Reportagem "Jornalismo Universitario"

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Destaque 2 || Educação 6 || Sociedade 10 || JUPBOX 13 || U.Porto 14 || FLASH 16 || Desporto 18 || Cultura 21 || Críticas 27 || Cardápio 28 || Opinião 29 || Devaneios 31 MARÇO ‘10 Jornal da Academia do Porto || Ano XXIII || Publicação Mensal || Distribuição Gratuita Directora Filipa Mora || Director de Fotografia Manuel Ribeiro || Directora de paginação Joana Koch Ferreira Chefe de Redacção Mariana Jacob 23 anos a contar história(s) Jornalismo Universitário Jornal da Academia do Porto || Ano XXIII || Publicação Mensal || Distribuição Gratuita || Directores: Filipa Mora e Manuel Ribeiro || Director de Fotografia: José Ferreira || Directora de paginação: Joana Koch Ferreira || Chefe de Redacção: Mariana Jacob

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"Jornalismo Universitário" - reportagem especial para o 23º aniversário do JUP. Redacção: Aline Flor e Tatiana Henriques. Edição de Março de 2010 do Jornal Universitário do Porto. Direcção: Filipa Mora e Manuel Ribeiro. Paginação: Joana Koch Ferreira.

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Destaque 2 || Educação 6 || Sociedade 10 || JUPBOX 13 || U.Porto 14 || FLASH 16 || Desporto 18 || Cultura 21 || Críticas 27 || Cardápio 28 || Opinião 29 || Devaneios 31

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23 anos a contar história(s)

Jornalismo Universitário

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JUP || MARÇO 102 ||

Era um grupo de alunos da Facul-dade de Ciências da Universidade do Porto que decidiu reunir-se para criar o Jornal Universitário. “Uma voz activa, corajosa e determina-da”, capaz de apontar as falhas e os êxitos do sistema de ensino. Enfim, capaz de fazer a diferença. Em bre-ve, tornar-se-iam independentes da AEFCUP, para “vincar a sua indepen-dência e o seu carácter aberto”. Nas-cia assim, no final da década de 80, o “Jornal Universitário do Porto”.

Acima de tudo, a criação de um Jornal de todos os alunos “impu-nha-se quando estamos cansados de apontar (e de sentir) as falhas do nosso sistema de ensino”, conforme se podia ler no editorial da edição zero, em 1987, assinado por Jorge Pedro Sousa, actualmente jornalista, professor e investigador na área de Comunicação.

GRAnDES REPORtAGEnSOs primeiros números do JUP foram marcados por reportagens sobre os principais problemas que afectavam os universitários: condições de alo-jamento, as cantinas universitárias, as alterações no Ensino Superior, a Queima das Fitas. Foram várias as re-portagens polémicas que causaram burburinho no meio académico.

João Teixeira Lopes lembra-se de um artigo de Ana Brandão “em que ela acusava a comissão da Queima das Fitas de ter utilizado dinheiro do seu orçamento para financiar abortos”. Director na altura, confes-sa que houve tentativas de retalia-ção após a publicação da notícia. Tal

Este é o mês do 23º aniversário do JUP. Via-jamos pela história do Jornal Universi-tário do Porto, onde histórias de luta e dedicação o tornam um marco obrigatório na vida da Universi-dade e da própria cidade do Porto.

aconteceu em 1989, dava o JUP os primeiros passos na sua história.

Jorge Pedro Sousa refere também os artigos sobre “as iniciativas estu-dantis europeias, sobre os jovens e a Europa”, numa altura que come-çavam os programas de intercâm-bio. Anos mais tarde, o projecto A Ponte “acompanhou entre 2000 e 2002 as actividades da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, apre-sentando uma visão reflectiva dos estudantes sobre o que se passava na cidade”, recorda Sara Moreira, presidente do Núcleo de Jornalis-mo Académico (NJAP).

Dino Almeida, jurista e um dos fundadores da revista “Águas Fur-tadas”, salienta ainda as entrevistas aos então Reitores Alberto Amaral e Novais Barbosa. Já Susana Mari-nho, antiga directora do NJAP, des-taca a reportagem “Deficientes são as Faculdades”, sobre as pessoas com dificuldades de locomoção nas ins-tituições académicas. Refere ainda o ar-tigo sobre a in-cineradora do hospital de São João e a edição c o m e -

morativa que o JUP

dedicou aos 30 anos do 25 de Abril.

Dino Almeida realça que “quando alguém queria

falar sobre um tema mais polémico e um pouco mais abertamente ia ter com o JUP”.

O espírito era sempre de expecta-tiva, de fazer algo novo, de marcar a diferença. O primeiro editorial do Jornal dizia que “ainda estamos lon-ge... muito longe... de dizer: missão cumprida”. E agora, 23 anos depois, será que o JUP continua com o mes-mo fôlego para cumprir a missão? O que mudou, afinal, no JUP nas últi-mas duas décadas?

nOVOS tEMPOSO mês de Dezembro de 2008 marcou um novo ciclo na história do J U P ,

que p a s s o u

nesta altura por uma remo-

delação, a vários ní-veis, a cargo do direc-

tor Carlos Daniel Rego.Foi feita uma nova definição

das editorias presentes no Jor-nal: Sociedade, Educação, Cultura,

Desporto e Opinião. A editoria de Internacional acabou por ser abandonada nes-ta “reestruturação”, assim como Economia e Ambiente, que foram integradas nas outras editorias. Os temas agora abordados pelo JUP passaram a ter um enfoque maior no Grande Porto e na Academia. O livro de estilo do Jornal foi tam-bém actualizado. A diferença mais notória, no entanto, registou-se a nível gráfico: o jornal foi ob-jecto de estudo da tese de mestrado de Joana Koch Ferreira, directora de Paginação.

Actualmente, a impres-são do

JUP c h e g a

aos 10.000 exemplares por

edição. Com cerca de sete publicações por ano, é

distribuído “em todas as institui-ções da Academia do Porto”, afirma Sara Moreira, presidente do NJAP.

Mais recentemente, as reporta-gens que ficaram na memória dos novos directores tratam de diferen-tes temas. Filipa Mora salienta o des-taque de Novembro de 2009, sobre o fenómeno do Admirável Porto Novo noctívago, “pela diversidade da repor-tagem e pela equipa”. A actual direc-tora refere ainda o artigo sobre a pri-

vatização do Palácio de Cristal, que “merece atenção pelo

interesse público”, e o artigo e foto re-

portagem sobre as Quintas de

Leitura, “pelo interesse e qualidade que des-per tam no espec-tro cul-tural”. Já Manuel Ribeiro destaca a cobertura

às férias desportivas

(organizadas pela Federa-

ção Académica do Porto - FAP) e

ainda a reportagem sobre os Jogos Galaico-

Durienses, da edição de Dezembro de 2009. Para o

actual director, “o “enviado-es-pecial” [Francisco Ferreira, editor de

Desporto], que acompanhou a comiti-va da UP à Galiza, virou de repórter a atleta e por sinal não desiludiu”. “En-tra seguramente para a história deste jornal com 23 anos”, destaca Manuel Ribeiro.

Dentre os antigos colaboradores, o carácter crítico do jornal é uma das características que recordam com mais saudade. “Estou convencido que foi isso que marcou os leitores”, ressalta Dino Almeida. João Teixeira Lopes considera que o JUP ainda “é um bom exemplo de jornalismo crí-tico, de um jornalismo interventivo, sem deixar de ser rigoroso”. Apesar de considerar que o jornal está mais profissional, Jorge Pedro Sousa con-sidera-o “não tão corrosivo” como o

foi nos seus tempos de estu-dante. “Infelizmente, talvez não seja tão impertinente e incomodativo, no bom sen-

tido, como o foi no final dos anos oitenta e princípios dos noventa”, confessa o investi-gador. Susana Marinho, antiga

Amador na opção, p rofissional na acção

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JUP || MARÇO 10 || 3 Des

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e

Amador na opção, p rofissional na acçãodirectora do NJAP, reforça a impor-tância do espaço para a opinião no Jornal, “pois penso que uma das obrigações do JUP é defender os in-teresses dos estudantes, incluindo a crítica a alguns aspectos medíocres que possa haver no seu seio”.

Filipa Mora realça o esforço diá-rio do JUP “em despoletar interesse nos temas que cobre”, considerando que a maior evolução reflectiu-se “nos temas de teor mais investi-gativo que tentamos publicar”. “É com um misto de sangue, lágrimas e suor que cada jornal sai todos os meses”, exalta a directora.

E OS EStUDAntES?É um lugar-comum dizer-se, hoje em dia, que os alunos estão mais preguiçosos, menos motivados a participar. No entanto, os próprios alunos não o admitem. Após 23 anos de existência, o JUP continua a contar com vários colaboradores que têm uma visão nova e diferente sobre o Jornal.

Mariana Catarino, aluna do Cur-so de Ciências da Comunicação, en-trou no Jornal Universitário “para começar a ganhar alguma experi-ência” na área do Jornalismo. “Com o JUP sinto-me mais integrada na UP e conheço melhor o Porto”, confessa. Liliana Pinho, do primei-ro ano do mesmo curso, acrescen-ta que “participar neste projecto é muito gratificante”.

Dentro dos outros cursos, o caso muda um pouco de figura. Maria, estudante de Ciências Farmacêu-ticas, confessa que não lê o jornal mais vezes “porque muitas vezes as capas não chamam a atenção”. Uma colega sua comenta que fazem falta mais ar-tigos sobre todas as faculdades, pois “po-diam falar do que se faz em toda a Universidade”.

Manuel Ribeiro, di-rector do JUP, salienta a necessidade de adaptar o jor-nal a toda a Universidade, o que passa pela variedade de colaborado-res. “Uma das missões do JUP é dar

a conhecer o jornalismo a todos os estudantes do ensino superior”, explica . Não deixa de apontar ainda a falta de mais participantes, sendo esta a principal dificuldade do Jornal: “Fal-ta gente ao JUP, com vontade de par-ticipar e manter este projecto”. “O JUP sofre do síndrome Bolonha. Os estudantes têm menos tempo para desempenharem actividades em paralelo com os cursos que estão a frequentar”, lamenta o director.

Sara Moreira, do NJAP, explica como é difícil gerir “a dicotomia sempre latente no associativismo voluntário versus a necessidade de estabelecer e cumprir compro-missos para que a máquina continue a mexer”. Filipa Mora corrobora, lembran-do que “o JUP é feito por pessoas que se dedicam vo-luntariamente à causa, que é o jornalismo amador na op-ção, profissional na acção”.

O NJAP: um universo de cooperações alargadasO Núcleo de Jornalismo Académico do Porto (NJAP) reúne um conjun-to de diferentes projectos. A revista de literatura, música e artes visuais, “Águas Furtadas”, tem o objectivo

principal de divulgar artistas promissores com pouca

visibilidade. Foi lan-çada

em 1999 e teve 10 edições semes-trais até 2006. Susana Marinho, an-tiga directora do NJAP, considera a criação desta revista como um grande desafio, “não só por toda a logística que isso envolveu, como também pela qualida-de que se procu-r a -

va imprimir à re-vista”. E para Sara Moreira, não está esquecida: “continua a ser um projecto acarinhado e esta-mos a analisar formas de continuar a sua publicação”.

As Galerias JUP, localizadas na Rua Miguel Bombarda, acompanham a actividade cultural da zona onde se insere. O próprio edifício do NJAP recebe debates, palestras e acções de formação para os estudantes.

Susana Marinho aponta os prin-cipais desafios do cargo que ocu-pou: “criar uma imagem do Nú-cleo como uma associação dinâmica, aberta a todos quantos quisessem contribuir

quer c o m

textos para o JUP, quer

com o desenvolvi-mento de outras ac-

tividades e procurando sempre novos associados”.

A antiga directora fala ainda da “resistência a vários tipos de

condicionamento editorial”.Sara Moreira está esperançosa

quanto ao futuro do NJAP: “vejo o Núcleo a despontar como estrutu-ra viva, local de trabalho e convívio,

ponto de encontro de pessoas, interesses e reflexões, após

um período de 3 anos em que as portas

estiveram mais fechadas”. A

actual Pre-sidente es-pera que “nunca seja des-curada a ex-t r e m a impor-t ânc i a do papel do Nú-cleo de

Jornalismo Académico

do Porto en-quanto agente

e plataforma de reflexão e de cons-

ciência colectiva”.

“Caixinha de recordações”

Desde a sua fundação, as linhas do JUP foram delineadas pelos

próprios estudantes, que aprenderam no jornal uni-versitário novas formas

de se expressar e compre-ender o mundo académico.

João Teixeira Lopes, professor da FLUP e ex-deputado pelo Blo-co de Esquerda, conta como a participação no jornal lhe deu “uma noção muito mais vasta das nossas semelhanças e das nossas diferenças”. “Através do JUP consegui aperceber-me de realidades que me estavam dis-tantes”, conta o docente.

Os antigos colaboradores con-tinuam a ser leitores assíduos do jornal do qual fizeram parte no passado. Para Dino Almeida, “é como regressar a uma publi-cação que sentimos nossa e nos faz falta…Quando se trabalhou num projecto sentimo-lo um pou-co nosso”. O jurista salienta que “todo o arquivo do JUP é de um enorme capital cultural e social. Deu grandes coisas a esta cidade e mais do que isso inspirou muitos outros projectos de jornalismo e não só”. Dino Almeida considera mesmo que o JUP “é um marco na cidade universitária”.

Entre elogios e reclamações, não faltaram sugestões. João Tei-xeira Lopes considera que o jor-nal tem que “ser capaz de criar as suas próprias notícias, deso-cultando muitas vezes o que está obscuro, fazendo investigação, indo para além das fachadas, e tendo um papel interveniente na própria academia”. Jorge Pedro Sousa corrobora esta opinião, já que “o JUP volta-se muito para o exterior, nomeadamente para o campo cultural, o que é bom, mas que tem uma consequência nega-tiva, que é abandonar o olhar so-bre a Academia, a principal razão para que foi criado”. Dino Almei-da também refere a importância da actividade académica, insti-gando-se ainda sobre os possíveis desafios para o JUP no futuro, que podem passar pela adaptação ao acordo ortográfico e pela criação de edições electrónicas.

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JUP || MARÇO 104 || DEStAQUE

JUP: uma missão que se cumpre a cada ediçãoOutros jornais universitários juntam-se também à conversa, mostrando como cada um ultrapassa as dificuldades neste (já não tão) novo mundo digital.

Em tempo de novas tecnologias, ninguém quer ficar atrás quando se fala no salto para a Internet. O meio académico é um meio privilegiado, em que o contac-to com as novas redes são não só importantes como essenciais para o enriquecimento dos estu-dantes. Muitos assumem que os jornais universitários, inseridos neste contexto de inovação, de-vem acompanhar essa evolução. Mas isso não se passa da mesma forma em todos os jornais.

O JUP tenta aliar-se a estas no-vas potencialidades a passos cada vez maiores. Possui um site e um blog dos Espaços JUP, que destaca as actividades do NJAP (Núcleo de Jornalismo Académico do Porto).

No entanto, ainda não tem um espaço fixo para distribuir informação na Internet. A ideia do site de notícias do JUP ainda é um projecto por concretizar.

“Por mais obsoleto que possa soar em 2010, falta um site actu-alizado. Mas só depois do míni-mo de colaboradores assegurado é que partimos para o online”, explica Filipa Mora, directora da publicação. O que falta? “Tu, eu, nós e eles, os estudantes. Falta a equipa!”, pensa Manuel Ribeiro, também director.

Enquanto isso, o jornal traça o seu caminho pelas redes sociais. Além da cobertura do Fantaspor-to através de um blog em parceria com o portal Rascunho.net, está presente no Twitter (ferramenta utilizada para a cobertura das Férias Desportivas) e em outros blogs, como o que cobriu a Quei-ma das Fitas 2009 além das noites do Queimódromo e outro para trabalhos que não são publicados em papel. A pouco e pouco, o ob-jectivo é chegar cada vez mais di-rectamente aos estudantes.

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apenas um semestre porque a equipa directiva, composta, na sua grande maioria, por alunos que estavam no 4º ano e foram estagiar, se desfez.”. Desde então, o ComUM voltou-se, mais uma vez em exclusivo, à edição online, onde continua de boa saúde.

As dificuldades em manter a edição online prendem-se com a actualidade que se espera do que é publicado na Internet. “Muitas vezes perdemos alguma actuali-dade quando noticiamos, mas é complicado exigir mais numa re-dacção em que não há nenhum elemento profissional”, justifica o director do ComUM.

… E A DOS COnIMBRICEnSESO Jornal Universitário de Coimbra A Cabra nasceu em 1991, numa era onde ainda predominava o analógico. Em 2004, lança a sua versão online, que perdura até

gráficas, reacções mais momentâ-neas”, explica a jornalista. E ainda acrescenta: “O online é isso, é o explanar a realidade no agora”.

DESAFIOS DA tRAnSIÇãOA presença dos jornais na Internet tornou-se essencial, particularmen-te os jornais que têm os universitá-rios como público-alvo. É um facto que os jovens lêem cada vez menos. O preocupante seria confirmar que os estudantes perderam interesse também por jornais feitos especi-ficamente para si, como o são os jornais universitários.

A solução passa por aproximar os jornais do seu público, apro-veitando o meio onde este passa grande parte do seu tempo – a Internet – e as suas potencialida-des. “No online o objectivo é dar as notícias da cidade e do mundo, do dia, acompanhando a realidade noticiosa”, relembra Vanessa Qui-

tério. A actualidade das notícias junta-se ao multimédia, à capaci-dade de dá-las a conhecer sob vá-rios formatos, muito além do que a tinta e o papel permitem. Os tex-tos mais curtos, as imagens mais apelativas, o “zapping cibernético” pelos vários conteúdos disponíveis podem ser a arma dos jornais para que os estudantes continuem a dar-lhes atenção. Para continuar a fazer parte da sua vida.

Apesar de considerar ser difícil “pensar um jornal universitário como o JUP que não seja (também) impresso em papel”, Dino Almeida, antigo colaborador, não deixa de abordar a importância da adapta-ção aos novos meios: “não nos po-demos esquecer que as universida-des estão sempre na vanguarda e por isso não me admira que surjam alterações a esse nível”.

Demos aqui exemplos daqueles que começam já a acompanhar este clima de mudança. A Cabra foi bem sucedida na transição, o ComUM começou directamente “na crista da onda”. O JUP, apesar da falta de um site, encontrou aqui e ali soluções para informar com imediatismo na Internet.

Os jornais universitários são feitos por estudantes, para estu-dantes. Abordam questões per-tinentes, como só o pode fazer quem está por dentro de quais são os problemas que afectam o seu mundo. Estará o público dos nossos jornais realmente a migrar para a Internet – onde teremos que “armar a tenda” e voltar a ca-tivá-los – ou terá mesmo perdido grande parte do interesse sobre o que se passa no mundo imediata-mente à sua volta?

Apesar de a ligação com os jornais não ser a mesma de outros tempos, ainda há quem não desista de procu-rar informação. Para Dino Almeida, é necessário manter algumas carac-terísticas para continuar a suscitar o seu interesse e captar novos pú-blicos: “Bons textos, boa grafia, ac-tividade de reportagem intensa que cative leitores”. Na resposta a este desafio estarão sem dúvida presen-tes as próximas páginas do JUP – no papel e na Internet – onde se con-tinuará a escrever novos capítulos da História do Jornal que completa hoje 23 anos de existência.

A EXPERIênCIA DOS BRACAREnSES…A ideia de entrar de cabeça na vida dos estudantes através do meio que mais utilizam – a Inter-net – foi o que passou pela cabeça dos fundadores do ComUM, jor-nal dos estudantes de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho. Nascido no meio online, em Dezembro de 2005, sobrevive até hoje com vários colaborado-res e histórias para contar.

A experiência impresso/online é inversa aos outros congéneres: o jornal na Internet veio primeiro e, em 2008, lançaram uma versão impressa do jornal... que durou 9 edições. Primeiro semanalmente, depois quinzenalmente devido a “dificuldades em angariar fun-dos”, o projecto acabou por ser abandonado. Paulo Paulos, direc-tor do jornal bracarense, explica que “o ComUM impresso durou

O meio académico é um meio privilegiado, em que o contacto com as novas redes são não só importantes como essenciais para o enriquecimento dos estudantes.

A presença dos jornais na Internet tornou-se essencial, particularmente os jornais que têm os universitários como público-alvo.

hoje. As versões são distintas uma da outra, mas só desde o início deste ano lectivo é que, com a re-modelação do site, houve maior facilidade para gerir e articular os conteúdos da versão impressa com a online. “Desta forma, por diversas vezes remetemos para o site entrevistas na íntegra que saem na edição impressa, assim como foto-reportagens sobre te-mas abordados no jornal”, explica João Ribeiro, director d’A Cabra.

Vanessa Quitério, coordenadora do projecto online no ano passa-do, explica que existem diferen-ças entre a abordagem impressa e online. “Ambas se completam. Na Internet, pelo poder do imediato, do hoje e agora, as informações antecipavam as reportagens de profundidade de campo, levan-tavam o véu para o posterior esmiuçar do papel. Bem como a publicação de reportagens foto-

ALINE FLOR E TATIANA [email protected], [email protected]

Jornalismo universitário: intervenção continua em força

na era da Internet?

“É difícil pensar um jornal universitário como o JUP que não

seja (também) impresso em papel.”

Uma redacção à espera de mais colaboradores para arrancar com a edição online do JUP

JOSé FERREIRA