Repensando a didática

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Repensando a didática RESUMO VEIGA, Ilma P. Alencastro. Repensando a didática. Campinas: papirus. 1994. P. 25-40 O texto apresenta uma retrospectiva histórica da didática em duas divisões. A primeira mostra o período em que a disciplina não fazia parte da formação acadêmica, os primórdios, quando os jesuítas estavam no Brasil. A segunda exibe o caminho percorrido pela Didática desde a década de trinta até os dias atuais. No período colonial, os jesuítas eram os principais educadores e atuaram entre 1549 e 1759. O trabalho deles na educação não podia ser considerado pedagógico e nem se podia constituir uma didática, porque os métodos utilizados eram completamente dogmático e não admitia o pensamento crítico. O ensino priorizava o exercício da memória e era voltado mais para a formação de padres e mestres a fim de manter o poder, assim, nesse primeiro momento da educação no Brasil, embora não tenha se constituído ainda uma pedagogia, a tendência que se aproxima mais da utilizada por eles é a liberal tradicional. Após os jesuítas serem expulso do país não houve grandes movimentos educacionais no Brasil, por exemplo, a nova organização instituída por pombal significou um retrocesso no avanço pedagógico da educação. Nesse sentido, por volta de 1870 o país passou por transformações sócio- econômicas e o estado assumiu a educação, desse modo, o ensino religioso foi totalmente abolido dos currículos escolares, e instituída a escola laica universal e gratuita, cuja tendência pedagógica era essencialmente tradicional, uma didática que separava a teoria e a prática. Em 1930, no período Vargas, foi instituído o Ministério da Educação, em 1932 a escola nova, o ensino comercial e organizada a primeira universidade brasileira para o ensino superior, e, assim, depois de um século, em 1934, a didática foi incluída nos currículos de formação de professores. Neste período, encontrou-se inúmeros problemas para se estabelecer a didática como disciplina, pois estava entre duas influências justapostas: a influências humanistas (representadas pelos católicos) e pela humanista moderna (representada pelos pioneiros). As concepções modernas se baseiam na visão de homem no sentido existencialista, na vida, na atividade etc.; o predomínio do psicológico sobre o lógico; defende princípios democráticos, porém a sociedade era de classes, ou seja, dividida e

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Repensando a didática

RESUMO

VEIGA, Ilma P. Alencastro. Repensando a didática. Campinas: papirus. 1994. P. 25-

40

O texto apresenta uma retrospectiva histórica da didática em duas divisões. A

primeira mostra o período em que a disciplina não fazia parte da formação

acadêmica, os primórdios, quando os jesuítas estavam no Brasil. A segunda exibe o

caminho percorrido pela Didática desde a década de trinta até os dias atuais.

No período colonial, os jesuítas eram os principais educadores e atuaram entre

1549 e 1759. O trabalho deles na educação não podia ser considerado pedagógico

e nem se podia constituir uma didática, porque os métodos utilizados eram

completamente dogmático e não admitia o pensamento crítico. O ensino priorizava

o exercício da memória e era voltado mais para a formação de padres e mestres a

fim de manter o poder, assim, nesse primeiro momento da educação no Brasil,

embora não tenha se constituído ainda uma pedagogia, a tendência que se

aproxima mais da utilizada por eles é a liberal tradicional. Após os jesuítas serem

expulso do país não houve grandes movimentos educacionais no Brasil, por

exemplo, a nova organização instituída por pombal significou um retrocesso no

avanço pedagógico da educação. Nesse sentido, por volta de 1870 o país passou

por transformações sócio-econômicas e o estado assumiu a educação, desse modo,

o ensino religioso foi totalmente abolido dos currículos escolares, e instituída a

escola laica universal e gratuita, cuja tendência pedagógica era essencialmente

tradicional, uma didática que separava a teoria e a prática. Em 1930, no período

Vargas, foi instituído o Ministério da Educação, em 1932 a escola nova, o ensino

comercial e organizada a primeira universidade brasileira para o ensino superior, e,

assim, depois de um século, em 1934, a didática foi incluída nos currículos de

formação de professores. Neste período, encontrou-se inúmeros problemas para se

estabelecer a didática como disciplina, pois estava entre duas influências

justapostas: a influências humanistas (representadas pelos católicos) e pela

humanista moderna (representada pelos pioneiros). As concepções modernas se

baseiam na visão de homem no sentido existencialista, na vida, na atividade etc.; o

predomínio do psicológico sobre o lógico; defende princípios democráticos, porém a

sociedade era de classes, ou seja, dividida e havia o predomínio do dominante

sobre o dominado. Considerando tudo isso, a didática passou a ser entendida como

um conjunto de métodos que privilegiavam a dimensão técnica do processo de

ensino dentro deste contexto técnico - cientifico e propiciou a formação de um novo

perfil de professor: o técnico, assim nesse período prevaleceu mais a tendência

Liberal Tecnicista. Entre o período de 1945 a 1960 houve transformações e lutas

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ideológica, por exemplo, a didática foi desobrigada dos currículo de formação,

houve lutas em torno da oposição entre escola pública e particular. Porém, embora

o ensino da didática tenha ficado em segundo plano, ela continuava obedecendo ao

modelo liberalista que priorizava o ensino técnico. Depois de 1960, houve ainda um

maior retrocesso pedagógico: uma nova resolução tornou a didática mais tecnicista

que desvinculou ainda mais a teoria da prática. Por isso, nos cursos de formação de

professores houve um luta contrária ao ensino técnico que busca uma nova visão e

novos rumos. Atualmente a didática tem encontrado os novos rumos, através de

uma pedagogia crítica que não está centrada nos métodos técnicos, mas procura

envolver o aluno com a sociedade e une a teoria e a prática ampliando a visão de

conhecimento do educando e a visão de ensino do professor. Assim, as tendências

pedagógicas no momento são de cunho progressista, embora não há como ser

totalmente progressista. O ideal é que use também a tradicional e as demais

quando necessário.