Repórter do Marão

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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste AGOSTO ’ 11 repór ter do marão Agricultura tradicional atrai novos protagonistas M. A. Pina, Prémio Camões 2011 "Ainda me falta escrever... quase tudo" CRISE NO DOURO Exportadores e Produtores têm posições opostas Obras no IP4 aliviam a meio do mês Nº 1254 | agosto '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Tiragem: 25.500 ex. BIO PENAFIEL deverá resultar em associação e produtores querem alargar vendas de produtos biológicos à cidade do Porto

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa.

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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste

AGOSTO ’ 11

repórterdomarão

Agricultura tradicionalatrai novos protagonistas

M. A. Pina, Prémio Camões 2011

"Ainda me falta escrever... quase tudo"

CRISE NO DOURO

Exportadores e Produtores têm

posições opostas

Obras no IP4aliviam a meio do mêsNº 1

254 | ag

osto '1

1 | Ano

28 | M

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BIO PENAFIEL deverá resultar em associação e produtoresquerem alargar vendas de produtos biológicos à cidade do Porto

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REGRESSO AO CAMPO

Mónica Ferreira | [email protected] | Fotos M.F. e M.S.

A produção biológica ganhou uma nova importância em Pe-nafiel desde que, em junho, a

autarquia decidiu organizar uma feira semanal na cidade.Uma dezena de produtores (estão regis-tados doze, mas nem todos têm partici-pado) integra a Feira Biológica de Pe-nafiel, que todos os sábados, entre as 9 e as 13 horas, montam as suas bancas no Largo da Misericórdia para vender aos consumidores produtos mais sau-dáveis, produzidos em modo biológico, isto é, sem aditivos ou fertilizantes.

Sob o lema “Aromas da Nossa Terra”, esta iniciativa, inserida no projeto “Semear Penafiel”, pretende incentivar a agricultura biológica e proporcionar aos produtores do concelho um espaço para comerciali-zarem os seus produtos.

José Maria Ribeiro é um dos agriculto-res presentes na Feira. Proprietário de sete hectares de terreno para produção bio-lógica, este agricultor aceitou o desafio lançado pela Câmara Municipal de Pena-fiel pois entende ser necessário “sensibili-zar as pessoas para os benefícios dos pro-dutos biológicos” e confessa que as coisas “até estão a correr bem”.

“Contávamos que até houvesse me-nos afluência dos clientes, mas estamos a trabalhar muito bem, principalmente

se tivermos em conta que vivemos num meio rural onde existem muitas pessoas que têm um cantinho de quintal e produ-zem os seus próprios alimentos”.

“Uma aposta ganha” é como este agri-cultor classifica este passo dado em Pena-fiel para dinamizar a agricultura biológica. “Esta feira reflete a opção da Câmara Mu-nicipal em entrar por uma coisa nova, dife-rente, mas também por uma coisa melhor para o ambiente, para as pessoas e para o nosso grupo de produtores”.

Além da fruta e dos legumes, os pro-dutos mais procurados na Feira Biológi-ca de Penafiel, estes produtores têm ain-da um vasto leque de opções a oferecer a quem os procura. “Temos também azeite biológico, vinho de uvas biológicas, pão e biscoitos biológicos e outras coisas, caso dos frutos silvestres, ervas aromáticas e compotas, que se encontram menos nos supermercados mas que nós temos aqui”, avançou Graça Lourenço, outra das pro-dutoras presentes.

No que diz respeito às frutas e legu-mes, estes reúnem as preferências dos clientes dos donos das bancas em Pena-fiel, principalmente “para as sopas dos be-bés". "Temos muitas mães e avós que vêm cá buscar os legumes para fazer as sopas das crianças”, adiantou Graça Lourenço.

A Feira Biológica de Penafiel já tem clientes assíduos. A cada sábado, procu-ram no Largo da Misericórdia os produtos

mais saudáveis. São, segundo os produto-res, “clientes da classe média, média/alta". "Cremos que isso não tem propriamente a ver com questões de dinheiro, mas com o facto destes serem mais informados sobre a agricultura biológica”, avança José Maria Ribeiro.

O produtor explica que os produtos biológicos são um pouco mais caros do que os de produção convencional. “Na ge-neralidade, são cerca de 20 por cento mais caros, mas temos outros que acompa-nham o preço do mercado, como os alhos

e os morangos, por exemplo”.Este acréscimo no preço tem a ver

com os custos da produção biológica. Aos agricultores é exigido que a produção seja feita num terreno parado há pelo me-nos cinco anos, que este esteja certifica-do para a produção, que usem sementes certificadas, o que interfere no preço dos

produtos. O facto de a produção ser mais lenta do que o normal, já que os produtos não levam fertilizantes, diminui a produ-ção e faz com que a oferta não seja a de-sejável. Como tal, os produtores têm que rentabilizar os produtos que têm.

O facto de haver ainda poucos agri-cultores a produzir em modo biológico é para José Maria Ribeiro um dos proble-mas desta área. Até agora, os participan-tes na Feira Biológica de Penafiel têm con-seguido dar resposta aos clientes que por lá passam e às necessidades que estes

têm em casa (através do serviço de entre-gas ao domicílio).

Face à procura, estes produtores pen-sam em aumentar as suas produções. “Como os produtos demoram a crescer, estamos a aumentar a área de cultivo”, avançou José Maria Ribeiro, desejando que apareçam mais produtores, pois acre-

Bio Penafiel junta novos produtores agrícolas

Produtores biológicos planeiam constituir uma associação e já

desenvolvem contactos para montar uma banca na cidade do Porto

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REGRESSO AO CAMPO

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dita neste negócio. “Acredito que este venha a ser um negócio rentável. É sus-

tentável e acho que vai ficar melhor, só é preciso continuar a in-centivar”, concluiu.

Clientes satisfeitos mas agricultores querem mais

Luís Silva é um dos clientes da Feira Biológica de Penafiel. Morador em Casais Novos, vem até à Feira “essencialmente pelo gosto que tenho pelo tema e para me inteirar do setor”.

Acrescenta ser consumidor e ter uma pequena produção caseira.

Quanto à ideia de reunir num mesmo espaço os agriculto-res biológicos, Luís Silva defende que “foi uma ideia muito boa e é continuidade de uma ideia ainda melhor que é a de incenti-var o setor da agricultura biológica pois as pessoas ainda não es-tão muito familiarizadas com esta e é preciso que se vá desen-volvendo cada vez mais”.

Já Margarida Antelo, de Penafiel, estava pela primeira vez na Feira Biológica de Penafiel. “Soube que em Penafiel se fazia esta feira e como sou apologista da agricultura biológica...”, afirma, enquanto escolhe as cenouras que ia levar para casa.

Para esta penafidelense estas iniciativas são muito impor-tantes “pois é preciso incentivar as pessoas a comprar os produ-tos biológicos que são mais benéficos para a saúde”.

A Câmara assumiu papel principal na criação desta feira, apoia a logística da mesma e tem trabalhado para levar o pro-jeto avante.

A Feira terá continuidade e vai realizar-se durante o ano in-teiro, sendo que nos meses de inverno “deverá ser transferida para o túnel que dá acesso ao parque de estacionamento do Museu no Largo da Ajuda”, referiu Susana Oliveira, vereadora com o pelouro.

Certa de que esta é “uma aposta ganha, um projeto de suces-so que funciona bem onde está”, a autar-quia tem ainda em cima da mesa di-versas ideias que estão a ser analisa-das e que ajudarão estes pro-dutores. Uma dessas propostas, que será estudada em conjunto com o pelouro da Educação, é a possibilidade destes agricultores forne-cerem pelo menos uma vez por semana os seus produtos às es-colas do concelho.

Outro dos projetos passa por parcerias, que serão estabe-lecidas com unidades hoteleiras da região, para que incluam nos seus menus uma refeição biológica, que será feita com os produtos dos agricultores penafidelenses. Um espaço na Fei-ra Biológica do Porto é outra das medidas que a autarquia está a negociar e que permitirá aos produtores de Penafiel coloca-rem uma banca nesta feira portuense, por forma a escoarem os seus produtos.

“É preciso mudar as mentalidades das pessoas e dar-lhes a conhecer os benefícios para a saúde do que é biológico, que é certificado, acompanhado e analisado. As pessoas começam a perceber isso e este é um projeto que tem muito por onde crescer e estamos muito empenhados nisso”, afirmou Susana Oliveira.

Este empenho vai além destas iniciativas que a autarquia tem levado a cabo no âmbito do “Semear Penafiel”. O próximo passo a ser dado arranca em Vila Cova, num projeto piloto no qual a autarquia irá pôr à disposição das pessoas terrenos para cultivarem produtos biológicos para consumo.

Bio Penafiel junta novos produtores agrícolas

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FELGUEIRAS, LOUSADA, PAÇOS DE FERREIRA, PAREDES e PENAFIEL

Programa já envolve mais dedezena e meia de produtoresA par do projeto de agricultura biológica, o Vale do Sou-

sa tem ainda em curso um projeto de produção tra-dicional que visa ajudar os produtores locais a

escoarem os seus produtos e a promover o desenvol-vimento dos territórios rurais e dos seus habitantes – o PROVE.Foi a ADER-SOUSA (Associação de Desenvolvimen-to Rural das Terras do Sousa) que em 2008 arran-cou com o PROVE, um projeto de apoio ao pequeno produtor, através   da comercialização direta entre produtor agrícola e consumidor final, sem qualquer tipo de  intermediários no processo, no intuito de me-lhorar o escoamento das produções agrícolas locais.Este projeto, atualmente implementado em cinco con-celhos do Vale do Sousa – Felgueiras (com dois locais de entrega, Idães e Margaride), Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel – tem um total de 16 produtores, sendo que é em Penafiel que existe maior número de explorações.

O PROVE pretende essencialmente aumentar a capacidade de escoamento dos produtos agrícolas de qualidade por parte dos produtores e explorar a relação de confiança entre produtor e consumidor, a partir da comercialização de proximida-de. O programa, que faz parte do ProDeR (Programa de Desenvolvimento Rural), consiste na renovação "dos laços de solidariedade e ética" e "na promoção e desenvolvimento dos territórios rurais e dos seus habitantes".

Segundo Cláudia Costa, da ADER-SOUSA, a evolução deste pro-jeto tem sido “muito positiva" na medida em que registou-se gran-de adesão dos produtores do Vale do Sousa.

“É enriquecedor para quem trabalha diretamente com os produtores, para as instituições que nos apoiam, tais como, municípios, cooperativas, adegas e obviamente para o pro-dutor que vê reconhecido o seu trabalho”, acrescentou.

Segundo esta responsável, “houve aderência por parte dos produtores do Vale do Sousa na implementação des-te sistema de comercialização de proximidade, numa zona em que proliferam as hortas individuais".

Apesar disso, o PROVE tem conquistado os consu-midores e conta atualmente com uma média de 20 a 25 clientes.

O facto de existirem muitas hortas particulares não tem afetado o desenvolvimento do projeto, “porque a maioria destes consumidores não são naturais do Vale do Sousa ou os que são não têm familiares que cultivem”, frisou Cláudia Costa.

A responsável acrescentou que em média são entregues 18 cabazes semanalmente.

Para Cláudia Costa trata-se de “um projeto de sucesso” pois “apoia os pequenos produto-res, incentiva-os a não desistir da atividade".

Criado noVale do Sousaem 2008

Através do PROVE, sublinha a técnica, "re-novam-se as relações de proximidade, criam-se novas formas de comercializar e de atitude que promovem o associativismo e a capacidade de rentabilizar a atividade agrícola”.

Este sucesso é também fruto do trabalho e

atitude dos produtores que “são empreendedores e abraçam esta iniciativa desde o momento em que são abordados pelos agen-

tes de desenvolvimento local”.Durante 2008 foram constituídos três núcleos de pro-

dutores  PROVE das Terras do Sousa. O primeiro surge no concelho de Lousada em meados de julho sendo cons-tituído por cinco produtores / explorações agrícolas, al-gumas delas em Modo de Produção Biológico, outras em Modo de Produção Integrada. As primeiras entregas dos cabazes PROVE foram realizadas em meados de se-tembro na Adega Cooperativa de Lousada.

Ainda em 2008, seguiram-se o segundo e terceiro grupo de produtores, constituído por produtores do con-

celho de Penafiel e de Paços de Ferreira. O sucesso que esta iniciativa gerou permitiu à ADER-SOUSA dar continuidade à

iniciativa PROVE. Em 2009, a associação continuou a apoiar os núcleos já exis-

tentes no Vale do Sousa e criou novos núcleos em Paredes e Idães - Felgueiras, melhorando alguns aspetos operacionais, tais como a promo-

ção, apresentação dos cabazes, sistema de gestão de encomendas, sinalética nos locais de entregas e formação específica aos núcleos.

No intuito de continuar a fomentar a rentabilidade das pequenas explorações agrícolas, em 2011 foi criado mais um grupo de produtores que faz as entregas de cabazes em Margaride – Felgueiras, na Cooperativa Agrícola.

Entretanto, a ADER-SOUSA anunciou ao RM que pers-petiva agora mais um posto de entregas se-

manais na Lixa, a criar em breve.

Mónica Ferreira 

Consumidores levantamem média

18 cabazespor semana

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Patrícia Posse | [email protected] | Foto P.P.

ENTREVISTA | António Saraiva, presidente da Asso ciação de Exportadores de Vinho do Porto (AEVP)

A diminuição do benefício (quantidade de mosto que cada viticultor pode transformar em Vinho do Porto) em 25 mil pipas deixou os produtores durienses indignados. Pela voz da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro – Avidouro, a fixação em 85 mil

pipas a beneficiar nesta vindima é “um autêntico roubo à lavoura duriense”. Já para o presiden-te da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), António Saraiva, a medida ditada pelo Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) faz todo o sentido.

“Concordo plenamente com o quantitativo fixado, pois, infelizmente, as vendas estão novamente a cair – no fim de junho com 9,3% em volume e 9,4 % em valor – e as nossas previsões para o final do ano indicam que a baixa será ainda mais acentuada”, afirma António Saraiva. Por outro lado, a redução do quantitativo para esta vindima acaba por “acertar” o quantitativo atribuído em 2010, que resultou num excedente de cerca de oito mil pipas.

O dirigente da AEVP postula que um produto só se consegue valorizar se houver equilíbrio na re-lação oferta-procura, sendo necessário reduzir a produção anual para "valorizar o Vinho do Porto e, as-sim, criar uma cadeia de valor que possa ser distribuída de montante a jusante.”

Quebra das vendas é superior a 20 por centoA quebra de vendas em 2011 é “um dado adquirido”, com especial enfoque no mercado nacional:

21,3 % em final de maio. Nos mercados externos, a quebra é de 7,4 %. O ano de 2010 foi excecional, registando um aumento de 3,1% nas vendas. Em parte isso ficou a dever-se ao Vintage 2007 que obteve pontuações muito elevadas. “As ven-das totais foram de 113.700.000 garrafas, sen-do que o mercado interno absorveu cerca de 16.100.000, o que corresponde a 14 % das ven-das”, acrescenta o presidente da AEVP. França (com 28.5%), Holanda (com 14,2%), Portugal (com 14%), Bélgica (com 12,5%) e Reino Unido (com 10,4%) foram os principais consumidores.

António Saraiva destaca a importância da racio-

Exportadores e Produtoresem lados opostos no Douro

O corte no vinho do Porto e a consequen-te quebra de rendimentos no Douro vai afe-tar centenas de pequenos vitivinicultores, que voltaram aos protestos. Tratores e ou-tros veículos percorreram as principais ruas da Régua. As palavras “miséria” e "crise” fo-ram as que mais se ouviram entre os mui-tos lavradores, num protesto que terá junta-do cerca de 700 pessoas e que foi convocado pela Associação dos Vitivinicultores Inde-pendentes do Douro (AVIDOURO).

O corte no benefício é este ano de 25 mil pipas, que é a quantidade de mosto que cada produtor pode destinar ao vinho do Porto. No ano passado, o Douro produziu 110 mil pipas (550 litros cada) de generoso.

Com esta redução de 23 por cento, os viti-vinicultores fazem agora contas rigorosas, já que, para muitos, o benefício é a sua princi-pal fonte de rendimento.

“Ando a zelar pelo meu interesse. Tinha 10 pipas de vinho do Porto e agora já vou em metade e se assim vão a cortar todos os anos daqui a pouco não temos nada. Nós vivemos do vinho e do azeite”, afirmou um produtor de Sabrosa.

Para uma vitivinicultora que integrou o protesto, o Douro “está sem proteção nenhu-ma” e entregue “às grandes empresas”. Ga-rante ainda que “já há muita fome” no terri-tório Património Mundial da Humanidade e que, com a redução anunciada para esta vin-dima, a região “vai bater no fundo”.

Ao corte no benefício e no preço do vinho ao produtor, os lavradores juntam os custos de produção “sempre a subir” e a perda na colheita na “ordem dos 80 por cento” devido às intempéries e doenças que afetaram a vi-nha.

Uma manifestante de Valença do Douro prevê que as “vinhas se são transformar em mato” e que o “Douro vai passar fome”.

Para a dirigente da AVIDOURO, Berta San-tos, a região precisa de um “plano de emer-gência” defende o aumento do preço de ven-da de pipa de vinho do Porto para os “1200 euros”, uma vez que o preço médio em 2011 não ultrapassou os 800 euros. RED. com LUSA

Lavradores queremaumento substancial

do preço da pipa

Diminuir a produção

contribui para valorizar o

Vinho do Porto

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Patrícia Posse | [email protected] | Foto P.P.

ENTREVISTA | António Saraiva, presidente da Asso ciação de Exportadores de Vinho do Porto (AEVP)

nalização dos stocks, sobretudo pelas consequências da Lei do Terço, ou seja, quando não se vende uma garrafa, a empresa fica com um stock de três garrafas para o ano seguinte. “Decorrente da Lei do Terço, temos que ter em conta que nos últimos dez anos, o setor perdeu vendas de 12.000.000 de gar-rafas de Vinho do Porto, com o consequente impacto nos seus stocks.” Por isso, o presidente da AEVP defende “uma abordagem diferente”: “só deveremos produzir o quantitativo que efetivamente somos capazes de vender e gerar mais-valias, e não tentar vender aquilo que se produz”.

Recentemente, o presidente do conselho de administração da Graham's, Paul Symington, aler-tou para a existência de “vinha e vinho a mais na região do Douro, que não vende quase 20 por cento da sua produção anual”. Um parecer corroborado por António Saraiva, uma vez que “têm vindo a ser plantadas novas vinhas na região, provenientes de licenças de plantação com origem noutras regi-ões nacionais, sob despacho do Secretário de Estado e contra a opinião dos conselheiros do Conselho Interprofissional do IVDP”. “A política de plantio de vinhas no Douro deverá ser apenas decidida em sede do Interprofissional e não numa Secretaria de Estado em Lisboa, sob pena de não conseguirmos definir uma política global de melhoria das condições de trabalho e rendimento na região”, sublinha.

Para o presidente da AEVP, só é possível valorizar o Vinho do Porto quando a oferta for inferior à procura. “Só o conseguiremos com uma rarefação do produto”, conclui.

Uma questão culturalPotenciar o consumo interno de Vinho do Porto parece não ser tarefa fácil, uma vez que existe “um

problema de origem cultural”. “Os portugueses têm em suas casas vários tipos de destilados importa-dos e raramente dois tipos de Vinho do Porto. Da mesma forma, nos espaços públicos (até mesmo bares

e restaurantes do Douro), vemos nas prateleiras variadíssimas marcas de destilados e raramente uma marca de Vinho do Porto. E isto é preocupante na própria região de produção”, considera.

Outro dos entraves ao consumo do vinho generoso passa pela temperatura a que é servido. “Na maioria dos estabelecimentos, o Vinho do Porto é servido à «temperatura ambiente», ou seja,

em pleno verão, a cerca de 25 graus. Desta forma, o consumidor não o consegue apreciar verdadei-ramente, pois o álcool, sendo à partida a substância mais volátil no vinho, sobrepõe-se ao prazer do

respetivo consumo. O Vinho do Porto deve ser servido à temperatura de «cave», ou seja, entre 14 e 16 graus, já que ele rapidamente aquece no copo, sobretudo em consumo nas esplanadas”, explica o pre-sidente da AEVP, António Saraiva.

Exportadores e Produtoresem lados opostos no Douro

António SaraivaPinhão, 27 de julho de 1956 Casado, 2 filhos  Habilitações académicas : Curso de Enologia pela Universidade de Bordéus,

em França 

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GNR alerta emigrantes na fronteirapor causa dos trabalhos de remodelação do IP4

BRAGANÇA | Obras na via duplicam tempo de viagem entre a fronteira e o litoral

O I P4 “está uma confusão”. É a primeira consta-tação dos emigrantes que começaram a chegar pela fronteira de Quintanilha, em Bragança, rece-

osos com as obras, mas simultaneamente animados pelas melhorias que esperam em futuras viagens. Avistar a pla-ca com o nome de “Portugal” é habitualmente sinónimo de que o destino esta próximo, mas este ano para chegar a Trás-os-Montes, a parte final da viagem poderá parecer uma eternidade com o IP4 todo em obras, desvios, paragens e estreitamentos das faixas.

A GNR está a fazer a receção ao emigrante para lhes “in-dicar os melhores destinos e alertar, por causa das obras, para os comportamentos a adotar, nomeadamente uma condução defensiva”, disse o tenente Micael Lopes, do destacamento de Trânsito.

Para o oficial da GNR, “uma estrada em obras nunca é 100 por cento segura, no entanto a sinalização temporária que existe, se for cumprida e se o comportamento do condutor for uma condução defensiva, a mesma é segura”.

Conselhos aos emigrantesAs obras no IP4 constituem neste verão uma preocupa-

ção acrescida para as autoridades de Bragança, nomeada-mente a GNR, que distribui panfletos a alertar os condutores para as condições da via e cuidados para uma viagem segura.

“IP4 em obras” é o alerta que sobressai no panfleto que os militares da GNR entregaram aos automobilistas na já habitu-al receção ao emigrante feita por entidades locais àqueles que chegam a Portugal pela fronteira de Quintanilha.

“Sentimos todos essa necessidade de alertar que o IP4 está em obras e pretendemos que todos estejam cientes de que vão encontrar obstáculos ao longo da via”, disse à Lusa Rui Pousa, oficial de Relações Públicas e Informações da GNR de Bragança. Segundo este responsável, todos os anos aumenta bastante o fluxo no IP4 no mês de agosto.

Este ano acresce o facto de todo o IP4, a principal via da

região, que liga ao litoral, no Porto, e à fronteira, em Bragan-ça, estar em obras para a transformação na Autoestrada Trans-montana.

“Pretende-se chamar mais a atenção às pessoas de que devem redobrar os cuidados e claro que uma imagem vale mais que mil palavras, por muitos conselhos que nos dêmos, e vamos dar também aos condutores, reforçamo-los com este pequeno panfleto”, disse.

As filas de trânsito, o calor e algum cansaço, podem agra-var as circunstâncias pelo que a GNR espera contribuir para uma “viagem segura” através do panfleto com fotografias das obras e orientações para que os automobilistas respeitem a si-nalização relativa às mesmas e mantenham a distância de se-gurança quando seguem em fila.

A estes somam-se os conselhos habituas de evitar condu-zir por longos períodos, distrações com telemóveis, exceder os limites de velocidade ou fazer ultrapassagens desnecessárias.

Não estabelecer uma hora de chegada é outro conselho aos emigrantes que viajam para passar férias em Portugal e que, segundo o oficial Rui Pousa, têm percursos alternativos se o destino não for Trás-os-Montes.

Fronteira de Chaves é alternativaPara evitar as obras do IP4, aqueles que se deslocam para

as zonas do Porto, Minho ou Vila Real poderão optar, a norte, pela autovia das Rias Baixas, na Galiza e entrar pela A24, per-to de Chaves.

A GNR continuará a distribuir os panfletos para além des-te fim-de-semana, nomeadamente através dos elementos do destacamento de trânsito que fiscalizam a via.

Apesar das condições, “o número de acidentes está prati-camente ao mesmo nível” que no ano anterior, segundo Rui Pousa. “O que se nota”, segundo Rui Pousa, é “um aumento significativo, em termos percentuais, no número de acidentes” na Estrada Nacional 15 (EN15), que passou a ser mais utilizada para desvios devido às obras no IP4.

No mesmo período, o número de acidentes quase que

duplicou, passando de nove para 16, mas sem registo de ví-timas mortais.

Melhoria ainda em AgostoEntretanto, o diretor geral da concessionária “Auto-estra-

das XXI” anunciou a reabertura até meados de agosto de “uma série de troços” do Itinerário Principal 4 (IP4) que irá “aliviar” as “perturbações” sentidas atualmente nesta via que liga Ama-rante a Bragança.

O IP4 está a ser transformado em autoestrada entre Vila Real e Bragança e a sofrer obras de melhoria entre Amarante e Vila Real. Os trabalhos decorrem no âmbito da construção das autoestradas do Marão e Transmontana.

Só que, em simultâneo estão a decorrer várias interven-ções ao longo de todo o traçado as quais estão a originar con-gestionamento de tráfego e várias criticas por parte dos au-tomobilistas.

O presidente da Associação de Utilizadores do IP4 fala em “tempos de alguma confusão” e em “alguma falta de adapta-ção dos próprios utilizadores em relação a estas mudanças”.

Luís Bastos disse ainda que o IP4 neste momento não tem “condições homogéneas de circulação em toda a sua exten-são e isso eventualmente também poderá estar a contribuir para os acontecimentos dos últimos tempos”.

O responsável referia-se ao acidente que, em julho, viti-mou quatro pessoas naquela via, junto a Alijó.

O sinistro ocorreu numa zona sem obras e poderá estar relacionado com excesso de velocidade, mas Luís Bastos sa-lientou as condições da via, como por exemplo do piso que diz que se tem degradado com o aumento do tráfego de pe-sados de mercadorias.

Desde janeiro a julho, ocorreram no IP4, na área corres-pondente aos distritos de Vila Real e Bragança, mais de 130 acidentes que provocaram oito vítimas mortais, quatro feridos graves e 44 ligeiros. Em 2010, nos mesmos distritos, as autori-dades contabilizaram 225 acidentes, com 11 mortos, 20 feri-dos graves e 98 leves. RED. com Lusa

Fotos de Manuel Teles

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Lúcia Pereira | [email protected] | Fotos D.R.

"A minha literatura é estruturalmente poética"ENTREVISTA | Manuel António Pina – Prémio Camões 2011

C om uma vasta obra no domínio da poesia e da literatura infanto-juvenil, o mérito do escri-tor e jornalista Manuel António Pina foi este

ano reconhecido com o Prémio Camões. A atribuição do maior galardão literário de língua portuguesa dei-xou-o “absolutamente surpreendido”, apesar de o seu talento ter sido já reconhecido com vários outros pré-mios e da sua obra ter ultrapassado as fronteiras da língua portuguesa, pois muitos dos seus livros estão já traduzidos e publicados em diversos países (Fran-ça, Estados Unidos, Espanha, Dinamarca, Alemanha, Rússia, e Bulgária, entre outros). “O Prémio Camões era algo completamente fora das minhas expecta-tivas e/ou ambições. Pensava que o Prémio Camões fosse uma espécie de prémio de fim de carreira, atri-buído a escritores ‘estatuáveis’ e não sentia, nem sin-to, que a minha atividade literária possa ser classifi-cada de ‘carreira’ nem, muito menos, tenho vocação para estátua”, confessa o escritor.

Natural do Sabugal, Manuel António Pina licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e foi jorna-lista durante mais de 30 anos no Jornal de Notícias, onde ainda é cronista. “O jornalismo é, para mim, um modo de ganhar a vida e a literatura uma tentativa de a salvar, o que quer que isso queira dizer”, costuma dizer, expli-cando que encara a atividade jornalística fundamental-mente em termos profissionais, com todos os constran-gimentos inerentes (limitações de espaço, limitações gráficas, regularidade, prazos, etc.). Ressalvando que en-quanto cronista (JN, Notícias Magazine, Visão...) nunca sofreu qualquer forma de pressão ou censura, Manuel

Antónia Pina considera que o facto de ser jornalista há 40 anos “diz tudo” e, acrescenta, “não me refiro apenas ao meu tempo de jornalismo antes do 25 de Abril”.

Domínio da liberdadeJá a literatura pertence ao domínio da liberdade. “Es-

crevo o que quero, quando quero ou sinto necessidade disso e sobre o que quero, inclusivamente ‘sobre’ coisa absolutamente nenhuma e tão só em resposta, pessoal e intransmissível, isto é, sem qualquer intenção social e comunicacional, a não ser a que resulta do mero facto de escrever e de a língua constituir sempre uma forma de ‘familiaridade social’ até no caso do mais autista ou solip-sista dos escritores ao imperativo da escrita”, afirma o es-critor, ressalvando que episodicamente também escre-ve literatura, designadamente teatro, por encomenda.

“No domínio literário, julgo que o território por assim dizer ‘natural’ (raio de palavra) da minha escrita é o da poesia. Suspeito mesmo que muita da literatura que te-nho publicado em outros géneros é, não raro, estrutural-mente poética, e não apenas pelo facto de grande par-te dela – da minha literatura ‘infantil’, por exemplo – ser em verso”, declara o poeta, que publicou a primeira obra de literatura infanto-juvenil «O país das pessoas de per-nas para o ar», em 1973. Apesar da imensidão de obras publicadas, o autor considera que ainda lhe falta escre-ver “tudo. Ou, vá lá, quase tudo…”. Admitindo a existên-cia de “um leitor potencial espreitando por cima do seu ombro”, Manuel António Pina frisa que se trata de “um leitor sem rosto, uma presença apenas, ou uma sombra, que só ganha identidade e contornos concretos no mo-mento da leitura”.

Jornais e livros não morremApesar do frenesim da evolução tecnológica, Ma-

nuel António Pina não teme o anunciado fim dos jor-nais e livros em suporte de papel. “O anúncio da morte de jornais e livros, e muito especialmente livros, em pa-pel é um pouco exagerado. Desde o século XIX que é re-gularmente anunciada a morte de quase tudo: da pintu-ra pela fotografia, da fotografia pelo cinema, do cinema pela televisão, da televisão pelo vídeo... Só o romance tem morrido praticamente em todas as décadas e res-suscitado, depois, na seguinte. Coisas como jornais e li-vros não morrem assim, apocalipticamente. Modificam-se e adaptam-se, como tudo o que está vivo”.

Menorização da CulturaNo que respeita ao novo Governo, Manuel Antó-

nio Pina não tem expectativas. “Não espero nada de ne-nhum Governo. Não creio, fundado na experiência (e, que diabo!, a experiência ainda é um critério de verda-de), que haja Governos expectáveis ou que os progra-mas com que se apresentaram a votos sejam algo mais que ficção, nem sequer científica, apenas cor-de-rosa”. Embora não o tenha surpreendido, a extinção do Minis-tério da Cultura é encarada pelo autor com pessimismo. “A menorização da Cultura é um sinal dos tempos que vivemos e dos políticos que temos. Mas, pensando me-lhor: o Ministério da Cultura não tinha já sido extinto há anos, muito antes de este Governo lhe ter dado o gol-pe de misericórdia e tirado do caminho o 'cadáver adia-do que procria' em que ele se tornara?”, conclui o escritor que não busca inspiração, mas antes interrogação.

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Andarilhos à procura de um Caminho Velho na música tradicional portuguesaMÚSICA | Grupo editou o segundo álbum e assume-se como banda folk

Paulo Alexandre Teixeira | [email protected] | Foto D.R.

C orria o ano de 1991 quando um pequeno grupo de jovens de Baião se de-leitava perante um cartaz das festas de Santo António de Outeiro que, colado na vitrine de um restaurante da vila, anunciava a atuação de um grupo de música tradicional portuguesa até então nunca visto ou escu-tado.

“Ficamos excitados com a novidade e começamo-nos a preparar para ir ver a atuação, quando um dos mordomos da festa passa por nós, todo esbaforido, a dizer-nos que devíamos ir de imediato para o local do evento”, contou Vasco Monterroso, hoje pro-fessor de educação musical e residente na vila de Baião."Comentámos que era exatamente isso que estávamos prestes a fazer e que íamos as-sistir ao espetáculo dos Andarilhos e o quanto estávamos curiosos por ver essa nova banda de música tradicional portuguesa quando o senhor, já a perder a paciência, dis-se: Não, não, não! Os Andarilhos são vocês!"

Fundado há precisamente 20 anos, o grupo musical Andarilhos nasceu de uma for-ma natural e espontânea nos cafés e restaurantes da vila de Baião onde grupos de en-tusiastas com um gosto comum pela música tradicional portuguesa se reuniam, infor-malmente, para tocar e cantar.

Vasco Monterroso, um dos fundadores dos Andarilhos, lembra-se que foi levado a conhecer esse tipo de música, "totalmente diferente dos ritmos a que estava acostu-mado como adolescente" em longos serões musicais que duravam pela noite dentro.

“Tínhamos aqui em Baião sítios fabulosos para esses encontros. Lembro-me, por exemplo, da tasquinha do Guedes, onde o proprietário mantinha ali os instru-mentos e onde se podia beber um copo, pegar numa viola e iniciar uma desgar-rada. Havia também o restaurante Lareira e os seus convívios que duravam noites inteiras", explicou.

De uma forma tão natural e quase orgânica como a terra que os viu nascer, o grupo sem nome nem organização começou a ser convidado para pequenas festas por todo o concelho. Assim o eram simplesmente porque "andavam por ali, pessoas da terra, que eram convidadas principalmente para festas onde não havia muito dinheiro". Até ao dia do famoso "incidente de 91".

"Na altura em que preparavam o cartaz, a comissão de festas notou que o grupo pre-cisava de um nome. Até hoje não sabemos quem foi mas alguém se lembrou de nos cha-mar Andarilhos", relembrou Vasco Monterroso.

Do tradicional ao folkAtualmente formado por oito músicos e um técnico de som permanente,

oriundos da região do Baixo Tâmega, Santa Maria da Feira e Porto, os Andarilhos de hoje são o fruto de

uma exploração constante e ino-vadora do que é considerado um vasto espólio musical e cul-tural da região onde se inserem.

De raízes profundamente li-gadas ao Douro e às tradições das vindimas, o portfólio musical deste grupo é, paralelamente, o resultado de um processo de tro-ca, partilha e adaptação de experi-ências e sabedoria popular que tra-ça as suas raízes aos primórdios da

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Andarilhos à procura de um Caminho Velho na música tradicional portuguesaMÚSICA | Grupo editou o segundo álbum e assume-se como banda folk

fundação da nacionalidade.Esta consciência para o valor do património em que a atividade do grupo assenta fi-

cou em evidência a partir de 1997, altura em que se dá o que o grupo chama da sua "re-criação".

A par de uma melhoria na qualidade do tratamento eletrónico dos instrumentos tra-dicionais portugueses que utilizam, os Andarilhos chegaram a um ponto no seu percur-so em que tiveram que escolher entre reproduzir o original ou proceder à sua evolução e adaptação.

"Começamos a abandonar a ideia de que somos um grupo de música tradicional por-tuguesa e hoje preferimos dizer que somos uma banda folk portuguesa. A diferença está no facto de que tentamos dar um cunho pessoal ao que tocamos mas respeitando sem-pre os aspetos fundamentais da cultura onde vamos buscar o nosso material", sublinhou Vasco Monterroso.

Por este “Caminho Velho”O resultado desta evolução da música tradicional da

região está hoje patente em "Caminho Velho", o segundo álbum dos Andarilhos que foi apresentado recentemente e que já se encontra à venda por todo o país.

O disco, que demorou oito anos a preparar, contém catorze faixas, quase na sua totalidade temas originais, que assentam em ritmos e acordes tradicionais tão diver-sos como a percussão dos grupos de bombos "Zé Perei-ras" e a chula, a "verdadeira canção nacional".

"A chula representa todo o norte de Portugal. É um

despique poético, na forma da desgarrada mas feita de uma forma peculiar. Também é uma dança e está intimamente ligada a fenómenos culturais, como o Entrudo e as vindi-mas", explicou o fundador dos Andarilhos.

A sonoridade do novo álbum deve ainda muito à experiência das atuações ao vivo ao longo dos anos e à particular atenção que o técnico permanente da banda dá ao equilí-brio dos diversos instrumentos tradicionais portugueses, nomeadamente o cavaquinho, a viola braguesa, a viola amarantina e a gaita-de-foles, entre muitos outros.

"É o resultado de nos conhecermos melhor a nós próprios", explicou Vasco Monterro-so, que sublinha haver uma diferença na qualidade do público de hoje, um facto com que o grupo se tem deparado nas sucessivas apresentações do disco.

“Nota-se que há uma grande adesão ao estilo musical e que se deu, de uma certa for-ma, uma evolução nos gostos do público desde que publicamos o nosso primeiro álbum, há oito anos. Foi um trabalho demorado e difícil mas, no fundo, sentimos orgulho por ter-mos chegado a este ponto", concluiu.

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A construção da A4 entre Vila Real e Bra-gança, em sobreposição com o IP4 (E82) aten-ta, sob qualquer ponto de vista, contra a ge-neralidade das leis e princípios comunitários, lesando irremediavelmente não só os cida-dãos da Região Transmontana mas também os de Portugal e toda a União Europeia.

Quando foi programada, numa medida então considerada de reparação e justiça pelo seu atraso, assentou no princípio de estrada SCUT – sem pagamento de portagens – e daí a solução da sobreposição.

Como é sabido o IP4 (E82) foi construído como alternativa à EN15, com algumas carac-terísticas de via rápida, mas apenas com uma terceira via de lentos nos troços ascendentes, e com cruzamentos de nível nalguns locais. O percurso de 3 vias é apenas entre Amarante e Murça.

Esta via foi financiada por fundos comuni-tários por se inserir na rede de estradas euro-peias e no âmbito dos programas de apoio na nossa adesão comunitária, daí a sua designa-ção de E82.

O seu traçado marginal à EN15 intercep-tou-a porém nalguns locais, pois desenvol-veu-se com alguma proximidade de uma ou da outra margem da estrada, deixando-a as-sim como uma via descontinuada.

Quando foi definida a nova política de pagamento de portagens nas SCUT´s o an-terior Governo, que adjudicou e deu início à obra, manteve-a como isenta de portagens, e no desenvolver do processo considerou que, pelo menos, haveria isenções para os seus re-sidentes, pois a estrada representava a reposi-ção da justiça de uma espera e desigualdade de tantos anos.

Na discussão dessas políticas de cobran-ça os actuais responsáveis pelo Governo de-fenderam, e continuam a defender o princípio genérico do utilizador/pagador, realçando en-tão que ou pagavam todos ou não pagava ne-nhum.

Vai assim a A4 passar a ter portagem, sem qualquer alternativa digna desse nome no troço em causa, o que não acontece no tro-ço Amarante/Vila Real em que o IP4 se man-tém como alternativa à A4, construída na ou-tra encosta do Marão e com um túnel (cerca

de 6 km), que também o justifica.São assim sacrificadas as populações a

Norte de Vila Real com esta medida, com um duplo prejuízo de terem de pagar e de contar com um incentivo ao seu desenvolvimento e à procura turística que para ele contribuiria.

Não ficam pois com uma alternativa nas suas deslocações locais, e sem a garantia de acesso com qualidade e igual aos demais por-tugueses de outras regiões que disso bene-ficiaram, e que agora os transmonta-nos vêem go-radas as ex-pectativas de meios de co-municação condignos e a repor a Jus-tiça pelos lon-gos anos de espera pois vão ter de o pagar.

Não menos importante é a falta de res-peito pela memória dos muitos que ali perde-ram a vida em acidentes, com os consequen-tes danos e prejuízos morais e materiais que todos sofreram. Também não se compreende que algumas obras de arte de alta engenha-ria e tecnologia sejam pura e simplesmente destruídas, como acontece entre outras como a do Ratiço (Murça), de três faixas, quando se sabe existirem soluções mais baratas ou a cus-tarem o mesmo mas deixando assim patrimó-nio e serventia.

Mais parece um projecto à moda antiga com os Yes´s a aumentarem os quilómetros e o custo.

Trata-se pois de uma situação que mere-ce repúdio e revolta, e de acção junto das ins-tâncias comunitárias, sejam elas parlamenta-res sejam de recurso de Justiça.

Portugal está assim a incorrer no desres-peito de normas comunitárias e denegação da Justiça pela apropriação ilegítima de uma via e destruição de equipamentos que foram construídos com fundos comunitários.

14 agosto'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão opinião

Antes de mais, devo dizer que não me sinto muito patriota. Gosto do meu país, mas não passo de um português de trazer por casa, digamos. Gosto da bandeira portuguesa,  porque esteticamente é bonita. O hino nacional, passa-me ao lado e acho ridículo ser cantado nos campos de futebol, muitas vezes por estrangeiros. Os descobrimentos, ou expansão portu-guesa de que muita gente se orgulha, acho que foram páginas negras da nossa história. Es-taria aqui um dia inteiro a dizer porquê.

Sou mais a puxar para o bairrista. Penso em ponto mais pequeno, mais perto das minhas gentes, da minha terra, das minhas raízes, mesmo que digam que este, o bairrismo, seja um sentimento pacóvio. Não me importo nada com isso.

Agora vir o José Mourinho dizer, como disse há dias numa entrevista televisiva, que “serei sempre um orgulhoso português”,  é pura demagogia. É treta de gente que está bem instalada na vida. Depois só uma Europa assimétrica, miserável, criminosa até, é que paga o que paga a gente como esta, que apenas faz futebol. E o futebol é apenas um jogo, hoje mais que nunca, um jogo de interesses. Não é um desporto, mas um negócio.

Como é que este senhor, que não passa de um convencido, que  se intitula de “especial”, é  um orgulhoso português, se ele não tem pejo em ganhar, se possível humilhar, qualquer equipa portuguesa que se lhe atravesse no caminho? Este e os muitos futebolistas “portu-gueses”, emigrantes, querem é  muito dinheiro. Estes senhores só vêem dinheiro à sua fr-ente.  Como é que se podem sentir orgulhosos se estes futeboleiros festejam as suas vitórias contra as equipas do seu próprio país? Eles não são o orgulho de Portugal. Eles orgulham-se de si próprios. Estes “espanhóis” até vibram com as vitórias sobre os clubes mais chegados ao Atlântico. Se o D. Afonso Henriques fosse vivo morreria de desgosto de ver portugueses do lado da barricada que ele combateu, no início da nossa nacionalidade.

José Mourinho não se sente orgulhoso de ser português. José Mourinho é um cidadão muito bem pago, numa Europa cheia de bancos, dívidas, fome, ratings e “lixo”. Ele tem conquistado muitos títulos, porque escol-he sempre os melhores jogadores, para formar a melhor equipa e com ela ganhar tudo. Gostava de o ver a treinar o F C de Penafiel com os jogadores que o seu orçamento permite e chegar à liga dos campeões.

É evidente que aquela frase do Mourinho não ofende nin-guém, nem este assunto é fracturante. Mas sabemos que o futebol mexe com fortunas colossais, que muitas vezes se joga mais fora das quatro linhas, não sendo por isso nenhum modelo de virtudes.

A reforçar esta reflexão, vem o facto de não ver esta situação noutra qualquer actividade. O maestro António Vitorino de Almei-da quando toca o seu piano não o faz contra ninguém, não pro-voca dissabores, não procura derrotar nenhum português. Nem português, nem chinês. O poeta José Jorge Letria, que é um dos meus  preferidos, quando escreve, fá-lo com um único objectivo, que é fazer com que a sua mensagem chegue à alma de qualquer leitor.  Não poetiza  contra quem quer que seja. A pintora Paula Rego pinta con-tra alguém? Não, claro que não. Pinta para todo o mundo na esperança que as suas “bone-cas” despertem reacções nas suas exposições. A Maria do Céu Guerra quando está em palco estará a tentar vencer algum espectador? Com certeza que não. Procura encantá-lo, procura seduzi-lo. Ela pode é fazer guerra contra as fracas assistências que o teatro tem. Até os políti-cos que, na minha opinião, são das classes menos credíveis deste país, procuram o melhor para Portugal.  Não tenho dúvidas que Mário Soares, Cavaco Silva, Guterres, Sócrates, Pas-sos Coelho ou Paulo Portas, bem ou menos bem, defendem Portugal e os portugueses, em qualquer latitude. Porque este país é o deles. O país de Mourinho é o que melhor lhe paga. Mesmo para vencer portugueses. Digo estas coisas porque não acredito na famigerada glo-balização, que só interessa a alguns.

E depois, já dizia o francês Bernard Fontenelle, “o orgulho é o complemento da ignorân-cia”. Está tudo dito...

[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]

Armando MiroJornalista

Acção Contra o Estado Português. Valerá a pena?

O orgulho de ser português

Quando aceitei o desafio de integrar, como Deputada, a bancada do Partido So-cial Democrata na Assembleia da Repúbli-ca fiz saber da minha vontade férrea de ser em Lisboa uma voz na defesa dos interes-ses do distrito do Porto e, muito em parti-cular, de Amarante.

Nesta primeira fase, os novos deputa-dos procuram apreender as regras de fun-cionamento da Assembleia da República, integrar as equipas das diversas comissões de trabalho, perceber os canais de comu-nicação, conhecer as sensibilidades e for-mas de pensar e agir dos colegas de tra-balho, etc.

Decorrido um mês, as Comissões de Trabalho que integro (Educação, Cultura e Ciência e Eventual para Acompanhamen-to das Medidas do Programa de Assistên-cia Financeira a Portugal) estão já em in-tensa actividade e, paralelamente, estou

já a desenvolver esforços para ajudar a re-solver problemas de Amarante e dos ama-rantinos.

Quem me conhece sabe que primo pela discrição, nunca me verão a desfral-dar bandeiras com situações que tenha apoiado, mas os envolvidos sabem-no e certamente apreciarão.

Também todos conhecem a minha disponibilidade para interceder na procu-ra de soluções para os problemas que me sejam colocados. Amarante, não é nem nunca será, para mim, um instrumento para me catapultar para Lisboa! Lá, será o meu local de trabalho mas o meu lar e os meus, estão no distrito do Porto e Ama-rante.

A vossa Deputada na Assembleia da República,

Maria José Quintela F.C. [email protected]

Uma voz de Amaranteno Parlamento

Fernando Beça MoreiraPenafiel

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Cenários deEnvelhecimento

Cláudia Moura

O PAPEL DA COMUNICAÇÃONOS CUIDADOS AO IDOSO

17agosto'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões

As mulheres da região de Fafe vão poder fazer mais facilmente rastreios do cancro da mama, bene-ficiando da aquisição, pelo Núcleo Regional do Nor-te da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), da nona unidade móvel de mamografia.

Com a nova unidade, o rastreio deverá abranger mais 40 mil mulheres dos Distritos do Porto e Braga.

Nos próximos cinco meses a nova unidade vai estar estacionada no Centro de Saúde de Fafe, infor-mou aquela entidade.

Em comunicado, o Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro anuncia que “ad-quiriu um Mamógrafo Digital Direto para equipar com tecnologia de ponta a Consulta de Aferição do Departamento de Rastreio do Cancro da Mama”.

“No sentido de proceder ao alargamento pro-gressivo do rastreio a todos os concelhos da área de influência da Administração Regional de Saúde do Norte, o Núcleo Regional do Norte da LPCC adquiriu mais uma unidade móvel de mamografia equipada com tecnologia digital, um investimento de 250 mil euros”, acrescenta o mesmo documento.

O núcleo tem assim nove unidades móveis a

funcionar diariamente, que no conjunto efetuam cerca de 450 mamografias.

“A unidade móvel agora adquirida torna o Ras-treio do Cancro de Mama acessível a mais 36.963 mulheres do grupo etário 45-69 anos, inscritas em Centros de Saúde dos Distritos de Braga e Porto”, acrescenta.

Produção artesanal de linho

Um projeto de produção artesanal e comercia-lização de produtos em linho poderá vir a dar tra-balho a mais de uma dezena de mulheres de Fafe, a maioria desempregadas, que concluíram um curso de formação organizado por uma associação de Pe-draído. De momento, estão assegurados três postos de trabalho.

Este projeto permitiu recuperar a tradição, reu-tilizando velhos teares. Colaboraram formadoras com muita experiência nesta forma de artesanato e uma engenheira têxtil que acrescentou moderni-dade à produção.

Rastreios ao cancro da mamafacilitados em Fafe

Unidade móvel estacionada no Centro de Saúde

Não existe ser humano sem comunicação, a comunicação para o indivíduo idoso é fundamental permitindo-lhe que permaneça

socialmente integrado.

[email protected] Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.

DEIXO-VOS A PENSAR … se alguém nos perguntar o que entendemos pela expressão “conversa de velhos”, com certeza respondemos: é uma conversa extensa, sem fim, arrastada, pau-sada, cheia de histórias, lembranças do passado e por aí fora. Se por um lado esta descrição circunscreve algumas verdades, por outro, revela uma atitude preconceituosa e estigmatiza o idoso. De facto, envelhecer nem sempre assumiu o mesmo estigma, há 50 anos não constituía um problema, era encara-do como um fenómeno natural, para além de que o aprovei-tamento e imagem que a sociedade tinha da população en-velhecida era diferente da que existe hoje, o facto de existir a presença de um idoso no seio familiar era visto como uma mais-valia, quer no que respeita à sabedoria que transmitia aos mais novos, quer na união e suporte emocional que passava à família onde se encontrava inserido. Tal como refere o Profes-sor Doutor Nuno Grande, no livro Linhas Mestras para uma Polí-tica Nacional de Terceira Idade, a pessoa idosa perde o seu papel de transmissor transgeracional do saber, face a uma economia de mercado onde só o lucro interessa. Ora de acordo com a ac-tual valorização social o ter idade avançada tem-se tornado a pouco e pouco sinónimo de incómodo, para quem lida per-manentemente com o idoso e com as suas incapacidades. É comum ouvir dizer que o idoso é egocêntrico, que só fala do passado, que é confuso e esquecido, surdo e que repete inú-meras vezes o mesmo assunto. De modo a compreendermos estes comportamentos julgo pertinente referir que na realida-de o que se passa é que o envelhecimento acarreta algumas alterações, nomeadamente ao nível da audição e consequen-temente comunicação, surgindo desta forma dificuldades de comunicar: o idoso começa por apresentar problemas de ex-pressão, como por exemplo encontrar as palavras certas, im-pedindo-o de desempenhar plenamente o seu papel na socie-dade. A estes factores ligam rapidamente outros, como perda de auto estima, status social, laços familiares, com efeitos tan-to mais graves quanto maior for a dificuldade na comunicação. Porém esses obstáculos podem em grande parte ser ultrapas-sados pelo esforço de quem lida com ele, se souber adaptar-se às novas condições. Saliento, por isso, a urgência de trabalhar junto dos intervenientes na área, sensibilizando-os desta for-ma para a importância da comunicação nos cuidados ao idoso.

Porque comunicar é realmente uma aventura existencial e no caso concreto da pessoa idosa, quanto maior o nível de de-pendência, menor é a capacidade de ela dizer as suas necessi-dades. Torna-se essencial ter em consideração que quando se comunica com o idoso, deve ter-se presente os factores: tem-po, paciência para o escutar, escolher o posicionamento para se lhe falar de frente permitindo deste modo a sua atenção, mostrar predisposição e olhar para ele, com respeito e digni-dade.

Saber comunicar com o idoso vai além de tentar compre-ender o que ele quer dizer, pautando-se assim pelo interesse em compreender o que ele está a sentir: o sentimento é aqui mais importante do que os factos.

Com esta reflexão procuro reafirmar que o idoso necessi-ta de um ambiente que o motive a desenvolver o diálogo num clima de respeito levando-se em consideração os seus interes-ses e as suas limitações.

O desemprego no concelho de Felgueiras dimi-nuiu cerca de 17 por cento nos primeiros seis meses deste ano, graças ao bom momento do calçado. Mais de meio milhar de pessoas encontrou trabalho.

A Associação Empresarial de Felgueiras (AEF) ex-plica que estes indicadores, que contrariam o que se passa nos concelhos vizinhos do Vale do Sousa, são explicados pelo bom momento do setor do calçado, que conseguiu relançar as exportações e encontrar novos nichos de mercado.

Fonte da AEF salientou que já há empresas no concelho que têm dificuldade no recrutamento de mão de obra adequada às exigências, num setor que emprega cerca de 15 mil pessoas.

Segundo a associação empresarial, o sucesso do calçado em Felgueiras é resultado "da reestruturação das empresas, que passaram a apostar mais em tec-nologia, em marcas próprias, em design e em produ-tos de maior qualidade, voltados para mercados ha-bituados a pagar mais caro o calçado".

Calçado de Felgueiras dá pontapé na crise!

A MMCI Multimédia S.A., representante da ZON Multimédia a nível nacional pretende aumentar a sua força de vendas no Segmento Residencial (Vendas D2D), na Zona Norte do País.

Para fazer face ao seu crescimento pretende recrutar para as áreas deBraga, Barcelos, Vila Nova de Famalicão, Santo Tirso, Guimarães, Fafe, Felgueiras,

Amarante, Vila Real e Bragança:

CHEFE DE EQUIPA DE VENDAS (M/F)

(Ref.: CE/D2D/MMCI/20110630)

GESTORES COMERCIAIS (M/F) PARA PROMOÇÃO E VENDA DOS SERVIÇOS DA ZON MULTIMÉDIA (Ref.: GC/D2D/MMCI/20110630)

Os interessados deverão enviar o seu CV para:[email protected]: 253240073/926610008

Pretende-se:- Experiência de chefia de equipas de

vendas deste canal (D2D)- Capacidade de liderança- Forte orientação para resultados e

cumprimento de objectivos - Disponibilidade total e imediata- Equipa constituída - mínimo 5

comerciais (factor preferencial)

Disponibiliza-se:- Vencimento base, comissões e

prémios- Integração em grupo de empresas de

referência e de dimensão nacional- Projecto de carreira na área das

telecomunicações e multimédia- Entrada imediata

Pretende-se:- Apetência e gosto pela área comercial- Atitude profissional- Boa apresentação- Boa capacidade de comunicação e de

argumentação- Disponibilidade imediata

Disponibiliza-se:- Vencimento base, comissões e

prémios- Formação inicial e contínua- Integração em grupo de empresas

de referência e de dimensão nacional

Arrancou a construção da Fun-dação Nadir Afonso, da autoria de Siza Vieira e instalada junto ao centro histórico de Chaves.

A presidente da fundação, e mu-lher do artista, Laura Afonso, salien-tou que Nadir não pôde estar pre-sente no lançamento da primeira pedra devido ao seu estado de saú-de, mas está “muito feliz e comovido” com a concretização deste projeto.

Laura Afonso acredita que a obra vai “dinamizar" a cultura e, também, o turismo, não só de Chaves, mas do Alto Tâmega. A fundação, salientou, vai estabelecer parcerias importan-tes com quem Nadir Afonso já traba-lhou e “traçar” uma programação ca-paz de “agradar a todo o público”.

A obra “dignifica a cidade e do-ta-a de uma oferta cultural única em termos de modernidade”, salientou o presidente da Câmara, João Batista.

Siza Vieira considera “grande sa-tisfação e um enorme estímulo” ter criado um espaço para guardar a obra do “enorme” artista português Nadir Afonso.

Fundação Nadir Afonso arrancou em Chaves

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EPAMACEscola colabora com a Animarco na protecçãode animais abandonados

Cerca de metade dos alunos da turma de Cuidados Veterinários (CET de Nível V) – os restantes já estão ocupados com os seus es-tágios curriculares, realizados em contexto real de trabalho – participou no início do mês numa acção de contacto com os animais, ini-ciativa em que colaborou a Associação dos Amigos dos Animais do Marco de Canaveses (Animarco). Foram observados, vacinados e desparasitados mais de uma dezena de caní-deos dos muitos que a associação acolhe nas suas instalações de abrigo.

Realizada em Vila Boa de Quires, esta acção formativa dos alunos da nossa Escola que fre-quentam o Curso de Especialização Tecnológica (CET), de nível pós-Secundário, foi liderada pelo professor Diogo Ribeiro da Silva, que lecciona a disciplina de Comportamento e Bem Estar Ani-mal, entre outras componentes lectivas.

Para o docente, esta acção "traz [aos alu-nos] a experiência de ver os animais, de poder interagir com eles de uma forma mais profissio-nal, praticar os exames usando os animais como cobais vivas e além disso ajudam uma associa-ção de protecção de animais abandonados".

O professor Diogo Silva, que lecciona na nossa Escola ao abrigo de um protocolo com a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, es-tabelecimento de ensino integrado no Institu-to Politécnico de Viana do Castelo, reconhece

que os alunos deste curso – que tem boas saí-das profissionais e no plano académico permite acesso a licenciaturas de Enfermagem Veteriná-ria, Engenharia Zootécnica ou Medicina Veteri-nária –, obtêm competências para prosseguir os estudos para o nível superior, ao qual chegam já com alguns créditos curriculares (conhecidos como ECTS).

"A licenciatura mais próxima deste curso é enfermagem veterinária e este curso de certa forma já transmite uma grande parte de valên-cias que essa licenciatura de enfermagem vete-rinária tem", afirma o docente.

No plano curricular [o curso tem a duração aproximada de um ano e meio (1515 horas), em que um terço diz respeito a estágio em contexto de trabalho], os alunos têm disciplinas de Ana-tomia e Fisiologia Animal, Reprodução e Nutri-ção Animal, Comportamento e Bem-Estar Ani-mal, Profilaxia das Doenças Animais e Saúde Pública, Técnicas de Enfermagem Veterinária e Apoio à Clínica e Cirurgia, entre outras.

Considera o docente que a maioria dos nos-sos alunos fica habilitado a trabalhar em clínicas veterinárias – é o caso de vários alunos deste primeiro curso na nossa Escola [ver depoimen-tos ao lado] – mas também podem optar por trabalhar em explorações pecuárias, em empre-sas agrícolas, de rações, em serviços de inspec-ção sanitária ou até na indústria alimentar.

"O leque de saídas profissionais é enorme", reconhece Diogo Ribeiro da Silva, lembrando

que a saída para o estrangeiro pode também ser uma opção para estes jovens, nomeada-mente em França e na Inglaterra.

Escola vai fazer uma acção anual com a Animarco

Presente também na acção formativa, o di-rector da nossa Escola, Victor da Costa Vítor, ga-rantiu que esta parceria com a Animarco vai prosseguir. "Pelo menos uma vez por ano a Es-cola tem condições de fazer estas acções de profilaxia com a associação de protecção ani-mal, oferecendo as vacinas e disponibilizando uma equipa de jovens para prestar cuidados ve-terinários".

Escola perto dos 200 alunosO director anunciou que a nossa Escola terá

mais uma turma no ano lectivo de 2011/12 (com 11 turmas no total), começando a aproximar-se rapidamente das duas centenas de alunos.

Este crescimento muito acentuado na úl-tima década é o resultado do reconhecimento dos alunos da região sobre a qualidade do en-sino praticado mas também a constatação pú-blica de que os cursos leccionados na EPAMAC registam um grau elevado de empregabilidade.

São muitos os ex-alunos da nossa Escola que estão a trabalhar em empresas de sucesso e prosseguem carreiras profissionais bem deli-neadas, sobretudo em entidades de base agrí-cola e/ou ligadas à produção e comercialização de vinhos.

O director da EPAMAC garante também o arranque este ano do novo Curso Profissional (Nível III) de Técnico de Gestão Equina e a manu-tenção dos CET de Animação Turística e de Cui-dados Veterinários (em colaboração com a Es-cola Superior de Ponte de Lima, onde os alunos poderão prosseguir os estudos), cujas inscrições se mantêm abertas até meio de Setembro.

Paulo Alves, de Valongo

Sandra Carneiro, do Marco

Curso de Cuidados Veterinários forma 16 alunos com Nível V (CET)

Liderada por Ana Isabel Monteiro, a Ani-marco dá abrigo a cerca de meia centena de cães, a maioria em regime de internato (em dois centros, Vila Boa de Quires e Montedeiras) e a outros, que permanecem na rua, fornecen-do alimentação e cuidados médicos básicos.

"Estão na rua mas sob a vigilância e apoio da Animarco. São animais que não estão em ris-co, nem são um risco", sintetizou a presidente da associação fundada em Setembro de 2006.

A associação sustenta esta protecção ani-mal na cidade do Marco com o apoio financei-ro da autarquia (400 euros mensais, escassos para uma despesa mensal a rondar os 1.500), as receitas de "rifas", os donativos de amigos e associados e a boa-vontade de alguns mece-nas – hipermercados, empresas e duas farmá-cias da cidade (Nova e Miranda), que oferecem toda a medicação necessária.

Diogo Ribei-ro da Silva, 34 anos, é professor do Instituto Poli-técnico de Viana do Castelo (IPVC), lecciona na Esco-la Superior Agrá-ria de Ponte de Lima e desde Abril de 2011 na EPA-MAC. Manter-se-á como docente do curso de Cuidados Veterinários.

Licenciado em Medicina Veterinária, exerce em Barcelos, na Clínica Animal.

Considera que os alunos saem com bons conhe-cimentos para prosseguir estudos superiores ou in-gressarem no mercado de trabalho.

Animarco sobrevive dedonativos e boas-vontades

Professor Diogo Silva

Natural de Va-longo, Paulo Al-ves, 28 anos, vai estagiar numa Clínica da Lixa para completar o plano curricular do CET mas está determinado a prosseguir os es-tudos superiores. A opção deverá passar pela licenciatura de Enfermagem Veteriná-ria ou Engenharia Zootécnica.

Espera ingressar no ano lectivo de 2012/13.

Residente no Marco de Canave-ses, Sandra Car-neiro, 36 anos, re-gressou à escola 16 anos depois de concluir o Secun-dário. Após dois anos em Fran-ça, percorreu inú-meros empregos, sempre temporá-rios, como operadora de caixa.

Findo o curso que vai concluir na nossa Escola – a idade e a vida familiar, tem três filhos, já não lhe aconselham continuar os estudos – Sandra quer en-veredar por uma profissão estável.

O curso de Cuidados Veterinários é uma oportu-nidade que quer agarrar com ambas as mãos.

Vai estagiar com um dos seus professores numa clínica a abrir brevemente na cidade da Lixa (tal como o colega Paulo) e tudo indica que passará por ali o seu futuro.

"Onde não há muitas saídas profissionais para as mulheres, este curso é uma mais valia", reconhece.

Page 19: Repórter do Marão

Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC

Page 20: Repórter do Marão

A Igreja de Santa Maria, no Marco de Canaveses, uma obra em-blemática do arquitecto Álvaro Siza [Siza Vieira], é um dos monumen-tos mais conhecidos e porventura o mais visitado da cidade, sobretu-do por turistas, nacionais e estran-geiros – cerca de 20 mil visitas anu-ais. Entre os estrangeiros, realce para

os japoneses, que visitam o templo em grande número, além de que a obra arquitectónica - edificada entre 1994 e 1997 - é também um “caso de estudo” para escolas de arquitectura e outras faculdades internacionais.

A construção deste ícone da ar-quitectura religiosa contemporânea – que tem uma porta original, com dez metros de altura, onde o galar-doado arquitecto português quis utilizar o simbolismo, para os católi-cos, de que “Cristo é a Porta” – teve a mão e a mente de um antigo pá-roco [Nuno Higino], mas o seu arro-jo e entusiasmo deixou seguidores. “Ao entrarmos neste templo ficamos extasiados”, revela o actual sacerdo-te de Fornos, Fernando Silva, citado pela Agência Ecclesia, a agência de notícias da Igreja Católica Portugue-sa que considera a obra de Siza “um marco na arquitectura religiosa”.

Tongobriga, a cidade romana que começou a ser descoberta há 31 anos em Freixo, Marco de Cana-veses, é um dos maiores achados ar-queológicos do último quartel do

séc. XX.A sua importância é tal (além de

monumento nacional) que gerou a primeira e única escola profissional na área da arqueologia. As primei-ras referências a esta cidade galaico-romana remontam ao século II.

As escavações começaram em 1980 e desde o início que foram di-rigidas pelo arqueólogo e professor Lino Tavares Dias. Estendem-se hoje por uma área de 30 hectares. Os ba-nhos públicos, a Pedra Formosa, am-bos do período castrejo, e uma es-trutura termal de grande dimensão (1.400 m2) confirmam que Tongo-briga era naquela época uma cidade de grande relevo e “um centro estru-turado de poder”.

O Museu Municipal de Cinfães ostenta o nome de uma das figuras mais emblemáticas nascida naquele concelho da margem sul do Douro – Serpa Pinto (Tendais, 1846-1900).

Inaugurado em Abril de 2000, em homena-gem ao ilustre militar, explorador e governador colonial, o museu (a par da Casa da Cultura) é uma referência no património concelhio e trou-xe a este território uma nova dinâmica cultural.

É o principal espaço museológico do conce-lho e é composto por três salas.

Uma acolhe uma importante exposição permanente de artesanato e etnografia, cujo acervo foi recolhido nas típicas e recônditas al-deias serranas, sobretudo materiais e utensílios ligadas aos usos e costumes agrícolas. Outra sala está reservada para o espólio arqueológi-co do Município e a terceira destina-se a expo-sições temporárias de artes plásticas, sobretu-do de pintura.

Segundo uma biografia editada pelo Mu-nicípio, Alexandre Alberto da Rocha Serpa Pin-to passou grande parte da sua infância no Bra-sil, tendo ingressado em 1858 no Colégio Militar, em Lisboa. Cursou direito em Coimbra, curso que viria a abandonar para se dedicar por inteiro à carreira militar. Em 1877, enceta a exploração e travessia científica no continente africano que o tornou célebre.

CINFÃES |Museu MunicipalSerpa Pinto

MARCO | Igreja de Santa Maria e Tongobriga

O Município de Resende, situado entre a Serra de Montemuro e o Douro, dispõe de um importante património arquitectónico, com des-taque para os monumentos de arte românica.

A igreja românica de Barrô, construída no século XIII, é conhecida pelo seu tecto forrado com caixotões barrocos, mas merece uma tam-bém atenção o retábulo-mor de talha.

S. Martinho de Mouros tem uma igreja "a imitar" uma fortificação militar e é um dos mais importantes templos medievais do Douro Sul. No seu interior, há diversas obras atribuídas à escola de Grão Vasco.

A igreja de Cárquere possui uma imagem de Nossa Senhora com o Menino, que se julga ser da época visigótica (séc. VII). É uma minia-tura de marfim, onde a Senhora surge com o Menino sentado sobre o seu joelho esquerdo.

Aregos, além da excelência das suas termas, possui uma capela do século XII, mandada erguer por D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henri-ques. O templo foi beneficiado em 2003.

Os monumentos integram a Rota do Românico, criada em 1998 no Vale do Sousa e alargada em 2010 ao território da NUTS Tâmega.

No Município de Penafiel – que tem nove freguesias rurais, na mar-gem direita do Tâmega, integradas no território Dolmen –, são exem-plos da arte românica os seguintes templos religiosos: Igreja de S. Pedro de Abragão, Igreja de S. Gens de Boelhe, Igreja do Salvador de Cabeça Santa e a Igreja de S. Miguel de Entre-os-Rios, na freguesia de Eja.

RESENDE e PENAFIEL | Rota do Românico

CULTURA POTENCIA DESENVOLVIMENTO NO TERRITÓRIO DO DOURO VERDE

Page 21: Repórter do Marão

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

O Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, com exposições temporárias e permanentes, é uma das principais referências culturais de Amarante e do país, a par do Convento de S. Gonçalo.

Foi criado em 1947 por Albano Sardoeira. Original-mente, o edifício foi um convento dominicano, tendo sido construído entre os séculos XVI e XVIII.

As actuais instalações do Museu, que tem em men-te uma nova ampliação, a médio prazo, são o resultado de uma reconversão executada pelo arquitecto Alcino

Soutinho, em 1980.Este arquitecto, que nasceu em Matosinhos há qua-

se 81 anos, projectou a reconstituição dos claustros, que tinham sidos desvirtuados numa antiga demolição de um edifício anexo.

Além das obras do patrono do Museu – Amadeo, que nasceu em Manhufe, freguesia de Mancelos, Ama-rante, a 14 de Novembro de 1887 e morreu em Espinho a 25 de Outubro de 1918 – estão representados tam-bém os amarantinos António Carneiro e Acácio Lino. O

acervo na pintura conta ainda com obras de Vieira da Silva, Júlio Pomar, Júlio Resende e José Guimarães, en-tre muitos outros.

Na escultura, podem ser apreciadas obras, entre ou-tros artistas, de Aureliano Lima, Irene Vilar, Lagoa Henri-ques e Artur Moreira.

O espaço museológico mostra ainda trabalhos em desenho de Luís Dourdil, Diogo Alcoforado, Armando Basto, bem como desenhos e caricaturas dos amaranti-nos Amadeo e António Carneiro.

AMARANTE | Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso

A Fundação Eça de Queiroz (FEQ), sediada em Tormes, Baião, é uma instituição de vocação cultural, sem fins lucrativos, cujos objectivos pas-sam primordialmente pela divulgação nacional e internacional da figura e da obra de Eça de Quei-roz.

A quinta de Tormes ficou imortalizada na obra “A Cidade e as Serras” e é hoje uma referência cul-tural de Baião, cuja câmara municipal, entre ou-tros mecenas, é um dos sócios-fundadores.

São ainda funções da FEQ (fundada em se-tembro de 1990) a preservação da componente museológica de Tormes, o fomento da vida cultu-ral do concelho, além de prosseguir estudos nas áreas do desenvolvimento local, do turismo rural e da viticultura, de que é exemplo a produção e comercialização do vinho com a marca Tormes.

No plano cultural, a Fundação organiza, entre

outras actividades, o Curso Internacional de Verão (desde 1998), o Ciclo de Conferências Internacio-nais e as Sendas Queirosianas/Colóquios Interna-cionais de Tormes (desde 2007).

A Serra da Aboboreira, que acolhe o Cam-po Arqueológico com o mesmo nome, está lo-calizada no extremo nordeste do distrito do Porto e abrange território de três municípios: Amaran-te, Baião e Marco de Canaveses. De todos os tú-mulos estudados, o mais importante é o dólmen de Chão de Parada 1, monumento nacional des-de 1910.

Os estudos arqueológicos, iniciados em 1978, revelaram uma vasta necrópole megalítica, com cerca de quatro dezenas de mamoas identifica-das. Alguns dos achados estão guardados no Mu-seu de Baião.

BAIÃO | Fundação Eça de Queiroz (Tormes) e Campo da Aboboreira

CULTURA POTENCIA DESENVOLVIMENTO NO TERRITÓRIO DO DOURO VERDE

Page 22: Repórter do Marão

Fundado em 1984 | Jornal/Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

Redação:Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESESTelef. 910 536 928E-mail: [email protected]

Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689)Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Ale-xandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Ma-nuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958).

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António MotaCartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sou-sa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Ma-tos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Mar-co, Baião Repórter/Marão Online

Marketing, RP e Publicidade: Telef. 910 536 928 - Marta [email protected] | [email protected]

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Tiragem média: 30.000 exemplares (Auditados) | Associado APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Nº 486

Assinaturas | Anual: Embalamento e pagamento dos portes CTT – Continente: 40,00 | Europa: 70,00 | Resto do Mundo: 100,00 (IVA incluído)

A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

22 agosto'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão crónica & artes

Redopio [Rodopio] - Amarante

- Anos 60

MELROSA.M.PIRES CABRAL

Hoje, com licença do senhor Lei-tor, não falarei da crise. É tema de que ando enfastiado e já notei que escrever sobre ele me deixa mais deprimido do que aliviado.

Não falarei pois da crise. Falarei de melros.

Os melros são uns mariolas, fi-nos como órgãos, mas apesar dis-so (ou, talvez antes, por causa dis-so) simpatizo verdadeiramente com eles. Noto com satisfação que se vêm adaptando cada vez melhor ao bulício da cidade, e não há ago-ra sebe de jardim, particular ou pú-blico, onde não se ouça, de quando em quando, uma risada de melro. Às vezes vêem-se quatro e cinco a correr sobre os relvados onde costu-mam pastar… insectos e minhocas. Vão-se tornando quase tão descara-dos como os pardais. Não tenho dú-vidas: os melros são uma benquista aquisição da vida urbana dos nos-sos dias.

Na exacta medida em que simpa-tizo com eles, comovo-me com uma cena com que deparo algumas vezes próximo do lugar onde trabalho. Eu conto. Naquela rua quase de arrabal-de não mora muita gente. Mas mora alguém que odeia melros. Como os odeia, rouba-os do ninho, ainda im-plumes, e ferra com eles em gaiolas que pendura na varanda. Pelos mo-dos, está convencido de que tem o exclusivo da música daqueles po-bres melros reclusos. Como se se pudesse aprisionar o assobio dum melro…

Pois bem. Tenho assistido ocasio-nalmente a um espectáculo extraor-dinário que passo a narrar.

Numa das gaiolas daquela va-randa habita um melro que, embo-ra confinado num espaço tão exí-guo para as suas asas que pedem antes amplidão e horizontes, por ve-zes assobia. E então — isto é rigo-rosamente verdade — outro melro, que tem a sorte de viver em liberda-de, vem junto da gaiola e esforça-se por entrar nela, ou então por torcer os arames e libertar o companheiro, hipótese que prefiro.

Depois de se debater durante al-guns minutos contra os arames,

afasta-se desanimado, deixando mais desanimado ainda o prisionei-ro que acaso teria fiado do amigo a sua libertação.

Comove-me a cena. E traz-me à memória um passo de Guerra Jun-queiro, precisamente num poema chamado “O melro”, da Velhice do Padre Eterno. O Leitor estará lem-brado. Nesse poema, o velho cura de aldeia aprisionou quatro filhotes de melro numa gaiola, onde a mãe os vem encontrar à noitinha. Esfor-ça-se esta por libertar os filhos.

Mas demos a palavra ao poeta: […] Torcia,/ Para os partir os fer-ros da prisão,/ Crispando as unhas convulsivamente/ Com a fúria dum leão./ Batalha inútil, desespero ar-dente!/ Quebrou as garras, depenou as asas/ E alucinado, exangue,/ Os olhos como brasas,/ Herói febril, a gotejar em sangue,/ Partiu num voo arrebatado e louco,/ Trazendo, den-tro em pouco,/ Preso do bico, um ramo de veneno./ E belo e grande e trágico e sereno,/ Disse: – Meus fi-lhos, a existência é boa/ Só quando é livre. A liberdade é a lei,/ Prende-se a asa, mas a alma voa…/ Ó fi-lhos, voemos pelo azul!... Comei!// E mais sublime do que Cristo, quan-do/ Morreu na cruz, maior do que Catão,/ Matou os quatro filhos, tres-passando/ Quatro vezes o próprio coração!/ […] E partiu pelo espaço heroicamente,/ Indo cair, já morto, de repente/ Num carcavão com sil-veirais em flor.

Já me tenho surpreendido a enxu-gar uma lágrima ao reler estes ver-sos — efeito semelhante, de resto, ao que me provoca, por exemplo, o “Coro dos escravos”, do Nabuco de Verdi. E juro que, ao presenciar a cena a que me venho referindo, não fico longe disso. Pelo menos sinto um nó na garganta e penso: que bela lição de amor da liberdade não nos dá aquele melro!

Ah, pudesse esta crónica amolen-tar o coração de quem faz tanto gos-to em encarcerar passarinhos…

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

[email protected]

O OLHAR DE...Eduardo Pinto 1933-2009

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

Motard2011

Page 23: Repórter do Marão

Tomás e GraçaLembras-te? Vieste bater à

minha porta, bateste devaga-rinho, vagarosamente, com su-avidade. E eu perguntei, de re-pente alvoroçada: quem está a bater-me à porta a esta hora da noite?

Eu já tinha o pijama no cor-po, e estava deitada no sofá à espera de engolir o episódio da telenovela, o meu comprimido diário de sonho, que me ajuda a espantar a solidão, sobretudo de certos dias mais cinzentos, quase negros, que embrulho em sorrisos.

Sou uma Graça que se esfor-ça por ser engraçada, costumo dizer. Uma Graça que tem agora cinquenta e sete anos, é solteira e boa rapariga, esperando eter-namente um príncipe de olhos azuis e melenas loiras, que há-de aparecer no meio da bruma, montado num cavalo preto.

Fui ao quarto vestir o robe, não me pareceu bem aparecer enfiada num pijama cor-de-ro-sa e com bolinhas brancas. As chinelas estavam apresentáveis. Vesti o robe, passei os olhos pelo espelho, e reparei nas olheiras, que nunca me favoreceram, e nos cabelo que precisava de ser pintado.

Espreitei pelo olho mági-co da porta. Não vi ninguém. Mas como sou do tempo em que as mulheres eram pequeni-nas, meço um metro e sessenta e três, pensei: talvez me esteja a escapar qualquer coisa.

Como também sou uma das felizes contempladas com a do-ença da bisbilhotice, decidi abrir somente uma fresta para ficar sossegada a noite inteira. E logo reparei nos teus olhos: duas bra-sas incandescentes.

Foram essas brasas tão bo-nitas, tão intensas, que derrete-ram o bocadinho de gelo que teimava em esconder-se den-tro de mim. Deixei-te entrar sem ter tempo para medir as conse-quências.

Percebi que estavas esfome-ado. E eu, sem medir as conse-quências, saciei-te.

Depois tu lambeste-me as mãos que tinham o creme ama-ciador que cheira a rosas, e, pa-cificado com o mundo, adorme-ceste na sala. E eu pude ouvir o teu coração a bater sem sobres-saltos.

O teu corpo peludo aquecia-me os pés. Essa tepidez tão boa, tão nova, amoleceu-me a alma. Não fui capaz de tomar uma ati-tude mais incisiva.

Sim, podia dizer: agora que já te saciei, que é que fazes aqui? Está na hora de ires em-bora. Não tomes conta deste es-paço tão meu, neste cofre onde não tenho de fingir que vivo fe-liz e já não tenho sonhos. O meu corpo ainda não mirrou comple-tamente e o meu coração tem muitos quartos que nunca fo-ram habitados.

Vai à tua vida, amanhã é dia de trabalho, e eu preciso de aproveitar para dormir depois do enésimo episódio da teleno-vela terminar. Porque as madru-gadas são incertas e pérfidas. Por vezes acordo com o barulho das traças lavrando o esqueleto de madeira da cómoda, ou do meu próprio ressonar.

Vai embora, não olhes para mim dessa maneira, porque já me habituei há muitos a viver comigo mesma. Para sobreviver, ninguém sabe que aprendi a di-vidir-me em duas partes simétri-cas. Somos uma espécie de ca-sal. É claro que temos as nossas discussões, por vezes mais vio-lentas do que manda o bom senso. Às vezes a minha parte mais belicosa puxa-me os cabe-los até os meus olhos ficarem a nadar em água salgada.

Não fui capaz de te mandar embora. E começaram os meus trabalhos. Chamei-te Tomás, que era nome que eu punha ao meu filho, se o tivesse, arranjei um cesto e um colchão, desco-bri a direcção de uma veteriná-ria, que me disseram ser compe-tente.

E agora aqui estamos a fes-tejar o dia em que te acolhi. Faz hoje sete anos que tu entraste nesta casa. Eu bem te digo: há cães privilegiados, Tomás.

Hoje vou beber um goli-nho de champanhe em honra do meu confidente e fiel com-panheiro. Tomás, o meu amor-zinho.

António Mota

23agosto'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãodiversos | crónica

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A Câmara Municipal do Marco de Canaveses agra-ciou, em julho (foto), com a Medalha de Mérito Cultu-ral e Científica, Classe Ouro, o professor e cartoonista António Santos, que assina «Santiagu», pelo «profícuo trabalho na promoção das artes e da actividade cultu-

ral do Marco de Canaveses». Em Junho, o artista já tinha sido distinguido nou-

tros importantes festivais: no XlV Salão Luso-Galai-co de Caricatura – Douro 2011, organizado pelo Dou-roAlliance, ao obter o 2º Prémio com a caricatura do Barão de Forrester. O tema do referido certame era o turismo nas suas diferentes vertentes. A nível interna-cional, recebeu o Prémio de Ouro no FCW-China e o Prémio Especial na EXPO2010Cartoon em Shangai, além de um Diploma Especial e Menção Honrosa no V «Nosorog`s Magazine», na Bosnia. “Nestes tempos conturbados, o humor de Santiagu continua a atenu-ar determinadas tensões que persistem em avassalar a nossa sociedade”, considera o artista, colaborador re-gular do RM, onde assina mensalmente o cartoon.

Santiagu agraciado pelaCâmara do Marco de Canaveses

A 32.ª edição da Agrival – Feira Agrícola do Vale do Sousa, que aposta forte no cartaz de es-pectáculos – com Deolinda e Tony Carreira, en-tre outros – vai decorrer de 20 a 28 de agosto no Parque de Feiras e Exposições de Penafiel.

O programa de animação da Agrival já ha-bituou o público a grandes nomes do espetácu-lo, mas a edição de 2011 supera os programas anteriores. Tony Carreira, Deolinda e Aurea de-vem proporcionar enchentes no recinto da fei-ra, há três décadas considerado o maior certame na região.

O programa inclui ainda sessões de karaoke, cantares ao desafio, actuações de ranchos folcló-ricos e de outros grupos musicais.

Cada dia é dedicado a um concelho da re-gião e durante a feira vão ter lugar as jornadas sobre temáticas agrícolas e concursos de pro-dutos da região: broa de milho, cebolas e melão casca de carvalho. A 24 de agosto realiza-se um concurso nacional de cães da raça podengo.

A 26 de agosto terá lugar o habitual convívio de produtores e engarrafadores de vinho verde presentes no parque de feiras de Penafiel.

Em simultâneo com a Agrival realiza-se a 10.ª Mostra Nacional de Gastronomia, que vai funcionar entre as 12:00 e a 01:30. Das 12:00 às 14:00 a entrada na praça da alimentação é livre.

Os restaurantes convidados representam vá-rias regiões do país em termos gastronómicos.

Tony Carreira, Deolinda e Aurea para ver na Agrival

Entre 20 e 28 de agosto, em Penafiel

O presidente da Câmara de Lamego, Francisco Lo-pes, admite abandonar o Museu do Douro devido às dificuldades financeiras por que passam as autarquias.

Presidentes de municípios fundadores do Museu do Douro apontaram as dificuldades financeiras que atravessam e alguma desmotivação relativamente ao projeto, como motivos para terem atrasado o pa-gamento das quotas à instituição duriense, que vive uma grave crise financeira.

O autarca disse já ter sido questionado sobre a sua posição em conselho de fundadores. “Respondi que, se quiserem ter a Câmara de Lamego como fun-dador, terão, e nós pagaremos quando pudermos. Se não quiserem, saíremos”, assegurou.

O Museu do Douro vive atualmente uma difícil situação financeira, devido ao atraso no pagamento das quotas das autarquias (351.316 euros) e das com-participações de programas comunitários (323.457 euros), segundo o seu diretor, Fernando Maia Pinto.

O presidente da Câmara de Lamego, Francisco Lopes, reconhece que a autarquia é uma das devedo-ras, tendo dois anos de quotas em atraso, o que esti-ma totalizar cerca de 25 mil euros.

“Penso que devemos os últimos dois anos. Temos vindo a pagar, mas sempre com muito atraso”, explicou.

O autarca disse que “as câmaras pagam para tudo e a certa altura o dinheiro não chega para nada, co-meçando a falhar os seus compromissos", e admitiu que o Museu do Douro não tem sido uma das suas prioridades, por considerar que houve “um desvirtu-amento” do projeto.

“Há muitas autarquias que não se reveem no pro-jeto, que perdeu a dinâmica de museu do território e que é simplesmente mais um de uma rede de museus que o Estado gere”, lamentou.

Por outro lado, Francisco Lopes disse que “há al-gumas questões estatutárias” que lhe desagradam, “nomeadamente o facto de o conselho fundador não

aprovar os planos de atividades e orça-mentos” do museu. “Quem paga manda zero naquele museu. E isso tem desin-centivado as autarquias de participar”, frisou.

Lembrando que “as instituições fi-cam mesmo depois de as pessoas saí-rem”, Francisco Lopes fez votos para que o projeto “possa voltar a cumprir a função prevista, de ser, efetivamente, um proje-to dinamizador do Douro Vinhateiro em toda a sua extensão e não ficar confinado a um pequenino núcleo museológico da Régua, que é o que ele é hoje”.

Lamego admite sair do Museu do Douro

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Page 24: Repórter do Marão