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vitória Ano IX Nº 110 Outubro de 2014 vitória REPORTAGEM Revista da aRquidiocese de vitóRia - es LIÇÕES DA TRADIÇÃO

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vitóriaAno IX • Nº 110 • Outubro de 2014

vitória

RepoRtagem

Revista da aRquidiocese de vitóRia - es

Lições da tradição

Av. Ranulpho Barbosa dos Santos, 587 - sala 101Jardim Camburi - Vitória - ES - Brasil - CEP: 29090-120

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vitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

vitóriaAno IX – Edição 110 – Outubro/2014Publicação da Arquidiocese de Vitória

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispos Auxiliares: Dom Rubens Sevilha, Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasEditora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850 • Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 • Ilustrador: Rennan Mutz, Silvander Honorato• Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica 4 Irmãos - (27) 3326-1555

04 editorial

12 micronotícias

18 mundo litúrgico

30 caminhos da BíBlia

36 prÁtica do saBer

41 arquivo e memória

Pensar

diálogosRepresentatividadenaIgrejaemAssembleia

arte sacraAsportasdoSantuáriodeAparecida

entrevistaOsegredodoêxitoédelegarfunções

esPiritualidadeAmatemáticadeDeus

rePortagemLiçõesdatradição

asPas

ideiasOmundofugiuparatocasescuraspormedodoshomens.Quandoelereaparecerseráoutro.Vamosresgatá-lo

viver BemFranciscodeAssisEcologiaeSaúde

comunidade de comunidades

SãoLucasoevangelistamédico

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reflexões PorumaIgrejamissionáriaeevangelizadora

esPecialOsmistériosdamorte

ensinamentosExercerasolidariedade

cultura caPixaBaMedicinapopular

acontece

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atualidadeAviolênciacontraamulherjovem08

Maria da Luz FernandesEditora

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A tradição, sempre vista como passado é, na verdade, futuro: passar, adiantar. Entregar. Ao olhar sob essa perspectiva, os pesos

culturais que carregamos podem ser mais leves assim como o inverso também possa ser verdadeiro. Em duas das matérias desta edição, de forma mais explícita, fala-se sobre esse assunto. A entrevista com frei Moser e a reportagem sobre casamento pomerano apontam como o passado pode ser entregue ao futuro enriquecendo-o de sentidos e, porque não dizer, de valores. Tradições familiares, culturais, regionais ou mundiais podem nos orientar para o futuro, iluminar o caminho, trazer de volta princípios que fazem do velho o novo ou do passado o futuro ou, ainda do hoje um presente perpétuo. Que se propaguem as boas tradições, que o presente nos interligue com o passado e o futuro!

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no futuro

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Pensar

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É muito comum na vida democrática promover a participação popular

através de representação. Isto se dá nas eleições para os diversos ser-viços do Bem Comum, na política partidária, associações diversas que se organizam com a preocupação de abrir espaço para as pessoas interessadas em dar a sua contribuição pessoal na conquista dos objetivos de cada entidade. Para isso são escritos os regimentos norteadores da vida da entidade, ou mesmo, estatutos estru-turais normativos que estabelecem a natureza, objetivo geral e objetivos específicos de tal forma que o agir desta entidade tenha clareza e dê se-gurança aos participantes. As pessoas interessadas apresentam-se como representantes a serem eleitas pelos membros da entidade para determi-nados serviços ou uma ação comum. A Igreja Católica, embora não

Representati vidadena IgReja em assembleIa

diálogos

seja uma democracia, é uma sociedade participativa, povo de Deus. Tem seu Estatuto, o Código de Direito Canôni-co, que normatiza sua ação evangeli-zadora em vista do Bem Comum, me-lhor, em vista do Reino e reinado de Deus. Nessa ação, ao longo da história propõe e busca comportamentos e atitudes democráticas. Assim costuma na vida eclesial realizar assembleias paroquiais, regionais e diocesanas ou arquidiocesanas. A CNBB, por exemplo, realiza todos os anos uma grande Assembleia com todo episco-pado brasileiro. Cada assembleia tem o seu regimento para a participação dos membros convocados. Nossa arquidiocese está se pre-parando para uma assembleia geral representativa de toda a Igreja Local. Porém, a representação não é fácil nem simples, por mais democrático que se queira ser. Quem representa

“A

representação

não é fácil

nem simples,

por mais

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ser. Quem

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quem? Quem

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quê?”

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Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc.arcebispo Metropolitano de Vitória eS

quem? Quem representa o quê? Não poderemos dizer que esta assembleia representará toda a Igreja arquidiocesana. Se olhar-mos os membros eleitos e par-ticipantes, veremos que a Igreja é muito mais ampla e não estará representada, enquanto Igreja. O regimento desta assembleia deverá ter bem claro o seu obje-tivo que é, evidentemente, para servir toda a Igreja Arquidioce-sana. Porém, a representatividade democrática não será de toda a Igreja, embora os convocados sejam eleitos para servir toda a Igreja. Estes não conseguirão representar a grande variedade de irmãos e irmãs da Comunidade Eclesial. Com certeza não será uma assembleia arquidiocesana no seu sentido pleno, mas, sim, uma

Representati vidadeassembleia de agentes de pasto-rais e movimentos eclesiais para tratar de assuntos de interesse de toda a arquidiocese ou da ação evangelizadora desta Igreja Par-ticular. Esta assembleia dos agentes da ação evangelizadora da arqui-diocese terá um significado para toda a Igreja Arquidiocesana, não pela via democrática, mas pela ação, participação e deci-são da hierarquia, a qual dará um cunho diocesano às decisões consensuais dos agentes eleitos e convocados para este serviço eclesial, como representação da ação evangelizadora de toda a Igreja Arquidiocesana. Demo-cracia e hierarquia no serviço do Reino de Deus.

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atualidade

Mulher Jovem a VIolÊnCIa ContRa a

O crescimento da vio-lência contra mulhe-res jovens, na fase da

adolescência, vem assustando a todos nós. Para um melhor entendimento do assunto, temos que considerar alguns aspectos dessa complexa faixa etária.

Trata-se de uma fase de mudanças significativas, tanto fisiológicas como emocionais. O próprio cérebro também está em fase de mudanças. Afinal, as conexões entre os neurônios se desfazem, para que surjam novas.

A área responsável pelo planejamento a longo prazo e controle das emoções ainda está se completando e a produção de serotonina (neurotransmissor responsável pela sensação de bem estar) é reduzida. Como

os níveis de serotonina caem, o adolescente tem mais dificuldade de se sentir satisfeito e tende a se arriscar mais.

Esta é a fase da desconstru-ção e reconstrução da própria identidade e da visão do mundo e das relações sociais e familiares. Enfim, é uma fase de vulnera-bilidade onde as chances de se expor a riscos se multiplicam pela necessidade de testar limi-tes e experimentar o novo. Essa vulnerabilidade advinda de uma maturidade ainda não estabeleci-da, coloca a mulher adolescente como alvo de marketing de uma iniciação sexual precoce, de pre-ocupação exagerada com o culto ao corpo, com o incentivo ao consumo material em detrimento dos valores interiores.

O desafio da família e da

sociedade nessa hora é enxergar a mulher adolescente como um ser ainda em fase de formação, e assumir perante a ela, respon-sabilidades como adultos. Sem tolher o seu necessário desen-volvimento, sua curiosidade saudável, mas orientando-as e protegendo-as.

Os pais, ao demonstrarem seus valores, estabelecerem limites e se colocarem como adultos se diferenciam da filha, dando-lhe segurança nesse mo-mento de travessia.

Para enfrentarmos a vio-lência contra a jovem mulher, precisamos disponibilizar recur-sos e informação, assim como o acesso a serviços de saúde e investimentos no fortalecimento da autoestima. A presença ou ausência de programas públi-

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atualidade

Doutora Lourdes LandeiroPsicóloga

cos relacionados à adolescência, também farão toda a diferença.

A violência contra a mu-lher adolescente se manifesta através do abuso sexual, físico e psicológico. Muitas vezes, a violência ocorre já na fase do namoro, se manifestando através da possessão no relacionamento e do ciúme excessivo.

A visão da mulher como propriedade masculina é um

triste reflexo da nossa socieda-de ainda permeada por valores machistas, racistas e sexistas. Essas concepções legitimam a mulher como propriedade mas-culina, sujeitando-a a violência. O correto é ensinar que todos, independente do sexo, precisam respeitar o outro, quebrando as-sim esse longo e odioso ciclo.

Tanto a solidez da estrutura familiar, quanto a forma como seus membros se comunicam, são de importância fundamen-tal. Infelizmente, são muitos os casos de violência domés-tica. Lares onde a violência é banalizada, comprometem e prejudicam a formação dessas

jovens, que passam a encarar essas atitudes em relação a elas como “normais”.

Ao aceitarem e até mesmo se culpabilizarem pelas violên-cias recebidas, elas se tornam vítimas do medo. A violência destrói as suas vidas, suas pos-sibilidades de sucessos futuros, causando assim, danos irrepará-veis. As nossas jovens passam a se tornar mais vulneráveis em relação às drogas e vítimas ainda mais vulneráveis às quadrilhas de tráfico sexual.

Tornar as jovens mulhe-res mais fortes, investir em sua formação emocional, dar-lhes meios para se defender, as tor-narão livres das coerções per-versas. Sem isso, as relações se tornarão menos estáveis, com laços menos sólidos, causando um enfraquecimento das futuras famílias que se formarão.

O jovem espelha a socieda-de na qual vive. A contemplação passiva da violência a que nossas jovens mulheres estão sujeitas, nos tornam responsáveis não só pela destruição de suas vidas, como também, pelo enfraqueci-mento das famílias e até mesmo do tipo de sociedade que o futuro nos reservará.

A visão da mulher como propriedade masculina é um triste reflexo da nossa sociedade ainda permeada por valores machistas, racistas e sexistas.

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arte sacra

Uma visita ao Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo, pode nos

revelar muito mais do que nossos olhos podem ver num primeiro momento. São formas, linhas, curvas, pisos e tetos ricos em história e religiosidade. Você já observou as portas do Santuário? Com o que elas se parecem? Acertou aquele que, através das formas arquitetônicas, enxergou mãos! Quem entra ou sai por uma das 22 portas do templo, visua-liza um conjunto composto pela porta em si, cinco aberturas aci-ma e um arco sobre a mesma. A palma da mão é a própria porta, com seus dedos orientados para o alto. A mão é a forma que a iconografia usa para representar o Pai, pois d’Ele conhecemos somente a ação. E a porta em si representa o próprio Cristo “Eu sou a porta” (Jo 10,9), como nos

Raquel Tonini, membro da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Vitória e Grupo de Reflexão do setor espaço

celebrativo da comissão Litúrgica da cNBB

lembravam os portais medievais ao fazer neles representações de Cristo. “Aqui deixamos a Babilô-nia externa e entramos na Jerusa-lém Celeste, o lugar do Homem Novo, o lugar do repouso”. Com esta frase poética, Cláudio Pas-tro, artista responsável pela ico-nografia do local, nos apresenta a explicação das portas do San-tuário. Observe que sua forma geométrica indica perfeição e nos leva ao repouso: harmoniza o quadrado (símbolo do mundo) com o círculo (símbolo do divi-no) em perfeito encontro. Esta união cria um arco pleno, que indica harmonia, segurança e unidade. Da próxima vez, ou pela primeira, que for à cidade de Aparecida, não deixe de observar também as portas do Santuário: um convite a entrar e uma des-pedida, como um acenar, um

‘tchau’, para os que, saindo, olham para trás e querem guar-dar no coração uma imagem da experiência vivida.

“Essa é a geração dos que procuram o Senhor, dos que buscam tua face, ó Deus de Jacó. Portas, levantem seus frontões; elevem-se,

portais antigos, pois vai entrar o Rei da glória!”(Sl 24,7-8)

As portasdo santuáRIo de apaReCIda

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micronotícias

Vestidos pARA A ÁfRicAAos 99 anos, uma senhora americana se empenha dia-riamente para uma causa no-bre: produção de vestidos para as crianças na África. Há dois anos ela costura e doa um vestido por dia, que são encaminhados para a iniciativa “Little Dresses for Africa”. A instituição bene-f icente, fundada nos EUA,

distribui vestidos para meni-nas carentes em orfanatos, escolas e igrejas de toda a África, desde 2008. Somente a idosa já fez mais de 840 vestidos nesses dois anos de trabalho voluntário e até o dia do seu 100º aniversário, em 06/05/2015, quer che-gar à marca de mil vestidos costurados.

ÁguA puRificAdA coM A luz do solMais de um bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à água limpa. Pensando nisso, um estudante de engenharia da Universidade de Buffalo criou um sistema de baixo custo que tem potencial para auxiliar as comunidades ca-rentes: uma lente solar capaz de filtrar a água. O resultado foi um equipamento capaz de filtrar 99,9% das impurezas de um litro de água em cerca de uma hora. A lente aumenta a luz solar e aquece um litro de água a uma temperatura sufi-ciente para filtrá-la. À medida que o Sol muda de posição no céu, o recipiente de água precisa ser ajustado a fim de ficar no ponto focal da lente. O processo de aquecimento eli-mina os agentes patogênicos presentes na água, deixando-a limpa e potável.

BengAlA inteligenteCientistas da Índia, país com o maior número de deficientes visuais do mundo, desen-volveram uma bengala inteligente para cegos, que vibra ao detectar objetos e pessoas, ajudando a evitar que os usuários tropecem ao caminhar. O sensor que identifica objetos pode ser acoplado a qualquer bengala e pode ser trocado de uma para a outra. Enquanto muitos equipamentos sofisticados dificultam o acesso dos usuários devido o alto custo, o dispositivo criado pode ser encontrado pelo valor de R$ 120.

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HÁBitos sAudÁVeis pARA pReVeniR o MAl de AlzHeiMeR

eM AleRtA pARA o uso do AdoçAntePesquisadores acenderam o sinal ama-relo para o uso de adoçantes. De acordo com o estudo, usar adoçantes pode predispor algumas pessoas a diabetes, ao dificultar a forma como seus corpos lidam com o açúcar. O trabalho sugere que os adoçantes mudam a composição das bactérias benéficas do intestino. Isso parece dificultar o modo como o corpo lida com o açúcar da alimenta-ção, o que pode resultar no aumento das taxas de açúcar no sangue. Esse dano, chamado intolerância à glucose, pode levar à diabetes. Porém, os auto-res esclareceram que os resultados do estudo, que incluiu alguns experimentos com humanos, não são suficientes para recomendar mudanças na forma como as pessoas usam os adoçantes.

Um em cada três casos de Alzheimer no mun-do pode ser ev i tado, segundo um estudo da Universidade de Cam-bridge, na Grã-Bretanha. Os pesquisadores des-cobriram que os prin-cipais fatores de risco para o desenvolvimen-to da doença são: dia-betes, hiper tensão na meia-idade, obesidade na meia-idade, seden-t a r i s m o , d e p r e s s ã o , fumo e baixo nível de instrução. Segundo os

cientistas, um terço dos casos de Alzheimer pode estar conectado a fato-res ligados ao estilo de vida dos pacientes, que podem ser modificados, como a falta de exercício e o tabagismo. Com a análise em relação ao número de casos no fu-turo, eles descobriram que, ao reduzi r cada fator de risco em 10%, quase nove milhões de casos da doença pode-r iam ser evitados até 2050.

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entrevistaMaria da Luz Fernandes

vitória - Quando ouvi falar do senhor foi por seu trabalho relacionado à família. Por que essa fama? Frei Moser - Ali pelos anos 80, falava-se de Pastoral de Família e eu fui convocado pelo Leste 2 (Regional da CNBB) para acompa-nhar duas assembleias sobre o assunto. Che-

pessoas que não estão vivendo de acordo com o que a gente chama-ria de modelo familiar. A Pastoral Familiar abrange todo mundo: os sem família, os se-parados, recasados e assim por diante. Nós pregamos que eles se sintam amados por Deus e convocados para trabalhar da me-lhor maneira possível em sua própria vida.

vitória - O senhor é professor, diretor da editora Vozes, apre-senta programa de televisão, assessor em questões de bioética, família. Onde se sente mais à vontade? Frei Moser - Olha, é muito difícil de res-ponder. Comecei dan-do cursos e palestras na linha de genética,

biotecnologia, ma-nipulação gené-

tica, enfim. Na hora da morte de

guei e procurei mos-trar que o nome não era correto. Pastoral de Família é a Pastoral que considera a família nela mesma, isolada do con-texto socioeconômico, político e cultural. Pas-toral Familiar é muito mais amplo, afinada com o social e ao mes-mo tempo colocando como objetivo aquelas

meu pai, minha mãe me falou: “meu filho, quando você se orde-nou eu via você traba-lhando para o povo e não dando palestra para bispos e doutores” e aí eu comecei um traba-lho pastoral nos fins de semana na Baixada Fluminense. A primeira comunidade foi Santo Antônio, só tinha ban-dido e homicida, não tinha estrada, eram valas, não tinha luz, não tinha nada. Hoje a comunidade dorme de janela aberta, tem assistência à saúde e atividades múltiplas, teatro, pastorais. Com o tempo começou a ficar cansativo descer até à Baixada, e tam-bém as comunidades já estavam organizadas e eu queria continuar a trabalhar onde não tinha nada. Então co-mecei a trabalhar em Petrópolis e fundei a primeira comunidade, Menino Jesus de Praga.

o segRedo do ÊxIto é del egaR funçõesFrei Antônio Moser, diretor da Editora Vozes, com um pé na academia e outro no trabalho social.

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Era um mato, o pesso-al chamava Cotia. Em seguida, os vizinhos do nosso morro pediram ajuda para construir uma capelinha e aí co-mecei - Santa Rosa, São Pedro, São Paulo, Santa Edwiges, e em seguida Santa Luzia e depois então passei para ou-tro lado de Petrópolis, e ali estive à frente da construção do Institu-to de Teologia. Depois fundei a Paróquia de Santa Clara com a ideia de rede de comunida-des, onde a matriz tem o mesmo tamanho de todas as comunidades, com espaços para ativi-dades pastorais e lazer. E durante esse tempo escrevi 27 livros.

vitória - Quando o senhor organiza a paróquia, coloca foco na família, na organi-zação da comunidade ou na escrita? Frei Moser - A fase de Pastoral Familiar a que mais me dedicava, eu deixei um pouco de lado e dei primazia agora à biotecnologia.

Quando o Senado dis-cutiu o uso de embriões para fim terapêutico, a CNBB me pediu para representar a Igreja Católica junto com outras 15 religiões. Eu me senti sozinho, porque os outros todos nem sabiam do que se tratava. Os senadores estavam negociando um agronegócio, mais diretamente a questão dos transgênicos e em-purrando por baixo a questão do uso de em-briões. Eu dizia que o embrião tem um DNA próprio, único e portan-to não se mexe com o embrião. Isso deu um mal estar, porque eles já tinham a ata pronta dizendo que as religiões estavam aprovando. Ao lado disso, fizeram-me diretor da Vozes, que estava falida. Hoje, a Vozes é 10ª editora em termos de editoras re-ligiosas. Além disso, comecei um programa de televisão na TV Canção Nova que se chama “Em Pauta”, e discute temas de atua-lidade. Eu achava que

a minha missão estava mais ou menos cumpri-da, quando, há quatro anos, os nossos coor-denadores do governo provincial me chama-ram pra assumir “Ter-ra Santa”, um Centro Educacional criado há 96 anos. Lá era onde os frades que vinham do Chile recolhiam donativos e enviavam para os lugares santos. Aos poucos surgiram outras necessidades e transformou-se o local numa estrutura educa-cional que hoje atende 600 crianças.

vitória - Se tivesse que escolher apenas uma dessas atividades por qual optaria? Frei Moser - Não dá, uma coisa puxa a ou-tra. O que adianta você publicar livros se você não tiver uma vida cor-respondente no sentido de o livro se transfor-mar em vida? Se você tem uma paróquia, mas sem ligação com o so-cial não é paróquia. Dentro desse contexto de todas as atividades,

o segRedo do ÊxIto é del egaR funções“O que adianta você publicar livros se você não tiver uma vida correspondente no sentido de o livro se transformar em vida? Se você tem uma paróquia, mas sem ligação com o social não é paróquia.”

qual a mais importan-te? Não tem nenhuma, todas estão interligadas. vitória - Mas, geral-mente quando uma pessoa vai para uma área ela se dedica in-teiramente? Só que aí vem o grande segredo do êxito. Você escolhe os seus cola-boradores e delega as funções. Assim tam-bém na paróquia, cada comunidade tem o seu conselho, conselho ad-ministrativo, conselho pastoral, a gente apenas anima, mas eles vão fa-zendo. A mesma coisa a Terra Santa, tem uma organização, eu passo lá pra saber se está tudo

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bem, mas as coisas ca-minham sem minha pre-sença. A gente apenas dá, eu diria, uma tônica. O grande erro do Brasil é a centralização. Nós nos chamamos Repúbli-ca Federativa do Brasil, mas na realidade não existe autonomia. Eu acho que tem que ter uma revolução admi-nistrativa política que dê mais autonomia para os municípios e para os bairros. Cada bairro tem que ter a sua associação, o povo elege e eles vão trabalhar para atender as necessidades do lo-cal e assim também os estados. O controle da população tem que ser muito maior. Nós preci-samos votar em progra-mas e essa é a proposta da CNBB. Uma ação popular em que você vota nas propostas e no segundo turno vota nas pessoas. Qual o parti-do ou eventualmente a pessoa da sua equipe que pode executar isso? Elegemos um programa de governo e este vai

ser cobrado. O grande problema do Brasil é que ninguém cobra. Hoje a centralização é demasiada.

vitória - Então o se-nhor apoia a CNBB quando pede a Refor-ma Política?Frei Moser - Perfeita-mente, é por aí. Tem que ser uma nova ma-neira de gerir uma na-ção, um estado, uma prefeitura e assim uma empresa. Uma empresa que não sabe gerenciar as pessoas não vai a lu-gar nenhum, você tem que dar autonomia. Cla-ro que você tem que dar um controle, mas você tem que dar autonomia, para que ela funcione bem.

vitória - Trazendo para a Igreja, ela tam-bém é hierárquica, também é centraliza-dora?Frei Moser - Sim, tanto que o Papa Francisco diz que quer descentra-lização e não essa con-

centração. Ele diz que é bispo de Roma, não um sumo Pontífice que manda. Bispo de Roma que preside a Igreja, agora essa coisa tem que ser sublinhada na caridade, mas não tem mais aquela coisa que, tudo passa por Roma. Vocês resolvam os pro-blemas, pra isso existe uma conferência epis-copal, pra isso existem os regionais, as dioce-ses com seus conselhos e assim por diante. É impossível hoje ge-renciar qualquer coisa centralizada, algumas decisões são necessá-rias, é claro, mas agora o que o papa Francisco está propondo sobre a família é exatamente isso. Não me mande os problemas pra cá, me comunique as soluções. Isso é fundamental do ponto de vista Pastoral, sempre com a carida-de, a compreensão, isso não significa que você aceite tudo, mas é uma pedagogia diferente. O grande segredo do Papa Francisco é: você tem que ajudar as pessoas a se encantarem por um ideal de vida pessoal, profissional, eclesial. Uma vez que se encan-

entrevistaMaria da Luz Fernandes

tarem, os problemas vão sendo resolvidos.

vitória - No caminho que percorreu quais desafios aponta para a Igreja do Brasil? Frei Moser - Muito di-fícil porque nós hoje temos consciência da complexidade, da rea-lidade do mundo. An-tigamente falava-se como se o mundo fosse um só. Hoje são cultu-ras diferentes, línguas diferentes, costumes diferentes. A Igreja Or-todoxa Unida tem uma liturgia que demora três horas, é uma maneira diferente de entender a mesma mensagem do evangelho. Nas igre-jas evangélicas tem os charlatões, mas existem igrejas com pastores que estão estudando. Não vamos discutir teorias, mas vamos trabalhar juntos. A Igreja tem o desafio da comunhão na diversi-dade. Deus não criou nada padronizado, tudo é diferente, mas a diferença não é fra-queza, é possibilidade de enriquecimento de fecundação mútua. O desafio é a comunhão na diversidade.

“O grande erro do Brasil é a centralização. Nós nos chamamos República Federativa do Brasil, mas na realidade não existe autonomia.”

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A música no rito cristão:

mundo litúrgico

“A música sacra é tão sagrada para respirar como dois pulmões:

por um lado, como a música que fala de Deus e Deus torna--se música, poesia, canção do homem que vive seu tempo, uma arte que voa além dos horizontes habituais para descobrir e ex-plorar novas fronteiras e novas linguagens, por outro lado, se ela é usada na liturgia, ela deve atender as necessidades da ce-lebração litúrgica, no seu ritmo, suas estruturas, seus limites, por-

que é a Igreja que reza com mú-sica.” (Marco Frisina) A música dentro da liturgia não é somente um acessório para preencher os espaços entre as falas, orações ou para acompanhar os ritos, mas ela é carregada de sentido.

Nós chamamos de música ritual, porque ela tem uma forma exigentemente funcional, sendo feita especificamente para cada momento, elemento ritual ou tipo de celebração. Dessa maneira, a música litúrgica não basta sim-plesmente ter uma mensagem religiosa, mas ela faz parte de um rito que é proposto, sendo composta a partir de critérios que atendam a melhor forma de celebrar. Santo Agostinho, no século V, já nos dizia que “quem canta bem reza duas vezes.” Não somente cantar, mas cantar bem: o que de melhor temos para ofe-

recer ao Senhor, um louvor que O engrandeça e torne agradável o culto. O rito não serve para nos estratificar, deixar presos, mas para podermos manifestar nossa dinamicidade em meio à unidade que todos os cristãos são chamados a viver.

Por sua própria natureza, a música ritual cristã expressa o Mistério de Cristo. O canto e a música, segundo o liturgista Julián L. Martín, são uma ex-pressão da fé dos fiéis que se reúnem para celebrar o mistério pascal. “Por um lado, cumpre a nobre função de ser uma ‘res-posta do homem crente ao Pai que nos fala por meio de sua Palavra encarnada e gloriosa, Jesus Cristo ressuscitado, doador do Espírito que o faz presente entre os seus’. Por outro, é um verdadeiro símbolo litúrgico que “visibiliza, expressa e realiza a presença da salvação e a união da comunidade que celebra com Cristo, o Senhor, e por meio

deus se faZ CançÃo

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dele, com o Pai e no Espírito Santo.”

Esta música litúrgica está a serviço da Palavra, pois na Sa-grada Escritura está a sua fonte de inspiração. Da vida do povo cristão, de suas lutas, tristezas e alegrias, nós buscamos a ins-piração para rezar a nossa vida, para cantar os louvores que Deus realiza em nosso meio. Portanto, sua grande finalidade é realçar a Palavra emprestando-lhe sua força de expressão e motivação. As equipes de música não de-vem deixar para a última hora a escolha dos cantos, pegando o primeiro que encontrar ou aquele que vem sendo repetido a cada domingo.

Alguns critérios devem ser levados em conta na hora da

escolha do repertório de cada celebração, como, por exemplo, o tempo litúrgico e o domin-go que está sendo celebrado. O ministro da música deve não somente se preocupar com o que canta, mas deve rezar a liturgia daquele domingo ou dia que está sendo celebrado e, a partir dela, escolher o canto mais ade-quado. As melodias devem ser acessíveis para a comunidade, facilitando a sua participação. Na escolha dos cantos, não fa-zer opção pelo novo, mas pelo melhor...”Busquemos o melhor, e o melhor será o novo”. Santo Agostinho nos diz que “É me-

e o salmo ResponsoRIal? O(a) salmista exerce o ministério litúrgico de cantar o salmo após a proclamação da primeira

leitura da Missa ou da celebração dominical da Palavra (Música Litúrgica no Brasil nº 249). Ele deve ser entoado da mesa da Palavra. Ele entoará o refrão pela primeira vez, mas a resposta não é sua. Esta é da assembleia: é o povo de Deus reunido que deve cantar entre as estrofes a resposta, fazendo ecoar em toda a Igreja uma louvação ao Senhor. Por isso, além do pré-requisito de uma boa voz, o(a) salmista deverá executá-lo com o máximo de expressividade e clareza, numa atitude orante, como convém a todos que exercem o ministério de proclamar a Palavra de Deus.

Marcus Tullius Comissão Arquidiocesana de Liturgia

lhor cantar um canto velho com um coração novo do que cantar um canto novo com um coração velho.”

Toda celebração é expres-são comunitária, um povo que se reúne para manifestar e pro-fessar sua fé. Esta expressão se dá num diálogo com o Sagrado. Dialogamos com ele em forma de oração, em forma de canção, inseridos na realidade. Como diz o ditado popular, “quem canta, reza duas vezes”, logo a nossa canção deve expressar com mui-ta força a nossa oração.

revista vitóriaOutubro/2014 19

revista vitória Outubro/201420

a matemátICa de deus

esPiritualidade

Dom Rubens Sevilha, ocdBispo auxiliar da

arquidiocese de Vitória

O modo de pen-sar de Deus nem sempre

coincide com o pensa-mento humano. Nem sempre o que é precioso aos nossos olhos o é aos olhos de Deus. E vice versa. Na matemática divina nem sempre dois mais dois são quatro. Alguns exemplos:

“Acima de tudo, cultivai, com todo o ar-dor, o amor mútuo, por-que o amor cobre uma multidão de pecados” (1 Pedro 4,8). A força do amor é infinitamente maior do que a força do mal. São João da Cruz afirma que um ato de amor verdadeiro vale mais do que mil obras feitas com segundas in-tenções interesseiras e S. Teresinha foi doutora sobre o enorme valor de pequenos gestos. A quantidade numerosa dos erros que comete-mos não tem a mesma força dos atos bons que fazemos. O bem é como

o mesmo valor de duas más ações. Elas não se equivalem.

Na justiça humana prevalece o “unicuique suum” (a cada um o seu), na justiça divina se alguém quiser levar o seu manto, dê-lhe tam-bém a túnica. O cristão paga o mal com o bem, jamais revida o mal com o mal. O cristão verdadeiro prefere sair perdendo, em algumas circunstâncias, em vista de um bem maior. Ofe-rece a outra face.

um anel de ouro e os erros cometidos são como uma bacia cheia de anéis de ouro falso.

O bem que faze-mos vem energizado com a graça de Deus, tipo fermento na mas-sa, enquanto o mal que realizamos tem somente a nossa pobre força hu-mana, às vezes, inchada pelo capeta. Infelizmen-te, supervalorizamos os erros e nos esquecemos que o bem (o amor) co-bre uma multidão de pe-cados. O pessimismo faz a alma desconfiar da força da graça de Deus, desvaloriza o bem e, consequentemente, só enxerga os males do mundo. Pessimismo não combina com cristianis-mo. Quanto mais pessi-mista é alguém, menos fé ele tem! O pessimista nega o agir de Deus no mundo e exalta somente o limitado e, às vezes, desastrado agir humano. Na matemática de Deus duas ações boas não têm

A lógica humana materialista consumista encontra suprema ale-gria em comprar e acu-mular, mas, na lógica divina existe mais “ale-gria em dar do que em receber” (At. 20,35).

“O bem é como um anel de ouro e os erros cometidos são como uma bacia cheia de anéis de ouro falso.”

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ÁREA VITóRIAComunidade na Ilha do Boi

ÁREA CARIACICAComunidade em Porto de Santana

ÁREA SERRAComunidade em Nova Porto Canoa II

ÁREA VILA VELhAParóquia São Lucas - Jardim Asteca

Onde celebrar

são lucaso eVangelIsta médICo

comunidade de comunidades

Em outubro a igreja faz festa para um de seus evange-listas: Lucas. Mas ele é

lembrado também pela socieda-de em geral. O dia dedicado ao santo, 18, é também o “dia dos médicos”. Segundo a história, São Lucas era médico, além de pintor, músico e historiador. Não há dados precisos sobre a vida deste santo que viveu no século I d.C. Era natural de Antioquia, cidade situada em território hoje pertencente à Síria.

Não há documentos, porém há provas indiretas de que ele exercia a medicina. A principal delas vem da epístola aos Colos-senses de São Paulo, quando se refere a “Lucas, o amado médi-co” (4.14). Eles foram grandes amigos e, juntos, difundiram os ensinamentos de Jesus. Além disso, em certas passagens, uti-liza palavras que indicam sua familiaridade com a linguagem médica de seu tempo.

E são essas pistas que, ao longo do tempo, cultivaram a devoção ao santo. Em nossa Ar-quidiocese, uma paróquia e três comunidades são dedicadas a São Lucas. É ele também que dá nome ao principal hospital público da Grande Vitória, rei-naugurado recentemente.

O vice-presidente da As-sociação dos médicos católicos, Doutor Ayrton Gomes da Fonse-ca considera inspirador o exem-plo de São Lucas, que conciliou

Todo primeiro sábado do mês, padre Ade-nilson Schmidt celebra missa na Capela de Santa Terezinha, no Hospital das Clínicas, em Vitória. São convidados a participar médicos, pacientes do hospital e estudan-tes de medicina. A celebração começa às 9 horas e é coordenada pela Associação dos médicos católicos.

Missa dos médicos católicos

o apostolado e a profissão. “O médico que tem consciência da Evangelização exerce com mais facilidade sua atividade, porque mostra para o paciente tanto o lado da doença física quanto es-piritual, que também precisa ser curado. Isso facilita o processo de cura e a prática da profissão.”

Edna de Lourdes Sarcinelli, que participa da comunidade São Lucas, na Ilha do Boi, em Vitó-ria também destaca o exemplo de São Lucas para os profissio-nais. “Que os profissionais da

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ÁREA VITóRIAComunidade na Ilha do Boi

ÁREA CARIACICAComunidade em Porto de Santana

ÁREA SERRAComunidade em Nova Porto Canoa II

ÁREA VILA VELhAParóquia São Lucas - Jardim Asteca

são lucas

A Bíblia apresenta São Lucas como o médico de coração generoso, bem instruído e autor de um dos Evangelhos e do ‘Livro de Atos’. Lendas antigas o descrevem como uma pessoa a quem são atribuídos milagres e prodígios antes mesmo de sua conversão ao Cristianismo. Taylor Caldwell combina estas duas imagens de um dos homens mais importantes da igreja cristã primitiva, caracterizado pela constante preocupação com o sofrimento de enfermos, oprimidos e pobres.

Médico de Homens e de almas

NA ARqUIDIOCESE DE VItóRIA, 01 PARóqUIA E 03 COMUNIDADES SãO DEDICADAS AO SANtO.

saúde acreditem mais em Deus, que tenham seus pensamentos, conhecimentos a atos clínicos voltados a Deus, como São Lu-cas”, finalizou.

O lado escritor de São Lucas também é marcante. Apesar de não ter convivido com Jesus, e por isso a sua narrativa é basea-da em depoimentos, é ele quem descreve sobre o nascimento e a infância de Jesus, a visita dos pastores, a estadia dele no Tem-plo aos 12 anos e as parábolas de Lázaro e do Filho pródigo, entre outras passagens. Além do evangelho, é autor do “Ato dos Apóstolos”, que o complementa.

Apesar da incerteza sobre as circunstâncias de sua morte; na versão mais provável e aceita pela Igreja Católica, suas relí-quias encontram-se em Pádua, na Itália, onde há um jazigo com o seu nome.

Gilliard Zuque

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Maria da Luz Fernandes

rePortagem

lições da

tradiçãoEm meio a tantas novas configurações familiares (pais separados, guarda compartilhada de filhos, avós responsáveis pelos netos, mães solteiras, etc) também surgem os resgates pela tradição e é sobre um deles que a reportagem deste mês se dedica: o casamento na tradição pomerana.

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lições da

tradiçãoOuve-se, vê-se

e constata-se que as confi-

gurações familiares es-tão cada dia mais com-plexas e diversificadas. Os mais pessimistas lamentam, os mais or-todoxos reafirmam po-sições, os “pra frente” acham normal e, entre lamentos, ortodoxias e modernismos, a vida vai seguindo seu curso e in-cluindo na instituição familiar os reflexos de uma sociedade que pa-rece se reinventar e nos surpreender a cada dia. Em algumas re-giões do interior do Espírito Santo, a festa de casamento voltou a ser um momento de “lições” para os noivos, um resgate do sentido da vida a dois. Os va-lores para o casamento “dar certo”.

trada de chão à procura do lugar sinalizado por um mastro e antecedido por placas com as ini-ciais dos noivos. Isso na sexta feira, pois a festa já começa com o ritual do ‘quebra-pratos’. Chegamos. Uma área gramada, pista de dança, cobertura com mesas e algumas salas para abrigar os manti-mentos. Pronto, a festa já começara. Motos, carros, mesas fartas com caldos, pães, do-ces, salgados e lingui-ça. Sim, a linguiça não pode faltar, explicam nossos “guias” que fa-zem questão de mostrar as salas onde tudo isso fica armazenado. O clima é mesmo de festa popular e aos

Escolhida a data, horário e local é hora de chamar os convidados. Nada de muita etiqueta, afinal a festa é para toda a região, é um momento para encontros, novos conhecimentos e até para formar novos ca-sais. As distâncias são tão grandes que não dá para perder o momento. O ‘casório’ vira festa da região e oportunidade para novos namoros. Todos ficam sabendo até porque quem não for convidado também pode participar, é só chegar, pagar a entra-da e pronto, pode ficar à vontade e se divertir. A reportagem este-ve em Laranja da Terra. Sobreiro é o nome da localidade. Por entre caminhos que pare-cem não levar a lugar nenhum seguimos a es-

poucos vamos enten-dendo os detalhes da tradição. Nesse primeiro dia de festa (sexta--feira) não tem muito protocolo. Quem chega começa a se servir, e en-quanto rolam comidas e conversas, os noivos vão cumprimentando os convidados. Em certo momento, um microfo-ne anuncia o início do quebra-pratos e todos se aproximam da pista de dança. Em um canto uma mesa com flores, panela, colher de pau, areia e grãos de arroz, vassouras e pratos. Duas senhoras, vestidas com trajes típicos co-meçam a tomar conta do espaço e os jovens, dois grupos, o das meninas

revista vitóriaOutubro/2014 25

rePortagem

e o dos meninos posicionam-se estrategicamente na roda formada que, sem explicações, respeita o espaço da dança. Os visitantes como nós procuram entender, mas não precisa fazer esforço ou se precipitar, as duas senho-ras vestidas a caráter falando alternadamente em pomerano e português dirigem-se aos noivos e explicam a todos os símbolos que lhes são entregues após cada explicação. Uma verdadeira lição de vida!

Encantados com o que acon-tece, perguntamos se é sempre assim e eles respondem que, por alguns anos, a tradição se perdeu, mas estão retomando. Explicam também que o município não é mais tão pomerano como era e, por isso, falam também em por-tuguês para que todos entendam. Agradecemos por isso, não dá para interromper a toda a hora para entender. Depois que entre-gam as flores, a panela, a colher, a areia e o arroz, chega vez de quebrar os pratos. Os jovens es-tão a postos, os noivos também. As senhoras anunciam: “vamos quebrar os pratos e quanto mais pedaços se quebrarem, mais fartu-ra, mais riqueza, mais felicidade, mais prosperidade e mais amor terão os noivos”. Elas avisaram e nos dois idiomas, mas quem disse que não nos assustamos quando os pedaços começaram a se es-parramar pelo chão! Os noivos

começaram a tarefa que lhes foi dada: limpar a pista para que a festa continue, mas os jovens, me-ninos e meninos, armados com as mesmas ferramentas, as vassou-ras, fazem o trabalho inverso: os noivos tentam juntar os pedaços e eles espalham mais e mais. Tudo tem um significado: “nem tudo será fácil, algumas quebradeiras

ROSAS: as flores representam a beleza. Assim é a vida a dois. A mulher deve manter-se bela e arrumada para manter o encantamento do marido. Mas, as rosas têm espinhos e na vida a dois também o casal pode se machucar com as atitudes um do outro.

PANELA E COLhER: sinônimos de fartura, de comida na mesa. Enquanto a mulher cozinha o marido tem que trabalhar para trazer comida e encher as panelas.

AREIA E gRãOS dE ARROz: representam a quantidade. O amor que deve ser infinito.

VASSOuRAS: servem para fazer limpeza. Com elas os noivos limpam o salão e juntam os cacos. Assim será vida a dois. Em alguns momentos alguma coisa se quebra, então os dois precisam juntar os cacos e quanto mais rápido o fizerem, mas rápido volta tudo ao normal.

Significados dos símbolos

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irão acontecer, pessoas poderão atrapalhar, mas quanto mais rápi-do e unidos eles estiverem, mais rápido vão consertar os estragos e continuar a festa”, disse Heliane Ponaht Abelt, nossa tradutora e intérprete. Depois da pista arru-mada quem comanda a festa é o grupo de forró. O dia seguinte é para enterrar os cacos debaixo de uma árvore como se fosse um tesouro. Di-zem que alguns guardam, mas a tradição é enterrar para garantir a prosperidade. No mesmo dia é o casamento religioso. Neste caso, a noiva luterana e o noivo católico. A cerimônia é na Igreja Luterana e

segue o rito da mesma, mas um padre católico convidado par-ticipa da celebração conduzida pela pastora. Dirige uma fala aos noivos, abençoa, reza e impõe as mãos. A pastora benze as alian-ças, faz recomendações e dirige todo o ritual. Eram três horas da tarde porque depois tem mais festa. No mesmo local do quebra--pratos as pessoas vão chegando. Muitos nem foram à igreja e cada um tem suas razões, mas na fes-ta estão todos os da véspera e muitos outros e muitos mais. A novidade na festa do casamen-to é a dança dos noivos. Quem explica é o pai da noiva. Dada a largada com a dança do casal, trocam-se os pares, o pai do noivo dança com a noiva e a mãe com o filho. Depois é o pai da noiva com ela e o noivo com a mãe da noiva. Até ali parecia igual, mas não era. Começa a fila dos homens que querem dançar com a noiva. Para tal, é preciso pa-gar, comprometer-se em manter a ordem, para isso recebem um sinal (um lacinho no peito). A noiva delicadamente conduz o par até o local do pagamento e do

laço. Feito isso, vem a segunda recompensa para os comprome-tidos: um copinho de cachaça, afinal é festa. O pai da noiva faz um apelo: “vamos participar sem brigar. Nós trabalhamos muito para chegar aqui e hoje é festa”. Pedido atendido. Conversa, dan-ça, brincadeira e tudo em paz. Do lado de fora da cerca um mundo de motos e carros, parece que o município todo está ali e é qua-se verdade. Segundo Heliane, Edson e Regina, a comunidade envolve-se na preparação que dura meses. Preparam o discurso do quebra-pratos com base na tra-dição. Os que já receberam ajuda para seus próprios casamentos ou dos filhos, ajudam naquilo que são capazes. Alguns poucos são contratados para tarefas mais específicas (assadeiras de bolo, experientes em mexer com forno, etc), mas é quase tudo na base da troca. A comunidade prepara e festeja junto com a família. O novo casal experimenta o valor da comunidade e aprende o sentido da vida a dois.

Cardápio do casamento: caldos, café, bolos, salgados, queijo e linguiça. Bebidas de graça só as quentes: gengibre e cachaça. Outras cada um compra a sua.

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Pastoral do Menor não é profissão. É um chamado de Deus que toma conta da gente. É uma missão que brota do

coração apaixonado de Deus pelos mais pobres. É uma sedução divina irresistível que interpela à conversão. É uma convocação por parte de Deus que, ao assumir o clamor da criança sofrida, tira a gente do sossego até acabar com a dor dos inocentes. Agradeço a Deus por ter me escolhido para essa missão. Ao responder ao seu apelo para defender e promover os direitos humanos dos pequenos me tornei mais gente e mais cristão.

Padre Xavier

Sou um curioso nato e desde que me formei em fisioterapia uso essa característica para buscar entender a origem dos problemas de saúde que os pacientes apresentam. Nessa busca, encontrei alternativas para melhorar a qualidade de vida de muita gente. A coluna na Revista VITÓRIA MAIS é um espaço privilegiado para compartilhar esse conhecimento.

Audinei das Neves

No mundo atual, o tema “Religião” tornou-se objeto de debate público e político, e mostra a cada dia como se faz necessária uma reflexão crítica sobre seus diversos ingredientes como templos,

asPas

fé, Igreja, diálogo inter-religioso, Deus, santos, tolerância, pluralismo religioso e ecumenismo. Isso nos permite olhar ao nosso redor com mais segurança e menos medo. É preciso enxergar pelo menos um palmo a frente do nariz! São textos curtos que podem ser usados em formação religiosa nas escolas e catequese. Esse é o objetivo da nossa coluna.

Edebrande Cavalieri

As pessoas que se acham “informadas” apenas por sorverem acriticamente as notícias dos grandes veículos de comunicação podem estar, na verdade, fermentando sua cabeça com o fermento dos fariseus e dos Herodes modernos. É assim, infelizmente, que grande parte da população, principalmente os setores de classe média, forma sua opinião sobre o que se passa em outros países e no seu próprio. Daí a necessidade de veículos alternativos para a formação de nossa opinião.

Mauricio Abdalla

Se viver é uma loucura, vou concluindo que a amizade e o encontro entre as pessoas, a ligação-religação entre elas é o que mais desendoidece.

Dauri Batisti

frases dos colunistas da primeira hora da Revista

vitória no aniversário da revista vitória

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caminhos da BíBlia

O primeiro ato de violência descrito na Bíblia é o assassinato de Abel, que é morto pelo seu irmão Caim. Ao tirar a vida do irmão, no meio do campo,

lugar da fecundidade e da prosperidade, lugar do qual todos nasceram, Caim demonstra a face mais dura da violência − é sempre um ato contra a vida de um irmão. A terra fica marcada, para sempre, com o derramamento do sangue de irmãos, a partir deste momento, como o diálogo entre Deus e Caim mesmo indica, quando cai por terra o sangue inocente

Amor e verdade se encontram, justiça

e paz se abraçam (Sl 85,11)

no salmo 85 o encontro do amor e da verdade provoca o abraço da Justiça e da Paz. tanto a paz quanto a justiça, em seus vários e amplos significados se referem

tanto ao indivíduo quanto à sociedade. deste modo, refletir sobre as causas primeiras e estruturais da violência e suas consequências, e promover atitudes e posturas de paz implica, necessariamente, numa verdadeira busca pela justiça, esta, que na sagrada escritura, diz respeito ao cuidado dos pequenos e pobres,

dos sem voz e sem poder, dos excluídos e esquecidos.

revista vitória Outubro/201430

é sempre sangue de irmãos. Toda forma de violência, em todo lu-gar e época se torna sempre um fratricídio, um ato contra a vida de alguém que compartilha da mesma natureza, mesma vida e dignidade humana. Este sentido profundo da paz como fruto da justiça, como a realização do projeto de Deus para a vida do homem, ganha sua plena definição em Jesus Cristo - é Ele a imagem per-feita do Pai. Nas palavras de Jesus: “quem tem fome e sede de justiça, quem se faz promo-tor da paz será chamado filho de Deus, cumprirá as obras do Pai e possuirá o seu Reino” (Mt 5,4.9-10). Toda a vida pública de Jesus se desenvolve ao lado dos pequenos e pobres, dos excluídos e esquecidos da sociedade, dos pecadores e dos doentes. Em suas palavras e gestos, Ele sem-pre revelou o cuidado de Deus para com esses descuidados e preteridos da sociedade. Jesus veio ao mundo para servir e não para ser servido e, no seu abraço final, da cruz vemos espelhado

o seu desejo de que a justiça e a paz pudessem se abraçar. Nas palavras de Jesus e em seus infinitos gestos concretos de Amor, os seus discípulos foram sendo formados para a novidade do seu Evangelho e de sua vivência no dia a dia. A vida das primeiras comunidades começava a espelhar o que os primeiros chamados pelo Se-nhor tinham vivido pessoalmente com Ele: a construção de laços fraternos e de um compromisso real da promoção da igualdade e da fraternidade. Aos cristãos de hoje não é pedido nada mais além de um olhar atento e consciente sobre o modo como se constroem e se configuram as relações sociais hoje, como cada um se coloca diante do quadro que se tem apresentado a cada dia. A fé que se professa traz dentro de si implicações reais e verdadeiras, as mesmas de Jesus Cristo, pois quando o discípulo decide seguir o Mestre ele se compromete em fazer as mesmas escolhas daque-le que decidiu seguir. Isso signi-

fica que ao abraçar o Evangelho, cada discípulo e discípula de Cristo abraça também os esco-lhidos de Deus, aqueles pelos quais Jesus se alegrou ao ver que recebiam o Reino (Mt 11,25), que são: os pobres, os pequenos, os excluídos, os sofredores, as mulheres, as crianças, os jovens e os encarcerados, todas as ví-timas da violência desmedida e sem precedentes. Assim sendo, faz-se urgente um abraço da jus-tiça e da paz, dado por meio de braços e mãos concretas e reais, de pessoas que marcadas pelos valores do Evangelho, como discípulos de Cristo, dizem um sim à paz. Um passo concreto no qual sejam contemplados, vistos e abraçados todos os que ainda sofrem as consequências da violência, em suas variadas formas, muitos perdendo a vida e manchando ainda mais o chão da terra do Espírito Santo, com sangue inocente.

Pe. andherson Franklin, professor de Sagrada escritura no iFTaV e doutor em

Sagrada escritura

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viver Bem

V ivemos hoje uma expe-riência verdadeiramente franciscana com a, cada

vez mais, difundida Zooterapia, ou TAA (Terapia Assistida por Animais). A medicina vai des-cobrindo que os animais tam-bém podem ser benéficos para a saúde. Médicos, além do trata-mento convencional, começam a prescrever o convívio com um animal para tratar casos de depressão, paralisias cerebrais,

ecologia e saúdecrianças com TDAH (Trans-torno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), Síndrome de Down, Autismo etc. Muitas reportagens nos dão notícias de tratamentos com cavalos, golfinhos, cachorros e gatos para crianças ou adul-tos com transtornos variados. Porém, no domingo, 14 de Se-tembro, o jornal capixaba A Tribuna, dedicou uma página inteira a este assunto, com o título: “Cobras, lagartos e ja-carés ajudam a tratar doenças”. Mostrando que animais nada convencionais auxiliam no tra-tamento de crianças e idosos com deficiências e transtornos variados. Destaca que “a zoo-terapia está aberta a qualquer espécie, desde que haja respeito aos animais e conhecimento para escolher o bicho certo para cada pessoa”. Francisco de Assis nos en-

sina que cada coisa, cada ser humano, cada animal possui seu próprio valor intrínseco, uma individualidade que é preciso respeitar e amar como criaturas de Deus e, como tal, têm direi-

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ecologia e saúdeto a uma coexistência harmô-nica. Uma das características marcantes na sua biografia é o profundo respeito à criação de Deus. Para ele todos eram irmãos: a humanidade, os ani-mais e a natureza. Tudo revela-ção da bondade e generosidade de Deus. Por isso, na visão de Francisco de Assis, amar um animal, amar a natureza é amar também a Deus e a sua criação. Dia 4 de outubro celebra-mos São Francisco de Assis homem que muito pode nos ensinar no trato com os ani-mais e toda a natureza. Todos os seres vivos, criações de Deus, tratados com amor e respeito, numa visão franciscana, podem e devem conviver em harmonia e fazer bem um ao outro.

Frei James Gomes neto, ofmReligioso Franciscano no Santuário

Divino espírito Santo de Vila Velha-eS

São Francisco morou na Itália e, antes de enxergar sua verdadeira vocação, fazia parte da burguesia, como os outros jovens da época. Mas alguma coisa aconteceu que ele mudou completamente o seu modo de viver. Foi durante a guerra entre Assis e Perusia que são Francisco foi preso e teve uma visão, lhe dizendo que devia tornar-se bom e doar aos necessitados todo o bem que possuía. Daí para frente, São Francisco passou a viver em harmonia com todas as criaturas. Começou a enxergar tudo como criação divina, por isso sua ligação com os animais e o meio ambiente. Em uma ligação fraternal, o Santo chamava tudo de irmão, como o sol, a lua e todos os animais. Além disso, São Francisco adquiriu grande poder sobre os animais, daí sua relação com todos os seres.

a vida de São Francisco

revista vitóriaOutubro/2014 33

ideias

É interessante notar como circulam por aí dicas para tantas coisas. Dicas para se ter um corpo saudável, para se cultivar a autoestima, para emagrecer, para

ter um bom relacionamento com Deus, para manter um casamento, para educar os filhos, para administrar o salário, para melhorar a memória, etc., etc. Mas, entre tantas não encontrei a que busquei. Procurei uma - movido não sei por qual impulso poético, ou espírito lúdico, ou por certo incômodo com as eleições – que apresentasse dicas para se fazer da vida uma outra vida, para fazer dela uma obra de arte, dicas para superar o desencanto (especialmente no Brasil), para se inventar outros modos de viver. Até porque talvez este seja o grande desafio da nossa vida (“Buscai primeiro o Reino”). Não encontrei, e isso pode indicar que, no mínimo, não pensa-mos muito nessas possibilidades, como se este mundo fosse “o mundo” e não pudesse haver outro, como se as coisas

o mundo fugiu para tocasescuras por medo dos homens.

Quando ele reaparecer será outro. Vamos resgatá-lo

revista vitória Outubro/201434

dauri Batisti

lutas foram infelizes;

w Reinventar o próprio corpo com respeito e carinho, libertando-o do império do consumo e das dependências as mais variadas;

w Expandir os limites da vizinhança, reencontrar por um novo olhar os que estão próximos, não recorrer à “justiça” (judicialização da vida) senão em casos extremos;

w Alargar a noção de sucesso e prazer para além do que o dinheiro propõe;

w Dar-se em atitudes clínicas, entender-se em primeiro lugar como remédio para o mundo e não como organismo sempre carente de medicamentos (medicalização da vida);

w Reconciliar-se com a dor e com o envelhecimento. Não comprar a ideia de felicidade que nega o que é próprio da condição humana. Também descobrir na dor os esquisitos modos que a vida pode usar para propor mudanças radicais;

w Ver-admitir em cada ação exitosa, em cada vitória as múltiplas vozes e mãos que as compõem;

w Saber que, independentemente do ego pessoal e do seu narcisismo, há algo em andamento na invenção de outros modos de vida;

w Atentar para novas palavras que surgem para além do ruído colossal das nossas cidades e dos meios de comunicação. Calar. Há algo nos sendo dito que não ouvimos.

estivessem na única ordem possível, como se os modos de viver fossem naturais e imutáveis. Quem mais se aproximou desta lista que busquei foi Clarice Lispector com uma linda crônica. Também encontrei uma que se diz do Dalai Lama. Mas as duas ainda priorizam uma dimensão mais pessoal. Apesar de gostar tanto de uma quanto de outra eu queria uma que falasse de processos mais coletivos, com interesses menos centrados na pessoa e mais no mundo. Como não encontrei, propus-me o trabalho de elaborar uma, a minha. Sim, por que não? Desculpa a pretensão! Vejamos aonde conseguirei chegar. Espere aí. Antes preciso confessar minha dificuldade em fazer este exercício que se revelou ao final bem incompleto e aberto. Na verdade espero seu sentimento, sua criatividade, sua par-ticipação. Pois bem, se o caro amigo persistiu na leitura até aqui e quiser seguir adiante aí está minha pequena lista de 10 dicas para resgatar o mundo da toca escura e que pede sua colaboração urgente. A ordem não é a de importância.

w Habitar a própria casa a partir do sonho que se quer para o país, e dos direitos que se defende para todos;

w Mobilizar a memória para aqueles que no enfrentamento de mi l d i f icu ldades não desistiram de lutar por uma vida melhor, e nem porque gastaram boa parte da vida nessas

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Prática do saBer

A população da região do Caparaó no Espírito Santo é atendida pela

Rede do Bem, projeto de ex-tensão da Universidade Federal do Espírito Santo, desenvolvido pelo Campus Alegre por estu-dantes de Biologia, Biomedici-na, Farmácia, Veterinária, Nu-trição, Engenharia de alimentos, Sistemas de informação e com-putação e Filosofia. Além dos

alunos da graduação, também atuam no projeto estudantes de mestrado e doutorado. O grupo atua no desenvol-vimento de ações de prevenção ao uso de tabaco, álcool e ou-tras drogas, em parceria com instituições da sociedade civil como escolas, igrejas, grupos de apoio e ainda com o Governo Estadual. Os alunos são respon-sáveis pela monitoria dos cursos

Letícia Bazet

ao uso do tabaCo, álCool e dRogas no CapaRaó CapIxaba

trabalhode prevenção

de capacitação, elaboração do material didático, palestras em escolas e comunidades, geren-ciamento dos sites, participação de fóruns, entre outras ativida-des que surgem com a demanda. “O nosso trabalho visa con-tribuir para melhorar a socie-dade, é um projeto desafiador. Temos um compromisso moral de combater os males causados por essas drogas. O que eu sinto

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Nas escolas, a temática é trabalhada de formas diversas e de maneira multidisciplinar. Uma das atividades desenvolvidas é o jornal do reconto, no qual os alunos têm em mãos uma notícia triste sobre casos que envolvem o álcool, tabaco e outras drogas. A partir deste fato, eles são estimulados a desenvolverem um novo final para a história, com uma saída positiva. “O objetivo é os estimular a pensar que existe uma saída, quem busca a solução pode a encontrar com esforço e determinação”, contou Adriana.

Jornal do reconto

é que as pessoas estão ávidas por uma saída, uma fuga. Ao chegarmos com o projeto, a aceitação é excelente. As pes-soas não sabem como come-çar, então queremos fortalecer aquilo que já existe”, afirmou a professora coordenadora do programa, Adriana Madeira. Em sua linha de atuação, a Rede do Bem faz pesquisa com tabaco, álcool e droga, e também estuda sobre câncer de cabeça e pescoço, doença relacionada ao hábito tabagista. Ainda promove a articulação das cidades, para que a socie-dade seja apoiadora das ações de prevenção; as escolas dos municípios envolvidos realizam uma programação anual para trabalhar a temática; e são ofe-recidos cursos de capacitação a distância ou semipresencial para professores, agentes de saúde e comunidades terapêu-

ticas, totalizando mais de dois mil profissionais beneficiados e capacitados até hoje. A partir do ano que vem, em parceria com o Governo do Estado, serão produzidas cartilhas educativas e distri-buídas em todas as escolas da região do Caparaó. Além disso, os integrantes da Rede do Bem farão visitas a todas as cidades divulgando o trabalho e cons-cientizando sobre a temática

trabalhada. “Nós, da rede do bem capixaba, acreditamos em um mundo melhor e mais feliz. Acreditamos também que as soluções dos problemas sociais passam pelas pessoas e que não é possível a solução de proble-ma algum sem a participação delas”, disse Adriana. Desde 2010, ano de criação do projeto, cerca de 60 alunos já contribuíram e aprenderam com a iniciativa.

revista vitóriaOutubro/2014 37

reflexões

Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

poR uma IgReja mIssIonáRIa e eVangelIZadoRa

Sabemos que a sociedade moderna atravessa um mo-mento de crise profunda de

fé, embora uma grande parte da humanidade ainda tenha fome e sede de Deus. Podemos nos perguntar, quantos são hoje os cristãos no mundo inteiro? As es-tatísticas religiosas não são muito exatas, porque em muitos países os cristãos são perseguidos ou os governos não incluem a religião no censo. Aproximadamente, es-tima-se o número atual de cristãos em dois bilhões, menos da terça parte da humanidade, estimada em 7,2 bilhões de pessoas. Entre os cristãos, os católicos são a maioria, superando um bilhão. Mas quantos destes que foram batizados na Igreja Católica são realmente evangelizados e são discípulos missionários de Jesus Cristo? Quem vai evangelizá-los? E o mais desafiador e preocupante é a outra grande parte da huma-nidade que ainda não ouviu falar do Evangelho.

É certo que não é suficiente percebermos a necessidade da missão, mas é fundamental uma tomada de consciência para que toda a Igreja, e nela, cada bati-zado, seja o sujeito da missão, e reconheça a necessidade de uma formação permanente. Fica, pois, muito claro que toda a Igreja tem

O documento de Aparecida nos ilumina, afirmando que o ponto de saída para uma eficaz evangelização, deve ser a partir de Jesus Cristo. Quem verdadei-ramente encontrou Cristo, não pode guardá-lo para si; precisa anunciá-lo. É necessário um novo impulso missionário, vivido como compromisso diário das comuni-dades e de cada um.

O Concílio Vaticano II de-cidiu olhar para o futuro com um espírito novo e abrir-se à cultura moderna. O Papa Francisco em uma de suas entrevistas, afirmou que os padres conciliares sabiam que essa abertura passava pelo ecumenismo religioso. “Eu te-nho a humildade e a ambição de o querer fazer”. Certamente é preciso agregar e somar forças, para superar essa realidade tão desafiadora, é preciso também, uma conversão pastoral, pois, desde o Concílio pouco foi feito nesta direção.

É urgente que cada cristão sinta-se interpelado por esta ta-refa que a identidade batismal lhe confia, que se deixe guiar pelo Espírito, segundo a própria vocação, na resposta a tal missão.

Seja missionário! Seja evan-gelizador!

“É fundamental uma tomada de consciência para

que toda a Igreja, e nela, cada batizado,

seja o sujeito da missão, e reconheça

a necessidade de uma formação permanente.”

a necessidade urgente de ser mis-sionária.

Os cristãos não podem per-manecer passivos, reduzindo, muitas vezes, sua pertença ecle-sial a momentos rituais. É pre-ciso ser um fermento na massa, falando e vivendo os valores do Evangelho para transformar as estruturas da sociedade.

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Revista da aRquidiocese de vitóRia - esvitória

esPecial

os mIstéRIos da moRte

Os tempos modernos, marcados pelo desejo de posse, de conquis-

ta e de acumulação capitalista, transformaram o tema da morte em grande fracasso, uma derrota. Nós mesmos somos induzidos a não pensar na morte por acreditar-mos que sejamos imortais. Somos convencidos a acreditar que todo o progresso e nossa acumulação nos acompanharão para sempre. Cresce a cada dia a prática ci-rúrgica (plástica) da retirada dos sinais de envelhecimento que vão surgindo no corpo humano.

Então, pensar na possibilida-de da morte nos causa grande hor-ror e medo; a nossa morte torna-se tema a ser evitado nas conversas e nos pensamentos. Mas a morte do outro, principalmente daqueles excluídos dos bens da acumula-ção, torna-se algo banalizado.

Muitas vezes, a morte de um cachorro causa mais comoção do que a morte de uma pessoa. Queremos ao máximo uma morte digna para nós mesmos e nossos entes queridos. Porém, a mor-te daqueles que foram ceifados pela fome, pela violência, pela miséria, parece não nos tocar em termos de preocupação.

A morte é certa! Assim afir-ma a sabedoria popular. Trata--se de uma alteração súbita que acontece sem hora marcada. É um fato bruto e brutal. Não há como se desfazer dos mortos, dos cadáveres. O mercado, através da administração dos cemitérios privados e as religiões zelam pela permanência dos mortos, e uma vez por ano, os vivos vão dirigir-se aos cemitérios para um momento de espiritualidade ou socialidade com os mortos. Ali se ora e derramam-se lágrimas por alguns momentos e as flores que deixamos junto aos túmulos expressam o querer-bem que se mantém com os entes queridos.

A morte continua sendo um grande mistério. O Cristianis-

mo assume a questão da morte de maneira diferente, não como oposição à vida que é dom de Deus. A grande novidade se dá com a Encarnação do Verbo e a consequente necessidade humana de enfrentar a morte por parte do Filho de Deus. Esta necessidade demonstra a grande fragilidade da existência humana. Na cruz ecoa para sempre a súplica do Filho de Deus: “Pai, se for pos-sível afasta de mim este cálice!” A Revelação Cristã sacraliza a vida e o túmulo vazio, expressão do nada existencial, nos remete ao núcleo central da fé – a Res-surreição. A teologia da morte pressupõe necessariamente a fé na Ressurreição.

Todas as religiões se con-frontam com o tema da morte. Ritos e práticas litúrgicas desen-volvem-se e se misturam entre as diversas culturas. Contudo, é a fé cristã na Ressurreição que eleva a humanidade, não ao pla-no da manutenção do desejo de existir acumulativamente, mas a participar da salvação concedida como dom de Deus a toda a hu-manidade.

Edebrande Cavalieridoutor em Ciências da Religião

revista vitória Outubro/201440

giovanna Valfrécoordenação do cedoc

arQuivo e memÓria

As irmãs da Congregação de Jesus na Santíssima Eucaristia foram tra-

balhar no Orfanato Cristo Rei no ano de 1935. Assumiram o acolhimento e a educação das crianças órfãs e desamparadas que eram cuidadas no Cristo Rei desde 1924, ano de sua fundação. Em 1957 a congregação enviou

44 anos aColHendo as CRIanças

Ano de 1958. Irmã Marcelina, com Dom João, outras irmãs da congregação, benfeitores e as crianças do Orfanato Cristo Rei, quando esse ainda funcionava nas instalações do antigo Convento São Francisco na Cidade Alta em Vitória

irmã Marcelina de são luiz:

ao orfanato, a Irmã Marcelina de São Luiz, que assumiu a di-reção da casa e o cuidado com as crianças. Nascida em 1913 e batizada como Maria Braz Sant’Anna, com apenas 11 anos manifes-tou o desejo de abraçar a vida religiosa. Em 1948 fez os votos perpétuos e adotou o nome de

Eu sei que a Irmã MarcelinaEra muito decidida,Cuidou bem das criancinhasPois andava resolvida,Enfrentava qualquer coisaPara salvar uma vida(Trova de Kátia Bobbiotrovadora capixaba)

Marcelina de São Luiz. Seu ca-rinho pelas crianças marcou sua vida religiosa e a vida de tantos meninos e meninas que foram cuidados por ela como filhos e filhas. Após mais de quatro dé-cadas de trabalho e dedicação às crianças do Orfanato Cristo Rei, Irmã Marcelina faleceu aos 88 anos, vítima de um derrame cerebral. Sua vida foi pautada pelo serviço e pelo seguimento do Evangelho: “Quem acolhe o menor a mim acolhe” (Mc 9, 37).

revista vitóriaOutubro/2014 41

ensinamentos

revista vitória Setembro/201442

exercer a solidariedadeADoutrina Social da Igreja

nos ensina que existem estreitos laços entre soli-

dariedade e bem comum, solida-riedade e destinação universal dos bens, solidariedade e igualdade entre as pessoas e os povos, soli-dariedade e paz no mundo. O princípio da solidariedade cristã, também conhecido como “amizade”, “caridade social” ou “civilização do amor”, é uma exigência direta da fraternidade humana e cristã, constituindo-se

social fundamental, colocando--se na dimensão da justiça e da caridade.

A solidariedade se manifes-ta na distribuição dos bens, na remuneração do trabalho e nas ações efetivas em favor de uma ordem social mais justa, na qual os conflitos possam ser resolvidos por meio do diálogo.

Esse princípio nos convoca a buscar o crescimento comum. Estimula o usufruto atual dos bens que constituem patrimônio da humanidade, garantindo-o às gerações futuras. Por exemplo, ao limpar a calçada de nossa casa com água tratada, devemos pen-sar que ela poderá faltar a outras pessoas agora e no futuro.

São várias as formas de so-lidariedade, que contribuem para resolver os problemas socioeconô-micos: solidariedade dos pobres entre si, dos ricos e dos pobres, dos trabalhadores entre si, dos empregadores e empregados, na empresa, solidariedade entre as

Ele se fez solidário com a humanidade até a morte na cruz, revelando a plenitude da solidariedade própria do agir de Deus.

como verdadeira e própria virtude moral.

Não se trata de um simples ato de dar esmolas, mas de uma determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, elevando-se ao grau de virtude

Vitor nunes RosaProfessor de Filosofia na Faesa

nações e entre os povos. Vale ressaltar que a solidarie-

dade internacional é uma exigên-cia de ordem moral e dela depende em grande parte a paz mundial. Uma observação oportuna no momento em que o mundo vive, conforme o Papa Francisco, uma terceira guerra feita aos bocados.

Dom Luiz Mancilha Vilela, Arcebispo de Vitória, exemplifica claramente a solidariedade em sua carta convidando os católicos a ajudarem as vítimas das chuvas no final do ano passado em nosso Estado. Ele mostra a importância de levar consolo e ajuda material aos irmãos que precisam, porque o cristão crê com o coração e com as mãos. Precisamos praticar o apelo do Papa Francisco, ativando a “fantasia da caridade”, criando novos gestos e atitudes de cari-dade, reforça nosso Arcebispo.

A expressão plena da solida-riedade acontece em Jesus Cristo. Ele se fez solidário com a huma-nidade até a morte na cruz, reve-

lando a plenitude da solidariedade própria do agir de Deus. Em sua vida e mensagem, resplandece a relação entre solidariedade e ca-ridade, revestindo-a de gratuidade total.

exercer a solidariedade

revista vitóriaOutubro/2014 43

acontece

Semana Nacional da VidaDe 1º a 7 de outubro é celebrada em toda a Igreja do Brasil a Semana Nacional da Vida, criada com objetivo de propor à sociedade o debate sobre os cuidados, proteção e a dignidade da vida humana, em todas as suas fases, desde a concepção até seu fim natural. No dia 8, celebra-se o Dia do Nascituro, para suscitar a consciência, nas famílias e na sociedade, sobre o reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os seus momentos. Na Arquidiocese de Vitória, as paróquias são motivadas a fazerem lembrança à data com orações e atividades sobre a promoção da vida humana.

Dia Mundial das Missões

Em sua mensagem ao Dia Mundial das Missões, o Papa Francisco con-vida todos a se empenharem com a oração e gestos concretos de solidariedade, no apoio às Igrejas jovens dos territórios de missão. A data, celebrada em 19 de outu-bro, será marcada por uma missa na Catedral Metropolitana, às 8h. Participe!

O 3º Seminário ‘Igreja e bens culturais’ acontece em Cachoeira do Campo, MG de 20 a 23 de outubro de 2014. O evento é ende-reçado a todos os interessados na manutenção e preservação do patrimônio cultural, artístico, histórico e religioso da Igreja. Com a organização do Regional Leste 2 da CNBB e a Faculdade Dom Luciano Mendes de Almeida de Mariana, o encontro acontece no Hotel Fazenda Retiro das Rosas e contempla visitas guiadas à Igreja São Francisco de Assis e Matriz Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção de Ma-riana, e Matriz Nossa Senhora de Nazaré de Cachoeira do Campo.Valor de inscrição R$ 240,00 até 10 de outubro (31) 3558-1430.

Igreja e bens culturais

revista vitória Outubro/201444

07 de outubro 19h30 Área Pastoral Vitória

08 de outubro 19h30 Área Pastoral Cariacica/Viana

09 de outubro 19h30 Área Pastoral Vila Velha

10 de outubro 19h30 Área Pastoral Serra/Fundão

11 de outubro 8h30 Área Pastoral Serrana

11 de outubro 13h30 Área Pastoral Benevente

Vem aí a Assembleia Arquidiocesana Pós-Sinodal

A Arquidiocese de Vi-tória, desde a realização do I Sínodo Arquidiocesano, vem organizando projetos de evangelização com muita atenção e zelo apostólico. Pastorais, movimentos, as-sociações, grupos eclesiais vêm refletindo propostas para que o anúncio de Jesus Cristo chegue e transfor-me as realidades atuais a partir das recomendações do Documento Sinodal. As Comissões elaboraram pla-nos de ação com base no Documento Conclusivo do Sínodo e na prática que vem sendo exercida durante os últimos anos. Agora é hora de ver os resultados. Dia 1 de novem-bro de 2014, Dia de Todos os Santos, faremos uma As-sembleia Arquidiocesana com o objetivo de referen-dar o Plano de Ação Evan-gelizadora conduzido pelo Departamento de Pastoral. A Assembleia será em Ponta Formosa de 8 às 17h. Participam o Arcebispo e Bispos Auxil iares, Vigário

Geral , Párocos e Vigários Paroquiais, leigos represen-tantes das paróquias nas Áreas Pastorais , dois re-presentantes de cada Área Pastoral no COPAV, cinco membros de cada Comissão e outros convidados. Dentro da metodolo-gia que foi proposta para a Assembleia, momentos de consulta em cada área pastoral com a finalidade de divulgar, esclarecer e permi-tir que as diretrizes sejam apreciadas por todos, estão sendo preparados. Estamos chamando de Assembléias Extraordinárias e as datas estão confirmadas. Confira a programação:

Diovani FavoretoHistoriadora

medICIna populaR

Está mais que provado que a medicina tradicional não pode nunca ser desconec-

tada dos conhecimentos e da tradição fitoterápica popular, transmitida por nossos antepas-sados.

Usar receitas e remédios populares feitos de ervas, ramas, raízes, cascas, flores e folhas (para todo o tipo de enfermida-de) é uma saída caseira e eco-nômica para os pequenos males que afligem o dia a dia do povo.

Saberes medicinais caseiros que resultam em chás, xaropes, banhos, emplastos ou compres-sas são usadas livremente para “males do peito” como gripe, resfriado, asma, palpitação e pressão alta. Ou contra a icterícia (ou Tiriça), reumatismo, erisipe-la, males do fígado e do rim. Ou ainda remédios para os “males das tripas” (como má digestão e cólica) ensinados pelos índios aos europeus e africanos que se instalaram em terras capixabas.

cultura caPixaBa

Aliás, desde sempre, os moradores da região da Vitória recorrem ao Mercado da Vila Rubim e suas barraquinhas de ervas frescas e secas. Foi lá que, por anos, eu mesma busquei ma-ços de Poejo e Folha de Laran-jeira para curar os resfriados que acometiam meu filhote. Ou me socorria contra os males do fíga-do com carqueja, losna e boldo.

Entretanto, também vem de minha própria família um mau exemplo do uso dessa alternativa caseira: meu antepassado italia-no foi aconselhado a tomar três gotinhas de leite de jaracatiá para reumatismo e “apurar o sangue”. Mas, como bom italiano, ele achou melhor tomar logo uma colher cheia do dito remédio. O resultado? Uma viúva nova e cinco crianças órfãs!

É como dizem por aí “de médico e louco cada um tem um pouco”, mas, a medicina milenar transmitida através das gerações, também possui suas regras e conhecimentos que devem ser estudadas meticulosamente e respeitadas. Para que os ensi-namentos sejam transmitidos eficazmente e novos conheci-mentos sejam transmitidos para essa e futuras gerações.

revista vitória Outubro/201446

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