Repórter do Marão

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Oferecemos leitura Jóias de Eugénio Campos | Lado B do governador civil | Hospital corta horas extra | Penafiel lidera Mobilidade | Futebol não chuta a crise | Contas certas em Fafe Prémio GAZETA 2009 Nº 1246 | dezembro '10 | Ano 27 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico | Tiragem: 32.000 ex. Médico Daniel Serrão Há um processo de fim de vida , a morte não existe Reitor Carlos Sequeira União da UTAD com Politécnico é inevitável do Tâmega e Sousa ao Nordeste dezembro ’ 10 repór ter do marão

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Revista Mensal de Informação. A maior tiragem dos meios regionais ­ 32 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança.

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Oferecemos leitura

Jóias de Eugénio Campos | Lado B do governador civil | Hospital corta horas extra | Penafiel lidera Mobilidade | Futebol não chuta a crise | Contas certas em Fafe

Prémio GAZETA 2009Nº

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Médico Daniel Serrão

Há um processode fim de vida ,a morte não existe

Reitor Carlos Sequeira

União da UTAD com Politécnico

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Especialista em ética da vi da diz que morte não existeENTREVISTA | DANIEL SERRÃO – Médico guarda memórias do Natal em Vila Real e das aulas na UTAD

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos RM e Lusa

P eço-lhe que não considere que está a entrevistar alguém com caraterísticas especiais. Sou uma pessoa normal”,

começou por dizer Daniel Serrão, 82 anos, especialista em bioética, médico, professor jubilado, membro da Academia Pontifícia para a Vida, vencedor do Prémio Nacional de Saúde entre muitos outros. Na manhã fria em que o entrevistámos, recebeu-nos com um sorriso quente e despretensioso.

Ao longo de quase uma hora lembra a cidade de Vila Real que o viu nascer e de onde guarda me-mórias do Natal passado em família, da libra que a avó dava a cada um dos netos, das aulas que veio a dar mais tarde na Universidade de Trás-os-Mon-tes e Alto Douro e da bola de carne que leva sem-pre para o Porto após cada visita. Ainda assim, diz-se portuense, a cidade da vida, da adolescência que o acolheu aos 17 anos quando ingressou na Faculdade de Medicina. Foi no Porto que começou a “descobrir tudo” e por aí ficou até hoje. Pelo meio doutorou-se, foi professor extraordinário de Anatomia Patológica e teve mesmo de cumprir o serviço militar obrigató-rio, numa altura em que já tinha seis filhos.

Quando regressa, concorre a professor cate-drático e assume a direção do Serviço Académico e Hospitalar de Anatomia Patológica. Entre 1975 e dezembro de 2002 dirigiu um laboratório privado e jubilou-se em 1998. Foi então que surgiu a bioética, “a ética da vida, da intervenção dos médicos sobre as pessoas, da prestação de cuidados de saúde”.

Enquanto bioeticista, foi chamado inúmeras ve-

zes a pronunciar-se sobre questões fraturantes como o aborto e a eutanásia. Em todas elas defendeu o seu “respeito absoluto pela vida humana” porque, argu-menta Daniel Serrão, “toda a gente quer viver”. O Homem é talvez “o único ser com consciência que é mortal” mas mesmo assim vive todos os dias com a “sensação absoluta” que é imbatível. Quando o corpo se gasta, e se dá o processo de fim de vida – porque “a morte não existe” – tudo o que não é físico se man-tém. Quando chegar a esse momento, o pioneiro da bioética em Portugal quer apenas estar com a mes-ma alegria e boa disposição de hoje.

O que o levou a enveredar pela medicina?A primeira resposta é: não sei. Depois, talvez o

conhecimento de um médico a que a minha mãe me trouxe no Porto quando tinha 11 ou 12 anos. Fiquei a saber o que era um médico e talvez isso tenha fi-cado no subconsciente. Além disso, a partir do sex-to ano desenvolveu-se em mim um interesse muito grande pelas pessoas.

Deixou a saúde, dedicou-se à bioética, porquê?Eu sabia que chegando aos 70 anos tinha que

sair e decidi que não me ia reformar de viver mas de ser professor na Faculdade de Medicina. Nos úl-timos 10 anos percebi que a bioética era uma coisa que se ia desenvolver muito…

Quem introduziu a bioética como conceito e área de trabalho e estudo foi a minha atividade no Con-selho da Europa. Fui escolhido para membro do I Comité Internacional de Bioética da Unesco e tive a visão da bioética no mundo. Posteriormente fui fundador da Associação Internacional de Bioética e criei o serviço de bioética na FMUP. Posso assim rei-

vindicar o pioneirismo de trazer a palavra que não era conhecida.

E o que é a bioética?Tem muitas definições. A mais simples é que é a

ética da vida, mas não chega. Para muitos é a ética dos cuidados de saúde, ou seja, a ética da interven-ção dos médicos sobre as pessoas, e a ética do pró-prio médico. Mas quando se fala em bioética, em re-gra fala-se da ética dos prestadores de cuidados de saúde e da própria administração dos cuidados.

Fazer o bem dá-nos satisfaçãoMas se cada um de nós é um animal ético, não deve-

ríamos ser todos, de forma inata, e por princípio, espe-cialistas em ética da vida?

Sim, devíamos. Potter (especialista) questiona se a bioética é uma estratégia de sobrevivência das pessoas, ela tem de estar geneticamente condiciona-da. A ideia que ele desenvolve é que se formos éticos com os outros, ou para ser mais simples, se formos bons com os outros, isso dá-nos satisfação pessoal. O que está geneticamente fixado é um mecanismo cerebral de receber compensação afetiva positiva quando se procede bem. Porquê? Não sabemos.

É isso a consciência?Isto será a auto-consciência, ou seja, o eu conhe-

cer-me a mim próprio como um próprio. Também isso é forma de se manifestar a afetividade pelo ou-tro. A minha auto-consciência é a estrutura na qual eu me manifesto como um ser ético.

Já os indivíduos que matam têm, infelizmen-te, uma compensação afetiva positiva quando o fa-

Nome: Daniel dos Santos Pinto Serrão

Data de nascimento: 1 de Março 1928

Local de Nascimento: São Dinis, Vila Real

Habilitações literárias: Doutoramento em Anatomia Patológica, FMUP

Livro: “Os incuráveis”, Agustina Bessa-Luís

Filme: “Doutor Jivago”

Música: Beethoven

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Especialista em ética da vi da diz que morte não existeENTREVISTA | DANIEL SERRÃO – Médico guarda memórias do Natal em Vila Real e das aulas na UTAD

zem, ou seja, têm uma alteração dos seus ge-nes. Mas isso é anterior à hominização, como acontece com o animal. Tal como acontece com a leoa quando caça uma gazela, vê-se que ficou feliz. Os seres humanos ainda têm, infelizmente, alguma dessas marcas e quan-do matam comportam-se como um animal, tendo uma satisfação animal, o que não é sa-tisfação ética.

Mas a humanidade nunca chegará à sua plenitude enquanto houver a morte do ho-mem pelo homem.

E essa plenitude será um dia possível?Quero acreditar que sim, que um dia os

seres humanos vão ter respeito pela vida do outro, desde o embrião até à morte.

Foi chamado inúmeras vezes a pronunciar-se sobre temas como eutanásia e aborto. Por-que se coloca sempre do lado oposto ao da morte? Contra a eutanásia… contra o aborto…

Tenho respeito absoluto pela vida huma-na, desde o início quando se conjuga o esper-matozóide com o ovócito e se constitui um corpo novo. O genoma humano uma vez cons-tituído é uma estrutura em desenvolvimento de vida. Portanto, o embrião tem direito abso-luto à vida e ao seu desenvolvimento.

O mesmo sucede ao idoso em fase termi-nal. Estar vivo, apela a viver. Quando pede para estar morto está a dizer que não con-segue viver e então a minha obrigação é aju-dá-lo a viver, não é matá-lo. Quanto pede eu-tanásia o que está a dizer é que está numa situação tal que não consegue viver mas quer, porque toda a gente quer viver.

E quando as pessoas não querem mesmo viver?

Isso é o suicídio. É uma situação diferen-te. A eutanásia pede um homicídio.

Processo de terminação de vida

Porque é tão difícil ao ser humano lidar com a morte? Estará relacionado com a auto-consciência?

O homem talvez seja o único ser que tem consciência que é mortal. Provavelmen-te nem as plantas nem os animais têm essa consciência que produz, internamente, uma sensação de desgosto. Mas há o contrário. Todos os dias nos levantamos com a sensa-ção absoluta de que somos imbatíveis, que não vamos morrer. Este mistério de saber-mos que somos mortais e vivermos todos os dias como sendo imortais, a isto chama-se a imortalidade simbólica.

Vivemos na imortalidade e na esperança do mundo que há-de vir, como se diz no final do credo. Esse mundo não é o mundo natu-ral e não vou ressuscitar este corpo. Quando este corpo acabar porque está gasto, aquilo

que na minha vida não é produto do meu cor-po vai continuar a viver. O espírito vai conti-nuar, porque só morre aquilo que tem estru-tura no real.

É por isso que prefere chamar à morte pro-cesso de terminação de vida?

Sem dúvida. Eu falo de processo de fim de vida porque a morte não existe. Existem as pessoas que vão morrer. A morte não é uma coisa nem uma pessoa, não existe, é uma ideia abstrata e caracteriza o final do proces-so de morrer.

Muito antes do papa disse o mesmo sobre o preservativo

É membro da Academia Pontifícia para a Vida, está ligado ao Vaticano, como viu a re-cente posição de Bento XVI face à utilização de preservativos? A igreja está a mudar?

Não. Antes do papa Bento XVI eu disse a mesma coisa dezenas ou centenas de vezes quando falava do preservativo.

Em primeiro lugar, a igreja e o Papa fa-lam para os seus fiéis, para seres humanos que acreditam em Deus, que houve um ho-mem judeu que foi a expressão visível e com-preensível de Deus e por isso regulam a sua vida por essa crença. Esses seres humanos são monogâmicos e fiéis e portanto não pre-cisam de nenhum preservativo para evitar infeções.

O preservativo foi usado como anticon-cepcional e essa utilização é que é generica-mente criticada pela igreja católica, porque acha que os casais monogâmicos e fiéis de-veriam acolher os filhos. Claro que isto é um ensinamento histórico que teve muita impor-tância quando a mortalidade infantil era mui-to elevada.

Ética, ciência e religião… São as suas três áreas e simultaneamente áreas que à partida se contrariam e confrontam entre si…

Não há conflito nenhum. Os confli-tos entre a ciência e a religião são do sécu-lo XIX e resultaram por um erro cometi-do quer por uma, quer por outra. A ciência achou que podia ser religião, que tinha en-contrado uma explicação completa para o ser humano, para o mundo. A religião tam-bém, durante algum tempo achou que era uma ciência.

Qual a sua maior conquista até hoje?A minha família. Eu esperei até aos 30

anos porque acho que a família é tão impor-tante que não pode ser feita com ligeireza e misturada com outras atividades.

Tive seis filhos, tenho dez netos e este meu prolongamento é a coisa mais impor-tante.

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Tradição do solstício de inverno perpetua-seNo Planalto Mirandês

N em o calor das lareiras nem as iguarias sobre a mesa desencorajam os cerca de 200 habitantes de Bruçó [concelho de Mogadouro] de saírem à rua no dia de Natal para celebrar

a Festa dos Velhos. Esta tradição é protagonizada por dois casais sui generis que, depois da alvorada, põem a aldeia em verdadeiro rebuliço: à Velha e ao Velho junta-se a parelha formada pelo Soldado e pela Sécia.

Por detrás das máscaras e dos trajes a preceito, esconde-se um quarteto de jovens rapazes, secretamente escolhido, que vai de casa em casa a pedir esmo-la para o Menino Jesus. Ao longo do percurso, sucedem-se as interações entre os personagens e o público que lhes segue no encalço. “É a nossa festa de Natal, um ritual em que toda a comunidade participa, desde os mais novos aos mais velhos”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia de Bruçó, Miguel Rito.

Na tentativa de zelar pelo respeito e assegurar a ordem pública durante o cor-tejo, o par de velhos, empunhando grandes cajados (também designados por “ca-jatas”), corre atrás dos provocadores e limpa a rua das bexigas de porco cheias de ar que os rapazes lhes atiram. “A função do Velho e da Velha é apanhar todas as bexigas”, esclarece.

No decorrer da Festa, a Sécia, tida como mulher leviana, vistosa e de vida fácil, carrega no colo uma boneca a fingir de bebé e torna-se o alvo predileto da rapazia-da, que pretende roubá-la do Soldado. “A Sécia é uma rapariga muito dada que se mete com todos os rapazes e os rapazes se metem com ela”, salienta Miguel Rito.

Vestido de Guarda-fiscal, o Soldado tem como missão pro-tegê-la dos piropos e das cobi-ças alheias. Por isso, não é de estranhar as “cinturadas” que distribui com um cinto de ca-bedal grosso para afastar os pretendentes e defender a sua honra.

As ruas da aldeia, transfor-madas em palco à escala real, assistem ao corrupio dos qua-tro personagens que se esten-de por toda a manhã. “Só aca-

ba quando todas as bexigas são apanhadas, o que normalmente acontece até à hora de almoço, mas já houve anos que terminaram mais tarde”, refere o presi-dente da Junta.

No final do peditório, segue-se o leilão dos bens recolhidos, que podem ir des-de enchidos aos produtos da terra (batatas, maçãs, peras, nozes, etc.). Para este ano, está reservada a inclusão de um quinto elemento no figurino da Festa: o cho-calheiro, “personagem que só os mais velhos se lembram”.

Costume imemorial Precisar os primórdios desta tradição escapa até à memória dos mais idosos, que “se lembram dela desde pequenos”. “Pelo que se fala, esta festa terá origem pagã e terá sido englobada pela Igreja desde há muitos anos a esta parte”, revela Miguel Rito.

Integrada nas celebrações pagãs do Solstício de inverno (também designadas de “Festas dos Rapazes”), a Festa dos Velhos é organizada por um rapaz e uma rapariga, ambos solteiros e pertencentes à mordomia de Nossa Senhora do Rosá-rio. “Desde que começa a festa, o povo percorre as ruas atrás dos mascarados. Ri-mo-nos e divertimo-nos, mesmo apanhando cinturadas valentes. Entra-se na casa das pessoas, deseja-se um Bom Natal, come-se uma rabanada. É um verdadeiro convívio em que o espírito natalício está presente”, relata o autarca.

Embora arreigada no seio da população local, a Festa dos Velhos atrai já alguns turistas, movidos pela curiosidade deste património etnográfico. Além do contacto com estes ritos pagãos, simultaneamente associados ao nascimento de Cristo, o visi-tante poderá apreciar as paisagens deste povoado do Parque Natural do Douro In-

ternacional, situada a 24 quiló-metros de Mogadouro.

Além de comemorado noutras zonas do concelho (como por exemplo: o Faran-dulo ou Festa do Menino em Tó, o Chocalheiro em Bem-posta ou o Caramono em Vale de Porco), o mesmo tipo de rituais é vivido também do outro lado da fronteira, nas províncias de Salamanca e Zamora. Patrícia Posse

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“As jóias não se devem sentir, mas fazer parte do corpo de forma inata”

Entrevista | Eugénio Campos

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos D.R.

Nome: Eugénio CamposData de Nascimento: 15 de Julho | 1965Habilitações Literárias: 12.º ano e Curso Industrial de GestãoLivro: “A Marca” de Wally OlinsFilme: Oficial e Cavalheiro “porque com a idade que nessa altura tinha também me fez acreditar que com força de vontade e muito esforço é possível…”Música : “Empenhei o meu anel de Rubi” - Rui VelosoFrase: “Sou uma pessoa com rigor e exigência elevada, que se empenha muito em tudo aquilo que faz e faço tudo com uma paixão muito grande… pai , marido… é assim que sou e é isto que me alimenta..”

O uro. Prata. Pedras preciosas. Desde tempos imemoriais que os chamados materiais nobres são trabalhados e

usados como forma de adorno, de mostrar poder, permitindo mesmo trocas comerciais. Deles se fez moeda, estátuas, pulseiras e colares, coroas e diademas, até facas e agulhas, espadas e machados. Hoje, jóias são arte, são emoções que se transmitem pelos materiais usados, pelos brilhos e contornos, pela exclusividade do gosto, pela sensualidade e glamour. Eugénio Campos diz-se um visionário, um joalheiro com “uma paixão muito grande em tudo o que faz”. Em entrevista ao Repórter do Marão contou como surgiu a paixão pela joalharia e como criou a marca que se destaca não só a nível nacional mas também internacional.

“A paixão pela joalharia começou ainda era eu mui-to jovem, e quando enveredei pela joalharia aperce-bi-me que a ourivesaria também era uma arte, um prazer, um gosto que me transmitia uma satisfação muito grande e isso ao longo dos anos tornou-se cla-ramente numa paixão, foi o caminho que tracei e que escolhi e isso facilita-me muito porque faço aquilo que gosto”, começou por dizer Eugénio Campos.

A história Quando começou, há mais de 20 anos, (tinha “apenas 21, 22 anos”), limitava-se a comercializar o que “todos os outros comercializavam”, dedicando-se a peças de prata. O mercado então, lembra, “era muito tradicional” e “não havia necessidade de se criar” até porque “a moda em Portugal não tinha a dinâmica ou a exigência que tem hoje”.

Com o passar dos anos, o mercado foi evoluindo e Eugénio Campos também. A sua empresa cresceu e

passou a “haver mais profissionalismo e exigência”. Foi em 2002 que diz ter sentido a “necessidade de al-terar de uma forma muito significativa” aquilo que a empresa era no mercado. “Percebi que se continuás-semos a ser mais uma empresa, com as dificuldades que na altura existiam e que se adivinhavam, dificil-mente conseguiria manter a quota de mercado que tinha”, recorda. Criou então a marca ‘Eugénio Cam-pos’ e a empresa transformou-se. Acima de tudo, conta, a mudança começou na sua própria aprendi-zagem de “conceitos de marketing”, gestão, comuni-cação e até mesmo criação. Foi também” necessário um “investimento muito forte” em termos de “comu-nicação da própria marca”.

A partir de 2005/2006 o joalheiro percebeu que “não só a marca Eugénio Campos tinha toda a razão para existir no mercado, como também fazia sentido não ter uma só marca tão abrangente e tão disper-sa, mas sim várias marcas, sempre com a logo-mar-ca da EC”.

A coleção de jóias que leva o nome da apresenta-dora Sónia Araújo é disso exemplo, tendo esse pro-jeto nascido da “paixão da apresentadora pelas cole-ções de prata” que Eugénio Campos criava e pelas que o joalheiro desenvolvia a pedido daquela “para ocasiões especiais”. Foi dessa “parceria” que nasceu a coleção associada à apresentadora “que se distin-gue pela sua elegância, sensualidade, bom gosto e de-sign exclusivo”.

As jóias Eugénio Campos diz-se mais que um joalheiro, mas “um jardineiro” que faz com que as suas jóias “surjam dos materiais da natureza”. Trabalha com materiais nobres como o ouro, prata, diamantes, pedras preciosas, semipreciosas e zircónias. Quando cria jóias, explica, “são sonhos e objetivos para muitas pessoas” e é “uma satisfação muito grande ver que alguns desses sonhos se

realizam”.No momento de criar, a inspiração “surge de uma

maneira natural”. As jóias nascem pois de “um es-tado de espírito” e “da necessidade” do próprio Eu-génio Campos em “criar conceitos alternativos”. Diz ter o “cuidado de criar peças que abranjam o maior nicho possível de mercado e para várias ocasiões” desde os momentos especiais até ao dia-a-dia.

O principal é mesmo “comunicar sentimentos” e que as pessoas “se identifiquem” com as suas jóias e marcas, sendo importante que a peça em causa se “adapte à personalidade de quem a usa” e não o con-trário.

O mercado atual “O mercado da joalharia está muito seletivo e continua a ressentir-se muito da recessão económica portuguesa e da conjuntura internacional”, diz Eugénio Campos. Para o joalheiro sediado em Gaia, o mercado das jóias exige uma adaptação às dificuldades do setor.

As oportunidades, garante, “existem na mesma” mas é necessário “mudar a abordagem e criar novos conceitos”. Assegura mesmo que o público “é o mes-mo dos anos anteriores” pelo que o mercado deve ir ao seu encontro, nomeadamente trabalhando ma-teriais nobres “de forma mais económica”, levando mais alternativas aos clientes.

Quem compra as peças de Eugénio Campos são os “clientes mais refinados, elegantes, sensuais e que gostam de se distinguir pelo bom gosto”. A notorie-dade da marca e a quota de mercado conseguida são aquela que considera a maior conquista de todo o seu percurso, faltando-lhe “mais mercados estrangeiros, mais prestígio e ainda mais notoriedade”.

As jóias, diz, “não se devem sentir” mas “fa-zer parte do corpo de forma inata”. Têm um gla-mour especial que a vulgar bijuteria não tem e nun-ca irá ter.

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Foi das mãos do presidente da As-sociação Portuguesa de Planeadores do Território (APPLA), que Penafiel recebeu a primeira distinção pelas boas práticas implementadas ao ní-vel da mobilidade. O município ade-riu à Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos em janei-ro de 2004 e acabaria por conquistar a bandeira de prata, dois anos depois – na imagem, a vereadora do pelou-ro da Mobilidade, Paula Teles, osten-ta o galardão.

“Quando lançámos o desafio aos municípios para integrarem esta rede, nós próprios tínhamos muitas dúvi-das. O programa era complexo e mui-to ambicioso para quem participasse, na exata medida em que tinha que ir fazendo, ao longo do tempo determi-nado, correções do espaço público que retirassem as barreiras arquitetónicas e, portanto, tornassem acessíveis as ci-dades, nomeadamente os seus centros e a ligação entre os espaços públicos”, afirma Pedro Silva, presidente da AP-PLA nessa altura.

Apesar de “comportar algum ris-co”, o técnico elogia o exemplo dado por Penafiel aos outros municípios, por ter sido pioneiro na adesão ao

projeto. “Foi muito importante para nós, porque foi aqui, em Penafiel, que pudemos perceber que esta intenção de tornar nacional uma rede de muni-cípios para trabalhar a acessibilidade se poderia vir a concretizar”, lembra.

A cidade penafidelense foi sen-do alvo de intervenções que tinham como objetivo transversal a erradica-ção das barreiras arquitetónicas. Esse trabalho acabou por justificar a en-trega do mais alto galardão no âmbi-to da mobilidade, a bandeira de ouro, em maio de 2009.

Atualmente, o projeto da Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mo-bilidade para Todos está já na sua fase final, tendo congregado 80 mu-nicípios.

“Há quase 1/3 dos municípios por-tugueses que aderiram a esta ideia e nós temos presente que se aderiram foi pelo facto de alguns municípios te-rem dado o pontapé de saída e terem manifestado a capacidade e a vontade ambiciosa de tornar a cidade acessível e democrática para todos. Penafiel foi o primeiro município a fazê-lo e o pri-meiro sinal que tivemos de que a rede poderia vir a ser um sucesso”, corrobo-ra o ex-presidente da APPLA.

Primeiro Município com bandeira da Mobilidade

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P E N A F I E LMUNICÍPIO COM MOBILIDADE

➥ 2 Planos

➥ 38 Freguesias

➥ 31,6Km de percursos analisados no Plano Local

➥ 90Km de percursos analisados no Plano Municipal

➥ 22 Edifícios públicos analisados no Plano Local

➥ 38 Edifícios públicos analisados no Plano Municipal

➥ Público-alvo de 72.000 habitantes

➥ 44 Políticos Locais envolvidos:

• 1 Presidente de Câmara • 5 Vereadores • 38 Presidentes de Junta

➥ 13 Técnicos autárquicos envolvidos

➥ 113 pessoas em ações de formação:• 38 Presidentes Junta de Freguesia• 44 Técnicos da Autarquia• 16 Técnicos de gabinetes de projeto locais• 15 Técnicos de transportes, comércio e turismo

➥ 13.000 alunos envolvidos em campanhas de sensibilização

Plano de Acessibilidade em númerosDurante a execução dos Planos de Promoção de Acessibilidade, a Câmara Municipal de Penafiel efetuou o diagnóstico das condições de acessibilidade

do seu território. Ao longo desses 2 anos, a autarquia identificou os problemas no centro da cidade e nos núcleos urbanos das 38 freguesias do concelho, dispondo agora de um conjunto de medidas capazes de solucionar esses mesmos problemas. Paralelamente a este trabalho, foram desenvolvidas inúmeras iniciativas de formação e sensibilização para as questões relacionadas com a Acessibilidade e Mobilidade para Todos.

Penafiel continua na vanguardanacional das políticas de mobilidadeSecretária de Estado Idália Moniz preside, pela primeira vez em Portugal, à assinatura de acordos de compromisso que vão permitir o futuro mais inclusivo neste Município.

Na cerimónia ocorrida nos Pa-ços do Concelho, o presidente da Câmara Municipal, Alberto Santos, assinalou que este ato representa uma síntese dos trabalhos realiza-dos pelo Município de Penafiel no âmbito da Mobilidade e Acessibili-dade para Todos.

“Ao longo de dois anos, o Municí-pio de Penafiel tem vindo a reforçar a sua política de promoção da Aces-sibilidade e Mobilidade para Todos alterando mentalidades, sensibili-zando os cidadãos, e, consequente-mente, abrindo caminho a uma nova perspetiva do espaço urbano públi-co e privado enquanto espaços inte-gradores”, sustentou o autarca.

Alberto Santos afirmou que “o Município de Penafiel reconhece a necessidade de preparar no presen-te, a construção de um território in-clusivo e mais democrático para as futuras gerações”.

Idália Moniz, secretária de Esta-

do da Reabilitação, que presidiu à sessão, admitiu que “a acessibilida-de universal é uma utopia. É impos-sível tornar todos os espaços com-pletamente acessíveis.”

“É de facto muito interessante poder observar toda esta envolvên-cia por parte das freguesias do Con-celho assim como toda a comunida-de escolar de Penafiel. Através deste compromisso com as juntas de fre-guesia e agrupamentos escolares, a promoção, da Acessibilidade e Mo-bilidade para Todos nos seus terri-tórios terá um impacto marcante na comunidade de Penafiel”, salientou a secretária de Estado.

Idália Moniz concluiu que “Pe-nafiel é neste momento um bom exemplo a nível nacional.”

Foram assinados 45 acordos de compromisso, 38 com todas as jun-tas de freguesia e 7 com as escolas secundárias e agrupamentos esco-lares.

P enafiel, mais uma vez, inova e incentiva, em época de poucos recursos financeiros, e mostra que é possível, através do planeamento, evitar custos à "posteriori". Estes acordos responsabilizam a sociedade civil e apostam

claramente no conhecimento de uma nova geração de cidadãos, que serão os responsáveis pelo desenvolvimento dos territórios futuros.

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O Município de Penafiel integra a primeira ge-ração de planos de promoção de acessibili-dade. Estes planos pretendem planear todas

as ações de mobilidade e acessibilidade para “conse-guir criar prioridades estratégicas e, no limite, renta-bilizar o seu próprio orçamento, pensando de forma integrada a matéria da acessibilidade”. “Estamos a falar da acessibilidade que tem a ver com a eliminação das barreiras urbanísticas e arquitetóni-cas e não com as grandes infraestruturas, variantes ou TGV’s”, esclarece a vereadora do pelouro da mobi-lidade, Paula Teles. Esta acessibilidade trata da escala do peão na realização das suas deslocações.

A aposta do Município de Penafiel é mostrar “de forma viva e determinada” as estratégias de planeamento da mo-bilidade e as políticas urbanas que hoje são distinguidas “ao mais alto nível da Europa”. Recentemente, foi promovida em Penafiel uma Conferência Internacional em que esti-veram em evidência as boas práticas desenvolvidas nas ci-dades espanholas de Pontevedra e Salamanca. 

“São dois territórios próximos de nós, com uma arquite-tura semelhante. O uso, por exemplo, do granito, dota-as de uma paisagem urbana  idêntica à nossa e de alguns proble-mas comuns”, refere Paula Teles.

Barreiras à mobilidadeEm Penafiel, as barreiras urbanísticas são comuns à ge-

neralidade dos municípios portugueses e estão relacio-nadas com os complexos declives, ruas estreitas e pas-seios apertados, “que não cumprem as novas exigências mínimas da legislação em vigor, que, por exemplo, prevê que uma pessoa com guarda-chuva possa passar por outra igualmente com guarda-chuva, sem que a segunda tenha que ir para a faixa de rodagem”. 

Paula Teles reconhece que, sobretudo pelo relevo da cida-de, Penafiel nunca poderia ter “uma acessibilidade perfeita”. 

“No entanto, há pequenos detalhes no dia a dia que po-dem ser melhorados, como pôr um corrimão. Se a inclinação é tão acentuada que não conseguimos eliminá-la, podemos pôr um pavimento menos escorregadio”, acrescenta.

Rua partilhada, centro comolugar de encontroEmbora haja barreiras que vão continuar a subsistir, im-

porta encontrar soluções adequadas às dinâmicas popu-lacionais e às exigências sociais. Por exemplo, quando o espaço da rua é exíguo, dever-se-á optar pelas ruas par-tilhadas que promovem o convívio entre o carro e o peão. 

“Penafiel ainda não tem evoluído muito nessa matéria. Provavelmente, não temos tido a coragem suficiente para tornar algumas ruas mais pedonais”, admite a represen-tante da autarquia penafidelense.

Caberá ao tempo demonstrar que as ruas que conver-gem para o Largo da Ajuda devem restringir a circulação rodoviária e já há indícios nesse sentido. 

“Não conheço nenhuma cidade em Portugal que tenha um projeto de esplanadas como em Penafiel. Hoje veem-se esplanadas até ao limite do verão e começam o mais cedo possível. Ora, o aumento do espaço da esplanada impede a circulação do automóvel. Portanto, penso que, no futuro, esta zona do centro pode ser mais para o pedonal”.

Qualidade no desenho urbano, como garantia da qualidade de vida

Paula Teles defende o conceito de rua partilhada, uma vez que “se muitas ruas ficarem sem trânsito, tendencial-mente ficam despovoadas e inseguras”.

“A sociedade civil e a própria rua têm de encontrar o seu próprio caminho. Tecnicamente, pode-se ajudar com o dese-nho de chão, politicamente, com o reforço da decisão, mas a cidade vai ser o que os penafidelenses sonharem”, ressalva.

O planeamento urbanístico das cidades deve atender ao axioma de desenhar o melhor possível para um maior número de pessoas. “Hoje, percebemos que se desenha-mos para todos, desenhamos para pessoas com deficiência e para quem não a tem. Esta nova filosofia tem a ver com a introdução do design inclusivo e será o garante das gera-ções futuras mais sustentáveis”, refere a vereadora.  

Esta matriz implica também um desafio técnico, porque “os técnicos têm que saber desenhar os materiais, o mobiliá-rio, os passeios, a caixa multibanco, para que sejam tenden-cialmente usufruídos pelo máximo número de pessoas”. 

A par do “evidente salto qualitativo” nos centros urba-nos, o respeito pelos preceitos da mobilidade pressupõe o cumprimento dos direitos humanos, consagrados univer-salmente. “Hoje, qualquer cidadão tem o direito à plena li-berdade de utilização da sua cidade, dos seus espaços públi-cos, do seu território”, lembra Paula Teles.

Cultura de mobilidade“Penafiel por tanto insistir na mobilidade, por ter criado

um gabinete e um pelouro da mobilidade contribuiu para que hoje, os munícipes estejam muito mais esclarecidos nes-ta matéria. Os Penafidelenses já aprenderam muitas regras e colaboram permanentemente em todas as acções que de-

Mobilidade em P enafielem nome de um t erritório inclusivo

Vereadora Paula Teles: "A cidade vai ser o que ospenafidelenses desejarem”

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senvolvemos”, defende.Se, por um lado, os planos estratégicos de mobilida-

de incidem sobre as intervenções no território, por outro, têm que “trabalhar muito na mudança de consciências e de mentalidades”. “Provavelmente, a maior barreira que te-mos na sociedade não é a arquitetónica nem a urbanística, mas a barreira psicológica”, sublinha Paula Teles.

Explicar que o sinal de trânsito não deve estar no meio do passeio, mas colocado num canto para permitir a pas-sagem de uma pessoa com dificuldades, ou evitar a colo-cação de pilaretes são algumas das recomendações pri-márias. “Na avenida principal da cidade, raramente se vê um carro estacionado em cima do passeio, o que revela já uma atitude cívica de uma população que pretende partici-par nesta mudança cultural”, exemplifica a vereadora.

No âmbito do Plano Estratégico de Mobilidade, foram levadas a cabo acções de formação dirigidas a presidentes de Junta de Freguesia, comerciantes, construtores e técni-cos que projetam para o município com o objetivo de, em obras futuras, assegurar as questões da mobilidade. Pe-nafiel deu ainda a conhecer ao País um projeto inovador. “Conseguimos reunir 13 mil crianças e adolescentes do nos-so parque escolar a aprender durante um ano letivo sobre a acessibilidade, sensibilizando as gerações futuras”, acres-centa. 

A execução do Plano ficou concluída em novembro, com o lançamento de um livro com normas e orientações para que os técnicos que projetam “jamais possam esque-cer ou ignorar regras simples, mas importantíssimas para o

desenho das cidades. A autarquia está a dar todas as condi-ções para que todos, sem exceção, contribuam para a cons-trução de Penafiel para todos.”

Obras sem grandes custosEm tempo de restrições orçamentais, há muito traba-

lho, ao nível da mobilidade, que pode ser feito e não impli-ca custos, como por exemplo, sinais fora do sítio, caldeiras de árvores com buracos, papeleiras e postos de ilumina-ção no meio do passeio. “Todos os problemas do espa-ço público estão geo-referenciados e ao município compe-te gerir melhor esta informação recolhida, para começar a criar prioridades de intervenção”.

Paula Teles sustenta ainda que os projetistas da autar-quia e de gabinetes externos “não podem ignorar mais esta matéria e que têm que projetar para todos desde iní-cio” para evitar custos à posteriori. “Todas as obras pro-jetadas têm que ser passadas pela peneira em matéria de acessibilidade. Assim, não se gastará mais dinheiro e o ter-ritório será inclusivo”. 

Já no próximo ano, vão arrancar as obras de regenera-ção urbana que vão permitir que uma pessoa com defici-ência ou uma mãe com um carrinho de bebé possam cir-cular desde o parque da feira até à zona do Sameiro sem encontrar algum obstáculo. 

“O próprio edifício da Câmara não tem acessibilidade, por isso vamos incluir rampas de acesso ao edifício e uma plataforma elevatória”, anuncia a vereadora.

Mobilidade em P enafielem nome de um t erritório inclusivo

P E N A F I E LMUNICÍPIO COM MOBILIDADE

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Patrícia Posse | Jorge Sousa | [email protected] | Fotos RM

S em negligenciar os cuidados a prestar ao utente, torna-se cada vez mais imperativa a contenção de gastos na gestão do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS). “O objetivo número um é tratar

bem o doente e fazer tudo o que for possível para diminuir o custo do seu tratamento”, salienta o presidente do Conselho de Administração, José Luís Catarino.A concentração de serviços, a prescrição eletrónica dos medicamentos e exames complementares de diagnóstico, as horas extraordinárias encaradas como exceção, a interligação entre a rede de cuidados primários e a rede hospitalar são as medidas que mais contribuirão para a diminuição dos custos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) na opinião deste gestor hospitalar, que lidera o CHTS há cerca de oito meses.“É fundamental que as pessoas não dupliquem os exames que fazem e que o setor público de saúde esgote a capacidade instalada”, enfatizou.José Luís Catarino considera ainda que é imprescindível consciencializar quem beneficia do Serviço Nacional de Saúde dos gastos inerentes à prestação dos cuidados. “Devia ser apresentada uma espécie de fatura [uma prática utilizada por alguns serviços públicos europeus de saúde] para que cada doente ficasse a perceber que aquilo que veio fazer ao hospital custa muito mais do que imagina.”

A formação em clínica geral aliada à experiência acumulada com o anterior car-go de presidente do conselho de administração do Hospital de Valongo são trunfos que José Luís Catarino usa para reduzir a despesa do CHTS. O “maior corte de to-dos” foi nas horas extraordinárias dos médicos e dos assistentes operacionais: só em agosto deste ano a quebra foi de 20%, comparativamente com o período homó-logo em 2009, ou seja, houve uma redução de 60 mil euros. “Acabámos por contratar mais assistentes operacionais, porque a hora extraordinária é paga a um valor mui-

to superior. Assim, possibilitamos a mais pessoas ter emprego e poupámos bastan-te dinheiro. Na área da enfermagem, tivemos uma diminuição de 5.74% em agosto de um ano para o outro”, revela.

Desde que assumiu a presidência, em abril último, José Luís Catarino tem como prioridade a reorganização, já que “não é necessário duplicar serviços em hospitais próximos”. “Não se justifica ter serviços dispersos, porque dada a peque-na dimensão acabam por não ter casuística para dar qualidade.”

Essencial também é o envolvimento dos profissionais “nestas mudanças para que nos ajudem a criar mecanismos de redução de custos”. “É preciso que eles pró-prios percebam que se não diminuirmos custos, coloca-se em risco o bem mais pre-cioso: o tratamento de toda a gente de forma praticamente gratuita”, frisa.

Diagnóstico conhecido Se por um lado, a marcação das consultas já é feita eletronicamente, por outro, quando um utente chega ao hospital, o médico que o assiste ainda não tem acesso ao processo clínico. “Já há ligação de alguns serviços em que o médico de família tem acesso ao processo no hospital”, ressalva o presidente. O cruzamento de informações permitiria obter “grandes ganhos”, nomeadamente por se evitar a repetição de exames. “O doente vai ao Centro de Saúde e faz análises. Vem a uma consulta do hospital e vai fazer novas análises. Ora, se as fez há um mês, estamos a desperdiçar recursos.”

O dirigente hospitalar acredita que “dentro de pouco tempo” será possível “uma ligação muito mais efetiva” que evitará a duplicação de exames e permitirá que o médico que observa o doente se inteire “de tudo aquilo que lhe aconteceu”.

A dívida no Serviço Nacional de Saúde é agravada principalmente pelo custo com os medicamentos. “O novo mercado é muito caro, sobretudo em áreas como a oncologia e a infeciologia”, afirma José Luís Catarino. Depois coloca-se ainda o fac-to de alguns medicamentos que “eram dados de forma gratuita” possibilitarem, muitas vezes, a aquisição por terceiros. “Tem que haver um comportamento sé-rio de quem prescreve e do próprio doente. Se o medicamento não for para ele, não

CHTS aposta na red ução das horas extra

“ Acabámos por contratar mais assistentes operacionais,

porque a hora extraordinária é paga a um valor muito superior. Assim, possibilitamos a mais pessoas ter emprego e poupámos bastante dinheiro"

“ É preciso que [os profissionais] percebam que se não diminuirmos custos, coloca-se em risco o

bem mais precioso: o tratamento de toda a gente de forma praticamente gratuita”

“ O doente vai ao Centro de Saúde e faz análises.

Vem a uma consulta do hospital e vai fazer novas análises. Ora, se as fez há um mês, estamos a desperdiçar recursos”

“ A dívida no Serviço Nacional de Saúde é

agravada principalmente pelo custo com os medicamentos. O novo mercado é muito caro, sobretudo em áreas como a oncologia e a infeciologia”

“ Queremos ir diferenciando os serviços e ter a capacidade de formar internos. Já os temos

em especialidades como a cirurgia, a ortopedia, a cardiologia, a urologia, a ginecologia e obstetrícia”

CENTRO HOSPITALAR DO TÂMEGA E SOUSA | UNIDADE DE PENAFIEL

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Patrícia Posse | Jorge Sousa | [email protected] | Fotos RM

CHTS aposta na red ução das horas extrapode estar a pedi-lo para outros.” No CHTS, esta situação já está a ser devidamen-te acautelada através da prescrição eletrónica, uma vez que o controlo é imediato. “Se houver o disparo de determinado fármaco, é muito mais fácil de detetar. Isso também ajudará a criar bastante poupança”, insiste o presidente.

Menor afluência à Urgência Em paralelo com as melhorias nos tempos de espera e a diminuição do número de utentes a recorrer aos Serviços de Urgência, registam-se ainda muitos casos que não são verdadeiras urgências, nomeadamente “nos azuis e nos verdes” [terminologia na triagem de Manchester para os casos de menor gravidade].

“As pessoas ainda não perceberam que o primeiro médico que deve ver o doen-te é o médico de família. Por conhecê-lo, é muito mais fácil fazer o diagnóstico e re-solver-lhe o problema com mais facilidade e eficiência”, justifica José Luís Catari-no, avançando que o número de não urgências ronda os 70%.

Para contornar esta situação deverá sensibilizar-se a população, no sentido desta perceber a importância de recorrer à rede de cuidados primários. Contudo, José Luís Catarino destaca desde já um sinal positivo: a diminuição, em média, de 5% ao ano na afluência ao Serviço de Urgência. “Isso reflete que os cuidados pri-mários estão a responder melhor, mas é preciso explicar a vantagem de recorrer ao médico de família.”

Aposta no ambulatório O CHTS serve uma população que ronda o meio milhão de habitantes, compreendendo as unidades de Penafiel e Amarante.

José Luís Catarino quer investir na cirurgia de ambulatório no novo hospital de Amarante [com abertura prevista até meados de 2012], proporcionando maior qua-lidade assistencial e menor despesa. “É evidente que, tendo o apoio de um hospital que tem cuidados intensivos [na unidade de Penafiel], as pessoas estarão mais se-guras. Além disso, o doente está menos tempo no hospital e as hipóteses de contra-ír alguma infeção são menores.”

O ambulatório já representa cerca de 57% da atividade cirúrgica, mas prevê-se que a percentagem possa subir em 2012, quando a nova unidade estiver a funcionar.

Área da Urgência duplicada Em paralelo, o responsável quer apostar no hospital de dia e na acessibilidade à consulta externa diversificada. “Queremos ir diferenciando os serviços e ter a capacidade de formar internos. Já os temos em especialidades como a cirurgia, a ortopedia, a cardiologia, a urologia, a ginecologia e obstetrícia”, acrescenta.

O presidente do CHTS reconhece ainda a necessidade de tornar o serviço de urgência “mais operacional”. “No primeiro trimestre do próximo ano, arrancamos com as obras, que demorarão 6 a 7 meses [os serviços serão instalados numa bateria de contentores, a exemplo do que se verificou recentemente no hospital de S. João, no Porto] e que vão quase duplicar a área da urgência.”

O projeto da ampliação da psiquiatria – o aumento de 22 camas (a juntar às 28 existentes) vai permitir a concentração em Penafiel de todo o internamento des-ta valência na área do CHTS – avançará também em 2011 e prevê a construção de mais um piso no atual edifício do serviço. José Luís Catarino prevê que esta obra possa estar em curso ainda no primeiro semestre de 2011.

HOSPITAL DE PROXIMIDADE DE AMARANTE (Abertura prevista: 1º semestre de 2012)

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A Câmara de Fafe amortizou a sua dívida em 2,2 milhões de euros, o que permite ao município assumir

uma maior capacidade de investimento nos próximos anos, anunciou o presidente da autarquia.“Estamos preparados para aceder ao QREN sem qualquer constrangimento, porque temos uma situação financeira equilibrada e sem qualquer dificuldade”, considera José Ribeiro.

O edil da cidade minhota congratula-se com o facto da amortização ter acontecido em contraciclo com o que se passa na maioria dos municípios por-tugueses, que enfrentam grandes dificuldades fi-nanceiras.

Só no ano de 2010, apesar da quebra das trans-ferências do Orçamento de Estado, extensiva à ge-neralidade dos municípios portugueses, foi possível à edilidade reduzir em cerca de 30 por cento o seu en-dividamento global.

Segundo o autarca do PS, a Câmara de Fafe dis-põe hoje de uma capacidade de endividamento de 65 por cento, capaz de suportar nos próximos anos com-participações do município essenciais para garantir os fundos da União Europeia.

“Tudo isto tem sido possível graças a uma gestão equilibrada e responsável”, defende o autarca.

“Fizemos um exercício da redução da despe-sa corrente, que é uma tendência dos últimos anos. Vamos ensaiar para 2011 uma espécie de orçamento zero para tentar ir à despesa corrente e tentar com-primi-la ainda mais”, anunciou.

Não obstante, José Ribeiro promete que no pró-ximo ano será possível amortizar mais quatro em-préstimos de médio e longo prazo.

Boa saúde financeira Procurando reforçar a ideia de que Fafe goza de boa saúde financeira, José Ribeiro anuncia que desde este mês a câmara já está a pagar a 30 dias aos seus fornecedores ou em casos excecionais até 60 dias.

“A Câmara de Fafe tem a tradição de cumprir os seus compromissos atempadamente e agora mais do que nunca está numa situação favorável em relação aos fornecedores, o que representa também um ga-nho”, observou o edil.

Por isso, enfatizou, “o município está em melho-res condições de negociar, porque os fornecedores sa-bem que recebem a tempo e horas”.

De olhos postos na parceria com privados A título de exemplo, garantiu que nos últimos três concursos foi possível reduzir cerca de 30 por cento, o que se traduziu numa poupança de um milhão de euros.

“Os fornecedores confiam na nossa gestão e a vantagem está nos preços”, anotou José Ribeiro.

Segundo frisou, todo o trabalho de consolida-ção e recuperação da situação financeira da câmara foi também no sentido de criar condições para avan-çar para uma parceria publico-privada, cuja primei-ra obra será a requalificação da feira e do mercado municipais.

Outras realizações, acrescentou José Ribeiro, es-tão previstas no âmbito desta parceria, como a cons-trução da nova piscina e zona de lagos no parque da cidade e um parque de estacionamento subterrâneo na Feira Velha.

Freguesias sem cortes A requalifica-ção do jardim em frente ao tribunal e igreja nova com a construção de mais um parque de estacionamento e o novo Parque Municipal de Desportos são outras re-alizações acauteladas na parceria.

Também para o próximo ano, a autarquia fafen-se prevê o maior investimento de sempre nos apoios sociais, nomeadamente na colaboração com as cole-tividades.

Ao mesmo tempo, vai ser possível manter as transferências para as freguesias, não sendo neces-sários quaisquer cortes a esse nível.

Tudo isto, vincou o autarca, sem ser necessá-rio à câmara assumir no próximo ano qualquer em-préstimo.

Armindo Mendes

Reforçada a capacidade de endividamento a pensar em investimentos futuros

Câmara de Fafe amortizou 30 por cento da dívida

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Do produtor para o consumidor. Dire-tamente, sem intermediários. É este o con-ceito do PROVE - Promover e Vender, uma iniciativa comunitária “que visa a promoção de novas formas de comercialização, no-meadamente de produtos agrícolas, entre pequenos produtores e consumidores, de modo a dar um contributo importante para o escoamento dos produtos locais e a me-lhorar as relações de proximidade entre quem produz e quem consome”.

“Fazer parte do PROVE significa ter um elevado sentido de cidadania ao serviço da economia local”, sustenta o programa que a Dolmen está a lançar neste final de 2010 e que vai abranger, numa primeira fase, produtores do concelho de Baião.

Segundo o técnico do projeto, Celso Monteiro, o programa estender-se-á em breve a Amarante e Marco de Canaveses, desde que surjam produtores interessados em aderir ao PROVE.

Primeiro grupo de cinco produtores

Os primeiros contactos foram estabe-lecidos em novembro e foi constituído um grupo de cinco produtores agrícolas: um de Paredes de Viadores (Marco de Canaveses) e quatro do concelho de Baião – dois de Santa Cruz do Douro, um de Mesquinhata e um de Ancede.

Por iniciativa da Dolmen, estes cinco produtores agrícolas vão juntar-se e pro-mover a venda de cabazes ainda este ano, associando esta iniciativa à época natalícia que se avizinha, adiantou o técnico da Dol-men.

A entrega será nesta fase feita através da loja de produtos locais que a Dolmen tem instalada na vila de Baião, mas outros locais de venda poderão ser estabelecidos futura-mente.

Por outro lado – e o programa pro-move esse intercâmbio – ao fim de algum tempo estabelece-se uma relação entre produtores e consumidores com o intuito de a transação se fazer diretamente entre as partes.

Os primeiros cabazes, criados semanal-mente, serão constituídos basicamente por produtos hortícolas e frutas da época.

Pequenos agricultores incentivados a venderas suas produções diretamente ao consumidor

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Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Consumidores devem contactar a DolmenSegundo Celso Monteiro, os cabazes do PROVE em Baião deverão ter um

preço entre 7 e 10 euros, sendo o preço médio de um euro por quilo.Hortaliças, batata, cebola e frutas da época – citrinos, kiwi, diospiro – serão

a base dos cabazes em dezembro.Ervas aromáticas costumam também integrar o cabaz.Os consumidores interessados em adquirir os cabazes do PROVE – garanti-

damente constituídos por produtos oriundos da agricultura tradicional – devem contactar os serviços da Dolmen, em Baião ou no Marco de Canaveses, tendo como alternativa o e-mail [email protected] ou a página oficial do PROVE em www.prove.com.pt.

A crer nas produções disponibilizadas nesta fase, deverão ser colocados à venda 10 cabazes por semana, mas o número tenderá a aumentar com a ade-são de novos consumidores.

PROVE apoia economia localOs responsáveis da Dolmen salientam que o lançamento do PROVE no

território Douro Verde (área de influência da Dolmen) – um núcleo do pro-grama já existe desde 2009 no território do Vale do Sousa – vai contribuir para melhorar a economia local, proporcionando novos rendimentos aos pe-quenos agricultores.

Permite, também, escoar as produções dos pequenos agricultores de hortí-colas e até de frutas existentes nesta região de minifúndio.

Estes rendimentos "assumem uma importância significativa nesta altura de crise económica", realçam os responsáveis do programa.

Cooperativa de Formação, Educação eDesenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL

AMARANTE - BAIÃO - MARCO DE CANAVESES RESENDE - CINFÃES - PENAFIEL

Telef. 255 521 004 - Fax 255 521 678 [email protected]

O PROVE destina-se a todos os interessados que pretendem contribuir para o desenvolvimento local das populações, potenciando a economia de proximi-dade mais solidária e equilibrada. O sucesso compro-

vado desta iniciativa demonstra que é possível juntar consumidores, produtores, autarquias, associações de desenvolvi-

mento local e regional estimulando o empreendedorismo em meio ru-ral. São as ideias mais simples aquelas que nos mobilizam e que nos fazem transcender de empenho e de autenticidade. O PROVE é um pro-cesso para pessoas autênticas que apostam no valor das comunidades locais. A metodologia do PROVE surge como forma de apoio aos territó-rios rurais que apresentam produtos tradicionais de qualidade, produ-

zidos por pequenos produtores locais.

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O trabalho conjunto entre as instituições já vem de longe. A comprová-lo está, por exemplo, o facto de a maioria do corpo do-cente do IPB se ter doutorado na academia transmontana. É o caso também dos projetos desenvolvidos na área do desporto. “Há apro-ximação, sempre a tivemos. Mais diplomática do que real, porque todas as instituições são muito ciosas do aluno, que é um bem escas-so. Mas não há dúvida que os tempos de difi-culdades são muito propícios a que o entendi-mento seja mais rápido”, reconhece.

Com o encerramento do pólo da UTAD em Miranda do Douro, abriu-se uma área de opor-tunidade para o IPB que deve ser explorada. “Poderia associar-se connosco dentro dos Cur-sos de Especialização Tecnológica, porque eles estão praticamente formatados para o Politéc-nico”, refere Carlos Sequeira. Também a área das ciências agrárias poderia beneficiar com a agregação, ganhando maior atratividade. “Es-tou convicto que podíamos fazer um consór-cio nessa área. Tal como fazemos com o Porto nas engenharias, também o podemos fazer com Bragança nas agrárias.”

Embora ressalve que esse cenário de agre-gação não é passível de suceder no seu manda-to [até 2014], Carlos Sequeira acredita que o fu-turo passa por aí. “Não é muito cordial que eu esteja a fazer consórcios para cursos, nomeada-mente com os politécnicos de Viana do Castelo e de Viseu (na área da enfermagem) para po-dermos avançar para os segundos ciclos. Já an-damos a trabalhar nesta política de consórcio.”

O reitor da UTAD subscreve ainda a ne-cessidade das universidades portuguesas ga-nharem escala e terem dimensão para se pro-jetar além fronteiras. “Devia formar-se uma universidade de elite que pudesse integrar a Liga Europeia das Universidades de Investi-gação (LERU), na qual Portugal não tem ne-nhuma. Uma universidade com dimensão eu-

ropeia ou até mesmo mundial podia atrair os melhores investigadores. A título de exemplo, a Universidade de Barcelona fez uniões, asso-ciações, consórcios, organizou-se e conseguiu integrar a LERU.”

Racionalizar despesa Face à diminuição do financiamento das instituições de Ensino Superior, é crucial racionalizar meios e reduzir custos. “Com este Contrato de Confiança com o Governo, as universidades estão a fazer mais e melhor e de modo mais eficiente, porque têm menos dinheiro”, sublinha.

Na UTAD, os docentes “têm feito um es-forço” e lecionam mais unidades curriculares. “Só somos competitivos com o litoral se ofere-cermos também uma multiplicidade de áreas de formação. Temos aumentado muito o núme-ro de alunos e temos diversificado a formação”, lembra. A UTAD tem um corpo docente de, aproximadamente, 580 elementos, dos quais 480 são doutorados.

O Orçamento do Estado para 2011 abriu uma exceção para que as universidades pos-sam fazer novas contratações, promoções e progressões na carreira. No entanto, na aca-demia transmontana, não se prevê a contrata-ção de mais docentes. “O reitor ficou com uma responsabilidade acrescida e terá que sopesar muito que contratação pode ser feita. Neste momento, eu diria quase que a regime excecio-nal, porque os orçamentos são muito escassos e há um esforço de contenção forte.”

Só nos últimos sete anos, a UTAD viu di-minuir o quadro de trabalhadores não docentes em cerca de uma centena.

“Chegámos a ter 530 e agora estamos com pouco mais de 400. Não temos vindo a substi-tuir os trabalhadores que se vão aposentan-do. Contudo, isso causa-nos alguns problemas de funcionamento, porque a aposentação não é seletiva.”

União entre UTAD e IPB 'é uma inevitabilidade'A s constantes restrições orçamentais, a necessidade de ter um corpo

docente altamente qualificado e uma investigação consolidada legitimam a urgência de as universidades trilharem novos rumos.

“Para sobreviver, ou temos excelência ou dimensão ou então acabamos por morrer”, afirma o reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Carlos Sequeira. Daí que a agregação entre a academia transmontana e o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) seja mesmo “uma inevitabilidade”. “Hoje, começa a haver consciência dentro do nosso quadro docente que ou se faz investigação forte ou vamos dar formação básica, isto é, ou infletimos ou o nosso destino é o Porto. O mesmo se passa com Bragança: ou inflete com investigação forte em poucos centros ou inevitavelmente o destino é Vila Real”, defende. As atuais tendências demográficas (população envelhecida e baixas taxas de natalidade) validam essa mesma necessidade. “É insustentável termos uma proliferação de Ensino Superior com tantas universidades. Por isso, é uma inevitabilidade racionalizar”, salienta Carlos Sequeira.Um dos modelos de gestão poderia passar pela rotatividade dos reitores, pela manutenção das escolas tal como existem e pelo ajuste da autonomia financeira, uma vez que na UTAD é superior à do IPB.

Nome: Carlos Alberto Sequeira

Local e data de Nascimento: Angola, 12 de julho de 1954

Formação: Licenciatura em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia (1977), Master of Science in Animal Nutrition pela Universidade de Cornell, USA (1982), Doutor em Engenharia Zootécnica pela UTAD (1988)

Reitor Carlos Sequeira | “Para sobreviver, ou temos excelência ou dimensão”

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos RM

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O peso dos trabalhadores indiferenciados re-flete-se “bastante” em termos orçamentais. “Te-mos muitos assistentes administrativos e pre-cisávamos de técnicos superiores. Em 400 e tal trabalhadores, teremos 30 técnicos superiores, o que é bastante pouco”, admite o reitor da univer-sidade transmontana. Houve, porém, alguns tra-balhadores não docentes que apostaram na qua-lificação.

O reitor da UTAD assume que deveria ter um número de catedráticos e associados consentâneo com o número de doutorados, mas garante não ter vagas nem orçamento para tal.

Na mira dos 10 mil alunos Carlos Sequeira perspetiva um crescimento do número de alunos da UTAD, que neste momento se fixa nos 8600. “Nós, com 10 mil alunos, é possível mantermos o corpo docente todo, dar valências e reorganizar os trabalhadores não docentes sem qualquer crise social [despedimentos].”

Neste ano letivo, a academia transmontana

terá registado a entrada de mais de 1 500 novos alunos. “O projeto europeu 2020 pressupõe uma forte qualificação, avançando para graus de segundos e terceiros ciclos. Eu prevejo que um conjunto de ativos regresse às universidades quase em regime livre para completar e atualizar a sua formação”, afirma.

Oferta formativareestruturada O RM sabe que a UTAD irá propor 21 novos cursos à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, procedendo à suspensão da licenciatura em antropologia aplicada e de 8 mestrados.

“Os cursos têm que ter um quadro de doutores e investigação credível para passarem a segundos ciclos. A Agência de Acreditação analisa se os cursos têm por detrás áreas de investigação fortes ou centros de investigação classificados como “muito bom” ou “excelentes”. É esse esforço de racionalização que nos propomos fazer”, conclui o reitor da UTAD.

União entre UTAD e IPB 'é uma inevitabilidade'Reitor Carlos Sequeira | “Para sobreviver, ou temos excelência ou dimensão”

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos RM

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Périplos pelos lugares da históriaMemórias de Bragança

P erscrutar as ruas que não se conhecem, ir ao encontro das memórias deixadas nas pedras, abraçar os sons e os cheiros da geografia brigantina são desafios que adquirem outra dimensão

para quem recorre ao projeto de Emília Nogueiro. “História e Arte”, foi assim que esta brigantina de 35 anos batizou

o pacote de visitas guiadas, exposições e cursos de artes plásticas que disponibiliza num serviço de interesse público, feito de voluntarismo e sacrifício pessoal.

Lacuna catalisadora Para avançar, bastou a Emília Nogueiro uma observação perspicaz. “Notei que havia na cidade uma necessidade de acompanha-mento técnico aos turistas que nos visitam e que querem saber do nosso patrimó-nio.” Desde março de 2007, Emília já terá servido de cicerone a 2 675 pessoas, mas o projeto tem sido complementado com outras valências. “Como precisava de ter um espaço físico para receber os turistas, acrescentei a galeria, que depois foi crescen-do com a seção dos livros de história e arte, com os ateliers que faço com os artistas que vou expondo e também com pequenos cursos que vou organizando”, explica.

No encalço da história, Emília e os turistas percorrem a pé as ruas e os monumentos, porque “só a pé se pode desfrutar dos detalhes que o património nos oferece”. Os percursos ajustam-se à disponibilidade e aos interesses do grupo, mas sem sair da cidade. “Inicialmente tinha proposto visitas para os concelhos ao redor, mas ainda não há procura”, admite.

Portanto, os turistas dispõem de um percurso medieval pela cidadela, outro que testemunha as marcas do Renascimento e do Barroco que se estendem já até à praça da Sé. Existe ain-da um trajeto mais generalista que cobre a área junto ao rio Fervença associada à presença judaica e às fábricas das sedas que existiram na cidade. “A linguagem simbólica dos Jesuítas – a arte como propaganda” é o percurso mais recente, que come-ça na Sé, com passagem pela igreja e pelo cruzeiro, até ao Mu-seu Abade de Baçal, onde parte do acervo de arte sacra advém do antigo colégio jesuíta. Estas propostas pressupõem diferen-tes tempos de visita e uma atualização constante. “Vou vendo se há mais interesse no imaginário ou na talha ou nas lendas e, de alguma forma, vou pesquisando sempre no sentido de fa-zer uma visita mais rica, que seja mais encantatória para quem nos visita.”

Atualmente, Emília está a trabalhar num percurso judaico, já que é uma área pouco estudada “mesmo ao nível da histó-ria”. “Ainda estou a fazer essa pesquisa relativamente à arqui-tetura dos espaços, mas existe claramente um interesse em ter-mos dessa memória judaica, que se estende de Bragança até Belmonte.”

No roteiro das incursões a atenção centra-se, sobretudo, no património histórico de cariz religioso, militar (como o Caste-lo) e civil (com a Domus Municipalis), bem como nos vários sola-res e museus da cidade. E os níveis de satisfação elevam-se pela qualidade do acompanhamento. “É completamente diferente serem-nos mostrados aspetos que, de outra forma, não os ve-ríamos e muito menos saberíamos interpretar. As pessoas dão muito valor a isso”, garante.

À licenciatura em história e ao mestrado em museologia, Emília acrescenta a larga experiência em orientação de visi-tas adquirida em museus e na Comissão Nacional para as Co-memorações dos Descobrimentos Portugueses, bem como vá-rios anos dedicados ao estudo da história local. Uma bagagem que a faz perceber que, mais importante do que toda a informa-ção que possa transmitir ao turista, é “a sensibilização do olhar” para o “encanto do pormenor”. “Muitas vezes, as pessoas pas-sam ao lado de coisas absolutamente fabulosas, que podem não ser monumentos de grande aparato, com bronzes e mármores, mas pequenos detalhes que é necessário alguém apontar. É isso que torna a visita mais significativa, muito mais do que os dados estatísticos sobre a área ou a população da região.”

Afluência de "nuestros hermanos" Por norma, as visitas guiadas destinam-se a turistas, embora se co-mece a registar uma procura da população local “quando recebe amigos ou quando está a organizar um congresso ou um encon-tro e quer ter uma tarde de passeio com uma orientação relati-vamente ao património histórico e artístico”.

A maioria das visitas é feita para grupos de 50 a 60 turistas, que vêm por inter-médio de agências de viagens. Há ainda visitas guiadas para casais, que são passeios mais descontraídos e intimistas, mas que têm menos procura. Este serviço de acom-panhamento paga-se em função do tempo. Assim, uma hora tem um custo de 40 eu-ros, independentemente da dimensão do grupo. “Podem ser duas pessoas ou 60, em-bora para estas fique mais em conta. Para um casal, fica mais caro, mas também tem um serviço mais personalizado.”

Maio e outubro são os meses de maior trabalho para Emília Nogueiro, sendo que a maior afluência é do outro lado da fronteira. “Consegui publicitar o projeto em alguns sites de turismo espanhóis e, a partir daí, notei um acréscimo substancial. Depois vai funcionando muito no passa a palavra. Já tenho uma série de agências es-panholas que começaram por me pedir uma ou duas visitas e que, neste momento, já me preenchem esses dois meses.”

Conforme a proveniência do grupo, Emília procura usar referências que os aproximem daquilo que vêem. “Se o grupo vem de Barcelona ou do Porto, faço visi-tas diferentes. Falo de aspetos que possam ser comuns com a própria história deles

para estabelecer um paralelismo. Depois enviam-me livros da histó-ria das suas terras, postais e isso é muito interessante.”

Para já, Emília ainda trabalha sozinha e quando há maior fluxo turístico vê-se obrigada a uma gestão apertada do tempo ou mesmo a recusar. “Ainda não há uma procura sistemática que me permita ter alguém”, justifica. A isso acresce uma outra dificuldade: “como é quase o meu bebé não o entrego de uma forma tranquila a quem não confio inteiramente em termos de preparação para tomar con-ta do mesmo”.

Este é um projeto que procura vingar por si próprio, sem apoios institucionais e/ou comunitários. “Iniciei o processo através de uma Iniciativa Local de Emprego, no âmbito de um programa do Institu-to de Emprego e Formação Profissional. Foi daí que consegui arran-car, mas manter o espaço tem sido completamente da minha respon-sabilidade”, conta Emília Nogueiro. Por ser ainda “muito tenro” para ser um projeto sustentável, a sua mentora vê-se obrigada a conciliá-lo com a docência no Instituto Politécnico de Bragança e a colabora-ção em museus.

Uma galeria para os artistas da terra Quatro meses mais tarde a galeria abriu portas, revelando-se um espaço mais vocacionado para o público local. É aí que Emília procurou col-matar algumas falhas ao nível da formação nas artes plásticas. “Tra-balho com vários artistas que represento e vou tentando que eles façam aqui uma parte prática do seu trabalho.” Esta vertente da for-mação exige “artistas que já têm um longo percurso na área que es-tão a ensinar”. Dessa forma, a comunidade local pode contactar com linguagens que “não estavam tão acessíveis em Bragança”, nomea-damente os alunos do ensino secundário que estejam interessados em ingressar numa formação de Belas Artes. Os workshops procu-ram trabalhar áreas que vão desde a aguarela à cerâmica, passando pela modelagem ou pela fotografia noturna. Em três anos de ativida-de, já foram organizados dez cursos.

Quem entra no espaço, onde a luz da manhã convida ao delei-te das peças expostas, depara-se com nomes de artistas residentes. “Vou organizando exposições de diversas variantes das artes plásti-cas, mas há alguns artistas que estão sempre representados, normal-mente são de Bragança ou escolheram a cidade para se estabelecer e têm esta ligação com a terra. Posso receber uma exposição de um artista nova-iorquino ou de um artista do Porto, de Lisboa ou do Al-garve, mas fará sentido representar aqueles que têm uma linguagem que se cruza com todo o cerne do projeto: a cultura transmontana.”

A divulgação desses trabalhos estende-se também ao território espanhol. “Tenho parcerias com instituições, sobretudo de Zamora, e já levei lá alguns autores que represento. Vamos mantendo essa cir-culação de obras que é boa para os autores, que vêem o seu trabalho exibido a mais gente, e para nós, porque vamos renovando as expo-sições.”

Situado na rua Abílio Beça, o espaço “História e Arte” está aber-to das 10h às 12h e das 14h às 18h30 nos dias úteis, ao sábado das 10h30 às 13h, sendo a entrada gratuita. Patrícia Posse

AGENDA: 21/12/10: exposição de escultura de João Ferreira 14/01/2011:

exposição de pintura de Miguel Moreira e Silva 11/02/2011: exposi-ção de pintura e desenho de Teresa Camara Pestana 15/04/2011: ex-posição de escultura de Ricardo Tomás.

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'Agressão maior para os con tribuintes é a reforma de três mil euros de quem passou p ela Assembleia da República'

JORGE GOMES | Governador Civil de Bragança acred ita que cargo manter-se-á ainda que mude de nome

A cabar com os governadores civis tem sido apontada como parte da fórmula para diminuir o peso da despesa do Estado num país sujeito a medidas de austeridade para equilibrar as contas.

Um cargo “meramente figurativo” que para alguns devia constar da lista de cortes. “Agressão muito maior para os contribuintes” é, na opinião do governador civil de Bragança, os três mil euros de reforma que alguns políticos, defensores da tese, vão receber só por estarem alguns anos na Assembleia da República.Para Jorge Gomes, estas pessoas “não têm a noção do que é um governador civil” e, até podem dar-lhe outro nome, mas acredita que não deixará de existir um cargo semelhante.

Jorge Gomes é há seis anos o governador civil do Distrito de Bragança, um lu-

gar de nomeação que nunca lhe tinha “passado pela cabeça ocupar”, embora seja o cargo político de maior visibilidade que desempenhou depois de duas tentativas fa-lhadas de ser presidente da Câmara de Bragança.

Tem um percurso profissional como empresário e no associativismo empresa-rial e nos últimos anos tornou-se numa figura do PS no Distrito.

Aos 59 anos, foi na atividade politico-partidária que aprendeu a “nunca mais di-zer nunca” e que “tudo na política é de passagem”.

Assim encara o cargo de governador civil, onde não se sente “a mais” nem uma despesa adicional para o Estado e considera que só quem desconhece as funções, pode aludir a “atitudes de poupança”.

“Eu se quisesse ser até um pouco maldoso dizia o seguinte: noutro dia ouvia ao doutor Marques Mendes (PSD) dizer que é preciso acabar com os governos civis porque não fazem nada, mas não o ouvi dizer que abdicava da reforma vitalícia que requereu agora, de cerca de três mil euros, só porque foi deputado durante dez ou quinze anos”, afirmou Jorge Gomes em entrevista ao RM.

Para o governador socialista, o antigo presidente do PSD “está a fazer uma crí-tica a uma instituição que, segundo ele, não faz nada”, mas que também se lhe pode aplicar.

“Eu também poderia fazer essa mesma crítica e dizer que um senhor que agora deixou de fazer trabalho ativo na Assembleia da República vai receber três mil eu-ros por mês porque esteve lá. Isto é que me parece uma agressão de facto para os contribuintes, muito maior do que a existência dos governadores civis”, considerou.

Jorge Gomes mostra-se convicto de que, independentemente das mudanças eleitorais que aí vierem, vai ter um sucessor.

“Tem de haver um representante do Governo local. Não lhe querem chamar governador? Mas que tenham um delegado do governo como tem Espanha”, exem-plificou.

Para Jorge Gomes, “na hora em que acabarem com os governadores civis, pro-vavelmente vão criar um cargo semelhante porque há funções do Governo que têm

de ser desenvolvidas localmente”.“O que só é possível se houver um elemento de ligação, para além daquilo que

eu considero mais importante que é a proximidade que os cidadãos sentem quando falam com o governador”, observou.

Por isso, considera que “há muita questão em que o governador é um prove-dor”. “Não estou aqui numa de defesa de interesses pessoais porque não os te-nho, mas sim na defesa de um cargo que eu entendo que tem de continuar a exis-tir”, afirmou.

O Governo Civil de Bragança recebe do Orçamento do Estado uma média anu-al de 300 mil euros, um valor inferior às receitas próprias e consignadas que, em conjunto, constituem o orçamento deste organismo e pagam o salário de onze fun-cionários públicos fixos.

A estes, junta-se o gabinete do governador que é atualmente composto por cin-co pessoas, além de Jorge Gomes, a secretária, dois adjuntos e chefe de gabinete.

“Com o governador ou sem governador há serviços que o Governo Civil tem de garantir”, disse, nomeadamente passaportes, autorizações para sorteios e afins, mas com competências cada vez mais diminuídas por lei, que têm sido transferidas, sobretudo para as câmaras municipais.

Para demonstrar que não “existe despesismo”, afiançou que “todos os anos, o Governo Civil de Bragança tem vindo a diminuir a despesa e que não substituiu cin-co funcionários que se reformaram”.

“As pessoas não têm a noção do tipo de problemas que aparecem no Governo Civil”

Além das atribuições legais que colocam o governador como responsável má-ximo distrital pela Proteção Civil e forças de segurança, entre outras, Jorge Go-mes entende que quem ocupa o cargo pode imprimir um cunho próprio às funções.

A “magistratura de influência” é dos papéis que aponta como dos mais impor-tantes por servir de elo ao Governo e aos serviços desconcentrados do Estado a todo o tipo de instituições.

Segundo Jorge Gomes, “há problemas que são pequenos para o Governo de um país, mas são grandes para quem reside na região”.

“Quem é que consegue sensibilizar um ministro de que é preciso fazer uma es-trada para o São Jorge? Quem é que tem que sensibilizar que é preciso fazermos a estrada do Penacal? Os autarcas estão sempre numa posição em que cada um defen-de a sua quinta e nós temos de ter a perspetiva da região e temos de nos sobrepor às fronteiras municipais”, declarou.

Jorge Gomes defende que “o governador civil consegue ter, não só essa perspe-tiva, como fazer até a ponte entre autarcas”.

Conseguir agilizar, articular, desburocratizar e, sobretudo, combater a “política do ofício” tem sido a orientação do titular do cargo em Bragança.

“O ofício é interessante quando se quer adiar o problema. Quando se quer tra-tar do problema, o telefonema é a coisa mais simples, mais barata e mais funcional”, considerou.

Helena Fidalgo | [email protected] | Fotos Manuel Teles e D.R.

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'Agressão maior para os con tribuintes é a reforma de três mil euros de quem passou p ela Assembleia da República'

JORGE GOMES | Governador Civil de Bragança acred ita que cargo manter-se-á ainda que mude de nome

“Não estou a dizer que temos de acabar com os papéis, mas temos de aca-bar com muita burocracia, com muito peso que os próprios tratadores do sis-tema impõem e a distância que criam com o cidadão”, explicou.

“Descomplicar” coisas simples que a burocracia complica tem sido a aposta traduzida num trabalho em rede que tem a face mais visível no ga-binete de apoio à vítima de violência doméstica, o primeiro do país a abrir num Governo Civil.

“Se alguma coisa fiz foi criar parcerias e com todas as instituições do Dis-trito e exemplo disso é o apoio à vítima que (inicialmente) era só o Governo Ci-vil e a Segurança Social e hoje temos uma rede de quase 30 instituições”, disse.

“Sem ofícios”, enfatizou, concretizando que estas instituições funcionam sem formalismos, articulando-se na hora para dar resposta ao problema que se apresenta.

“Muita gente que já veio ao governador percebe muito bem o que é”

Jorge Gomes reconhece que “eventualmente o cidadão que vê chegar

muitos carros oficiais, com muita gente, onde também vem o governador” fi-cará também com a mesma ideia de um cargo figurativo de alguém que acom-panha ministros ou outros membros do Governo em inaugurações ou os re-presenta em eventos do género.

“Agora, muita gente que já veio ao governador percebe muito bem o que é”, acrescenta. Jorge Gomes garante que todos os dias recebe pessoas, do ci-dadão mais simples a empresários, que se apresentam para tratar de um as-sunto “pessoal”.

Quando é “pessoal”, o governador já sabe que se trata de “situações com-plicadas, por vezes dramáticas, de incapacidade para resolver problemas que a “magistratura de influência do cargo” ajuda a descomplicar ou a encaminhar.

Algumas vezes resta também a “frustração” de nada poder fazer e se tives-se arranjado emprego a todos os pedidos que já recebeu não teria uma região onde o desemprego continua a aumentar ao mesmo tempo que há cada vez mais necessidade de trabalhadores nas estradas e barragens em construção.

O governador chamou empresas e centros de emprego para tentar em-pregar nestas obras o maior número de pessoas do Distrito e garante que “se não colocamos mais é porque as pessoas não querem”.

Uma tarefa pré-abril de 74 que promete contar um dia

As funções que desempenha têm impedido Jorge Gomes de fazer o que mais gosta, que é viajar, não nas deslocações constantes entre Bragança e Lis-boa da política, mas pelo mundo.

Vai desfrutando pouco de outra das suas preferências, a música, assim como são poucos os dias de férias que goza ao longo do ano, pois aqueles que seriam os períodos de descanso coincidem, em Bragança, no inverno, com os constrangimentos da neve e do gelo, e, no verão, com os fogos em que o gover-nador tem de estar permanentemente na linha da frente.

Os incêndios são o que mais o preocupa: “quando arde um pinhal é sempre alguém que está a sofrer com isso. Fica o sentimento de perda”.

Na política ficou “desiludido com as máquinas partidárias: trucidam facil-mente as pessoas e isso incomoda-me um bocado. Nota-se mais a nível nacio-nal”, disse.

Apesar de ter nascido em famílias abastadas, não tem formação superior, e cedo seguiu o exemplo do pai como empresário. Teve revés nos negócios, mas instalou a primeira empresa de informática no Distrito de Bragança, um ramo que já abandonou, virando-se agora para o negócio das farmácias.

Nunca se tinha envolvido “em força” na política, mas um dia promete contar qual foi “a tarefa” que fez em março de 1974 “para poder ser feita uma operação em abril”.

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N atal e crise. É em dezembro que aumentam os pedidos de ajuda, mas é também na quadra natalícia que aumenta a ajuda

disponibilizada. Em Vila Real, o apoio aos mais carenciados é prestado por grandes projetos como a “Câmara Amiga” ou iniciativas pequenas e de vizinhança como a da paróquia da Sé. Também aqui pode estar a nascer um outro programa, o de “apadrinhamento” às famílias.

É um fim de tarde frio. César está sentado num parque em frente ao seu apartamento na cidade de Vila Real. O sorriso é envergonhado e o olhar reve-la preocupação. Não é de agora que conhece a pala-vra crise. O azar bateu-lhe à porta há três anos e com muita força.

Enquanto a noite se sobrepõe ao dia, César, de 37 anos, vai revelando uma história triste. “Não é vergo-nha nenhuma pedir ajuda. Eu não posso mesmo tra-balhar”, desabafou ao Repórter do Marão.

Juntamente com Maria, com quem está casado há 17 anos, tem três filhos de quatro, nove e 15 anos.

Era estucador numa empresa de construção civil até ter sido operado a uma hérnia à coluna. Tudo cor-reu mal. Quando acordou da anestesia descobriu que lhe tinham cortado um nervo e o resultado foi um pé preso. À baixa seguiu-se a reforma da qual recebe 250 euros por mês. Em casa de baixa está também Ma-ria, empregada fabril de 42 anos, por causa de uma doença do foro oncológico. A mulher recebe 458 eu-ros mensais.

Antes do azar, o casal comprou casa, pela qual paga uma prestação de 358 euros, e mais uma carri-nha que lhes custa 256 euros por mês.

As contas são fáceis de fazer. O dinheiro não che-ga para tudo. Por isso mesmo, César foi bater à porta da Câmara Amiga, um projeto de solidariedade que a Câmara de Vila Real implementou há quase três anos.

“Se não fosse a ajuda da câmara e da família, nós não conseguíamos”, salientou. Esta família recebe um cabaz todos os meses de produtos perecíveis, como ar-roz, massa, conservas, entre outros, e ainda, se assim for necessário, roupa. “Ás vezes também nos trazem

carne”, acrescentou César.E é para complementar este cabaz que um casal

de Vila Real decidiu “apadrinhar” esta família. A chefe da divisão de Acção Social e Saúde da Câ-

mara de Vila Real, Ana Vilaverde, disse que espe-ra que este gesto possa ser seguido por outras famí-lias da cidade transmontana. E o conceito é simples. Quem apadrinha doa uma determinada quantia por mês para ajudar a família carenciada a adquirir bens essenciais, que podem ser produtos frescos como car-ne, peixe ou legumes.

“Dada toda esta crise e tragédia que está a abalar o país e tantas histórias de situações aflitivas que va-mos conhecendo, nós que temos um pouco mais temos também a obrigação de ajudar”, disse Sandra, nome fictício de quem vai ajudar e que prefere manter o ano-nimato. Não procura protagonismo. “Se todos os me-ses pudermos ajudar, é ótimo. Sinto-me melhor comi-go mesma a fazê-lo”, afirmou.

César recebeu a notícia do “apadrinhamento” com um “muito obrigado” sentido. “Para os meus filhos não tenho vergonha nenhuma de pedir. Para mim e para a minha mulher bastava uma malga de caldo, mas para eles não, precisam e merecem mui-to mais”, referiu.

Com a aproximação do Natal, este homem tem ou-tra preocupação a atormentá-lo. Os presentes para os filhos. “Já os avisamos que não lhes podíamos dar nada. Esperamos que alguém nos possa ajudar”, dis-se com um encolher de ombros.

O Natal e a solidariedade E é precisa-mente no Natal que as pessoas revelam mais o espí-rito solidário e se mostram mais disponíveis a ajudar.

Sentada na sua secretária num gabinete da Câma-ra de Vila Real, Ana Vilaverde vai ditando números, números que aumentaram “muito” desde o ano pas-sado. Setecentos e setenta e um agregados familiares, aos quais correspondem 1826 pessoas, já receberam pelo menos uma vez apoio da “Câmara Amiga”. “Todos os meses ajudamos cerca de cem famílias”, salientou.

Desde janeiro, já chegaram também 129 novos pe-didos de ajuda. “Notamos um forte aumento de pedi-

dos. É uma nova pobreza originada pela perda de em-prego de um dos elementos do agregado ou devido a uma separação”, explicou. Referiu ainda um aumento do número de pedidos de habitação social, muitos dos quais originados por despejos.

A “Câmara Amiga” dispõe de 53 voluntários que concretizam as campanhas de recolha de alimentos ou ficam nas instalações a encher os cabazes e a entre-gá-los às famílias. “O projeto está a ganhar credibili-dade e temos cada vez mais instituições a juntarem-se a nós”, frisou.

Ana Vilaverde faz uma pausa para atender o te-lefone. Quando desliga sorri. “Nem de propósito, era uma senhora que queria fazer uma doação”, referiu.

A isto acrescentou que, também o Rotary Clube de Vila Real, anunciou uma doação de 600 quilos de alimentos.

Dificuldades na cidade A responsável disse ainda que a grande maioria dos pedidos de ajuda chegam da cidade. Só na maior freguesia de Vila Real, a Nossa Senhora da Conceição, são 195 os casos que estão a cargo de uma das técnicas do projeto.

“Nas aldeias verificamos uma maior entreajuda. As casas são mais baratas e há sempre a horta que pode ajudar nas contas com a alimentação. Na cidade o nível de vida é mais caro”, frisou.

Os casos sinalizados nas aldeias estão normalmen-te relacionados com as pessoas mais idosas e que vi-vem sozinhas.

No concelho de Vila Real, são 2126 os idosos que usufruem do Cartão do Idoso.

E, em plena cidade, desenvolve-se há 20 anos um programa de apoio “pequeno e familiar”. Nasceu da vontade de ajudar de um grupo de catequistas da pa-róquia da Sé, em São Dinis, que tiverem conhecimen-to de algumas famílias mais carenciadas. A ajuda foi-se repetindo em todas as quadras natalícias e agora parece ser mais preciosa do que nunca.

Solidariedade de vizinhança O pa-dre João Corralejo explicou que, nuns casos, continu-am a ser os catequistas a sinalizar as situações mais problemáticas, enquanto noutros são as famílias que lhes batem à porta.

Todos os meses são ajudadas, com um cabaz de produtos perecíveis, 40 famílias. “Os catequistas le-vam para as suas ruas e as pessoas não precisam de se mostrar”, referiu.

O sacerdote vai enumerando casos. Parece que os conhece um a um. Aquele caso do estudante cabo ver-diano da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Dou-ro (UTAD), da senhora que mora numa pensão e pe-diu bolachas e leite para a hora de dormir, ou o outro senhor que não tem dinheiro para aviar a receita na farmácia.

“É a caridade de proximidade. Às vezes damos uma ajuda imediata e ajudamos a resolver casos que a Segurança Social não resolve ou demora muito mais tempo a resolver”, esclareceu.

Ao aumento de pedidos de ajuda, parece que se segue também um aumento da ajuda disponibilizada. “Por mês, o ofertório de uma missa é doado à causa e é aí que aparecem as notas em vez das moedas escu-ras”, adiantou.

Se, entretanto, os casos continuarem a aumentar, o padre diz que vai ser preciso organizar um pouco me-lhor o projeto. Se calhar, lembra, ter alguém que se ocupe apenas disto.

“Esta é a ajuda em que eu acredito, não de massa e institucional, mas no porta a porta, uma ajuda de vi-zinhos”, concluiu. Paula Lima

Solidariedade aumentaProjeto social Câmara Amiga em Vila Real

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Os dirigentes dos clubes do Vale do Sousa que militam nos campeonatos profissionais de futebol estão apreensivos com a possibilidade de cortes nos subsídios por parte das autarquias e antevêem um futuro negro sem esses apoios. A situação é aparentemente mais preocupante no FC Penafiel, depois de o Município ter feito saber que vai cortar os apoios em 50 por cento.

O clube rubro-negro, representan-te máximo da cidade e do concelho pe-nafidelense na Liga de Honra, rece-be um apoio mensal da autarquia de 25 mil euros, e qualquer redução significará “grandes problemas”.

A questão é colocada desta maneira pelo experiente e carismático presiden-te do clube, tendo em conta que “o valor atual do subsídio mesmo assim não che-ga”, mas António Gomes prefere a diplo-macia ao confronto.

“Sinceramente, ainda não reuni com ninguém e não estou preocupado. A au-tarquia sabe a responsabilidade que tem e o compromisso que assinou connos-co. Tem sido um parceiro de bem do FC Penafiel, e estou convencido que não irá cortar qualquer subsídio, pelo menos até ao final da época”, disse ao RM.

A confiança de António Gomes re-sulta do compromisso assinado entre as partes e o benefício do Município em ter uma instituição que põe a praticar des-porto mais de 400 atletas e coloca 13 equipas em competição.

“Os custos fixos são diabólicos e qual-quer falha na receita prevista é um enor-me problema. Sem uma parte dessa re-ceita, não é possível continuar e o clube fica ingovernável”, sublinhou, lembran-do que “o Penafiel ainda suporta respon-sabilidades do passado”.

Despesas batem receitasGomes reclama para a sua equipa di-

rigente a “bela campanha” de recupera-ção de associados (o clube tem hoje cerca de 1500 sócios), em consequência da des-cida do clube aos escalões secundários, e de angariação de receitas, com a venda

de bilhetes aos comerciantes e empre-sários do concelho, beneficiando, neste caso, da sua “influência pessoal”.

O dirigente garante ter conseguido mais de 2000 presenças extra nos jogos em casa, com esta estratégia, mas os re-flexos na bilheteira e no apoio ao clube, mais os subsídios, as quotizações, publi-cidade, televisão e outras iniciativas mais “ficam aquém das necessidades”.

O presidente do FC Penafiel é claro: “Temos IRC e IRS a pagar e um teto sa-larial obrigatório elevado [três ordena-dos mínimos por atleta, na melhor das hipóteses, segundo os regulamentos]”.

“É muito complicado”, repete, ga-rantindo recear já hoje pelo futuro… profissional… do seu clube e de todos os outros da mesma dimensão.

“Somados os custos fixos e contabi-lizadas as receitas previsíveis, conclui-se facilmente que é preciso cortar muito nas despesas e, se calhar, caminhar para o amadorismo”.

De saída no final da épocaTudo seria diferente, continuou o di-

rigente, se o clube, com um orçamento para 2010/2011 de cerca de um milhão de euros, estivesse na Liga.

“Na primeira Liga estava encantado, e não tinha problemas. Dou-lhe um exem-plo: só a Sport TV garante para cima de 1,8 milhões de euros, enquanto na Honra recebemos 125 mil”, sublinhou.

António Gomes, com ligações ao FC Penafiel desde finais da década de 60 do século passado e mais de 20 anos como presidente, não desdenharia recolocar o clube na Liga, sendo certo que a classi-ficação final da equipa não vai interferir com a sua decisão de deixar a presidên-cia no final da época, coincidindo com o final do mandato.

“Não sendo fácil, vamos deixar o clu-be praticamente limpo [de despesas], mas é ponto assente que me vou embora no fim da época. Sei que, neste momen-to, o clube vive muito do meu nome e da minha influência na cidade e no concelho, mas são já muitos anos de idade, de fu-tebol e de responsabilidades”, concluiu.

Sem subsídios será o fimO presidente da Comissão Adminis-

trativa (CA) do SC Freamunde disse ao RM que eventuais reduções nos subsí-dios por parte da Câmara Municipal de Paços de Ferreira representariam uma condenação de morte para o clube.

“A Câmara dá-nos 325 mil euros por

ano, mas não temos hipóteses de sobre-vivência se houver cortes”, disse Manuel Pacheco.

O cenário de redução dos apoios do Município está descartado, pelo menos por enquanto, mas o dirigente faz ques-tão de evidenciar as consequências, ex-plicando: “Metade ou mais do subsídio é para custos de manutenção das instala-ções e pagamento de salários de funcio-nários. Só no relvado gastamos cerca de 60 mil euros por ano”.

Para Manuel Pacheco, “a verba [da autarquia] é fundamental” e justifica-se pelas contrapartidas garantidas pelo clu-be, dando como exemplo a publicidade feita à marca “Capital do Móvel” e o pa-pel social resultante da oferta desportiva diária “a cerca de 500 miúdos”.

O Freamunde prevê gastar em 2010/2011 “um milhão ou 1,1 milhões de euros”, uma verba que assenta numa gestão “muito rigorosa”, mas insuficien-te para equilibrar as contas na Liga de Honra de futebol.

Impostos a maisManuel Pacheco responsabiliza a po-

lítica fiscal: “O que está a afetar os clu-bes e as empresas é a carga fiscal, res-ponsável por haver cada menos carolice no dirigismo. Pergunto como é possível termos menos jogadores com caixa esta época, face ao empréstimo de quatro jo-gadores pelo Vitória de Guimarães, e pa-gar a mais 300 ou 400 euros só de IRS?”

O dirigente freamundense, que cum-pre a sexta época na presidência, acumu-lando mais quatro na área financeira do clube, está pessimista em relação ao fu-turo dos clubes, não poupando ninguém.

“Alguns [clubes] fazem umas opera-ções de cosmética, mudando ações e ati-vos de um lado para o outro, mas não há clubes credíveis. Todos devem. E a con-tinuarem assim as coisas, com esta car-ga fiscal crescente e uma diminuição das receitas na ordem dos 40 por cento, o futebol vai voltar ao tempo antigo, dos treinos ao fim do dia, a troco de uma san-des”, concluiu.

Presidente do FC Paços de Ferreira:

O presidente do Paços de Ferreira diz ser “impossível” manter o clube na principal Liga de futebol sem os apoios atuais do município, na ordem dos 500 mil euros anuais, e queixa-se da eleva-da carga fiscal. “É preciso fazer contas todos os dias e pensar em gastar o me-nos possível, mas há despesas fixas que não se podem evitar”, disse Carlos Bar-bosa, dando como exemplo “a carga fis-cal muito elevada”.

O Paços de Ferreira gasta cerca de 100 mil euros por mês só em impostos, pelo que, acrescentou o dirigente, qual-quer corte nos 500 mil euros do subsí-dio municipal faria “muita diferença”.

CÂMARA SUPORTA ¼ DO ORÇAMENTO

“O subsídio da Câmara equivale a cerca de 25 por cento do nosso orça-mento anual. O problema é que o di-nheiro nunca chega e é preciso vender jogadores todos os anos para equili-brar as contas”, sublinhou.

Pelas contas do presidente, o Paços de Ferreira justificava o dobro do subsí-dio recebido da autarquia, o que funda-mentou com a publicidade e a projeção que o clube faz e dá à marca “Capital do Móvel”.

Carlos Barbosa também pediu mais justiça na distribuição das verbas relativas aos direitos televisivos, con-siderando que 1,8 milhões de euros é “pouco” comparativamente ao valor que alguns clubes recebem.

“Estamos todos na mesma divisão, mas às vezes não parece. A diferença para os ‘grandes’, por exemplo, é enor-me”, precisou, defendendo que “orça-mentos mais rigorosos podem ajudar a atenuar as coisas”.

“Os clubes têm de manter os pés no chão e não gastarem o que não têm. É muito difícil competir contra orça-mentos irreais”, sublinhou.

Barbosa diz estar “muito preocu-pado” com a situação do futebol por-tuguês, precisando: “Como as coisas es-tão, sem grandes apoios, com poucos patrocinadores e muitas despesas, é re-almente muito difícil gerir os clubes de futebol”.

Clubesassustadoscom a crise

Autarquias fazem cortes nos subsídios camarários

“Temos de fazercontas todos os dias”

PorCarlos [email protected]

Clubes não geram receitas e o aumento das des-pesas fixas, sobretudo em matéria fiscal, reforça a sua dependência dos subsídios autárquicos. Sem eles, FC Paços de Ferreira, FC Penafiel e SC Freamunde podem ver comprometida a sua participação nos campeona-tos profissionais de futebol.

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Lembram-se da célebre estratégia de replicação mediática que o então candidato à Câmara de Lisboa, Prof. Marcelo R. Sousa, “criou” ao lançar-se às águas do Tejo? Jogada de mestre. Sem gas-tar um tostão, teve um efeito altamente multiplicador. Como cam-panha publicitária,quantos milhares de contos de então não seriam necessários para a mesma cobertura e atingir os alvos? Estes até fo-ram altamente superados pois o país inteiro “sentiu” a campanha, quando era para os lisboetas o apelo ao voto. Tudo à borla.

A que propósito vem isto?No Seminário Internacional Turismo no Douro, que decorreu

na UTAD, um quadro da CCDRN justificou os gastos da campanha B.B.King e Douro Film Harveast, que alguma imprensa já situou, sem desmentido, em mais de 650 mil euros, como tendo um efei-to multiplicador que, para se obter em visibilidade do Douro numa campanha publicitária, custaria muitíssimo mais.

Sendo a “visibilidade” importante em Turismo, ela não é nem ex-clusiva nem a mais objectiva avaliação de uma campanha. É neces-sário, entre outros factores, saber o número de visitantes, dormidas, utilização da “oferta”, refeições, etc. Em termos mais simples é sa-ber, definido o perfil, quantos mais vieram, comeram, dormiram e gas-taram em estabelecimentos, recordações, museus e outros serviços.

Dizia também o senhor que, antes de haver uma nova entida-de turística para o Douro, ele estava disperso por três regiões de Tu-rismo – Marão, Douro Sul e Nordeste Transmontano – não tendo a imagem unificada. Esqueceu-se, de propósito ou ignorância, que há muito aquelas entidades tinham a promoção internacional do Douro, Porto, Minho e Trás-os-Montes nas suas individualidades como mar-ca/destino, com a Adeturn.

Esqueceu-se também, nos números que apresentou de visitas/dormidas, que eles foram bem melhores quando o Douro não tinha a tal “unidade” que ele agora vangloria, e mesmo com as “campanhas e acções” que ele vaidosamente defende. Esqueceu ainda que a Ade-turn, que prestou bons serviços ao Turismo dos destinos (low cost), foi logo alvo de um pedido de insolvência mal as novas entidades a assumiram. É um processo que corre nos tribunais para saber se foi dolosa ou não, e o que mais se vier a apurar.

Esta intervenção não é criticável pois cada um tem o direito de ter os dados e fazer deles o que entender para seu mérito. É a mes-ma medida para interpretar o valor e repercussão do Douro vir a ser

um destino de excelência, e a “rede” de que poderá usufruir. Nem tão pouco se avalia o processo que a tal levou pois, cada um, socorre-se do que tem à mão e dos amigos que vai arranjando para que assim acon-teça, as trocas que implica e o tipo de contactos que lhe deu origem.

E do que se disse, de quem certificou a “excelência”, com o Dou-ro a ser o “1º” a entrar na lista, era bom saber o porquê do “1º”. Não será uma “troca” a aproveitar a fama de “Património” já há 9 anos? Ou a troca de galhardetes do “dizes bem de mim e levas-me à tua terra e eu digo bem de ti e dou-te boa “notação”?

Sendo certo que a certificação é em muitos casos um “cartão de visita”, pode parecer o que as pessoas de um lugar dizem quando o vi-sitamos: “ainda há dias estiveram aqui uns estrangeiros que....” Que raio, e que autoridade, têm es-tes “estrangeiros”? E para que serve certificar o que já sabe-mos quando, conscientes do que temos ou somos, não fazemos o que devemos para continuar a merecer ou valorar o galardão efectivo? Não ouvi, por exemplo e salvo na assistência, qualquer referência às barragens e finar de comboios ou outros atentados que o poderão fazer desmerecer.

O Douro teve muitas “mis-sas”. Acólitos e celebrantes repe-tem a “história” até à exaustão. Recorda-me o que ouvi contar do bebedola que entrou na igreja na hora em que o sermão pascal citava os tormentos da paixão de Cris-to: “então Ele ainda no ano passado lhe fizeram o mesmo e voltou lá?

É tempo do Douro saber o que quer e o que fazer. Já lá vão qua-tro anos, para não repetir os muitos outros que deram no mesmo, que Sócrates celebrou os 250 anos da “Demarcação” ao anunciar na Régua – na “sua” Casa do Douro – a Unidade de Missão (missa?), a que deu um “encarregado”. Pouco se vê ou sabe do que faz na ta-refa, mas desde logo nomeou um “chefe” a quem passou a “pasta”.

O Douro institucional pode não lhes pedir contas da “Missão”. Mas o Douro que quer mesmo ser excelente de certo que os vai questionar pelo que (não) fizeram ou deixaram fazer.

repórterdomarão30 dezembro’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I opinião

O barómetro no Douro ao estilo do Prof. Marcelo

Portugal está hoje confrontado com uma situação económi-ca e financeira extremamente difícil, com forte repercussão no crescimento do desemprego e na deterioração das condições de vida de muitos milhares de portugueses.

A recente (e imprescindível) aprovação do Orçamento do Estado para 2011, com o desa-fio de reduzir o défice das contas públicas para 4,6% do PIB, coloca-nos perante uma realidade exigente e que obriga à adopção de um novo pa-radigma na gestão e distribuição dos dinheiros públicos. O tempo em que o Estado tudo pagava e a todos se substituía terminou.

A administração central, os institutos públi-cos e o sector empresarial do Estado terão de dar o primeiro exemplo e ser criteriosos nas op-ções que tomam. Num momento em que o rendi-mento disponível de muitos portugueses vai di-minuir, por força do aumento do desemprego e das reduções salariais, os decisores públicos devem privilegiar os investimentos reprodutores de riqueza. Aos cidadãos, por seu lado, exige-se que sejam mais intervenientes e actuantes na fiscalização da forma como a despesa pública é consumida.

Uma das medidas em destaque no Orçamento para 2011 é a diminuição das transferências do Estado para as autarquias locais. Infelizmente, muitas Câmaras Municipais têm constituí-do um péssimo exemplo na forma como gerem os dinheiros pú-blicos, contribuindo para agravar o endividamento do Estado e as dificuldades de muitas empresas. No final de Junho, as au-tarquias tinham dívidas a fornecedores no montante de 2,6 mil milhões de euros!

Como reflexo de uma sociedade civil pouco autónoma e criati-va, a generalidade dos clubes e associações culturais e desportivas habituou-se a viver dependente dos subsídios das autarquias. Os executivos municipais, em tempos de vacas gordas, transferiam, sem um escrutínio muito apertado, os apoios financeiros disponí-veis, mais preocupados em cultivar clientelas e apoios do que em

avaliar a massa crítica que enformava essas entidades. A redução nas transferências do Estado, a partir do próxi-

mo ano, penalizará sobretudo aquelas Câmaras que já tinham encetado medidas de contenção e que são rigorosas na gestão

dos dinheiros à sua disposição. É o caso, na região do Tâmega, do município de Baião, cujo presiden-te, José Luís Carneiro, já veio anunciar que, ape-sar das sessenta medidas de corte na despesa cor-rente primária implementadas no último ano, terá agora de ir ainda mais fundo na redução da des-pesa.

Quando não há dinheiro em abundância, as autarquias têm de dar provas de rigor absoluto, contenção nas despesas correntes, eliminação de todas as “gorduras” e concentração de esforços e prioridades nos projectos que sejam indutores de desenvolvimento económico e social.

Além do mais, tal como o Estado tem a obri-gação de garantir a prestação dos apoios sociais aos cidadãos necessitados, as autarquias assumem actualmente um papel fulcral junto das populações mais carenciadas, com particular destaque para as crianças em idade escolar. E esse papel não pode ser posto em causa.

Quando hoje vemos as autarquias assegurarem as re-feições escolares e sabemos que, muitas vezes, essas refei-ções são as mais completas que muitas crianças têm duran-te todo o dia, sentimos que os dinheiros públicos estão a ser bem aplicados. Aliás, algumas autarquias já admitem ter as cantinas abertas durante as férias escolares, tal a importân-cia das mesmas.

A intervenção social das Câmaras Municipais junto das crianças e dos mais desfavorecidos é uma das suas funções mais nobres nos dias que correm. Com a vantagem desta des-pesa não se esfumar ao fim de dois ou três dias de festa, mas, pelo contrário, constituir um investimento numa sociedade mais coesa e melhor preparada para enfrentar o futuro.

Portugal está a um passo de se ver obrigado a recorrer à ajuda internacional para debelar a crise financeira em que está mergulhado. Depois da Gré-cia e da Irlanda, é para o nosso País que se viram as atenções dos observadores internacionais procu-rando perceber se estão criadas as condições para que, sozinhos, possamos controlar as nossas contas públicas e iniciar o caminho da recuperação da crise.

É um momento político delicado em que se exi-ge, talvez como nunca nas últimas décadas, do Go-verno uma acção firme e capaz de restaurar a con-fiança dos mercados internacionais. Da parte do PSD fizemos o que o sentido patriótico nos exigia: viabilizámos o Orçamento do Estado para 2011 dan-do assim ao Governo a possibilidade de fazer aquilo que é a sua pri-mordial tarefa, que é a de go-vernar.

G a r a n t i -da a condição fundamental da estabilida-de institucional e política, cabe agora ao pri-meiro-minis-tro fazer o seu papel. José Só-crates tem que por ordem no seu Executivo, disciplinar mi-nistros e secre-tários de Esta-do numa acção única que te-nha em vista o interesse nacional. Não há Bloco Central que ou entendimento entre partidos que substitua uma acção firme e bem orientada do Go-verno em funções.

Aprovado o OE, o essencial é executá-lo e cum-prir as metas aí definidas. A única maneira de dar confiança aos mercados é mostrar vontade e capa-cidade para dentro de toda a máquina do Estado e impor os objectivos anunciados exteriormente. O que está em causa é a autoridade do Governo em não deixar que os dirigentes e organismos intermé-dios da máquina estatal interpretem à sua manei-ra a orientação política global e, assim, dinamitem o esforço que é pedido a todos os portugueses no dis-curso oficial.

E uma das condições fundamentais para que isto não aconteça é que o primeiro-ministro tenha, também ele, autoridade para uniformizar o discurso governativo, não permitindo que governantes seus venham para a comunicação social debitar ideias contraditórias sobre as opções políticas do Execu-tivo. A delicadeza do momento e a hipersensibilida-de de quem nos observa não deixa espaço a erros destes.

O PSD, entretanto, prepara-se para o inevitá-vel ciclo político, preparando a renovação programá-tica, chamando todos os seus militantes e também figuras da sociedade civil que muito têm contribu-ído para que o partido venha brevemente a dispor de um programa adaptado aos nossos tempos e de grande qualidade. José Pedro Aguiar Branco tem conduzido esta tarefa com enorme dedicação, em-prestado-lhe a sua qualidade e prestígio pessoais e contam-se já em várias dezenas e por todo o País as reuniões realizadas, em que tem sido visível o entu-siasmo e adesão de cidadãos independentes, bem como já se conta nas centenas as participações e su-gestões programáticas apresentadas neste âmbito.

Nova ETAPA na gestão dos dinheiros públicos Não há espaçopara erros

Marco António CostaVice-Presidente do PSD e da C.M. Vila Nova de Gaia

José Carlos PereiraGestor

Armando MiroJornalista

Page 31: Repórter do Marão

repórterdomarão26 Jan a 09 Fev’10

nordestenegocios & empresas I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão18 26 Jan a 09 Fev’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

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Page 32: Repórter do Marão

32 dezembro' 10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão tâmega e sousa

Câmaras travam a fundo nas despesasRedução de subsídios a juntas e coletividades fazem parte da poupança forçadaAs doze autarquias da região NUT do Tâmega estão-se a preparar para o impacto das medidas de contenção e austeridade inscritas no Orçamento do Estado 2011, com cortes planeados nos apoios ao desporto, cultura, coletividades e freguesias.As medidas incluem ainda a reestruturação de vários serviços municipais, cortes nas horas extraordinárias, restrição no consumo de energia e combustíveis e, ainda este ano, redução nos gastos com a época natalícia.Ainda assim, a Educação e o apoio social, setores considerados “intocáveis” e “ prioritários” nas administrações locais, serão dos poucos que escapam às medidas de austeridade previstas para o próximo ano.

Os cortes nas transferências, que representam 11 milhões de euros a menos nos cofres municipais locais, são particularmente duros para a região numa altura em que se prevê também uma redução das receitas pró-prias das autarquias.

Marco desapontado O peso vai-se fazer sentir em particular nos municípios mais endividados, onde a medida já foi considerada como “injusta” e de pôr em causa a capacidade de investimento das autarquias.

O presidente da Câmara Municipal de Marco de Ca-naveses, Manuel Moreira, revelou ter ficado “desapon-tado com o Governo do PS, que não foi sensível à nos-sa situação”.

Para além dos 1.3 milhões de euros a menos em transferências do governo central, a administração mu-nicipal marcoense está a braços com uma penhora de 1.2 milhões sobre as receitas de IMI e ainda, de acordo com o edil, “uma redução significativa da arrecadação de re-ceitas resultante da atual crise no sector da construção civil”.

As medidas de austeridade neste concelho já se fize-ram sentir durante o ano de 2010 em todos os serviços da autarquia e no corte, de cerca de 30 por cento, nas trans-ferências para associações, coletividades e freguesias.

Apesar deste panorama financeiro “limitante”, Ma-nuel Moreira prevê, contudo, que a autarquia irá desem-bolsar do seu orçamento perto de metade dos 4.4 mi-lhões de euros em projetos associados à Educação, setor que considera ser “ intocável”.

Penafiel perde 1,5 milhões O município de Penafiel respondeu às medidas de austeridade, que representam 1.5 milhões de euros a menos para esta autarquia, com um plano de contenção e de sustentabilidade com vista à redução da despesa.

O programa, tornado público após uma reunião de emergência do executivo, aponta, entre outros, para uma redução de 50 por cento nos apoios ao futebol, 15 por cen-to noutras modalidades e a várias outras coletividades.

Alguns eventos públicos, como o Festival da Lam-preia, são iniciativas em que a edilidade não vai investir

em 2011, por não terem “retorno financeiro ou financia-mento próprio”.

Por seu lado, as freguesias vão ser alvo de uma re-dução em 25 por cento no valor dos protocolos de dele-gações de competências para pequenas obras mas, em contrapartida, a câmara assume a responsabilidade das pequenas reparações nas escolas.

“Estas são decisões difíceis de tomar, mas têm que ser implementadas, para garantirmos à população ser-viços básicos, como as refeições e transportes escolares, o abastecimento ou a recolha do lixo”, explicou o presi-dente da Câmara Municipal, Alberto Santos.

Lousada sem plano de cortes Em Lousada, os cortes representam cerca de 1.6 milhões de euros a menos nos cofres da Câmara Municipal em 2011, valor que o edil Jorge Magalhães considerou “significativo” para uma autarquia “com pouca diversidade de fontes de receita”.

Em declarações ao RM, o autarca apontou que a edi-lidade não dispõe atualmente de qualquer plano de con-tenção, justificando que o “rigor e a contenção têm sido apanágio da autarquia” desde que foi eleito presidente.

“Entendi sempre que a parcimónia, a sensatez e a responsabilidade deveriam, permanentemente, nortear o nosso trabalho”, explicou Jorge Magalhães que reco-nhece, mesmo assim, que “a situação atual é bastante ad-versa”.

O autarca garantiu que os serviços básicos serão sem-pre assegurados e que os cortes salariais, onde os houver, serão aqueles impostos pelo Ministério das Finanças.

A autarquia refere também que, mesmo assim, pre-tende reforçar o apoio social escolar e suporte às famí-lias desprotegidas.

Cinfães corta nas horas extra Em Cinfães prevê-se uma redução de 15 por cento em subsídios às coletividades e instituições locais, com a exceção das de Solidariedade Social (IPSS) e Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários.

Neste concelho, onde se espera uma redução de aproximadamente 900 mil euros nas transferências da administração central, pretende-se ainda reduzir as ho-ras extraordinárias de vários serviços.

As festividades do Natal vão ser alvo de uma redu-ção de gastos em cerca de 50 por cento na ornamentação

natalícia e de 25 por cento na Festa de Natal do pessoal.Na Câmara de Cinfães os cortes nos salários serão “só

os exclusivamente previstos legalmente no Orçamento de Estado”, devendo manter-se os serviços básicos em vigor.

Adicionalmente, a autarquia irá dar prioridade à exe-cução de obras financiadas, em prejuízo das não financia-das, que terão de “aguardar melhor oportunidade”.

Baião reduz nos subsídios O presidente da Câmara Municipal de Baião, José Luís Carneiro, anunciou também uma série de medidas que visam diminuir os gastos da autarquia, face ao corte em cerca de 400 mil euros nas transferências para 2011.

Juntas de freguesia e associações vão ver reduzidas em 20% as respetivas transferências, com medidas simila-res previstas para eventos culturais e recreativos.

José Luís Carneiro salientou que apesar das me-didas de austeridade, o concelho vai receber “muitos investimentos públicos” em 2011 e desafia os empre-sários locais a tornarem-se “mais competitivos e efi-cientes”. Paulo Alexandre Teixeira

PEDIDO DE DESCULPAS

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Page 33: Repórter do Marão

repórterdomarão33dezembro’10

Maria da Luz e LeonardoTodos os anos me juntei a

ti de uma forma menos discre-ta. Punha no corpo algumas gotas do frasco de perfume que me deste há muito tempo, tantos anos passaram que já nem consigo contá-los.

É um perfume que me faz lembrar campos de violetas. Eu nem sei se existem campos de violetas, mas tem de haver em qualquer sítio para que o meu sonho se realize em ple-nitude.

Todos os anos, no dia de Natal, eu pus o cheiro das vio-letas no meu corpo. Poucas go-tas para não incomodar. E eu sei que nesse dia existia, era gente, era sonho, era promes-sa.

Agora, os meus sobri-nhos espantam-se, dizem que eu cheiro a um perfume anti-go. Bem os vejo a sorrir, tro-cando olhares cúmplices; tal-vez comentem a minha mania de usar o perfume das violetas apenas no dia de Natal. Fin-jo que não vejo nada. Se lhes respondesse, quase tenho a certeza que não tinham paci-ência para me ouvir. E eu po-nho-me a pensar: que ganhas tu, Maria da Luz, por mexeres na poeira que há tanto tempo assentou?

Há tanto tempo que ando a dizer para mim mesma que um dia vou arranjar coragem. Deve ser mais fácil explicar às sobrinhas o que significam para mim estas gostas do fras-co de perfume, que eu guardo há tantos anos e que em bre-ve ficará seco. Muitas vezes eu também me sinto como uma flor murcha, uma erva mirra-da.

Decidi que vou contar este ano. Sabes, Leonardo, isto é tão secreto, tão nosso, que me vai custar abrir a carapaça que eu criei para poder sobre-viver. Mas o frasco está a ficar seco, poucas gotas já restam. Se eu tiver coragem para dei-tar o frasco ao lixo, só ficam as cartas que me escreveste com a tua letra miudinha, tão per-feita, tão azul. Nesse tempo eu recebia duas cartas por sema-na, às vezes eram três. O que é que hei-de fazer a essas car-tas? Queimo-as antes que me

abram a arca onde tenho guar-dado os lençóis que bordei jul-gando que nos íamos deitar neles? Sim, é melhor. Aqueles lençóis eram para a nossa pri-meira noite. E agora ainda lá continuam imaculados. Nunca fui capaz de os usar, nem de os dar, nem de os mostrar.

Os sobrinhos conhecem a tia Maria da Luz, a tia Luzi-nha, uma tia que sorri muito e fala pouco, cordata, simpática, eficiente, boneca de porcelana que não se pode atingir com palavras mais rudes. Não co-nhecem a tia que sofre em se-gredo os calores da menopau-sa. Não conhecem a Luz dos meus olhos, como tu dizias. Nem a paixão que eu julguei que ia acabar no casamento. Por isso bordei com tanto em-penho os lençóis de linho.

Mas tu, Leonardo, eras como as andorinhas que par-tem e voltam, e tornam a par-tir. Antes de ires para França juraste que me vinhas buscar. E acreditei em ti. Partiste dois dias depois de me teres ofere-cido o maldito do perfume. Es-perei tanto por ti, Leonardo. Alimentei-me com as palavras que me mandaste. E dormi com o perfume o ano inteiro.

Disseste que vinhas pas-sar o Natal com os teus e que depois havíamos de tratar da nossa vida. E eu acreditei e pus no corpo o perfume que me tinhas dado antes de par-tir. Mas tu não apareceste. E eu achei que era melhor acre-ditar que estavas doente, que Paris estava longe. Depois deixaste de escrever, deixas-te de escrever Maria, Luz dos meus olhos.

Veio outro Natal, eu pus o perfume das violetas no meu corpo e tu não apareceste. O frasco foi minguando e muitos natais depois de teres partido olhei para o espelho.

Ainda bem que não apare-ceste naquele momento. Não gostava nada que visses uma Maria com uns olhos sem luz. Ainda bem que não apareces-te, Leonardo.

[email protected]

António Mota

diversos / crónica I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

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| Primeiros nevões |

A neve fez a primeira aparição neste inver-no e foi suficiente para perturbar as escolas e os transportes durante a semana finda. Os principais eixos viários que servem o interior transmontano - IP4, A24, A7, N101, N15, N2, etc - estiveram cortados ou condicionados em vários períodos. Consequência da vaga de frio que assolou a Europa, a queda de neve en-cerrou escolas em várias localidades do norte e noutras zonas montanhosas do interior do país na primeira semana de dezembro.

| AE Amarante |A Associação Empresarial de Amarante (AEA) elegeu novos dirigentes para o triénio 2011/13, ato que reconduziu Luís Miguel Ri-beiro na presidência da entidade.

Fazem parte da direção, além de Luís Ribeiro (Qt. Palmazões), Alexandra Matias (AMC, Lda), Paula Freitas (Freitas Ópticas), Pedro Cerquei-ra (CSP - Comércio e Serviços de Publicidade, Lda.) e Pedro Santos (Albino & Santos, Lda.)A Mesa da Assembleia Geral é presidida por José Mendes (em representação da Momel) e integra ainda José Carlos Teixeira (José Carlos Gomes Teixeira, Unipessoal, Lda), Ricardo Tei-xeira (Mobiladora de Padronelo / Rick & Mark) e Manuel Carneiro (Gráfica do Norte).O Conselho Fiscal é formado por António So-ares Ribeiro (A. Soares Ribeiro & Filhos, Lda.), que preside, e ainda José Peixoto (Peixoto & Peixoto, Lda.), José Teixeira (ZETEI, Lda.) e Hél-der Brites (Sobrites).

| Missão Sorriso |A Missão Sorriso, campanha de solidariedade social do Continente, envolve este ano 22 pro-jetos candidatos, oriundos de hospitais pediá-tricos, maternidades ou hospitais com serviço de pediatria e/ou obstetrícia.

O projeto “Melhores cuidados pediátricos para Trás-os-Montes e Alto Douro", do Hospital São Pedro de Vila Real é um dos 22 a concurso.A Missão Sorriso é um projeto que procura con-tribuir para o bem-estar das crianças no am-biente hospitalar. Através da venda de produtos e DVD infantis da Leopoldina nos Hipermercados Continente, a Missão Sorriso angaria verbas que são direta-mente canalizadas para a compra de equipa-mento médico/científico, posteriormente do-ado a unidades pediátricas.A Missão Sorriso nasceu em 2003 como respos-ta às necessidades dos serviços de pediatria e neonatologia de hospitais em zonas de influ-ência das Lojas Continente.

| Leopoldina em Paços |A 13 de dezembro, o Continente do Vale Sousa, em Paços de Ferreira (Ferrara Plaza), vai rece-ber a visita da Leopoldina e um mini-concerto que vai dar a conhecer alguns dos temas do CD da Missão Sorriso 2010. As atuações terão lu-gar das 11h00 às 12h00, das 15h00 às 16h00 e das 19h00 às 20h00. Todas as crianças estão convidadas a participar neste concerto e a co-nhecer a sua heroína favorita.

| Causa Maior no Modelo |

A Causa Maior é uma iniciativa que o Modelo promove desde 2007 cuja missão consiste em combater o isolamento e exclusão social dos seniores ao promover a sua integração plena na sociedade.

Nos últimos três anos foi possível angariar mais de um milhão de euros.Nesta quadra natalícia de 2010, pode ajudar a Causa Maior adquirindo o Livro Popota Show - Ao ritmo de uma estrela. Ao comprar o livro está a contribuir com 1€ para a Causa Maior.

| SOPOLI distinguida |A empresa Sopolimarante – Limpezas Indus-triais, Lda, foi distinguida com o Estatuto PME Excelência 2010, atribuído pelo IAPMEI.Segundo fonte da empresa, o galardão "evi-dencia os melhores desempenhos e indicado-res de gestão, no contexto da estrutura empre-sarial nacional".

| Campeões MCOUTINHO |

Os pilotos da equipa MCoutinho Rallye Team averbaram os dois títulos no campeonato Open de Ralis 2010. Depois de Manuel Coutinho ter conquistado o título de campeão no Rali Casinos de Vilamou-ra, também Manuel Babo logrou conquistar o título de navegadores em Vila Real, última pro-va pontuável para o Open 2010.“Chegámos ao final deste Campeonato com a sensação de dever cumprido", sintetiza o novo campeão Manuel Coutinho.

| Prémios Gazeta |

O presidente da República entregou a 15 de novembro os prémios Gazeta 2009, atribuídos pelo Clube de Jornalistas e patrocinados pela Caixa Geral de Depósitos. Os galardões foram entregues a Miguel Carvalho, da Visão, ven-cedor do Grande Prémio Gazeta, a João Paulo Guerra, vencedor do Prémio Gazeta de Mérito, e ao Repórter do Marão, vencedor do Prémio Imprensa Regional. A cerimónia decorreu na sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa.

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Page 34: Repórter do Marão

repórterdomarão34 dezembro' 10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I crónica|eventos

Eduardo Teixeira Pinto– a poética da imagem

Miguel Sousa Tavares pode ser ou não ser um grande ro-mancista. Mas é, certamente, um grande colunista. Dotado de um estilo incisivo, de uma argu-mentação sólida, de uma prepa-ração consistente, de um pensa-mento claro e de um invejável desassombro, as suas crónicas no Expresso são quase sempre obras-primas que não me dispen-so de ler e saborear. Assim acon-teceu com a do dia 20 de Novem-bro, intitulada “Estou farto dos mercados”.

Como eu o entendo, Miguel!

Permita-me que transcreva só uma parte mínima: «Estou far-to dos mercados, estou farto da constante ameaça dos mercados: os mercados acordaram bem dis-postos mas, depois do almoço, os mercados enervaram-se e subi-ram-nos outra vez as taxas de juro […].» A crónica prossegue neste tom que nos faria sorrir se, hélas!, não nos fizesse antes chorar. Mi-guel Sousa Tavares diz dos mer-cados o que Mafoma não diz do toucinho. Diz afinal o mesmo que eu próprio gostaria de dizer, em-bora de modo mais charro.

Hoje, parece que os senhores mercados voltaram a acordar de rabo para o ar. Os juros voltaram a subir, porque alguma coisa os indispôs. O quê, não sei. De resto, tudo os indispõe. Quando pensá-vamos que, por exemplo, a apro-vação do Orçamento de Estado para 2011 agradaria aos merca-dos, logo levámos em cheio com a resposta: nova subida das taxas de juro.

Eu não sei o que são os mer-cados. Posso imaginar, na minha ignorância, uma espécie de má-fia, constituída por fulanos ricos como porcos cuja única preocu-pação na vida é enriquecer sem-pre mais. Não sei se estou a ser justo para com os mercados, mas a verdade é que os mercados tão-pouco estão a ser justos para co-migo.

E para com quem são eles justos, afinal? Diz-se que o di-nheiro não tem cheiro e eu acres-cento que não tem consciência. Há que fazer dinheiro, money-money-money, seja à custa do que for. Sacralizam-se conceitos

desumanos como produtivida-de a todo o custo e competitivi-dade. Só os melhores progridem e têm acesso ao melhor. Neste quadro, que papel fica reservado a quem, por não ter nascido com as qualidades tão caras aos mer-cados, não tem condições para competir? São cuspidos para a margem, amarfanhados, trucida-dos. E o que acontece a um ho-mem ou uma mulher de 50 anos que perdeu o emprego e tarde ou nunca arranjará outro, porque os mercados o que querem é sangue novo? São cuspidos para a mar-gem, amarfanhados, trucidados, tal como os outros. O que estão os mercados dispostos a fazer por esta gente deserdada? Metê-los num ghetto, talvez, ou numa re-serva. Nunca as sinistras profe-cias do Admirável Mundo Novo, me pareceram tanto ao virar da esquina. Não é, bem entendido, uma sociedade de castas criadas por via da manipulação genética e do condicionamento psicológi-co, como no romance de Huxley, mas por via da duríssima e desu-mana selecção promovida pelos mercados. Que lugar reservam os mercados para os ípsilon e ípsi-lon-menos desta sociedade que está aí a bater-nos à porta?

O Prof. Cavaco Silva, Presi-dente da República, e o Dr. Car-los da Silva Costa, Governador do Banco de Portugal, têm fei-to a pedagogia de que não vale a pena revoltarmo-nos contra os mercados. Não vão os ditos assa-nhar-se ainda mais. Com perdão de suas excelências, eu acho que vale. Não que consigamos, com as nossas iras e recriminações, al-terar o statu quo. Mas que alívio e íntimo conforto não me dá quan-do, todos os dias ao acordar e le-vantar as persianas, mesmo antes de tomar banho, dar este ber-ro justiceiro e a plenos pulmões: Mercados, ide bardamerda!

Eles, claro, não vão. Mas há coisas que não têm preço.

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

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Os MercAdOs

A.M.PIRES CABRAL

MARCO Museu Municipal Carmen Mi-randa. Exposição "Mãos com Arte" - 15:00, 14 dez. Trabalhos elaborados por jovens com deficiência do Distrito do Porto - Cercimarco.Espaço Municipal da Juventude, na Casa do Povo de Fornos, 15 dez, 15:00 - Workshop Reciclagem com Árvores de Natal em papel de revista.

AMARANTE Entrega do Prémio de Po-esia Teixeira de Pascoaes a Armando Silva Car-valho, 11 dez, 15:00, Biblioteca Municipal Albano Sardoeira.

BAIÃO Exposição/venda de Sílvia Soares no hotel Douro Palace. Até 15/01. A pintora mar-cuense apresenta uma coleção de óleos sobre tela.

PENAFIEL Auditório da Biblioteca Mu-nicipal de Penafiel; filme de animação "A Bela e o Monstro - O Natal Encantado", em versão portu-guesa, 15 dez, 14:30.

PAÇOS DE FERREIRA V Semana Gastronómica do Capão à Freamunde. Até 13 de dezembro. Participam oito restaurantes. A feira decorre dia 13 dezembro no centro de Freamunde.

LAMEGO Chez Lucien [França], Teatro Ribeiro Conceição. Musical,18 de dez., 21h30, 7,5 a 36 euros. Comédia musical com 12 bailarinos e comediantes. Sketches de dança, música e teatro.

VILA REAL Concerto de Natal, no Con-servatório Regional de Música, 10 dezembro, 21:30. Grande auditório do teatro. Entrada livre. 18 dez as 22:00, no pequeno auditório, preco de 7 euros, projeto musical que cativa miúdos e graú-dos - "Cantarolando"; Vera Trio, no Café Concerto, entrada gratuita, M12, 23 dez, 23:00, música pop, rock, acústico;

BRAGANÇA Mundo Perfeito, 11 dezem-bro, 21:30. Texto e encenação de Tiago Rodrigues. 5 euros; Concerto de Natal. Banda Filarmónica de Izeda, sábado 18, 15:00, 2 euros; Exposição de re-tratos e auto retratos de Graça Morais no centro de arte contemporânea patente até 23 de janeiro.

O lançamento do livro Eduardo Teixeira Pinto - a poética da imagem terá lugar a 18 de dezembro, 16:00, na Casa da Calçada, Amarante.

A edição, com o patrocínio do Grupo Mota Engil, integra cerca 230 fotografias representa-tivas do espólio do fotógrafo amarantino falecido em 2009. As fotografias foram agrupadas por te-máticas: O Rio, A Nossa Terra, A Nossa Gente, as Festas e Outros Olhares.

O artista plástico e jornalista Agostinho Santos expõe em Paços de Ferreira 21 obras em tela e madeira. Os trabalhos vão estar expostos até 14 de janeiro no Museu Arqueológico de San-fins e na antiga Igreja Paroquial desta freguesia do concelho de Paços de Ferreira.

Os trabalhos foram realizados entre 2007 e 2010 e são utilizados vários materiais, nomeada-mente tela, gesso, ferro e acrílico.

Armando Coelho, docente na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e diretor do Museu Arqueológico de Sanfins, é o comissário desta exposição organizada pelo pelouro da Cul-tura da Câmara de Paços de Ferreira.

Agostinho Santos expõeno Museu de Sanfins

O Museu do Douro mostra a partir de 11 de dezembro uma exposição da autoria de Benedita Kendall. A mostra estará patente ao público até ao dia 6 de fevereiro de 2011.

Benedita Kendallno Museu do Douro

Coro Infantil do CPO - 22 dez, 19:30, Sala Su-ggia, 7,5 euros. As canções de Natal mais célebres. O Coro Infantil do Círculo Portuense de Ópera canta o Natal num concerto ideal para famílias.

Canções de Natalna Casa da Música

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35dezembro’10

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O OLHARDE...

Eduardo Pinto

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