RELATÓRIO TÉCNICO DE ATIVIDADE SEAPA · 2014-10-29 · volume comercializado de ingredientes...

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RELATÓRIO TÉCNICO DE ATIVIDADE – SEAPA

Desenvolvimento de Metodologia para monitoramento de propriedades rurais quanto ao uso de agrotóxicos

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1. INTRODUÇÃO 1.1. Aspectos históricos: Agrotóxicos e Meio Ambiente

Aplicações de dispositivos, métodos ou substâncias empregados para fins biocidas são comuns desde os primórdios da humanidade. O desenvolvimento dessas práticas e técnicas confunde-se com a própria história da civilização, residindo na década de 30 o marco da introdução das tecnologias mais utilizadas no mundo para o controle de pragas: os agrotóxicos.

A partir da síntese do diclorodifeniltricloroetano (DDT) e as subsequentes descobertas de sua propriedade inseticida e dos organoclorados (FARIA et al., 2009), o consumo desses compostos foi aumentado progressivamente até os patamares atuais. No período 2000-2007, o montante mobilizado em escala mundial foi da ordem de US$ 230 bilhões, dos quais US$ 33 bilhões somente em 2007 (HOFFMANN, 2010). Em 2008, o Brasil assumiu a liderança do consumo de pesticidas no mundo, sendo o volume comercializado de ingredientes ativos naquele ano, igual a 673 mil toneladas. Isso equivale a US$ 7,1 bilhões, mais do dobro do movimentado no ano de 2003 (ANDEF, 2009; HOFMANN, 2010). Para 2010, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG) estima um faturamento líquido da indústria de defensivos na ordem de 11,5 bilhões de reais e um volume de vendas de 730 mil toneladas (ABIQIM, 2010) A grande responsividade desse fato ocorreu em função da ampliação da oferta de novos pacotes tecnológicos, aumento do uso de pesticidas motivadoagrotóxicos motivados pela mudança nos padrões de produção destes produtos e incentivos em pequenas propriedades além de novas demandas produtivas como o caso dos biocombustíveis. A figura 1 apresenta uma série de uso de algumas das moléculas agroquímicas amplamente utilizadas em toda a história da agricultura mundial.

Figura 1. Série histórica da síntese de agrotóxicos amplamente utilizados mundialmente.

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Tudo isso, com base na integração entre a produção primária de alimentos e matérias-primas e ramos industriais, que conferiu um caráter altamente industrial à agricultura, alcançado desde a década de 80 (BARRETO & RIBEIRO, 2009). 1.2. Externalidades e Impactos ambientais adversos Sabe-se que a utilização indiscriminada de pesticidas desencadeia processos de contaminação em todos os gradientes da organização trófica, com consequências muitas vezes irreversíveis. Tal fato tem aumentado a preocupação com ações de precaução, mitigação e racionalização do emprego desses compostos, em face dos relatos de prejuízos decorrentes do seu uso inadequado em todo o mundo. Zhang et al. (2010) detectaram concentrações de até 595 µg Kg-1 solo de HCHs (organoclorados) em solos do sudeste da China, país que detém a produção mais diversificada de formulações, superando 3000 (JIN, 2010). A bioacumulação de pesticidas foi detectada nas gônadas de moluscos na França, causando possíveis transtornos reprodutivos (BUISSON, 2008; COLLIN, 2010). Avaliações, feitas em reservatórios numa área nacional de refúgio da vida silvestre entre Mississipi e Arkansas, sudeste dos USA, revelaram contaminação de sedimentos e sinais crônicos de contaminação no bênton Hyallela azteca por DDE (1,1-dichloro-2,2-bis (p-chlorophenyl) ethylene), sob 28 dias de exposição (LIZOTTE et al., 2009). No Brasil, mais especificamente no Ceará, 42,3% dos pesticidas utilizados em lavouras apresentaram alto potencial de contaminação de águas superficiais (MILHOME et al., 2009). Vieira et al. (2009) verificaram desconformidade nas práticas acerca do tempo de carência, dose e volume aplicado da lâmina de irrigação em Janaúba (MG), em função da distribuição do carbofuran no perfil do solo.

Para o homem, os efeitos deletérios ocasionados a partir do uso desses produtos podem ser diretos – a exemplo da exposição ocupacional a que estão sujeitos milhares de trabalhadores rurais – ou então de maneira indireta, ocasionada tanto pela ingestão de alimentos contaminados quanto pela exposição a ambientes contaminados (GASPARINI & VIEIRA, 2010).

A OMS estima que mais de 3 milhões de pessoas no mundo sejam intoxicadas por pesticidas a cada ano (KÖRBES et al., 2010). A bioacumulação de agrotóxicos em tecidos humanos e animais produtores de carne e leite tem sido detectada (D’AMATO et al. 2007; NERO et al., 2007), configurando um problema de saúde pública, visto que representa riscos aos consumidores de hoje e das gerações futuras. 1.3. Aspectos Legais

Dada a importância de instrumentos legais para o controle de substâncias perigosas, tais como os agrotóxicos, foi promulgada em julho de 1989 a Lei Federal 7802/1989,

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chamada lei dos agrotóxicos (KÖRBES et al., 2010). Nela são ponderados aspectos relacionados ao uso de substâncias no controle de doenças e pragas, tais como de definições, modo de uso, concessão de registros e limites de resíduos.

O trâmite da liberação de agrotóxicos no Brasil e as políticas de uso estão condicionados aos órgãos federais Ministério da Agricultura, pecuária Pecuária e Abastecimento (MAPA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e ao Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Cada qual tem competência no registro de compostos específicos, que respectivamente são aplicados no cultivo de florestas, culturas e pastagens; ambientes urbanos, industriais e domiciliares e; ambientes aquáticos e demais ecossistemas naturais (RIBEIRO et al., 2009). O arcabouço legal brasileiro e sua sistematização, entretanto, não garantem a efetividade de seu cumprimento, nem tampouco eximem a necessidade de se desenvolver e aplicar ações eficientes de precaução de impactos, sensibilização social das classes envolvidas e remoção de resíduos dos pesticidas do meio ambiente. Isso ocorre porque o atual sistema econômico globalizado, o modelo de produção e a fiscalização dos potenciais poluidores nem sempre satisfazem a total proteção do meio ambiente e produção sustentável (RÊGO et al., 2010). Neste contexto, ações e métodos eficazes de controle do uso, monitoramento e incentivo à regularização ambiental pela racionalização do uso de pesticidas em empreendimentos rurais devem ser desenvolvidos. A Deliberação Normativa 74/2004 do Conselho Estadual de Proteção Ambiental Estadual de Minas Gerais (COPAM) reporta a possibilidade de redução dos encargos da regularização ambiental para empreendimentos constantes na Listagem G de seu corpo, as atividades agrossilvopastoris. Tais benefícios podem atingir até 50% das taxas, quando da comprovação da redução de moléculas agroquímicas pelo produtor. Na Diretiva 01/2008, também sancionada pelo COPAM, há menção da necessidade de incentivo de cultivos agroecológicos e controle biológico de pragas, com vistas à proteção ambiental. Embora os mecanismos regulamentadores reconheçam a demanda pela instituição de métodos de promoção de práticas agropecuárias com menor potencial degradador, bem como a revisão e inovação dos regulamentos, os instrumentos de monitoramento do potencial poluidor qualitativo e quantitativo das moléculas utilizadas, para este fim, são ainda incipientes. Desse modo, a legislação tangente às atividades agrossilvopastoris demanda ajustes, no sentido de viabilizar ações que promovam o princípio da participação-informação na proteção ambiental, a mitigação dos impactos negativos bem como a melhoria contínua daquelas atividades. Isso, permitirá aos agentes, um desenvolvimento conforme e, principalmente, sustentável para os setores e agentes envolvidos. 1.4. Uso de modelos matemáticos como ferramentas preditivas da qualidade ambiental Uma alternativa prática à resolução dessa questão consiste no uso de índices ou modelos matemáticos, construídos a partir de parâmetros preestabelecidos (KARAM et al., 2009). Essas ferramentas têm sido úteis para explicar e solucionar problemas em sistemas

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ambientais, em função de sua boa predição das condições reais e replicabilidade (FIRMINO et al., 2008; KARAM et al., 2009). Modelos matemáticos são citados como de grande valia na ausência de dados de monitoramento em sistemas sob impacto (SPADOTTO et al., 2005). Também como integrante de planos de ação governamentais que incentivem a sustentabilidade das atividades agrossilvopastoris, essas ferramentas podem oferecer grandes potencialidades. A Embrapa Milho e Sorgo, em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura e Desenvolvimento Sustentável do estado de Minas Gerais, trabalharam conjuntamente no desenvolvimento e validação do “Potencial de Risco (PR)”, que consiste numa ferramenta de ponderação dos principais aspectos que envolvem a dinâmica das moléculas agroquímicas, no âmbito ecotoxicológico e ambiental. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral:

O presente relatório teve em seu escopo a apresentação dos resultados advindos do objeto constante no termo de cooperação técnica entre a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER MG) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Centro Nacional de Milho e Sorgo (CNPMS). Este trata do desenvolvimento e incentivo a mecanismos de monitoramento de risco dos impactos negativos provenientes do uso de agrotóxicos, visando à seguridade ambiental, alimentar e sanitária da produção vegetal.

2.2. Objetivo específico:

2.2.1. Descrever a Validação da Metodologia Potencial de Risco (PR);2.2.2. Apresentar os resultados, através de validação, de eficiência da metodologia Potencial de Risco (PR). 3. ORGANIZAÇÃO:

Com base no cronograma estabelecido pelas duas instituições outrora apresentado, as etapas de execução do presente trabalho estão detalhadas e elencadas a seguir:

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3.1. Formalização do Convênio: Assinatura do termo de cooperação entre Embrapa Milho e Sorgo, Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento Instituto Mineiro de Agropecuária, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais constando detalhamento das atribuições de cada órgão associado dentro da proposta de redução dos impactos adversos oriundos das atividades agrossilvopastoris no estado de Minas Gerais. 3.2.Desenvolvimento das atividades: 3.2.1. Articulação dos órgãos conveniados vinculados à Seapa, inerente à inserção da ideia proposta nos programas de ação do Governo Estadual, viabilização de recursos, entre outros; 3.2.2. Desenvolvimento e validação de metodologia de monitoramento da qualidade ambiental em propriedades rurais mineiras, associadas à aplicação de agrotóxicos. 3.3. Descrição das atividades do item 2.2.2 4. DESENVOLVIMENTO – METODOLOGIA 4.1. Área de estudo O estudo foi conduzido tomando-se como base dados primários de três propriedades rurais, as quais foram denominadas, para efeito de estudo, como matrizes (1, 2 e 3). As propriedades localizam-se em diferentes regiões do estado de Minas Gerais e são registradas junto ao Programa Alimento Seguro (PAS) (INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA, 2009), sob códigos específicos de identificação. O referido programa visa à rastreabilidade do uso de pesticidas em âmbito estadual, bem como execução de análises laboratoriais de resíduos de pesticidas em alimentos. Em tais propriedades produziu-se morango no ano agrícola de referência (safra 2010/2011). A escolha das propriedades foi realizada com base nos critérios natureza da cultura (alimento in natura) e diversidade de produtos fitossanitários utilizados uso no cultivo. 4.2. Consulta em bases de dados Os componentes empregados no teste do Modelo PRP (Índice de Produto) foram obtidos em bases de dados do PAS (IMA, 2011) e AGROFIT (BRASIL. MAPA, 2009). Os dados foram acessados através dos sítios eletrônicos do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA,

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2011) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL. MAPA, 2011). O período de referência para o levantamento de informações foi dezembro de 2010 a março de 2011. Do IMA foram colhidas informações acerca das formulações usadas nas matrizes (nome comercial), área total cultivada por propriedade (ha), dose (g ha-1ou mL 100 L-1), volume de calda empregado (L ha-1), doenças e/ou pragas diagnosticadas e frequência de aplicações dos produtos (número de vezes). A partir do banco de informações do MAPA, foram auferidos dados inerentes aos ingredientes ativos constituintes dos produtos (nomenclatura), suas respectivas concentrações (g ha-1 ou mL 100 L-1) e as classificações de periculosidade ambiental e toxicológica, detalhadas na Portaria IBAMA 84/96 (BRASIL. MME, 1996). As informações obtidas nas bases foram submetidas a uma análise criteriosa, a fim de se ajustar possíveis diferenças entre dimensões numéricas e unidades de medida. 4.3. Parametrização das informações coletadas para uso na avaliação do PR e simulações

A parametrização dos dados empregados foi feita por meio de escalonamento (Quadro 1), onde fatores numéricos proporcionais aos níveis das variáveis utilizadas no modelo YP foram atribuídos a elas. Para a variável dose (PRQP) foram estabelecidos fatores de 0 a 10, em função de esses componentes apresentarem maior amplitude numérica. Para as componentes classificação ambiental (PRCA) e toxicológica (PRCT), foram atribuídas grandezas de 2,5 a 10, cada qual referente a uma das categorias estabelecidas na legislação de base. Após a parametrização das informações, os dados foram dispostos em planilhas e posteriormente utilizados para simular a substituição de produtos aplicados por produtos técnicos equivalentes (os quais contêm os mesmos i. a. e dose do produto de referência). e/ou por produtos formulados (com registro junto ao MAPA para o controle de dos mesmos alvos diagnosticados nas matrizes sob condição real), mas com diferentes classes ambiental, toxicológica e doses recomendadas.

As simulações foram efetuadas na matriz 1, substituindo-se, quando possível, as formulações utilizadas por produtos técnicos equivalentes e produtos formulados detentores de registro, recomendados para o mesmo problema fitossanitário, de modo simultâneo. Na matriz 2, permutaram-se apenas produtos técnicos equivalentes, ao passo que, na matriz 3, foram consideradas apenas formulações que possuem indicação para o controle do mesmo agente-alvo. 4.4. Aplicação do Índice de Produto (PRP) e tratamento estatístico dos resultados O PRP foi determinado aplicando-se as subequações 1 e 2 sobre os dados tratados (ponderados) das matrizes 1, 2 e 3. Onde:

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CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE DE PRODUTO UTILIZADA (g i.a. ha-1) 1 - 0 2 - > 0 ≤ 20 3 - > 20 ≤ 40 4 - > 40 ≤ 80 5 - > 80 ≤ 160 6 - > 160 ≤ 320 7- > 320 ≤ 640 8- > 640 ≤ 1280 9 - > 1280 ≤ 2560 10 - > 2560 •CLASSIFICACAÇÃO TOXICOLÓGICA E AMBIENTAL •I - 10 •II - 7,5 •III - 5 •IV - 2,5 Quadro 1. Parametrização dos dados • PR PRODUTO= índice de ponderação dos componentes referentes a um mesmo produto; • PRQP= ponderação da massa em gramas de um determinado ingrediente ativo; • PRCT= ponderação da classe toxicológica de um determinado ingrediente ativo; • PRCA= ponderação da classe ambiental de um determinado ingrediente ativo; • N= número de produtos empregados em uma mesma matriz; • PR = índice da ponderação final de todos os produtos empregados numa mesma matriz. O PR PRODUTO é dado pela razão entre a soma das variáveis PRCA, PRCT e PRQP (para cada produto) dividio por 3. A subequação correspondente a ele retorna o índice de ponderação das variáveis e tem amplitude numérica igual a 10. A subequação 2 retorna um índice de ponderação do total de formulações empregadas numa mesma matriz, o qual possui amplitude numérica igual a supracitada. Na figura 2 pode-se verificar um fluxograma esquemático da metodologia utilizada para a validação do modelo.

PR PRODUTO X = (YQP + PRCT + PRCA) 3

PR PONDERADO = PRPRODUTO X + PRPRODUTO Y + .. PRPRODUTO N N PRODUTOS

(1)

(2)

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Os resultados retornados da aplicação das subequações do modelo PRP sobre as matrizes originais foram comparados estatisticamente entre si e entre as simulações, estimando-se, com base na Deliberação Normativa COPAM 74/2004 (MINAS GERAIS. COPAM, 2004), os subsídios potencialmente obtidos quando do alcance da redução do uso de pesticidas em uma mesma matriz.

Figura 2. Fluxograma esquemático da metodologia empregado na determinação e validação do modelo (Dados da pesquisa, Sete Lagoas, 2011). 5. RESULTADOS Sob condições reais, nas três matrizes selecionadas, verificou-se o uso de 13 formulações comerciais dispostas em diferentes classes ambiental e toxicológica, compostas por 12 ingredientes ativos que, por sua vez, constituem nove famílias químicas, (Tabela 1). Dentre tais formulações, 7,7 % são constituídas por pós molháveis (WP), 15,4 % por granulados dispersíveis (WG), 38,4 % por emulsões concentradas (EC), 30,8 % por suspensões concentradas (SC) e 7,7 % por suspensões de encapsulados (CS). Produtos agroquímicos encapsulados (de liberação controlada) foram considerados por Suave et al. (2006) as alternativas de menor risco de contaminação ambiental e ao aplicador-manuseador, principalmente na forma granular. Ainda segundo os mesmos autores, seu uso restrito, entretanto, deve-se à pequena quantidade de produtos disponíveis para venda sob esta forma. Pinheiro e Freitas (2010), por sua vez, afirmaram que formulações encapsuladas e soluções constituem alto perigo a um importante grupo de polinizadores em sistemas agroecológicos, demandando mais investigações sobre a viabilidade do uso de pesticidas em diferentes estados.

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Tabela 1. Relação das formulações utilizadas no estudo com os respectivos parâmetros ingrediente ativo, grupo químico, classe ambiental e classe toxicológica.

PRODUTO COMERCIAL I. A. GRUPO QUÍMICO C. A. C. T.

ABAMECTIN NORTOX Abamectina avermectina III III ACTARA 250 WG Tiametoxam neonicotinoide III III

AMISTAR TOP Azoxistrobina/difenoconazol estrobilurina/triazol II III

AMISTAR WG Azoxistrobina estrobilurina II IV

CERCOBIN 700 WP tiofanato-metílico benzimidazol II I

CERTUS iprodiona/pirimetanil dicarboximida/pirimidina II III

DANIMEN 300 EC Fenpropatrina piretroide II I

FROWNCIDE 500 SC Fluazinam fenilpiridinilamina I II KARATE ZEON 50 CS lambda-cialotrina piretroide II III

KRAFT 36 EC Abamectina avermectina II I MEOTHRIN 300 Fenpropatrina piretroide II I

ORTUS 50 SC Fenpiroximato pirazol I II

ROVRAL SC Iprodiona dicarbomixida III III SCORE Difenoconazol triazol I II

SUMILEX 500 WP Procimidona dicarbomixida II II

SULFICAMP Enxofre enxofre inorgânico III IV

VANTIGO Azoxistrobina estrobilurina III IV

VERTIMEC 18 EC Abamectina avermectina II III

VIPER 700 tiofanato-metílico benzimidazol III IV

Os problemas fitossanitários ocorrentes nas matrizes foram diagnosticados como

ataques por ácaro rajado (Tetranychus urticae) e lagarta-rosca (Agrotis spp.) e infecção por mancha-de-Mycosphaerella/mancha-foliar (Mycosphaerella fragariae), os quais ocorreram em níveis de infestação considerados baixo e médio. Estratégias de controle biológico têm sido desenvolvidas para o cultivo do morangueiro com vistas à garantia da sanidade dos frutos e longevidade do agroecossistema. Fadini et al. (2004) reportaram o uso de acaricidas seletivos, controle biológico com predadores, a indução de respostas diretas e indiretas de plantas ao ataque ácaros, além da conscientização de consumidores e de produtores como estratégias promissoras na mitigação dos riscos de contaminação do meio ambiente e dos frutos nessa cultura.

Nas simulações do uso de agrotóxicos realizadas nas matrizes, foram empregados sete produtos formulados, integrantes de sete grupos químicos. As formulações também foram classificadas em níveis distintos, no que tange ao potencial de periculosidade ambiental e toxidez (Tabela 2). Dentre os sete produtos, cinco foram enquadrados como III ou IV de acordo com potencial de periculosidade ambiental e/ou toxidez. Em relação ao estado físico das formulações, observou-se que WP, WG e EC representam 28,6% cada, à medida que formulações do tipo SC compõem 14,2 % do total de permutas. Embora exista uma gama de produtos formulados registrados junto aos órgãos regulamentadores no Brasil, poucos são as formulações efetivamente comercializadas (IBAMA, 2010) o que pode

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indicar a incipiência da prática de trocar produtos, principalmente no que concerne à redução de impactos ambientais negativos.

Tabela 2. Relação das formulações que foram utilizadas nas matrizes sob as condições real e simulada. REAL SIMULADO

PRODUTO FORMULADO matriz 1 matriz 2 matriz 3 matriz 1 matriz 2 matriz 3

X X

ABAMECTIN NORTOX X X ACTARA 250 WG X

AMISTAR TOP X

AMISTAR WG X X X X

CERCOBIN 700 WP X

CERTUS X

DANIMEN 300 EC X X X

FROWNCIDE 500 SC X X X X KARATE ZEON 50 CS X X X

KRAFT 36 EC X MEOTHRIN 300 X

ORTUS 50 SC X X

ROVRAL SC X X SCORE X X

SUMILEX 500 WP X

SULFICAMP X

VANTIGO X X X

VERTIMEC 18 EC X X X

VIPER 700 X

Na matriz 1, sob condições reais, foram utilizadas oito formulações, sendo somente

uma pertencente à classe ambiental IV (produto pouco perigoso ou muito pouco perigoso ao Meio Ambiente) e nenhuma a classe toxicológica IV (produto pouco tóxico ou muito pouco tóxico, com DL 50 ≥ 5000 g Kg-1). O relatório sobre agrotóxicos e afins, divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente (IBAMA, 2010), apontou que mais de 38% das formulações comercializadas em 2009 pertencem à classe II em periculosidade ambiental. Este fato ratifica a não observância do fator proteção ambiental, quando da escolha do pesticida, por parte de produtores e técnicos. Frowncide 500 SC, Danimen 300 EC, Cercobin 700 WP e Sumilex 500 WP foram os produtos de maiores PRP: 8,17; 8,17; 7,83 e 7,33; respectivamente (Figura 1). O índice ponderado dos produtos dessa matriz sob a mesma condição foi igual a 6,74; sendo que este resultado poderia ser incrementado, se a metodologia contemplasse o número de aplicações das formulações. O alto aporte de agentes tóxicos nos sistemas, negligenciando cuidados necessários, tem contribuído para a degradação ambiental e para o aumento das intoxicações ocupacionais, tornando-se um dos principais problemas de saúde pública no meio rural brasileiro (KORBES et al., 2010).

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Das oito formulações empregadas na simulação com a matriz de número 1, sete (entre produtos técnicos equivalentes e formulações registradas para controle dos mesmos alvos) puderam ser substituídas, o que confirma a diversidade de moléculas registradas para o manejo de problemas fitossanitários da cultura do morango. Os resultados retornados dos produtos isolados (PRP) permitiram constatar maiores índices para Certus (6,5) e Viper 700 (4,5) e o menor para Vantigo (3,83). O PR PONDERADO da referida simulação retornou o valor 4,6 (Figura 2); implicando a possibilidade de minora do uso de agrotóxicos de até 32 %, quando procedida a troca de produtos formulados. Tal valor diferiu significativamente da condição real, corroborando o potencial de uso do modelo Y PONDERADO como indicador da necessidade de aprimoramento dos métodos de manejo em sistemas produtivos.

Figura 1. Índices de produto (PRP) e índice ponderado (PPONDERADO) retornados dos dados tratados da matriz 1, sob condições reais. (EMBRAPA MILHO E SORGO, SETE LAGOAS, MG, 2011).

De acordo com o realizado na matriz 2, seis formulações foram utilizadas no manejo da cultura, estando apenas uma classificada como pouco ou muito pouco tóxica (classe toxicológica IV; DL 50 ≥ 5000 g Kg-1). Danimen 300 EC, Score e Karate Zeon 50 CS denotaram os maiores Y P (8,17; 7,83 e 5,83; respectivamente). O índice ponderado dos dados auferidos da matriz de número 2 resultou no valor 6,83 (Figura 3); apresentando similaridade estatística com matriz 1, na condição real.

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Figura 2. Índices de produto (Y P) e índice ponderado (Y PONDERADO) retornados dos dados tratados da matriz 1, sob condições simuladas. (EMBRAPA MILHO E SORGO, SETE LAGOAS, MG, 2011).

No sistema simulado da matriz 2, três produtos equivalentes substituíram formulações empregadas, cujas classificações ambiental e toxicológica se encontravam em patamares de maiores de toxidez e potenciais de risco ambiental. Dentre os três produtos alternados, Meothrin 300 foi o de maior índice isolado, com o Y P = 7,5 (Figura 4); que ainda assim possui potencial poluidor e toxicológico 9,2 % menor do que o produto original. O Y PONDERADO resultante foi igual a 6,22 (Figura 4), que implicaria em um potencial de contaminação 9 % menor do que a condição real da propriedade. Isso demonstra a viabilidade do modelo como indicador da sustentabilidade dos sistemas produtivos, sem desconsiderar as realidades de mercado, o custo dos produtos e sua eficiência agronômica, posto que a substituição exclusiva por produtos equivalentes, reproduziria uma condição mais próxima em eficácia da condição real. Os modelos preditivos do comportamento ambiental dos agrotóxicos têm sido úteis para avaliação dessas substâncias, mas não eximem a necessidade de sua validação sob condições prioritárias (MARIOT et al., 2009).

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Figura 3. Índices de produto (Y P) e índice ponderado (Y PONDERADO) retornados dos dados tratados da matriz 2, sob condições reais. (EMBRAPA MILHO E SORGO, SETE LAGOAS, MG, 2011).

Figura 4. Índices de produto (Y P) e índice ponderado (Y PONDERADO) retornados dos dados tratados da matriz 2, sob condições simuladas. (EMBRAPA MILHO E SORGO, SETE LAGOAS, MG, 2011).

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A condição original de emprego das moléculas agroquímicas na matriz 3, possibilitou a identificação de nove produtos comerciais, dos quais quatro estão compreendidos nas classes ambiental e/ou toxicológica iguais a I e II (DL 50 ≤ 5 e de 5,1 a 50). Apenas um produto integra a classe IV, no parâmetro toxidez, e II no parâmetro de risco ambiental. Dentre os produtos de fato empregados, Frowncide 500 SC, sob as massas de i. a. iguais a 375 e 500 g, demonstrou os Y Ps mais expressivos, ambos com a ordem 8,17 (Figura 5). O Y PONDERADO da matriz 3, em estado verídico foi da ordem de 6,51; semelhante estatisticamente aos outros dois casos sob a condição real.

Figura 5. Índices de produto (PR P) e índice ponderado (Y PONDERADO) retornados dos dados tratados da matriz 2, sob condições reais. (EMBRAPA MILHO E SORGO, SETE LAGOAS, MG, 2011).

No estado simulado do uso de moléculas químicas recomendadas para o controle dos mesmos alvos, em lugar dos compostos originais, nenhuma substância foi enquadrada nas classes ambiental e/ou toxicológica iguais a I e II (DL 50 ≤ 5 e de 5,1 a 50). E, desse modo, o composto ORTUS 50 SC permaneceu no mesmo patamar, uma vez que não foram encontradas formulações alternativas registradas para o controle do problema fitossanitário controlado por este produto, no cultivo de morango. Os PR Ps de maiores ordens resultaram da aplicação da subequação 1 para os produtos Abamectin Nortox e Amistar WG, ambos com 5,00 (Figura 6). Já o Y PONDERADO da simulação foi igual a 4,51; semelhante ao índice retornado da matriz 1 na simulação e díspar dos demais casos. No tocante à condição original da matriz 3, houve também disparidade entre o real e a simulação, que ficou na casa dos 31%. O desenvolvimento de ferramentas com validade científica, aptas à avaliação de risco, de fácil aplicação e entendimento e ainda encorajem a redução dos riscos como o

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resultado da aplicação do Y PONDERADO nessa matriz, ambientais de agroquímicos constituem um desafio à sociedade e estudiosos (RIBEIRO et al., 2009). Tomando-se como base a Deliberação Normativa 74/2004, onde há referência à obtenção de possíveis subsídios por parte de empreendimentos rurais passíveis de licenciamento ambiental, a ferramenta Y PONDERADO, mostrou-se eficaz. Nas simulações executadas com as matrizes 1 e 3, auferir-se-ia descontos de aproximadamente 30% das taxas referentes aos trâmites de regularização ambiental, o que implicaria em relevante benefício à manutenção da sustentabilidade nos sistemas agrícolas. Também como indicador do perfil ambiental e toxicológico do uso de agroquímicos das atividades agrícolas, verificou-se bom potencial de utilização da metodologia em voga, como pôde ser verificado no simulado com a matriz de número 2. Spadotto et al. (2005) evidenciaram que modelos simples apresentam potencial de uso no diagnóstico de alteração da qualidade de compartimentos ambientais em sistemas de monocultivo, assim como fornecem subsídios para tomadas de decisões mais rápidas e eficientes pelos órgãos competentes. Considerando o comportamento do índice de acordo com a variabilidade dos dados empregados nas matrizes, pôde-se demonstrar a possibilidade de inserção da variável frequência de aplicações, a fim de melhor caracterizar e abalizar a atividade, em seu potencial poluidor. Assim, poderia ainda reforçar a discriminação de diferentes propriedades, uma vez que, um dos componentes empregados, o YQP, não afetou significativamente a determinação final do Y PONDERADO. Isso pôde ser acurado na simulação com a matriz 3, onde a redução da quantidade de produto somente de 6,57%, embora a ponderação tenha resultado em um índice 31 % menor que o original. CANTARUTTI et al. (2008), ao constatar a presença de resíduos de pesticidas acima dos limites máximos estabelecidos, aponta a necessidade de melhorias na fiscalização e no uso de moléculas químicas na agricultura, incluindo a cultura do morango. A adoção de práticas agrícolas tais como o manejo integrado de pragas, táticas alternativas culturais, entre outros, poderá constituir opções viáveis para o aprimoramento do uso racional de pesticidas, que a posteriori, poderão também embasar novos componentes avaliados para a obtenção de subsídios oferecidos por órgãos públicos específicos, que favoreçam o estabelecimento de sistemas agrícolas conservacionistas e sustentáveis.

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Figura 6. Índices de produto (PR P) e índice ponderado (PR PONDERADO) retornados dos dados da matriz 2, sob condições simuladas. (EMBRAPA MILHO E SORGO, SETE LAGOAS, MG, 2011).

6. CONCLUSÃO A metodologia PR PONDERADO é valida para monitorar o uso de agroquímicos em propriedades rurais, bem como diagnosticar e nortear a tomada de decisão para o estabelecimento de sistemas agrícolas eficientes e que atendam aos preceitos do agronegócio competitivo e sustentável. A substituição de compostos químicos empregadas como biocidas, por produtos técnicos equivalentes e/ou recomendados para o mesmo fim em uma única cultura, pode ser altamente vantajosa na melhoria da qualidade em agroecossistemas e adjacências. A melhoria da representatividade do índice PR PONDERADO poderia ser obtida com o aprimoramento das variáveis contempladas ou inserção de outras, bem como sua aplicação a diferentes sistemas de cultivo e a culturas distintas.

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7. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL — ANDEF. Tecnologia em primeiro lugar. Defesa Vegetal, São Paulo, SP, p. 16-17, maio 2009. BARRETO, C. A.; RIBEIRO, H. Agricultura e Meio Ambiente em Rio Verde (GO). Interfacehs, São Paulo, SP, v.3, n.1, p.1-20, jan. 2009. BRASIL. INSTITUTO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS-IBAMA. - Produtos Agrotóxicos e afins comercializados em 2009 no Brasil: Uma abordagem ambiental. Disponível em www.ibama.gov.br/qualidade-ambiental/download/173/. Acesso em: 08 fev. 2011. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA. Lei Federal 7802. Disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7802.htm. Acesso em 10 fev. 2011. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA. Disponível em extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em: 16 jan. 2011. BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Portaria IBAMA/INMETRO nº 1/2010. Disponível em www.plenum.com.br/interna.php?cdNoticia. Acesso em: 09 maio 2011. BUISSON, S. et al. Level of contamination and impact of pesticides in cupped oyster, Crassostrea gigas, reared in a shellfish production area in Normandy (France). J. Environ. Sci. Health B., Fairfax, VA, v. 43, p. 655-664, jan. 2008. CANTARUTTI, T. F. P. et al. RESÍDUOS DE PESTICIDAS EM ALIMENTOS. Pesticidas: R. Ecotoxicol. e Meio Ambiente, Curitiba, PR, v. 18, p. 9-16, jan. 2008. COLLIN, H. Response of the Pacific oyster Crassostrea gigas, Thunberg 1793, to pesticide exposure under experimental conditions. The J. of Experimen. Biol. v. 213, p. 4010-4017, ago. 2010. D´AMATO, C.; TORRES, J. P. M.; MALM, O. Determinação de ΣDDT encontradas em peixes comestíveis de diferentes áreas da Amazônia brasileira. Oecol. Bras., Rio de Janeiro, RJ, v. 11, n. 2, p. 202-212, 2007. FADINI, M. M. PALLINI, ANGELO; VENZON, M. Controle de ácaros em sistema de produção integrada de morango. Ciência Rural, Santa Maria, RS, v. 34, n. 4, p. 1271-1277, 2010.

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