RepoR tagem PreParando famílias Para uma sociedade melhor...

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vitória Ano X Nº 119 Julho de 2015 vitória Revista da aRquidiocese de vitóRia - es REPORTAGEM PREPARANDO FAMíLIAS PARA UMA SOCIEDADE MELHOR VAI TER éTICA NO MUTICOM

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vitóriaAno X • Nº 119 • Julho de 2015

vitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

RepoRtagem PreParando famílias Para uma sociedade melhor

Vai ter ética no MuticoM

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arquivix

@arquivix

OSub-Regional ES sedia, neste mês de julho, o 9º Muticom, um encontro nacional de profissionais e agentes de pastoral da área de Comunicação.

Comunicar é algo que está no DNA da pessoa. Com palavras ou sem elas as pessoas comunicam-se o tempo todo. Então quem pode ser chamado de comunicador? Todos, sem dúvida, mas alguns aprofundam as técnicas e as linguagenns capazes de favorecer e facilitar o processo comunicacional. O teste mais eficaz para um comunicador é perguntar-se: estou, com minha comunicação, estabelecendo relações? Se a resposta for sim, a comunicação está no rumo certo. Relações com o mundo, as pessoas, as descobertas, a religião, a cultura. A história, as inovações, você pode reforçar ao ler esta edição. Boa leitura! n

todos comunicadores

editoRial

fale com a gente

maria da luz fernandeseditora

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano X – Edição 119 – Julho/2015Publicação da Arquidiocese de Vitória

entreVistaConvivência e interação aliadas ao amor por Vitória

reportageMPreparando famílias para uma sociedade melhor

aspasEncíclica do Papa Francisco

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini e Rennan Mutz • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

atualidadeContribuições das religiões na rede deenfrentamento e prevenção à violência contra a mulher

esPecialEspiritualidade nas Empresas

economia Política Transporte e qualidade de vida

caminhos da bíbliaQue se elevem as vozes dos bons pastores

carismas religiosos

1124

27

32

3843

05

15

18

21

29

34

17

03 editorial

08 micronotícias

12 ideias

16 esPiritualidade

20 Pensar

22 viver bem

29 entrevista

40 ensinamentos

45 cultura caPixaba

46 acontece

diálogosMuticom uma contribuição para uma cultura do encontro

arquivo memóriaA afilhada do imperador

mundo litúrgicoComo escolher as músicas para o Matrimônio

Pergunte a quem sabe

sugestõesVeias Abertas da América Latina

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atualidade

contribuições das religiões na rede deenfrentamento e prevenção à

violência contra a mulherNo que se refere à violência contra as mulheres,

lamentavelmente, o Espírito Santo ocupa um ranking que não nos enche de orgulho: é o

estado brasileiro com maior taxa de homicídio femi-nino, ocupando Vitória, sua capital, também o topo do ranking das capitais brasileiras com maior taxa de homicídio feminino. Quando o universo da pesquisa se concentra nas cidades brasileiras com mais de 26 mil mulheres, o município de Serra ocupa o 7º lugar no ranking, no período de 2008 a 2010. Esses números fazem parte do Levantamento do Mapa da Violência no Brasil*, que constatou que nos últimos 30 anos foram assassinadas mais de 92 mil mulheres, sendo 43,7 mil só na última década. O nú-

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atualidade

mulher o uso da força física, psico-lógica ou intelectual para obrigá-la a fazer algo que não é de sua vontade, tolhendo a liberdade, incomodando e impedindo-a de manifestar seu desejo, sob pena de ser gravemente ameaçada ou até mesmo espancada, lesionada ou morta. Um dos instrumentos de proteção e enfrentamento à violência contra a mulher foi a instituição da Lei Maria da Penha (Lei nº 11340,de 07/08/2006) que define cinco formas de agressão como violência doméstica e familiar: psicológica, física, moral, patrimonial e sexual. Entretanto, estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avaliou a relação dessa lei sobre a mor-talidade de mulheres por agressões, e constatou-se que não houve redução das taxas, comparando-se os períodos antes e depois da vigência da Lei. É de dentro desse cenário triste, violento e desafiador que nasce a per-gunta: qual a contribuição das religiões

mero de mortes nesse período passou de 1.353 para 4.465, o que representa um aumento de 230%, mais que tri-plicando o quantitativo de mulheres vítimas de assassinato no país. Além dos tristes dados que tra-tam dos homicídios, outro dado re-velador nos causa constrangimento e dor: a cada 15 segundos, uma mulher sofre violência no país, sendo 43% em ambiente doméstico. É a violên-cia se manifestando dentro de casa, envolvendo pessoas conhecidas, da intimidade, familiares, companheiros ou maridos. São números alarmantes, que nos desafiam a pensar sobre as causas e as ações possíveis de serem realizadas para conter essa realidade ceifadora de vidas. As altas taxas de incidência de violência contra as mulheres são um fenômeno que mostram o quanto são desiguais e injustas as relações entre mulheres e homens. Mesmo quando a vítima da violência é criança ou adolescente, as meninas aparecem em número maior que os meninos (em algumas pesquisas, cerca de 9 meninas para 1 menino). Infelizmente, é a herança hedionda de uma socie-dade patriarcal, que por muito tempo defendeu a ideia da naturalização de tal violência, cabendo ao homem do-minar, controlar e disciplinar a mulher. Do ponto de vista conceitual, a violência contra a mulher é uma ex-pressão usada para se referir à violação dos direitos humanos das mulheres. Assim, constitui violência contra a

“Mesmo quando a vítima da violência é criança ou adolescente, as meninas aparecem em número maior que os meninos (em algumas pesquisas, cerca de 9 meninas para 1 menino).

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lizadas para se comunicar com o Sa-grado (“Imagens de Deus que refle-tem a experiência masculina, que são imagens masculinas, como Pai, Rei, Senhor, Juiz... a metáfora masculina para Deus imprime um gênero para o Sagrado, dando supremacia a esta forma de nomear a divindade. Torna-se uma tarefa desafiadora, então, falar de Deus como mistério, como força presente na vida cotidiana das pessoas. Há infinidade de imagens – femininas, ou não - na Bíblia. E no fim, há que sempre considerar que a nossa capaci-dade humana de traduzir em palavras e linguagem sempre será limitada. Deus é maior e mais do que o nosso discurso” - Pastora Elaine Neuenfeldt da IECLB), até as relações de poder institucionais, onde são dados papéis e valores diferenciados às mulheres, deixando-as em condição de inferio-ridade. Um ponto de partida será a des-construção das ideias e ações que reforçam as desigualdades entre mu-lheres e homens na experiência com o Sagrado para que possam nascer novas experiências que fomentem, verdadeiramente, a cultura da paz, que gerem os valores necessários à preservação e valorização da vida com dignidade, objetivo proclamado por todas as religiões. n

na rede de enfrentamento e prevenção à violência contra a mulher? Parte da resposta, acreditamos, está inserida na pergunta. É preciso a constituição de uma REDE DE PARCERIA entre as diversas religiões. E isso passa, neces-sariamente, pela aproximação e pelo diálogo, na busca de ações comuns para o enfrentamento da questão. Um desafio primeiro é o reconhe-cimento de que, também no âmbito das igrejas, comunidades e grupos, a realidade da violência contra a mulher se faz presente. É preciso coragem para reconhecer isso e, mais ainda, coragem para analisar, perceber e assumir que algumas formas e práticas como se vivenciam a espiritualidade e a relação com o Sagrado, nas religiões, podem contribuir para manter, justificar e dar nexo às desigualdades entre mulheres e homens, principal fator gerador da violência. Essa análise precisa englobar desde a linguagem e expressões uti-

Rev. eliane Brêda pastora da igreja presbiteriana do iBeS-ipu

“É precisO a

cONstituiçãO

de uma rede de

parceria eNtre

as diversas

religiões. e issO

passa, Neces-

sariameNte,

pela

aprOximaçãO e

pelO diálOgO,

Na busca de

ações cOmuNs

para O

eNfreNtameNtO

da questãO.”

*disponível no site da Secretaria de políticas publicas para as mulheres - www.spm.gov.br.

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Bora de bikeUm novo aplicativo de celular para ci-clistas foi desenvolvido por alunos de uma faculdade em São Paulo. O “Bora de Bike” indica rotas e locais com infraestrutura ciclísticas. O aplicati-vo ainda oferece informações sobre locais para consertos, estabelecimen-tos com estacionamento e condições climáticas. No chat, os usuários tam-bém podem compartilhar informações diversas sobre bikes.

Uma alemã de 102 anos tornou-se a pessoa mais velha do mundo a receber um doutorado, quase 80 anos depois de o regime nazista tê-la impedido de prestar o último exame. A Universidade de Hamburgo quis corrigir a injustiça e deixou-a defender a sua tese sobre a difteria, doen-ça que então era um sério problema na Alemanha.

Hortas urbanasEm Valência, na Espa-nha, o poder público está sendo reconhecido inter-nacionalmente por uma ação inteligente e sus-tentável: a cidade está criando hortas urbanas em terrenos públicos antes abandonados para que esses espaços tenham um novo signi-ficado e sejam utilizados pela população para o cultivo de alimentos orgânicos. Tudo o que é produzido deve ser consumido pelo produ-tor, pela comunidade ou deve ser doado a insti-tuições de caridade.

micRonotíciaS

Menos agrotóxicoPara ajudar os consumidores a encontrarem lugares que comercializam alimentos produzidos sem agrotóxicos o Instituto de Defesa do Consumidor criou o Mapa de Feiras Orgânicas. A ferramenta gratuita reúne endereços de feiras orgânicas e agro-ecológicas, grupos de consumo responsável, produtores e agricultores orgânicos e associações e cooperativas de produtores orgânicos espalhados por todo o Brasil. Os usuários também podem adicionar novos locais. Acesse: feirasorganicas.idec.org.br

Doutoraapós 80 anos

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acampamento tecnológico

Brasilno top 10

Doa-se

Uma barraca que aproveita os raios solares para ge-rar eletricidade foi recen-temente desenvolvida no Reino Unido. A solução utiliza energia renovável, regulando as temperaturas internas e permitindo que celulares sejam carrega-dos. Além disso, o acesso à internet é garantido na barraca.

Metade das 10 melhores universidades

da América Latina é brasileira, segun-

do indicou a empresa britânica espe-

cializada em avaliação educacional

Quacquarelli Symonds. Quem lidera o

ranking é a USP, seguida da Unicamp.

As outras três presentes no Top 10

são a Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ), a Unesp e a UNB.

Cidadãos comuns foram convidados a colocar em seus carros um adesivo com a palavra ‘Doa-se’, em alusão aos anúncios de ‘Vende-se’. Ao se aproximar, é possível visualizar contatos de hemocentros e hospitais. A ação foi criada por dois publi-citários, que resolveram usar a criatividade para incentivar a doação de sangue.

Hora do café!Já imaginou ser acordado por um despertador que libera cheiro de café ou de pão quentinho? É essa a ideia por trás do SensorWake, um despertador que promete transmitir felicidade aos usuários através da memória olfativa na hora de acordá-los. O SensorWake já foi testado por 100 pessoas e 99 delas acordaram em até três minutos de liberação do aroma.

sentido retomadoCientistas da Áustria criaram uma perna arti-ficial que permite que o amputado volte a ter sensações semelhantes ao tato em seu pé. O pesquisador Hubert Egger, da Universidade

de Linz, explica que sensores presos na pal-milha do “pé” artificial estimulam nervos na base do coto - a parte do membro que ficou após a amputação.

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eSpecial

Sidemberg Rodrigues é palestrante e autor de quatro livros em que defende gestões públicas e privadas que priorizem a espiritualidade como a única solução para o mundo.

espiritualidade nas empresas

“aespiritualidade é um espaço dentro do corpo, onde aquilo

que não existe, existe.” A es-critora Adélia Prado talvez não soubesse que, em tempos de extremo individualismo, exa-cerbação do consumo e de uma ganância descabida, que migrou o sistema econômico mundial do status de antropofágico para au-tofágico, esse “espaço dentro do corpo” tornar-se-ia uma grande lacuna, que nenhuma produção capitalista seria capaz de preen-cher. E, por isso, grande parte da humanidade perder-se-ia na ilusão de propostas traiçoeiras, expressas pela acumulação ex-cessiva, pela corrupção, pela omissão e por tantas outras for-mas de se fugir da felicidade autêntica e da paz. E a mídia e a tecnologia ainda se tornaram servas interesseiras do capita-lismo informacional. A falta de foco na vida passou a responder por um paradigma cruel e ex-cludente. Com isso, fome e de-semprego; miséria e sofrimento. Percebe-se, também, que além dos sérios desequilíbrios econô-micos que resultam em graves desigualdades sociais, há uma insatisfação generalizada, que se avoluma desde que o homem

perdeu o interesse pela busca de um propósito mais amplo e nobre para sua vida, relegando o que tem de melhor: sua “essên-cia divina”. Sendo as empresas a viabilidade econômica da vida em sociedade, urge que atentem ao resgate do que pode ser a sal-vação das gestões: um retorno às coisas de Deus. Com isso, deixar de olhar o trabalhador como um custo fixo e descartável. Promo-ver climas organizacionais mais saudáveis, onde a crença em um divino expanda as perspectivas de sentido para a vida. Respeitar a diversidade, pois nossos va-lores são feitos de diferenças. Lançar um olhar compassivo para dentro e para fora das or-ganizações, indo encontrar os que sofrem ou que precisam de comida, casa ou de um sim-ples ombro. Assim, fortalecer sentimentos esquecidos como a solidariedade, a fraternidade e a compaixão. Lembrar que o amor ao próximo e a paz podem fazer com que um ambiente de traba-lho torne-se mais leve e favoreça a inovação, pois ela apontará caminhos de sobrevivência até mesmo para as organizações, que hoje patinam sem sequer compreender os mercados onde atuam. Uma visão mais espiri-

tualizada poderá enxergar que existem famílias atrás dos traba-lhadores. E que, sem emprego e renda, as possibilidades de uma vida equilibrada são diluídas nas mandíbulas dos que querem lucro a qualquer custo. Urge o resgate ao menos da sensibi-lidade e do senso crítico que todos perdemos, nos esquecendo de que a vida pressupõe o bem estar social para seu equilíbrio. As empresas já não conseguem lucros estratosféricos e confun-dem uma “crise de valores” com uma “crise econômica”. E conti-nuam errando, pois ignoram que a solução não está nas coisas da terra, mas na visão holística dos poucos empresários que ainda olham para o céu. Não é mais possível explorar para prospe-rar! Daí a urgência em trazer um pouco de Deus ao coração das gestões, para, no mínimo, permitir o humanismo nas re-lações e no trato com todas as formas de vida. Afinal, tudo me-rece existir! Abramos o livro da Adélia... ou fechemos os olhos à nossa própria salvação. n

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ideiaS

uma palavra sobre a vida é o que eu queria agora, uma que fosse capaz de traduzir

a força e a beleza dos momentos em que nos conectamos de modo genuíno e puro com as fontes da vida. Mas a palavra talvez tenha que ser substituída por uma cena para expressar melhor a beleza e singeleza desses momentos. Uma cena que marque a importância e a necessidade de favorecer, de buscar, de promover a reconexão da vida com a vida. E isto para que o júbilo de viver se expanda, e se expanda por ações de generosidade, desapego e beleza. E a cena que me ocorre é a da minha avó Ignês em sua ampla horta atravessada por um pequeno córrego. Vejo-a vividamente ali onde ela se

Levantai uma pedra e me

“aBatiDos peLa ânsia De serMos feLizes peLa superfície, peLa

peDra, peLa posse, peLo acúMuLo perDeMos a conexão coM as

poDerosas forças sutis, suaves e

cONstitutivas da vida, as que estãO lOgO ali...

ali aONde Os OlhOs aiNda precisam ir. ”

fazia outra. Uma energia boa lhe atravessava as cordas da alma, e uma sonoridade nova lhe fazia vibrar desde a retina dos seus afetuosos olhos - que mais afetuosos ficavam - até as oficinas de carinho que se colocavam em funcionamento em todo o seu ser. Ali ela se refazia, se endireitava, se esquecia das dores, e afetava-nos com essa energia boa. Talvez isso nem acontecesse nela particularmente, mas em mim. Ou talvez aquele recanto ao pé de imensa montanha de granito conden-sasse pela sua beleza e recondidez uma força que nos afetasse a todos. Não importa. O que importa é que precisamos desses momentos para que nos experimentemos como uma bonita manifestação da vida, e para que percebamos que o seu benéfico

poder nos atraves-sa, capacitando-nos como agentes de transformação das realidades. As possibili-dades de vivermos esses momentos são muitas e po-dem ocorrer, por exemplo, na con-

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achareistemplação de uma paisagem a partir de um mirante qualquer, na experiência de ajeitar uma muda de planta num pequeno vaso, no envolver-se com uma criança em suas brincadeiras, e em muitas outras situações que o mais comum dos dias sempre nos oferece. No entanto, muitas chances são desperdiçadas, e assim acontece porque estamos sobrecarregados de necessida-des e de coisas, sobrecarga que nos rouba o tempo e nos embota as sensibilidades. E por que as conexões com a vida, na maioria das vezes, se dão pela aproximação dos eventos mais básicos, mais na-turais e simples? Porque somos água, terra, luz e ar contraídos. E quando nos vemos de braços abertos sobre um monte con-tra o vento nos reconhecemos naquilo que somos. E quan-do lavamos o rosto numa bica singela em alguma caminhada por um cenário rural qualquer nos reconhecemos naquilo que somos. Por quê? Porque nas forças externas reconhecemos as mesmas que estão contra-ídas em nós. Contemplamo--nos jubilosamente naquilo

que contraímos em nós e do qual procedemos. Bom é lem-brar nossa criação do barro, do barranco do riacho que está no centro do jardim, como nos fala o Gênesis. Decerto falar disso se dá porque andamos perdendo as conexões com a vida, as ge-nuínas conexões, aquelas que fazem com que todo o corpo e alma vibrem. Muitas superfí-cies vão nos cobrindo, nenhuma delas se soma em produções de dobras e redobras de vida. Tomamo-nos de surpresa ao nos vermos desvitalizados, tristes, assustados, superficiais. O que nos acontece? As realidades nos

mortificam. Mortificados nos tornamos também agentes do mesmo processo. E nos agar-ramos às coisas, às superfícies. Esquecemos que o que nos torna felizes são as realidades ima-teriais. Levantai uma pedra e me achareis, diz o evangelho apócrifo de Tomé. Abatidos pela ânsia de sermos felizes pela superfície, pela pedra, pela posse, pelo acúmulo perdemos a conexão com as poderosas forças sutis, suaves e constitu-tivas da vida, as que estão logo ali... ali aonde os olhos ainda precisam ir. n

dauri Batisti

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transporte e qualidade de vida

economia política

arlindo Vilaschiprofessor de economia da ufes

para facilitar a circulação do fascinante objeto de desejo chamado automóvel. Aí, esbarra-se com o imaginário social – alimentado por custosas campanhas publicitárias - segundo o qual, o uso indiscriminado do automóvel é símbolo de progresso. A isso, precisa ser contraposto o argu-mento da sustentabilidade econômica - é impossível o crescimento permanente dos es-paços de circulação voltados para pouco mais

de uma pessoa por veículo; e ambiental - o automóvel está para a cidade, assim como o cigarro está para o corpo huma-no. Esse argumento consensual precisa resultar em ações. Uma delas deve expressar a prioridade para vias exclusivas para ôni-

bus e para mais e melhores abrigos, por exemplo. A outra deve voltar-se para a co-brança do real custo social da circulação de automóveis de uso individual. Isso pode ser obtido através da cobrança de estacionamento e pedágios mais elevados, por um lado; e, por outro, pela transferência do ônus de con-gestionamentos para os usuários de veículos individuais, através do estabelecimento de faixas exclusivas para o transporte público de passageiros e para veículos de serviços do interesse da coletividade. Ações nessas direções podem contribuir para a equidade social e a qualidade de vida na Grande Vitória de hoje e do futuro. n

qualquer iniciativa voltada para a qualidade de vida na Grande Vitória precisa contemplar e operacionalizar

ações em duas direções complementares. Na primeira, responder à necessidade de mais atenção para com o adensamento em vários pontos da região metropolitana. A acelera-ção de construção de prédios residenciais e comerciais em terrenos até pouco tempo vazios ou ocupados por uma única habitação

ou estabelecimento comercial, precisa ser mais e melhor discutida. Em segundo lugar, o poder público precisa priorizar ações voltadas para a cir-culação da maioria da população. No uso das principais ruas e avenidas da Grande Vitória e nos investimentos públicos há que se priorizar aqui, a exemplo das principais cidades do mundo, pedestres e os veículos de uso coletivo. Essa opção preferencial pela manuten-ção/ampliação da qualidade de vida na região metropolitana e por uma circulação que seja sustentável a curto, médio e longo prazos, precisa transpor barreiras políticas. A priori-dade para o transporte público de passageiros só se concretiza se for abandonada a longa história de investimentos públicos voltados

“a priOridade para O traNspOrte públicO de

passageirOs só se cONcretiza se fOr abaNdONada

a lONga história de iNvestimeNtOs públicOs

VoLtaDos para faciLitar a circuLação Do fascinante oBjeto De Desejo

cHaMaDo autoMóVeL.”

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eSpiRitualidade

dom Rubens Sevilha, ocdBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

igreja não é empresa

viamente, com firmeza para pôr limites em determinadas situações. As pessoas problemáticas também fazem parte da família de Deus. Elas não devem ser expulsas, mas, por outro lado, elas não podem dominar e es-tragar uma comunidade inteira. O amor cristão, em algumas situações, implica em ser firme e colocar limites às pessoas problemáticas. Acontece, infe-lizmente, que alguns fiéis não querem assumir compromissos

q uando um funcioná-rio começa a causar problemas para a em-

presa, ele é despedido. Alguns membros da Igreja, quando se deparam com pessoas da comunidade eclesial que criam problemas, querem aplicar o mesmo remédio ou punição que as empresas realizam, isto é, mandar embora a pessoa que atrapalha o grupo. Alguns vêem os coorde-nadores, padres e bispos como “diretores da empresa” e diante deles desfiam uma ladainha de defeitos e problemas que alguns irmãos causam na co-munidade eclesial e, no final, o que eles desejam pedir é: expulsem essas pessoas da comunidade, pois elas atra-palham. A nossa resposta é com uma pergunta: “na sua famí-lia, quando alguém dá algum problema, vocês o expulsam de casa e o jogam no meio da rua?”. Claro que não! A Igreja não é uma empresa. A Igreja é uma família: é a família de Deus. Também na comunidade eclesial devemos amar os irmãos problemáticos com muita paciência, perdão, tolerância, misericórdia e, ob-

“a igreja não é uMa eMpresa. a igreja é uMa faMíLia: é a faMíLiaDe Deus. tambÉm Na cOmuNidade eclesial

devemOs amar Os irmãOs prOblemáticOs

cOm muita paciêNcia, perdãO, tOlerâNcia,

misericórdia e, ObviameNte, cOm firmeza para

pôr limites em determiNadas situações.”

nas comunidades eclesiais e empurram os trabalhos para pessoas problemáticas que possuem o triste dom da lide-rança ruim. E a confusão está armada! Quem é o culpado pelo conflito: a comunidade omissa que permitiu a atuação da liderança ruim ou a pessoa problemática que assumiu uma responsabilidade que ela não tem condições de executar? Ambas são culpadas. Na casa do Pai do filho pródigo havia lugar para ambos os filhos. Tanto o filho pro-blemático como o filho mais velho “bonzinho” possuíam um lugar no coração do Pai. Afi-nal, quem precisa do médico é o irmão doente, não o sadio, assim nos ensinou o Mestre (Lc 5, 31). n

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aSpaS

encíclica do papa franciscoLaudato Si – Louvado sejas!

A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos.

O impacto dos desequilíbrios atuais manifesta-se também na morte prematura de muitos pobres, nos conflitos gerados pela falta de recursos e em muitos outros problemas que não têm espaço suficiente nas agendas mundiais.

Mas, hoje, não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres.

A cultura ecológica não se pode reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição. Deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático.

Qual é o lugar da política? Recordemos o princípio da subsidiariedade, que dá liberdade para o desenvolvimento das capacidades presentes a todos os níveis, mas simultaneamente exige mais responsabilidade pelo bem comum a quem tem mais poder.

Desejo propor aos cristãos algumas linhas de espiritualidade ecológica que nascem das convicções da nossa fé, pois aquilo que o Evangelho nos ensina tem consequências no nosso modo de pensar, sentir e viver. Não se trata tanto de propor ideias, como sobretudo falar das motivações que derivam da espiritualidade para alimentar uma paixão pelo cuidado do mundo.

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paz de dar a vida pelas ovelhas, já o mercenário, que não é pastor, diante do perigo foge deixando as ovelhas desprotegidas e vulneráveis. Tais figuras bebem e são forjadas na experiên-cia de fé do Povo de Deus, nelas são vislumbradas as suas mais profundas esperanças e anseios, bem como as suas maiores decepções e medos. Pelo Bom Pastor o povo de Deus é acolhido e cuida-do, ouvido e atentamente conduzido ao melhor de si, à vida plena. Quando o povo cai nas mãos dos mercenários é depredado e deixado à mercê de sua própria sorte, expropriado de suas riquezas e belezas, perdendo o que tem de melhor, os seus sonhos

caminhoS da BíBlia

A liturgia católica, bebendo na fonte dos tex-tos Sagrados, mais espe-cificamente no Evangelho de João, durante o período Pascal concluído com a Solenidade de Pentecos-tes, apresenta a imagem luminosa do Bom Pastor,

bons pastoresQue se elevem as vozes dos

aquele que toma para si o cuidado das ovelhas. Em contraste com essa figura, de grande força e simbo-lismo, aparece também a sombra do mercenário, aquele que não sendo o Pastor das ovelhas, não tem uma preocupação e nem mesmo o cuidado para com elas. O Bom Pastor, por sua vez, é ca-

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pe. andherson franklin, professor de Sagrada escritura no iftaV e doutor em Sagrada escritura

e projetos, e, inclusive, a garantia de uma vida plena. Em tempos onde no horizonte impresso dos jornais cotidianos, no li-miar das telas planas dos televisores e nas vozes vigorosas que percor-rem as longas ondas do rádio e no emaranhado das redes sociais encontramos rios de palavras como: corrupção, desvio de verbas públi-cas, superlotação em hospitais e cadeias, violên-c ia e morte . . . Nos deparamos com as imagens do Bom Pastor e dos mercenários, cami-nhando lado a lado, am-bas procurando chamar a atenção das ovelhas, a fim de que sejam atraídas por sua voz e os sigam. Segundo o texto bíblico, a diferença entre os dois convites está no fato de que as ovelhas seriam capazes de distinguir as

de chegada, é o lugar onde o Bom Pastor deseja con-duzir seu rebanho, mas para chegar lá as ovelhas precisam saber escolher a que voz seguir. Que as vozes dos bons pastores se façam ouvir, calando as vozes dos mercenários, a fim de que não vença a desilusão que pode corroer

a esperança e a apatia, tor-nando corriqueiro o desca-so. Que o vigor da verdade conduza ao sonho de olhos abertos e a construção de pontes sobre os longos rios que tentam submergir a verdade, a justiça, o bem e a beleza. n

vozes dos estranhos, que não são pastores, e a essas elas não seguiriam. Um ouvido apurado e uma percepção aguçada, algo tão necessário nesses tempos desafiadores, são como chaves para se abri-rem portas novas, em meio a lacunas tão pequenas. Faz-se urgente despertar

tal capacidade de se distin-guir as vozes, de ser capaz de perceber as diferenças entre aqueles que desejam conduzir a vida e aque-les que querem somente roubar e destruir. Quan-do a imagem bíblica toca a vida e a ilumina ganha contornos reais e serve de parâmetro para as escolhas e decisões a serem toma-das. A vida plena é o ponto

“a vida pleNa É O pONtO de chegada, É O

lugar ONde O bOm pastOr deseja cONduzir

seu rebaNhO, Mas para cHegar Lá as oVeLHas precisaM saBer escoLHer a Que Voz seguir.”

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Foto

: Arq

uivo

pes

soal

penSaR

“a mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. dorme com ele, dá-lhe banho, veste-o, embala-o de noite. contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.

Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. mora em outra casa. traz presentes. faz coisas não programadas. leva a passear, “não ralha nunca”. deixa lambuzar de pirulito.

não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia”.

Rachel Queiróz

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caRiSmaS ReligioSoS

Missionários do sagrado coração

irmãs de jesus na eucaristia

Missionárias de cristo

“os religiosos e as religiosas, como todas as outras pessoas consagradas, são chamados a ser ‘peritos em comunhão’. assim, espero que a ‘espiritualidade da comunhão’, indicada por são João Paulo ii, se torne realidade e que vós estejais na vanguarda abraçando ‘o grande desafio que nos espera’ neste novo milênio: ‘fazer da igreja a casa e a escola da comunhão’”. (Papa francisco, carta apostólica para Proclamação do ano da vida consagrada) atividades missionárias, sociais, espiritualidade eucarística são algumas marcas das congregações que iremos conhecer este mês.

“Amado seja por toda parte o Sagrado Coração de Je-sus! Eternamente!”. Este foi o lema de vida do Pe. Júlio Chevalier, que fundou os Missionários do Sagra-

do Coração no ano de 1854. Os MSC de-senvolvem seu apostolado nos

trabalhos paroquiais e diver-sas atividades pastorais, sen-do sinal do amor de Deus. Na Arquidiocese de Vitória, eles estão presentes desde o ano de 2008 na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Vila Velha.

jesuítasA Companhia de Jesus tem uma profunda história com o Espírito Santo, pois os jesuítas estão pre-sentes desde o início da colonização do estado, onde se destacou São José de Anchieta. A congregação fundada por Inácio de Loyola no século XVI tem como carisma o serviço da fé, a promoção da jus-tiça, o diálogo interreligioso e o contato com a cultura moderna. Atualmente, cuidam da Paróquia Nossa Senhora da Assunção e do Santuário Nacional São José de Anchieta, em Anchieta.

As irmãs Missionárias de Cristo partilham a fé e a vida do povo, participando de suas lutas, buscando juntar forças e promovendo o direito de viver em dignidade. Esta congrega-ção foi fundada por um padre Missionário do Sagrado Co-ração, o Pe. Christian Moser, em 1956, na Alemanha. Na Arquidiocese atuam nos ser-viços pastorais e sociais da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Vila Velha, e Nossa Senhora da Penha, Flexal II, Cariacica.

marcus tullius

Uma congregação capixaba! Cachoeiro de Itapemirim foi o lugar escolhido para que Madre Gertrudes de São José fundasse a Congregação das Irmãs de Jesus na Eucaristia, no ano de 1927. Cada irmã deve viver em comunhão com Deus, com a Igreja e com sua comunidade, fazendo do mistério Eucarístico o ponto vital da espiritualidade e do Carisma. Em nossa Arquidiocese elas possuem quatro comunidades religiosas nos municípios de Vitória, Vila Velha e Cariacica, desenvolvendo trabalhos pastorais e sociais, além de uma casa para realização de encontros.

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ViVeR Bem

“existem muitas iNfOrmações sedutOras NãO

cONfiáveis Nas dietas “milagrOsas”, poréM não existe uM único aLiMento

coMpLeto nutricionaLMente.”

atualmente observa-se crescente o número de indivíduos que por

“culto ao corpo” arriscam--se na adoção de condutas irregulares em relação à ali-mentação, seja por iniciativa própria ou por incentivo e orientação de pessoas e/ou profissionais não habilitados para tal conduta. As dietas da

podem afetar completamente o funcionamento regular do metabolismo humano. Dentre os perigos do uso indiscri-minado de dietas da moda e suplementações encontram-se: carências ou sobrecargas nu-tricionais, inibição da masti-gação que impede a liberação de hormônios essenciais na perda de peso, desconforto gástrico, desidratação, insta-bilidade de humor, redução de massa magra, dislipidemias, constipação intestinal, e di-versas outras consequências que culminam na aquisição de doenças como Bulimia, Ano-

moda apresentam-se altamente restritivas e radicais. Quando associadas ao consumo de su-plementos, prometem o acele-ramento do processo desejado. Inicialmente estas alternativas podem apresentar resultados favoráveis, no entanto extre-mamente suscetíveis a quadros de deficiência ou excesso de nutrientes e compostos que

as dietas da moda e a dieta

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Braunea Victórionutricionista especialista em gestão de alimentos e alimentação coletiva

rexia, Desnutrição, Anemia, entre outras, com evoluções que colocam em risco a saúde humana. Os cardápios radicais também sobrecarregam órgãos importantíssimos como fíga-do e rins comprometendo seu bom funcionamento. Existem muitas informa-ções sedutoras não confiáveis nas dietas “milagrosas”, po-rém não existe um único ali-mento completo nutricional-mente. Cada alimento possui suas propriedades individuais, sendo necessária a variedade de alimentos para composição de refeições harmônicas do ponto de vista nutricional. Pessoas adeptas a ali-mentação saudável são menos suscetíveis à infecções por

baixa imunidade e costumam apresentar-se mais dispostas às atividades diárias. Dentre outras vantagens, há também menor risco de adquirir as Do-enças Crônicas Não Transmis-síveis (DCNT) como Diabetes e Hipertensão. Os indivíduos que já possuem essas doenças instaladas, conseguem obter melhor qualidade de vida quando inserem opções sau-dáveis no cotidiano diário. A adesão ao estilo de vida saudável requer reeducação alimentar que proporcione de fato mudança de compor-tamento. Este processo só é possível quando orientado e acompanhado por profissional habilitado da Nutrição. Este processo contempla resulta-

dos ainda melhores quando associados à atividade física regular orientada. Portanto observa-se que não há retorno positivo à saúde sem que haja comprometimen-to com os hábitos saudáveis através do consumo alimentar devidamente definido com um planejamento alimentar balan-ceado, harmônico e equilibra-do nutricionalmente. Sem dúvida a melhor op-ção é a adoção de um estilo de vida saudável, acompanhado por profissional habilitado, associado à atividade física regular. Pense nisso... n

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diálogoS Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

Muticom: uma contribuição p ara uma cultura do encontro

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Nossas atenções se voltam, neste mês, para o Mu-

ticom. A CNBB, há al-gum tempo, vem tomando consciência da importân-cia dos Meios de Comuni-cação Social, como instru-mentos importantes para o anúncio do Evangelho. Desde o início da divul-gação das emissoras de rádio no mundo, a Igreja Católica percebeu que se tratava de uma via nova para evangelizar os povos. Surgiram muitas emisso-ras em nosso país, adqui-ridas pelas arquidioceses, dioceses e paróquias. Não bastavam os serviços dos alto falantes postados em lugares estratégicos para a boa comunicação. O espírito criativo de muitos padres e mis-

sionários chegava a fazer conexão entre a emissora e o megafone recepcionado pelo rádio de pilha, utili-zados nas festas religiosas e procissões. Já com os Canais de TV, poucas ar-quidioceses e Ordens Re-ligiosas se aventuraram a assumir este novo modo de comunicar. A comunica-ção da Igreja Católica pela TV no Brasil começou há apenas 20 anos. Aos poucos, os arau-tos deste novo jeito de co-municar, vão acertando os passos de um atraso de décadas, experimentan-do que, para comunicar--se bem, precisa-se de amadurecimento técnico competente e investimento monetário nesta área. Hoje, vivemos uma verdadeira revolução no

campo da Comunicação. Jornais, revistas e TVs precisam atualizar-se no novo mundo virtual. A Igreja está muito mais de-cidida a fazer parte desta maneira de comunicar. Os três últimos Pontífices en-traram nesta empreitada evangelizadora. Não pode-mos perder tempo e espaço no desafio de anunciar o Evangelho com eficiência e na linguagem de nosso tempo! Contudo, neste inten-so desejo de comunicação, não podemos perder de vista nosso objetivo funda-mental. O que desejamos alcançar com a nossa co-municação? A primeira resposta é sem dúvida o anúncio da Boa Nova que temos a comunicar para toda a humanidade. Po-

rém, queremos mais do que anunciar a Boa Notícia ou Evangelho. Queremos ajudar a humanidade a reencontrar a sua origem através do acolhimento da Boa Nova. A humanida-de precisa descobrir que a origem de sua vida está em Deus Amor. Ao descobrir a sua origem de vida ela também poderá dar o pas-so seguinte: dirigir-se ao seu destino. A humanidade só descansará no Encontro com o seu destino: Deus Amor! Ora, o sentido e a tare-fa da comunicação é, sem dúvida, ajudar as pessoas a descobrirem e optarem para o Caminho da Co-munhão com a Santíssi-ma Trindade. O Ponto de partida da humanidade é a Trindade e o ápice de sua caminhada é a Trindade. A CNBB, ciente de sua missão de animar e aprofundar a ação evange-lizadora da Igreja no Bra-sil, enquanto Conferência Episcopal, intuiu que o “Muticom” poderia ser um excelente instrumento no contexto histórico em que surgiu e continua acredi-

“sOlidariedade e cOmuNhãO de pessOas! Nada mais

aprOpriadO para a igreja, pOssuidOra desta experiêNcia

tradiciONal, que traduzi-la para O seu NOvO lugar de

aNúNciO dO evaNgelhO, O muNdO virtual. Mutirão nacionaL Da coMunicação!”

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Muticom: uma contribuição p ara uma cultura do encontro

revista vitória I Julho/201525

virtual. Mutirão Nacional da Comunicação! O Santo Padre recomenda a todos nós que cultivemos a cul-tura do encontro. A Igre ja prec isa recuperar o tempo que já perdeu no mundo da comunicação tecnológi-ca inserindo-se no mun-do virtual e abrindo um campo novo no seu dever missionário que é ser ins-

trumento de Cristo para que tudo seja restaurado, como nos diz o grande comunicador São Paulo: “Restaurar tudo em Cris-to”! (Ef 1, 10) E es ta inserção consegue-se entrando no ambiente virtual com competência e amor. O 9º “Muticom” está preo-cupado com a ética nas comunicações, no meio e

tando nele para mobilizar e estimular os comunica-dores no aprendizado e/ou aprofundamento da Boa Comunicação. A palavra “Muticom” é composta da junção de duas outras, “Mutirão” e “Comunicação”. “Muti-rão” tem sua origem na experiência rural, quando os pequenos proprietários vizinhos se uniam para fa-zer as colheitas de uma plantação ou mesmo para construir uma “casa de adobo” ou “pau a pique”. Este gesto de solidariedade era coroado com uma bela festa entre os participan-tes do mutirão solidário. Porém, esta experiência rural urbanizou-se nas pe-riferias das cidades, seja na construção de casas, seja para a edificação de Igrejas. Tornou-se uma rica experiência no seu sentido e no seu gesto expressivo. Solidarieda-de e comunhão de pesso-as! Nada mais apropriado para a Igreja, possuidora desta experiência tradicio-nal, que traduzi-la para o seu novo lugar de anúncio do Evangelho, o mundo

em tempos de verdadeira crise ética que a humani-dade vem passando. Nada mais oportuno, em vista da Comunhão, refletir e pro-vocar na mídia a urgência de uma opção pela ética ao fazermos comunicação. Sejam todos bem vindos, e possamos realizar um grande Encontro com nota marcante em favor de uma cultura do Encontro! n

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dom Pedro II, imperador do Brasil, acompanhado da imperatriz Tereza Cristina visitou o Espírito Santo no ano de 1860. O próprio Pedro II fez várias anotações

e desenhos em seu diário relatando essa viagem. O itinerário de Sua Majestade: a nova e a velha capital (Vitória e Vila Velha), as colônias de Santa Leopoldina e Santa Isabel; as vilas de Viana, Serra, Santa Cruz e Reis Magos; o Rio Doce (Linhares e Lagoa Juparanã). Também esteve em Guarapari, Benevente, Itapemirim e Rio Novo. Encontramos em nossos arquivos alguns vestígios dessa visita do Imperador Dom Pedro II. Um dos mais interessantes e inusitados é um registro de Batismo de uma criança, na então Colônia de Santa Isabel, Domingos Martins. A afilha-da de Dom Pedro II chamava-se Clara Margaretha, filha de Gustavo Bungestab e de Maria Bastian, nasceu e foi batizada no dia 30 de janeiro de 1860. n

aRquiVo e memóRia

giovanna Valfrécoordenação do cedoc

a afilhada do imperador

no espaço reservado ao nome do padrinho está escrito s.M.o imperador Dom pedro ii. o batismo foi celebrado por frei pedro

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15 de julho de 2015

Pe. Gildásio Mendes19h - Palestra de abertura: Ética nas comunicações

Quarta-feira

16 de julho de 2015

doM Gebhard Fürst8h40 - Internet e Rede Sociais

elizabeth barros9h - A comunicação social e a construção ética do indivíduo

doM leoMar brustolin10h30 - A era da desentermediação: o senso religioso contemporâneo

Quinta-feira

17 de julho de 2015

elson Faxina9h - A Igreja Católica na mídia: análise do discurso

CaCo barCellos10h30 - A espetacularização da notícia

Sexta-feira

18 de julho de 2015

9h - Apresentação de experiências de comunicação educativa14h - Visita ao Convento da Penha15h - Missa de encerramento no Convento da Penha16h30 - Apresentação artística cultural

19 de julho de 2015

City tour livre

Domingo

Gt1 Análise de materiais impressos andreia loPes

Gt2 Análise de sites e redes sociais riMaldo de sá

Gt3 O comportamento do indivíduo nas redes sociais MiGuel Pereira

Gt4 A música religiosa como forma de comunicação Pe. Joãozinho, sCJ

Gt5 O mercado da fé doM leoMar brustolin

Gt6 Trânsito religioso rita abreu e vitor nunes rosaGt7 O padre e os desafios da comunicação alessandro GoMes e Mozahir saloMão

Gt8 Educomunicação reJane Gandini Fialho

Grupos de trabalho

Sábado

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entReViSta Leticia Bazet

vitória - De onde surgiu a ideia de abrir o hostel?Caio Perim - Eu sempre fui apaixonado por essa casa e pelo Centro. Até que um dia eu a vi à venda, convenci minha família a comprar e nós viemos morar aqui. Eu olhava para ela e achava que daria um belo hostel, até que surgiu a oportunidade quando minha família saiu daqui para morar em outro lugar. Encontrei com Mainá, que tinha acabado de voltar da Índia e fiz a proposta a ela.

Mainá Ferreira - Nós gostamos dessa atmosfera de hostel, da experiência de como as pessoas in-teragem, é um clima muito gostoso. Após um ano morando na Índia, eu estava bem perdida, sem saber o que fazer da vida, e ele veio com o convite para abrir o hostel e eu topei na hora. A gente nem sabia no que estava se metendo, não sabia em que isso ia dar. Fiz meu Trabalho de Conclusão de Curso com um plano de comunicação para o hostel e, com as minhas pesquisas, pude ver que é um mercado pouco explorado. Sempre achei que Vitória tem um potencial muito grande. A nossa primeira grande felicidade e surpresa foi quando lançamos a página no Facebook e nas primeiras 24 horas já tinha passado de mil curtidas. vitória - É uma surpresa porque em Vitória não há essa cultura de hospedagem em hostel?Caio - É uma coisa bem nova. E essa foi uma coisa surpreendente também. Claro que a gente corre muito atrás, mas não foi tanto como imagináva-mos. A gente percebeu que as pessoas precisavam disso aqui em Vitória, era um mercado que preci-

convivência e interação aliadas ao amor por Vitóriaos amigos caio e Mainá, proprietários do guanaaní no centro de Vitória, contam como um hostel pode ser muito mais do que um simples local de hospedagem

sava muito nascer, e a resposta foi surpreendente.

Mainá - Muito brasileiro que ainda não havia vindo aqui, veio e descobriu que Vitória é tudo de bom, que o Espírito Santo tem muitas opções. Os moradores aqui da redondeza vêm, tomam um cafezinho, contam muitas histórias da cida-de e dessa casa, que foi construída pelo Coronel

revista vitória I Julho/201529

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entReViSta

Monjardim e por muitos anos o Dório Silva morou aqui.

vitória - O hostel também ajuda no resgate da história do Centro? Caio - Eu acho que acaba endos-sando sim. Eu costumo até contes-tar quando falam em revitalização do Centro, porque o Centro sem-pre foi vivo, com uma vida muito interessante, da galera do teatro, da dança, da música. Mas agora as pessoas voltaram os olhares para a beleza do Centro.

vitória - Ao pensarem o hostel, o que vocês gostariam que ele fosse?Mainá - Foram meses de conversa, até achar o nome, por exemplo. Chegamos a Guanaaní, que era como os índios Goytacazes chama-vam Vitória, a Ilha do Mel, e com esse nome a gente queria resgatar a cultura daqui, queríamos que a casa fosse de fato esse resgate, essa tradução. Estamos sempre convidando artistas para expor suas obras aqui, sempre quisemos colaborar com os artistas locais. Pela nossa recepção já dá para notar isso, pois é cheia de presentes que ganhamos de quem passa por aqui, obras diversas, pinturas, e a decoração do hostel é o que mais chama a atenção dos hóspedes.

Caio - E é o que nós temos feito. Trabalhamos com a colaboração o tempo inteiro. Agora a gente vai decorar os quartos com uma design que está super empolgada, então nós temos esse pensamento

de ser um centro de conexões, de interação, respeito, amor, paz, dos hóspedes com a cidade.

Mainá - E o mais interessante é como os hóspedes sentem isso. A casa impõe esse respeito, o cari-nho, cuidado e a galera responde muito bem. Na nossa ideia inicial também, a gente pensava em como Vitória não tinha espaço para a arte, sem ser os locais oficiais.

vitória - Como funciona a vida do hostel?Mainá - É uma rotina muito doida. Nos primeiros sete meses era só eu e Caio e a gente fazia absolu-tamente tudo. A gente trabalhava no mínimo 70 horas por semana. Até que começamos a trabalhar com um esquema de troca de hos-pedagem por trabalho e isso vem funcionando muito bem.

Caio - É como se fosse a rotina de uma casa. Você precisa fazer compras, ver o que está acabando,

trocar uma lâmpada que queima. Mas com uma coisa muito gostosa, que é fazer tudo isso com vários amigos, porque os próprios hóspe-des ajudam também nessas tarefas. É uma relação muito legal.

Mainá - Tem um lado muito difícil que é a hora deles irem embora, de-pois de termos feito essa amizade.

Caio - Ou seja, a mesma parte que é difícil é boa, que é a saudade.

Mainá - E tem a parte muito boa, que é quando alguém vem passar uns dias e passa semanas.

Caio - Esse diálogo que a gente queria fazer, talvez até fosse um pouco ambicioso, no sentido de dialogar desde a arte, até o esporte de aventura, está funcionando. A gente tem fechado parceria de A a Z, hóspedes de diversos lugares diferentes.

vitória - Qual público o hostel recebe?Mainá - Desde pessoas que vêm fazer prova da Ufes, participantes de congressos, famílias tirando férias, empresários, mochileiros que estão conhecendo a cidade.

Caio - São pessoas de mente e co-ração abertos a conhecer o novo. E aqui eles acabam tendo uma ponte com a cidade que eles não teriam em um hotel. Porque nós somos nativos e completamente apaixo-nados por Vitória. Então faz toda a diferença você ser apresentado a uma cidade pelo anfitrião. Hoje

Nós temos esse pensamento de ser um centro

de conexões, de interação, respeito,

amor, paz, dos hóspedes com a

cidade.

revista vitória I Julho/201530

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mesmo saiu uma família determi-nada a mudar para Vitória, falando em procurar concursos para vir morar aqui.

vitória - O que mudou na vida e na cabeça de vocês após 1 ano e 4 meses dessa experiência?Mainá – Tudo (risos)! É difícil falar. Eu fui lendo no Facebook há uns meses atrás os comentários das pessoas que passaram aqui, sobre como a gente fez com que fosse uma experiência positiva para eles. Então mudou muito e eu já não consigo imaginar minha vida sem isso.

Caio - Para mim também foi uma revolução. Não só para mim, como para a minha família, porque eles saíram, mas toda a nossa história ficou, então foi muito interessan-te. Nós decidimos deixar aqui na casa tudo que fez parte da nossa história, uma forma deles conti-nuarem presentes aqui e para as pessoas vivenciarem isso também. Inclusive um hóspede reconheceu a minha avó em uma foto e disse que trabalhou mais de 40 anos para ela em Taubaté. É sensacio-nal isso.

Mainá - Já vieram dois primos que descobriram o parentesco aqui, vizinhos, muitas pessoas se apai-xonaram. É um ponto de muitos encontros. O mundo vem até a gente, então não dá o sentimento de estar preso em um lugar.

Caio - Um grande exercício para a gente é se apegar com essas pesso-

muito a educação, a simpatia.

Mainá - Nas nossas experiências, realmente a pessoa que você en-contra no hostel pode fazer a sua viagem. Eu fiz amigos quando fui para a Tailândia que são amigos até hoje. O que move é o encontro com as outras pessoas.

vitória - O que existe de Caio e o que existe de Mainá aqui dentro desse hostel?Mainá e Caio – (Risos) Nossa Se-nhora! Que difícil isso!Caio - É muita coisa e não só de nós. A primeira hóspede que foi uma grafiteira paulista, chegou antes mesmo de inaugurarmos o hostel e deixou a arte dela aqui. E isso acontece muito, cada um que passa deixa um pedacinho de si. As nossas famílias e amigos que colaboraram e colaboram ainda com tanta coisa. Nossos corações estão aqui. n

as, vê-las partir, sentir a saudade, mas deixar apenas sentimentos gostosos, torcer para que voltem, se acostumar com esse vai e vem de gente.

vitória - A lógica do hostel vai um pouco na contramão de um mundo com pessoas conectadas Como percebem isso?Caio - No caso aqui, as pessoas potencializam essas ferramentas para promoverem o encontro. Mas essa pergunta é muito legal, por-que geralmente quando o mundo caminha em uma direção, sem-pre tem um grupo que subverte a regra. O grupo que vai para o hostel quer interação, seja com os outros hóspedes, com a gente, com a cidade, com os locais que visitam. Ao invés de usarem GPS, eles perguntam às outras pesso-as, têm outra forma de interagir. Apesar de falarem que capixaba é fechado, os hóspedes elogiam

O Hostel se localiza na rua Coronel Monjardim, no Centro de Vitória

revista vitória I Julho/201531

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mundo litúRgico

como escolher as

rezar

Quando os noivos estão se preparando para o casa-mento, dentre tantas coisas que eles têm a preparar, está o repertório das músicas para a celebração. Nem toda música de que o casal gosta poderá ser usada para esta finalidade, porque todos os sacramentos estão vinculados com o Mistério Pascal de Cristo. Toda celebração é essen-cialmente comunitária e “os vários momentos litúrgicos exigem, de fato, uma expressão musical própria, sempre apta a fazer emergir a natureza própria de um determi-nado rito” (Quirógrafo sobre Música Sacra, n. 5). Por isso, a música escolhida para o matrimônio não basta ser apenas religiosa. Ela deve estar intimamente ligada ao rito celebrado, não é apenas um acessório. As suas letras devem expressar o amor de Deus revelado no coração humano, em especial, naqueles que se unem diante dEle e da comunidade reunida. As músicas populares, princi-palmente as internacionais, são um risco para a liturgia, pois elas não foram compostas para aquele determinado momento e, por isso, não condizem com a teologia deste sacramento.

músicaspara o Matrimônio

novena As novenas são um bonito aspecto da piedade popular e fa-zem parte do cotidiano das pessoas e das comunidades eclesiais. Fazemos novena a um santo de devoção, em preparação a um momento importante na vida da Igreja, para o restabelecimento da saúde e tantas outras intenções, mas o elemento essencial é sempre Jesus Cristo. Aqueles que realizam as novenas acreditam que os santos, a quem nós pedimos a intercessão, viveram plena-

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como escolher as

marcus tullius comissão arquidiocesana de liturgia

mente a sua humanidade, por isso são tão próximos de nós. Mais do que uma sucessão de dias ou repetição de orações, o mais importante é o tempo que se dedica àquela finalidade durante determinado período. E mais, a oração do fiel não pode ficar reduzida aos nove dias da novena, ela deve se tornar um hábito e levar a uma profunda intimidade, gerar comunhão com Deus e com os irmãos.

A celebração da Palavra de Deus, realidade em maior parte das comunidades eclesiais, possui uma dinâmica própria para a sua reali-zação. O espaço celebrativo deve ajudar nessa compreensão e privilegiar a participação ativa da assembleia e o exercício dos diversos ministérios. Não é apenas a cadeira presidencial vazia que indica a ausência do padre, pois senão ela correria o risco de se tornar uma “mini-missa”, mas os elementos que a constituem. A centralidade é a mesa da Palavra, por isso aqueles que conduzem a celebração devem ficar próximos a ela, de maneira que possam ser vistos e ouvidos pela assembleia. O altar só será usado no momento da comunhão, caso haja. Se a celebração ocorrer fora do templo e não houver a distribuição da comu-nhão, o destaque será dado à mesa da Palavra, preservando a dignidade para a sua proclamação. “Para a ‘mesa da Palavra’ convergem as atenções de todos os presentes.” (cf. Orientações sobre a Palavra de Deus, doc. 52 da CNBB, 46).

o espaço sagrado na

Celebração da Palavra

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preparando

famílias

se observarmos atentamente e, até mesmo sem muita atenção, ao nosso redor percebemos o quanto a família, como instituição milenar e,

considerada a célula da sociedade, vem sendo bom-bardeada por todos os lados. Novas configurações, separações, guarda compartilhadas dos filhos, leis de educação com visões parciais da pessoa e do mundo que interferem diretamente na educação das novas

gerações, valorização de bens materiais, educação sem religião, entre outros que, aos poucos, minam as relações, relativizam os princípios e invertem os valores. Diante destas realidades,

que por vezes parecem articuladas para destruir a instituição familiar, a Igreja Católica investe na família e procura formas de chegar mais perto e dar

RepoRtagemmaria da luz fernandesentrevistas: por camila lenk

para uma sociedade melhor

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maior apoio àqueles que desejam seguir seus ensinamentos. Uma das formas que a Ar-quidiocese de Vitória encontrou foi a preparação dos noivos que desejam constituir família. Toda a pastoral familiar e outros grupos que trabalham na evangelização das famílias estão assumindo uma nova metodologia de preparação para o matrimônio. Para quem já ouviu falar em curso de noivos vai um alerta: essa nomenclatura faz parte do passado, segundo padre Renato Christi. Agora o método é de aco-

e aprenderam como trabalhar o projeto. Algumas paróquias da Ar-quidiocese adotaram o método do acolhimento há algum tempo. Entre elas ouvimos agentes da paróquia São Francisco de Assis na Serra, Santíssima Trindade de Vila Capixaba e Nossa Senhora da Vitória (Catedral). Guilherme Simões e Marinelha formam o casal coordenador do setor pré--matrimonial. Guilherme expli-cou o novo formato da prepara-ção para o casamento da seguinte maneira: “A mudança é que agora a preparação dos noivos é feita por acolhida. Temos um

A gente fez praticamente um teste drive. O que a gente aprendeu na convivência e até fazendo compras juntos, quando a gente foi pra realidade percebemos que tudo aquilo servia para a nossa prática e realmente diminuiu muito os conflitos que poderiam vir. Com os encontros eu consegui ver esses conflitos de forma mais harmônica.

Suelem e Fábio Queirós

Imaginei que chegaria aqui e seria obrigado a aceitar tudo o que eu não concordava nem acreditava, mas em nenhum momento me senti obrigado a nada e no final gostei de tudo o que trabalhamos e da forma como cada tema foi apresentado.

Casal de noivos de Laranjeiras

lhimento aos noivos e de forma muito prática e realista. Não se farão mais encontros intensivos de final de semana com palestras intensas e conceituais. A novida-de é um casal que já vivencia sua fé na vida matrimonial, acolher aqueles que se preparam para o matrimônio em suas casas e, com eles, percorrer o caminho de to-mada de consciência do valor do sacramento e desafios da vida a dois. Assim é possível os futuros casais perceberem de maneira real se estão preparados para a mudança que pretendem fazer. No final do mês de maio a Arquidiocese de Vitória realizou um congresso para apresentar a nova metodologia aos agentes da pastoral familiar e a reportagem da Revista Vitória esteve lá. Pa-dre Renato Christi falou sobre a tarefa do noivado e apresentou o material de trabalho com a nova metodologia, alguns casais que já trabalham com esse método partilharam experiências, Dom Luiz Mancilha Vilela, Arcebispo de Vitória presidiu a missa de encerramento e os agentes das pastorais aderiram à proposta

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RepoRtagem

material com 12 módulos e eles são realizados na casa dos casais que são agentes da pastoral familiar, chamados de ‘casal acolhedor’. O casal propõe aos noivos a acolhida da Palavra de Deus e a experiência de família não mais com palestras, mas com a experiência de vida. Ali eles percebem as alegrias que é a vivência do matrimônio, mas também as dificuldades que vão encontrar a partir da experiência de vida do casal que acolhe. Entre as dificuldades falamos do relacio-namento com as famílias de um e de outro, organização financeira e relacionamento interpessoal”. Luiz dos Santos casado com Ivone Am-brósio acrescentou um pouco mais: “o acompanhamento individual é a oportunidade de ir ao detalhe, de evangelizar através do relaciona-mento, de conhecer e identificar aquela pessoa, construir elos de amizade de tal forma que quando precisar sabe a quem procurar. Já Toninho casado com Gilsani Cam-pos acentua o quanto é importante para o futuro casal aproximar-se da experiência do casal acolhe-dor e afirma “temos uma conversa muito franca e aberta. Procuramos passar para os noivos nossas ex-periências, nossos desafios e como

o que a nova metodologia pretende?A preparação visa a aquisição de habilidades para que os noivos possam chegar à realização última, a plena comunhão no amor.

o método de encontros no final de semana está ultrapassado?É difícil comparar os métodos, mas os tempos são outros e no tempo atual há, sem dúvida, a necessidade de um acompanhamento mais personalizado. O fator sócio-cultural que tende ao individualismo e ao fechamento pode ser enfrentado com este método que atende às demandas de maneira particularizada e inclui na comunidade.

esse método já existe em outros lugares?Sim. Outras dioceses já experimentam.

Pe. renato christe

É verdade que a pessoa é uma antes do casamento e muda depois?O noivado é um tempo de convivência para o casal verificar se o amor que sentem é suficiente para enfrentar os desafios de viver junto.

a estrutura da família de origem influencia na vida do novo casal?O jovem que vem de uma família desestruturada pode adquirir qualidades para viver seu ideal dentro do matrimônio, mas a família bem estruturada favorece muito a constituição de novas famílias sólidas.

qual o objetivo do método?Fazer com que os noivos vivenciem e experimentem a convivência familiar podendo ser observados e ajudados na análise e reflexão da vida em comum.

Só continuamos até ao final dos encontros devido ao acolhimento, ao carinho e à dedicação dos casais acolhedores.

Casal de noivos de Laranjeiras

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enfrentamos as dificuldades e as superamos”. Os casais acolhedores acentu-aram que também são beneficiados com o método. “É bom para o ca-sal acolhido e é bom para o casal acolhedor. Você fala que tem que dialogar, que tem que rezar mais, que tem que ter entendimento, que precisa acolher o outro como uma pessoa diferente de você e aí você também tem que ‘fazer melhor’ a sua vida, tem que se comportar melhor. Não adianta você falar uma coisa e fazer outra. Tem até uma frase no material que diz ‘o casal não precisa ser santo, mas tem que buscar a santidade, ele tem que dar exemplo de vida”, disse Guilherme. Luiz reafirmou “este trabalho é a oportunidade de crescimento pessoal e conjugal, pois somos chamados a dar teste-munho de vida matrimonial e não somente a transmitir um saber, mas transmitir convicções e valores aos noivos. Cada casal que acolhemos nos leva a uma reflexão sobre nosso relacionamento e nosso comporta-mento como família cristã”.

Padre Humberto, a Arquidio-cese de Vitória adota, a partir de agora, a metodologia que o senhor ‘tanto quis’. Obrigada por colocar a semente, regá-la e cuidar dela, os frutos começam a chegar. n

Essa metodologia de acompanhamento dos jovens futuros casais feita por tutores e por casais mais experientes é muito boa e eu espero que em toda a nossa Arquidiocese isso seja uma realidade. Porque nossa família precisa crescer cada vez mais do ponto de vista humano e do ponto de vista da fé. Deus abençoe a todos!

Padre Humberto foi para nós um grande animador e incentivador para iniciarmos essa metodologia”, disse José Luiz Santos “acompanhamento individual e acolhimento é o modelo que padre Humberto tanto quis”, afirmou (testemunho).

sabemos que todo o conteúdo é importante, mas percebemos que a importância do projeto é acolher, é relacionar, é conhecer, é identificar aquele jovem casal que está entrando para o estágio da vida matrimonial para acolher esta futura família na vida da Igreja, na vida da comunidade.

Luiz Gonzaga Santos

O método foi proposto na Arquidiocese de Vitória como prática de preparação para o matrimônio pelo padre Humberto Leopoldo Wuyts, falecido em 16 de fevereiro de 2014, conforme constataram todos os entrevistados. Padre Humberto pesquisou sobre metodologias de preparação para o casamento em sites de dioceses no mundo inteiro para sua tese de doutorado que não chegou a terminar. Com ela chegou à conclusão de que o melhor método seria o acolhimento e acompanhamento individual dos novos casais. Propôs a ideia, mas encontrou resistências.

Dom Luiz Mnacilha Vilela, Arcebispo Metropolitano de Vitória

Padre Humberto tanto quis Mesmo com dificuldades alguns grupos de pastoral conseguiram implementar o método. Ganhou o apoio do arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela que incentivou a implementação na paróquia São Francisco de Assis em Laranjeiras durante a visita pastoral de 2010. Com a aprovação de padre Lúcio Lameira a metodologia começou a ser usada na paróquia em 2011.

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peRgunte a quem SaBe

Maria Dejacy Grampinha DiasOrientadora Educacional

Pe. Alceri Francisco AlvesPároco na paróquia São JoséFundão

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

por que dizer não à criança? Porque o não significa limite. Ao es-tabelecermos os limites estamos formando valores importantes na vida de nossas crian-ças. Educar é uma tarefa desafiadora e o não faz parte desta tarefa. Porém é importante explicá-lo, numa linguagem que a criança entenda. O não na hora certa e bem expli-cado fará diferença no seu desenvolvimento afetivo, emocional e cognitivo.

como não ceder à chantagem? Com firmeza e doçura. Quando a criança faz chantagem, os pais não devem ceder, caso contrário, irão reforçar esse tipo de compor-tamento que se tornará um círculo vicioso, perdendo-se o controle da situação. Os pais devem manter a calma, não se deixar levar pelo cansaço ou pela raiva, nunca perder a cabeça, ter sempre equilíbrio e bom senso. Na hora de conversar, coloquem as regras de maneira clara para que a criança compreenda os combinados estabelecidos.

Pedagogia

rel

igiã

oapós uma tragédia, como trabalhar, no nível espiritual, o sentimento de vingança? Quando passamos por alguma tragédia ou tribulação em nossa vida, é preciso, antes de tudo, exercitar duas virtudes: a confiança e a serenidade. Elas não deixam a nossa fé enfraquecer e nos livra de cairmos no desespero. A confiança na Providência de Deus, pois Ele é Pai e nunca nos abandona e a serenidade para aceitar que a situação é passageira. É preciso sentir-se abraçado por Deus e isso é possível através da oração.

o que é o perdão? O perdão é uma atitude nobre que brota do coração, alicerçada na humil-dade de reconhecer que se errou. Esse reconhecimento se dá diante de Deus, diante do próximo e diante de si mesmo. O perdão sempre nos ajuda a recomeçar, a perceber a nossa limitação e, para isso, é preciso um abertura total à graça do Espírito Santo. É como o próprio São Paulo nos ensina: “O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza.” (Rm 8,26)

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Dr. Celso Murad Médico Pediatra (Secretário-Geral do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo)

Irmã Catarina Deusdeth NataliPsicóloga

Qual a doença mais comum no estado e como cuidar? Aqui no Estado as doenças mais comuns são: resfriado, gripe e gastroenterite viral. Esta última é uma doença de verão, mas também muito comum no inverno capixaba. Como as estações do ano não são muito bem definidas, doenças mais comuns do verão, como dengue e gastroenterite viral, são também frequentes no inverno. O tratamento vai depender da gravidade, podendo necessitar de internação hospitalar. Se o doente não procurar um tratamento e não seguir as orientações médicas, pode chegar a óbito.

é possível evitar as doenças de inverno? Sim. Para isso é importante tomar a vacina contra gripe e também ter o hábito de fazer uma boa higienização das mãos, lavando-as bem antes e após as refeições, após ir ao banheiro, nas visitas hospitalares (antes e após visitar o doente) e após contatos com locais públicos. Outro fator importante para evitar as doenças de inverno é manter o ambiente sempre venti-lado, arejado. Esse cuidado ajuda na prevenção de gripes, resfriados e também dos vírus que causam infecções respiratórias graves, como as bronquiolites em bebês e as infecções por meningococo. Esta última pode provocar me-ningite e infecção generalizada. Os grupos de maior risco são os bebês e os idosos. A vacina contra Meningite C ajuda muito na prevenção e já reduziu bastante os casos da doença. Agora foi lançada a do Tipo B, que deverá reduzir ainda mais os casos de infecção por meningococo.

saúde

CoM

PorTa

MeN

To

por que as pessoas estão menos res-peitosas? O respeito e os demais valores humano--cristãos são frutos de investimento numa formação integral do ser humano. A so-ciedade vem sofrendo uma crise profunda cultural, moral, religiosa. A inversão de valores atinge a família e também a esco-la, lugares privilegiados de formação dos referidos valores, da consciência, da cida-dania. Os valores fundamentais para formar cidadãos honestos, respeitosos, tolerantes e solidários se desenvolvem principalmen-te na família. A escola também oferece sua contribuição para o crescimento do indivíduo, tornando-se um instrumento importante na educação da cidadania diante dos desafios da globalização e tecnologia, tantas vezes desumanizantes.

falta de respeito é um ciclo vicioso? Comportar-se de maneira respeitosa demonstra cuidado e consideração com o outro, favorecendo melhores relaciona-mentos das pessoas na convivência, nas diversas realidades. Como ninguém dá o que não tem, como esperar que aquele que se sente desrespeitado na sua vida, na sua individualidade, na sua dignidade de ser humano, respeite o outro? É preciso dar exemplo de respeito dentro da família, entre os cônjuges, com os filhos e demais pessoas da convivência diária. O testemunho é a linguagem mais eloquente na formação humana e transformação da sociedade.

revista vitória I Julho/201539

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enSinamentoS

a Eucaristia não é um rito social-religio-so de final de semana ou de conveniên-cia social. Nela, encontramos o Tesouro

da Igreja e as responsabilidades do cristão. Na sequência, três Papas nos ajudam a meditar so-bre esse Mistério da Fé e suas implicações. São João Paulo II, na Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, ensina que a Igreja vive da Eucaristia, pela qual experimentamos todos os dias a presença do Ressuscitado. O sacrifício eucarístico é a fonte e o centro de toda a vida cristã. É o Tesouro da Igreja, sacramento por excelência do mistério pascal. Ela estimula a nossa dedicação diária para viver os de-

veres como cidadãos, visando construir um mundo conforme o projeto de Deus. São João Paulo II confi-dencia: “[...] os meus olhos concentram-se sobre a hóstia e sobre o cálice onde o tempo e o espaço de certo modo estão ‘contraídos’ e o drama do Gól-gota é representado ao vivo, desvendando a sua misteriosa ‘contemporaneidade’. Cada dia pôde a minha fé reconhecer no pão e no vinho consagrados aquele Viandante divino que um dia Se pôs a caminho com os dois discípulos de Emaús para abrir-lhes os olhos à luz e

o coração à espe-rança (cf. Lc 24, 13-35)”. O Papa Bento XVI, na Exorta-

ção Apostólica pós-sinodal Sa-cramentum Caritatis, reafirma que a Eucaristia está sempre no centro da vida eclesial e por meio dela, a Igreja renasce sempre. Quanto maior for a fé eucarística, mais profunda e comprometida será a nossa participação na Igreja e na missão atribuída por Cristo aos seus discípulos, que é testemunhar a fé com a vida, comunicando o amor de Deus onde atuamos.

Da liturgia à mentalidade dobem comum

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Vitor nunes Rosaprofessor de filosofia na faesa

A união com Cristo reali-zada no Sacramento da Euca-ristia nos chama a transformar as estruturas sociais injustas, para restabelecer o respeito ao ser humano, imagem e seme-lhança de Deus. Trata-se da luta pela justiça e pela paz, da denúncia das situações indig-nas às quais são submetidos os seres humanos, conforme exposto na Doutrina Social da Igreja. Nessa linha, o Papa Fran-cisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, amparado em bases bíblico-teológico-

-pastorais, acentua a nossa responsabilidade de ser ins-trumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres. Tal responsabilidade cristã encontra diretrizes na Doutrina Social da Igreja, expressando o Evangelho da Misericórdia de Deus, concretizado pela “so-lidariedade”, atitude que vai além de gestos esporádicos de generosidade e remete à uma mentalidade pautada no bem comum e na justiça social. n

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LiVro

um dia no parque

atrações nas montanhas

Veias abertas da américa Latina

parQ

ues

MontanHas

Vitória é uma das capitais com maior área verde por habitante. Com diversos parques espalhados pela cidade, a dica é tirar um dia para aproveitar a natureza e conhecer essas atrações tão pouco exploradas. Áreas para piqueniques, trilhas ecológicas, oficinas e parqui-nhos são alguns dos atrativos dos espaços que, com entrada gratuita, fazem do programa uma alternativa acessível para as famílias. O Parque da Vale, em Jardim Camburi, a Pedra da Cebola, na Mata da Praia, o Horto, em Maruípe, e o mais recente, parque Chácara Paraíso, no Barro Vermelho são algumas opções existentes.

Para quem curte o frio do inverno e as atrações das mon-tanhas capixabas, dois eventos tradicionais acontecem no mês de julho, o Festival de Inverno em Domingos Martins e a Serenata Italiana, em Venda Nova do Imigran-te. O primeiro está em sua 22ª edição e acontece entre os dias 17 e 26, com uma vasta programação artística e musical, gratuita. Já o segundo, acontece no dia 18 e

é um resgate da cultura italiana do município, quando os moradores se caracterizam como os imigran-

tes e saem às ruas. Nas principais avenidas do trajeto, algumas famílias recepcionam

os participantes com as delícias da culinária italiana.

eduardo galeano“Alguns países se especializam em ganhar e outros em perder”. É com esse tom que iniciamos na trajetória nua e crua do nosso continente. Ao longo dos capítulos, Galeano nos conduz de maneira arrasadora desde a colonização espanhola e portuguesa passando pelas monoculturas, corridas da prata e do ouro, processos de independência até a epidemia ditatorial, elucidando como a riqueza de toda a região virou a sua ruína. É como uma porta que se abre para conhecermos o grande pedaço de chão em que vivemos, sem fronteiras e sem band aid. O livro é pura inquietação e pertencimento, além de, infelizmente, assustadoramente atual.

Dica da publicitária Raisa Vital

SugeStõeS

revista vitória I Julho/201543

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cultuRa capixaBa

rua sete de setembro, no coração dos capixabas!

diovani favoretohistoriadora

“A Rua ferve em determinadas datas, com músicos que animam as manhãs de feira, sempre aos sábados, ou as noites de sexta, em que o calçadão se enche de mesas e moradores descontraídos.”

a té a década de 1930 seus moradores viviam em estado de alerta por conta dos cons-

tantes alagamentos daquela região. Mas também não é para me-nos, pois o que conhecemos hoje como a Rua 7, no coração da nossa Capital, é na verdade uma grande galeria fluvial que canaliza (em seu subterrâneo) as águas mansas das nascentes do Parque Municipal da Fonte Grande. Mas se vamos contar essa his-tória devemos começar muitos anos antes. Isso porque a dita Rua 7 (ou Rua da Várzea como os antigos a conheciam) presenciou a passagem de muitas procissões de São Bene-dito, que levado pelos devotos da Igreja do Rosário (Peroás), por ela seguia até o encontro com os devotos do Convento São Francisco (Cara-murus). Aliás, ainda hoje o cortejo percorre esse mesmo trajeto, sempre no dia 27 de dezembro. Olhando para os tempos antigos encontramos ali instalada a antiga Prefeitura, a Garagem dos Bondes, a Creche Menino Jesus, a oficina do jornal “O Diário” e a Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória, ao lado

das residências de André Carlone, Archimino Mattos e Renato Pacheco, personagens a quem devemos um pouco da nossa história. Atualmente a Rua 7 passa por um processo de redescoberta. Os jovens afoitos da nossa Ca-pital encontraram ali o que há de melhor do samba de raiz capixaba. A Rua ferve em determinadas datas, com músicos que animam as manhãs de feira, sempre aos sábados, ou as noites de sexta, em que o calçadão se enche de mesas e moradores des-contraídos. E se precisar de mais diversão, basta esperar a proximidade do car-naval, para subir a Rua 7, e experi-mentar um bom ensaio da Escola de Samba do Morro da Piedade. n

revista vitória I Julho/201545

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acontece

O curso para secretários e secretárias paroquiais che-ga a sua 9ª edição no dia 13 de julho. Buscando atender as observações dos participantes no último ano, o encontro irá abordar temas como o acolhi-mento na secretaria paroquial, o poder da comunicação no se-cretariado e ainda a guarda do acervo documental. De acordo com a coordenadora do CEDOC, Giovana Valfré, o encontro tem buscado atender as demandas surgidas no ambiente da secre-taria paroquial e, para este ano, o relacionamento inter-pessoal será o foco. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3025-6255 ou 3025-6275.

Com o tema ‘Cantar a Liturgia, festas e solenidades’, acontece no auditório do Santuário de Vila Velha, o 1º Encontrão de Liturgia e Música, com o objetivo de promover um en-contro celebrativo para os agentes de liturgia da Arquidiocese. O evento será no dia 25 de julho, de 8h às 17h,

Para contribuir com a organiza-ção das CEB’s e fortalecer as áreas pastorais, estão sendo realizados des-de o dia 20 de junho os encontros com os representantes das comunidades. As áreas Vila Velha e Cariacica/Viana já foram contempladas. O li-vro “Comunidade Eclesial - Sinal do Reino no presente e no futuro” de autoria do arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela está sendo utili-zado para auxiliar na reflexão. Em julho, recebem a formação as áreas de Vitória, Serra/Fundão, Serrana e Benevente. Confira ao lado:

encontro de secretárias e secretários paroquiais

1º encontrão de Liturgia e Música

encontro com as comunidades eclesiais de Base

com assessoria do professor doutor Marcio Antonio de Almeida. Neste dia acontece também o lançamen-to do CD número 29 do Cantai ao Senhor, com os cantos de abertura. Qualquer dúvida entrar em contato pelo email [email protected] ou telefone 3025-6296.

04 de julhoÁrea Vitória8h30 às 11h30 – Paróquia Santa Rita de Cássia, na Praia do CantoÁrea Serra/Fundão14h às 17h – Paróquia São José Ope-rário, em Carapina

25 de julhoÁrea Serrana8h30 às 11h30 – Comunidade Santa Maria, em AraguaiaÁrea Benevente14h às 17h – Paróquia São Pedro, em Muquiçaba

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A Campanha do dízimo 2015

apresenta duas perspectivas: a

generosidade (o tema é ‘Quem ama é

generoso’) e o sentido do porcentual

(a chamada é ‘Deus é 100%’). Algumas

pessoas são arredias à ideia de se

falar de porcentual, mas o dízimo tem

que ser programado e quando a gente

programa tem que ter um critério. No

caso do dízimo o critério é: que parte

do salário ou da renda, vou separar

para isso? Quem define é o dizimista e

ele o faz segundo a sua possibilidade

e generosidade. De um lado temos o

nosso Deus que se entrega totalmente

e do outro estamos nós, que lhe

retribuímos com alguma parte por

tudo que recebemos.

Uma

parte para Deus