região, todos os entrevistados
confirmaram sua ocorrência, sendo que um dos entevistados citou a tartaruga
marinha e a suruanã que desovam na região. Outros dois falaram que as mesmas
são bem raras e os demais disseram encontrá-las, desovando na Praia do Machado,
na Praia de São João e na costa do Marajó.
A mastofauna aquática da região se faz presente pela ocorrência de peixe-
boi, que foi confirmada por quatro entrevistados, apenas um afirmou nunca tê-lo
visto. Apesar de sua presença ser rara, um pescador disse haver tal animal na frente
de Joanes (Salvaterra) e outro falou ter um casal dos mesmos na praia do Garrote
(Soure).
A presença de boto também foi confirmada por quatro moradores, sendo que
o primeiro disse ter certa frequência de avistamento das espécies. O segundo
relatou ser raro o avistamento, o terceiro confirmou a presença do tucuxi na ponta do
Maguari e o quarto falou já ter visto o boto-rosa na área.
Em se tratando da herpetofauna, grupo dos ofídios, dois entrevistados
confirmaram a presença de cobras grandes na região. Um citou a sucuri e cobra
d’água e o outro citou a sucuri e jararaca, comentando que alguns pescadores
utilizam redes de pesca tão finas que os filhotes desses animais acabam ficando
presos. Não foram relatados problemas causados por esses animais. Os outros três
entrevistados disseram não avistá-las com frequência na região.
40
Os crocodilianos foram mencionados por três dos entrevistados sendo eles:
jacaré-açu, jacaré coroa e jacaré tinga, os demais disseram não haver jacaré na
área. Foram expostas problemáticas referentes à presença desses animais. Dois
entrevistados comentaram sobre acidentes na pesca e sobre o jacaré-açu que ataca
e come as pessoas.
Os pescadores entrevistados falaram sobre os animais que atualmente são
pouco visualizados e, anteriormente, eram comuns, dentre os quais foram citados o
boto-rosa e o peixe-boi. Foi observado pelos pescadores que, de maneira geral, o
pescado vem diminuindo em quantidade, principalmente a piramutaba, devido à
utilização de redes inadequadas para sua pesca.
Com relação aos crustáceos da região, a ocorrência de caranguejo foi
confirmada por quatro dos entrevistados, citando o caranguejo-uçá utilizado tanto
para consumo quanto para comércio. Foi mencionado que esses animais são
encontrados nas praias como: a Barra Velha, Pesqueiro e Araruna. Em relação à
safra, as respostas foram bem variadas, sendo que o primeiro entrevistado
confirmou o período de maio a junho. O segundo de janeiro a maio, o terceiro de
janeiro a fevereiro e o último falou que nos mangais da região a safra ocorre de
janeiro a março. A população de siris na região foi confirmada por quatro pescadores
entrevistados. Esses animais sofrem coleta para consumo no período do verão e
sua safra ocorre de maio a dezembro, sendo coletados principalmente na Praia do
Pesqueiro, Praia do Araruna e afluentes do Rio Paracauari.
Os crustáceos Decapoda foram confirmados por todos os entrevistados que
citaram o camarão-cascudo, o camarão-liso e o camarão-regional para a região. Os
mesmos são utilizados tanto para consumo quanto para o comércio. Um dos
entrevistados comentou que a safra ocorre de forma permanente, enquanto os
outros afirmaram que durante os meses de janeiro a junho diminui a quantidade
coletada. No entanto, nos demais meses a coleta é farta. Esses são encontrados
nos afluentes do Rio Paracauari, na costa do Marajó, em Ponta de Pedras, em
Cachoeira o Arari, nos lagos e igarapés de Soure e nas áreas costeiras das praias
do Rio Paracauari.
Com relação à redução populacional de crustáceos na região, todos os
entrevistados confirmaram a diminuição dos caranguejos. Um entrevistado afirmou
haver predação intensa, devido à captura excessiva em períodos de reprodução. O
41
segundo disse não saber o porquê da redução, o terceiro falou haver redução, mas
disse ser raro na região, enquanto o último declarou que o caranguejo é muito
consumido devido ao aumento da população humana que demanda por mais
alimento. A redução da população de camarão foi confirmada apenas por três
entrevistados, justificando para isso a superexploração e consequentemente o
tamanho do animal também reduziu. O siri, segundo os entrevistados não sofreu
redução da população, pois não há muito consumo. Já em relação ao tamanho dos
crustáceos, quatro responderam haver apenas a redução de tamanho do caranguejo
e camarão, devido à captura no período de reprodução. O siri continua com o
mesmo tamanho. Apenas um entrevistado disse haver redução no tamanho do
caranguejo.
Os moluscos da região, como ostra, turu e mexilhão tiveram sua coleta
confirmada por apenas dois entrevistados, sendo que sua coleta ocorre basicamente
para consumo.
Em referência às ameaças sofridas por animais aquáticos, foram
mencionados: superexploração ocorrida com os peixes, principalmente, no verão
(sobrepesca no verão), a presença de inúmeras lanchas no mar aberto, a presença
de barcos que operam com redes de arrasto com finalidades de comercialização do
pescado. O jacaré, a cobra e a tartaruga não sofrem ameaças. As tartarugas que
antes ficavam presas nas redes eram consumidas e atualmente são soltas. Quanto
aos exemplares ameaçados da mastofauna aquática foi citado que os botos são
caçados e, às vezes, morrem afogados por ficarem presos nas redes de pesca,
tendo sua carne aproveitada para consumo. O peixe-boi que, no passado, era
caçado, atualmente, devido à proibição da caça, não está mais sendo ameaçado.
Posteriormente, os entrevistados falaram sobre algumas medidas que
poderiam ser tomadas para diminuir as ameaças aos animais acima citados, dentre
elas foram mencionados: acordo de pesca, fiscalização do IBAMA, proibição da
pesca de arrasto e utilização de apetrechos de pesca com tamanho de malha
adequado, evitando a pesca sobre indivíduos juvenis que não atingiram idade
reprodutiva.
Quanto à utilização da madeira da região (manguezal), foi mencionado por
três entrevistados, que antes eram utilizadas para a fabricação de barcos e para
42
fazer fogo, porém atualmente a madeira é comprada de Igarapé-Miri, Abaetetuba e
Moju para construção das embarcações.
Os entrevistados citaram as seguintes variedades de espécies de avifauna
que ocorrem na região: garça, guará, gavião carijó, coruja, pavãozinho, gaivota,
maçarico, arara vermelha, bem-te-vi, gavião caramujeiro, gavião papa pinto, gavião
real, socó-boi, pato do mato, mutum, papagaio, colhereiro e mergulhão.
Na região, encontram-se as seguintes espécies da mastofauna: capivara,
cutia, paca, tatu, porco do mato, onça pintada (raramente), caititu, suçuarana,
guariba, macaco de cheiro, macaco preto, rato soia, mucura, lontra, preguiça,
guaxinim, veado vermelho, tamanduá bandeira, tamanduá mirim e tamanduaí. Como
representantes da herpetofauna foram citados: sucuri, jararaca, camaleão, sapo
cururu, gia, rã, surucucu, cascavel, jiboia branca, jiboia vermelha, cobra coral, cobra
cipó, cobra papagaio, cobra verde, caninana e sucuriju.
Ilha do Machado – Soure
Realizou-se uma caminhada com cerca de três horas e meia na Ilha do
Machado no período da manhã em ecossistemas de campos naturais, parcialmente
alagados e ecossistemas de restinga na Praia do Machado. No período vespertino,
houve aplicação de questionários e pranchas de fauna aquática, fauna terrestre,
avifauna e entrevistas semiestruturadas com os moradores da ilha.
Nas áreas de campo foram avistados: biguás, garça branca pequena,
maçariquinho, urubu comum, bem-te-vi (canto), gavião caboclo, quero-quero, dois
bandos de marreca cabocla e polícia inglesa do norte (passeriforme preto com peito
vermelho).
Bem cedo pela manhã, a equipe realizou caminhada na Praia do Machado e
durante o percurso observou-se um enxame de libélulas. Foi encontrado na areia o
plastrão de uma tartaruga-da-Amazônia que media três palmos de largura e três
palmos e meio de comprimento. Segundo informações do guia, que acompanhava a
equipe na Praia do Machado, é um dos pontos de desova da tartaruga (Prancha 4).
Foram encontrados dois moluscos gastrópodes conhecidos comumente como
caracóis. Na praia, encontraram-se, também, algumas ossadas de bagres, uma
delas possuía ainda o escudo dorsal visível, possivelmente pertenceu a algum bagre
43
ariídeo (família Ariidae). Na praia, foi registrada a carcaça de um caranguejinho
conhecido como sarará (Prancha 4). No Rio Amazonas, às margens da Ilha
Machado, foram avistados cardumes de tralhotos e, mais adiante, foram vistos, na
praia, botos tucuxi e boto-rosa, tentando capturar alguns peixes do cardume que se
aproximavam da beira. Prancha 4 - 1. Plastrão de tartaruga-da-Amazônia; 2 e 3. Moluscos Gastropoda (caracóis); 4. Ossada de bagre ariídeo; 5. Carcaça de caranguejo sarará; 6. Bagre; 7. Dourada; 8. Piramutaba; 9. Filhote; 10. Candiru Açu; 11 e 12. Caranguejos encontrados em resquício de Mangue.
Fonte: SEMA (2011). Em pescarias experimentais realizadas com utilização de linha e anzol no Rio
Amazonas em frente à Ilha do Machado foram capturados alguns exemplares da
ictiofauna, descritos a seguir: bagre da família Ariidae Sciades couma; Dourada
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Brachyplatystoma rousseauxii, Piramutaba B. vaillantii, Filhote B. filamentosum,
pertencentes à Família Pimelodidae e Candiru-açu Cetopsis coecutiens Família
Cetopsidae (Prancha 4).
Na Ilha do Machado, foi identificada uma pequena área de Manguezal
localizada no centro da ilha por trás de dunas de areia em que foram capturados
dois exemplares juvenis do caranguejo chama-maré, sendo um macho e uma
fêmea, possivelmente, da espécie Uca mordax. Pode-se notar através das imagens
da prancha que há dimorfismo sexual na espécie, pois o macho apresenta um dos
quelípodos mais desenvolvidos que o outro. Enquanto que nas fêmeas, ambos os
quelípodos possuem o mesmo tamanho (Prancha 4).
Na área da praia, foram vistas várias aves como: urubu de cabeça vermelha,
aracuã, japu, garça branca grande, um bando de corta-água ou talha-mar com
aproximadamente cem animais, gavião papa pinto, maçariquinho, pica pau,
gaivotas, japu de máscara negra e anu preto.
Levantamento Etnozoológico na Ilha do Machado
Os três moradores da única casa existente em toda a ilha foram entrevistados
com aplicação de questionários e pranchas de figuras de animais representantes da
fauna aquática, a cada um deles para levantamento etnozoológico. Dentre os
entrevistados, apenas um é pescador profissional. Os outros dois vivem no local há
mais de trinta anos e cuidam da casa, de pequenas plantações de tomate e
pimentão para subsistência e do pequeno rebanho de gado bovino e bubalino,
caprino, ovino, suíno e aves domésticas no sítio de propriedade do Sr. Olavo
Sarmento que reside em Belém.
Os entrevistados citam a Ilha do Machado como berçário de peixes, assim
como o Lago Gerafim, onde os peixes vão desovar no período do inverno. Segundo
um deles, esse lago é considerado um banco sagrado, pois os antigos moradores da
ilha costumavam enterrar seus mortos em áreas ali próximas.
Os animais aquáticos que já foram vistos pelos moradores entrevistados são:
peixe-boi-amazônico (uma casal), boto-malhado ou rosa, boto-tucuxi, jacaré tinga,
jacaré coroa, tartaruga-da-Amazônia e tartaruga verde ou suruanã, essa última
citada por apenas um morador.
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Segundo os moradores, os peixes-boi são avistados na Praia do Machado e
no Igarapé do Machado. Com relação à tartaruga-da-Amazônia disseram que a
mesma foi avistada e desova na Praia do Machado no período entre os meses de
agosto e novembro. Em janeiro do ano seguinte, retornam à praia para desenterrar
os filhotes. De acordo com relatos de um dos entrevistados, a tartaruga verde ou
suruanã proveniente de águas marinhas também desova na Praia do Machado.
Os moradores afirmaram que durante suas pescarias jamais encontraram
animais diferentes de peixes presos as redes de pesca. Admitiram somente a
captura acidental de camarões quando pescam com tarrafa.
Os peixes mais comuns durante o período da enchente são: bagre, bacu cuiu
cuiu, pratiqueira, pescada branca, tainha, dourada e sarda apapá. Já os mais
frequentes na estação seca são: cachorrinho ou uéua, tamoatá, piranha vermelha,
traíra, jeju, aracu, anunjá e acari.
Os peixes dulcícolas mais consumidos tanto para consumo e/ou comércio
são: bacu (consumo), pescada branca, dourada, sarda apapá, filhote e piramutaba
(comércio), tamoatá, anunjá, acari, traíra, jeju e aracu (consumo/comércio).
Enquanto que os peixes de água salgada mais consumidos são: pratiqueira e
bandeirado (comércio), tainha e bagre (consumo).
Com relação aos répteis ofídios foram citados: jiboia, sucuriju, jararaca
(grande quantidade), caninana verde, cobra d’água e surucucu. Quanto aos
crocodilianos, foi mencionada a ocorrência de jacaré tinga e jacaré coroa. Conforme
relatos dos moradores a cobra jararaca costuma causar problemas quando atacam e
picam as pessoas e quando na época da enchente sobem pelas águas e entram nas
habitações humanas. Já os jacarés não causam nenhum tipo de problema ao
homem, pois ficam apenas nos lagos do interior da ilha.
Segundo os moradores da ilha, os animais aquáticos antes vistos com
frequência, hoje são raramente encontrados. São eles: jacarés, tartaruga-da-
Amazônia, peixe-boi (bastante raros), boto-malhado ou rosa, cobra d’água e
capivara.
Com relação aos crustáceos Brachyura foi citada a ocorrência das seguintes
espécies: caranguejo-uçá, caranguejo sarará, caranguejinho vermelho de água
doce. Não há coleta intensa do recurso, quando é coletado para consumo. Durante
todo o ano podem ser vistos. O uçá é encontrado no centro da Ilha do Machado nas
46
áreas alagadas de mangue; o vermelhinho de água doce é encontrado nos campos
e o sarará é visto em áreas alagadas por baixo das casas palafitas. Segundo relatos,
o caranguejo-uçá sempre existiu na Ilha do Machado. Houve uma época que devido
à retirada excessiva e desordenada o recurso entrou em declínio populacional na
área. No entanto, os moradores capturaram alguns exemplares machos e fêmeas
noutro lugar e os soltaram no manguezal no centro da Ilha para reintrodução da
espécie no local. Quanto ao caranguejo vermelhinho que dá no campo não houve
redução da quantidade. Está até aumentando porque não conseguem coletar o
recurso. Não houve alteração em relação ao tamanho.
Em se tratando dos siris, houve relatos da ocorrência de duas espécies
marinhas que aparecem no período de estiagem quando as águas ficam salobras.
As espécies mencionadas foram: o siri azul e o siri vermelho que são encontrados à
beira da praia e, às vezes, nos igarapés e beiradas dos rios que cortam a Ilha do
Machado. Não há coleta desse recurso devido à sua pequena quantidade na área
em questão. Os caranguejos de água doce têm grande importância nos processos
ecológicos dos ambientes aquáticos (MAGALHÃES, 2000). Geralmente apresentam
hábitos crípticos e noturnos. Têm como preferência ambiente de águas limpas com
grandes quantidades de oxigênio dissolvido. Entretanto, eventualmente, podem ser
encontrados em arroios e rios de pouca corrente (MAGALHÃES, 1999).
As populações de chama-marés são compostas por um grande número de
indivíduos se comparados com outros braquiúros semiterrestres. Dessa forma,
constituem uma fonte de alimento de diversos animais como mamíferos, aves,
peixes e caranguejos de grande porte. Pelo mesmo motivo, ao cavarem as tocas,
esses animais trazem uma enorme quantidade de solo das profundidades para a
superfície, influenciando de modo significativo a dinâmica dos grãos de areia ou
argila. Também, a sua numerosidade propicia a transferência de nutrientes e energia
das áreas entre-marés para a coluna d’água do estuário em geral, pois, eles se
alimentam de micro-organismos e matéria orgânica particulada presentes na
superfície do solo (MAGALHÃES, 1999).
Entre os crustáceos Decapoda foi mencionada a ocorrência do camarão
cascudo ou regional. Esse recurso é coletado para consumo e a safra ocorre entre
os meses de maio a julho. São encontrados nos igarapés da ilha e no Lago Gerafim.
Quanto à quantidade disponível do recurso, a maioria dos entrevistados disse que
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não houve alterações com o passar dos anos. Apenas um morador disse que o
número de camarões diminuiu, porém acredita que o recurso não tenha sido
esgotado e, sim, que passaram a se refugiar noutro lugar. Em referência ao tamanho
dos exemplares do crustáceo citado, foi dito que não houve mudanças no decorrer
dos anos.
Com relação aos moluscos não foi mencionada a ocorrência de ostras, nem
de mexilhões nem de turus na região da ilha, não havendo, portanto, coleta desses
recursos.
Em relação às ameaças sofridas por animais aquáticos, foi mencionado que
os peixes, em geral, estão diminuindo em quantidade devido ao elevado número de
pescadores operando na região. Quanto às ameaças sofridas pela mastofauna
aquática foi falado que os botos não sofrem grandes ameaças. O peixe-boi-
amazônico que já foi muito caçado em tempos remotos, hoje, não sofre ameaças.
Dentre os répteis, os quelônios e crocodilianos não sofrem ameaças, apenas
os ofídios são mortos por defesa quando querem atacar os humanos. No grupo dos
crustáceos, os caranguejos não são ameaçados e os camarões são capturados
apenas para consumo de subsistência. Para redução das pressões sofridas pelos
peixes, os moradores acreditam que deveria haver maior fiscalização nas áreas de
pesca a fim de impedir que alguns barcos operem arrastos de fundo em zonas onde
essa prática é proibida. Os moradores admitiram extrair as madeiras de siriúba e
jaranduba para fazer lenha e construção de casas. Compram madeira da Vila
Nascimento no Município de Chaves.
Rio Maruim – Fazenda Santa Maria – Soure
Nas primeiras horas da manhã realizou-se uma incursão ao longo do Rio
Maruim até a sede da Fazenda Santa Maria. Durante o percurso foram avistadas na
floresta marginal ao rio várias garças brancas (grandes e pequenas). No transecto
realizado em terra, com duração de aproximadamente uma hora e meia foram
avistados um camaleão (réptil) e aves como: guarás, colhereiros, ciganas, gaviões,
anus pretos, pomba galega (vocalização) e saracura (vocalização). No retorno da
equipe pelo mesmo rio, avistaram-se na margem os seguintes animais: tucanos,
colhereiros, guarás, jacaré-tinga e ouviu-se o canto de um bando de guaribas.
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Em pescaria experimental realizada por empregados da fazenda com
utilização de rede de emalhar foram capturadas as espécies de peixes a seguir:
carataí ou cachorrinho de padre Pseudauchenipterus nodosus; bagre marinho
Sciades sp., bacu Lithodoras dorsalis; sarda apapá Pellona flavipinnis e pescada
branca Plagioscion squamosissimus (Prancha 5).
Prancha 5: 1. Carataí; 2. Bagre marinho; 3. Bacu (visão lateral); 4. Bacu (visão frontal); 5. Sarda apapá e 6. Pescada branca.
Fonte: SEMA (2011).
Levantamento Etnozoológico em Santa Maria – Rio Maruim
No Rio Maruim, foram entrevistados quatro moradores com aplicação de
questionários e pranchas de figuras de animais representantes da fauna aquática.
Dentre os entrevistados, apenas um era pescador profissional. Os outros três vivem
no local há mais de quinze anos e cuidam da sede da Fazenda Santa Maria, do
rebanho de bubalinos e suínos e de um pequeno comércio.
De acordo com as informações coletadas junto aos moradores, as áreas de
desova dos peixes ficam situadas nos campos naturais, no interior da fazenda, nos
lagos, cabeceiras dos rios e furos do Rio Maruim.
Há cultivo de peixes, pirarucu e tamoatá, em tanque escavado na área da
fazenda. A alimentação desses animais é feita com base em pequenos peixes e
camarões que os encarregados da fazenda pescam e jogam no tanque diariamente.
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Os animais aquáticos e semiaquáticos que já foram visualizados pelos
entrevistados nas águas da região são: jacaré tinga, tartaruga-da-Amazônia, boto-
rosa, boto-tucuxi e capivara. Durante as pescarias realizadas no Rio Maruim e
igarapés, os únicos animais diferentes de peixes que já foram encontrados presos
às redes foram as cobras d’água.
Os peixes mais comuns na época da enchente que ocorre de janeiro a março
são: bagre, pescada branca, carataí, tamoatá, jeju, piranha, bacu, anunjá,
piramutaba e sardinha. Enquanto na vazante os mais comuns são: tamoatá, traíra,
jeju, aracu, ueua, anunjá e bagre.
Os mais consumidos na área são o tamoatá, dourada, filhote, traíra, jeju,
aracu, ueua, anunjá e cascudo. Não há consumo de peixes marinhos no Rio Maruim
e áreas próximas.
Segundo a maioria dos entrevistados há ocorrência e desova de tartaruga-da-
amazônia na praia do Rio Maruim. Apenas um morador disse que ocorre peixe-boi-
amazônico nessa mesma praia. Os outros entrevistados disseram que não se
encontra mais esse mamífero aquático na região. Há ocorrência de boto-tucuxi e
boto-rosa ou malhado no Rio Maruim.
Quanto às cobras existentes no local foram citadas: cobra d’água, jararaca,
surucucu, cascavel, jiboia e sucuriju. O único problema causado pelas cobras é
quando picam os humanos. Quanto aos crocodilianos encontrados na área foi citada
a ocorrência de jacaré tinga e jacaré coroa. Segundo os moradores, os jacarés não
causam problemas, pois só atacam os humanos se forem importunados por eles.
Os animais que não são mais encontrados na região são: jacaré açu,
capivara e paca.
O caranguejo existente na referida área é o vermelhinho dulcícola que não é
coletado. É visto com maior frequência de janeiro a junho nos campos da fazenda.
Com relação ao siri, o único encontrado na região, em pequena quantidade, é o
vermelho do salgado que aparece no Rio Maruim de julho a dezembro. Não há
coleta desse recurso. Não houve redução da quantidade, nem do tamanho de
caranguejos e siris na área estudada.
O camarão encontrado é o cascudo ou regional que é coletado para
consumo. Sua safra ocorre de maio a junho. É encontrado no Rio Maruim e nos
igarapés da região. Segundo os moradores, houve redução da quantidade
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disponível desse recurso, mas não souberam dizer por que isso ocorreu. Com
relação ao tamanho desse crustáceo, não houve alterações.
Segundo os entrevistados, não há ocorrência de ostras e nem mexilhões no
local. O único molusco encontrado é o turu que não é coletado.
Em se tratando das ameaças sofridas pelos animais aquáticos, os moradores
disseram que no inverno desce a água suja dos campos que vem matando muitos
peixes ao longo de seu percurso. No verão forte, muitos peixes morrem devido à
seca dos lagos e diminuição da vazão dos rios.
Foi mencionado que alguns animais sofrem algumas ameaças, mas justificam
que somente causam dano aos animais por necessidade e para se defenderem
(referindo-se principalmente às cobras). No entanto, quando há oportunidade e na
falta de outros alimentos, o jacaré tinga é caçado para consumo de sua carne. Não
ocorreram ameaças contra os peixes-bois. Entretanto, é raro vê-los atualmente, pois
muitos desses animais morreram no passado. Para diminuição das pressões
negativas sofridas pelos peixes foi sugerida a construção de uma barragem na
época da seca ou que se faça um tanque escavado para que os peixes possam ficar
a salvo da seca.
Quanto à pergunta que falava sobre a utilização de madeira do mangue ou da
floresta, foi respondido que utilizam madeira da floresta para fazer lenha e
construção de casas. As espécies extraídas geralmente são o jenipapeiro e a
siriubeira.
Ilha dos Camaleões (Vila Santo Antônio)
A Ilha é constituída por áreas que estão todo o tempo excessivamente
molhadas ou alagadas e a vegetação nela existente é tipicamente de várzea. O local
é habitado por pescadores profissionais que herdaram o ofício da pesca de seus
pais e o estão transmitindo a seus filhos. A única vila existente na ilha é a Vila Santo
Antônio constituída por pescadores e suas famílias.
A excursão ao redor da Ilha dos Camaleões foi realizada pela manhã, sendo
importante destacar que já havia ocorrido uma primeira visita durante a viagem de
campo ao Município de Chaves (viagem anterior realizada no período de 14 a 28 de
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junho de 2010), ocasião em que houve a aplicação de questionários voltados à
fauna aquática e terrestre nessa ilha.
Observou-se que o ecossistema nela predominante é a várzea (Prancha 6)
contendo plantas como: açaizeiros, tabocais, verônica, gauaçu, abuizeiro,
mungubeira e miriti. A ilha é entrecortada por inúmeros igarapés dentre os quais se
destacam: o Igarapé Segredo, Igarapé Maria Grande, Igarapé Camarão e o Igarapé
Camaleãozinho. Esses dois últimos foram percorridos pela equipe em embarcação
motorizada de pequeno porte.
Foram avistados os seguintes animais: garça branca grande, anu preto,
periquito, papagaio, araçari, guará, garça branca pequena, colhereiro, mergulhão
(biguá), passarinho (peito branco), maçarico, urubu comum, maçariquinho, gavião
(ventre branco), tralhoto e caranguejo sarará (Prancha 6). Prancha 6: 1. e 2. Ecossistemas de várzea observados na ilha do Camaleão; 3 e 4. Vegetação de Restinga encontrada na Praia do Camaleão; 5. Peixe tralhoto Anableps sp. e 6. Caranguejo sarará.
Fonte: SEMA (2011).
Praia dos Camaleões (Ilha dos Camaleões)
A excursão da equipe à Praia dos Camaleões teve início nas primeiras horas
da manhã para que fosse possível a visualização e registro de algumas espécies de
aves e outros animais que têm hábitos diurnos e iniciam suas atividades bem cedo.
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Na área da praia do Camaleão, há grande quantidade de juncais e
ecossistemas de restinga (Prancha 6).
A praia foi mencionada pelos pescadores como local de desova de tartaruga-
da-Amazônia e outras espécies de quelônios. As formações vegetacionais presentes
na praia são rasteiras e a do interior da ilha é constituída por bambuzais e palmeiras
de açaí e buriti e outras espécies típicas de ecossistema de várzea. A praia fica
localizada na porção da ilha que recebe influência de águas marinhas do Oceano
Atlântico, por isso é banhada por águas salobras cuja salinidade sofre alterações de
acordo com a época do ano.
De acordo com Pereira et al. (2010), o achado de uma ossatura craniana sem
mandíbula na Praia dos Camaleões confirma a provável presença de boto-tucuxi na
região próxima à Ilha do Camaleão. Um possível indício de captura acidental em
redes-de-espera da pesca ou resultado da atividade de caça para o comércio de
olhos e órgãos genitais, vendidos como amuletos em Belém (Fotografia 13).
Fotografia 13: Ossatura craniana de boto-tucuxi encontrada na praia dos Camaleões
Fonte: SEMA (2010). Na praia, não foram encontradas habitações humanas, no entanto a mesma é
muito visitada nas estações de veraneio para recreação por pessoas residentes em
áreas próximas vindas dos municípios de Chaves e Soure. A Vila de Santo Antônio
visitada pela equipe fica situada na porção da Ilha dos Camaleões que recebe
influência do Rio Amazonas e seus afluentes.
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Na praia, foram visualizadas algumas vértebras, possivelmente de jacarés. O
escudo dorsal e vértebras de espécies de bagre e uma concha de molusco
gastrópode conhecido comumente como caracol.
Rio Araraquara
o Praia Araraquara
Inicialmente a equipe visitou a Praia Araraquara para realização de
caminhada investigatória a fim de identificar a fauna e os ecossistemas existentes. A
vegetação presente na paria é de restinga e o terreno é irregular com presença de
altas dunas de areia e formação de pequenos lagos nas áreas mais baixas devido à
movimentação das marés (Prancha 7). Prancha 7 - 1. Praia Araraquara; 2, 3 e 4. Dunas de areia existentes na praia Araraquara; 5. Lagos
formados nas áreas mais baixas da praia, localizados entre as dunas de areia e 6. Siri morto
encontrado na praia.
Fonte: SEMA (2011).
Observou-se, também, que por trás das dunas altas o terreno desce
novamente e a vegetação ali presente é característica do ecossistema de várzea
com algumas plantas do ecossistema de mangue.
Foram vistos na areia, animais mortos: um siri, provavelmente, do gênero
Callinectes sp. (Prancha 7) e uma jiboia, além de várias pegadas de animais como
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aves e alguns mamíferos que, provavelmente, saíram da mata a procura de alimento
e/ou água. Foi ouvido o canto de guaribas e foram vistas as seguintes aves:
papagaio, gaivota, maçariquinho, quero-quero e gavião. Nas águas marginais da
praia, foram vistos alguns exemplares do peixe conhecido como tralhoto Anableps
sp.
Rio Araraquara
Em excursão pelo Rio Araraquara (Prancha 8) foram visualizados animais
como: tucano, garças brancas (pequenas e grandes), urubu de cabeça vermelha,
bando de guarás, colhereiro, bem-te-vi, ciganas, quero-quero, marreca, taiquiri,
ninhos de japiim (Prancha 8), capivara, jacaré tinga e uma família de guaribas
composta por três adultos (uma fêmea e dois machos) e três filhotes.
A equipe visitou um retiro (Prancha 8) localizado no rio Araraquara para
realização de entrevistas estruturadas e semiestruturadas com os moradores da
área fazendo uso de pranchas com figuras de representantes da fauna aquática
para identificação das espécies encontradas na região em questão. Prancha 8: 1. Rio Araraquara, Soure; 2. Árvore com ninhos de japiim e 3. Retiro Vitória localizado na margem do Rio Araraquara.
Fonte: SEMA (2011).
Levantamento etnozoológico no Rio Araraquara – Retiro Vitória e
Martolândia
Quatro moradores foram entrevistados com aplicação de questionários e
visualização de pranchas com imagens de animais da fauna aquática. Dentre os
entrevistados, dois eram pescadores profissionais, que residem no local entre 4 e 12
anos. Entre os restantes, um era vaqueiro e reside há 8 anos na fazenda e o outro,
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era uma senhora, dona de casa, que já morava a 12 anos na região. Todos eles
moram no retiro da fazenda de propriedade do Senhor Herculano Barbosa dos
Santos.
Dos entrevistados, três afirmaram a existência de áreas de berçário na região,
citando os lagos existentes nos campos, as cabeceiras dos rios, o Lago do Poço
Comprido e o Lago Aninga Redonda como berçários de peixes. Todos afirmaram
que não existe o cultivo de animais aquáticos, porém comentaram que alguns
fazendeiros fazem barragens nos lagos, para que os mesmos não tenham
diminuição no nível de água no período da seca.
Os entrevistados comentaram que os animais existentes na região são
confirmados por eles através de visualização, rastro e vocalização. Os animais
citados que ocorrem no local foram: alguns peixes como bagre, tamoatá, traíra,
pirarucu e piranha, jacaré tinga, jacaré coroa e jacaré açu, boto-rosa, boto-tucuxi,
tracajá, perema, sucuri, sucuriju e capivara.
Quando perguntados sobre os outros animais que ficam presos nas redes de
pesca, os entrevistados citam além dos peixes o jacaré e a sucuri.
Durante o período de cheia, os peixes dulcícolas citados para a região foram:
bacu, pescada branca, filhote, dourada, bagre e piaba ou piramutaba, enquanto que
dos peixes de água salgada o único citado para o local foi o bagre marinho. Os
peixes de água doce comuns no período da seca que foram citados pelos
moradores são: traíra, tamoatá, piranha, aracu, jeju, apaiari, acará, anunjá e piranha
vermelha, em grande quantidade.
Os peixes de água doce que mais são consumidos pelos moradores e
comercializados quando pegos em grande quantidade são: tamoatá, traíra, apaiari,
piranha, anunjá, bagre e tamoatá. Enquanto os peixes de água salgada, dois
entrevistados citaram dourada, pescada amarela e bagre marinho. Os outros dois
disseram que não há consumo de peixes de água salgada.
Entre os quelônios da região, dois dos entrevistados confirmaram a
ocorrência da tartaruga-da-amazônia, que desova na praia da goiabeira e na praia
do Araraquara, durante o mês de novembro. Os demais disseram que não há
ocorrência da espécie na região.
Com relação à mastofauna aquática, todos os entrevistados negaram a
ocorrência de peixe-boi na região, porém comentaram que há muitos anos atrás
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esses animais eram encontrados nos rios. A presença de boto foi confirmada na
região por todos os entrevistados. Esses citaram o boto-rosa e o tucuxi na praia e
Rio Araraquara.
A herpetofauna da região é marcada pela ocorrência de répteis ofídios
confirmados por todos os entrevistados. As espécies citadas pelos mesmos foram:
sucuri, coral, jararaca (em pouca quantidade) encontradas nas áreas de campos,
cobra-cipó e pepeua. Dos entrevistados, apenas um disse que há problemas pela
presença das cobras, pois elas picam as pessoas. Quanto aos crocodilianos, foi
mencionada a ocorrência dos mesmos por todos os entrevistados, sendo citados: o
jacaré tinga, o jacaré coroa e o jacaré Açu. Um dos entrevistados relatou que o
jacaré tinga faz ninhos no mês de abril e o jacaré coroa ocorre em pouca
quantidade. Outro morador mencionou que o jacaré açu é pouco visto atualmente.
Todos os entrevistados negaram a presença de problemas causados por jacarés.
Aos entrevistados foi perguntado sobre os animais que com o passar dos
tempos não foram mais vistos. O primeiro respondeu que não se vê mais nem o
camaleão e nem a raposa, consumidos por alguns moradores. O segundo disse que
em tempos antigos era possível ver onça e o peixe-boi e que, nos dias de hoje, o
jacaré açu é raramente visto. O terceiro também citou a raridade de se visualizar o
jacaré açu e, também, comentou sobre o desaparecimento do peixe pirarucu. O
quarto entrevistado citou o peixe jeju como desaparecido e justificou sua ausência,
dizendo que o mesmo serve de alimento para o bagre marinho.
Com relação aos crustáceos Brachyura, dois dos entrevistados disseram não
existirem no local, enquanto que os outros dois confirmaram sua ocorrência. Um
deles citou o caranguejo-uçá e o sarará, sendo que esse último em pouca
quantidade. O outro entrevistado citou o caranguejo vermelhinho dizendo que são
encontrados nos campos nos meses de janeiro a março e de junho a julho. Ambos
comentaram que não há coleta desse recurso. Três dos entrevistados disseram não
haver redução da população de caranguejos, sendo que apenas um comentou ter
havido certa redução e acrescentou dizendo que os mesmos servem de alimento
para aves como o gavião e o guará que se alimentam de sarará e camarões.
Os siris foram citados por dois entrevistados, como espécies que habitam a
região, sendo citada apenas a espécie de siri vermelho e em pouca quantidade.
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Esses animais não são coletados e ocorrem nos igarapés, no período de novembro
a dezembro.
Entre os crustáceos Decapoda foi mencionada, pelos entrevistados, a
ocorrência do camarão-liso e do camarão-cascudo, ambos utilizados para consumo,
sendo que todos mencionaram que os mesmos são encontrados no Rio Araraquara.
Em relação à safra, todos disseram períodos distintos, sendo o primeiro entre maio a
junho, o segundo de junho a julho, o terceiro de março a maio e o último de abril a
junho.
Dois dos entrevistados afirmaram a redução da população de camarão,
justificado pelo alto consumo, também foi comentado que a quantidade pode variar
com o tempo, sendo possível em um ano ter o recurso em abundância e no outro a
sua escassez.
Com relação aos moluscos, não foi mencionada a ocorrência de ostras, nem
de mexilhões, apenas de turu que foi confirmada por um entrevistando e disse que a
safra do mesmo é o tempo todo.
Em referência às ameaças sofridas por animais aquáticos foi mencionado que
o camarão teve sua população reduzida devido à entrada de pescadores na região
para a comercialização e devido servir de alimento para os peixes. As cobras
venenosas são mortas para a defesa dos moradores que se sentem ameaçados por
esses animais. E, por fim, o tamoatá que serve de alimento para o bagre, tendo sua
população também reduzida, já que o bagre teve sua população aumentada. Os
demais animais mencionados não sofrem grandes ameaças, como é o caso do
jacaré, do boto, da tartaruga e o peixe-boi.
Para redução das pressões sofridas pelo peixe tamoatá, os moradores
acreditam que deveria ser feita uma represa que o separasse de seu predador, o
bagre.
Dos moradores entrevistados, apenas um admitiu retirar madeira para fazer
lenha, porém o mesmo afirmou que tira a madeira seca.
Levantamento etnozoológico no Canal das Tartarugas
Apenas um pescador foi entrevistado no Canal das Tartarugas, através da
aplicação de questionário e visualização de pranchas, contendo figuras de animais
58
da fauna aquática. O mesmo confirmou ser pescador profissional e comentou que às
vezes trabalha como prático em navios de pesquisa.
O entrevistado atualmente mora em Soure, mas contou que morou durante
quinze anos no Canal das Tartarugas. Ele confirmou a presença de berçários de
peixes no lago do Arari, localizado na Vila Jenipapo em Santa Cruz do Arari, e disse
que em fevereiro o Lago Arari comunica-se com o Canal das Tartarugas.
Segundo o entrevistado, não há cultivo de animais aquáticos, mas existem
alguns fazendeiros que constroem barragens para aprisionar peixes no Lago Arari e
nos igarapés da região.
Os animais aquáticos que foram citados pelo entrevistado como existentes na
região são: capivara, boto-malhado, peixe-boi-da-amazonia, tartaruga-da-amazônia
e tartaruga marinha suruanã que aparece no mês de março para desovar nas praias
que se formam. Tais animais têm sua existência confirmada através de visualização
pelo entrevistado.
Segundo o pescador entrevistado, às vezes, alguns animais ficam presos na
rede de pesca, como o boto, a tartaruga e o capitari que é como chamam para o
macho da tartaruga. Durante a cheia do canal, os peixes mais frequentes são:
tamoatá, sarda apapá, anunjá, tucunaré e dourada. Os que são mais comuns no
período da seca são: tamoatá, apaiari, traíra e jeju.
Todos os peixes citados acima, quando pescados em grande quantidade,
apresentam sua maior parte destinada à venda sendo uma pequena parte retirada
para o consumo do pescador e sua família.
Os répteis ofídios citados pelo entrevistado foram: jararaca, em grande
quantidade, jiboia, surucucu e cascavel (raro). Esses animais ocasionam grandes
problemas para os moradores, pois ocorrem vários acidentes com picadas de cobra.
Os crocodilianos presentes na região são: jacaré açu, jacaré coroa e jacaré
tinga, os mesmos não trazem problemas a população.
Dentre os crustáceos Brachyura da região, foi citado pelo pescador o
caranguejo vermelhinho, presente nos campos, que aparece mais no período de
setembro e outubro. Não há coleta desse recurso, pois os moradores não o
consomem, consequentemente, a quantidade desses animais aumentou, mas o seu
tamanho permanece o mesmo. Há também a ocorrência do siri vermelho, uma
espécie marinha que aparece durante a seca da maré, no período de setembro, nas
59
beiras dos rios; não há coleta de siris, por isso ele acredita que a população desses
animais não reduziu e seu tamanho também continua o mesmo.
Entre os crustáceos Decapoda foi mencionada a ocorrência do camarão-
cascudo que é utilizado para consumo. Sua safra ocorre no período de agosto a
outubro, o mesmo aparece na beira das praias e nos igarapés. Possuem grande
fartura, enchendo a saca dos pescadores. Não houve redução populacional desse
recurso e seu tamanho continua o mesmo.
O único molusco citado para a região foi o turu, mas o mesmo não é
consumido. Não foi mencionada à ocorrência de ostras e nem de mexilhões no local.
Com relação às ameaças sofridas pela ictiofauna foi citado que a seca dos
rios faz com que muitos peixes morram, devido às barragens construídas por alguns
fazendeiros. Essas barragens impedem o fluxo do rio, causando seca total em
algumas áreas descendentes se seu percurso natural. Para o boto, peixe-boi e
caranguejo não foram registradas ameaças. Para os representantes da
herpetofauna as tartarugas e jacarés, às vezes, são utilizados para consumo, não
ocorrendo a comercialização de suas carnes.
Quanto às cobras, foi relatado que algumas espécies peçonhentas oferecem
perigo aos moradores, e por esse motivo são mortas. A ameaça sofrida pelos
camarões é, apenas, o esforço de captura para o consumo de subsistência das
famílias ribeirinhas presentes na região.
Para diminuir a morte de inúmeros peixes no período de seca, o pescador
entrevistado sugeriu a construção de tanques para colocar os animais durante essa
época.
Foi relatada a utilização da madeira da floresta para produção de lenha,
sendo extraída a madeira jaranduba para essa finalidade. Para a construção das
casas, os moradores do Canal das Tartarugas compram madeira proveniente do
Município de Afuá.
3.2.3 Município de Chaves
O trabalho de excursões no Município de Chaves iniciou na Comunidade de
São Sebastião de Arapixi, onde a equipe de fauna terrestre fez seu primeiro
60
momento de atividades junto à equipe de fauna aquática, percorrendo o Rio Arapixi
até próximo as cabeceiras dos rios.
Ao término dessa incursão, nos limites da fazenda Egito foram obtidas mais
informações sobre a composição da paisagem, o que possibilitou a observação
inicial de pequenos bandos dispersos de cegonhas cabeça-seca Mycteria
americana, tuiuiú Jabiru mycteria e um espécime de cauauá Ciconia maguari, além
de grandes concentrações de garça-branca Casmerodius albus, garcinha Egreta
thula e maguari Ardea cocoi.
A vegetação de sub-bosque está presente ao longo de toda a borda do Rio
Arapixi, ladeada por extensas áreas de campos de pastagem.
A composição da avifauna de sub-bosque foi variada e incluiu espécies
representativas para a região: pavãozinho-do-Pará Eurypyga helias da família
Eurypygidae; gavião-carijó Rupornis magnirostris ave de rapina da família dos
acipitrídeos; gavião-caramujeiro Rostrhamus sociabilisum, ave paludícola da família
dos acipitrídeos, exclusivamente malófago, encontrada em locais pantanosos da
América tropical e temperada; papagaio-curica Amazona amazônica psitaciforme;
inhanbu-relogio Crypturellus strigulosus ave Tinamiforme da família dos tinamídeos;
jacu Penelope ochrogaster ave galinácea da família dos cracídeos, além de aves
piciformes da família dos Ramphastidae e Picidae, com destaque para os tucanos
Ramphastos toco e Pteroglossus bitorquatus e pica-pau-de-banda-branca
Dryocopus lineatus, respectivamente.
Foi frequente a presença de espécies de borda de floresta alimentando-se de
frutos e insetos no campo, como por exemplo, a pipira-vermelha Ramphocelus
carbo, o sanhaçu-da-Amazônia Thraupis episcopus, o siriri Tyrannus melancholicus,
o anu-preto Crotophaga ani e anu-coroca Crotophaga major. Estão presentes
também outras espécies que são tipicamente associadas aos campos, como por
exemplo: a rolinha-roxa Columbina talpacoti e o periquito-verde Brotogeris
viridissimus.
As espécies da mastofauna, frequentemente citadas como animais de valor
cinegético estão representados por dois marsupiais: mucura-chichica Caluromys
philander e mucura-branca Didelphis marsupialis, além do tatu-galinha Dasypus
novemcinctus (Xenarthra), a mais caçada devido, provavelmente, habitar ampla
61
variedade de sistemas (MEDRI, 2008), ter alta densidade local e ser “um animal de
carne saborosa”, segundo os entrevistados.
Em toda a região, a caça de tatu galinha dá-se por procura ativa em possíveis
abrigos. Os animais são fisgados com uma haste de metal, uma técnica “rudimentar”
e de baixo custo, semelhante à praticada na Ilha de Caviana. (Fotografia 14 e 15). Fotografia 14- Toca ativa de tatu-galinha Fotografia 15 - Animal sendo eviscerado (caça de subsistência).
Fonte: SEMA (2010). Fonte: SEMA (2010).
No fim da tarde, houve visita em moradias nas proximidades de São
Sebastião do Arapixi, onde foi executada busca ativa de fauna, em caminhada de
uma hora em trilhas de uma extensa área florestada, consorciada com açaizais.
Nesse setor, foram avistadas seis tocas ativas de tatu galinha e um bando de
macacos guariba Alouatta belzebul, constituído por sete indivíduos, sendo: dois
machos adultos, quatro animais adultos de sexo não determinado e um infante; um
indicativo para período de reprodução dessa espécie.
A guariba é o símio mais caçado em toda a região e, ao que parece, possui
grandes populações e ampla distribuição regional. A espécie pode ser facilmente
identificada durante o início das manhãs e fins de tarde, quando os grupos
vocalizavam para delimitação de seus territórios.
Outras espécies de primatas ocorrentes na região são: macaco-de-cheiro
Saimiri sciureus, macaco-prego Cebus apella, sagui Saguinus midas e macaco-da-
noite Aotus infulatus, esta última espécie, segundo as entrevistas, tem ocorrência
confirmada em todos os setores amostrados.
Entre os mamíferos roedores, de médio e grande porte, mais frequentes e sob
menor pressão de caça, destacam-se a cutia-vermelha Dasyprocta leporina, a paca
14 15
62
Cunicullus paca e a capivara Hydrochoerus hidrochaeris, animal de hábito
semiaquático. Esse é o maior mamífero roedor do mundo, que parece não ser
caçado na maioria das regiões, ao contrário de localidades próximas ao Lago Arari,
onde sua caça sustenta o grande mercado ilegal de carne salgada para feira livre do
Município de Abaetetuba no Baixo Rio Tocantins (SAMPAIO, 2003).
O fato de os caçadores terem citado os mamíferos como fauna cinegética
mais consumida, pode estar relacionado com a disponibilidade e/ou preferência por
estes animais, bem como aos seus benefícios energéticos. A carne de fauna
silvestre possui alto teor proteico se comparada a outros alimentos, como a farinha
de mandioca e o peixe (REDFORD, 1997).
Na costa, os locais de caça são relativamente próximos às residências,
possivelmente por conta da disponibilidade de fonte de proteína alternativa de menor
custo nas criações de animais domésticos como galinhas Gallus gallus domesticus,
patos Anas domesticus e porcos Sus domesticus, presentes em todas as moradias
visitadas pela equipe de fauna terrestre e avifauna. Essa realidade parece
direcionar, em alguns casos, caçadas a porcos domésticos afugentados da área de
moradia.
Em todos os setores amostrados constatou-se ampla distribuição de rato-toró
Dactylomys dactylinus, pequeno roedor de comportamento noturno e facilmente
notado por sua vocalização característica durante a delimitacão de território.
Segundo informações de um caçador local (J. 52 anos; 40 de caça),
ungulados como a anta Tapirus terrestris (maior mamífero terrestre neotropical) e
veado-vermelho Mazama americana, estão com suas populações em declínio na
região, provavelmente em virtude da intensa pressão de caça em um passado
recente. Em todas as áreas amostradas, as espécies de porco-queixada Tayassu
pecari e caititu Pecari tajacu não foram avistadas e, segundo as entrevistas, não
ocorrem no setor do Marajó.
Nesse setor, os carnívoros mais frequentes são a jaguatirica Felis pardalis,
com ocorrência em todas as áreas amostradas, cachorro-do-mato Cerdocium tous e
três espécies de procionídeos: quati Nasua nasua, guaxinim Procyon cancrivorus e
jupará Potos flavus.
Foram relatadas as ocorrências de gato-mourisco Herpailurus yaguarondi,
gato maracajá peludo Leopardus wiedii (em perigo de extinção), onça vermelha
63
Puma concolor e onça pintada Panthera onca; principalmente durante o verão,
quando as espécies passam a ocupar áreas mais extensas.
Viagem às Comunidades Nazaré, São Pedro e Redenção (Vila Ganhoão)
Para esta região, confirmou-se a ocorrência de uma população, relativamente
grande, de marrecas Dendrocygna autumnalis e o reduzido número de pato-do-mato
Cairina moschata. Segundo os entrevistados, nos setores de campos mais
próximos, são observadas grandes concentrações de marrecas, onde realizam a
muda completa das penas das asas (desasagem) e se alimentam. Nesses locais e
em toda região, essa espécie está sob intensa pressão de caça e catação de seus
ovos, principalmente durante o verão, quando aumentam suas concentrações nos
campos e bordas de lagoas.
Não foi avistado o pato-do-mato Cairina moschata. Segundo os entrevistados,
essa espécie ocorre em pequenas concentrações. Trata-se de uma ave de médio
porte que habita lagos, rios e bordas de mata, onde se concentram em pequenos
bandos formados por apenas um macho e várias fêmeas. Seu status de
conservação é ameaçado, principalmente pela destruição de seu habitat e caça
ilegal. Esse quadro parece não ser diferente para esse setor da Ilha de Marajó.
Segundo entrevistas, em toda a região, há intensa matança anual de cauauás
Ciconia maguari em ambientes de campos onde as populações estão em declínio.
Trata-se de uma ave migratória de grande porte, com aproximadamente 4,5 kg e
1,40 m de altura, de comportamento solitário, seletivo e distribuição restrita para
essa porção da Amazônia. As populações dessa espécie parecem ser conservadas
nas ilhas particulares Caviana e Mexiana, onde a perseguição e a caça são
reduzidas, o que leva a crer tratar-se de uma espécie guarda-chuva, particularmente
efetiva na delimitação de tamanho e tipo de habitat a ser protegido. A discussão
sobre a necessidade de criação de áreas de proteção integral na costa de Marajó é
particularmente importante para essa singular flag species.
Na Vila de Nazaré, foi realizada busca ativa de répteis e anfíbios ao longo de
trilhas em terra firme. Confirmou-se a ocorrência de nove espécies de lagartos, com
ampla distribuição na Amazônia: Kentropyx calcarata, Mabuya nigropunctata,
Coleodactylus amazonicus, Gonatodes humeralis, Plica plica e Plica umbra. Três
64
moradores entrevistados confirmaram a ocorrência de calango-verde Anolis
fuscoauratus. Em todos os setores amostrados, identificaram-se, com maior
frequência, lagartos da família Teiidae: jacuruxi Dracaena guianensis (Fotografia 16
e 17) e lagarto-teiú Tupinambis teguixim, considerado o maior lagarto do Brasil.
Nenhuma das espécies identificadas encontra-se em listas de espécies ameaçadas
de extinção para o estado do Pará.
Fotografia 16 - Pôr do Sol em Vila São Pedro. Fotografia 17- Jacuruxi em Comportamento de
Termorregulação
Fonte: SEMA (2010). Fonte: SEMA (2010).
Entre as serpentes ocorrentes na região, identificou-se em entrevistas, a
surucucu-de-fogo ou surucucu-pico-de-jaca Lachesis muta, a maior cobra venenosa da América do Sul, chegando a medir, quando adulta, 4,5 m; cobra-cipó Chironius carinatus, uma espécie diurna e arborícola da família dos
Colubrídeos, além das espécies constritoras da família Boidea, como a sucuri-verde
ou sucuri-preta Eunectes murinus e jiboia Boa constrictor; espécies amplamente
distribuídas nos setores de campos alagados e de terra firme, respectivamente.
Neste setor, foram fotografadas duas espécies de crocodilianos: jacaré-tinga
Caiman crocodilus (Fotografia 18) e jacaré açu Melanosuchus Niger (Fotografia 19).
Essas espécies ocorreram, também, nas demais áreas amostradas. É provável que
nessa porção da Ilha de Marajó ocorram as duas outras espécies de jacarés
amazônicos: jacaré-coroa Paleosuchus trigonatus e Jacaré-paguá Paleosuchus
palpebrosus.
16 17
65
Fotografia 18 - Jacaré tinga. Fotografia 19 - Jacaré açu.
Fonte: SEMA (2010). Fonte: SEMA (2010).
Não foram realizadas procuras noturnas de anfíbios na região. Identificou-se a
ocorrência de sapo-cururu Bufo sp. próximo a faixa entre marés, na porção média da
Praia dos Camaleões. Anfíbios são excelentes indicadores biológicos de áreas
degradadas. Mais um bom motivo para conservá-los. (Fotografia 20).
Fotografia 20 - Sapo-cururu na Praia dos Camaleões.
Fonte: SEMA (2010).
66
Viagem à Vila Nascimento, Vila Nova e Nossa Senhora do Livramento
(Rio das Tartarugas) Chaves/PA.
Na Comunidade de Vila Nova percorreu-se, durante duas horas, trilhas ao
longo de plantações de açaizais nativos, onde se identificou pegadas de guaxinins
Procyon cancrivorus, cachorro-do-mato Cerdocyon thous e lontra Lontra longicaudis.
Segundo os entrevistados, nesse setor, os xenarthras tamanduá-bandeira
Myrmecophaga tridactyla (espécie vulnerável, IUCN-2004), tamanduá de colete
Tamandua tetradactyla e tamanduaí Cyclopes didactylus, são frequentes e utilizam
os habitat de campos naturais e vegetação de sub-bosque, principalmente durante o
verão. Segundo as entrevistas, essas espécies estão sob reduzida pressão de caça
e possuem um bom status de conservação.
Houve visitas aos setores de campo de pastagens nativa e inundável, com
faixas de estratos arbustivo-arbóreos, localizados imediatamente atrás da
comunidade, onde foram avistados e identificados grupos de maçarico-cauauá
Himantopus himantopu ao longo de todo o percurso. Provavelmente, são indivíduos
sexualmente imaturos ou populações sedentárias residentes. Os campos
encharcados são áreas de alimentação para essa espécie e outras comunidades de
aves que utilizam os recursos alimentares ali disponíveis, principalmente pelas
populações dos ciconiformes como o guará Eudocimus ruber e o colhereiro Platalea
ajaja.
Viagem às comunidades de Santo Antônio, Santa Quitéria e Mandubé na
Ilha dos Camaleões/Chaves/PA.
Nesse setor, percorreram-se ecossistemas de praia, campos e matas de
açaizais. Em visita à Comunidade de Santa Quitéria, encontraram-se, em uso
decorativo, carapaças de duas espécies de tartarugas: tartaruga-da-Amazônia
Podocnemis expansa e tartaruga-verde Chelonia mydas, uma espécie marinha e
cosmopolita listada entre as Em perigo pela IUCN (Internatinal Union for
Conservation of Nature and Natural Resources), que utiliza áreas de ilhas e baías
para o forrageio. (Fotografia 21 e 22).
67
O auxiliar de campo (Sr. Antônio, 57 anos, 43 de pesca) nascido nessa
região, relatou sobre uma possível desova de tartaruga-marinha ao longo da faixa de
praia na Ilha dos Camaleões.
Não foi avistado camaleão Iguana iguana, no entanto os entrevistados na ilha,
afirmam haver grande desova dessa espécie durante o verão, ao longo da faixa de
praia, sobretudo nos setores de tabocais Guadua latifolia e na vegetação de
restinga, entre pequenas dunas. Durante o verão, época de reprodução, essa
espécie é perseguida para consumo de sua carne e ovos, que são bastante
apreciados na região. A captura é realizada principalmente nos ninhos, construídos
em covas escavadas no chão. O fato dessa espécie não ter sido avistada pode ser
um indicativo de que suas populações tenham sido afetadas pela caça. Fotografia 21 - Carapaça de tartaruga-da-Amazônia. Fotografia 22 - Carapaça de tartaruga-verde (Praia dos Camaleões).
Fonte: SEMA (2010). Fonte: SEMA (2010).
Foi relatado durante os trabalhos a ocorrência do peixe-boi-amazônico
Trichechus inunguis, lontra Lontra longicaudis (espécie ameaçada de extinção) e o
boto-tucuxi Sotalia fluviatilis (ver em detalhe no tópico fauna aquático).
Nesse setor, ao longo da foz do Rio Tartaruga e da margem da Praia-dos-
Camaleões, identificaram-se pequenos grupos de biguás Phalacrocorax olivaceus,
quero-quero Vanellus chilensis, ave da ordem dos Charadriiformes, pertencendo à
família dos Charadriidae; curicacas Theristicus caudatus, talha-mar Rynchops niger,
gavião-belo Busarellus nigricollis, carcarás Polyborus plancus, garça-real Pilherodius
pileatus, socó-boi Tigrisoma lineatum, carão Aramus guarauna, além de espécies
com populações mais numerosas como maçarico-rasteiro Calidris pusilla e
batuirinha Charadrius collaris, aves migratórias que foram avistadas forrageando ao
21 22
68
longo da margem de praias; setor de parada e invernada para algumas espécies de
aves migratórias. Essas espécies também foram observadas, em menor número, ao
longo dos campos interiores.
3.2.4 Levantamento Da Fauna Aquática
Comunidade de São Sebastião do Arapixi
Iniciou-se a excursão ao longo do Igarapé Arapixi em uma pequena canoa
motorizada, tripulada por dois auxiliares de campo selecionados pela comunidade.
Durante esse percurso navegado por 45 minutos, numa velocidade média de 7 km/h,
em direção a cabeceira do Rio Arapixi, com auxílio de binóculo e máquina
fotográfica, foi realizada busca ativa de anfíbios, repteis, aves e mamíferos, dividindo
os setores de amostragem entre as margens do rio. O início e o fim do percurso
foram georreferenciados com receptor GPS Garmin, que também determina
distância percorrida, tempo e velocidade. Ao longo do igarapé, foram avistadas
algumas aves como: garça branca, tucano, urubu, socoí, anu preto e pomba. A
vegetação ciliar existente às margens do igarapé é tipicamente de várzea constituída
por aningas, açaizeiros, bromélias, mungubeiras, etc. (Prancha 9). Prancha 9 - 1. Igarapé Arapixi; 2. Vegetação ciliar e 3. Aningal.
Fonte: SEMA (2010).
A equipe seguiu pelo Igarapé Arapixi até chegar ao ponto em que surge uma
bifurcação a partir da qual, seguindo em linha reta, o igarapé passa a se chamar
Santo Antônio e desviando para a esquerda encontra-se o Rio Egito. Próximo a essa
bifurcação, localiza-se a Fazenda Egito às margens do Igarapé Santo Antônio cuja
proprietária é a Senhora Maria Bernadete Franco. A atividade realizada na fazenda é
2 1 3
69
a pecuária de gado de corte com um rebanho bovino (Nelore Branco) com
aproximadamente três mil cabeças. A comercialização do animal é realizada em
Paragominas e o leite produzido é, por ser em pequena quantidade, utilizado para
consumo dos donos e trabalhadores da fazenda.
O senhor Raimundo Rodrigues que vive na região há 45 anos é o responsável
pela administração da Fazenda Egito e conta com a ajuda de mais seis empregados
que residem em suas casas localizadas dentro dos limites dessa mesma fazenda
onde trabalham. De acordo com seus relatos verbais, os peixes existentes na região
são: tamoatá, traíra, jeju, piranha vermelha, aracu, jandiá, acari, acari chicote,
apaiari, tambaqui, acará, cachorrinho de padre, mandubé, ituí vermelho, rebeca
(muito), arraia de fogo (pintada e vermelha), sardinha. O melhor período para
pescaria ocorre no mês de junho, quando as águas estão mais baixas, facilitando a
captura dos peixes.
Os corpos aquáticos existentes nos arredores da fazenda são identificados
pelos moradores como locais de desova de peixes (berçários). No mês de setembro,
para evitar que as águas sequem totalmente, faz-se uma tapagem (barragem), tendo
como consequência a contenção dos peixes que ficam impedidos de seguirem o
curso natural das águas, ocasionando a escassez de peixes em outras regiões
situadas rio abaixo.
Os ofídios comuns na área são a sucuriju, a jararaca, a surucucu e a
jiboia. Há registros de animais aquáticos antes encontrados na região e que hoje
são raros: boto-tucuxi, quelônios, pirarucu, tucunaré, pescada branca, jacundá,
uéua, jacaré tinga, capivara e cutia.
A caça na região quase já não é praticada devido à fuga dos animais
silvestres das matas próximas à fazenda para locais mais distantes e de difícil
acesso. Fato esse que aconteceu, provavelmente, por conta do manejo de
pastagens para criação de gado de corte ou devido à intensidade da caça
predatória. A dieta proteica dos moradores locais é realizada principalmente através
do consumo de carne bovina dos animais provenientes da criação da fazenda.
Realizam coleta de água das chuvas para utilização no período da seca para
cozinhar, beber e tomar banho.
Foram realizadas duas pescarias experimentais em Arapixi. A primeira delas
foi realizada no Igarapé Santo Antônio em frente à Fazenda Egito, utilizando como
70
apetrechos de pesca a linha e o anzol. Os peixes capturados foram: jandiá Rhamdia
quelen e piranha vermelha Serrasalmus sp.. A segunda foi feita no Igarapé Arapixi
quando a equipe retornava à sede da Comunidade de São Sebastião do Arapixi,
utilizando o mesmo apetrecho de pesca. Capturou-se apenas uma espécie cujo
nome comum é mandubé Ageneiosus sp. (Fotografia 23). Também nesse retorno,
ouviu-se a vocalização de um grupo de guaribas proveniente de uma mata próxima
à comunidade. Fotografia 23 - Peixe mandubé capturado no Igarapé Arapixi
Fonte: SEMA (2010).
No período vespertino, a equipe de fauna aquática aplicou seus questionários
específicos e sua prancha de animais aquáticos aos moradores de Arapixi.
Posteriormente, três técnicas desta Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA)
participaram da reunião com pescadores locais e Superintendência do Patrimônio da
União (SPU) a fim de dar esclarecimentos sobre como proceder para minimizar
conflitos de pesca entre pescadores e fazendeiros por meio da criação de acordos
de pesca.
Comunidade do Ganhoão - Vila Nazaré
A Vila Nazaré pertencente à Comunidade do Ganhoão está localizada às
margens do Rio Ganhoão (Fotografia 24). Essa vila possui uma economia baseada
principalmente nas atividades de extrativismo de açaí (Fotografia 25), da pesca
71
artesanal (peixe e camarão) e pecuária bubalina. Segundo relatos verbais de
moradores locais, essa vila já recuou 400 metros adentro de seu território ao longo
dos 55 anos de existência, provavelmente, como consequência da erosão
provocada pela força das águas da Foz do Rio Amazonas sob grande influência das
águas marinhas do Oceano Atlântico. Fotografia 24 - Rio Ganhoão. Fotografia 25 - Açaizal em Vila Nazaré / Ganhoão.
Fonte: SEMA (2010). Fonte: SEMA (2010).
A equipe da fauna aquática aplicou seus questionários e pranchas de fotos
específicos sobre animais aquáticos para alguns moradores da Vila Nazaré e fez
registros fotográficos e georreferenciamento do lugar.
De acordo com relatos verbais do senhor Martiniano Martins Ferreira de 64
anos de idade, morador da Vila Nazaré, a tradição da pesca é passada de pai para
filho. Seu progenitor lhe ensinou o ofício quando tinha apenas nove anos de idade. A
maioria dos pescadores profissionais do lugar pesca em alto mar e chega a ir até
Oiapoque e Calçoene, no Estado do Amapá. A produção pesqueira é descarregada
e comercializada em Belém, no mercado do Ver-o-Peso. Algumas vezes, apenas,
quando o preço do pescado não está bom na capital paraense, a produção é levada
para comercialização no Amapá.
A colônia de pescadores que os assiste é a Z-22 de Chaves, pois é a única
existente para auxiliar os pescadores de todo o município. Esse fato traz um grande
problema, pois muitos profissionais de pesca ficam sem assistência, por isso o
Senhor Martiniano Ferreira associou-se à colônia de pescadores do Amapá e recebe
seguro desemprego de pescador há cinco anos devido ter sofrido um acidente de
trabalho que o deixou impossibilitado de exercer sua atividade profissional.
72
O apetrecho de pesca mais usado é a rede de nylon cujo tamanho da malha
varia de quarenta milímetros entrenós a tamanhos maiores. O método de utilização
da rede de emalhar varia entre os pescadores, porém a maioria a estende pela
manhã para recolher à tarde ou à noite para recolher pela manhã (rede de espera).
Algumas espécies de peixe, como o piraíba, são pescadas com espinhel por serem
bastante grandes e pesadas para a pescaria com rede.
Segundo relatos verbais, não há tantos problemas gerados entre os
pescadores profissionais e os donos das embarcações que operam em alto mar.
Esses barcos devem ser maiores e com propulsão mais potente do motor, além de
possuir um porão que comporte uma considerável quantidade de gelo para
conservação, pois essas pescarias chegam a durar, aproximadamente, trinta dias.
São poucos os pescadores que possuem suas próprias embarcações para operar no
mar. Geralmente possuem pequenos barcos usados para pescarias em áreas mais
próximas e retornando no fim do mesmo dia em que saíram para pescar.
O atrito identificado na área ocorre entre pescadores e fazendeiros, pois
esses últimos fazem, no período da seca, o represamento dos rios cujas nascentes
ficam em suas propriedades. Os peixes e outros recursos aquáticos ficam presos
nos campos e chegam a faltar nas áreas mais abaixo nos cursos dos rios que secam
nessa época do ano, dificultando a vida dos pescadores e suas famílias.
Os peixes existentes na região do Ganhoão são: branquinha ou pritipioca
Potamorhina sp. (bastante), acari barbado – família Loricariidae, acari-bodó
Ancistrus sp., ituí - famílias Sternopygidae e Apteronotidae, ituí terçado
Rhamphichthys rostratus, aruanã Astronotus sp., aracu pintado Leporinus sp.,
pirapitinga Piractus brachypomus, piranha vermelha Serrasalmus sp., tambaqui
Colossoma macropomum, jeju Hoplerythrinus unitaeniatus, tamoatá Hoplosternum
littorale, bacu pedra Megalodoras uranoscopus, bacu cuiú-cuiú Centrodoras
brachiatus, barba-chata ou babão Goslinia platynema, filhote Brachyplatystoma
filamentosum, mapará Hypophthalmus marginatus, piramutaba ou piaba
Brachyplatystoma vaillantii.
Também são encontrados na região recursos como o camarão-regional ou
cascudo Macrobrachium amazonicum, camarão gigante-da-Malásia Macrobrachium
rosenbergii (espécie exótica), camarão pitu Macrobrachium carcinus (com listra preta
lateral), caranguejo vermelhinho – família Pseudothelphusidae (nos campos),
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caranguejo sarará nas beiradas dos rios e áreas alagadas (visualizado pela equipe),
tartaruga-da-Amazônia Podocnemis expansa, tracajá Podocnemis unifilis, muçuã
Kinosternon scorpioides, perema Rhinoclemys punctularia e matá-matá Chelys
fimbriatus (raro).
Entre os mamíferos aquáticos citados pelo pescador entrevistado estão: o
peixe-boi-amazônico Trichechus inunguis (muito encontrado), boto-malhado ou rosa
Inia geoffrensis, boto-cinza ou tucuxi Sotalia fluviatilis e lontra Lontra longicaudis.
Vila São Pedro
As equipes foram levadas até a Vila São Pedro localizada quase em frente à
Vila Nazaré, na outra margem do Rio Ganhoão. Logo na chegada, foram
visualizados alguns peixes conhecidos pelo nome de tralhotos Anableps microlepis
(Prancha 10) nadando sobre as águas, bem próximo à embarcação, onde as
equipes estavam alocadas. No local, foram realizadas entrevistas através da
aplicação dos questionários e pranchas de figuras de representantes da fauna
aquática, registros fotográficos e georreferenciamento.
Na Via São Pedro, a economia também se baseia nas atividades de
extrativismo do açaí, da pesca artesanal (de peixe e camarão) e pecuária bubalina.
Assim como nas outras vilas pertencentes à comunidade do Ganhoão. (Prancha 10). Prancha 10 - 1. Vila São Pedro; 2. Peixe tralhoto ou quatro-olhos e 3. Açaizais.
Fonte: SEMA (2010).
A excursão ao longo do Rio Ganhoão teve como primeira parada o Igarapé
Inajá (Prancha 11) localizado ainda nos limites da Vila Nazaré e que desemboca no
rio supracitado. O desembarque foi em uma propriedade rural situada à margem
direita do Igarapé Inajá, onde foram avistadas algumas espécies de aves como:
japiim e marrecas (Prancha 11). A esposa do dono da propriedade declarou que
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essas marrecas vistas pela equipe já foram domesticadas e são criadas juntamente
com as galinhas e não fogem, ficando o tempo todo ali próximo à residência principal
da propriedade. No sítio, pode-se observar que alguns moradores fazem pequenas
plantações suspensas por estacas para evitar problemas com os alagamentos
periódicos trazidos pelas chuvas que ocorrem no local. Nessas hortas, são
cultivadas chicória, alfavaca, coentro, cebolinha e, ainda, plantas ornamentais
(Prancha 11). Há, também, no sítio uma criação de gado bubalino que durante o dia
pasta livremente pelo campo e à noite fica preso em curral feito de vigas de madeira.
A equipe visualizou algumas espécies de peixes ósseos capturadas no Rio
Ganhoão. As espécies foram: cachorro de padre ou anunjá Parauchenipterus
galeatus, curimatá ou branquinha Curimata sp., acari Ancistrus sp., pescada branca
Plagioscion squamosissimus, traíra Hoplias malabaricus, piramutaba
Brachyplatystoma vaillantii. (Prancha 11).
Prancha 11 - 1. Igarapé Inajá na maré baixa; 2. Marrecas domesticadas; 3. Plantação suspensa de hortaliças e plantas rnamentais; 4. Cachorro de padre ou anunjá; 5. Piramutaba; 6. Acari; 7. Curimatá; 8. Pescada branca e 9. Traíra.
Fonte: SEMA (2010).
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Posteriormente, seguiu-se rio acima até chegar ao Rio Redenção às margens
do qual se situa a Vila Redenção (Prancha 12) também pertencente à Comunidade
do Ganhoão. Os moradores dessa vila vivem, principalmente, da atividade da pesca
artesanal e extrativismo do fruto da palmeira do açaí. A equipe da fauna aquática
avistou algumas espécies de aves, procurando alimentar-se com pequenos
invertebrados que ficam desprotegidos nas porções de praias que surgem com a
vazante da maré. As aves avistadas foram: mergulhões, gaivotas, garças brancas e
colhereiros.
Prancha 12 - 1. Rio e Vila Redenção; 2. Crianças deslocando-se em canoa a remo; 3. Palmeiras de Açaí; 4. Aves em busca de alimentos na areia; 5. Ave colhereiro e 6. Garças brancas.
Fonte: SEMA (2010).
Nas proximidades do Rio São Tomé, onde moram algumas famílias de
pescadores artesanais foram aplicados questionários e pranchas de figuras de
espécies da fauna aquática.
Realizou-se uma pescaria experimental no Rio São Tomé com utilização de
rede de pesca. Foram capturados alguns exemplares representantes da fauna
aquática do local, a citar: camarão-regional ou cascudo Macrobrachium
amazonicum, mapará Hypophthalmus marginatus, mandubé Ageneiosus sp.,
piramutaba Brachyplatystoma vaillantii, arraia Potamotrygon sp.; branquinha família
Characidae; sardinha Triportheus sp., curimatá Curimata sp. e pescada branca
Plagioscion squamosissimus (Prancha 13).
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Prancha 13 - 1. Camarão-regional; 2. Mapará; 3. Mandubé; 4. Piramutaba; 5. Arraia; 6. Branquinha; 7. Sardinha; 8. Curimatá e 9. Pescada branca.
Fonte: SEMA (2010).
COMUNIDADE NASCIMENTO
A região é tipicamente de várzea e sofre forte influência do movimento trazido
pelo encontro das águas doces e barrentas do Rio Amazonas com as águas
marinhas do Oceano Atlântico. A grande força desses movimentos de águas no local
provoca um dinâmico e frequente processo de erosão das margens e deposição de
sedimentos no leito de alguns rios e igarapés, causando o seu assoreamento e o
aparecimento de novos “bancos de áreas”.
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Nascimento
Há mais de dez vilas em Nascimento todas habitadas, em sua maioria, por
pescadores artesanais e suas famílias. Esses pescadores praticam a atividade da
pesca em alto mar em pesqueiros localizados ao longo da Costa Norte brasileira até
próximos à cidade de Oiapoque no Estado do Amapá. Algumas famílias possuem
pequenas criações de gado bubalino, seguindo o método de pecuária extensiva. Na
vila, foram aplicados alguns questionários de fauna aquática e realizados muitos
registros fotográficos e georreferenciamento. No Rio Nascimento, em frente à vila,
foram visualizados alguns peixes como: tralhoto Anableps microlepis (Fotografia 26)
e foi capturado um bacu Lithodoras dorsalis com linha e anzol (Fotografia 27).
Fotografia 26 - Peixe tralhoto ou quatro-olhos. Fotografia 27 - Peixe bacu.
Fonte: SEMA (2010). Fonte: SEMA (2010).
Vila Nova
Essa vila faz parte da Comunidade Nascimento e é habitada por pescadores
e suas famílias. As pescarias são realizadas em alto mar e chegam a durar até trinta
dias, pois operam em áreas distantes da costa. As embarcações utilizadas para
essa atividade são de médio a grande porte, propulsionadas por motores potentes
conferindo-lhes maior autonomia. Antes da partida, as embarcações devem ter seus
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porões abastecidos de gelo para conservação do pescado. A produção é levada
para comercialização no Ver-o-Peso, em Belém. (Prancha 14).
A equipe da fauna aquática visitou o local para aplicação de questionários,
documentação fotográfica e georreferenciamento. No percurso por terra, foram
visualizadas aves como guarás e garças brancas, alguns lagartos e pequenos
caranguejos conhecidos como sararás nas áreas de alagação das marés. (Prancha
14). Prancha 14 - 1. Ponte de acesso à Vila Nova; 2. Pescador consertando rede de pesca e 3. Caranguejo sarará.
Fonte: SEMA (2010).
Vila Santo Antônio
A equipe da fauna aquática visitou a vila situada na Ilha dos Camaleões para
aplicação de questionários, documentação fotográfica e georreferenciamento. A Ilha
é constituída por áreas que estão todo o tempo excessivamente molhados ou
alagados e a vegetação existente é tipicamente de várzea. O local é habitado por
pescadores profissionais que herdaram o ofício da pesca de seus pais e o estão
transmitindo a seus filhos. (Fotografia 28 e 29). Fotografia 28 - 1. Vila Santo Antônio Fotografia 29. Pescadores tecendo rede de pesca. Fonte: SEMA (2010). Fonte: SEMA (2010).
Vila Santa Quitéria Fonte: SEMA (2010).
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Em expedição à Vila Quitéria, a equipe da fauna aquática entrevistou alguns
pescadores através da aplicação de questionários e fez registros fotográficos e
georreferenciamento do local.
Foram visualizados alguns peixes capturados por pescadores artesanais da
vila que operam em áreas próximas em pequenas embarcações. Os peixes
identificados forma bacus e ituí branco pertencentes às ordens dos Siluriformes e
Gymnotiformes e famílias Doradidae e Sternopygidae, respectivamente.
Rio das Tartarugas
Em expedição até o Rio das Tartarugas que serve de limite entre os
municípios de Chaves e Soure a equipe desembarcou na Vila de Nossa Senhora do
Livramento cuja entrada fica às margens do Igarapé das Graças. No local, foram
aplicados alguns questionários a pescadores, foi realizada documentação fotográfica
e georreferenciamento (Prancha 15). Prancha 15 - 1. Rio das Tartarugas; 2. Igarapé das Graças e 3. Vila Nossa Senhora do Livramento. Fonte: SEMA (2010).
Praia dos Camaleões (Ilha dos Camaleões)
A excursão da equipe à Praia dos Camaleões teve início nas primeiras horas
da manhã para que fosse possível a visualização e registro de algumas espécies de
aves e outros animais que têm hábitos diurnos e iniciam suas atividades bem cedo.
A praia foi mencionada pelos pescadores como local de desova de tartaruga-
da-amazônia e outras espécies de quelônios. As formações vegetacionais presentes
na praia são rasteiras e a do interior da ilha é constituída por bambuzais e palmeiras
de açaí e buriti dentre outras espécies típicas de ecossistema de várzea. A praia fica
localizada na porção da ilha que recebe influência de águas marinhas do Oceano
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Atlântico, por isso é banhada por águas salobras cuja salinidade sofre alterações de
acordo com a época do ano (Prancha 16).
Na praia, não foram encontradas habitações humanas, no entanto é muito
visitada nas estações de veraneio para recreação por pessoas residentes em áreas
próximas vindas dos municípios de Chaves e Soure. A Vila de Santo Antônio
visitada pela equipe fica situada na porção da Ilha dos Camaleões que recebe
influência do Rio Amazonas e seus afluentes.
Na praia, foram visualizadas algumas vértebras, possivelmente de jacarés, o
escudo dorsal e vértebras de uma espécie de bagre e uma concha de molusco
gastrópode conhecido como caracol. No retorno à Vila Nascimento, foram
identificadas espécies de aves como mergulhões e colhereiros (Prancha 16). Prancha 16 - 1. Praia dos Camaleões; 2. Molusco Gastropoda conhecido como caracol encontrado na praia e 3. Aves Mergulhões.
Fonte: SEMA (2010).
Análise dos Questionários da Fauna Aquática no Município de Chaves
Os questionários registrados nas comunidades visitadas refletiram a
preocupação dos pescadores, constatada na reunião em São Sebastião do Arapixi,
devido à problemática ambiental e social gerada, principalmente, pela não utilização
dos recursos naturais que se encontram dentro das fazendas pelos moradores locais
e pela falta do pescado nos rios e igarapés das proximidades. Em geral, essas
fazendas são ricas em peixes, pois se encontram em lugares estratégicos para a
reprodução desses animais como as cabeceiras de rios e/ou os campos alagados.
Outras classes de animais como aves, répteis e mamíferos de grande porte
também são abundantes nesses ecossistemas, atraídos pela rica diversidade de
espécies da fauna e flora, caracterizando um local propício à obtenção de energia e
nutrientes para muitos seres heterotróficos.
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O levantamento etnobiológico realizado através do questionário foi aplicado
nas seguintes vilas e comunidades: Comunidade de São Sebastião do Arapixi,
Comunidade do Ganhoão (Vila Nazaré, Vila São Pedro, Vila São Tomé) e
Comunidade Nascimento (Vila Nova, Vila Nossa Senhora do Livramento, Vila Santa
Quitéria e Vila Santo Antônio na Ilha do Camaleão). As informações aqui descritas
refletem o olhar dos habitantes das localidades visitadas sobre o ecossistema no
qual estão inseridos, o grau de conservação dos recursos naturais que os rodeiam, a
utilização desses recursos e as problemáticas ambientais existentes.
Segundo a análise dos questionários, os campos alagados e as cabeceiras de
rios são os principais locais para desova de peixes, sendo que o Lago do Lagarto e
o Igarapé Santo Antônio foram destacados por alguns moradores da Comunidade
São Sebastião de Arapixi. A Fazenda Cajueiro foi citada por um morador da Vila
Nazaré por apresentar locais de reprodução e crescimento de peixes. Todos os
moradores entrevistados na Vila Nova confirmaram o Rio da Tartaruga como um
local importante para a desova dos peixes.
A lista de mamíferos aquáticos da Amazônia é composta por 25 espécies já
identificadas, sendo sua maioria representada por cetáceos. Um número significativo
desses animais foi observado neste estudo de campo, pelo menos seis espécies,
confirmando a ocorrência de 16,4% das 25 espécies aquáticas de mamíferos
registradas para o Marajó. Tal fato revela a importância ecológica da região para a
conservação desses mamíferos aquáticos. No entanto, o maior problema para a
conservação desses animais é a deficiência de dados, já que os estudos sobre
mamíferos aquáticos na Amazônia ainda é bastante escasso, dificultando as ações
de conservação para essas espécies.
Com relação aos mamíferos aquáticos, nas áreas alvo do estudo
pertencentes aos municípios de Chaves e Soure foi relatada a presença das duas
espécies da ordem dos sirênios: o peixe-boi-amazônico Trichechus inunguis no
Município de Chaves e o peixe boi marinho Trichechus manatus para o Município de
Soure. Inclusive nos questionários aplicados, todos os entrevistados das
comunidades e vilas pesquisadas confirmaram a ocorrência desses mamíferos
nesses municípios do Marajó. Segundo Emmons e Feer (1999), esse dado também
se confirma. De acordo com Domning (1981), a Costa Norte brasileira apresenta a
singularidade da presença de duas espécies de peixe-boi: o amazônico e o marinho
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que se confirmou em seus levantamentos científicos indicando, ainda, que o peixe-
boi-amazônico ocorre em toda a região do estuário amazônico, desde o Amapá até
a porção continental do Pará, incluindo a Ilha de Marajó e as ilhas da Costa
Atlântica.
Segundo Lázaro Magalhães do Setor de Comunicação do Projeto PIATAM
OCEANO (2008), um artigo brasileiro recentemente publicado na Inglaterra
confirmou o reaparecimento do peixe-boi marinho na Amazônia Atlântica. Além de
relatar o recente achado de um crânio de peixe-boi marinho numa das praias da
costa leste da Ilha de Marajó. Sua importância está justamente em ser o primeiro
registro confirmado de um peixe-boi marinho na costa do Pará em décadas. O crânio
de um exemplar da espécie foi encontrado em uma das praias de Soure, no Marajó,
ainda em 2005, durante atividades de monitoramento do grupo de pesquisa. Em
2007, mais de 40 pescadores experientes foram entrevistados em Soure para uma
avaliação sobre mamíferos aquáticos. A maioria deles relatou a ocorrência de
peixes-boi na área, embora não pudessem afirmar com precisão de quais espécies
estavam se referindo. Com apoio dos projetos PIATAM MAR e PIATAM OCEANO, já
houve duas observações de peixes-boi marinhos na Praia do Garrote (Soure) em
fevereiro e também em maio de 2007.
No passado, os sirênios foram caçados por décadas e quase levados à
extinção ao longo da Costa Amazônica, particularmente no caso do peixe-boi-
marinho que ainda pode ser avistado, segundo os pescadores residentes na área,
em alguns trechos ao longo da Praia dos Camaleões, onde os encontros são
casuais. A espécie de água doce, por alimentar-se em áreas com grandes
concentrações de vegetação aquática, são raramente vistos, apesar de serem
supostamente sociais (EISENBERG, 1989). Atualmente todas as espécies de
peixes-boi são consideradas vulneráveis ou em perigo de extinção (MONTEIRO-
FILHO et al., 2006). Constam na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçadas de Extinção de 27 de maio de 2003 (IBAMA, 2004) e na lista da Red List
of hreatened Species (IUCN) de 2003 (IUCN, 2004).
O peixe-boi apresenta uma grande importância ecológica, já que as espécies
da ordem dos sirênios são os únicos mamíferos aquáticos herbívoros, portanto
consumidores primários e suas excretas servem como ótimos fertilizantes.
83
Para a ordem dos cetáceos, há ocorrência do boto-tucuxi Sotalia fluviatilis e
do boto-rosa, malhado ou vermelhinho Inia geoffrensis, pertencentes à subordem
Odontocetos e famílias Delphinidae e Iniidae, respectivamente. A relação dessas
espécies com os humanos é repleta de conflitos. A espécie do boto-rosa é
considerada o “boto mau”, pois é aquele que rasga a rede do pescador e come os
peixes ali presentes. O pescador apresenta rejeição à espécie. Sentimento contrário
ocorre com relação ao boto-tucuxi ou botinho, que não apresenta nenhum
complicador, portanto é considerado “amigo do pescador”.
O achado de uma ossatura craniana sem mandíbula confirmou a presença de
boto-tucuxi na região. Um possível indício de captura acidental em redes-de-espera
da pesca ou resultado da atividade de caça para o comércio de olhos e órgãos
genitais, vendidos como amuletos em Belém (Fotografia 30). Fotografia 30 - Ossatura craniana sem mandíbula de boto-tucuxi Sotalia fluviatilis (Praia dos Camaleões).
Fonte: SEMA (2010).
De maneira geral, os cetáceos sofrem inúmeras ameaças de origem antrópica
como: a sobrepesca, que torna escasso o recurso preferencial de sua dieta
alimentar; o peixe, que os obriga a direcionar sua alimentação a outros recursos da
cadeia trófica aquática ou a deslocarem-se a outro local, onde possam encontrar
maior fartura de nutrientes e menor disputa por eles. Outra pressão sofrida por
esses animais é que os mesmos são alvo da caça ilegal devido serem usados como
isca na pesca do cação e de outras espécies de tubarão em alto mar. Essa caça é
proibida no Brasil desde o ano de 1987 através da Lei Federal nº 7.643 de 18 de
84
dezembro de 1987, tendo como punição ao infrator a pena de reclusão de dois a
cinco anos e multa de 50 a 100 obrigações do tesouro nacional. (SICILIANO;
ALVES, 2005).
É importante ressaltar que o boto-tucuxi é o único delfinídeo essencialmente
fluvial. Um estudo molecular constatou que esse golfinho se encontra isolado
reprodutivamente da espécie marinha há mais de dois milhões de anos (CUNHA et
al., 2005). E o boto-rosa é endêmico das bacias Amazônica e do Orinoco
(SICILIANO; ALVES, 2005).
Os botos são animais pertencentes ao topo da cadeia alimentar nos biomas
onde estão inseridos. Sua presença em determinada região sugere a condição de
uma cadeia trófica, ainda bem estruturada demonstrando o bom estado de
conservação dos ecossistemas dos quais fazem parte.
Para a ordem dos carnívoros, os entrevistados citaram a ocorrência da lontra
Lontra longicaudis. A lontra, de maneira análoga aos sirênios, também foi
intensamente caçada na Amazônia, e sua pele era exportada para confecção de
casacos da alta-costura internacional (CARTER; ROSAS, 1997).
É importante esclarecer que apesar de ter sido mencionada nos questionários
pelos entrevistados, os mesmos não visualizaram o animal, apenas sabem de sua
existência através de relatos de outras pessoas que já o encontraram na região. Foi
comentada a dificuldade de avistamento desse animal nos dias atuais. Apenas um é
visto ao longo de um ano (365 dias) aproximadamente, caracterizando sua raridade
na região. Os pesquisadores Emmons e Feer (1999) confirmam a ocorrência desse
mamífero em terras marajoaras.
Para os roedores com vida semiaquática verificou-se a presença da capivara
Hydrochaerus hydrochaeris, mamífero que se distribui amplamente por toda a
América tropical, do Panamá ao Uruguai e noroeste da Argentina (OJASTI, 1973;
AZCARATE, 1980; EMMONS, 1990). Esse roedor é um herbívoro generalista que se
alimenta de gramíneas e plantas aquáticas, apresentando uma grande plasticidade
alimentar, adaptando-se facilmente a outros itens como: milho, cana-de-açúcar,
arroz, feijão, soja entre outros facilitando sua ocorrência em áreas antropizadas
(OJASTI, 1973).
Por esse motivo e, possivelmente, devido à diminuição quantitativa de seus
predadores naturais, a capivara tem sido reportada como espécie-praga em várias
85
regiões do país, porém os entrevistados não mencionaram nenhuma problemática
ocasionada por esse animal em seus cultivos de subsistências nas comunidades
visitadas. Entretanto, foi informado que à caça comercial é destinada principalmente
para o Município de Abaetetuba através de embarcações, com saída de mais de 500
kg de carne. Foi informada a presença desses animais nas proximidades dos
campos existentes no interior das regiões visitadas. (Fotografia 31).
Para os répteis da ordem dos crocodilianos, foi relatada nas respostas aos
questionários a presença do jacaré-açu Melanosuchus niger, do jacaré tinga Caiman
crocodilus e do jacaré coroa Paleosuchus trigonatus. Para esse grupo, registra-se no
Brasil a ocorrência de cinco espécies pertencentes à subfamília Aligatoridae: jacaré
tinga C. crocodilus, jacaré do papo amarelo C. latirostris, jacaré-açu M. niger, jacaré
anão ou jacaré-paguá P. palpebrosus e jacaré coroa P. trigonatus, sendo que
apenas o jacaré do papo amarelo não ocorre na Amazônia. Das três espécies
mencionadas nos questionários apenas o jacaré tinga e jacaré açu Melanosuchus
niger foram confirmadas em campo. (Fotografia 32).
As principais ameaças sofridas por esse grupo são: a destruição de seu
habitat natural e a grande pressão da caça predatória sobre esse recurso para
consumo e/ou venda de sua carne muito apreciada na dieta alimentar dos ribeirinhos
e de seu couro comercializado para produção de bolsas, cintos, sapatos entre outros
utensílios. (MAGNUSSON et al., 1997; BRAZAITS et al., 1996).
Atualmente suas populações estão concentradas em lagos das propriedades
particulares, sob menor pressão de caça. Essas espécies são caçadas em toda a
região, compondo um dos itens principais na dieta dos moradores locais e no
mercado ilegal de carne silvestre no baixo Rio Tocantins (BAIA JR, 2010).
Na análise dos questionários, constatou-se que as pessoas residentes na
área estudada, geralmente não encontram problemas gerados por esses animais, da
mesma forma como o caboclo marajoara, geralmente, não os ameaça, a não ser
quando os encontram nos campos (onde são normalmente vistos). O ataque ocorre
por sentirem-se ameaçados e acabam por abater o animal, visando sua integridade
física e segurança, pois os jacarés são bastante ariscos e traiçoeiros, havendo
relatos de que atacam e devoram seres humanos quando se sentem em perigo.
No passado, com a introdução da pecuária na Ilha de Marajó, deu-se início a
grandes matanças de jacaré-açu que abasteceram o mercado internacional de peles
86
(SMITH, 1980). A literatura científica relata que as perturbações antrópicas tais como
a circulação de embarcações motorizadas, a sobre-explotação do estoque
pesqueiro, a modificação da vegetação ciliar, a alteração de habitat e de sítios de
reprodução, a contaminação das águas e a caça, causam efeitos negativos sobre as
populações de crocodilianos. (THORBJARNARSON, 1992; BRAZAITIS et al., 1996).
O jacaré-açu está listado no Apêndice I da CITES (Convenção sobre o
Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de
Extinção). Dessa forma, o comércio internacional de seus produtos e subprodutos é
legalmente proibido. Em 2003, essa espécie deixou de ser classificada como
ameaçada de extinção no Brasil (MACHADO et al, 2005).
O jacaré tinga, por sua vez, consta no Apêndice II da CITES e a
comercialização internacional de seus produtos e subprodutos é permitida sob
determinadas condições. Segundo a lista de animais ameaçados de extinção do
IBAMA (2008), não há espécies da ordem Crocodylia em risco de ameaça.
Contudo, na Lista Vermelha de animais em risco de extinção da International
Union for the Conservation of Nature (IUCN, 2007), o jacaré anão e o jacaré tinga
estão indicados com baixo risco para a ameaça de extinção, enquanto que para o
jacaré-açu recomendam-se previsões de ações futuras para garantia de sua
conservação. Fotografia 31 - Capivara. Fotografia 32 - Jacaré-Açu.
Fonte: SEMA (2010). Fonte: SEMA (2010).
Para a ordem dos quelônios foram mencionados nos questionários o muçuã
Kinosternon scorpioides e o tracajá Podocnemis unifilis. Pelo menos um terço dos
entrevistados mencionou a ocorrência da tartaruga-da-amazônia Podocnemis
expansa na Ilha de Mexiana e na Ilha dos Camaleões, ambas pertencentes ao
87
município de Chaves, onde também relataram haver praias que servem como locais
de desova para essa espécie animal.
Cunha (1975) em trabalho científico publicou a informação de que o Museu
Paraense Emílio Goeldi recebeu, em 1973, uma tartaruga marinha da espécie
Dermochelys coriacea (tartaruga de couro). Ela havia sido capturada por um barco
pesqueiro no litoral paraense próximo às ilhas do Marajó e Mexiana nas
coordenadas 0º 33’ 8” N e 48º 57’ 2” W. Nesse mesmo trabalho, relatou ter recebido
informações colhidas em Soure de que a tartaruga de couro havia sido vista nas
praias por pescadores ao norte, nos locais conhecidos como Pacoval e Mirinduba.
O biólogo Pedro Alexandre Sampaio responsável pelo relatório de fauna
terrestre nessa excursão de campo registrou em suas entrevistas o relato sobre a
ocorrência dos quelônios muçuã Kinosternon scorpioides, iaçá Podocnemis
sextuberculata (espécie vulnerável – IUCN 2004) e perema Rhinoclemmys
punctularia.
O tracajá é um quelônio de tamanho médio pertencente à família
Podocnemididae. Quase todos os aspectos sobre a biologia e ecologia dessa
espécie ainda não foram estudados. Em função da contínua pressão por caça, suas
populações têm diminuído bastante e atualmente a União Mundial para a Natureza -
IUCN classifica esta espécie na lista de espécies ameaçadas de extinção (IUCN,
1996).
A tartaruga-da-amazônia também conhecida pelos nomes de araú, jurará-açu
e tartaruga do Amazonas é um quelônio fluvial pertencente à família
Podocnemididae, encontrada no Rio Amazonas e seus afluentes. É uma espécie de
grande porte, são os maiores quelônios de água doce da América do Sul, podendo
atingir pouco mais de um metro de comprimento e pesar sessenta quilos, o que
resulta em um animal muito grande e pesado, por isso torna-se uma presa fácil fora
da água, principalmente, para grandes predadores como as onças e o homem. Sua
alimentação é baseada em frutos, raízes, sementes e folhas de plantas arbóreas e
herbáceas, bem como em crustáceos, moluscos e pequenos peixes.
Todas as tartarugas do género Podocnemis se encontram atualmente no
Anexo II da Convenção CITES, assinada por mais de 100 países em todo o mundo,
motivo pelo qual seu comércio e utilização obedecem a regras muito restritas.
88
O muçuã é considerado um animal de pequeno porte, dificilmente atingindo
mais de 27 cm de comprimento. Essa espécie faz parte do grupo das tartarugas
conhecidas como tartarugas do lodo ou almiscaradas. Quando atacadas exalam
uma substância de odor intenso, chamado almíscar, que é secretada por glândulas
situadas diante das patas posteriores. Embora seja um dos menores quelônios da
América do Sul, mostra-se valente quando acuado, tentando morder o seu eventual
agressor. Desde a saída do ovo, os filhotes já apresentam agressividade precoce,
fundamental para a sobrevivência. A espécie apresenta hábitos alimentares
onívoros, comendo folhas, frutos e pequenos animais. Embora seja alvejada pela
caça predatória essa espécie não está classificada na Lista Vermelha da IUCN de
2004, como espécie ameaçada de extinção.
As principais ameaças sofridas pelos quelônios acima citados é a caça de
subsistência pelo ribeirinho que os utilizam para alimentação de sua família e a caça
predatória cuja finalidade é a comercialização, pois a carne desses animais é uma
iguaria muito apreciada na culinária dos estados do Norte brasileiro. No Pará,
especialmente, o muçuã é bastante procurado para apreciação do inigualável sabor.
Porém, de acordo com os questionários aplicados, a maioria da população humana
nas áreas estudadas relatou que não costuma caçar esses animais, só os capturam
quando são encontrados eventualmente.
Para os répteis da ordem Squamata que têm hábitos semiaquáticos foi
relatada a presença da sucuri ou sucuriju Eunectes murinus espécie amplamente
distribuída nos setores de campos alagados e da cobra d’água Helicops sp..
Não foi pesquisada nenhuma espécie do grupo dos anfíbios pela equipe da
fauna aquática, muito embora dependam de ambientes aquáticos para a reprodução
e fase inicial da vida. Foram considerados como pertencentes à fauna terrestre por
viver a maior parte do tempo em ambiente terrestre, portanto foram estudados pelo
colaborador eventual responsável pelo levantamento de animais terrestres.
Para o grupo dos crustáceos, os relatos apontam a presença de duas
espécies de camarões: o camarão-canela Macrobrachium acanthurus e o camarão-
cascudo Macrobrachium amazonicum que são consumidos e comercializados
localmente, sendo importante mencionar que sua coleta é intensificada nos meses
de maio, junho e julho, período de safra em que são capturados em tamanho maior
“graúdo” para a comercialização. A prática extrativa do camarão através da pesca
89
artesanal feita com uso de matapis e de tarrafas foi constatada cotidianamente
durante a permanência das equipes em campo. Esse fato ratifica a informação
supracitada quanto ao período anual de coleta do camarão, pois a maioria dos
moradores locais respondeu que esse crustáceo era coletado, praticamente, todos
os dias para complementação do consumo proteico deles e de suas famílias
(Prancha 17).
Segundo observações da equipe, a prática de captura desse recurso é
realizada, principalmente, pelas mulheres dos pescadores e seus filhos. A pesca do
camarão não é a atividade econômica principal das comunidades e vilas visitadas,
uma vez que, constatou-se que tal atividade possui fins comerciais apenas nos
períodos de safra quando há aumento significativo na quantidade e tamanho desse
recurso. Nos outros meses do ano, em que se pratica a extração camaroeira sua
finalidade primordial é o consumo de subsistência dos pescadores e de suas
famílias. O camarão, na maioria das vezes, logo após a captura é cozido na água
com sal e em seguida é escorrido e colocado no sol para o processo de secagem.
Com esse beneficiamento o produto é conservado por mais tempo. Prancha 17 - 1. e 2. Camarões do gênero Macrobrachium visualizados em campo e 3. Camarão após processo de salga secando ao Sol.
Fonte: SEMA (2010).
Outro crustáceo visto pelas equipes nas regiões do Ganhoão e de
Nascimento foi o caranguejo conhecido como sarará, pequeno crustáceo de água
salobra, facilmente visualizado na maré vazante, possivelmente, pertence à família
Grapsidae.
Para o grupo dos peixes foram citados o aracu Schizodon spp., o jandiá
Rhamdia quelen, o filhote Brachyplatystoma filamentosum, a traíra Hoplias
malabaricus, o uéua Acestrorrhycus falcatus, a pescada branca Plagioscion
squamosissimus, a sarda-apapá Pellona sp., a piranha Serrasalmus spp., o
tambaqui Colossoma macropomum, o anunjá ou cachorro de padre
1
2
3
90
Parauchenipterus spp., a tainha Mugil sp., a dourada Brachyplatystoma flavicans, o
tamoatá Hoplosternum littorale, o apaiari Astronotus sp., o jeju Hoplerythrinus
unitaeniatus, o mandubé Ageneiosus sp., e o ituí Eigenmannia sp..
Entre as principais problemáticas apontadas nos questionários para a fauna
aquática, encontra-se a construção de represas nos corpos aquáticos cujas
cabeceiras ou nascentes ficam nas fazendas; a pesca intensiva, desordenada e
imprópria, como a tapagem nos igarapés, assim como a falta de respeito ao período
de defeso. A solução mais adequada para resolver esses problemas seria um
programa de educação ambiental nas comunidades ribeirinhas e criação de acordos
de pescas.
91
4 ATIVIDADE PESQUEIRA
A área estudada é citada por alguns pesquisadores na rota de algumas
espécies migratórias, que se utilizam do estuário amazônico como berçário ou zona
de crescimento, como é o caso da piramutaba cuja desova de acordo com Barthem
e Goulding (1997) ocorre na porção ocidental da Bacia Amazônica. Estima-se que
os cardumes de piramutaba migrem de maio a outubro, percorrendo a distância de
3.330Km entre o estuário ao Alto Amazonas onde procriam. A migração de volta dos
pré-adultos e/ou adultos do Alto Amazonas para o estuário é difícil de ser
constatada, pois a velocidade de retorno é muito rápida aliada à forte correnteza do
Amazonas durante a enchente. No entanto, dados de captura no estuário sugerem
que as classes de maior comprimento são menos abundantes no verão e voltam a
ser abundantes depois de janeiro (IBAMA, 1999).
A ictiofauna dos rios marajoaras caracteriza-se por possuir, espécies
extremamente tolerantes às mudanças de direção do fluxo, à riqueza de nutrientes
dos igarapés, às águas transparentes ou negras do igapó e, principalmente, à
influência da salinidade variável que caracteriza a área do estuário, até o Município
de Breves, porém pode ocorrer situação contrária com espécies oceânicas
resistentes em baixa salinidade, como é o caso de Carcharhinus leucas e Pristis
perotteti, que inclusive são capturadas em trechos do Rio Amazonas bastante
distantes do mar (THORSON, 1974).
As espécies residentes das áreas inundadas do interior marajoara são
compostas por peixes de médio porte, até cerca de 15 cm de comprimento, que
incluem os peixes das família Erythrinidae (traíras e jejus), Pimelodidae (bagres,
jundiás e mandis) e, principalmente, da família Cichlidae (acarás, jacundás e
apaiaris). Essa ictiofauna residente permanece o ano inteiro circulando pelas áreas
inundadas da floresta de campo alagado realizando suas atividades alimentares e
reprodutivas. Algumas espécies cujo desenvolvimento adulto nem sempre se dá
nessa área da floresta inundada, apresentam-se nos campos alagados em enormes
populações de peixes juvenis de índole alimentar piscívora, principalmente bagres.
(BARTHEM; GOULDING, 1997).
A presença de rica vegetação flutuante produz movimentos que acompanham
o fluxo e refluxo da maré, apresentando-se não somente como locais de refúgio para
92
juvenis de espécies residentes, mas como eficiente meio para a dispersão de ovos,
larvas e jovens ao longo do ecossistema do arquipélago.
O Estado do Pará apresenta uma conformação geográfica favorável à
exploração pesqueira e aquícola, uma vez que possui áreas interiores (rios e lagos),
de alto-mar, estuarinas e costeiras (562 Km² de litoral, que correspondem a 7% da
costa brasileira).
A produção paraense de pescado é a maior do Brasil. Em 2005, a produção
paraense foi de aproximadamente 145 mil toneladas, considerando a pesca de
origem marinha e continental, sendo o segmento da pesca artesanal responsável
por 80% da produção paraense, dos quais 60% comercializados com a indústria.
A pesca na Região Amazônica se destaca em relação às demais regiões
brasileiras, tanto costeiras quanto de águas interiores, pela riqueza de espécies
exploradas, pela quantidade de pescado capturado e pela dependência da
população tradicional a essa atividade.
A riqueza total da ictiofauna da Bacia Amazônica ainda é desconhecida,
sendo esta responsável pelo grande número de espécies da região neotropical, que
pode alcançar 8.000 espécies (VARI; MALABARBA et al.,1998). Outra questão
relevante é a unidade populacional explorada pela pesca. A maioria das espécies
importantes para a pesca comercial é razoavelmente bem conhecida, mas pouco se
sabe se os indivíduos dessas estão agrupados numa única população, ou estoque
pesqueiro, ou em várias (BAILEY; PETRERE, 1989; BATISTA, 2001). E não se
sabe, portanto, até quando essas populações vão suportar a subre-explotação que
vêm sofrendo ao longo dos anos na região.
As espécies Amazônicas apresentam estratégias notáveis para se adaptarem
às mudanças sazonais nos diversos ambientes que ocupam. A compreensão dessas
adaptações é de fundamental relevância para o entendimento da abundância e da
composição dos recursos pesqueiros e, consequentemente, para a definição de
políticas de manejo da pesca (MONTAG et al., 2009).
No Marajó, a pesca é uma das mais importantes e tradicionais atividades do
arquipélago, dada sua importância na subsistência alimentar das populações e na
movimentação econômica que representa. A cadeia produtiva da pesca no
Arquipélago do Marajó envolve o suprimento de bens e insumos necessários ao
desenvolvimento da atividade. Nela, está incluída a produção de embarcações, de
93
motores e petrechos de pesca e insumos básicos como gelo e combustível. (Plano
de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó, 2007).
A pesca nos municípios da ilha é principalmente artesanal, observando-se a
falta de organização, a dispersão dos produtores, elevadas perdas, baixa qualidade
de alguns produtos, ausência de infraestrutura de apoio, gerando um fluxo de
comercialização incerto e injusto para os pequenos produtores. Apesar disso, a
pesca artesanal é o segmento que mais absorve mão-de-obra, sendo também
responsável pela exploração dos estoques pesqueiros de espécies variadas,
utilizadas para o abastecimento alimentar das famílias e para a comercialização em
diferentes mercados.
A pesca artesanal é uma das mais importantes atividades econômicas da
região marajoara, cujo pescado é explorado, inclusive por pescadores de fora do
arquipélago, principalmente no final do verão. Segundo Machado (1994), as águas
estão em seus níveis mais baixos nos lagos e rios. Entretanto, os recursos da
região são subaproveitados. A invasão das áreas de pesca do Marajó por moradores
de outras regiões é um relato frequente dos pescadores entrevistados pela equipe
de fauna aquática.
Existe, portanto, um grande contraste na região que apesar de tamanha
riqueza em recursos naturais renováveis. A grande maioria da população marajoara
vive em condições de extrema pobreza e abandono. Miranda Neto (2005) e Cruz
(1999) chegaram a citar que tal riqueza natural até o momento não foi suficiente
para elevar o nível de vida do caboclo marajoara, encontrando-se em cidades como
Soure um grande contraste social e econômico, seja em relação aos outros
municípios, seja em relação aos próprios moradores. Azcona (apud MARAJÓ, 2006)
afirma que os políticos locais, com raríssimas exceções, não tem se empenhado
pela luta por políticas de desenvolvimento, não conseguindo deixar as disputas
políticas, corrupção e apresentar soluções para o desenvolvimento do arquipélago.
A disponibilidade de recursos pesqueiros tem sido, portanto, suficiente para
manter o trabalhador no local. Esse fato pode ser constatado com o alto índice de
frequência da atividade de pesca e destino de comercialização da produção. A
renda, porém, é baixa, sendo que mais da metade dos pescadores marajoaras
(60,2%) aufere até dois salários mínimos por mês. Quanto à comercialização do
produto, é feita preferencialmente a atravessadores, sendo a média estadual de
94
70%. Em relação ao destino da produção, a maioria pesca para comercializar, e
apenas 8,2% desses profissionais destinam a produção para subsistência.
A pesca no Marajó é realizada principalmente em rios, com pouco mais de
40% do total, condição na qual a média estadual é de cerca de 60%. Das principais
espécies pescadas no estado, muitas são encontradas na região de estudo. A
frequência de uma ou outra varia de acordo com a época do ano.
As 10 espécies mais capturadas no Marajó e no Estado do Pará podem ser
observadas na tabela 1 abaixo:
Tabela 1 – Espécies mais capturadas no Marajó (PA)
Espécies Marajó (%) Estado (%)
Pescada (Cynoscion spp.) 14 13,8
Traíra (Hoplias spp.)
Dourada (Brachyplatystoma rousseauxii)
Aracu (Leporinus spp.)
Tamoatá (Hoplosternum spp.)
Bagre (Arius spp. e Sciades spp.)
Sarda (Pelonna spp.)
Camarão (Macrobrachium amazonicum)
Piranha (Serrasalmus spp.)
Anunjá (Trachycoristes galeatus)
Total
9,4
8,8
7,5
7,5
6,1
4
4
3,9
3,6
68,8
2,2
7,1
3,3
1,6
3
2,3
2,6
1,2
0,8
37,9
A pescada constitui-se na espécie mais expressiva tanto no Marajó quanto na
média estadual. O destino do volume capturado na pesca artesanal é em sua
maioria a comercialização, atingindo no Marajó 88,4% da produção, contra 89,1% na
média estadual. Observa-se que a comercialização se dá principalmente por
atravessadores, seguida do público em geral, e uma pequena parcela, em torno de
3%, para empresas. O consumo marajoara chega a 8,2%, ao passo que no estado
está em 7,2%.
Os pescadores queixam-se constantemente da prática de captura predatória
de caranguejos por profissionais de outras regiões, além da pesca por barcos de
pesca industriais. Por outro lado, organizados em associações, trabalham pelo
desenvolvimento comunitário em harmonia com a conservação ambiental, uma vez
95
que o uso dos recursos naturais de modo sustentável constitui uma base para o bem
estar das comunidades locais. Procura-se, assim, uma maior participação no
processo de gestão ambiental.
Na pesca comercial, o caranguejo, o camarão, a piramutaba e a serra
destacam-se na produção e como recursos economicamente importantes, capazes
de viabilizar, se bem aproveitados, a emancipação do setor pesqueiro artesanal.
A frota industrial é proibida de pescar na Baía de Marajó, segundo a Portaria
007/76-SUDEPE, que delimita a atuação dessa frota ao norte do paralelo 00º 05’ N e
à leste do meridiano 48° 00’ W (Loureiro 1985). Mas inúmeras denúncias de
pescadores locais indicam que embarcações dessa frota penetram nessa área no
início do verão para pescarem cardumes de piramutaba que se afastam das áreas
mais abertas e salgadas do estuário e buscam águas mais doces no interior da baía.
As embarcações artesanais, na maioria, são pequenas canoas que operam
na região estuarina, exercendo a pesca com linha de mão, espinhel, tarrafa, redes
de espera, matapi, para a captura do camarão e a coleta manual de caranguejo, siris
e ostras. As embarcações motorizadas dedicam-se a pesca de peixes com o uso de
redes de espera e outras a compra de pescados (geleiras), oriundos da pesca
regional.
A inexistência de infraestrutura de apoio à pesca tira do produtor qualquer
poder de barganha, expondo a classe à ambição dos atravessadores
(intermediários). Mesmo assim, muitos são da opinião de que sem eles seria ainda
pior, pois não teriam como vender a produção deixando o setor estagnado. Embora
o sistema de Colônia de Pescadores mantenha uma atuação na região, apesar das
denúncias de irregularidades em algumas colônias, existe a consciência de que a
falta de maior organização do setor pesqueiro é um grande entrave para o
desenvolvimento da pesca regional.
Pesca em Soure
A seletividade da pesca comercial tem contribuído para a diminuição de
estoques naturais de peixes. Esse efeito negativo tem um aumento progressivo dos
custos econômicos e ecológicos de uma pesca indiscriminada e predatória. A
atividade pesqueira referente à instrumentação e apetrechos pesqueiros aí
96
existentes é diversificada, atuando desde pescadores artesanais, que empregam
tecnologias simples e pequenas embarcações de casco de madeira, até empresas
de grande porte, que empregam tecnologia sofisticada e embarcações de casco de
metal.
A pesca exerce um papel muito importante, uma vez que é a segunda
atividade econômica do município. Sua prática é predominantemente artesanal e
rudimentar com atividade bastante difundida. Segundo informações da Colônia de
Pescadores Z-1, há em torno de três mil pescadores associados em Soure. As
principais espécies comercializadas são: piramutaba, dourada, gurijuba, bagre,
xaréu, sarda, tainha e pratiqueira. (Plano Diretor Participativo Municipal de Soure,
2006).
A composição da ictiofauna estuarina na foz amazônica é marcada
sazonalmente pelas alterações da salinidade e turbidez da água, devido aos
deslocamentos da zona de contato entre o rio e o mar. Durante os meses de
inverno, de janeiro a maio, quando a água está completamente doce, predomina em
abundância e diversidade, as espécies com distribuições em águas continentais.
Segundo a literatura no verão, de junho a dezembro, a situação se inverte,
predominando as espécies marinhas na Baía do Marajó. Algumas espécies de
ambos os grupos, marinho e de água doce, conseguem resistir às alterações da
salinidade da Baía do Marajó ao longo do ano. No entanto, a maior parte da
população dessas migra para áreas mais distantes do estuário nos períodos mais
desfavoráveis. As espécies de água doce migram para o interior dos rios das bacias
do Tocantins e Amazonas durante o verão e as espécies marinhas se afastam da
Costa durante o inverno.
As espécies das famílias Gobiidae e Anablepidae aparentemente não
realizam migrações, tendo em vista que indivíduos dessa foram encontrados
frequentemente em quase todas as estações do ano na baía. No entanto, apesar de
demonstrarem adaptações naturais a gradientes salinos, foi observada nas praias da
Ilha do Marajó, no final do verão de 1982, uma grande quantidade de Gobioides
grahamae mortos que foram trazidos à costa pela ação dos ventos. Essa
mortandade de G. grahamae parece ter sido causada pela brusca variação da
salinidade durante marés de sizígia nos períodos de transição. Como os moradores
97
da região relatam que essa mortandade ocorre em cada mudança da estação, tudo
indica que esse seja um fenômeno natural.
Existem poucos estudos sobre grau de resistência a diferentes concentrações
de salinidade para as espécies amazônicas pertencentes ao grupo primário definido
por Myres (1949) “estritamente intolerante à água salgada”. A ocorrência de
Astyanax cf bimaculatus, Brachyplatystoma vaillantii, B. flavicans e Hypostomus
watwata em águas de salinidade em torno de 8º/oo pode explicar a distribuição
dessas duas espécies de brachyplatystoma ao longo da costa norte da América do
Sul, da foz do Rio Pará até a foz do Rio Orinoco, e de H. watwata até a foz do Rio
Essequibo.
A resistência à água salobra parece ser uma característica fundamental para
a sobrevivência de espécies de água doce que vive nos ambientes fluviais próximos
à costa marinha. A invasão anual do mar no estuário coincide com o período de
estiagem, quando os igarapés encontram-se extremamente secos. Nessa época, os
peixes que habitam são obrigados a procurar receber o rio para os trechos mais
perenes. No verão, a água salobra invade comumente esses rios. Não foi estudado
o porquê dessa resistência, entretanto não foram visualizadas as pequenas poças
de água que são formadas nas praias durante o baixo mar, uma vez que essa
ocorrência é no período do verão.
A atividade pesqueira da região também convive com essa sazonalidade,
concentrando seus esforços nas espécies da família Pimelodidae e do gênero
Plagioscion no inverno, e das famílias Ariidae, Mulidae e Carcharhinidae, do gênero
Cynoscion e de Pristis perotteti no verão. A mudança do estoque de pescado obriga
o pescador a alterar a cada estação o tamanho da malha de sua rede de emalhar,
para manter a eficiência de captura razoável durante o ano todo.
Em se tratando de movimento migratório das populações que vive
transitoriamente na foz amazônica, parece ser associado à disponibilidade alimentar
existente em larga escala no estuário. A deposição de matéria orgânica proveniente
do rio e a grande produtividade de diatomáceas nas áreas de contato entre o rio e o
mar (MILLIMAN et al., 1975). Essas formam a base da cadeia alimentar que é
aproveitada direta ou indiretamente pelas espécies de peixes consumidas de
população.
98
A ocorrência na Baía do Marajó de fêmeas grávidas ou ovadas, alevino
recém-paridos e indivíduos incubando ovos no ventre ou na boca sugere que o
estuário amazônico representa também zona reprodução e/ou criação de certa
consideração de espécies pertencentes às várias famílias de peixes de água doce,
estuarina e marinha. Todas as espécies de água doce que foram observadas se
reproduzindo no estuário o fazem durante o inverno em água doce. As espécies de
água salgada ou de estuário se reproduzem no sal maioria no verão ou no período
de transição, quando o mar exerce influência na salinidade da baía já a literatura
comenta que somente duas desovam durante o inverno água doce.
Já na ecologia da reprodução da maioria dos suliriformes da Amazônia é
pouco conhecida. Goulding (1979, 1980 e 1981) de acordo com a literatura nunca se
encontrou alevinos de Brachyplatystoma flavicans, B. vaillantii e Lithodoras dorsalis
na Amazônia Central ou nas cabeceiras dos tributários que drenam os maciços do
Brasil e das Guianas (Gouding, e comunicação pessoal). A reprodução dessas
espécies ainda é desconhecida e apesar de existir uma atividade pesqueira intensa,
tanto no estuário quanto nas calhas principais dos rios da Bacia Amazônica, que
explora essas espécies principais as do gênero Brachyplatystoma, são raríssimos os
indivíduos que são capturados ovados. O registro de alevinos de Brachyplatystoma
flavicans, B. vaillantii e Lithodoras dorsalis são os primeiros em toda Amazônia e
sugerem que as espécies se reproduzem nas proximidades do estuário.
A pesca do camarão é uma atividade que se identifica como potencial
socioeconômico do município, além de ser uma das mais tradicionais, pelas diversas
formas de aproveitamento, como a venda direta ao consumidor pelos pescadores,
vendedores ambulantes e no mercado municipal; a entrega direta ao atravessador; a
comercialização da massa aos hotéis, pousadas e restaurantes e o aproveitamento
no consumo familiar. Os apetrechos de pesca utilizados nesta pescaria são matapi,
tarrafa, rede de arrasto, montaria e casco. Há, em torno de 300 pescadores atuando
nesta atividade, dos quais apenas 120 são associados à Associação dos
Camaroeiros de Soure. As espécies de camarão comercializadas no município são:
camarão cascudo e camarão liso ou camarão do Maranhão. (Plano Diretor
Participativo Municipal de Soure, 2006).
O caranguejo exerce um papel expressivo na economia extrativista do
município sendo exportados, aproximadamente, dez mil crustáceos ao mês dentro
99
de peras de caranguejos ou já beneficiados. A comercialização desses produtos é
através de transporte marítimo e rodofluvial. (Plano Diretor Participativo Municipal de
Soure, 2006).
100
5 COMUNIDADES OU POPULAÇÕES SINGULARES
5.1 ESPÉCIES AMEAÇADAS, ENDÊMICAS, DE DISTRIBUIÇÃO RESTRITA E PRINCIPAIS PRESSÕES E AMEAÇAS À FAUNA LOCAL.
Com maior representação, uma questão crítica para as aves costeiras
migratórias se refere à perda e degradação de áreas utilizadas durante a migração e
nos locais de invernada. As áreas úmidas nos Estados Unidos decaíram na década
de 80, de uma estimativa original de 77 a 90 milhões de hectares para
aproximadamente 42 milhões de hectares. Essa perda foi devida principalmente ao
desenvolvimento urbano das áreas costeiras e à agricultura nas áreas interiores
(SOUZA et al, 2008). Ainda que as espécies encontradas na área de estudo (Calidris
pusilla e Tringa solitária) não estejam sob ameaça de extinção, chegam à costa
brasileira em busca de fartura alimentar tão importante quanto às áreas de
invernada ou reprodução (RICKLEFS, 2003).
Algumas espécies descritas na área da UC apresentam o status “Em perigo”
na IUNC: Aracuã (O. superciliaris), Gato maracajá (L. wiedii). Status “Vulnerável”:
Araçari (P. bitorquatus), Tamanduá bandeira (M. tridactyla), Guariba (A. belzebul).
Jacuraru (T. merianae). Porém em termos estaduais apenas o Araçari e o Jacuraru
apresentam o status “vulnerável”.
A espécie de sucuri pintada (Eunectes deschauenseei) citada nas entrevistas
com a comunidade possui alto endemismo na Ilha do Marajó. Essa tem distribuição
restrita na Ilha do Marajó e Guiana francesa. Espécies com alto grau de endemismo
devem ser cuidadosamente avaliadas, ainda mais pelo fato dos dados da população
de E. deschauenseei ser insuficiente para indicação de seu status segundo a IUNC.
É importante ressaltar que o estuário na região da Contra costa de Soure é o
único lugar de possível simpatria – coexistência de duas espécies variantes de um
mesmo gênero em uma mesma área – do peixe-boi marinho e do peixe-boi
amazônico (SICILIANO et al., 2008) com probabilidade de existência de um híbrido
dessas espécies.
101
6 PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE AFETAM A FAUNA
Segundo a AMAM (2008), os principais problemas ambientais são: o
desmatamento do manguezal, retirada indiscriminada de pedra e areia, pesca
predatória industrial e artesanal, degradação de pastagens na pecuária. O búfalo
animal exótico ao Marajó e símbolo do mesmo vive em lugares alagados,
comprometendo igarapés, agindo como compactador do solo e destruidor de
margens e encostas.
De acordo com o Plano Diretor Participativo Municipal de Soure (2006), está
ocorrendo, no município, há alguns anos, a poluição do Rio Paracauari através dos
resíduos lançados pelo Matadouro Municipal e dos esgotos de alguns bairros do
município.
Outro foco de poluição é através do depósito de lixo a céu aberto e sem
nenhum tratamento (Lixão do Muturí), que constantemente vem contaminando o
solo e provavelmente os lençóis subterrâneos de água, bem como a poluição do
manancial que fica muito próximo do local. Tal contaminação ocorre porque nesse
depósito joga-se além do lixo residencial, também aqueles gerados pelos
estabelecimentos de saúde (Plano Diretor Participativo Municipal de Soure, 2006).
A população do município costuma fazer das ruas depósito de resíduos
sólidos, porém, esses são coletados pelas carroças de búfalos que também
recolhem os resíduos sólidos residenciais que têm como destinação final o lixão do
Muturí (Plano Diretor Participativo Municipal de Soure, 2006).
Há, também, a ocorrência de atividades irregulares como o uso indiscriminado
de pescado e crustáceos durante o período de defeso, a presença das lanchas na
prática da pesca de arrastão, a destruição das áreas de mangues pelos nativos, as
retiradas indiscriminadas de madeiras dos mangues para as canoarias e retiradas do
caranguejo sem o devido cuidado com a preservação (Plano Diretor Participativo
Municipal de Soure, 2006).
102
7 RECOMENDAÇÕES
A conservação da biodiversidade em unidades de conservação depende não
só de sua criação, mas principalmente do conhecimento dos impactos causados
sobre seu ecossistema, do desenvolvimento de estratégias apropriadas de
fiscalização e manejo, e da participação e envolvimento efetivo da comunidade
residente a sua volta. Algumas interferências antrópicas, como a fragmentação de
habitat e a caça ocasionam efeitos diretos e indiretos sobre a estrutura da
comunidade e a falta de manejo podem desencadear mudanças irreversíveis no
ecossistema (PAULA; LEMOS, 2008)
Serão listadas atividades consideradas importantes para constarem no
Programa de Monitoramento da unidade de conservação:
- Como os carnívoros são importantes para os ecossistemas naturais e para a
conservação da biodiversidade em geral, principalmente porque exercem o papel de
predadores, regulando as populações de suas presas. Portanto, é proposto o
monitoramento de algumas espécies indicadoras com grande potencial de indicação
da qualidade ambiental, como Panthera onca, Puma concolor, Leopardus pardalis,
Leopardus wiedi, Cerdocyon thous principalmente em áreas mais sujeitas a
distúrbios ambientais.
-O Monitoramento de espécies cinegéticas, pois as espécies de valor
cinegético, que são mais susceptíveis às atividades de caça como Tayassu pecari e
algumas espécies de edentados, tendem a ser as primeiras a desaparecer em áreas
com alta pressão dessa atividade;
- Levantamento minucioso da biodiversidade da área proposta;
- Levantamento e monitoramento da espécie Eunectes deschauenseei para
conhecimento do status populacional da espécie na área da UC;
- Levantamento e monitoramento das espécies Trichechus inunguis e T.
Manatus para conhecimento de status populacional e confirmação de simpatria entre
as espécies;
- Acordos de pesca são essências para a conservação das espécies
pesqueiras, caso não haja um controle racional na exploração dessas espécies em
breve se instalará uma problemática ambiental devido à superexploração dos
103
recursos pesqueiros, podendo ocasionar problemas socioeconômicos e,
principalmente, ecológicos;
- Fiscalização das embarcações em condições não legalizadas;
- Combate à caça e comercialização de carne de espécies silvestres, como
por exemplo, da capivara, que é caçada e comercializada nas proximidades da Vila
Nascimento, Município de Chaves. Ações de fiscalização com aplicação de
penalidades sobre os transgressores e educação ambiental com sensibilização da
população são fundamentais para finalizar essa prática;
-Avaliação dos estoques pesqueiros para possíveis determinações de
manejo.
104
8 CONCLUSÃO
A dimensão da Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas e a sua grande
heterogeneidade ambiental são razões de fundamental importância para a
manutenção de sua alta diversidade. O número de espécies de peixes encontradas
na Bacia do Rio Amazonas, segundo estimativa de Roberts (1972) supera 1.300,
quantidade superior à encontrada nas demais bacias do mundo.
Ambientes como o canal principal dos rios e os diferentes tipos de áreas
alagadas pelas cheias; florestas e campos periodicamente alagados pela chuva; e,
áreas costeiras alagadas pelas marés, abrigam não somente espécies endêmicas,
mas também sustentam grande biomassa de peixes, exploradas pela pesca
artesanal ou de subsistência.
Não há informações seguras sobre ameaças, desaparecimento ou extinção
de espécies de peixes na Amazônia Brasileira. Entretanto, é constatada a
diminuição, ou mesmo o desaparecimento local de algumas espécies, devido à
pesca intensa ou a alguma alteração ambiental, como desmatamento da floresta
marginal, mineração no canal do rio ou represamento.
Identificam-se como ações prioritárias para a conservação e a utilização
sustentável da diversidade biológica do sistema aquático da Amazônia Brasileira a
realização de estudos sobre a taxonomia, biogeografia, biologia e ecologia das
espécies endêmicas a determinadas regiões e das espécies migradoras e a
identificação de ações para proteger e manejar os seguintes ambientes: áreas
alagadas da Planície Amazônica (várzeas e igapós), áreas alagadas.
Além de o estuário representar uma zona importante para a alimentação e
reprodução de muitas espécies de interesse comercial, e também uma importante
fonte de renda para o Estado do Pará, a comercialização de pescado para outros
países gera no estado uma renda em torno de dezenas de milhões de dólares
anuais. Dessa forma, administradores governamentais devem atentar para a
manutenção desse sistema ainda natural, aumentando o seu controle sobre as
atividades de pesca predatória causada por arrastos de parelha à costa e sobre a
poluição proveniente de indústrias que serão brevemente instaladas nas
proximidades do estuário. O único impasse sobre a criação dessa unidade no que
tange a sua categoria de proteção integral é o grande potencial pesqueiro da área.
105
A Zona Costeira é uma região importante para a manutenção dos recursos
naturais aquáticos do continente e da zona marinha. É um ambiente complexo,
diversificado e de extrema importância para a sustentação da vida costeira e
marinha e, por isso, deve ser um dos principais focos de atenção para a
conservação ambiental e manutenção da biodiversidade, tanto terrestre como
aquática (MMA, 2007).
No disposto da fauna aquícola e terrestre, alguns autores nortistas renomados
concluíram que a composição natural da fauna do arquipélago reflete fenômenos
geológicos e históricos, tal como, a elevação e o decréscimo do nível do oceano.
Como a região do Marajó possui um mosaico de diferentes tipos de vegetação com
características ecológicas muito peculiares e, por conseguinte, refletindo em uma
considerável diversidade faunística, esforços para a preservação e conservação da
biodiversidade são extremamente necessários.
É uma área ainda bem conservada, com presença de espécies topo de
cadeia, espécies ameaçadas e espécies endêmicas, sendo provável área de
simpatria do peixe-boi (amazônico e marinho), com presença de áreas de
manguezais, que para a fauna, destacam-se por funcionarem como berçários de
diversas espécies marinhas e de água doce. Significa a manutenção das espécies
de peixes superexploradas como gurijuba, serra, gó, pargo, etc.
Proteger a Zona Costeira e uma parte da Zona Marinha significa proteger os
manguezais existentes naquela área, assim como, manutenção de ecossistemas de
várzeas e igapós. A indicação de um mosaico de unidades de conservação (UC de
proteção integral e outra de uso sustentável) é a estratégia mais adequada para o
perfil socioeconômico e importância biológica extremamente alta da área.
106
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115
ANEXO A - Listagem de espécies de animais estudadas.
Tabela 1. Listagem de espécies de aves na área estudada. AVIFAUNA
Táxon Nome Comum O E S PELECANIFORMES Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus Biguá X X Br
Ardeidae Egretta thula Garça Branca Pequena X X Br Ardea alba Garça Branca Grande X X Br Egretta caerulea Garça Azul X X Br Ardea cocoi Maguari X X Br Butorides striatus Socoí X X Br Tigrisoma lineatum Socó-boi X X Br Nycticorax nycticorax Taquiri X X Br Cochlearius cochlearius Arapapá _ X Br
ACCIPITRIFORMES Accipitridae Heterospizias meridionalis Gavião Caboclo X X Br Rosthramus sociabilis Gavião Caramujeiro X _ Br Rupornis magnirostris Gavião pega pinto _ X Br
Cathartidae Cathartes aura Urubu Cabeça vermelha X X Br
FALCONIFORMES Falconidae Milvago chimachima Gavião Carrapateiro X X Br Polyborus plancus Caracaraí (Carcará) X X Br Falco rufigularis Falcão Cauré _ X Br
STRIGIFORMES Strigidae Pulsatrix perspicillata Murucututu _ X Br
Tytonidae Tyto alba Coruja Suindara _ X Br
CHARADRIIFORMES Scolopacidae Calidris pusilla Maçariquinho X X Br Tringa solitaria Maçarico X X Br
Charadiidae Vanellus chilensis Quero quero X X Br
Rynchopidae Rynchops niger cinerescens Corta água X _ Br
Sternidae Sterna superciliaris Trinta-réis-anão X X Br Phaetusa simplex Trinta-réis-grande X X Br
CUCULIFORMES Crotophagidae Guira guira Anu Branco X X Br Crotophaga ani Anu Preto X X Br
116
PICIFORMES Picidae Dryocopus lineatus Pica Pau X X Br
Ramphastidae Rhampastos toco Tucano Açu X X Br Pteroglossus bitorquatus Araçari _ X Vu
PSITTACIFORMES Psittacidae Aratinga jandaya Jandaia X _ Br Brotogeris versicolurus Periquito de mangueira _ X Br Amazona amazonica Papagaio do mangue _ X Br
CICONIFORMES Ciconiidae Mycteria americana Cabeça Seca _ X Br Ciconia maguari Cauauã X X Br
Threskiornithidae Eudocimus ruber Guará X X Br Ajaia ajaja Colhereiro X X Br
GRUIFORMES Aramidae Aramus guarauna Carão X X Br
Rallidae Aramides cajanea Saracura X(v) X Br Porphyrio flavirostris Frango d’agua _ X Br
GALLIFORMES Cracidae Ortalis superciliaris Aracuã X _ Ep
OPISTHOCONIFORMES Opisthocomidae Opisthocomus hoazin Cigana X X Br
ANSERIFORMES Anatidae Dendrocygna autumnalis Marreca Cabocla X X Br Amazonetta brasiliensis Marreca Ananaí _ X Br Cairina moschata Pato do mato _ X Br
EURYPYGIFORMES Eurypygidae Eurypyga helias Pavãozinho do Pará _ X Br
COLUMBIFORMES Columbidae Patagioenas cayennensis Pomba Galega X X Br Geotrygon violacea Juruti _ X Br
CAPRIMULGIFORMES Caprimulgidae Hydropsalis sp. Bacurau Br
PASSERIFORMES Tyrannidae Tyrannus savana Tesourinha X X Br Sturnella militaris Polícia Inglesa do Norte X X Br Pitangus sulphuratus Bem ti vi X X Br
117
Icteridae Cacicus cela Japiim X X Br Gymnomystax mexicanus Aritauá X X Br
Thraupidae Ramphocelus carbo Pipira X X Br Thraupis sayaca Suí azul X X Br
APODIFORMES Trochilidae Thalurania sp. Beija-flor X X Br
Status: Br - baixo risco de extinção; EP – em perigo de extinção; Vu: vulnerável ; Dd: dados deficientes Fonte. Lista vermelha IUNC (2008); Lista de espécies ameaçadas do Estado do Pará. O: Observação; E: Entrevista; S: Status.
Tabela 2. Listagem de espécies de mamíferos na área estudada. MASTOFAUNA
Táxon Nome Comum O E S CARNIVORA Felidae Leopardus wiedii Gato maracajá _ X Ep Panthera onça Onça pintada _ X Vu Puma concolor Suçuarana _ X Vu
Canidae Cerdocyon thous Cachorro do mato _ X Br
Procyonidae Procyon lotor Guaxinim _ X Br Nasua nasua Quati _ X Br
XENARTHRA Dasypodidae Dasypus novemcinctus Tatu _ X Br
Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla Tamanduá colete _ X Br Myrmecophaga tridactyla Tamanduá bandeira _ X Vu
Cyclopedidae Cyclopes didactylus Tamanduaí _ X Br
RODENTIA Dasiproctidae Dasyprocta sp. Cutia _ X Br
Cuniculidae Cuniculus paca Paca _ X Br
Caviidae Hydrochoerus hydrochaeris Capivara X X Br
DIDELPHIMORPHIA Didelphidae Didelphis sp. Mucura _ X Br
ARTIODACTYLA Cervidae Ozotoceros sp. Veado _ X Br
PRIMATES
118
Aotidae Aotus azarae infulatus Macaca da noite _ X Qa
Cebidae Saimiri sciureus Macaco de cheiro _ X Br
Atelidae Aloatta belzebul Guariba X X Vu
Status: Br - baixo risco de extinção; Qa – quase ameaçado; EP – em perigo de extinção; Vu: vulnerável ; Dd: dados deficientes. Fonte. Lista vermelha IUNC (2008) O: Observação; E: Entrevista; S: Status.
Tabela 3. Listagem de espécies de répteis na área estudada. HERPETOFAUNA
Táxon Nome Comum O E S SQUAMATA Viperidae Bothrops sp. Jararaca _ X Br
Boidae Boa constrictor Jiboia _ X Br Corallus caninus Periquitamboia _ X Br Eunectes murinus Sucuri X X Br Eunectes deschauenseei Sucuri malhada _ X Dd
Teiidae Tupinambis merianae Jacuraru _ X Vu Ameiva ameiva Calango verde X X Br
Iguanidae Iguana iguana Iguana X X Br
CROCODYLIA Alligatoridae Paleosuchus trigonatus Jacaré coroa _ X Br Melanosuchus niger Jacaré Açu _ X Br Caiman crocodilus Jacaretinga X X Br
Status: Br - baixo risco de extinção; EP – em perigo de extinção; Vu: vulnerável ; Dd: dados Fonte. Lista vermelha IUNC (2008); Lista de espécies ameaçadas do Estado do Pará. O: Observação; E: Entrevista; S: Status.
Tabela 4. Listagem de espécies de anfíbios na área estudada.
HERPETOFAUNA Táxon Nome Comum O E S
ANURA Bufonidae
Rhinella marina Sapo Cururu _ X Br Hylidae
Phyllomedusa hypochondrialis Perereca verde _ X Br Leptodactylidae
Lithodytes lineatus Ponta de Flecha _ X Br Status: Br - baixo risco de extinção; EP – em perigo de extinção; Vu: vulnerável ; Dd: dados Fonte. Lista vermelha IUNC (2008); Lista de espécies ameaçadas do Estado do Pará.
119
O: Observação; E: Entrevista; S: Status. Tabela 5. Listagem de espécies de peixes na área aquática estudada.
ICTIOFAUNA Táxon Nome Comum O E L
BATRACHOIDIFORMES Batrachoididae Batrachoides surinamensis Pacamão* X R.M
BELONIFORMES Belonidae Potamorrhaphis guianensis Peixe agulha X I.M –
R.M CARCHARHINIFORMES Carcharhinidae
Carcharhinus leucas Cação branco* X R.M Carcharhinus porosus Cação* X R.M Carcharhinus porosus Cação sucuri* X R.M Isogomphodon oxyrhynchus Cação pato* X R..M Sphyrna tudes Cação rodela* X R.M CHARACIFORMES Acestrorhynchidae
Acestrorhynchus falcatus Uéua X X I.M Acestrorhynchus sp. Uéua X X I.M Acestrorhynchus spp. Uéua X X I.M Anostomidae
Laemolyta sp. Aracu caneta X X I.M-R.M Leporinus spp. Aracu ou Piau X X I.M-R.M Schizodon spp. Aracu X X I.M-R.M Schizodon vittatus Aracu X X I.M-R.M Carangidae
Oligoplites palometa Timbira ou pratiuira* X R.M Characidae
Astyanax sp. Matupiri X I.M-R.M Catoprion mento Pacu piranha X I.M-R.M Colossoma macropomum Tambaqui X I.M-R.M Metynnis spp. Pacu X I.M-R.M Piaractus brachypomus Pirapitinga X I.M-R.M Pygocentrus nattereri Piranha vermelha X X I.M-R.M Serrasalmus rhombeus Piranha preta X X I.M-R.M Serrasalmus spp. Piranha branca X X I.M-R.M Triportheus spp. Sardinha X X I.M-R.M Ctenoluciidae
Boulengerella sp. Bicuda X I.M-R.M Curimatidae Curimata spp. Curimatá X X I.M-R.M Cynodontidae
Hydrolycus scomberoides Cachorra X I.M-R.M Cynodon gibbus Peixe cachorro X I.M-R.M Erythrinidae
120
Erythrinus erythrinus Traíra X X R.M Hoplerythrinus unitaeniatus Jeju X I.M-R.M Hoplias lacerdae Trairão X I.M-R.M Hoplias malabaricus Traíra X X I.M-R.M Lebiasinidae Nannostomus sp. Peixe lápis X I.M Mugilidae
Mugil curema Pratiqueira* X X I.M-R.M Mugil liza Caica X I.M Mugil spp. Tainha X X I.M-R.M Prochilodontidae
Potamorhina altamazonica Branquinha cab. Lisa X I.M-R.M Potamorhina latior Branquinha comum X X I.M-R.M Potamorhina pristigaster Branquinha peito de aço X R.M Prochilodus sp. Curimatá X X R.M Psectrogaster amazonica Branquinha cascuda X I.M Semaprochilodus insignis Pitioca escama grossa X I.M Semaprochilodus sp. Pitioca ou pitipioca X IM.-RM CLUPEIFORMES Engraulidae
Anchoviella cayannensis Manjubinha* X X R.M Anchoa spinifer Sardinha de gato* X X R.M Lycengraulis batesii Manjuba* X I.M-R.M Lycengraulis grossidens Manjubão* X R.M Pristigasteridae Pellona spp. Pellona flavipinnis
Sarda apapá
X X I.M-R.M
CYPRINODONTIFORMES Anablepidae
Anableps microlepis Tralhoto X X I.M-R.M ELOPIFORMES Megalopidae
Megalops atlanticus Pirapema X I.M-R.M GYMNOTIFORMES Apteronotidae Apteronotus albifrons Ituí Cavalo X R.M
Gymnotidae Electrophorus electricus Poraquê X I.M-R.M Gymnotus spp. Sarapó X I.M-R.M Hypopomidae
Hypopygus sp. Ituí X I.M-R.M Sternopygidae
Eigenmannia sp. Ituí X I.M Sternopygus macrurus Ituí preto X I.M-R.M Ramphichthyidae
Ramphichthys sp. Ituí terçado X I.M OSTEOGLOSSIFORMES Arapaimidae
Arapaima gigas Pirarucu X X R.M Osteoglossidae
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Osteoglossum bicirrhosum Aruanã* X I.M-R.M PERCIFORMES Centropomidae
Centropomus parallelus Camurim X I.M Cichlidae
Aquidens sp. Acará-bicudo X I.M Aquidens spp. Acará branco X R.M Astronotus crassipinnis Apaiari X I.M-R.M Astronotus ocellatus Acará – Açu X I.M Caquetaia spectabilis Acará bicudo X R.M Cichla monoculus Tucunaré comum X R.M Cichla ocellaris Tucunaré Açu X R.M Cichla orinocensis Tucunaré botão X R.M Chaetobranchopsis orbicularis Acará X I.M Crenicichla sp. Jacundá X R.M
Geophagus sp. Acará X I.M Satanoperca jurupari Acará jurupari X R.M Gobiidae
Awaous flavus Amuré do mangue X I.M Bathygobius soporator Amuré da praia X I.M-R.M Gobioides sp. Amuré X I.M-R.M Sciaenidae
Cynoscion acoupa Pescada amarela* X R.M Cynoscion microlepidotus Pescada corvina* X R.M Plagioscion auratus Pescada preta X I.M-R.M Plagioscion squamosissimus Pescada branca X X I.M-R.M Stellifer sp. Pescada curuca X R.M Macrodon ancylodon Pescada GO X X P.A Plagioscion sp. Pescada cascuda X P.A Lutjanidae
Lutjans purpureus Pargo* X P.A MYLIOBATIFORMES Myliobatidae Manta birostris Arraia jamanta X P.A Aetobatus narinari Arraia pintada X P.A Dasyatis guttata Arraia bicuda X P.A PLEURONECTIFORMES Achiridae
Hypoclinemus mentalis Solha X I.M-R.M PRISTIFORMES Pristidae
Pristis perotteti Espadarte X I.M RAJIFORMES Potamotrygonidae
Potamotrygon aiereba Arraia aramaçá X I.M-R.M Potamotrygon motoro Arraia de fogo X I.M-R.M Potamotrygon spp. Arraia X X I.M-R.M SILURIFORMES Ariidae
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Amphiarius phrygiatus Cangatá branco X I.M-R.M Amphiarius rugispinnis Jurupiranga X I.M-R.M Arius proops Uritinga X R.M Arius sp. Bagre X X I.M-R.M Aspistor quadriscutis Cangatá verdadeiro X I.M Bagre bagre Bandeirado* X I.M-R.M Cathorops spixii Curicica X R.M Hexanematichthys parkeri Gurijuba X X I.M Notarius grandicassis Cangatá cambeua X I.M Sciades sp. Bagre X X I.M-R.M Aspredinidae
Aspredo aspredo Rebeca X I.M-R.M Aspredinichthys filamentosus Rebeca X I.M-R.M Auchenipteridae
Ageneiosus sp. Mandubé X X R.M Ageneiosus sp. Mandubé pintado X X R.M Ageneiosus ucayalensis Mandubé X X I.M Auchenipterus sp. Anunjá X R.M Auchenipterichthys sp. Anunjá X I.M Pimelodus blochii Mandii X I.M-R.M Pseudauchenipterus nodosus Carataí X I.M-R.M Pseudauchenipterus sp. Anunjá X I.M-R.M Trachycorystes galeatus Cachorro de padre X X I.M-R.M Callichthyidae
Hoplosternum littorale Tamoatá X X I.M Hoplosternum sp. Tamoatá X X I.M Hoplosternum spp. Tamoatá X X R.M Cetopsidae
Cetopsis coecutiens Candiru Açu X R.M Doradidae Acanthodoras sp. Cuiu cuiu X I.M-R.M Lithodoras dorsalis Bacu pedra X I.M Oxydoras Níger Bacu X I.M Heptapteridae Rhamdia quelen Jandiá X I.M-R.M Rhamdia sp. Jandiá X I.M-R.M Loricariidae Ancestridium sp. Uacari X I.M-R.M Ancistrus sp. Acari X X I.M-R.M Farlowella sp. Acari-farlowella X I.M Hypostomus sp. Acari X X R.M Hypostomus spp. Acari X X I.M-R.M Hypostomus plecostomus Acari ananá X I.M Pterygoplichthys pardalis Acari boi X I.M-R.M Reganella sp. Acari chicote X I.M-R.M Rineloricaria sp. Acari rabudo X I.M-R.M Pimelodidae Brachyplatystoma filamentosum Filhote X X I.M-R.M Brachyplatystoma platynemum Barba chata / barbado X I.M-
123
R.M
Brachyplatystoma rousseauxii Dourada X X I.M-R.M
Brachyplatystoma vaillantii Piramutaba X I.M-R.M
Calophysus macropterus Piracatinga X R.M Hypophthalmus marginatus Mapará X X I.M
Hypophthalmus sp. Mapará X X I.M-R.M
Phractocephalus hemeliopterus Pirarara X R.M
Platynematichthys notatus Piranambu X I.M-R.M
Pseudoplatystoma fasciatum Surubim ou pintado X R.M SYNBRANCHIFORMES Synbranchidae
Synbranchus sp. Muçum ou lampreia X I.M-R.M
TETRAODONTIFORMES Tetraodontidae
Colomesus spp. Baiacu X I.M
*Essas espécies aparecem no período do verão quando as águas ficam salobras devido à invasão das águas oceânicas no rio Maruim. *Pargo: Juvenil. Tabela 6. Listagem de espécies de répteis na área aquática estudada.
HERPETOFAUNA Táxon Nome Comum O E L
PLEURODIRA Podocnemididae
Podocnemis expansa Tartaruga-da-amazônia X X I.M Podocnemis unifilis Tracajá X I.M TESTUDINES Chelidae
Chelys fimbriatus Matá-matá X I.M Dermochelyidae
Dermochelys coriácea Tartaruga de couro X I.M Geoemydidae
Rhinoclemmys punctularia Perema X I.M Kinosternidae
Kinosternon scorpioides Muçuã X I.M TESTUDINATA Cheloniidae Chelonia mydas
Tartaruga verde ou suruanã X X I.M
124
Tabela 7. Listagem de espécies de répteis na área aquática estudada. MASTOFAUNA
Táxon Nome Comum O E L CARNIVORA Mustelidae
Lontra longicaudis Lontra X I.M CETACEA Delphinidae
Sotalia fluviatilis Boto-tucuxi X X I.M Sotalia guianensis Boto cinza ou tucuxi marinho Iniidae
Inia geoffrensis Boto-rosa X X I.M SIRENIA Trichechidae
Trichechus inunguis Peixe-boi-da-amazônia X I.M Trichechus manatus Peixe-boi-marinho X I.M
Tabela 8. Listagem de espécies de répteis na área aquática estudada. CARACIFAUNA
Táxon Nome Comum O E L DECAPODA Grapsidae
Goniopsis cruentata Aratu ou sarará X I.M Ocypodidae
Ucides cordatus Caranguejo uca X I.M Palaemonidae
Macrobrachium amazonicum Camarão cascudo X X I.M Macrobrachium carcinus Camarão pitu X Macrobrachium rosenbergii Gigante da Malásia Portunidae
Callinectes sp. Siri azul X I.M Sesarmidae
Aratus pisonii Aratu I.M Trichodactylidae
Dilocarcinus sp. Caranguejo dulcícola X I.M Uca (Celuca) Lepdodactyla
Uca maracoani
*O: Observado; E: Entrevistados que visualizaram; L: Local de ocorrênica; I.M: Ilha do
Machado; R.M: Rio Maruim; P.A: Pacoval.