Relatório Especial de Consultoria · bastante improvável que os produtores de milho plantem o que...

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Relatório Especial de Consultoria Quebras nas safras dos EUA 2019/2020 12/JUNHO/2019 MILHO: QUEBRAS NOS EUA JÁ SUPERAM 34 MILHÕES T De acordo com o relatório semanal de acompanhamento de safras, divulgado na segunda-feira (10/06), pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), com o progresso dos trabalhos de campo no país até o último domingo (09/06), o plantio da safra de milho 2019/2020 alcançou 83% da área estimada, contra 67% da semana anterior. No ano passado, neste mesmo período, eram 99% e a média das últimas cinco safras para este período é de 99%. Segundo o relatório, 46% das lavouras já emergiram, enquanto a média plurianual é de 93% e em 2018, nesse mesmo período, o total era de 93%. Pela primeira vez nesta safra, o USDA informa sobre as condições das lavouras de milho em seu relatório semanal. De acordo com o

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Relatório Especial de Consultoria

Quebras nas safras dos EUA 2019/2020

12/JUNHO/2019 MILHO: QUEBRAS NOS EUA JÁ SUPERAM 34 MILHÕES T De acordo com o relatório semanal de acompanhamento de safras, divulgado na

segunda-feira (10/06), pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), com o progresso dos trabalhos de campo no país até o último domingo (09/06), o plantio da safra de milho 2019/2020 alcançou 83% da área estimada, contra 67% da semana anterior. No ano passado, neste mesmo período, eram 99% e a média das últimas cinco safras para este período é de 99%.

Segundo o relatório, 46% das lavouras já emergiram, enquanto a média plurianual é de 93% e em 2018, nesse mesmo período, o total era de 93%. Pela primeira vez nesta safra, o USDA informa sobre as condições das lavouras de milho em seu relatório semanal. De acordo com o

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USDA, 59% de lavouras estão em boas ou excelentes condições. 32% da área está em situação regular e 9% em condições ruins ou muito ruins.

A última semana foi um pouco mais seca nos Estados Unidos, com os maiores volumes

acumulados de chuvas mais concentrados nas regiões leste e sul do país. A janela técnica ideal para o cultivo do grão já foi encerrada em todos os estados norte-americanos. Chuvas e alagamentos no Meio Oeste do país atrasaram o plantio e devem afetar também a produtividade. Para os próximos dias, mais chuvas estão previstas. Depois de uma semana mais seca em algumas áreas, as tempestades estão sendo esperadas por todo o Meio Oeste até o dia 17/06.

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De acordo com o relatório mensal de oferta e demanda, divulgado nesta terça-feira

(11/06), pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), foi reduzida em 34,3 milhões de toneladas a estimativa para a safra 2019/2020 de milho do país, de 381,8 milhões de toneladas em maio, para 347,5 milhões de toneladas em junho.

A área plantada nos Estados Unidos na safra 2019/2020 também foi revisada para baixo,

de 37,56 milhões de hectares, para 36,34 milhões de hectares. A estimativa de área a ser colhida foi reduzida para 33,35 milhões de hectares, o que representa uma perda de 4,2 milhões de hectares em relação à projeção inicial de área plantada nos Estados Unidos.

A projeção de produtividade foi cortada para 10,419 toneladas por hectare em junho,

ante 11,047 toneladas por hectare previstos no relatório de maio. Porém, neste mês de junho, é bastante improvável que os produtores de milho plantem o que estava previsto inicialmente. Ainda são 6,4 milhões de hectares sem plantio, com mais 2,8 a 3,0 milhões de hectares podendo ficar sem o plantio do cereal. Isso poderá ampliar a previsão de quebras para, pelo menos, 40 milhões a 50 milhões de toneladas.

O USDA também reduziu a a previsão de exportação de milho da temporada 2019/2020

de 57,79 milhões de toneladas, para 54,61 milhões de toneladas. Os estoques finais dos Estados Unidos no ciclo 2019/2020 foram estimados em 42,5 milhões de toneladas, ante 63,1 milhões de toneladas do relatório de maio.

Para 2018/2019, foi alterada a estimativa de exportação de 57,79 milhões de toneladas

para 54,61 milhões de toneladas. A previsão de estoque final passou de 63,13 milhões de toneladas para 42,56 milhões de toneladas. O USDA voltou a alterar sua estimativa de preço pago ao produtor na safra 2018/2019, de US$ 3,50 por bushel para US$ 3,60 por bushel neste

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MILHO: PRODUÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS - MILHÕES DE TONELADAS

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mês. Para 2019/2020, a estimativa de preço foi elevada de US$ 3,30 por bushel em maio, para US$ 3,80 por bushel em junho.

SOJA: USDA MANTÉM PROJEÇÕES DE ÁREA E PRODUÇÃO De acordo com o relatório semanal de acompanhamento de safras, divulgado na

segunda-feira (10/06), pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), com o progresso dos trabalhos de campo no país até o último domingo (09/06), o plantio da safra de soja 2019/2020 evoluiu de 39% para 60%. Quanto à germinação, o relatório do USDA informa que 34% das lavouras germinaram, contra 81% no mesmo período da safra anterior e 73% da média dos últimos cinco anos.

De acordo com o relatório mensal de oferta e demanda, divulgado nesta terça-feira

(11/06), pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a previsão de produção de soja da safra 2019/2020 do país foi mantida em 112,9 milhões de toneladas. Como parte da área não plantada com milho pode ter migrado para o cultivo de soja, o USDA optou em manter, pelo menos neste relatório, as projeções de área e produtividade média da oleaginosa em 2019/2020. O rendimento está projetado em 3,33 toneladas por hectare, mantendo a previsão anterior. A estimativa de área plantada foi mantida em 34,23 milhões de hectares.

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O USDA também manteve a previsão de exportação norte-americana na safra 2019/2020 em 53,1 milhões de toneladas. Os estoques finais de soja do país da safra 2019/2020 devem atingir 28,45 milhões de toneladas, acima das 26,41 milhões de toneladas previstas no relatório de maio. O incremento na estimativa de estoques finais foi puxado pela alta na previsão de estoques iniciais da mesma safra de 27,09 milhões de toneladas para 29,13 milhões de toneladas.

Quanto à safra 2018/2019, foi cortada a previsão de exportação de 48,31 milhões de toneladas para 46,27 milhões de toneladas. A projeção de estoques finais foi elevada de 27,08 milhões de toneladas para 29,13 milhões de toneladas. O USDA ajustou a sua estimativa de preços pagos ao produtor na safra 2018/2019 de US$ 8,55 por bushel para US$ 8,50 por bushel. Para 2019/2020, o USDA previu US$ 8,25 por bushel, acima da projeção anterior de US$ 8,10 por bushel.

IMPACTOS SOBRE OS PREÇOS GLOBAIS DOS GRÃOS O relatório de junho do USDA é altista para os preços do milho e neutro para a soja, até

que se tenham novas informações sobre o andamento da safra 2019/2020 nos Estados Unidos. Enquanto os preços futuros da soja sofreram poucas alterações na Bolsa de Chicago, as cotações futuras do milho fecharam a terça-feira (11) com valorização na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais cotações apresentaram altas entre 12,00 e 12,50 cents por bushel.

O vencimento julho/2019 do milho fechou em US$ 4,27 por bushel, setembro/2019 subiu

para US$ 4,36 por bushel e o dezembro/2019 encerrou a US$ 4,47 por bushel. Os contratos futuros de milho saltaram para a maior alta em uma semana depois que o governo dos Estados Unidos cortou sua previsão para a safra doméstica.

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EUA: PRODUÇÃO DE SOJA EM MILHÕES DE TONELADAS

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Com um relatório neutro para a soja, nesta terça-feira (11/06), os futuros da oleaginosa

na Bolsa de Chicago terminaram o dia com leves altas. Os principais contratos encerraram o dia com pequenos ganhos de 0,75 a 1,25 cent, com o vencimento julho/2019 fechando em US$ 8,59 por bushel e o vencimento agosto em US$ 8,66 por bushel.

O mercado não viu quase nenhuma mudança nas estimativas para a safra de soja dos

Estados Unidos, com seus dados de junho praticamente inalterados em relação ao relatório de maio. Tal cenário fez com que o mercado registrasse uma reação bastante limitada na CBOT, esperando por mais informações que possam voltar a direcionar os negócios. Do lado da demanda, vários países da Ásia enfrentam o problema com os surtos de Peste Suína Africana (PSA), que deve abalar a produção de carnes e, também, a demanda de grãos, tanto de milho com de soja (farelo). Por sua vez, os Estados Unidos ainda sofrem os efeitos da guerra comercial com a China, que devem manter os estoques norte-americanos em alta.

Os preços da soja também não reagiram, pois, além da cautela com os números inalterados do relatório do USDA, pesa a situação do plantio da oleaginosa, que ainda conta com um pouco mais de tempo para ser concluído. O clima mais seco para o mês de junho, com janela de céu aberto, é uma notícia baixista, especialmente para o mercado da soja. Além disso, parte dos produtores que não plantaram o milho ainda podem migrar para a soja, o que traz a chance de manter uma área plantada da oleaginosa igual à estimada inicialmente pelo USDA.

REFLEXOS SOBRE OS PREÇOS DOS GRÃOS NO BRASIL Os preços da soja no mercado brasileiro acompanharam a estabilidade da soja na Bolsa

de Chicago e terminaram o dia com variações pouco expressivas nesta terça-feira (11/06). Além disso, a baixa de 0,88% do dólar, para R$ 3,85, o que ajudou a manter as cotações limitadas. No interior, os preços permaneceram estáveis na maior parte das regiões. Os preços no mercado interno estão mais pressionados pelo câmbio nesta semana do que efetivamente por Chicago, e então conta com algumas compensações nos prêmios, que voltaram a subir. No caso do milho, os preços no mercado disponível permaneceram praticamente sem movimentações, diante da intensificação da colheita no Centro-Oeste e Sul do Brasil. No longo prazo, entretanto, a tendência é altista para os preços do milho no Brasil e de preços sustentados para a soja, com viés de alta no segundo semestre deste ano.

Fontes: USDA Crop Progress & Condition 10/06/2019, World Agricultural Supply and Demand Estimates 11/06/2019 e Cogo Inteligência em Agronegócio

Elaborado por Cogo Inteligência em Agronegócio

Carlos Cogo