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RELATÓRIO ABRAGET 002/11

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA GERAÇÃO TÉRMICA A CARVÃO MINERAL, NOS LEILÕES A-5

Introdução

A oferta atual do Sistema Elétrico Brasileiro é de 115.408 MW, sendo o seu perfil o de um sistema hidrotérmico com aproximadamente 75% de geração hidráulica e 19% térmica. Nesse sistema a geração termelétrica exerce papel importante, pois possui alta flexibilidade operativa, não estando sujeita a imprevisibilidade de existência de recursos naturais (sol, vento e chuva). Além disso, a geração termelétrica possui capacidade de armazenamento (exceto as de combustível a gás natural) e pode ser implantada em pontos com facilidade de recursos de conexão à rede, o que reduz os investimentos na rede de transmissão. Somente as Reservas de gás antes e depois do pré-sal, de carvão e de urânio serão capazes de gerar grandes massas de energia, que o sistema elétrico brasileiro necessita. Esta é uma das principais razões da ABRAGET defender a utilização das usinas termelétricas, formando os reservatórios virtuais, uma vez que cada vez mais os reservatórios atuais perdem a sua capacidade de acumulação da energia necessária para o atendimento da carga do sistema elétrico, conforme visualizado na figura abaixo: .

Fonte: ONS

6.2

5.7

5.4

4.7

0

1

2

3

4

5

6

7

EAR Máx / Carga

1 2 3 4

Ano2001 2005 2009 2013

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As principais motivações para a inserção de mais termelétricas nos sistema são: • A grande maioria dos potenciais hidrelétricos encontra-se na Região Norte,

com dificuldades para o desenvolvimento de forma adequada e de problemas de transmissão com custos elevados;

• O problema da segurança se agrava ainda mais quando se levam em conta as dificuldades cada vez maiores em se construir hidrelétricas com grandes reservatórios;

• Ainda há potenciais hidrelétricos economicamente viáveis, mas é necessária a diversificação de combustíveis para garantir a confiabilidade do sistema;

• O grande potencial de hidroeletricidade, por razões técnicas, não é suficiente para garantir continuamente a oferta de energia. Na ausência de uma base térmica, o sistema elétrico nacional teria aproximadamente 23% a menos de energia armazenada nos reservatórios.

• A segurança de se poder despachar as usinas térmicas quando a operação do sistema elétrico necessitar. Estes mesmos acionamentos não poderiam ser feitos pelas fontes renováveis, pois as mesmas não são despacháveis, isto é, não podem produzir energia “on demand”.

• Adicionalmente o despacho da térmica pode se dar para compensar situações aumentos inesperados da demanda e para compensar períodos de baixa hidraulicidade.

Somente com a diversificação através de fontes de Hidrelétricas, Gás Natural, GNL, Carvão, Biomassa, Nuclear, Óleo Combustível, Óleo Diesel, Eólica e Solar é que poderemos ter CONFIABILIDADE e SEGURANÇA. As termelétricas também vêm sendo utilizadas para implementar a Curva de Aversão a Risco (CAR), Nível Meta e outras medidas de aumento da segurança de suprimento. Portanto, ao se diversificar as fontes de combustíveis, na geração elétrica, estaremos trazendo a desejada segurança ao sistema, além de estarmos promovendo a sua expansão ao:

• Menor custo unitário de investimento em geração • Menor custo de transmissão • Menor probabilidade de risco de déficit.

Em resumo, as termelétricas são acionadas quando ocorrem fenômenos naturais adversos, quando há problemas de falha e/ou manutenção de equipamentos e qualquer outro evento inesperado, entretanto, elas não são reconhecidas por este serviço, pois elas podem produzir energia, isto é, serem despachadas quando demandadas.

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Na composição da matriz elétrica nacional de 2030, na qual todas as fontes disponíveis serão necessárias, é impossível se retirar o carvão a fonte de energia mais utilizada no mundo, como também pela sua abundância.

Panorama global da participação do carvão na geraçã o de energia O carvão é um energético extremamente importante e continuará sendo. Conforme relatório da Agencia Internacional de Energia (IEA):

• 23% das necessidades primárias de energia são atendidas com o carvão;

• 39% da geração de energia elétrica mundial são provenientes de usinas térmicas a carvão;

• O carvão é o energético mais abundante na terra, com uma distribuição geográfica abrangente;

. Reservas mundiais de carvão mineral – 2007 (em milh ões de toneladas). Fonte: BP, 2008.

• O carvão é o combustível fóssil com a maior disponibilidade do mundo. As reservas totalizam 847,5 bilhões de toneladas, quantidade suficiente para atender a produção atual por 130 anos;

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• A China está construindo o equivalente a duas térmicas a carvão de 500MW por semana;

• O IEA prevê um crescimento de 43% no uso deste energético entre os anos 2000 e 2020;

No gráfico a seguir temos a utilização do carvão, na geração de energia elétrica, pelo mundo.

Panorama brasileiro da participação do carvão na ge ração de energia

As reservas brasileiras conhecidas ocupam o 10° lug ar no ranking mundial, totalizando 7 bilhões de toneladas, correspondendo a menos de 1% das reservas globais. A Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM) calcula que as reservas conhecidas poderiam gerar continuamente 21 mil MW. No Brasil as reservas brasileiras são compostas pelo carvão dos tipos linhito e sub-betuminoso. As maiores jazidas situam-se nos estados do Rio Grande do Sul (89,2%) e Santa Catarina (10,4%), seguidas por reservas menores nos estados do Paraná (0,3%) e São Paulo (0,02%). As vantagens do carvão mineral nacional são:

• O seu baixo custo de geração; • A sua confiabilidade no suprimento.

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Apesar de possuirmos carvão abundante na Região Sul, a percentagem de geração termelétrica a carvão, no sistema elétrico brasileiro corresponde a somente 1,33 %, o que nos leva a concluir que estamos desprezando uma importantíssima fonte energética.

Fonte: BIG 2010 – ANEEL.

Com todas as usinas hidráulicas preconizadas no curto prazo, teríamos 4.391 MW em UHE’s. Como são usinas a fio d’água poderíamos dizer que teríamos cerca de 2.400 MW médios que somados a energia de Belo Monte, nos daria um total de cerca de 7.000 MW médios. O setor elétrico necessita de uma expansão de cerca de 3.000 MW médios / ano. Portanto, a expansão hidráulica prevista estaria “garantindo” o setor, por pouco mais de dois anos. Portanto, sem o aumento da produção das gerações de energia de base, na qual as termelétricas a carvão são protagonistas, a expansão da infra-estrutura energética, base para o crescimento econômico do Brasil, ficará comprometida.

Sistema Elétrico Brasileiro - Composição por Fonte

68,28%

10,45%

5,11%

5,40%

1,74%

1,33%

0,61%

7,08%

Hidro

Gás Natural

OC e OD

Biomassa

Nuclear

Carvão Mineral

Eólica

Importação

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Tecnologia de queima limpa de carvão Mesmo com a utilização de fontes alternativas, o petróleo, o carvão e o gás continuarão a desempenhar o papel principal na geração de energia nas próximas décadas. Provavelmente, eles ainda responderão por cerca de 66% da produção de eletricidade global em 2030. O desenvolvimento da tecnologia limpa de queima de carvão é a resposta para se continuar a utilização do grande potencial existente de carvão, reduzindo as emissões de CO2. Atualmente o grande desafio é a viabilização econômica das tecnologias, sem que haja aumento de custos para os consumidores finais. As novas usinas termelétricas já incorporam uma série de tecnologias que reduzem substancialmente as emissões, destacando-se neste contexto;

• Lavagem do carvão, reduzindo as emissões de cinzas e dióxido de enxofre quando o carvão é queimado;

• Precipitadores eletrostáticos e instalação de filtros que podem reduzir em 99% das cinzas (fly ash) e elementos particulados dos gases de exaustão;

• Desulfurizadores que podem reduzir em 97% as emissões de dióxido de enxofre;

• Queimadores de baixo NOx permite a usina reduzir em 40% as emissões destes elementos. Com o uso de catalisadores a redução pode alcançar 90%;

• Aumento da eficiência da queima do carvão com a utilização de novas tecnologias, fazendo com que esta eficiência alcance níveis próximos a 40%. O aumento da eficiência contribui para a redução da quantidade de carvão para se obter a mesma quantidade de energia.

Novas tecnologias vêm sendo pesquisadas, com destaque para o IGGC (Integrated Gasification Combined Cycle) e PFBC (Pressurised Fluidised Bed Combustion), UCG (Underground Coal Gasification) na própria mina, irão contribuir de forma significativa para a redução das emissões. Associado ao aprimoramento da tecnologia, novas técnicas de captura e armazenamento de CO2 vêm sendo desenvolvidas. Dentre estas se destacam o armazenamento geológico e químico. Neste último tipo de armazenamento destaca-se uma série de trabalhos de pesquisas com a utilização dos resíduos e do CO2 na produção de cimento, materiais de construção e biocombustíveis. O armazenamento geológico de CO2 vem sendo utilizado para recuperação de poços de petróleo. A título de exemplo, nos EUA (Oeste do Texas) existem 5800 km de dutos conectando os poços de petróleo com fontes de CO2. Este

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conjunto de iniciativas permite nos EUA o seqüestro de 32 milhões de toneladas anuais de CO2.

Conscientes da importância do carvão em sua matriz energética, diversos governos vêm desenvolvendo consistentes programas de pesquisas, notadamente:

• O governo dos EUA está avaliando o apoio, com uma verba de 1,0 bilhões de dólares, ao projeto FutureGen, que tem por objetivo capturar 90% das emissões de CO2;

• O governo da Inglaterra realizou processo competitivo para o desenvolvimento de projeto de captura e armazenamento de carbono;

• O governo da Dinamarca está realizando um projeto piloto de captura e armazenamento de CO2 numa usina de 420MW (Elsam), com o objetivo de capturar 90% das emissões;

• Projeto GreenGen na China, que deverá implantar uma usina de 400MW, com as mais modernas técnicas de combustão e gaseificação;

• Projetos de co-queima de carvão com biomassa.

Tecnologia de absorção biológica de CO2

Outra rota tecnológica para a absorção de CO2 é a utilização de micro e macro algas. Estes microorganismos são capazes de realizar um processo eficiente de fotossíntese, que depende basicamente da irradiação solar, CO2, água e nutrientes. Vários projetos de pesquisas vêm sendo realizados, integrando as emissões das usinas termelétricas com grandes projetos de criação de algas. O processamento das algas produzidas permite a obtenção de biocombustíveis, alimentos e fármacos.

Considerações adicionais . Existe um interessante estudo de comparação de sustentabilidade para fontes de geração de energia elétrica, elaborado na Alemanha, em que o GEE (Gás de Efeito Estufa) entra como um dos indicadores elencados. Mas o mais importante é que não apenas o GEE gerado diretamente pela fonte, mas também em todo o ciclo de vida do processo. Falam de energia limpa. Que não existe. Existe mais limpa em relação a outra e na comparação os alemães estão certos, tem de envolver todos os parâmetros. Chamar de energia limpa

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ou verde porque emite menos GEE é esconder a realidade e tem conotação exclusivamente comercial. Ainda não é consenso entre os cientistas de que o excesso de gases de efeito estufa na alta atmosfera tenha origem antrópica. Mas pressupondo que isso seja fato, não aconteceu do dia pra noite. É acumulo de muitos anos e a participação de emissões do Brasil, nesse contexto, é pífia. A Lei nº. 12187, de 29/dez/2009 e o seu DECRETO 7390/2010 veem: Instituir a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e; Ratificar o compromisso nacional voluntário e estabelecer ações de mitigação das emissões de GEE reduzindo-as a pelo menos a 36,1% das emissões projetadas até 2020. O compromisso nacional é “confortável”, havendo alternativas que podem reduzir as emissões de GEE em montante superiores ao valor compromissado. Não existem, textualmente, tanto na Lei quanto no Decreto, restrições à expansão térmica.

Considerações finais A expansão do Sistema Interligado Nacional (SIN) somente através de fontes hidrelétricas e fontes alternativas, não representa, necessariamente, o planejamento com a maior segurança e o menor custo para a sociedade. Para compor a matriz elétrica nacional, não se deve abrir mão de qualquer fonte disponível, pois todas elas são necessárias, portanto a ABRAGET reitera a necessidade do próximo leilão A-5 contar com a pa rticipação dos 2,4 GW de termelétricas a carvão, já licenciadas. Edmundo Alfredo Pochmann da Silva Consultor ABRAGET - Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas CNPJ 05.045.195/0001- 00 Av. Rio Branco 53/1301 - Centro - Rio de Janeiro – RJ – CEP 20090-004 Tel/Fax: (21) 2296-9739/2253-0926/ 8225-7206 –www.abraget.com.br