Relatrio Do DRP de Arroio Do Sal[1]

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Relatrio do DRP de Arroio do Sal

Reunio Comunitria Arroio do Sal RS

Equipe Tcnica: Celso (Arroio do Sal), Guebarte e Paulo (Capo da Canoa), Adriana (Terra de Areia), Clarice (Cidreira), Luis Bohn (Morrinhos do Sul) e Dcio Cotrim (coordenao reginal).

Execuo: Ascar-Emater/RS Convnio: Ascar-Emater/RS e SEAP-PR Novembro de 2008

2 Leitura da Paisagem1 Distribuio Temporal: Semana anterior ao DRP: Convite a comunidade para uma reunio de diagnstico. Uso da rdio comunitria. Passagem pela praia pelos articuladores locais. Segunda-Chegada no espao fsico de trabalho da equipe tcnica. Debate da equipe sobre os princpios do DRP. Aprendizagem e treinamento das tcnicas em ferramentas participativas. Tera-Finalizao do convite da comunidade e preparao das ferramentas. Reunio comunitria as 14h00min. Presena de 20 pescadores e pescadoras. Apresentao da equipe e esclarecimentos sobre o que um diagnstico comunitrio. Diviso da plenria em trs grupos. Aplicao das ferramentas grupais: Mapa Comunitrio, Itinerrio de Desenvolvimento e Grfico de Venn. Quarta-Entrevistas nos grupos focais nos locais de pescaria e nas residncias dos pescadores com as ferramentas: Rotina Diria das Mulheres, Fluxo de Deslocamento dos Homens e Mulheres, Calendrio Sazonal da Pesca e Cadeia Produtiva. Quinta-Finalizao do desenho das ferramentas construdas por entrevistas semiestruturadas e ajustes nos desenhos dos pescadores. Construo do Cordel-Varal. Anlise das ferramentas pela equipe tcnica. Construo de uma viso grupal pela equipe tcnica. Preparao para reunio de devoluo. Sexta-Reunio Comunitria de Validao do DRP. Levantamento das demandas comunitrias. Avaliao pela Comunidade da Semana de Trabalho. Almoo comunitrio.

Fig. 1: Local do DRP Arroio Sal - Reunies e Central de Trabalhos

Localizao do municpio, dados secundrios, localizao da comunidade pesqueira, locais de pescarias, fotos gerais que possibilitem viso sistmica do local do DRP.

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3 Ferramentas Participativas:

1. Mapa Comunitrio Tcnica Utilizada: Sobre uma mesa grande colocao de uma folha de papel pardo, canetas e lpis. Solicitar ao grupo que desenhe a comunidade pesqueira. Objetivo da Ferramenta: Conhecer os limites territoriais de cada comunidade (por vezes um DRP est sendo feito abrangendo mais que uma comunidade) e a distribuio fsica das residncias, dos locais de trabalho e das infra-estruturas. No Mapa aparecem tambm conflitos pelo uso do espao.

Fig.2 Pescador construindo mapa em Arroio do Sal RS

Fig.3 Mapa Comunitrio de Arroio do Sal RS

4 Anlise da Equipe Tcnica: O local do DRP (CTG) foi considerado pelos pescadores como sendo onde os pescadores no inverno vm confraternizar. A escolha do local pela equipe tcnica foi acertada. O grupo dos pescadores que realizou o mapa teve dificuldades de entender os limites da comunidade pesqueira, pois os balnerios (vilas) esto espalhados por 20 km de praias. Aps a definio foi realizado o mapa de todas as vilas de pescadores do municpio. No existem casas de pescadores na beira do mar, essas so aps a avenida inter-praias que fica 3 quadras da praia. Salientou-se no mapa que todos os pescadores moram perto do mar, porm no tm acesso as lagoas para realizar a pesca devido as cercas das propriedades rurais. Enfatizou-se um claro problema entre agricultores e pescadores gerando um processo de discriminao. Os barcos de arrasto - pesca industrial de pequeno porte sediada em Torres um problema para os pescadores artesanais, pois reduzem os estoques pesqueiros com prticas de pesca predatria. Os veranistas pessoas que ocupam as praias no vero e especialmente os surfistas possuem uma disputa pelo espao com os pescadores. Existem igrejas em todas as vilas pesqueiras do municpio o que pode ser um elemento interessante de organizao.

5 2. Itinerrio de Desenvolvimento Tcnica Utilizada: Entrevista com grupo de pessoas idosas, mais experientes e composto de homens e mulheres. O moderador pergunta sobre um momento marcante da comunidade pesqueira e posteriormente vai buscando informaes sociais, econmicas e ambientais que marcaram o grupo. Nesse processo se constri uma linha do tempo e se consolida as crises comunitrias e a sua suplantao. Finalizado o processo a equipe tcnica transforma o quadro de tarjetas em desenhos que representam as fases histricas da comunidade. Objetivo da Ferramenta: Entendimento da formao da comunidade, suas crises e a suplantao deste processo.

Fig. 4: Itinerrio de Desenvolvimento de Arroio do Sal RS

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Fig.5: Desenho da Equipe Tcnica do ID de Arroio do Sal RS

Anlise da Equipe Tcnica: Construo de uma linha do tempo a partir da data de 1974 onde ocorreu uma crisereduo do pescado. As pessoas antes de 1960 moravam na lagoa Itapeva e no na praia, eram agricultores e pescadores, em Arroio do Sal era somente dunas e existia muito peixe. Segunda fase ocorreu entre 1960-74. Ocorria a troca de peixe salgado por mantimentos com carroceiros (os pescadores se especializaram na pesca). Os pescadores vendiam marisco para Sombrio SC. No final dessa fase a pesca de arrasto no mar feitas por barcos de Torres e o aumento do nmero de pescadores iniciou a reduo do pescado. Relato de uma cocoroca em 1962 grandes pescarias. Terceira fase ocorreu entre 1974-90. Inicio do uso do nylon (aumento do esforo de pesca). Ocorreu drenagem de banhados causando a diminuio do pescado na lagoa. Comeou a construo das casas de veranistas e a migrao total dos pescadores da lagoa para beira do mar. Nessa fase usavam transporte de nibus para retirada do pescado. Devido a migrao ocorreu uma reduo drstica da agricultura. Quarta fase 1990-atual. Aumento do nmero de veranistas. Ampliao das facilidades de acesso. Surgimento de oportunidades de atividades no pesqueiras como a

7 construo civil e os servios de cuidados das casas de veranistas. Forte reduo do marisco na praia e aparece um novo grupo de pescadores os minhoqueiro que coletam iscas para os pescadores amadores. A comercializao do pescado ocorre diretamente ao consumidor final na proporo de 70% para o veranista e 30% para o morador. Na diferenciao da comunidade pesqueira identificaram-se trs fases dos pescadores: Agricultor-Pescador (1 fase); Pescador (2 e 3 fases); Pescador Atividades NoPesqueiras (4 Fase). Existe um conflito pelo espao de vida entre os veranistas e os pescadores. Durante quatro meses do ano (vero) proibida a pesca no mar devido a presena do veranista. Conceitos construdos localmente: Pescador - Quem nasceu aqui e continua sobrevivendo no local, no necessrio ser uma atividade profissional. Morador moram na comunidade ano todo. Veranistas - passam as frias na praia.

8 3. Grfico de Venn Tcnica Utilizada: Entrevista com um grupo comunitrio buscando uma lista das entidades que tm interface com a comunidade. Posteriormente desenha-se cada entidade em uma tarjeta e posiciona-se mais prxima do centro (grande interface com a comunidade) ou mais afastada. Objetivo da Ferramenta: Ferramenta que analisa o campo de foras das entidades. Quais esto prximas e quais esto distantes. Futura construo de apoios institucionais em projetos de desenvolvimento.

Fig. 6 Grfico de Venn de Arroio do Sal RS

9 Anlise da Equipe Tcnica: Aps o uso da pergunta orientadora Quem est mais perto da comunidade? Primeira resposta da comunidade foi Ningum. Ocorreu dificuldade de entendimento do conceito de instituio surgindo exemplos como a famlia e o cachorro. Ocorreu valorizao pela comunidade dos servios bsicos como: Sade, Escola, PM, Igreja. Esses esto prximos. A questo da crise com os veranistas expressa pela posio distante dos veranistas e dos salva-vidas (operao golfinho que corta bia do cabo) gerou grande debate. Amplia diferena entre morador que no atrapalha a pesca e veranista disputa pelo espao. Os veranistas esto longe da comunidade, os moradores esto mais prximos representados pela Terceira Idade. A posio da Emater-RS demonstra necessidade de aproximao aos pescadores ficando no mesmo nvel da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura. A Associao Pesca tambm est tambm relativamente distante. O Banco no est listado estando fora das entidades importantes para pesca. Salienta-se a importncia dos amigos e vizinhos (alta proximidade) possivelmente devido ao isolamento das vilas de pescadores.

10 4. Rotina Diria das Mulheres Tcnica Utilizada: Reunio com grupo de mulheres pescadoras na sua residncia. Apresenta um relgio desenhado em papel pardo e solicita que elas desenhem a rotina da mdia das mulheres da comunidade. Objetivo da Ferramenta: Buscar entender o uso do tempo pelas mulheres e a prpria famlia. Identificar o envolvimento da mulher na pesca. Analisar o melhor horrio para encontro com os pescadores.

Fig.7: Rotina Diria das Mulheres de Arroio do Sal RS

Anlise da Equipe Tcnica: Essa ferramenta foi realizada com um grupo focal de seis mulheres. O envolvimento com as crianas pequeno, o nibus passa na praia diariamente e leva as crianas na escola. No meio da manh elas esto trabalhando com pescado. Todo o processamento do pescado realizado em casa. Das dez ao meio dia trabalho da casa elas cuidam dos afazeres da casa como: lavar roupa, fazer comida, arrumar a casa. No meio da tarde realizam a catao de marisco, ajudam a retirada rede do mar, realizam a limpeza do peixe, a embalagem e colocao no freezer (peixe inteiro, escamado, fil e at sujo, limpeza do marisco). Quando muito peixe chamam pessoas da famlia para ajudar. A venda do pescado e o processamento so feitos pelas mulheres em casa. O lazer se resume a assistir TV.

11 5. Mapa de Movimentos das Mulheres Tcnica Utilizada: Reunio com grupo de mulheres pescadoras na sua residncia. Apresenta a ferramenta e solicita que a partir do desenho da casa delas descrevam para onde as mulheres da comunidade em mdia se deslocam. Ajustam um espao de tempo. Objetivo da Ferramenta: Identificar o universo feminino e os espaos que so utilizados.

Fig. 8: Mapa de Movimentos das Mulheres de Arroio do Sal RS

Anlise da Equipe Tcnica: As mulheres quase no saem de casa. Esse fato pode estar ligado ao grupo ser formado de pessoas mais idosas. Existe uma forte vida ligada a comunidade. Foi identificada uma alta freqncia de deslocamento para a praia (ajuda na pesca) e o supermercado (a renda familiar angariada de forma parcelada durante o ms). Alta freqncia a Casa Lotrica que usada para pagar contas e sacar dinheiro. Visitas ao Banco e Sindicato dos Pescadores somente na fase do seguro defeso. A questo da Sade bem atendida tendo posto de sade ou especialista em Torres. Existe uma baixa freqncia na escola e na igreja.

12 6. Mapa de Movimento dos Homens Tcnica Utilizada: Reunio com grupo de homens pescadores na sua residncia ou local de pesca. Apresenta a ferramenta e solicita que a partir do desenho da casa deles descrevam para onde os homens da comunidade em mdia se deslocam. Ajustam um espao de tempo. Objetivo da Ferramenta: Identificar o universo masculino e os espaos que so utilizados.

Fig.9: Mapa de Movimentos dos Homens de Arroio do Sal RS

Anlise da Equipe Tcnica: Na aplicao da ferramenta ocorreu o problema de entendimento da necessidade do consenso. No grupo ocorreu a principal freqncia para a praia (diria) e para lagoa (semanal). Alta freqncia de visitas aos vizinhos - vida comunitria. Existe um baixo contato com os bancos e Emater-RS. Diferenas marcantes entre homens e mulheres: Homens maiores opes de lazer. Mulheres so responsveis pela aquisio alimentos, universo feminino mais restrito.

13 7. Calendrio Sazonal na Pesca Tcnica Utilizada: Reunio com grupo de homens pescadores no local de pesca. Entrevista semi-estruturada buscando entender as principais artes de pesca utilizadas e as espcies alvo. Dimensionar poca de captura e principal safra. Objetivo da Ferramenta: Buscar o conhecimento da lgica anual de captura e das artes e estratgias de pesca utilizadas.

Fig.10: Calendrio Sazonal da Pesca em Arroio do Sal RS

Anlise da Equipe Tcnica: Clara apresentao das artes de pesca e as principais safras de cada espcie. Cabo, Bote inflvel, Tarrafa, Rede Passeadeira, Espinhel, Canio, Catao Manual, Aviozinho de Camaro, Catao de Minhoca e Artes de uso na lagoa Rede de Espera, Espinel e Canio. O papa-terra o principal estoque utilizado em vrios estilos de pesca. O marisco um estoque historicamente importante para essa comunidade. O peixe rei o estoque que est em inicio de explorao. A minhoca tem um grupo de pescadores explorando os estoques. Identificao das pocas das safras da Tainha, Camaro 7 Barbas, Pampo, Bagre, Anchova e Corvina. O cabo a principal arte de pesca. A maioria dos cabos de vai e vem (roldana com dois cabos).

14 8. Fluxograma Comercial Tcnica Utilizada: Reunio com grupo de homens pescadores no local de pesca. Entrevista com atravessadores identificados no contato com os pescadores. Dimensionar os principais fluxos dos pescadores e os valores angariados em cada fase do processo. Objetivo da Ferramenta: Entendimento dos fluxos comerciais.

Fig.11: Fluxograma Comercial da Pesca de Arroio do Sal RS

Anlise da Equipe Tcnica: As artes de pesca e a totalidade dos insumos necessrios adquirida na comunidade pesqueira. A totalidade do pescado processada em casa tendo o armazenado em freezer. Os volumes de pescado so pequenos e as safras espalhadas pelo ano. A comercializao realizada localmente para os moradores e veranistas. No existe a necessidade de gelo no processo. No existe possibilidade de unificao do pescado para processamento em unidade comunitria. Os valores angariados com a comercializao direta compensam os baixos volumes capturados gerando uma renda compatvel ao padro de vida das famlias.

15 Reunio de Validao do DRP - Tcnica do Varal ou Cordel Tcnica Utilizada: Pendurar os desenhos das ferramentas participativas em um varal ou cordel. Apresentao para a comunidade pesqueira dos resultados obtidos durante a semana de DRP atravs de uma visita a cada espao. Na apresentao de cada ferramenta debater e corrigir as possveis discrepncias.

Fig.12: Reunio de Validao do DRP em Arroio do Sal RS

16 Demandas comunitrias levantadas na Reunio Tcnica Utilizada Finalizado os ajustes em cada ferramenta participativa e da construo coletiva de um diagnstico comum realizada uma reunio de levantamento da demandas comunitrias usando a tcnica da chuva de idias. realizado o resgate de propostas que foram levantadas durante a apresentao das ferramentas. O planejamento de cada tema levantado no diagnstico ser realizado em reunies sucessivas e cotidianas da Extenso Pesqueira no municpio.

Avaliao dos Trabalhos de DRP na Comunidade Tcnica Utilizada: Uso da tcnica das trs caras para avaliar o grau de satisfao dos pescadores e pescadoras. A avaliao sigilosa e opcional.