Repórter do Marão

24
PASSOS COELHO ENFRENTA UM FARDO PESADO repór ter do marão Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste JUNHO ’ 11 Nº 1252 | junho '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Tiragem: 28.000 CRISE NO IMOBILIÁRIO PROVOCA ACENTUADA QUEBRA DE RECEITAS NAS CÂMARAS FUNDAÇÃO DE BAÍA VAI CONSTRUIR UM LAR PARA ACOLHER CRIANÇAS E JOVENS Cidade de Bragança tem quase tantas casas como habitantes Reduções no Urbanismo menos acentuadas no Vale do Sousa SEM TEMPO PARA COMEMORAR A VITÓRIA SOBRE SÓCRATES

description

Revista Mensal de Informação. A maior tiragem dos meios regionais 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança

Transcript of Repórter do Marão

Passos Coelho enfrenta um fardo Pesadore

pórte

rdom

arão

Pré

mio

GA

ZETA

do T

âmeg

a e

Sous

a ao

Nor

dest

e

JU

NH

O ’

11

Nº 12

52 | ju

nho '1

1 | An

o 28 |

Mens

al | A

ssina

tura

Nac. 4

0€ | D

iretor

: Jorge

Sous

a |

Ediçã

o: Tâ

mega

press

| Red

ação

: Marc

o de C

anav

eses |

910 5

36 92

8 | Ti

ragem

: 28.0

00 CRISE NO

IMOBILIÁRIOPROVOCAACENTUADAQUEBRADE RECEITASNAS CÂMARAS

fundação de BaÍa VaI ConstruIr um lar Para aColher CrIanças e joVens

Cidade de Bragança tem quase tantas casas como habitantesreduções no urbanismo menos acentuadas no Vale do sousa

sem temPo Para Comemorar a VItórIa soBre sóCrates

Bragança tem mais de mil fogos vaziosIMOBILIÁRIO EM CRISE | Reconstrução nas aldeias em vez de apartamentos nas cidades

As estatísticas dizem que o concelho de Bragan-ça tem uma casa para quase cada habitante, com 25 500 alojamentos para pouco mais de 34 mil pes-soas, o que dá uma média de um fogo por 1, 3 habi-tantes. São números de 2009 do Instituto Nacional de Estatística (INE) que não deixam descortinar o nú-mero concreto de casas vazias e de que forma afe-tam a cidade aumentada no “boom” da construção, alimentado por um êxodo rural que aparentemen-te está a inverter-se e a garantir algum movimento económico a um setor “encravado”.

Os dados dos Censos 2011 ainda não são conhecidos, mas o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, está conven-cido de que vão dar conta de uma nova realidade: o crescimen-to das freguesias em volta da cidade.

O autarca ainda não consegue dizer se será indicador de es-vaziamento da cidade, mas os números do próprio município são reveladores do fenómeno: a construção em altura na cida-de está parada, a reabilitação tem cada vez mais peso nos licen-ciamentos camarários e de forma mais significativa nas aldeias.

Jorge Nunes entende que “as pessoas estão a valorizar o seu património em vez de estarem a construir de novo”, aproveitan-do terrenos ou casas de família para recuperar no meio rural.

Mas reconhece também que as consequências da crise no imobiliário são evidentes no “decréscimo inquestionável, desde 2008, das licenças de construção e edificação nova”.

No pico da construção, em 2001, a Câmara de Bragança li-cenciou mais de 800 novos fogos, um número que caiu drastica-mente para 120, em 2009.

Mil fogos disponíveis já em 2007A linha de indicadores do setor mostra a descida a partir de

2007, ano em que havia já na cidade de Bragança mil fogos no-vos disponíveis, segundo dados da Divisão de Urbanismo da Câ-mara Municipal.

Nos dois anos seguintes foram licenciados mais 253.Em 2007, 92 por cento dos 218 edifícios licenciados corres-

pondiam a construção em altura que caiu para 93, em 2010.As quebras refletem-se em todas as ações da Divisão de Ur-

banismo que tiveram um decréscimo, no mesmo período, de

1406 para 739.Afetados pela crise do setor foram também os cofres muni-

cipais com as receitas a caírem para metade, de um milhão de euros em 2007 para cerca de meio milhão nos anos seguintes.

A cidade concentra a maioria da população residente do concelho, com mais de 20 mil habitantes, e tem ganho popula-ção de acordo com os Censos de há dez anos, mas longe do rit-mo do crescimento da construção.

Em 1991, o concelho tinha 33 mil habitantes e 16 mil alo-jamentos.

Uma década depois, os Censos contabilizaram mais de 21 700 alojamentos, um aumento de quase 5700, enquanto que contabilizaram mais 1600 pessoas, com a população a crescer para menos de 34700.

Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatísti-ca dizem respeito a 2009 e revelam um decréscimo da popula-ção, para cerca de 34 300, e um aumento dos alojamentos para 25 500.

Desde os Censos de 2001, foram licenciados 2664 novos fo-gos no concelho de Bragança, mas com a crise do imobiliário, há uma nova tendência que se tem acentuado: a pouca construção que persiste virou-se para a área rural.

Desde 2007 que a maioria da habitação nova é nas aldeias em volta de Bragança, com 67 licenciamentos rurais contra 26 na cidade, em 2010.

A reconstrução de habitação disparou também, em 2010, com 74 licenças.

Fuga para as aldeias?Para o presidente da Câmara de Bragança trata-se, em al-

guns casos, de “uma segunda habitação” e Jorge Nunes não en-contra relação entre “a fuga” para a aldeia e apartamentos que eventualmente os empreiteiros não conseguiram transacionar com as placas “vende-se” que proliferam em muitos dos prédios da nova vaga na cidade.

Na opinião do autarca, são casos de particulares que ten-tam, apesar da estagnação do mercado, desfazer-se dos imóveis mesmo antes de estarem numa situação “aflitiva” ou de incum-primento com a banca.

O autarca social democrata defende que o setor da constru-ção “está numa situação de encravamento por falta de financia-mento quer a empresários, quer a particulares”.

Nunes acredita na retoma do setor “logo que se altere a situação financeira do país e afirma que “a cidade vai conti-

Helena Fidalgo | [email protected] | Foto Manuel Teles

Alguns recortam-se no céu como uma promessa de “casa dos sonhos”. Outros têm os pilares à mostra e dificilmente se verão com as paredes feitas. A crise instalou-se também em Vila Real, desde a construção até às agências imobiliárias.

Atualmente, a procura para aquisição de habitação pró-pria é preterida ao interesse pelo aluguer. “Neste último caso, a oferta não satisfaz a procura. Algumas casas não estão ha-bitadas porque, devido ao valor excessivo que alguns pro-prietários solicitam, temos alguma dificuldade em alugar”, revela Luciano Mourão, empresário e assessor imobiliário.

A atual conjuntura económica decretou uma perda do po-der de compra e uma maior reticência, por parte das institui-ções bancárias, na concessão de crédito. “Tem-se verificado um aumento da oferta e da procura para arrendamento e não para compra de habitação própria. E vê-se bem pelos muitos anún-

cios nas janelas para arrendar”, confirma o vereador do urba-nismo da Câmara Municipal de Vila Real, Miguel Esteves. A isso junta-se ainda o facto de Vila Real ter um potencial para arren-damento decorrente dos fluxos populacionais gerados pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Para Luciano Mourão, a quebra na procura deve-se “essen-cialmente ao facto dos bancos nacionais serem os que, no úl-timo ano, mais subiram os spreads, as comissões e os seguros face à média da banca europeia”.

“Esta situação faz com que as pessoas não arrisquem na compra de casa própria, nomeadamente na sua construção. Penso que essa área é a que mais sofrerá, pois a carteira de en-comendas não tem parado de baixar”, adverte.

Um loteamento na Quinta das Hortas, dois prédios na Quinta do Entroncamento e um outro na Urbanização Quinta de Santo António são alguns dos exemplos em que as obras fi-

caram em stand-bye. “Notámos que há ali paragem de obras e estamos a avançar com processos de notificação para vedação dos empreendimentos”, referiu o vereador.

A falta de investimentos imobiliários é comprovada pela redução de pedidos de licenciamento para novos loteamentos urbanos, o que já não se aplica ao licenciamento de habitações unifamiliares. “Antes, a procura de casas para compra era um hábito constante, havendo até famílias que, por vezes, faziam mais do que uma aquisição num ano. Hoje em dia, isso não se verifica”, afirma o assessor imobiliário.

Embora se desconheçam os números, algumas agências já encerraram portas, em virtude da quebra de vendas. Com mais de uma década de experiência no ramo da mediação imobili-ária, Luciano Mourão considera “que, atendendo ao crescente número de agentes e empresas num mercado limitado como o regional, seria um desfecho mais ou menos previsível”. “Não

VILA REAL | Procura de casas para arrendar excede largamente a oferta

Bragança tem mais de mil fogos vaziosIMOBILIÁRIO EM CRISE | Reconstrução nas aldeias em vez de apartamentos nas cidades

nuar a crescer”.“Isso vai acontecer logo que as condições da economia sejam di-

ferentes das atuais”, afirmou, garantindo que “não acabou a aposta nos prédios”.

Segundo disse ao RM, “a câmara tem aprovadas novas urbaniza-ções, com a maior parte dos fogos em lotes em altura, mas também moradias”.

“E o município continua a dispor de lotes para edifícios”, acres-centou.

A tese do presidente da câmara é de que “a cidade cresceu, mas não corresponde a uma situação de desequilíbrio acentuado entre a oferta e a procura”.

“Houve falências, mas as empresas mantêm alguma atividade mais ao nível da construção de moradias e reabilitação. Falta é dinhei-ro”, considerou.

Para Jorge Nunes, a crise não “apanhou os construtores de Bra-gança desprevenidos e não foram surpreendidos com apartamentos em excesso por vender”.

“O excedente aqui não é diferente do resto do país. Os empre-sários do setor foram inteligentes porque não puseram os ovos to-dos no mesmo cesto, não construíram só em Bragança, mas também no Algarve, no Porto”, disse, considerando que “agiram de uma for-ma controlada”.

Para estimular e propiciar que os “pequenos” continuem a tra-balhar, a Câmara de Bragança tem disponibilizado, e vai continuar a fazê-lo, terrenos a preços mais baixos “para reduzir a especulação e dar oportunidade aos pequenos e médios empresários que não dis-põem de dinheiro significativo, mas têm alguma reserva, de fazer in-vestimentos mais baixos”.

Câmara quer ajustar preço dos terrenos“É essencial para que as empresas se mantenham no mercado de

trabalho e mantenham postos de trabalho”, sustentou.Segundo disse, em julho, o município vai colocar à venda em has-

ta pública lotes de terrenos a preços mais baixos “com o propósito de provocar um efeito regularizador do preço e ajudar a manter a ativi-dade”.

É que, enquanto os efeitos da crise são evidentes na desvaloriza-ção do preço dos apartamentos, o custo das moradias uni familiares e dos terrenos para construção na cidade de Bragança não baixaram e tornaram-se inacessíveis com os condicionalismos do crédito à habi-tação e desajustados da realidade atual do mercado.

“O município pode ajudar a fazer esse ajustamento para baixo”, considerou.

Um economista do Instituto Superior de Economia e Gestão

(ISEG) afirma que existe em Portugal uma “bolha imobiliária” com um valor superior ao resgate acordado com a troika, que estima em 90 mil milhões de euros.

“Na economia portuguesa existe uma bolha imobiliária que é tão importante como a de Espanha”, compara Jorge Landeiro de Vaz, acrescentando que, em Portugal “se esquece e procura ne-gar a existência da bolha, o que é grave, porque não permite que o problema seja atacado”.

A “bolha” existe, justifica, porque há 300 mil casas novas (165 mil em Lisboa) que “nem sequer entram no mercado e onde es-tão recursos imobilizados na ordem mínima dos 90 mil milhões de euros”, um valor superior ao resgate de Portugal (78 mil mi-lhões de euros). Para o economista do ISEG, “isto é um cancro” que é preciso “reconhecer” para depois “atacar”.

“Devem ser organizados mecanismos de mercado para que essas casas desçam de preço e cheguem ao mercado e a política fiscal tem de ter isso em atenção”, argumenta.

“Não se pode continuar a tributar o IMI [imposto municipal sobre imóveis] de uma forma confiscatória: não faz sentido [im-plementar] estas políticas que agora pretendem aumentar o IMI. Isso irá contra a colocação desse parque habitacional no merca-do”, alerta o economista, defendendo “a liberalização das rendas pelo menos durante um determinado período”.

Construtoras em insolvênciaMais de 1.100 construtoras entraram em processo de insol-

vência nos últimos 15 meses, devido à quebra na procura no mer-cado da construção de edifícios, indica um estudo recente.

A Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS) diz que “970 construtoras terão sido objeto de processo de insolvência durante o ano de 2010, o que traduz um aumento de 26 por cento face ao ano anterior”.

A este valor somam-se 152 novos casos de insolvência verifi-cados nos primeiros três meses de ano, o que totaliza 1 122 pro-cessos nos últimos 15 meses.

A quebra na procura, nomeadamente no mercado da cons-trução de edifícios, “foi a principal responsável pelo crescimento do número de insolvências”, segundo a associação.

MCOUTINHO DOURO

4630-276 Marco de Canaveses

Tel.: 255 539 018 - Fax: 255 539 015

E-mail: [email protected]

www.mcoutinho.pt

Av Futebol Clube do Porto, 411

Preços Chave na Mão com despesas de transporte, legalização e IVA incluídos. Não

incluem pintura metalizada ou outros opcionais disponíveis. Gama Cee’d consumos

combinados: de 4,2 a 5,8 L/100Kms; Emissões CO2: de 103 Gr a 135 Gr.

MCOUTINHODOUROBolha imobiliária é superior

ao montante do resgate?

obstante a retração económica vigente, o setor da mediação em Vila Real já não vive os tempos áureos de há uma década, um cenário que levou a que se criasse um clima de saudável confiança, conduzindo a elevados níveis de investimento público e privado”, sublinha.

As falências e as dificuldades das agências justificam-se ainda pela concorrência desleal, já que “muitas pessoas trabalham clandestina-mente”. “As imobiliárias perdem negócios, porque muitos proprietá-rios ainda preferem trabalhar com os ‘intermediários’, que cobram me-nos comissões, correndo o risco de serem burlados. E eles não têm qualquer receio de fazer o trabalho de forma ilegal porque sabem que não tem havido a devida fiscalização”, explica.

Habitação social como paliativoO assessor da ImoVenda revela ainda que cerca de 40% das casas

desabitadas estão degradadas, sobretudo na zona histórica. Previsivel-mente, são esses imóveis que demoram mais tempo a vender. “Alguns

levam quatro e cinco anos (ou por vezes mais) para serem vendidos, porque apesar de terem muita procura, são muito caros e necessitam de muitas obras de restauro.”

No final de maio, a autarquia vila-realense anunciou a aquisição e reabilitação de 32 casas devolutas até 2013. “A intervenção direta do Município prende-se com a habitação social e a diminuição das taxas para quem queira fazer reabilitação no centro histórico”, salienta o ve-reador do urbanismo.

Com um investimento global de dois milhões de euros, a requa-lificação dessas habitações ajudará a travar a desertificação do cen-tro da cidade e representará uma oportunidade para combater a crise no setor imobiliário. “Fazendo pequenas obras, estamos a pri-vilegiar os empresários locais e não as grandes empresas de cons-trução civil. Acaba por ser um incentivo à dinamização da economia local”, refere o administrador executivo da empresa municipal “Vila Real Social”, Armando Vieira. Patrícia Posse

VILA REAL | Procura de casas para arrendar excede largamente a oferta

Leilões dos bancos é 'concorrência desleal'IMOBILIÁRIO EM CRISE | Imobiliárias sem clientes no Vale do Sousa

A crise fustiga as imobiliárias do Vale do Sousa. As dificuldades financeiras da população desta sub-região têm afetado diretamente as agências, que sentem sobretudo uma quebra na venda de terrenos e habitações e um aumento na procura de espaços para alugar. Para este facto contribui a dificuldade na aprovação do crédito à habitação e os juros a ele associados, que têm aumentado significativamente, mas também o facto de as entidades bancárias ven-derem as habitações penhoradas por incumprimento das prestações a preços muito mais bai-xos do que os praticados no mercado, criando uma espécie de "concorrência desleal".

Segundo Tiago Moreira, responsável da Imobiliária Euromais, “o cenário é muito mau". "Esta-mos basicamente a fazer arrendamentos porque as pessoas não têm dinheiro para adquirir imó-veis e os bancos também não estão a conceder empréstimos”.

O arrendamento representa a maior parcela de negócio da imobiliária que Tiago Moreira gere, havendo uma lista de espera para alugar casa. “A maior procura é de apartamentos T2 e T3 e não há nada para arrendar”, frisou.

Esta tendência tem-se sentido particularmente este ano na Imobiliária Euromais, que traba-lha com toda a área do Vale do Sousa. Nos anos de 2009 e 2010, as vendas e os arrendamentos eram equilibrados, mas desde o início do ano de 2011 essa tendência alterou-se e as vendas pas-saram para segundo plano, levando mesmo os proprietários a aceitar arrendar espaços que ti-nham programado vender.

“Até 2010 conseguíamos vender, mas este ano está mais difícil e muitos dos nossos clientes que têm espaços para vender, acabam por alugá-los pois as pessoas não têm dinheiro para adqui-rir casa”. A esta dificuldade está associado o facto de os bancos terem começado a conceder me-nos créditos à habitação, mas também os juros cobrados estarem há meses a subir.

Uma outra questão que preocupa este gestor e que acaba por criar dificuldades no seu negó-cio é o facto das habitações penhoradas pelos bancos serem posteriormente vendidas a preços baixos. “Cada vez começamos a ter mais dificuldades para vender uma casa ou um apartamen-to porque os bancos têm diversos espaços penhorados por falta de pagamento das prestações e vendem-nos a preços muito mais baixos do que aqueles que nós praticamos”, adiantou.

A forma como os bancos gerem esta questão é criticada por Tiago Moreira: "Os bancos de-viam pensar duas vezes antes de executarem os clientes e o Estado devia criar uma nova lei de apoio nesses casos, para que as pessoas não perdessem tão rapidamente a sua casa”.

Na Valor Habitar, localizada em Lousada e a trabalhar no mercado local e também em Paredes e Penafiel, a tendência é a mesma, verificando-se uma maior procura dos arrendamentos.

As compras, segundo Manuela Sousa, “caíram cerca de 80 por cento”. A escassez da oferta para arrendar tem representado uma dificuldade nesta agência nos últi-

mos dois anos, que tem muita procura de apartamentos de tipo T1 e T2 e muito poucas respostas para dar já que o que existe está ocupado e nada de novo se tem construído.

Os financiamentos não ajudam e “a vida das imobiliárias começa a estar comprometida, pois o mercado está muito parado e o mercado bancário dificulta os processos", frisou Manuela Sousa.

Sem conseguir definir o perfil dos seus clientes, Manuela Sousa afirma que “cada caso é um caso” mas no que toca a negócios, a situação financeira de cada um é que define o desfecho de cada história. “No caso das vendas, há muitos que vendem a preço inferior porque necessitam de dinheiro e há outros que não precisando do dinheiro, vão aguardando até que apareça alguém que pague o justo valor pelo espaço”, conclui.

O arrendamento continuará a ser a aposta principal na Valor Habitar, mas se não forem cons-truídos novos edifícios começará a ser difícil dar resposta aos pedidos existentes.

Mónica Ferreira | [email protected] | Foto P.P.

Os pedidos de licenciamento em Lousada não têm sofrido quebras e deverão chegar este ano aos núme-ros registados nos últimos dois (2009 e 2010). Em 2009 deram entrada no Departamento de Urbanismo da autarquia lousadense 817 processos; no ano seguinte, foram pedidos 820 licenciamentos. Até Maio de 2011, deram já entrada nos serviços 317 processos, 203 dos quais se referem a obras de construção, reconstrução ou ampliação.

Pedro Machado, vereador com o pelouro do Ur-banismo, refere "que até 2002 houve uma pujança na construção de edifícios para habitação, verificando-se uma quebra enorme em 2003", devido ao fim do regi-me bonificado.

No concelho de Lousada, porém, "o número de fo-gos tem subido todos os anos de um modo muito ex-pressivo, factor a que não será alheio o constante au-mento da população residente”. Lousada é o concelho do Vale do Sousa e Tâmega com a maior taxa de cres-cimento efetivo da população residente.

Pedro Machado receia que esta estagnação no mercado da construção leve a uma vaga de emigra-ção de trabalhadores da construção civil.

“Lousada não tem uma dependência tão grande das receitas do imobiliário, conforme se verifica em muitos concelhos e as taxas praticadas nas operações urbanísticas são muito acessíveis”, acrescenta ainda o vereador e vice-presidente daquela autarquia.

Em Paredes, os pedidos de licenciamento têm-se mantido regulares, tendo a autarquia licenciado em média nos últimos três anos 450 projectos. “A tendên-cia é para manter em 2011”, referiu o vereador do Ur-banismo, Manuel Fernando Rocha. O autarca admite que existiu uma pequena redução nos anos de 2009 e 2010.

O vereador afirma que Paredes acompanha a ten-dência económica nacional. “Vivemos em época de re-cessão e os pedidos de licenciamento têm diminuído ao longo dos últimos anos”, afirmou Fernando Rocha, que sublinha o facto de a Câmara Municipal se empe-nhar em rentabilizar o que há de melhor no concelho.

"A Agência Municipal de Investimento tem traba-lhado no sentido de atrair investimento privado, crian-do riqueza e postos de trabalho", declarou.

O vereador concorda que a redução nos licencia-mentos afecta diretamente as receitas municipais e não deixa a autarquia “indiferente”. Para fazer face a esta diminuição, esta fonte da autarquia afirma que se têm preocupado em tornar o concelho atrativo e em criar incentivos fiscais para atrair investimento.

“Veja-se o caso da isenção do IMI e o pagamento do valor simbólico de 1,00€ no licenciamento de in-dústrias em terrenos classificados para esse fim. Com estas medidas conseguimos atrair mais e melhor in-vestimento”, rematou o vereador de Paredes.

O ano de 2011 não será muito diferente, em Pe-nafiel, dos últimos dois anos, em termos de quantida-de de projetos licenciados. Em 2009, foram licenciados 462 projetos, em 2010, 448 e até ao início de junho já tinha sido pedidos 200 licenciamentos, prevendo-se que o ano acabe sem que se verifique uma quebra sig-nificativa nos pedidos.

Segundo o vereador do pelouro do Urbanismo, Adolfo Amílcar, “os pedidos de licenciamento das ha-bitações coletivas nas freguesias sofreram alguma quebra mas verificou-se um aumento nos pedidos de licenciamento das habitações próprias”.

“Pretendemos que nas freguesias se preserve a ru-ralidade e que não se construam edifícios em altura”, afirmou Adolfo Amílcar.

Também em Penafiel a diminuição dos licencia-mentos reflete-se nas receitas municipais. “Caiu a re-ceita dos impostos municipais, nomeadamente do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), mas essa quebra não é muito significativa”, referiu o vereador.

A autarquia tem levado a cabo uma pesquisa, em parceria com as Finanças, que visa a identificação de todas as habitações que não possuem licença de utili-zação. “Com esta medida pretendemos que as pessoas comuniquem e licenciem as habitações para que pos-sam ter as mesmas legalizadas e para que possamos ter um retrato mais correto do espaço habitacional do concelho”, declarou.

Mercado estável em Lousada

Paredes compequena redução

Unifamiliar cresce em Penafiel

O impacto da crise no imobiliário na região do Baixo Tâmega traduz-se no fe-cho de dezenas e dezenas de empresas ligadas ao ramo da construção (que ar-rastou a perda de milhares de postos de trabalho), em particular no Marco de Ca-naveses, onde a Associação Empresarial do concelho estima que cerca de 70 por cento das empresas locais desaparece-ram nos últimos três anos.

A nível das autarquias, uma consulta aos dados de orçamento publicados des-de 2008 apontam para uma estabiliza-ção nas verbas arrecadadas através do Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI) mas a reduções significativas do Impos-to Municipal Sobre Transações Onerosas (IMT), fruto da ausência de novas cons-truções e respetivas escrituras.

O dinheiro proveniente destes impos-tos pesa cada vez mais nas contas das autar-quias, a braços com reduções sucessivas das transferências do orçamento de Estado.

"Estes impostos representam a receita mais importante dos recursos próprios da autarquia", sublinhou o presidente da Câma-ra Municipal de Amarante, Armindo Abreu, que relembra haver um desequilíbrio "muito grande" entre os impostos aplicados a imó-veis antigos e novos.

Neste município, e segundo dados for-necidos pela autarquia, as receitas arreca-dadas através do Imposto Municipal so-bre Imóveis (IMI) durante 2010 resultaram numa verba de 2.743.858,41 euros, uma li-geira subida registada contra o total de 2009 (2.562.739,19 euros) e uma descida relativa a 2008 (2.922.082,77 euros).

Receita do IMT caiuum milhão em Amarante

Por seu lado, o IMT tem registado uma queda bastante acentuada ao longo do mes-mo período de tempo: a receita arrecadada através deste imposto passou de 1.905.984,46 euros em 2008 para 1.079.660,46 euros em 2010, um situação que se repete noutros mu-nicípios da região.

Resta agora saber como é que vão ser aplicadas as reformas neste setor propostas

no memorando do acordo de estabilização financeira, assinado com a troika, e em que medida afetam o orçamento dos municípios.

Em traços largos, prevê-se um aumento "significativo" do IMI a partir de 2012, através da atualização do valor patrimonial tributário para montantes próximos do valor de merca-do e a redução das isenções deste imposto previsto na atual lei.

Entre as autarquias, cresce alguma preo-cupação sobre estas medidas, onde se acre-dita que as verbas adicionais previstas pelo aumento das taxas poderão acabar nos co-fres do Estado e não nos dos municípios.

"Ao princípio estava convencido que iria haver um aumento do IMI cuja receita rever-teria na totalidade para as câmaras mas pelo que percebo agora o incremento poderá aca-bar nos cofres do Estado”, advertiu Armindo Abreu.

As várias medidas propostas para o setor visam principalmente desincentivar a com-pra de habitação própria face aos elevados valores da dívida privada nacional.

As outras duas autarquias do Baixo Tâ-mega (Baião e Marco de Canaveses) não res-ponderam em tempo útil à questão da dimi-nuição de receitas solicitada pelo RM.

Arrendamentosubstituirá aquisição

"Os bancos hoje dizem simplesmente "nim" à maioria dos pedidos de crédito à ha-bitação", adverte Vítor Costa, da imobiliária Princesa do Tâmega.

“Cerca de noventa por cento das vendas são feitas com recurso ao crédito da habita-ção. Desde que a crise se abateu na área fi-nanceira, deixaram de financiar o total do valor da casa e quando financiam são com taxas muito altas. A maioria dos comprado-res desiste", explicou o agente imobiliário.

A operar na região do Baixo Tâmega há quase três décadas, a empresa, uma das mais antigas na região, regista quebras supe-riores a 50 por cento "e mais" nas vendas de imobiliário que, até recentemente, assentava no crédito fácil.

"As pessoas continuam a sonhar em comprar casa mas da maneira que está o mercado só se deparam com desincentivos

atrás de desincentivos. E quem tem casa e quer vender, não consegue", sublinhou.

Reduzir ao máximo nas despesas e apostar na diversificação de produtos são dois dos vetores pelos quais esta pequena empresa familiar se orienta num mercado onde opera "um número excessivo" de imo-biliárias.

Ainda há "nichos" na área, em particu-lar nos produtos para investidores e nas pro-priedades rústicas, que ainda movimentam um pouco o mercado imobiliário local.

O arrendamento é outra vertente em

que o mercado pode vir a ter alguma vitali-dade no futuro e que a Princesa do Tâmega já explora, há alguns anos.

"Temos atualmente 300 clientes de ar-rendamento em carteira, não porque fomos à procura do mercado mas porque veio ter connosco ao longo dos anos. Contudo, para se considerar este como um produto viá-vel, há que mudar de novo as regras, por-que existe um desequilíbrio entre os deveres e direitos de inquilino e senhorio que bene-ficia, em particular, o inquilino incumpridor", concluiu Vítor Costa.

Quebra de receitas assusta as câmarasIMOBILIÁRIO EM CRISE | Tâmega sofre desemprego na construção

LicenciaturasAnimação Sócio-CulturalEducação Básica (Educação de Infância + Formação de Professores)Educação Física e Desporto*Educação MusicalEducação Visual e TecnológicaInglês e EspanholTurismo e Termalismo*

Modelo B-Learning de FormaçãoBolsas de Estudo do MCTESAcesso a Maiores de 23 anos

* Aguarda Acreditação pela A3ES

MestradosHabilitação Profissional para a DocênciaEducação Pré-EscolarEnsino do 1º Ciclo do Ensino BásicoEducação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino BásicoEnsino do 1º e do 2º Ciclo do Ensino Básico

Educação Especial (Domínio Cognitivo e Motor)Gestão e Administração EscolarSupervisão Pedagógica e Formação de Formadores*

Camp

anha

válid

a até

30 de

Julho

apen

as pa

ra lic

encia

turas

. Não

acum

uláve

l com

outro

s prot

ocolo

s.

7% DE DESCONTO NA TUA PROPINA MENSAL

O ISCE preocupa-se com o teu futuro. Dá-te a oportunidade de ingressares na tua Licenciatura com, provavelmente, a Propina mais baixa do Ensino Superior Privado.

CAMPANHA SOCIAL ISCE *

7% de desconto na propina mensal Isenção de pagamento de candidatura para funcionários públicos Horários flexíveis e adaptados para trabalhadores estudantes Aulas presenciais: 3 dias por semana

Paulo Alexandre Teixeira | [email protected] | Fotos P.A.T.

A vitória eleitoral de Pedro Passos Coelho sem maio-ria absoluta obriga o PSD a negociar com o CDS-PP, "um pesado fardo de responsabilidades", mas a "mudança forte" no cenário político foi exigida pelos eleitores, se-gundo as análises dos politólogos.

Para o docente Viriato Soromenho Marques, em 37 anos de democracia "mais nenhum líder partidário as-segurou uma vitória que é, ao mesmo tempo, um pe-sado fardo" de responsabilidades. "Não haverá tempo para celebrações", advertiu o professor de Filosofia So-cial e Política e de História das Ideias na Europa Contem-porânea da Faculdade de Letras de Lisboa. "A ausência de maioria absoluta obriga Passos a entender-se com Portas. Será um debate onde ambos terão de demons-trar que estão acima das suas respetivas clientelas, esco-lhendo para o governo os melhores e mais competen-tes, não os militantes mais antigos e fiéis", disse.

Para Viriato Soromenho Marques há, também, ou-tras questões que ficaram por esclarecer na campanha eleitoral do líder do PSD e futuro primeiro-ministro de Portugal. “No discurso de Passos Coelho, por várias ve-zes se falou na necessidade de reconquistar a confiança dos mercados. Fica no ar a dúvida se o próximo primei-ro-ministro já percebeu, ou não, que a crise das dívidas soberanas não pode ser resumida a uma narrativa mo-ral, como tem sido comum nos discursos da senhora Merkel, que ainda há pouco tempo se queixava de os portugueses trabalharem menos horas do que os ale-mães (o que é falso)”, disse.

Para André Azevedo Alves, professor de Ciência Po-lítica na Universidade de Aveiro, o eleitorado exigiu um mandato governamental que traga uma "mudança for-te" ao cenário político português, "punindo fortemen-te" o PS através de fuga de votos para o PSD ou por via da abstenção. "Mais do que um grande resultado do PSD", o eleitorado quis um "afastamento do PS das de-cisões de um próximo governo", acredita o politólogo.

O novo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, não vai ter tempo para comemorar a vitória nas eleições, dado a proximidade da avaliação que a 'troika' vai fa-zer às medidas que têm de ser implementadas até final de julho.

Quando entrar em funções, previsivelmente ainda este mês, o novo Governo terá pouco tempo para ter-minar uma série de exigências que a ‘troika’ vai avaliar, e cujo crivo Portugal terá de passar para receber a segun-da tranche do empréstimo.

Até ao final de julho, o Governo terá de desenvolver uma proposta (a incluir no próximo Orçamento) para

alterar o sistema fiscal de forma a reduzir os custos de trabalho e promover a competitividade, mas com um impacto neutro em termos orçamentais, através da po-lémica "redução significativa" da Taxa Social Única.

O Executivo terá ainda de encontrar um comprador para o BPN (“o mais tardar”, diz o acordo), tendo de en-

tregar antes disso um novo plano a Bruxelas para apro-vação.

Portugal tem também de realizar um extenso in-ventário sobre as despesas fiscais, por tipo de imposto e com uma estimativa dos custos das medidas de política associadas, tudo até final do próximo mês.

No que diz respeito às empresas do Estado, sob a tutela da administração central, terá de realizar uma avaliação extensa sobre a estrutura tarifária destas em-presas, para reduzir o seu nível de subsidiação, rever o plano de corte de custos operacionais em 15 por cento, propondo cortes específicos ajustados a cada empresa, e aplicar tetos de dívida trimestrais às empresas a partir de 2012, tudo até ao final de julho.

O acordo assinado a 17 de maio compromete o Go-verno a apresentar até ao final de julho legislação sobre a aplicação do acordo tripartido com os parceiros so-ciais, contemplando a redução das indemnizações por rescisão nos novos contratos sem termo de 30 para 10 dias por ano de trabalho (com mais dez a serem pagos pelo fundo financiado pelos empregadores), com um li-mite máximo de 12 meses e a eliminação do pagamen-to mínimo de três meses.

Nos contratos a prazo, a legislação a propor tem de reduzir as indemnizações a pagar de 36 para 10 dias nos contratos até seis meses e de 24 para 10 dias nos mais longos, também aqui compensados com mais dez dias do fundo a constituir pelos empregadores, sendo este fundo a terceira exigência.

O Governo terá ainda de apresentar um plano para a eliminação gradual das tarifas reguladas na eletricida-de, assim como um calendário e os critérios para libe-ralizar os restantes setores do mercado da eletricidade.

Até ao final de junho, o Executivo terá ainda de transcrever as novas diretivas europeias no setor da energia e nas telecomunicações, que promovem uma maior independência dos reguladores destes dois seto-res, entre outros pontos.

O acordo estabelece ainda que, até ao final de julho, o Governo “irá eliminar as ‘golden shares’ e outros direi-tos especiais estabelecidos na lei ou em estatutos de empresas cotadas que dão diretos especiais ao Estado.

Acrescente-se os aumentos previstos em transpor-tes e outros bens e serviços, bem como a reformulação das tabelas do IVA.

Entretanto, os novos 230 deputados à Assembleia da República tomam posse na primeira reunião plená-ria da XII legislatura, que deverá realizar-se na semana que começa a 20 e termina a 24 de junho. RED c/ Lusa

Passos Coelho sem tempo para festejarELEIÇÕES 2011 | Sócrates afasta-se e abre caminho à sucessão

Na noite eleitoral, Pedro Passos Coelho declarou que “está aberto o caminho para que o PSD e o CDS, com personalidades independentes, venham a constituir o gover-no de que Portugal precisa".

Dedicou a vitória à juventude portuguesa e começou por balizar o seu programa de Governo: “Não descansaremos enquanto não pusermos Portugal a crescer. Sabe-mos bem que essa é a única forma verdadeira e duradoura de defender o nosso Es-tado social”.

O líder do CDS-PP, Paulo Portas, também manifestou no seu discurso ao país a “disposição do CDS para construir um Governo forte para uma maioria para quatro anos” e lançou pontes para o lado do PS: “Saber dialogar com o novo Partido Socialis-ta vai ser importante”, declarou o líder centrista, nomeadamente “para aprovar uma revisão constitucional pragmática” e “leis reforçadas” que “carecem de dois terços de apoio parlamentar e de um vasto consenso político”.

José Sócrates, o primeiro-ministro cessante e líder partidário derrotado, tinha sido o primeiro a discursar e, logo aí, lançara o tom que marcaria as mensagens políticas da noite: “Nunca o país precisou tanto de diálogo e de compromisso e isso não mu-dou com o resultado das eleições. Reafirmo, portanto, a disponibilidade do PS para o diálogo e para os compromissos e entendimentos que, em coerência com o seu pro-jeto, sejam necessários”.

No seu discurso de derrota, José Sócrates fez questão de mostrar “fair play”. De-pois de pedir aos apoiantes que o escutavam que saudassem a vitória do PSD, dese-jou “o melhor” a Pedro Passos Coelho: “Desejo sinceramente o que desejaria para mim próprio e para qualquer outro que os portugueses escolhessem neste tempo de di-ficuldades”. Nessa ocasião anunciou o abandono da liderança do PS e prometeu não só que se absteria de interferir na escolha da futura liderança dos socialistas, mas tam-bém que se iria afastar de cargos públicos durante os próximos tempos.

Em resposta a esta posição reagiu António José Seguro, dado como um candida-to à sua sucessão, mas apenas para se declarar "em reflexão" e prometer uma posição para "muito breve" sobre a liderança do PS. Também Francisco Assis prometeu um “papel ativo” na discussão do futuro do PS.

Quanto à CDU, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, destacou a ligeira subida percentual dos votos na coligação e, naturalmente, o regresso a quarta força política, à frente do Bloco de Esquerda. A eleição de um deputado por Faro foi, de res-to, muito festejada. Quanto ao futuro, prometeu dura oposição ao governo PSD/CDS: “A luta social vai dar-se, mas não é por vontade ou decreto. Será inevitável”, afirmou.

O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, assumiu também pesso-almente a estrondosa derrota do partido, que perdeu quase metade dos votos con-quistados nas últimas eleições. RED c/ Lusa

Prometido um Governo PSD/CDS com independentes

10 junho'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão opinião

As eleições de 5 de Junho abriram um novo ciclo na vida po-lítica portuguesa e endossaram aos partidos do centro-direita, PSD e CDS, a responsabilidade de governar o país. No dia em que escrevo, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas deram já sinais ine-quívocos de que pretendem coligar-se e construir uma solução maioritária de governo, reeditando uma aliança que vai de en-contro a um largo espectro da sociedade portuguesa.

O PSD conseguiu superar as expectativas na recta final da campanha e crescer quase 500.000 votos em relação a 2009. A máquina social-democrata mobilizou-se e acreditou na vitória, deixando para trás o período marcado pelas inúmeras gafes em torno do programa eleitoral. A “diabolização” de Sócrates fez o res-to e uniu as hostes laranjas.

Pedro Passos Coelho terá agora pela frente o grande desa-fio às suas qualidades de político e estadista. O processo de cons-tituição do governo, o controlo do apetite voraz do aparelho par-tidário pela máquina do Estado e a autoridade que for capaz de evidenciar perante os vários interesses instalados serão determi-nantes para uma primeira avaliação do seu desempenho. E isso será fundamental para que Passos Coelho possa conduzir o país neste período de grandes dificuldades para todos e em que será necessário implementar medidas impopulares – por mim, está dispensado de prosseguir metas mais ambiciosas do que as pre-conizadas pela troika…

No que diz respeito à sua relação com o CDS, Passos Coelho terá de fazer vincar a sua liderança desde início, até porque não faltará, dentro do CDS, quem olhe para si de soslaio e considere que Paulo Portas seria um melhor pri-meiro-ministro. O CDS teve o melhor resultado desde 1983, mas ficou aquém daquilo que era a ambição e a meta dos seus dirigentes. Não teve mais deputados do que CDU e BE juntos, como pretendia, e os 60.000 votos a mais não foram su-ficientes para Portas, o putativo primeiro-ministro, mandar deitar foguetes.

O PS sofreu uma derrota pesada ao perder mais de 510.000 votos, não atingindo a fasquia simbólica dos 30%. Um revés que a campanha eleitoral deixara perceber, muito embora atingisse proporções superiores ao que esperava. José Só-crates protagonizou uma luta muito digna, mas não evitou um desfecho similar ao que tem suce-dido por essa Europa fora aos partidos que estão no poder.

Vítima da complexa conjuntura internacional, que atingiu em cheio a nossa frágil economia, José Sócrates não conseguiu sobrepor a sua voz à inau-dita barragem que teve de enfrentar nesta campa-nha. O seu discurso de renúncia na noite das elei-ções, abrindo caminho a uma nova liderança no PS, foi um momento de grande elevação e lucidez. Portugal pre-cisa de um PS forte e revigorado na oposição e, entre os nomes mais falados, António Costa e Francisco Assis são os mais bem preparados para conduzir o PS neste novo ciclo.

Entre os partidos mais à esquerda, a CDU deu novo testemunho da solidez do seu eleitorado.

A votação alcançada pela coligação comunista é caso raro na Europa, deixando antever o papel de relevo que o PCP terá na contestação social que se avizinha.

Já o Bloco sofreu uma derrota estrondosa, ao perder quase metade dos votos alcançados em 2009. Teremos de esperar algum tempo para per-ceber se foi uma simples punição dos eleitores pela forma como precipitou a queda do Governo, ajudando a guindar a direita ao poder, ou se este foi o início de um processo de declínio irreversível. Francisco Louçã ficou em maus lençóis e cresce o número dos que põem em causa a sua liderança.

As eleições trouxeram ainda alguns elemen-tos novos que devem merecer uma séria reflexão. Houve mais 186.000 abstencionistas e 49.000 votos em branco e os parti-dos sem assento parlamentar reuniram aproximadamente mais 70.000 votos do que em 2009. As propostas apresentadas

pelos principais partidos do nosso sistema político não foram capazes de atrair um nú-mero significativo de eleitores, que prefe-riram assim voltar as costas ao acto elei-toral ou confiar o seu voto a ideais mais “excêntricos”.

Virada que está a página do acto eleitoral, é hora de “congregar esforços e privilegiar entendimentos sobre as medidas estruturantes para a recupe-ração económica e financeira de Por-tugal”. O que defendi nestas páginas há poucos meses mantém-se plena-mente actual.

Um Novo Ciclo Político

[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]

As eleições de que fomos “vítimas” deram o resultado que deram e, como disse na peça anterior, «o Povo Português costu-ma ser sábio e justo», rematando, «oxalá seja». Foi? O resultado está encontrado e só falta agora que se escolha o Governo, pois quem o presidirá já se sabe. Realmente o Povo foi sábio, pois não deixou dúvidas ao caminho, e foi justo pois, como grande júri, as-sim o decidiu em maioria. Nada mais a dizer a tal, pois agora seria fácil justificar resultados, cantar vitórias, assumir derrotas e arran-jar desculpas, heróis e culpados.

Ressalvo apenas o acto que trará consequências, da nobre de-missão de José Sócrates. Resta a esperança de que o partido saiba ser sábio e justo na escolha que vai fazer. Faz falta um PS forte e com lideran-ça. Não lhe faltam socialistas que lhe correspon-dam para continuar a ser um dos pilares da nos-sa Democracia como me parece ter sido sempre.

Os dados estão lançados e agora, olhando em frente, é nos grandes actos nacionais que te-mos de nos deter. Do que directamente deriva das eleições, há outras consequências que, pa-recendo óbvias, nem sempre se consideram nas necessárias reformas. Desde logo o sistema elei-toral e os respectivos procedimentos, demasiado demorados. Estivemos desde 11 de Março, ain-da sem sabermos até quando, numa penumbra decisória e de acção. E, ao contrário do que alguns recomendam e afirmaram querer fazer, como seja a redução dos parlamenta-res, acho que, a mexer, será para mais e não para menos. A repre-sentatividade nos pequenos círculos é demasiado escassa e, bem o sabemos, a tendência é sempre para mexer nestes e não nos

ou-tros. O méto-

do de Hondt, que é razoável num país em quase tudo homogéneo, não resulta lá

muito bem na nossa diversidade. Também os eleitores fantas-ma, que dão uma imagem abstencionista que está bem longe da realidade, pois somos quase tantos votantes como habitan-tes, precisam que, pelo menos os “mortos”, passem apenas à me-mória dos seus.

E se nas campanhas os pequenos partidos querem ficar maiores, bem ao contrário, os grandes que mexem e tomam as decisões, querem ficar ainda maiores e eternizar-se. É a dicoto-mia que merece uma ampla discussão para decidir o que é real-mente um partido ou coligação para poder candidatar-se (não

é o mesmo que participar na vida política que é direito/obrigação universal), e se as campa-nhas, que com certa demagogia se apregoa na redução de custos e actividades, são ou não de continuar para que os pequenos possam ou não fazer o que permitiu aos outros crescerem.

Ainda quanto ao período que medeia en-tre a dissolução e as eleições, e a posterior en-trada em funções do governo, parece-me óbvio que se deve reduzir ao mínimo indispensável. Há uma informação continuada e minimamen-te escrutinada pelo amadurecimento e clarifica-ção no nosso dia a dia mas, em tempo de elei-ções, depressa se passa a uma informação mais intoxicada, dirigida e opaca. Ali, a informação

que nos chega tem tempo de reunir dados, posições, opiniões, factos, relatos e tantos outros que permitem fazer um juízo, mes-mo que nem sempre correcto mas que é o que a pessoa consta-tou e acreditou. Aqui, não há tempo de escolher e mastigar pois as catadupas, sejam de novidades ou sempre o mesmo, apenas

nos conseguem empantur-rar, criar anticorpos e desa-

creditar. Falta agora o mais difícil. O dinheiro que não

há e que vai ser necessário, seja para o que é preciso seja para ta-par os buracos daquele que não era preciso e também daquele que se evaporou sem deixar cheiro nem rasto. Os cortes anun-ciados de benefícios e isenções, de autarquias e instituições, de tudo o que engordou e terá de emagrecer, de aumentos apenas no que deveria diminuir (o desemprego) e de redução no que deveria aumentar, numa panóplia que eu creio ainda bem pou-cos farão ideia do que realmente se passa e será, não nos dão tranquilidade. Fique a esperança de Nação velha que, melhor ou pior, sempre se manteve à tona e soube dar a volta por cima. Fica bem dizer, e por que nisso acredito, que os Portugueses vão ser capazes, mesmo tendo em conta que há portugueses que não os merecem.

Falta uma referência à Europa, a tal que já foi tantas coisas boas e esperançosas, mas que tem vindo a desmistificar-se des-de que se alargou. Há muitas coisas novas no social europeu que ainda há bem pouco tempo nem sequer sonhávamos viessem a acontecer. Também por aqui se movimentam ou acampam, como noutros países a quem pretendemos dar exemplos, gru-pos que em comum têm por agora o desencanto da Europa que já não é tanto dos cidadãos, dos trabalhadores, da liberdade, da paz e da solidariedade. Um atentado em Serajevo numa gran-de guerra, um conjunto de coisas mesquinhas e supremacia rá-cica numa outra com um holocausto pelo meio, uma civil aqui ao lado que o que teve mais foram mortos e militares, e os tan-tos recentes genocídios que a memória ainda não esqueceu na Europa que agora se aproxima, não são sinal do que se apregoa. Algum dia haveremos de ter o raciocínio e a capacidade de tal entender e evitar. Temos de aprender, de uma vez por todas, com os erros da História. Porém, ainda há quem pense que os erros que alguns consideram como tal são feitos heróicos para outros.

Fica a esperança de que sejam cada vez mais os que não têm o egoísmo na base de pensamento e o dinheiro como meta. É que, ter esperança quando pouco mais há, afaga a alma.

Armando MiroJornalista

"Euro"pa das nossas eleições

José Carlos PereiraGestor

"O sorriso das crianças é o que mais marca"ENTREVISTA | Vítor Baía criou a Fundação há sete anos

Lúcia Pereira | [email protected] | Fotos FVB

Nome completo – Vítor Manuel Martins BaíaData de Nascimento – 15 de Outubro de 1969Naturalidade – São Pedro da Afurada - V.N. de GaiaHabilitações Literárias – Licenciatura em Gestão de Desporto

Há sete anos, no Dia Mundial da Criança, nascia a Fundação Vítor Baía. O organismo, que entre-tanto adquiriu o estatuto de Instituição Parti-cular de Solidariedade Social (IPSS), foi funda-do a 1 de junho de 2004 por Vítor Baía, antigo guarda-redes do FC Porto, da Seleção Nacio-nal e do FC Barcelona, que ao longo da carreira conquistou 32 títulos. Titular de um palmarés desportivo internacionalmente reconhecido, o ex-futebolista que também já exerceu o car-go de diretor desportivo do FC Porto canalizou o prestígio alcançado para unir esforços e em-preender um projeto de solidariedade social. O objetivo é fazer mais felizes crianças e adoles-centes desfavorecidos.

“Sempre me preocupei em ser solidário, em espe-cial com as crianças e adolescentes que precisam de apoio, conforto e carinho. Esta era uma procura pessoal. Neste contexto, e não tendo qualquer outro tipo de pre-tensão, pareceu-me oportuno tentar capitalizar a mi-nha imagem de desportista em favor de uma institui-ção que, de uma forma mais eficaz e contínua, pudesse contribuir para responder às necessidades dos mais no-vos, daí a criação da Fundação Vítor Baía”, recorda o an-tigo futebolista.

O percurso tem sido muito positivo. “Temos efetua-do um trabalho consistente e em minha opinião bastan-te meritório. Estou certo que já fizemos muitas crianças

felizes e isso é a melhor parte do nosso trabalho, é o úni-co reconhecimento de que necessito e o que mais valo-rizo”, sublinha.

MissãoOs estatutos da Fundação Vítor Baía definem como

missão o apoio ao desenvolvimento social, económi-co, cultural, educativo, desportivo e artístico dos mais necessitados, tendo como principal preocupação as crianças e os adolescentes. “Sendo uma missão tão abrangente e atual, ainda temos um longo caminho a percorrer, mas muito trabalho está a ser feito”, conside-ra o ex-guarda-redes.

A Fundação Vítor Baía é uma estrutura de âmbito nacional. Beneficiou já inúmeras crianças e adolescen-tes um pouco por todo o país, apoiando não só outras IPSS, mas também organismos públicos como hospi-tais, escolas, grupos desportivos e outras estruturas que dedicam o seu dia-a-dia à melhoria da qualidade de vida dos mais jovens.

Além dos donativos financeiros, o apoio prestado traduz-se também na cedência de materiais desporti-vos, educativos, lúdicos e hospitalares.

Dos sete anos de atividade, Vítor Baía destaca como momentos mais marcantes a obtenção do estatuto de IPSS, em 2007, e as muitas visitas a instituições que per-mitem ver in loco os resultados do trabalho da Funda-ção Vítor Baía. “A nossa ajuda contribui para uma vida mais feliz para estas crianças. O sorriso delas é o que mais marca”, salienta.

Os resultados alcançados pela Fundação Vítor Baía

são possíveis graças a uma interação “excelente” com a sociedade civil e com outras instituições de solidarieda-de social. “A colaboração está patente em todas as nos-sas ações, trata-se essencialmente de demonstrar que os apoios da sociedade civil são efetivamente canaliza-dos para situações concretas nas IPSS e que é urgente colmatar”, acrescenta, salientando que se trata de uma interação “clara e transparente”.

O impacto da crise económica afeta a todos e a Fun-dação não é exceção. “Temos sentido essa realidade es-sencialmente no aumento do número de solicitações que chegam até nós diariamente e às quais, lamenta-velmente, nem sempre podemos corresponder como gostaríamos”, admite Vítor Baía.

Lar de acolhimentoPara além do apoio direto a crianças e adolescen-

tes através da obtenção de donativos, a Fundação Vítor Baía está a fazer as diligências necessárias para a criação de um lar de acolhimento para crianças e jovens que permita assegurar uma resposta direta por parte da ins-tituição. Trata-se do projeto base da Fundação, que Vítor Baía espera ver concretizado a curto prazo.

“Neste momento, procuramos um espaço onde seja viável implementar a estrutura. Um local onde as crian-ças e jovens que iremos acolher possam sentir-se se-guras e acarinhadas de forma a dar continuidade a um verdadeiro projeto de vida”, afirma o presidente da Fun-dação Vítor Baía, salientando que “por agora todas as energias estão voltadas para o projeto do Lar de Crian-ças e Jovens”.

Liliana Leandro | [email protected] | Foto D.R.

O Clube dos Pensadores é um 'lóbi de pensamento'ENTREVISTA | Joaquim Jorge

Joaquim Jorge, 53 anos, é professor de biologia e até já foi DJ mas é mais conhecido como mentor do Clube dos Pensadores. Criou-o em 2006 porque “gostava de intervir e não tinha onde nem como” e até agora já realizou mais de 50 debates com nomes como Medina Carreira, Alberto João Jardim, Ma-nuel Alegre, Paulo Portas, Santana Lopes, Francis-co Louçã e muitos outros políticos e personalidades. O projeto já deu origem a dois livros, o mais recente apresentado no dia 23 de maio, e tem asas para se internacionalizar, ou pelo menos assim o pretende Joaquim Jorge – Jota Jota – que um dia quer deba-ter com Nelson Mandela ou Lula da Silva.

Mas o que é o Clube dos Pensadores? “É algo trans-versal e multicolor no pensamento e na sua frequência, em que tudo é possível até vermos e ouvirmos Medina Carreira falar da sua vida privada e Pedro Santana Lo-pes falar de coisas que nunca falou na relação com Jor-ge Sampaio e da sua vida pessoal. O à vontade e sem pressão permite conversas indizíveis e sem medos ou constrangimentos”, explica Joaquim Jorge, alguém que, como ele próprio diz, “ousa pensar” .

O pensadorFoi em 2005 que se juntou ao Partido Socialista,

quando começou “a ver que o PS ia perder a cidade do Porto, como veio a perder”. Depois saiu porque não tem “perfil para ser militante”. Mas como queria um papel ati-vo, e intervir “com liberdade e sem ter de prestar contas

a ninguém”, criou em fevereiro de 2006 o Clube dos Pen-sadores – “um novo clube de reflexão, que integra per-sonalidades de diferentes sensibilidades políticas” – que prometia no blogue que lhe dá o nome (escolhido pela mulher!), “uma primeira série de quatro debates com Vi-cente Jorge Silva, Luís Filipe Menezes, Narciso Miranda e Nuno Pacheco”.

A 07 de março começavam na Maia os debates, que depois se transferiram para Gaia, com Vicente Jorge Sil-va, escolhido por ser para Joaquim Jorge “um símbolo de independência”. Até agora já foram mais de 50 os de-bates que moderou no Clube que classifica de “laborató-rio de ideias”, onde “um político pode ser ele próprio”, e de “lóbi de pensamento onde se faz pressão sobre quem manda”. O estilo do moderador é diferente, mordaz, co-loquial, direto e frontal com os convidados, recusando-se a usar “salamaleques ou etiquetas”, até porque “são todos amigos”. “Respeito-os mas não sou subserviente. Sempre educado, respeitador mas não deixo de dizer o que penso”, defende-se.

Para Joaquim Jorge “um moderador de debates deve ser interventivo e colocar ordem para não ser de-sinteressante”. Quanto à plateia que assiste aos debates, “revêem-se” no moderador e “sabem que têm o direito de falar com os convidados”. E qual o melhor convida-do?, atrevemo-nos a perguntar. “Quase todos mas real-ço Alberto João Jardim porque deu uma imagem com-pletamente diferente e porventura mais real do que passa na televisão. Educado, afável, bem vestido e solí-cito, deu uma aula de universidade sobre a Refundação da República”, respondeu. Já o mais difícil terá sido Me-

dina Carreira que após o impacto inicial do debate “foi uma doçura”. A prova de fogo do clube foi para Joaquim Jorge “Pedro Santana Lopes, depois de ser primeiro-mi-nistro demitido”.

O pensamentoFeitos os debates, e escritas as ideias no blogue,

chegaram os livros, dois. O primeiro é uma “resenha” de tudo até 2009. Já o segundo “é mais o pensamento po-lítico do que se passou no primeiro ano de legislatura do segundo governo de José Sócrates, tendo um anexo de pessoas que colaboram” com o autor. “São anónimas mas com valor”, diz Joaquim Jorge para quem”nem só quem é conhecido é que tem valor” até porque “apare-cer nos jornais ou na televisão não é sinónimo de com-petência e mérito”. Estes colaboradores são pensadores, as pessoas que se distinguem da “sociedade civil ador-mecida” e “cada vez mais egoísta” porque “pensar dá muito trabalho”.

O próprio sistema político está para Joaquim Jorge “caduco”, havendo uma “grande deceção pela pobreza do discurso político e pelo marketing eleitoral”. É que “os políticos que supostamente nos deveriam representar, atuam em conivência com os poderes económicos”, sa-lienta. Por isso mesmo, considera que seria “importante criar mecanismos simples e práticos de controlo” do que se faz em política. “Chama-se a isso ter como lema a éti-ca pública de prestação de contas perante os cidadãos”. Mas será que Joaquim Jorge estaria disposto a um cargo político? A resposta é sim. “Se fosse possível seria depu-tado independente para defender a cidadania”.

Nome completo – Joaquim Jorge da Costa RibeiroData de Nascimento – 30 de agosto de 1957Naturalidade – PortoHabilitações Literárias – Licenciado em BiologiaLivro – “Arquivo Íntimo” de Nelson MandelaFilme – Todos os filmes recentesde Clint EastwoodMúsica – Soul music

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos P.P.

Enquanto uns contam a idade pelos dedos, os outros já têm dificuldade em lembrar quantos anos têm. Juntos trocam mimos e

sorrisos, cantigas e alegrias. “Avós e Netos” é o nome do projeto da Santa Casa da Misericórdia de Murça que promove o convívio entre as crian-ças do jardim de infância e os utentes das valên-cias de Lar e de Centro de Dia.

O sol matinal faz-se de convidado e entra à-vonta-de na sala de convívio do lar da Santa Casa da Miseri-córdia de Murça. É ali que, dentro de instantes, avós e netos “faz-de-conta” se vão reencontrar. “É uma manei-ra de todos conviverem e partilharem a sua sabedoria e conhecimento. Os jovens trazem a sua alegria. É uma partilha de experiências muito proveitosa”, refere o pro-vedor Belmiro Vilela.

Mais de duas dezenas de idosos aguardam a chega-da dos mais pequenos, que irrompem de mãos dadas e em fila indiana. “Viemos cá visitar os avós e conversar com eles”, diz Gabriela Teixeira, 5 anos.

Aos 82 anos, Leonardo José tem netos e bisnetos, mas há sempre lugar para juntar mais um. “Quando eles cá vêm, é um grande dia. Depois, ficamos a conversar sobre a canalha.”

Matilde Alves, 4 anos, e Ana Carolina Teixeira, 5 anos, são as netinhas de António José. “Eu tenho um neto e agora elas. É uma alegria e um gosto”, conta, depois de ter recebido uma flor de papel colorido. Também Ana Assunção Rodrigues, 49 anos, é categórica: “gosto de os receber com o coração”. “Canto a ‘Oliveira da Serra’ por-que tenho prazer de os ensinar a cantar”, acrescenta.

O projeto “Avós e Netos” arrancou em outubro do ano passado, no Dia Internacional do Idoso e, desde en-tão, não têm faltado atividades no plural. “Houve a troca de prendas em dezembro, fizemos o desfile de Carnaval e passámos o Dia da Árvore juntos. Depois vão surgindo sempre mais atividades ao longo do ano”, adianta a ani-madora sociocultural, Sónia Teixeira.

O envolvimento acaba por ser benéfico para ambas as partes. “Para os idosos faz-lhes lembrar os seus netos, os seus filhos e, ao mesmo tempo, as crianças acabam por se aperceber que um dia vão ser idosos, ficando

mais sensíveis aos seus problemas”, explica o provedor.A Santa Casa de Murça procura que os idosos te-

nham uma vida ativa e esta iniciativa é só mais uma for-ma de lhes proporcionar “momentos de lazer”, já que “a própria comunidade se divorcia muito e pensa que os lares são uma arrecadação de idosos”. Portanto, além de promover a troca de saberes entre gerações, o projeto ajuda também a combater a solidão.

“No fundo, é valorizar o idoso, aumentar a sua au-toestima, a sua confiança. É que mal vêem as crianças é logo uma alegria”, acrescenta Sónia Teixeira. Perante a ideia de terem netos adotivos, a reação foi “muito boa”. “Mostram-se participativos, dão ideias para fazer qual-quer coisa para os netinhos do infantário, pintam dese-nhos ou escrevem cartas que depois meto num envelo-pe e deixo no infantário.”

Afetividades emprestadasCada criança escolheu livremente a avó ou o avô, o

que explica que se tenha criado “uma empatia inicial” que vai sustentando a cumplicidade. É o caso de Maria Augusta Meireles, 84 anos, e Pedro Gomes, 5 anos. “Gos-

to muito dele. Tem muita vida, é muito alegre e bem-disposto”, confidencia. Ele estende-lhe os braços, trata-a por “avó Agostinha” e conta que lhe caiu um dente na escola. “Deu-me uma prenda que vou pôr ao pé das mi-nhas fotografias em casa”, diz o petiz.

Já com quatro netos crescidos, Cremilde Santos, 83 anos, tem mais três adotivos. “Conto-lhes histórias, por-que sei muitas coisinhas engraçadas para crianças. Gos-távamos que viessem mais vezes, porque passar um bo-cadinho com elas é uma alegria para nós.” Pela boca de Mariana Martins, 4 anos, sabe-se que a “avó” é divertida e que gosta de brincar. “Ensina-me canções e eu gosto de a ouvir cantar”, sublinha.

Isabel Rodrigues, educadora de infância, destaca a importância de promover a sociabilização e a aprendi-zagem de saberes mais antigos. “Quando vimos cá, há sempre qualquer coisa que levamos de novo. Estes jo-gos de roda como “o bichinho” ou a música “A caminho de Viseu”, que já não cantávamos há tanto tempo.”

As 33 crianças, com idades entre os 3 e os 5 anos, ou-vem falar todos os dias dos “avozinhos do lar” e sabem distinguir que “há o avô de casa e o avô do lar, que se ca-lhar não tem tantas visitas como gostaria”.

Ligação intergeracionalSENIORES | "Avós e netos" trocam conhecimentos em Murça

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Idiversos

O Parque Biológico da Serra das Meadas, em La-mego, reabriu após uma intervenção para melhorar as condições de visita ao espaço que acolhe árvores au-tóctones e diversos animais domésticos e selvagens.

O espaço abriu em finais da década de 1990, fun-cionando com uma licença provisória. Segundo o presi-dente da Câmara de Lamego, Francisco Lopes, as obras tiveram como objetivo obter o licenciamento definitivo junto da Direção Geral de Veterinária.

O projeto de requalificação do parque foi desen-volvido com o apoio do Parque Biológico de Vila Nova de Gaia, que forneceu assessoria técnica e resultou de uma candidatura de 120 mil euros ao programa INTER-REG, com 80 mil euros de fundos perdidos.

O parque estende-se ao longo de 50 hectares da serra das Meadas e foi criado para preservar um espa-ço que acolhe flora autóctone “muito bem conservada

e de grande valor botânico”.Depois, foi sendo povoado com animais selvagens

e domésticos, corços, veados, javalis, coelhos, raposas, aves de rapina, patos, cavalos ou burros. Foram ainda construídas duas lagoas e um conjunto de caminhos ao longo de todo o espaço.

Lamego: Parque biológico reabriu

UTAD estuda o que fazercom o pólo de Chaves

O Conselho Geral da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, fixou em 999,71 euros a propina para o ano letivo 2011/2012, um acréscimo de 12 euros em relação ao ano anterior justificado pela inflação mas que representará mais 60 mil euros no orçamento da universidade.

O conselho apreciou ainda o esboço de um pla-no estratégico para a academia transmontana, apre-sentado pelo reitor Carlos Sequeira, e decidiu organi-zar umas jornadas de reflexão, que decorrerão antes das reuniões de outubro e setembro deste órgão da universidade.

Um dos assuntos em apreciação é o “plano de via-bilidade" sobre o pólo da UTAD em Chaves.

“É uma questão que está presente nos nossos tra-balhos há várias reuniões. Vamos outra vez considerar isto no mês de outubro. Temos de o fazer de uma for-ma muito fria, isto é, perceber se do ponto de vista or-ganizacional, financeiro e de impacto sobre a região, se este pólo se justifica ou não”, sublinhou o presidente do conselho, o embaixador Francisco Seixas da Costa.

O responsável referiu que o debate “continua aberto” e que é preciso “ouvir os vários intervenientes e ter mais dados para poder alicerçar qualquer decisão que venha a ser tomada no futuro”.

A decisão final sobre o plano estratégico caberá sempre ao Conselho Geral da UTAD.

Registada a marca'Rebuçados da Régua'

A Câmara do Peso da Régua anunciou o registo oficial da marca “Rebuçados da Régua”, concluindo um processo que vem reconhecer um “produto úni-co” que leva o nome da cidade duriense a todo o país.

Para que os doces “não sejam roubados” à Régua, a autarquia avançou com o processo de registo da marca considerando ser “fundamental para a fideliza-ção dos clientes e, por conseguinte, um contributo im-portante para a consolidação do produto”.

O presidente da Câmara da Régua, Nuno Gonçal-ves, já afirmou que os rebuçados são “um produto que faz parte da cidade, das suas tradições e que a identifica”.

O MCoutinho entregou o primeiro carro eléc-trico de produção em série, o Mitsubishi i-Miev.

A empresa Irmãos Ribeiro – Empreiteiros, má-quinas de aluguer e exploração de granitos, Lda. foi a cliente desta viatura 100% amiga do ambien-te. Esta empresa de Penafiel dá assim o primeiro passo na mudança do paradigma da deslocação automóvel e revela a cada vez maior preocupação com a redução dos custos de mobilidade e preser-vação do meio ambiente. Recorde-se que esta via-tura que tem um custo de consumo de energia de cerca de 1,23€ por cada 100 km’s, tem zero emis-sões de CO2 e é totalmente silenciosa. Certamen-te será uma mais valia para os Irmãos Ribeiro, bem como para todos nós. [Info Marca]

MCoutinho entregou primeiro eléctrico i-MievINF. COMERCIAL

CARTAZ CULTURAL EM FAFE

Mesão Frio recuperamercado municipal

A Câmara de Mesão Frio anunciou a remodelação do mercado, que vai custar 1,1 milhões de euros, espa-ço que acolhe a feira semanal e o comércio local.

Os trabalhos prevêem a demolição de todas as edificações inferiores e a reabilitação das lojas do piso ao nível da rua Nova do Mercado, mantendo-se os seis espaços comerciais.

O “novo” mercado comportará também um espa-ço de restauração e bebidas.

EPAMACAntigo aluno da Escola Profissional de Agricultura tem um percurso de sucesso

João Melo trabalhana Herdade da ComportaO percurso profissional dos antigos alu-nos da Escola Profissional de Agricultu-ra e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses (EPAMAC) é um motivo de orgulho para o nosso estabelecimen-to de ensino. João Melo, que passou pela nossa Escola entre 2004 e 2007, é um dos muitos exemplos conhecidos de ex-alunos que escolheram a Enolo-gia como percurso profissional e con-seguiu, pouco tempo depois, integrar um grande grupo empresarial ligado ao sector dos vinhos. Recordemos que Manuel Soares, que apresentamos nes-te espaço no ano passado, é um impor-tante enólogo no Grupo Aveleda, tendo sido eleito Jovem Enólogo do Ano em 2009 (Prémios NS' Vinho).

João Melo, com apenas 21 anos, está a trabalhar na Herdade da Comporta, uma importante empresa ligada ao enoturismo e aos vinhos, que pertence ao universo em-presarial do Grupo Espírito Santo (GES).

O jovem ex-aluno da EPAMAC, que fre-quentou a nossa Escola nos anos lectivos 2004/05 a 2006/07 no curso Técnico de Produção Agrária, já faz parte dos quadros de pessoal da Herdade da Comporta, no qual ingressou em Agosto de 2010 “atra-vés de uma oferta de trabalho temporário numa agência de marketing, para a função de promotor de vinhos”, como ele próprio conta.

Actualmente, integra o Departamento Comercial da empresa e é responsável pelo sector dos vinhos da Herdade da Comporta para a Região Norte.

A Herdade da Comporta está localiza-da no Litoral Alentejano, entre Tróia e Si-nes. Trata-se de uma empresa que explo-ra 30 hectares de vinha, com várias marcas de vinhos de renome, com meia centena de funcionários permanentes e que se dedica também à produção de arroz, explorando uma área de cerca de mil hectares.

Natural de Vale de Cambra, onde estu-dou nas escolas EB 2/3 e Secundária antes de ingressar na nossa Escola, João Melo completou a formação aqui recebida com um Curso de Especialização Tecnológica (CET) em Enologia, durante três anos, na Escola Tecnológica de Gestão industrial (ETGI), um pólo da Universidade Católica, no Porto.

O nosso antigo Aluno, numa breve en-trevista, conta-nos o seu ainda breve mas já preenchido percurso profissional.

Em que circunstâncias ingressou na Esco-la Profissional do Marco de Canaveses?

Através de familiares que me incentiva-ram a fazê-lo, por ter cursos de áreas que eram do meu interesse.

Que importância teve a EPAMAC na sua formação escolar e/ou profissional?

Aumentou-me o conhecimento teórico, mas principalmente na parte prática, fazen-do com que eu tivesse motivação para termi-nar o curso. Ainda hoje sirvo-me de algumas técnicas agrárias apreendidas nos meus Ho-bbies, nomeadamente na Viticultura.

Realço a facilidade que temos em operar com máquinas, até porque o curso é muito abrangente. Aprendi muito quanto ao ma-nuseamento de máquinas e alfaias agríco-las, ensinamentos que foram fundamentais para o trabalho das vindimas.

Que recordações guarda da sua passa-gem pela EPAMAC?

As grandes amizades que se consegue construir. É fantástico. A camaradagem é o melhor que a Escola tem. Em meio muito pe-queno, funcionamos como uma família.

 Em termos profissionais, que percurso

antevê para os próximos 5 anos?Vejo-me com a mesma função exercida

hoje. Uma carreira profissional exige hoje for-

mação contínua. Até onde pretende chegar no seu percurso formativo?

A curto prazo não tenho nada em mente, mas um desejo que tenho é ter a formação total na área da Enologia.

Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC

A Feira das Colectividades e Festival do Anho Assado reuniu no Marco de Canaveses milhares de visitantes de todo o País, num evento cultural e gastronómico de reconhecido sucesso, anunciou a autarquia.

“Os inúmeros visitantes tiveram a oportunidade de apreciar os trabalhos e actividades desenvolvidos pelas associações e colectividades do Concelho e da Região, de degustar a afamada gastronomia e doçaria do Marco de Canaveses e os bons vinhos da Rota do Marco”, realça a fonte.

A quarta edição da Feira das Colectividades e Festival do Anho Assado contou com a participa-ção de 60 expositores, quatro restaurantes (Albufeira, Caste-linho, Penhadouro e Plátano) e dois bares. O programa de ani-mação envolveu 20 Associações e Colectividades Recreativas e Culturais do Concelho, bem como a Tuna Sénior de Sta. Eu-lália de Constance, Os Amigos de Abril, Escola de Música Movimen-

tos & Variações, Banda "Nova Dimensão" e Grupo de Motards do Motor Clube de Vila Boa de Quires.

“É uma celebração do trabalho meritório e digno desenvolvido pelos homens, mulheres e jovens das nossas associações e colectividades que prestam um inestimável serviço à causa pública. Uma terra de gente simples, que sofre e que luta, mas que sabe bem receber quem nos visita», enalteceu o presidente da Câmara Municipal, Manuel Moreira.

No próximo dia 18 de Junho, a Dolmen – Co-operativa de Formação, Educação e Desenvolvi-mento do Baixo Tâmega, em articulação com a entidade Tur-Arêgos, do Município de Resende, promove um conjunto de actividades que têm como pano de fundo uma das grandes marcas naturais do “Douro Verde”… o Rio Douro!

Em concreto, a organização prevê iniciativas de carácter cultural, lúdico e desportivo, desig-nadamente, o Colóquio com a temática “Terma-lismo, Saúde e Lazer” e actividades ligadas à prática do remo, modalidade que traz à locali-dade centenas de pessoas entre praticantes e acompanhantes dos atletas.

Os eventos financiados pela Dolmen visam "desenvolver o turismo e outras actividades de lazer como forma de potenciar a valorização

dos recursos endógenos dos territórios rurais, nomeadamente ao nível da valorização dos pro-dutos locais e do património cultural e natural, contribuindo para o crescimento económico e criação de emprego".

Caldas de Aregos, na margem esquerda do rio Douro, é o principal pólo de atracção turísti-ca do Município de Resende, dispondo de con-dições naturais ímpares para a captação de vi-sitantes ocasionais e de longa duração – com provas desportivas náuticas de diversas modali-dades realizadas ao longo do ano.

Deve acrescentar-se também o potencial que a sua unidade termal representa para o tecido económico local, nomeadamente como gerador de riqueza para as suas unidades hote-leiras e de restauração.

Em Caldas de Aregos a 18 de junho

Milhares de visitantes no Marcodurante Festival do Anho Assado

Dolmen apoia prova desportivano âmbito da marca DouroColóquio subordinado ao tema “Termalismo, Saúde e Lazer”

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Cooperativa de Formação, Educação eDesenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL

AMARANTE - BAIÃO - MARCO DE CANAVESES RESENDE - CINFÃES - PENAFIEL

Telef. 255 521 004 - Fax 255 521 678 [email protected]

Tendo a Dolmen como Entidade Promotora, que candidatou o evento ao finan-ciamento do PRODER, vai ter lugar em Amarante, no início de Julho, mais uma mostra para promover a gastronomia e o vinho verde.

Denominado, nesta nova fase, de "Mostra de Vinho Verde e tradições de Ama-rante", o evento – outrora designado de FAGA (Feira de Gastronomia de Amarante) – vai realizar-se entre 7 e 10 de Julho no Parque do Ribeirinho

e tem a organização conjunta da Câmara Municipal de Ama-rante e da Associação Empre-sarial.

A mostra vai ter a presen-ça de muitas tasquinhas, que colocarão à disposição dos visitantes as mais variadas iguarias e sobretudo de pro-dutores de vinho verde.

Segundo o vereador Hel-der Ferreira, o enfoque do evento "deverá ser o vinho verde", principal riqueza do sector primário do concelho de Amarante.

A associação que reúne algumas dezenas de produto-res de vinho verde (Proviver-de) será também chamada a colaborar no evento, defen-dendo o vereador que nesta área "deve ser considerado um parceiro privilegiado".

O vereador da Câmara de Amarante considera que este tipo de eventos, em tempo de crise, constitui mais "um estí-mulo" para a economia local, revelendo-se também como uma importante fonte de ren-dimento.

De 07 a 10 de julho no Parque do Ribeirinho

Promoção da Gastronomia e do Vinho Verde em Amarante

Ansiães acolhe a 12 de Junho a I Feira do Mel e produtos locais da Serra do Marão. Está confirma-da a presença de 14 fre-guesias e mais de 20 ex-positores, numa iniciativa da Associação Viver Cana-delo e Serra do Marão. O evento é financiado pela Dolmen e conta com o apoio da CLAP e Progredir.

A I Feira do Mel e produtos é a primeira do género deste concelho, e tem como principal objec-tivo criar um espaço, onde gratuitamente, os arte-sãos e produtores locais possam divulgar e comer-cializar os seus produtos. O lugar de destaque será dado ao mel que têm vin-do, ao longo dos anos, a ter uma crescente rele-vância na economia do-

méstica de muitos agre-gados familiares da nossa região. Além disso, só no concelho de Amarante existem cerca de 120 pro-dutores de mel. A par do Mel do Gerês, o Mel do Marão - urze e queiró, é um dos melhores do mun-do, refere a organização.

Nesta Feira estarão presentes alguns arte-sãos locais que vão mos-trar a técnica de trabalhar o barro, a cestaria e a tecelagem e produzir al-gumas peças no decorrer da feira.

Ideia inovadora deste evento é a pretensão de realizar a feira itinerante e anual, desafiando as fre-guesias da Serra do Ma-rão e Serra da Meia Via a acolher este certame nos anos seguintes.

Feira do Mel e produtos locais em Ansiães

Fundado em 1984 | Jornal/Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

Redação:Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESESTelef. 910 536 928E-mail: [email protected]

Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689)Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Ale-xandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Ma-nuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958).

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António MotaCartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Ma-galhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Cas-telo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Mar-co, Baião Repórter/Marão Online

Marketing, RP e Publicidade: Telef. 910 536 928 - Marta [email protected] | [email protected]

Propriedade e Edição:Tâmegapress-Comunicação e Multimédia, Lda. • NIPC: 508920450

Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 Apartado 4 - 4630-279 MARCO DE CANAVESES

Cap. Social: 80.000 Euros – Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.

Impressão: Multiponto SA - Baltar, Paredes

Tiragem média: 30.000 exemplares (Auditados) | Associado APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Nº 486

Assinaturas | Anual: Embalamento e pagamento dos portes CTT – Continente: 40,00 | Europa: 70,00 | Resto do Mundo: 100,00 (IVA incluído)

A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

Nelson Mandela - 2011

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

22 junho'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão crónica & artes

1933-2009O OLHAR DE...Eduardo Pinto

Fugindo ao fogo- Rio Tâmega - Finais dos Anos 50

1933-2009

VIOLÊNCIA JUVENILA.M.PIRES CABRAL

Vi, e continuo a ver, várias vezes ao dia nos diversos canais de televi-são — que parecem comprazer-se em repetir até à náusea as imagens que sabem ser incomodativas — aquela cena da bárbara agressão de duas jovens a uma terceira, sob a ba-tuta, parece, de um quarto elemen-to, também adolescente ou pouco mais do que isso, que terá organiza-do o regabofe com a intenção de o filmar e pôr no Facebook (ou YouTu-be, não sei bem).

A agressão chocou-me, como a qualquer pessoa de sensibilidade mediana. Tal encarniçamento con-tra alguém que já está no chão, ren-dida, faz-me pensar em tudo me-nos em jovens portugueses. Cães rotweiler, talvez; jovens de um país que já não devia viver propriamen-te em barbárie é que não.

Arrepiou-me a cena, natural-mente. Mas acho igualmente vio-lento que alguns jovens (já nem falo do que filmou) estejam presentes no local sem esboçar um gesto de socorro, antes instigando as agres-soras à escalada da violência, com comentários adequados. ‘Ena, que pontapé!’ — pareceu-me ouvir em off um jovem enlevado com o que via.

Deus, que jovens são estes? Que escola e que famílias — que o mes-mo é dizer, que sociedade — gera-ram semelhantes monstros? A hu-manidade está condenada a ceder o lugar à bestialidade?

Mas confesso que o que me as-susta e incomoda ainda mais é o fac-to de aquelas imagens terem sido planeadas e filmadas já com destino a uma qualquer rede social ou pá-gina da internet. A internet tomou conta das cabecinhas loucas dos jo-vens, que já não sabem comunicar senão através dela. É caso para di-zer, parafraseando o que se dizia há pouco tempo ainda da televisão: o que não aparece nela é como se não existisse. Não há dúvida que até nis-so a internet está a bater a televisão aos pontos. Os filmes que os jovens

lá colocam são a sua maneira de se afirmarem e devem, de preferência, ir sempre um pouco mais além, em ousadia, originalidade ou violên-cia, do que as coisas que já lá se te-nham visto. Se não, não vale a pena. É a emulação no pior sentido.

Dois dos jovens (uma das agres-soras e o autor do filme), por já te-rem idade para prestar contas à jus-tiça, foram ouvidos por um juiz, que lhes aplicou a medida de coacção que achou adequada: prisão pre-ventiva. Pela minha parte, que não aprecio por aí além o espectáculo de alguém que dá reiterados e enér-gicos pontapés na cabeça de ou-trem pareceu-me muitíssimo bem.

Mas, claro, houve quem achas-se mal. Uma dessas pessoas foi o se-nhor Bastonário da Ordem dos Ad-vogados, que falou em nada menos do que ‘terrorismo de Estado’. E afir-mou mais que “o juiz torce a lei e adapta-a aos seus preconceitos, aos seus medos, aos seus complexos.”

Não sei se não terá de responder pela primeira parte da afirmação: “o juiz torce a lei”, que me parece uma acusação grave. Mas lá se avenham, o juiz e ele. O que me parece opor-tuno é comentar que, se os precon-ceitos, medos e complexos do juiz coincidirem, como parecem coinci-dir neste caso, com os complexos, medos e preconceitos da comuni-dade no seu geral — então abenço-ada torcedela da lei.

Aprecio geralmente a frontalida-de do Dr. Marinho Pinto e, confesso, fiquei deliciado com a ‘coça’ (salvo seja) que uma vez lhe vi dar em di-recto à sobranceira pesporrência de Manuela Moura Guedes. Mas o Dr. Marinho Pinto tem aquela balda de gostar de espalhar a sua brasazinha de vez em quando…

Enfim, temos de comer as verdes com as maduras — como diz a sa-bedoria do meu povo.

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

[email protected]

Arlindo e GenovevaLembras-te, Genoveva, do

tempo das nossas festas? Vi-nha o junho e eu começava a olhar para o calendário que a minha mãe pendurava numa das paredes da sala. Passa-vam os anos e naquele calen-dário havia sempre um rapazi-nho com as mãos ocupadas: a mão esquerda segurava uma tigela com flores azuis, a da direita segurava uma palha. E na ponta da palha havia uma bola de sabão. Eu ficava en-cantado com o tamanho da bola de sabão, e imaginava-a a desprender-se da palhi-nha inaugurando um voo que nunca mais tinha fim. Por cau-sa daquele quadro quando ha-via chuva, eu imitava o rapaz, e ficava triste por não ser capaz de saber fazer bolas de sabão, imensas e resistentes ao sopro do vento.

Não sei porque é que estou a contar-te isto. A nossa me-mória é uma coisa extraordi-nária. Não me lembro do que fiz ontem, esqueço o nome das coisas, mas desse calen-dário, das bolas de sabão, e de mim, a sonhar outras vidas, disso eu consigo lembrar, con-sigo ver tudo, como se estives-se a acontecer mesmo agora.

Vinha o junho, e eu, rapa-zinho com as primeiras bor-bulhas a desfigurar-me a cara, olhava para os dias do calen-dário, e suspirava. Nesse tem-po, Genoveva, eu tinha muita pressa que o tempo passas-se muito depressa. Agora não digo o mesmo. Vê lá tu como vamos mudando. O que nos parecia ontem uma certe-za absoluta, e tão importan-te, tão sagrada, hoje é apenas uma dúvida, assunto fortuito, um encolher de ombros.

Passava o Junho e vinha o Julho, e depois o Agosto. E nós, nesse tempo que ago-ra aos novos parece tão estra-nho, tão absurdo, fazíamos ca-minhadas que demoravam horas. E para quê? Para ver gente nova, gente como nós, que também passava os dias a olhar para o calendário e a so-nhar com outros mundos.

Nesse tempo coisa pouca nos alegrava muito. Bastava a banda de música a desafinar no coreto, a barraca que servia postas de bacalhau frito e sal-gadíssimo e bocados de pão nas mesas de madeira, com-pridas e sem toalhas, e onde havia pipos esguichando vi-nho tinto para dentro das ca-necas de barro.

Bastava uma concertina, ou uma viola, e de repente o mundo era tão bonito.

Bastava o trovoar dos fo-guetes no fim da procissão para que nos sentíssemos fe-lizes.

Foi numa dessas festas que eu te conheci, Genoveva. Lem-bras-te? Tu ias na procissão, so-zinha com os teus pensamen-tos, e de repente olhaste para mim, cegaste-me, e eu pensei: aqui está a minha mulher.

E assim foi. Apesar dos pe-sares, ao fim de quase meio século a partilhar a mesma cama, não me arrependo. É verdade, Genoveva, não me arrependo. Se pudesse voltar atrás certamente que não me teria metido por determina-dos atalhos que nos complica-ram a vida, que nos deixaram mossas. Mas ter-te a meu lado não foi um atalho, foi a estrada principal que eu escolhi.

Não te rias, Genoveva, não te rias. E chama-me Arlindo maluco, que eu não me impor-to. Estás a mentir com todos os dentes quando dizes que sou tonto e que ainda não ganhei juízo. Conheço-te tão bem, Genoveva.

Eu sei, Genoveva, eu sei que nós, os velhos, temos a tendência de endeusar o pas-sado, não damos grande valor ao presente. Se calhar estamos errados. Mas se não nos agar-ramos às memórias, o que é que nos resta?

António Mota

23junho'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoeventos | crónica

[email protected]

Festival de Bandas emSanta Marinha do Zêzere

A Casa do Povo de Santa Marinha do Zêzere, em Baião, re-aliza a 25 de junho o Festival de Bandas Filármonicas. Este even-to, integrado no 74º aniversário da associação, pode contar, para além da Banda Musical da Casa do Povo de Santa Marinha, com a Banda Marcial de Santo António de Piães (Cinfães) e com a Ban-da de Música de Mateus (Vila Real). O festival tem ínicio às 16:00.

Teatros Municipais

O Concelho de Montalegre irá mais uma vez receber o cam-peonato nacional de ralicross. Este evento decorrerá nos dias 18 e 19 deste mês onde a emoção volta a estar presente na pista automóvel. Estão ainda mais provas previstas desta mo-dalidade para o mês de setembro.

Ralicross em Montalegre

Teatro Municipal de Bragança- "A Floresta Perdida", com interpretação dos alunos da Escola de Ballet, no Auditório, dia 18 pelas 21:30 e dia 19 pelas 15:00; 2 euros- Academia Shiva, no Auditório dia 25 pelas 21:30

Teatro Ribeiro Conceição – Lamego- "Concertinas de Lamego", no Auditório dia 18 pelas 21:30; 5 euros- Teatro Escolar com Heróis de Encantar, no Auditório dia 14 pelas 14:00 e dia 17 pelas 21:30; um euro e 3,50 euros respetivamente- "Uma Viagem Musical entre Gerações", espétaculo de música e dança no Auditório dia 22 pelas 21:30 e dia 23 pelas 18:00; 3,50 euros

Teatro de Vila Real- Stand up comedy com Hugo Sousa, no Café-Concerto dia 14 pelas 23:00- Fadista Katia Guerreiro, uma notável embaixadora da música portuguesa, no Auditório Exterior, dia 18 pelas 22:30- Animação de rua com danças étnicas - DANCENTER, na Esplanada dia 24 pelas 22:30 e 23:30

O Museu Municipal de Penafiel acolhe até novembro a exposição “Olaria de Bisalhães – Rostos de Barro Preto”.

A mostra “ Olaria de Bisalhães – Rostos de Barro Preto”, um ícone daquela aldeia do Mu-nicípio de Vila Real, resulta de uma parceria entre o Museu de Arqueologia e Numismáti-ca de Vila Real, o Museu Alberto Sampaio em Guimarães e o Museu de Olaria em Barcelos.

A exposição estará presente na sala de ex-posições temporárias do Museu Municipal.

Rostos do Barro Preto no Museu de Penafiel

A freguesia do Freixo, no Marco de Canaveses, receberá de 10 a 12 de junho a recriação de um mercado romano da cida-de de Tongobriga.

Esta iniciativa é promovida pela Junta de Freguesia e pela Autarquia em parceria com a Dolmen e o Caerus.

O mercado irá oferecer artes circenses, representações dra-máticas, malabarismos, interpretações musicais, entre outros como ainda a oportunidade de experimentar algumas igua-rias gastronómicas do concelho e da região.

Exposição de brinquedos em BragançaBrinquedos construídos a partir de material reciclado compõem a exposi-

ção “A Arte de Brincar” que pode ser visitada até ao final de julho no Arquivo Distri-tal de Bragança. Este organismo associou-se a Fernando Carvalho, o construtor dos brinquedos, em exposição aberta ao público em geral e em particular às escolas.